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Patologia Geral Isadora Janolio de Oliveira Ana Paula Lula Costa Marina Costa Lobenwein Cayres Emanuel Giovani Cafofo Silva Rodrigo Santos de Oliveira Gustavo da Cunha Rofino Isadora Janolio de Oliveira Ana Paula Lula Costa Marina Costa Lobenwein Cayres Emanuel Giovani Cafofo Silva Rodrigo Santos de Oliveira Gustavo da Cunha Rofino PAtOLOGIA GERAL Belo Horizonte Janeiro de 2017 COPYRIGHT © 2017 GRUPO ĂNIMA EDUCAÇÃO todos os direitos reservados ao: Grupo Ănima Educação Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste livro, sem prévia autorização por escrito da detentora dos direitos, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravações ou quaisquer outros. Edição Grupo Ănima Educação Diretor Rogério Salles Loureiro Gerentes de Operações Denise Elisabeth Himpel Gislene Garcia Nora de Oliveira Coordenadora de Produção Carolina Alcântara de Araújo Lopes Parecerista Izabela Ferreira Gontijo de Amorim Ilustração e Capa VG Consultoria Equipe EaD Isadora Janolio de Oliveira Graduação em ciências biológicas - Licenciatura/Bacharelado - Universidade Estadual de Maringá. Especialista em Projetos e Planejamentos ambientais - Faculdade Cidade Verde. Mestranda no Programa de Ecologia de Ambientes Aquáticos com ênfase em biologia molecular - Universidade Estadual de Maringá. Ana Paula Lula Costa Graduação em Ciências Biológicas - Licenciatura - Centro Universitário de Maringá. Mestre em Ecologia e Conservação – Universidade Federal do Paraná. Marina Costa Lobenwein Cayres Graduação em Ciências Biológicas - Licenciatura - Centro Universitário de Maringá. Mestre em Ecologia e Conservação – Universidade Federal do Paraná. Emanuel Giovani Cafofo Silva Graduação em Ciências Biológicas - Licenciatura - Centro Universitário de Maringá. Mestrado em Zoologia - Universidade Federal do Pará/Museu Paraense Emílio Goeldi. Doutorado em andamento - Ecologia de ambientes aquáticos continentais - Universidade Estadual de Maringá. Rodrigo Santos de Oliveira Graduação em Ciências Biológicas - Licenciatura - Universidade Federal do Pará. Mestrado em Biotecnologia - Universidade Federal do Pará. Doutorado em andamento - Biologia de Agentes Infecto-Parasitários - Universidade Federal do Pará. Gustavo da Cunha Rofino Graduação em Ciências Biológicas - Licenciatura - Centro Universitário de Maringá. Pós-graduação/Especialização em Controle de qualidade, gerenciamento de resíduos e gestão ambiental na indústria de alimentos - Universidade Paranaense - UNIPAR. Nível de eNsiNo Graduação Carga horária 80h Olá, eu sou a professora Isadora, sou formada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Maringá. Fiz especialização em Projetos e Planejamentos Ambientais e atualmente, faço Mestrado em Biologia e em Ênfase em Biologia Molecular. Falarei sobre o que é Patologia e a sua importância. A Patologia é uma ciência muito importante, pois estuda a origem da doença, quais são os mecanismos envolvidos por trás da doença, quais são as alterações fisiológicas e morfológicas envolvidas na doença. A Patologia é o estudo dessas alterações. Em relação à doença, o que significa doença? Está relacionada com adaptação. Então o individuo é capaz de se adaptar a alguma condição adversa, mas às vezes não consegue. Devido a isso, ocorrem algumas alterações fisiológicas e funcionais no organismo, e isso faz com que ele desencadeie sinais, alterações e sintomas também. Isso caracteriza uma doença. Então, a Patologia irá tentar compreender quais são essas alterações. Ela é à base da prática clínica. Então o médico, por exemplo, precisará entender quais são esses mecanismos, para por exemplo, dizer qual é o melhor tratamento. Mesmo não sendo uma parte de a Patologia estudar os tratamentos, essa parte é importante, de se entender a origem e o mecanismo. Porque sem isso, não seria possível se oferecer o melhor tipo de tratamento. Então, o Patologista é extremamente importante, porque irá identificar a lesão, identificar a origem, e isso é extremamente importante. Em relação à Patologia, temos três termos muito importantes, que seriam a Etiologia, a Patogênese e a Fisiopatologia. Em relação à Etiologia, significa a origem da doença. Qual foi o agente infeccioso, qual foi o agente, ou o que ocasionou essa doença. Em relação à Patogênese, seria as alterações fisiológicas, ou desenvolvimento da doença e a Fisiopatologia seria os sintomas https://player.vimeo.com/video/193095706 e os sinais que desencadearam, devido a essa doença, essas alterações ao longo do tempo. Então, a Patologia é de extrema importância para se entender a doença. A Patologia é uma disciplina, uma ciência que estuda, desde as lesões até o diagnóstico. Ela tenta compreender as lesões, quais são os agentes causadores dessas lesões, entender qual é o mecanismo de reparo, de inflamação, quais são os distúrbios circulatórios, tanto relacionado à circulação sanguínea, a circulação do sistema linfático, além disso, estuda doenças como Neoplasia, tanto tumores malignos, quanto os benignos, são tratados em Patologia. Quais são os fatores ambientais e os fatores genéticos associados a essas doenças, e também estudam as doenças genéticas, ambientais, nutricionais, doenças causadas por agentes infecciosos. Além disso, estuda o sistema imunológico, qual o mecanismo que está por trás da defesa do corpo. Isso são conteúdos da Patologia, que dão base para o patologista resolver, identificar, diagnosticar o indivíduo. Também estuda quais seriam as melhores formas de exames, e de formas para confirmar uma doença ou não. Então o patologista, que pode ser da área médica ou da área biológica, que é especialista nessa disciplina, ele pode ser capaz de identificar e diagnosticar o paciente. Então, iremos apresentar uma situação problema, que no final dessa disciplina, será capaz de responder através dos estudos da Patologia. Um patologista é capaz de identificar essas alterações. Então nesse caso, um senhor de 63 anos, apresenta sintomas como rouquidão, além disso, coceira na garganta. O patologista acredita que seja um câncer na laringe. Mas precisa fazer algumas coisas para identificar, e alguns estudos relacionados a isso. Primeiro, qual seria a forma de diagnosticar? Qual a melhor forma de saber se tem câncer ou não? Além disso, quais são os fatores de risco associados a esse câncer? E quais os agentes químicos, físicos e biológicos relacionados ao câncer da laringe? Quais são as alterações genéticas que estão associadas ao câncer? Quais substancias químicas podem causar lesões e como podem ser reparadas? Como os sistema imunológico pode atuar? E por fim, se realmente for câncer, como ele pode invadir outros lugares? Então, a Patologia dará base para responder a essas perguntas. No final do curso, no final dessa disciplina, conseguirá identificar as lesões e identificar os mecanismos por trás disso. Era isso que gostaria de apontar, espero que tenham compreendido a introdução dessa disciplina, é extremamente importante, é a base da prática clinica. Muito obrigado e até a próxima! UNIDADE 1 .......................................................................................................................... 003 Adaptações, lesão celular e morte celular ................................................................ 004 Introdução à patologia ..................................................................................................... 005 Respostas ao estresse e aos estímulos nocivos .................................................... 008 Adaptações do crescimento ..........................................................................................009 Etiopatogênese geral da lesão celular ........................................................................ 015 UNIDADE 2 .......................................................................................................................... 037 Inflamação e reparo .......................................................................................................... 038 Conceitos gerais ................................................................................................................. 039 Inflamações agudas e crônicas .................................................................................... 044 Classificação morfológica das inflamações ........................................................... 057 Tecido conjuntivo, reparo, regeneração e cicatrização ........................................ 060 UNIDADE 3 .......................................................................................................................... 069 Distúrbios circulatórios .................................................................................................... 070 Princípios da circulação ................................................................................................... 071 Distúrbios circulatórios: hiperemia/ congestão, hemorragia, choque, trombose, embolia, isquemia, infarto e edema ...................................... 078 Doenças originadas por distúrbios no volume sanguíneo .................................. 079 Doenças de natureza obstrutiva ................................................................................... 089 Distúrbios na dinâmica e na distribuição de líquidos ............................................ 097 UNIDADE 4 .......................................................................................................................... 098 Neoplasia .............................................................................................................................. 099 Características gerais das neoplasias benignas e malignas ............................. 100 Epidemiologia do câncer ................................................................................................. 107 Características gerais e genéticas do câncer ......................................................... 111 Agentes carcinogênicos .................................................................................................. 121 UNIDADE 5 .......................................................................................................................... 127 Doenças do sistema imune e doenças genéticas .................................................. 128 Noções acerca do sistema imunitário ........................................................................ 129 Imunopatologia ................................................................................................................... 139 Doenças genéticas ............................................................................................................ 149 UNIDADE 6 .......................................................................................................................... 158 Doenças ambientais e nutricionais ............................................................................. 159 Mecanismos gerais das lesões produzidas por agentes químicos e físicos ..................................................................................... 163 Doenças de caráter nutricional ..................................................................................... 182 UNIDADE 7 .......................................................................................................................... 190 Doenças infecciosas ......................................................................................................... 191 Princípios gerais da patogenia das doenças infecciosas .................................... 192 Princípios gerais de doenças infecciosas ................................................................ 194 Agentes Infecciosos ......................................................................................................... 195 Transmissão e disseminação de microrganismos ............................................... 199 Mecanismos gerais de danos causados por agentes infecciosos .................. 204 Doenças infecciosas ......................................................................................................... 207 UNIDADE 8 .......................................................................................................................... 218 Métodos de estudo em patologia ................................................................................. 219 Métodos de estudo em patologia ................................................................................. 220 Estudos Tradicionais ........................................................................................................ 223 Citopatologia ........................................................................................................................ 230 Técnicas especiais ............................................................................................................ 234 Citometria ............................................................................................................................. 237 Citogenética ......................................................................................................................... 238 Biologia molecular ............................................................................................................. 240 REfERêNCIAS ................................................................................................................... 247 UNIDADE Adaptações, lesão celular e morte celular • Introdução à patologia • Respostas ao estresse e aos estímulos nocivos • Adaptações do crescimento • Etiopatogênese geral da lesão celular Patologia geral 005 unidade 1 Introdução à patologia a patologia compreende a tradução latina dos termos logos (estudo) e phatos (doenças). Essa ciência investiga as causas (etiologia) e os mecanismos (patogenia) envolvidos na manifestação dos sinais e dos sintomas apresentados por pacientes. A patologia busca compreender as alterações morfológicas e funcionais das células, dos tecidos e dos órgãos (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). O conceito de patologia, entretanto, não engloba todos os aspectos das doenças, pois o tratamento, dentre outros pontos, não faz parte do escopo dessa disciplina (BRASILEIRO-FILHO, 2006). O estudo das alterações e de suas origens, contudo, são essenciais para o entendimento das manifestações clínicas e da evolução das doenças, sendo, então, a patologia a base para a prática clínica (ANGELO, 2016). fIGURA 1 - Patologia Fonte: ANNA IVANOVA, 123RF. Essa ciência investiga as causas (etiologia) e os mecanismos (patogenia) envolvidos na manifestação dos sinais e dos sintomas apresentados por pacientes. Patologia geral 006 unidade 1 O conceito de doença está intimamente relacionado à definição de adaptação, que se refere à propriedade do organismo de ser sensível às variações do ambiente e respondê-las a partir de alterações bioquímicas e fisiológicas, a fim de se adaptar à nova situação. Quando se trata de doença, o organismo é incapaz de se adaptar, demonstrando sinais e sintomas dessa alteração. Em outras palavras, doença é a manifestação de uma alteração estrutural e funcional do órgão decorrente de alterações morfológicas e bioquímicas desse tecido (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Outros conceitos importantes a serem definidos em patologia são etiologia, patogenia e fisiopatologia. Conforme mencionado, a etiologia estuda as causas e os fatores que originam a doença; a patogenia estuda como os fatores etiológicos iniciam as alteraçõescelulares e moleculares que resultarão em anormalidades estruturais e funcionais; já a fisiopatologia busca compreender os efeitos adversos (REISNER, 2016). A etiologia juntamente com a patogenia e a fisiopatologia fornecem subsídios para prática da medicina, pois, para elaborar diagnóstico e orientar a melhor forma de tratamento, é necessário compreender a origem e como ocorre a evolução da doença (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). O patologista atua identificando as lesões, as alterações morfológicas micro e macroscópicas e, também, as alterações bioquímicas, com auxílio de técnicas morfológicas, moleculares, microbiológicas e imunológicas (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Qualquer profissional da área de biológicas e da saúde pode se especializar e atuar como patologista (ANGELO, 2016). A patologia se divide em dois ramos: patologia geral (alterações celulares e teciduais) e patologia sistêmica (alterações em nível de órgãos). Neste livro, vamos dar ênfase às alterações gerais, mas, ao longo do livro, também serão abordadas alterações sistêmicas. Nesta unidade, abordaremos quais são os tipos de respostas ao estresse e a agentes nocivos, quais são as principais causas, O patologista atua identificando as lesões, as alterações morfológicas micro e macroscópicas e, também, as alterações bioquímicas, com auxílio de técnicas morfológicas, moleculares, microbiológicas e imunológicas. Patologia geral 007 unidade 1 os mecanismos das alterações e como isso acarreta alterações moleculares e morfológicas nas células e nos tecidos. QUESTÃO 1 - A etiologia juntamente com a patogenia e a fisiopatologia fornecem subsídios para a prática da medicina; esses são conceitos básicos e extremamente importantes para a ciência da patologia. Com base nisso, conceitue as palavras etiologia, patogenia e fisiopatologia e indique sua relação com a patologia. O gabarito se encontra no final da unidade. Dicas História e doença Doença é uma alteração estrutural e funcional que faz que os indivíduos apresentem sinais e sintomas; ela está presente desde a antiguidade. A seguir, há umas curiosidades sobre a história e a doença: • A primeira doença registrada foi a Hanseníase, em 6.000 a.C. • O câncer, mesmo sendo considerado uma doença contemporânea, existe desde muito tempo, pois há relatos de fósseis humanos com câncer. • Uma das doenças presentes no Egito era o tétano. • A doença da peste negra provavelmente é a história relatada na Bíblia Hebraica • A peste bubônica dizimou 1/3 da população europeia. • Na França do século XVIII, pinos de latão sob os dedos e as unhas eram um teste para verificação da morte. • Doenças infecciosas eram mais comuns antigamente, porque não tinham saneamento básico e outras medidas de higiene. Fonte: REISNER, H. M. Patologia: uma abordagem por estudos de casos. Porto Alegre: AMGH, 2016. Patologia geral 008 unidade 1 Respostas ao estresse e aos estímulos nocivos As células dos organismos, geralmente, se encontram em um estágio estável, a homeostase, que é representado pela manutenção de um equilíbrio entre o seu meio interno e externo, possibilitando que órgãos e tecidos do corpo funcionem de forma harmônica, garantindo a manutenção dos parâmetros fisiológicos (VANDER; SHERMAN; LUCIANO, 2001). Quando a célula se depara com um estresse ou estímulo nocivo, ela altera seus parâmetros para se adaptar à nova situação. A célula pode responder de duas formas ao estresse fisiológico e aos estímulos nocivos (Figura 02): adaptando-se à nova situação ou, caso ela não seja capaz, sofrendo lesões que poderão ser reversíveis (leves e/ou transitórias) ou irreversíveis (intensa e/ou progressiva). As lesões irreversíveis correspondem à morte celular por necrose ou apoptose. Quando a célula se depara com um estresse ou estímulo nocivo, ela altera seus parâmetros para se adaptar à nova situação. fIGURA 2 - formas de resposta ao estresse e estímulos nocivos Fonte: KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013 [Adaptado]. Patologia geral 009 unidade 1 QUESTÃO 2 - A célula procura se manter em equilíbrio, mas, quando um agente externo ou um estresse fisiológico emerge, a célula pode responder de duas formas: adaptando-se à nova situação ou, caso ela não seja capaz, sofrendo lesões. Com base no tipo de respostas e nos fatores de estresse ou nocivos, assinale a alternativa correta: a. Ao entrar em contato com um agente patogênico, a célula é rapidamente lesionada e quase sempre ocorre morte celular. b. Todo tipo de lesão celular é irreversível. c. A célula exposta a um agente estressor experimentará diversas formas de adaptação ao estresse, que manterão suas funções e viabilidade. d. Caso a célula não consiga se adaptar ao agente estressor, ocorrerá a morte celular. e. Todo tipo de lesão celular é reversível. O gabarito se encontra no final da unidade. “Introdução à Patologia” Autor: Ana Paula Lula Costa Nesta unidade, vamos tratar de adaptação, danos reversíveis e morte das células. Adaptações do crescimento Adaptação é uma resposta fisiológica reversível ao estresse, alterando seu estado normal (homeostase) para outro estado https://player.vimeo.com/video/193095772 Patologia geral 010 unidade 1 constante, preservando sua viabilidade e função inerente. As alterações podem ser em tamanho, número, atividade metabólica e funções celulares (ganho ou perda), de acordo com estímulos, que podem ser: hormonais, por meio de mediadores químicos endógenos ou por demanda de trabalho. Há adaptações que não são maléficas ao organismo, como o aumento no tamanho do útero e da mama durante a gravidez, assim como o aumento do volume das células esqueléticas do músculo devido à atividade física. Existem, entretanto, adaptações patogênicas, nas quais as células tentam contornar a agressão que sofrem (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). A seguir, são descritas as quatro principais formas de resposta adaptativa de acordo com Kumar, Abbas e Aster (2013) (tabela 1). 1. Hipertrofia: é o aumento do tamanho das células (Figura 3) que resulta, geralmente, no crescimento do órgão. Isso ocorre em resposta ao aumento de carga de trabalho, estimulado por fatores de crescimento, produzidos em resposta ao estresse mecânico ou a outros estímulos. Na hipertrofia, as células aumentam de tamanho devido a uma maior produção de proteínas estruturais e organelas. Outra característica da célula hipertrófica é capacidade limitada de divisão celular. Existem, entretanto, adaptações patogênicas, nas quais as células tentam contornar a agressão que sofrem. Patologia geral 011 unidade 1 Estudo de caso Influência de treinamento com variação de peso na hipertrofia muscular Relacionar os aspectos de adaptação celular em termos de hipertrofia com a prática de exercícios físicos. As células musculares expostas ao stress mecânico do sobrepeso durante o exercício respondem aumentando de tamanho devido ao aumento da síntese de proteínas estruturais e organelas. Esse processo é chamado hipertrofia. Ciente desse fato, um treinador procura otimizar o ganho de massa muscular de 8 atletas do sexo masculino, com idades entre 20-26 anos, com nível intermediário de treinamento (1 a 2 anos contínuos) visando hipertrofia. O treinador suspeita que possa existir diferença na hipertrofia se fIGURA 3 - Células normais, células com hiperplasia, células com hipertrofia e células com hiperplasia e hipertrofia] Fonte: DESIGNUA(a), 123RF [Adaptada]. Patologia geral 012 unidade 1 os pesos são constantes ou se variam entre os treinos. O grupo é dividido em dois. No primeiro grupo, os 4 atletas são submetidos a treino sem variação no peso ao longo de 8 semanas, usando sempre 75% da carga máxima para cada atleta. Concomitantemente, os outros 4 atletas são submetidos a treino com variação de peso, que, inicialmente, aumentou e, depois, diminuiu ao longo das8 semanas em relação à carga máxima de cada atleta (início 60% -> 70% -> 75-80% -> 50-60%). Um teste estatístico válido apenas para esses grupos de atletas não indicou diferença entre os grupos. Contudo, no grupo submetido à variação, houve ganho de massa magra e diminuição da gordura corporal. Desse modo, do ponto de vista celular, houve hipertrofia com a variação dos pesos ao longo do treinamento. As células musculares dos atletas desse grupo, ao longo do tempo, sintetizaram mais matéria do que degradaram, resultando em mais massa magra. Nesse processo, existe maior retenção de nitrogênio. No grupo com peso constante, a hipertrofia celular alcançou um platô e estabilizou, uma vez que não existia necessidade de recrutamento de células musculares adicionais. O método de variação de pesos mostrou-se eficiente no ganho de massa magra, contudo perguntas adicionais surgem: seria possível com mais variação aumentar ainda mais a hipertrofia celular? A adaptação celular teria um limite de crescimento a partir do qual ocorrem danos severos? Conceitos e/ou teorias trabalhadas no estudo de caso: Hipertrofia das células musculares via adaptação – treino estável – treino ondulante. Questionamentos deste estudo de caso: Existe estabilização na hipertrofia ou sempre é possível ir além? Quais seriam os limites da hipertrofia celular. O que ocorre com a célula muscular, caso cresça demasiadamente? Fonte: RAMALHO, V. P.; JÚNIOR, J. M. Influência da periodização do treinamento com pesos na massa corporal magra em jovens adultos do sexo masculino: um estudo de caso. Revista de Educação Física - UEM. Disponível em: <http://ojs.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/ view/3469>. Acesso em: 06 jan. 2017. Patologia geral 013 unidade 1 2. Hiperplasia: é o aumento de células por divisão (Figura 03), devido ao estímulo hormonal ou a outros fatores de crescimento. A hiperplasia é uma resposta adaptativa que ocorre em células predispostas à divisão, ou seja, células lábeis e quiescentes. Esse tipo de adaptação pode acontecer juntamente com a hipertrofia, como ocorre durante a gravidez no útero, decorrente de estímulo hormonal. Existem dois tipos de hiperplasia fisiológica: hormonal (estímulo de hormônio) e patológica (reposição quando há perda ou remoção de um órgão). Também, tem a hiperplasia patológica, que é causada por estimulação excessiva de hormônios, por exemplo, a hiperplasia endometrial, em que ocorre o aumento da espessura do tecido devido à exposição excessiva ao estrogênio em mulheres que não ovulam corretamente (Figura 4). fIGURA 4 - Hiperplasia endometrial patológica Fonte: DESIGNUA(b), 123RF [Adaptada]. Patologia geral 014 unidade 1 3. Atrofia: o termo atrofia compreende uma terminologia genérica, na qual pode ocorrer tanto uma modificação volumétrica quanto uma modificação numérica das células, do tecido em questão, frente ao estímulo. Devemos destacar, fundamentalmente, que a resposta do tecido frente a determinado estímulo irá de acordo com a capacidade replicativa das células que o compõem. Dessa forma, podemos utilizar o termo atrofia simples ou também hipotrofia, quando ocorre uma redução dos constituintes anabólicos de uma célula, frente, por exemplo, a uma redução do suprimento sanguíneo ou de algum estímulo trófico em tecidos com células que não se replicam, tais como as células do tecido muscular (tecido muscular estriado esquelético). Por outro lado, quando essa mesma situação ocorrer em tecidos que apresentem células que se replicam (p. ex.: epitélios) haverá uma redução numérica das mesmas, compreendendo a chamada atrofia numérica ou hipoplasia. 4. Metaplasia: é quando um tipo de célula diferenciada é substituído por outro tipo mais resistente ao estresse, sendo essa uma alteração reversível. A metaplasia ocorre quando a irritação é crônica. Além disso, surge a partir de células- tronco que ainda não se diferenciaram e pode resultar em redução das funções ou tendência aumentada para transformação maligna. Um tipo de metaplasia comum é o que ocorre no sistema respiratório de um fumante, em que células do tecido epitelial colunar ciliar são substituídas por células do tipo escamosas estratificadas na traqueia e nos brônquios, estas, por sua vez, são mais resistentes, mas não secretam muco e perdem seus cílios, cuja função é a remoção de particulados. Patologia geral 015 unidade 1 QUADRO 1 - Legenda da tabela Tipo de resposTas CaraTerísTiCas Hipertrofia Aumento do tamanho celular Hiperplasia Aumento celular por divisão Atrofia Redução do tamanho e/ou número celular Metaplasia Modificação de um tipo celular diferenciado em outro Fonte: KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013 [Adaptado]. Etiopatogênese geral da lesão celular Até o momento, tratamos das adaptações celulares em resposta a uma alteração fisiológica ou agente nocivo. A partir de agora, vamos tratar de quando elas não se adaptam e são lesionadas. Neste tópico, abordaremos os tipos de lesões, suas causas, mecanismos e modificações morfológicas celulares e teciduais. Quando a capacidade adaptativa se excede ou o estresse interno/ externo é inerentemente nocivo, a lesão celular é desenvolvida (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Lesão é um conjunto de alterações morfológicas, moleculares e fisiológicas que surgem nas células e em tecidos após a exposição ao estresse ou ao agente nocivo. Essas alterações se iniciam e tendem a evoluir ao longo da exposição. O ponto de partida da lesão é a nível molecular, que resulta em alterações funcionais e morfológicas (BRASILEIRO-FILHO, 2006). Se a lesão não for intensa, e o estímulo for removido, a célula pode voltar ao seu estado de equilíbrio, e essa lesão é caracterizada como reversível. Entretanto caso o estresse seja grave, persistente Quando a capacidade adaptativa se excede ou o estresse interno/ externo é inerentemente nocivo, a lesão celular é desenvolvida Patologia geral 016 unidade 1 e de início rápido, isso resultará em lesão irreversível, caracterizada pela morte celular. A morte celular é resultante de vários processos, como isquemia (redução do fluxo sanguíneo), infecção, toxinas e reações imunes (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Temos dois principais tipos de morte celular: a necrose e a apoptose, que serão discutidos com mais detalhes no final deste capítulo. Não se sabe muito bem qual o limite para uma lesão reversível se tornar irreversível, mas, quando a alteração atinge o núcleo e as membranas celulares, ela se torna irreversível. Ou seja, se o agente nocivo continuar agindo sobre a célula, ela pode evoluir para um estágio de morte celular. Caso a célula ainda estiver no estágio reversível e o estímulo nocivo for removido, as alterações morfológicas e funcionais retornam ao seu estágio normal (homeostasia). QUESTÃO 3 - Lesão celular ocorre na célula mediante um agente nocivo ou estresse ao qual a célula não foi capaz de se adaptar. A lesão ocorre, primeiramente, a nível molecular, atingindo a célula, depois, os tecidos até atingir os órgãos. Com referência aos tipos de lesão que ocorrem na célula, é correto afirmar que: a. A morte celular pode ocorrer devido à persistência do dano na célula ou por uma lesão rápida e abrupta, como no caso de isquemias absolutas ou infecções. b. A lesão constitui mudanças morfológicas e fisiológicas na célula, porém seu início tende a ser em organelas específicas, evoluindo para toda célula em seguida. c. Existem três tipos de lesões: reversíveis, irreversíveis e estabilizadoras. d. O limite entre uma lesão reversível e uma irreversível sempre será o tempo de evolução da lesão na célula. e. O tipo de lesão celular dependerá da capacidade adaptativa da célula exposta. O gabarito se encontra no final da unidade. Patologia geral 017 unidade 1 Lesões reversíveis Lesões reversíveis também chamadas de degeneraçõesapresentam funções reduzidas e podem acumular substâncias como: água (degeneração hidrópica), lipídeos (degeneração gordurosa), proteínas (degeneração hialinas); muco (degeneração mucóides) e carboidrato (degeneração glicogênica) (MONTENEGRO; FRANCO, 2008). As células podem acumular substâncias no citoplasma ou no núcleo, devido à remoção inadequada de substâncias que não podem ser metabolizadas, ou, em alguns casos, a célula pode armazenar material exógeno ou produtos de processos patológicos que ocorrem em outras partes do organismo (GROSSMAN; PORTH, 2016). Essas substâncias podem se acumular de forma permanente ou transitória, podendo ou não fazer mal ao organismo e ocorrer de forma natural. Mas quando encontradas em uma concentração maior que o normal, caracterizam as lesões reversíveis. Substâncias normais, como lipídios, proteínas, carboidratos, melanina e bilirrubina, podem ser acumuladas a partir de outras doenças concomitantes. Existem, também, as substâncias que se originam de erros inatos do metabolismo e aquelas provenientes de agentes e pigmentos ambientais, que não podem ser degradados pela célula (GROSSMAN; PORTH, 2016). O acúmulo de substâncias ocorre quando a taxa de síntese supera a da sua remoção. Um bom exemplo é o acúmulo de gorduras neutras no citoplasma comumente encontrado no fígado, coração e rim. Pessoas com diabetes liberam mais ácido graxo para o fígado e o alcoólatra aumenta a gordura nos hepatócitos. Já o aumento de glicogênio é mais recorrente no fígado, no coração e na musculatura esquelética, devido aos erros inatos do metabolismo (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Existem, pelo menos, 10 distúrbios genéticos que afetam o metabolismo do glicogênio, mas a maioria leva ao acúmulo de reservas de glicogênio intracelular (GROSSMAN; PORTH, 2016). Substâncias normais, como lipídios, proteínas, carboidratos, melanina e bilirrubina, podem ser acumuladas a partir de outras doenças concomitantes. Patologia geral 018 unidade 1 As causas de lesões são denominadas agressões ou agentes nocivos. A doença de von Gierke é um dos tipos mais comum de problemas inatos de glicogênio. Essa doença é caracterizada pelo acúmulo de glicogênio devido à deficiência da enzima glicose-6-fosfatase que não permite com que ocorra a retirada do fosfato da glicose 6-fosfato e liberação de glicose livre. Outro exemplo de erro inato é a doença de Tay-Sachs, uma gangliosidose, em que os lipídios anormais se acumulam no cérebro e em outros tecidos, causando deterioração motora e mental (GROSSMAN; PORTH, 2016). Outras substâncias que podem se acumular nas células são os pigmentos, que podem ter origem do próprio organismo (endógeno) ou de fora do organismo (exógeno). O pigmento exógeno mais comum é o carbono (poluente), que pode ser fagocitado por células, principalmente macrófagos, presentes nos linfonodos e no parênquima pulmonar, escurecendo-os. Um pigmento endógeno é a bilirrubina, que causa a pigmentação amarelada nos tecidos. Isso ocorre, fundamentalmente, quando há um aumento na produção de bilirrubina pela destruição precoce ou aumentada das hemácias ou pela incapacidade de remoção desse pigmento. Outro pigmento endógeno é a lipofuscina, pigmento de tonalidade castanho-claro, proveniente do acúmulo de resíduos da digestão incompleta de restos celulares durante a renovação celular (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013; GROSSMAN; PORTH, 2016). Causas das lesões As causas de lesões são denominadas agressões ou agentes nocivos. Independente do agente causador da lesão, pode-se ter duas ações no organismo: ação direta, quando o agente atua diretamente ao nível molecular, culminando em modificações morfológicas, e ações indiretas, em que os mecanismos de adaptação são ativados para neutralizarem a agressão, e esses mecanismos, por sua vez, causam modificações moleculares (BRASILEIRO-FILHO, 2006). Patologia geral 019 unidade 1 São inúmeros fatores e agentes que podem levar a uma lesão celular, como: privação de oxigênio, agentes químicos, agentes infecciosos, reações imunológicas, fatores genéticos, desequilíbrio nutricional, agentes físicos e envelhecimento. A gravidade dependerá da natureza, da intensidade, do tempo de ação e das características fisiológicas e nutricionais da célula que recebe o estímulo negativo (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). A seguir, apresentamos os principais tipos de agentes. • Privação de oxigênio: a redução de fornecimento de oxigênio é denominada hipóxia e, quando ocorre a privação total de oxigênio, é anóxia. Ambas são causas frequentes de lesões. O oxigênio é extremamente importante para a célula, pois está envolvido no processo de produção de energia (ATP), além disso, o oxigênio é mediador de diversas reações metabólicas. A falta de oxigênio pode estar relacionada à obstrução do fluxo sanguíneo. As modificações que ocorrem na célula devido à hipóxia são: redução na síntese de ATP na cadeia respiratória, que, por sua vez, reduz as oxidações e o bombeamento de eletrólitos nas membranas celulares; redução das sínteses celulares; aumento de triglicerídeos, ou seja, acúmulo de lipídeos (BRASILEIRO-FILHO, 2006). Esses mecanismos de alterações serão descritos mais adiante. • Agentes químicos: existe uma grande diversidade de substâncias químicas que podem desencadear alterações celulares, mesmo substâncias indispensáveis para célula podem se tornar agentes nocivos em excesso, como a glicose e os íons. Os agentes conhecidos como venenos atuam na degradação da membrana celular, alterando todo o equilíbrio osmótico e, também, podem inativar enzimas e cofatores (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Outras substâncias químicas estão no nosso dia a dia e são grandes vilões celulares, tais como: o monóxido de carbono, álcool e metais pesados (chumbo e mercúrio). As substâncias químicas podem causar modificações no genoma, transformação nas moléculas, ou, ainda, atuar Patologia geral 020 unidade 1 como antígeno, induzindo resposta imunitária humoral (BRASILEIRO-FILHO, 2006). • Agentes patogênicos biológicos: existe uma grande diversidade de agentes patogênicos, como vírus, bactérias, fungos e protozoários que podem invadir o organismo e ocasionar doença. O agente pode atuar invadindo a célula, proliferando-se e causando a morte celular por ruptura, ou, também, por liberação de toxinas e antígenos, promovendo a ativação do processo inflamatório e indução de resposta imunitária (BRASILEIRO-FILHO, 2006). • Reações imunológicas: o sistema imunológico tem como função proteger o organismo de agentes infecciosos. As reações imunológicas, entretanto, podem causar lesões, como nas reações autoimunes, quando os alvos são as próprias células do organismo ou reações alérgicas a substâncias do ambiente. Os anticorpos podem lesar o funcionamento da célula, inibindo ou estimulando uma função. Assim, quando os anticorpos se ligam aos receptores celulares pode ser estimulada uma reação inflamatória (BRASILEIRO-FILHO, 2006). • Fatores genéticos: mutações nos genes e alterações cromossômicas resultam em doenças. As alterações genéticas podem levar à falta ou à redução de proteínas funcionais e defeitos enzimáticos. • Desequilíbrio nutricional: a célula, em seu funcionamento normal, necessita de proteínas, lipídios, vitaminas e minerais. Grande parte dessas substâncias são obtidas por meio de reações metabólicas e síntese proteica, entretanto, existem algumas substâncias que precisam ser adquiridas pela alimentação e, em sua ausência, pode acarretar danos celulares. A falta de nutrientes e o excesso podem ser fontes de lesões. A ausência de algumas vitaminas na alimentação representa uma das principais causas de lesão (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Patologia geral 021 unidade 1 A molécula de ATP é a principal fonte de energia, indispensável para reaçõesde síntese proteica, lipogênese e reações de diacilação- reacilação • Agentes físicos: força mecânica, extremos de temperatura, radiação, choque, alteração brusca de pressão são exemplos de agentes físicos que podem causar lesões. Força mecânica causam lesões traumáticas que podem ser representadas por feridas abrasivas, laceração de tecidos, torções, corte e perfuração (BRASILEIRO, 2013). • Envelhecimento: o envelhecimento celular leva a alterações na habilidade de divisão e reparo celular e isso altera a capacidade de responder as lesões, levando a morte celular (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Mecanismos das lesões Existe uma diversidade de agentes nocivos, entretanto as lesões observadas não são tão diferentes assim umas das outras, isso porque os mecanismos de lesão celular são comuns aos diferentes agentes lesivos (BRASILEIRO-FILHO, 2006). Um dos mecanismos é a redução da molécula de ATP na célula. A molécula de ATP é a principal fonte de energia, indispensável para reações de síntese proteica, lipogênese e reações de diacilação- reacilação. Essa molécula é obtida, principalmente, pela fosforilação oxidativa do difosfato de adenosina (ADP) e, na ausência de oxigênio, pode ser obtida por meio da hidrólise do glicogênio. A falta de oxigênio na célula reduz a produção de ATP, que desencadeia diversos problemas na célula, como interrupção da síntese protéica e redução de glicogênio que se transforma em ácido lático, reduzindo o pH e prejudicando as atividades enzimáticas da célula (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Outro efeito da depleção de ATP é a redução da atividade da bomba de Na+ e Ca2+ na membrana plasmática. Essas bombas têm como finalidade a manutenção do equilíbrio osmótico. A falha da bomba de Na+ provoca influxo de sódio e efluxo de potássio Patologia geral 022 unidade 1 celular, resultando no ganho osmótico de água, causado tumefação celular. A falência da bomba de Ca2+ aumenta a concentração desse elemento no citoplasma, o que desencadeia a ativação de diversas enzimas, como as fosfolipases (degradam lipídeos), proteases (clivam proteínas) e endonucleases (cortam o DNA), além disso, dispara o processo de apoptose, que será discutido posteriormente (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). O ATP é produzido pela mitocôndria, que também é afetada pela falta de oxigênio e pode ser atingida pela radiação e pelas toxinas químicas. Danos à mitocôndria levam à fosforilação oxidativa anormal, formando oxigênio reativo (radical livre). Esses radicais livres são elementos químicos que possuem um único elétron não pareado e, devido a isso, são extremamente reativos, atacando ácidos nucléicos, lipídios e proteínas. Três espécies reativas de oxigênio (ERO’s) podem ser produzidas e potencialmente lesivas aos tecidos: Superóxido (O2-) - resultante do processo de extravasamento do transporte de elétron mitocondrial; peróxido de hidrogênio (H2O2) - produzido por diversas oxidases nos peroxissomos intracelulares; hidroxila (OH) - formada em decorrência de reações com o H2O2, sendo esta a mais reativa. Essas formas reativas podem ser geradas em decorrência de fagocitose de bactérias pelos neutrófilos. Essas ERO’S primárias causam lesões por reagirem com macromoléculas, formando ERO’S secundárias, como o peroxinitrito (ONOO●), radicais de peróxidos lipídicos (RCOO●) e ácido hipocloroso (HOCl) (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Outro mecanismo comum nas células lesionadas é a alteração na permeabilidade das membranas plasmáticas, isso porque ocorre degradação e redução de lipídios e proteínas (componentes das membranas) e modificações do citoesqueleto. Esses danos fazem que os materiais dentro do lisossomo, mitocôndria e até da própria célula extravasem resultando em morte celular. Esses são mecanismos básicos que ocorrem em lesões e alteram a funcionalidade e a morfologia celular. Patologia geral 023 unidade 1 QUESTÃO 4 - Quando a capacidade adaptativa se excede ou o estresse externo é inerentemente nocivo, a lesão celular é desenvolvida. Lesão é um conjunto de alterações morfológicas, moleculares e fisiológicas que surge nas células após elas serem expostas ao estresse ou à agente nocivo. Quanto aos mecanismos relacionados a lesões celulares, é correto afirmar: a. O mecanismo responsável por cada lesão é dependente do grau e da duração da lesão. b. A lesão ocasionará a mesma resposta mecânica, independente do tipo de célula lesionada. c. Um dos principais mecanismos é o aumento da molécula de ATP na célula, que gera várias disfunções fisiológicas e funcionais. d. A lesão pode vir a mudar a permeabilidade da membrana celular, devido, principalmente, à degradação de algumas substâncias na célula. e. O excesso da molécula de oxigênio na célula pode ocasionar lesões celulares por reagir com macromoléculas presentes no citoplasma celular. O gabarito se encontra no final da unidade. “Mecanismos das lesões” Autor: Ana Paula Lula Costa Morfologia das lesões a nível celular Primeiramente, o agente nocivo atua ao nível molecular, alterando a quantidade e as moléculas disponíveis, o que acarreta um desequilíbrio fisiológico, resultando na disfunção celular. Como consequências, alterações morfológicas surgirão nas células, https://player.vimeo.com/video/193095740 Patologia geral 024 unidade 1 como alteração na sua forma e tamanho. A seguir, vamos abordar as principais alterações morfológicas que ocorrem nas células lesionadas. No caso de lesões reversíveis, essas modificações morfológicas podem ser reparadas, se o agente for removido. As duas características morfológica mais representativas da lesão reversível é a tumefação celular e a degeneração gordurosa (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). A tumefação é resultante do aumento de água intracelular, sendo esse um incremento reversível. Essa situação é causada pela redução de síntese de ATP, que, por sua vez, interfere na eficiência da bomba de Na+, como explicado anteriormente, que acarreta o aumento de água intracelular. Já a degeneração gordurosa é representada pela presença de vacúolos lipídicos no citoplasma e, geralmente, acontece a partir de quadros de hipóxia e alterações metabólicas. Um dos primeiros sinais, decorrentes da degeneração hidrópica e gordurosa, é a tumefação celular, inicialmente visível apenas microscopicamente. Porém sua evolução pode ser facilmente reconhecida, pois o órgão acometido apresentará uma coloração pálida para a degeneração hidrópica, devido à compressão dos vasos sanguíneos, e uma coloração amarelada para a degeneração gordurosa, devido à presença de lipídeos. O exame microscópico pode apresentar uns segmentos distendidos e separados do retículo endoplasmático, esse padrão de lesão é presente na alteração hidrópica. As células com vacúolo lipídico apresentam coloração eosinofílicas. Outras alterações morfológicas também podem aparecer, como cisternas dilatadas do retículo endoplasmático, formação de bolhas na membrana plasmática, calcificação mitocondriais, desagregação de polissomos e envoltos por membrana e proteínas aderidas (HANSEL; DINTZIS, 2007). Em contrapartida, as alterações morfológicas e fisiológicas das lesões celulares irreversíveis são incapazes de se restabelecer, mesmo quando retirado o estímulo. Essas lesões culminam em morte celular, que pode ser via necrose As duas características morfológica mais representativas da lesão reversível é a tumefação celular e a degeneração gordurosa. Patologia geral 025 unidade 1 ou apoptose. Como discutidos anteriormente, essas lesões decorrem, fundamentalmente, de modificações nas membranas, alterações na mitocôndria, comprometendo a produção de ATP e de alterações no núcleo. A necrose é caracterizada morfologicamente por apresentar alterações no citoplasma e no núcleo das células lesadas. Seu citoplasma apresenta coloração rósea, devido àgrande quantidade de proteínas desnaturadas, que se ligam à eosina, e à redução de RNA citoplasmático (perdendo basofilia). Além disso, com a diminuição de glicogênio, o citoplasma fica mais vítreo e se torna vacuolado, devido à degradação das organelas e do seu conteúdo. Com a microscopia eletrônica, é possível perceber a descontinuidade das membranas, a dilatação mitocondrial e o rompimento dos lisossomos (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Em relação às alterações do núcleo na necrose, três padrões morfológicos podem se expressar: cariólise, picnose e cariorrexe (Figura 05). Independente do padrão, são resultantes da redução acentuada de pH na célula morta e da digestão da cromatina e de seu envoltório nuclear (ANGELO, 2016). A cariólise ocorre quando o núcleo apresenta coloração pálida, devido à dissolução da cromatina. Já a picnose ocorre quando o núcleo fica reduzido e sua cromatina hipercorada. A cariorrexe acontece quando esse núcleo picnótico se fragmenta (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Em relação às alterações do núcleo na necrose, três padrões morfológicos podem se expressar: cariólise, picnose e cariorrexe. Patologia geral 026 unidade 1 Uma célula em apoptose apresenta seu núcleo condensado e o DNA nuclear se rompe em fragmentos (cariorrexe). Além disso, as células ficam retraídas e possuem brotos nos citoplasmas, no final do processo, a célula está toda fragmentada em corpos apoptóticos. Ao contrário da necrose, as membranas permanecem morfologicamente intactas e não culminam em inflamações, pois moléculas de reconhecimento expostas na superfície de células apoptóticas estimulam a rápida fagocitose por macrófagos e células vizinhas, evitando, desse modo, o extravasamento de conteúdo celular. (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Morte celular: necrose e apoptose A morte celular é a parada irreversível das atividades fundamentais da célula, tornando-a incapaz de manter seus mecanismos de homeostase. A partir do momento que o agente nocivo inicia a lesão, a célula passa a desencadear uma série de fenômenos bioquímicos, funcionais e morfológicos (MONTENEGRO; FRANCO, 2008). A seguir, vamos discutir os dois tipos de morte celular, necrose e apoptose, suas características, alterações fisiológicas, mecanismos fIGURA 5 - Célula com cariólise, célula com picnose e célula com cariorrexe Fonte: Elaborada pelos autores. Patologia geral 027 unidade 1 O conteúdo citoplasmático provoca uma inflamação local, fazendo que células inflamatórias migrem e liberem enzimas para a remoção dos restos celulares. e, por fim, vamos apresentar as principais características distintivas das duas formas de morte. Como discutido anteriormente, necrose é um tipo de morte celular que é provocado pela alteração da funcionalidade das membranas, possibilitando que o conteúdo presente nas organelas membranosas citoplasmáticas extravase e acelere o processo de degradação enzimática. Além disso, o conteúdo citoplasmático provoca uma inflamação local, fazendo que células inflamatórias migrem e liberem enzimas para a remoção dos restos celulares. Essas enzimas podem ser provenientes dos lisossomos das próprias células (autólise) ou dos leucócitos (heterólise). Ambos degradam proteínas, ácidos nucléicos, lipídios e glicose. Essas células são fagocitadas por outras células ou são degradadas em ácidos graxos, que, por sua vez, se ligam aos sais de cálcio, resultando em calcificações distróficas (MONTENEGRO; FRANCO, 2008; KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). De acordo com Montenegro e Franco (2008), a dinâmica da necrose celular tem sete estágios. O primeiro corresponde à célula em homeostase. A segunda ocorre quando se inicia a agressão, caracterizando-se, principalmente, pela dilatação do retículo endoplasmático (RE), início da condensação da cromatina, separação dos ribossomos do RE rugoso e aumento de água no citoplasma (tumefação celular). No estágio três, as mitocôndrias são condensadas e iniciam-se as tumefações e a formação de bolhas ao longo das membranas. O estágio quatro é caracterizado pela morte celular (necrose), sendo o momento em que, mesmo se retirado o agente nocivo, a célula não consegue se recuperar. No estágio cinco, ocorre degradação por autólise e desnaturação proteica, que causam irregularidades na membrana. No estágio seis, lisossomos começam a desaparecer e se formam grandes vacúolos no citoplasma. Por fim, no estágio sete, sobram apenas os restos das membranas e os fragmentos das organelas. Patologia geral 028 unidade 1 O mecanismo descrito, quando ocorre em várias células em um tecido ou órgão, pode causar morte tecidual. Existem vários padrões morfológicos distintos na necrose tecidual e essas características visíveis podem estar relacionadas com as causas. Alguns dos padrões de necrose encontrados são: coagulação, liquefativa, gordurosa, caseosa e fibrinóide. A necrose de coagulação ocorre quando a estrutura básica das células sem núcleo é mantida por alguns dias. Isso ocorre porque, além das proteínas, as enzimas são desnaturadas, bloqueando a degeneração total da célula. O citoplasma possui aspecto de substância coagulada. No tecido, a necrose de coagulação mostra- se como uma área rosada e com textura rígida. Após alguns dias, os macrófagos consomem as células necróticas e o tecido é substituído por tecido cicatricial colagenoso. A causa mais frequente dessa necrose é a isquemia, ela também é denominada necrose isquêmica (BRASILEIRO-FILHO, 2006; HANSEL; DINTZIS, 2007; KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). A necrose liquefativa caracteriza-se pela dissolução de tecido, transformando o tecido sólido em uma massa viscosa líquida, que pode ser decorrente de uma reação inflamatória aguda. A necrose liquefativa no cérebro pode levar à formação de cavidade ou cisto permanente, sendo esse tipo de necrose típica no tecido nervoso, suprarrenal e mucosa gástrica (BRASILEIRO-FILHO, 2006; HANSEL; DINTZIS, 2007; KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Já a necrose gordurosa, geralmente, é resultante da liberação extracelular de lipases pancreáticas no tecido adiposo. Na pancreatite, ácidos graxos podem ser combinados com cálcio que se acumulam, formando áreas brancas visíveis (essa característica auxilia no diagnóstico). No tecido com grande concentração de teor de gordura, como o tecido mamário, a lesão traumática pode provocar o surgimento de área irregular, branco-calcária (HANSEL; DINTZIS, 2007; KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Patologia geral 029 unidade 1 A lesão da tuberculose caracteriza a necrose denominada caseosa. As micobactérias (agente etiológico da doença) estimulam a formação de um padrão inflamatório do tipo granulomatoso. Esse padrão inflamatório apresenta células gigantes, macrófagos epitelioides, células mononucleares e um centro necrótico característico resultante do tipo de padrão inflamatório e natureza do agente. Macroscopicamente, esses fragmentos necróticos grosseiros adquirem um aspecto semelhantes ao queijo cremoso esbranquiçado, o que dá a nomenclatura da lesão (HANSEL; DINtZIS, 2007). A necrose fibrinóide corresponde ao acúmulo de fibrina de proteínas plasmáticas com coloração rósea nas paredes de vasos sanguíneos lesados e pode estar relacionada à artrite imunomediada (HANSEL; DINtZIS, 2007). A evolução da necrose dependerá do tipo de tecido e órgão. O tecido pode se regenerar, cicatrizar, calcificar, encistar, ser eliminado ou evoluir para gangrena (BRASILEIRO-FILHO, 2006). Se o tecido necrosado é capaz de se regenerar, os restos celulares são reabsorvidos e os fatores de crescimento são liberados por células parenquimatosas vizinhas. Quando ocorre cicatrização, o tecido necrosado é substituído por tecido conjuntivo cicatricial. Nas calcificações, o cálcio se liga ao tecido necrosado. No encistamento, ocorre a proliferação de tecido conjuntivo em volta das célulasmortas, formando uma cápsula. Quando têm agentes externos agindo sobre o tecido necrosado, denomina-se gangrena. Podem ser citadas a gangrena seca, que resulta do contato do tecido lesionado com o ar, e a gangrena úmida ou pútrida, que resulta da ação de microrganismos anaeróbios que liberam enzimas que irão liquefazer os tecidos e produzir gás e bolhas (BRASILEIRO-FILHO, 2006). Outro tipo de lesão irreversível é a apoptose, conhecida como morte programada, sendo um fenômeno em que a célula é estimulada a acionar uma cascata de sinalização que culmina na morte celular Quando ocorre cicatrização, o tecido necrosado é substituído por tecido conjuntivo cicatricial. Patologia geral 030 unidade 1 (BRASILEIRO-FILHO, 2006). As células que estão programadas para tal ativam enzimas que degradam o seu DNA e suas proteínas. Suas membranas ficam intactas morfologicamente, entretanto, alteram-se quimicamente para atrair a endocitose por células vizinhas rapidamente, evitando reação inflamatória (KUMS; ABBAS; ASTER, 2013). A apoptose pode acontecer em estados fisiológicos normais ou em patológicos. Naturalmente, os tecidos que apresentam constante renovação celular, o fazem por meio da apoptose. Essa via é extremamente importante para eliminação de células que já desempenharam sua função, para remodelagem de órgãos, para controle da proliferação e diferenciação celular, eliminação de células durante a embriogênese, eliminação de clones de linfócitos de autorreconhecimento em processos imunológicos e células mutantes (BRASILEIRO-FILHO, 2006; HANSEL; DINTZIS, 2007). Notícia Cérebros enormes não funcionam A apoptose, morte programada da célula, ocorre de forma natural nos organismos e, muitas vezes, pode ser benéfica. De acordo com a reportagem intitulada “Cérebros enormes não funcionam”, redigida por Stevens Rehen, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, cérebros grandes não são garantia de sucesso de inteligência, devido a isso, estima-se que 70% das células no estágio inicial da formação do cérebro sofram apoptose. Para saber mais sobre quais são essas células, qual enzima envolvida nesse processo e os motivos pelos quais elas são eliminadas, acesse o link disponível em: <http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/3035/n/cerebros_ enormes_nao_funcionam/Post_page/9>. Acesso em: 22 dez. 2016. REHEN, S. Cérebros enormes não funcionam. 30 nov. 2012. Instituto Ciência Hoje. Disponível em: <http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/ id/3035/n/cerebros_enormes_nao_funcionam/Post_page/9>. Acesso em: 06 jan. 2017 [Adaptada]. http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/3035/n/cerebros_enormes_nao_funcionam/Post_page/9 http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/3035/n/cerebros_enormes_nao_funcionam/Post_page/9 Patologia geral 031 unidade 1 A apoptose patológica é desencadeada por diversos fatores, como vírus, radiação, hipóxia e substâncias químicas. Apoptose em condições patológicas elimina células que estão geneticamente alteradas ou com dano irreversível, sem provocar inflamação e tentando causar o mínimo de alteração possível nos tecidos. As principais condições patológicas são causadas por lesão de DNA, acúmulo de proteínas não dobráveis e infecção viral. A temperatura e a falta de oxigênio atingem, direta ou indiretamente (produção de radicais livres), o DNA; caso o mecanismo de reparo falhe, a célula entrará em apoptose. Em relação às proteínas impropriamente dobráveis, elas são resultantes de mutação gênica ou radicais livres (KUMS; ABBAS; ASTER, 2013). Outra forma de ativação da apoptose é pela proteína p53. A hipóxia e a depleção de ribonucleotídeos aumentam o nível dessa proteína na célula. Quando a lesão do DNA é reparável, p53 provoca interrupção do ciclo celular para permitir o reparo do DNA. No entanto, quando a lesão do DNA é irreparável, p53 ativa a apoptose (HANSEL; DINTZIS, 2007). Independente do estímulo, a apoptose é resultante da ativação das enzimas caspases, as quais provocam alteração funcional e morfológica. As caspases possuem uma cisteína no sítio ativo e clivam as proteínas em sítios com resíduos de ácido aspárticos. A ativação dessa enzima pode ocorrer por meio de duas vias induzidas por agentes e mecanismos diferentes: via mitocondrial (intrínseca e principal forma) e via receptor de morte apoptose (extrínseca) (BRASILEIRO-FILHO, 2006; KUMS; ABBAS; ASTER, 2013). Patologia geral 032 unidade 1 Notícia As táticas da molécula assassina A apoptose é ativada pelas enzimas caspases. Nessa reportagem, realizada por Ana Paula Monte, descreve-se a importância de uma molécula que controla as caspases, desencadeando a apoptose, que, por sua vez, controla e modula a formação de tumores. Essa notícia aborda como essa molécula pode ser útil na luta contra o câncer e contra doenças degenerativas. A seguir, o link da reportagem, disponível em: <http:// www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/1478/n/as_taticas_da_molecula_ assassina/Post_page/1151>. Acesso em: 22 dez. 2016. Fonte: MONTE, A. P. As táticas da molécula assassina. 27 jan. 2011. Instituto Ciência Hoje. Disponível em: <http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/ id/1478/n/as_taticas_da_molecula_assassina/Post_page/1151>. Acesso em: 06 jan. 2017. A mitocôndria tem papel importante na morte celular, pois apresenta moléculas envolvidas na apoptose, como o citocromo c e outras proteínas que neutralizam os inibidores da apoptose. O que determina se as caspases serão ativadas é a permeabilidade da membrana mitocondrial que é controlada pelos 20 tipos de proteínas da família Bcl-2. Quando ocorre uma lesão no DNA, ou a presença de proteínas dobradas de forma anormal, ou, ainda, uma redução no fator de crescimento da célula, grupo de sensores de proteínas BH3 é ativado (pertence à família Bcl-2), que, por sua vez, ativa duas outras famílias de proteínas que se intercalam na membrana plasmática: o grupo de proteínas Bax e Bak. Quando essas proteínas se inserem na membrana, formam-se canais que são utilizados pela citocromo c e por outras proteínas para atingirem o citoplasma. Outra função dessas proteínas (Bax e Bak) é a inibição das moléculas antiapoptóticas. No citoplasma, o citocromo c tem como função ativar as caspases que desencadeiam uma cascata de reações, culminando na fragmentação nuclear (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Quando essas proteínas se inserem na membrana, formam-se canais que são utilizados pela citocromo c e por outras proteínas para atingirem o citoplasma. http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/1478/n/as_taticas_da_molecula_assassina/Post_page/1151 http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/1478/n/as_taticas_da_molecula_assassina/Post_page/1151 http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/1478/n/as_taticas_da_molecula_assassina/Post_page/1151 Patologia geral 033 unidade 1 A via receptor de morte apoptose é ativada por moléculas da família TNF (fator de necrose tumoral). A apoptose é iniciada por interações de receptor-ligante na membrana celular. Quando receptores como TNF e Fas são ativados, sequências de “domínio de morte” nas caudas citoplasmáticas dos receptores servem como ancoragem para proteínas do tipo caspases, iniciando, assim, a apoptose. As caspases promovem a fragmentação da célula, degradando a matriz nuclear e o citoesqueleto, além de ativarem nucleases que degradam as nucleoproteínas e o DNA (HANSEL; DINTZIS, 2007). Após a fragmentação do núcleo, as células apoptóticas atraem os fagócitos, transferindo fosfolipídios da camada mais interna para a mais externa da membrana citoplasmática e liberando fatores solúveis. Os processos de apoptose e necrose (Figura 06) podem coexistir. A diferença básica é que, na necrose, ocorre o rompimento fIGURA 6 - Morte Celular: apoptose e necrose Fonte: DESIGNUA(c), 123RF [Adaptada].Patologia geral 034 unidade 1 da membrana plasmática e o extravasamento do material citoplasmático que provoca uma inflamação, enquanto na apoptose, a membrana morfologicamente não se altera, modificando apenas sua composição para atrair fagócitos, a fim de eliminar a célula. A apoptose depende de ATP para suas reações de fragmentação do núcleo, caso a energia cesse, a célula entra em necrose. QUESTÃO 5 - A Quais as principais diferenças entre a morte celular por apoptose e a morte celular por necrose? O gabarito se encontra no final da unidade. Alterações no interstício Até agora, tratamos das alterações fisiológicas e morfológicas que ocorrem em nível celular, que podem se agravar e atingir os órgãos e os tecidos. A seguir, descreveremos algumas modificações que ocorrem no interstício de células lesionadas (espaço entre as células), como a calcificação e o processo de hialinização. A calcificação é a deposição de cálcio em tecidos lesionados. Isso pode ocorrer em valvas aórticas, dificultando e causando transtornos no fluxo sanguíneo, no cérebro (toxoplasmose congênita), nos seios (câncer de mama). A calcificação pode ocorrer em áreas de necrose qualquer (calcificação distrófica), podendo causar disfunção do órgão. Existe, também, a calcificação metastática, que ocorre em tecidos normais, quando há grande acúmulo de cálcio (HANSEL; DINTZIS, 2007; KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). “Morte celular” Autor: Ana Paula Lula Costa https://player.vimeo.com/video/193095797 Patologia geral 035 unidade 1 Depósitos homogêneos, vítreos e eosinofílicos (coloração rósea) no interstício podem ser chamados de transformação hialina, sendo que essa lesão pode estar presente frente a diversas doenças. Alterações que usam o termo “hialina” incluem arteriosclerose hialina, degeneração hialina nos hepatócitos de etilistas crônicos e membranas hialinas pulmonares presentes nos processos de Síndrome da angústia respiratória (HANSEL; DINTZIS, 2007). Esperamos que tenha aproveitado bem o conteúdo desta Unidade em seus estudos! QUESTÃO 1 - Sugestão de resposta: Etiologia estuda as causas e os fatores que originam a doença; patogenia estuda como os fatores etiológicos iniciam as alterações celulares e moleculares que resultarão em anormalidades estruturais e funcionais; fisiopatologia busca compreender os efeitos adversos. A etiologia juntamente com a patogenia e a fisiopatologia fornecem subsídios para prática da medicina, pois, para elaborar diagnóstico e orientar a melhor forma de tratamento, é necessário compreender a origem e como ocorre a evolução da doença. QUESTÃO 2 - c) Correta. Quando a célula se depara com um estresse ou estímulo nocivo, ela altera seus parâmetros para se adaptar à nova situação. A célula pode responder de duas formas ao estresse fisiológico e aos estímulos nocivos: adaptando-se à nova situação ou, caso não seja capaz, sofrendo lesões que poderão ser reversíveis ou irreversíveis. QUESTÃO 3 - a) Correta. Se a lesão não for intensa, a célula pode voltar ao seu estado de constância e essa lesão é caracterizada como reversível, caso o estresse seja grave, persistente e de início rápido, isso resultará em uma lesão irreversível, caracterizada pela morte celular. QUESTÃO 4 - d) Correta. A alteração na permeabilidade das membranas plasmáticas decorre da degradação e da redução de lipídios e proteínas (componentes das membranas) e das modificações do citoesqueleto. Patologia geral 036 unidade 1 QUESTÃO 5 - Sugestão de resposta: A necrose é um tipo de morte celular na qual é provocada pela degeneração das membranas, assim o conteúdo dentro das organelas membranosas extravia e acelera o processo de degradação enzimática. Além disso, o conteúdo citoplasmático provoca uma inflação local, com isso células de leucócitos liberaram enzimas para a remoção da célula lesionada. Já a apoptose é uma morte programada, no qual a célula é estimulada a acionar uma cascata de sinalização que culminam na morte celular As células ativam enzimas que degradam o seu DNA e suas proteínas. Suas membranas ficam intactas morfologicamente, entretanto, alteram-se quimicamente para atrair a endocitose por células vizinhas rapidamente, evitando reação inflamatória, diferentemente da necrose, que gera reações inflamatórias e até uma possível morte tecidual. Sendo a necrose mais danosa ao organismo. “Resumo da unidade” https://player.vimeo.com/video/193097725 UNIDADE Inflamação e reparo • Conceitos gerais • Inflamações agudas e crônicas • Classificação morfológica das inflamações • Tecido conjuntivo, reparo, regeneração e cicatrização Patologia geral 039 unidade 2 Conceitos gerais Nesta unidade, vamos conhecer o papel das células e das moléculas no processo inflamatório, como esse mecanismo elimina os agentes nocivos e, por fim, como ocorre o reparo da lesão por meio de cicatrização ou regeneração. Inflamação é uma reação protetora do organismo, cujo objetivo é eliminar o agente nocivo e o tecido necrosado. Esse processo compreende uma resposta complexa às partículas estranhas, envolvendo as células lesionadas, os leucócitos, os vasos sanguíneos, os mediadores químicos, as proteínas e o plasma sanguíneo que atuam diretamente na eliminação ou na neutralização do agente nocivo por meio de reações que medeiam e reparam os tecidos lesionados. O processo de reparo caminha junto à inflamação e envolve a proliferação de várias células para repor as células lesionadas (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013; PEREZ, 2014). O processo inflamatório pode vir a causar problemas sérios aos tecidos, pois também pode comprometer as células sadias, prejudicando o funcionamento dos órgãos. Além disso, se o dano for intenso e persistente, a inflamação pode causar dores físicas, perda de função e febre (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013; GROSSMAN; PORTH, 2016). Até meados do século XVIII, esse processo era visto como uma doença. Só a partir das ideias de Hunter, que defendia as respostas benéficas desse processo, a inflamação passou a ser considerada uma resposta protetora (MONTENEGRO; FRANCO, 2008). Contudo, hoje, sabe-se que, sem esse processo, as lesões não se cicatrizariam e os agentes infecciosos se proliferariam sem controle. A primeira etapa da inflamação ocorre quando o tecido lesionado libera mediadores químicos que se ligam às células do tecido vascular e aos leucócitos e promovem a vasodilatação arteriolar e o aumento da permeabilidade vascular, que facilita o recrutamento Inflamação é uma reação protetora do organismo, cujo objetivo é eliminar o agente nocivo e o tecido necrosado. Patologia geral 040 unidade 2 de células sanguíneas, macromoléculas e plasma para o local acometido (Figura 7). Os leucócitos atuam na remoção do agente nocivo por meio de fagocitose. Um efeito negativo da ativação de leucócitos é que eles podem comprometer as células sadias, presentes naquele sítio, por meio da liberação de enzimas ou até mesmo pela fagocitose. Com o intuito de reduzir esse efeito, as células lesionadas liberam, após determinado momento, pequenas quantidades de mediadores anti-inflamatórios que reduzem os leucócitos nessa área. Quando o patógeno é removido, a microcirculação se normaliza, algumas células inflamatórias recirculam, o tecido necrosado é fagocitado e, por fim, ocorre a cicatrização ou regeneração tecidual (BRASILEIRO-FILHO, 2006; HANSEL; DINIZIS, 2007; KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). fIGURA 7 - Processo de inflamação, reparo e sinais cardinais Fonte: BRASILEIRO-FILHO, 2008 [Adaptada]. Patologia geral 041 unidade 2 O processo inflamatório é autocontrolado e autolimitado. As células mediadoras somente são ativadas mediante a presença de um agente nocivo e são inativadas quando ele é eliminado. Mas, caso o agente causador da lesão não seja removido, a inflamação continuará e poderá provocar constante estímulocom modificações na vasculatura local e em células inflamatórias residentes (BRASILEIRO-FILHO, 2006; KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Diversos tipos de células e macromoléculas estão envolvidos no processo inflamatório, como: células endoteliais, que revestem os vasos sanguíneos, leucócitos, células do tecido conjuntivo (mastócitos, fibroblastos, macrófagos e linfócitos), proteínas fibrosas (colágeno e elastina), glicoproteínas adesivas e proteoglicanos da matriz extracelular e mediadores inflamatórios que atuam na regulação da resposta inflamatória (GROSSMAN; PORtH, 2016). Devido às alterações vasculares e à ativação dos leucócitos, o processo de inflamação manifesta sinais, denominados sinais cardinais, que são: calor, rubor (vermelhidão), tumor (inchaço), dor e perda de função (Figura 7). O rubor e o calor são resultantes do aumento da circulação; o tumor é consequência do aumento do líquido intersticial; a dor está relacionada aos tipos de substâncias que atuam nas terminações nervosas, presentes no líquido acumulado; já a perda de função está associada a vários fatores, principalmente ao edema e à dor (MONTENEGRO, FRANCO, 2008; KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). As categorias inflamatórias são frequentemente nomeadas adicionando-se o sufixo -ite ao órgão ou sistema lesionado. Por exemplo, bronquite refere-se à inflamação dos brônquios, neurite à inflamação de um nervo e apendicite à inflamação do apêndice. Termos mais descritivos do processo inflamatório podem indicar se o processo é agudo ou crônico e como foi ocasionado (GROSSMAN; PORtH, 2016). As células mediadoras somente são ativadas mediante a presença de um agente nocivo e são inativadas quando ele é eliminado. Patologia geral 042 unidade 2 QUESTÃO 1 - A inflamação, até meados do século XVIII, era vista como uma doença. Só a partir das ideias de Hunter, que defendia as respostas benéficas desse processo, a inflamação passou a ser considerada de forma positiva pela comunidade científica. Com base no conceito de inflação, assinale a resposta correta: a. A inflamação consiste na eliminação ou na neutralização do agente nocivo, mediando e reparando as células e o tecido lesionado. b. Inflamação é uma resposta patológica do organismo a um tecido necrosado. c. O processo de inflamação e reparo são situações distintas que não ocorrem mutuamente. d. A inflamação envolve a proliferação de células que repõem o tecido lesionado. e. A inflamação é caracterizada pela interrupção do fluxo sanguíneo no local lesionado. O gabarito se encontra no final da unidade. Estudo de caso Inflamação no dia a dia: mordida de cachorro Expor como conceitos a respeito da inflamação podem explicar uma situação do dia a dia Carlos tem cinco anos e está brincando no quintal com o cachorro de seu tio, um vira-lata de porte médio. Apenas ele e o irmão de 12 anos estão em casa no momento. O menino tropeça e, ao desequilibrar, pisa na pata do cachorro, que reage mordendo o tornozelo da criança. Após cerca de uma hora, o tio chega ao local e, ao inspecionar a ferida, percebe que está muito inchada, um típico sinal de inflamação. Patologia geral 043 unidade 2 A inflamação é uma reação do corpo para remoção de um agente patogênico. Junto a essa mordida, diversas bactérias podem estar presentes. Geralmente, uma mordida de cachorro pode transmitir muitas bactérias ao mesmo tempo. A mais frequente é a Pasteurella. Para eliminar esses agentes infecciosos, o organismo recruta células de defesa (leucócitos) e promove a vasodilatação para facilitar a chegada de outras células sanguíneas até a lesão. O inchaço provocado pela mordida é um dos sinais das alterações vasculares, da ativação dos leucócitos e do acúmulo de células envolvidas nos processos de defesa. Outros sinais característicos do processo inflamatório são calor, vermelhidão e dor. Depois que o tio percebeu que a ferida estava inflamada, levou o Carlos ao postinho. Quando chegaram, o médico indicou antibiótico para ajudar na defesa contra as bactérias e anti-inflamatório para conter a inflamação e reduzir o inchaço. fonte: PINHEIRO, P. Mordida de cachorro – cuidados e tratamento. 18 maio 2016. Md. Saúde. Disponível em: <http://www.mdsaude.com/2015/12/ mordida-de-cachorro.html>. Acesso em: 06 jan. 2017. fIGURA 8 - Inchaço no tornozelo decorrente da mordida do cachorro Fonte: SURIYA SIRITAM, 123RF. Conceitos e/ou teorias trabalhadas no estudo de caso: Conceito do que é inflamação e seus sinais. Questionamentos deste estudo de caso: Por que ocorre inchaço após mordidas de cachorro? Qual é o processo fisiológico que explica o inchaço? Patologia geral 044 unidade 2 Notícia Exercícios no combate a inflamações Inflamação é uma defesa do organismo a um certo agente nocivo, entretanto pode causar problemas, pois pode comprometer tecidos sadios. Formas de combater inflamações excessivas, por meio do exercício, são apresentadas na reportagem do link a seguir, a qual discute acerca de como a prática de atividades físicas previne o desenvolvimento de processos inflamatórios pulmonares agudos. Disponível em: <http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/1033/n/ exercicios_no_combate_a_inflamacoes>. Fonte: SPATA, A. Exercícios no combate a inflamações. 24 jul. 2008. Instituto Ciência Hoje. Disponível em: <http://www.cienciahoje.org.br/ noticia/v/ler/id/1033/n/exercicios_no_combate_a_inflamacoes>. Acesso em: 06 jan. 2017. Inflamações agudas e crônicas de acordo com Montenegro & Franco (2008), os processos inflamatórios apresentam três fases. A primeira é a fase alterativa, caracterizada pelas alterações resultantes da agressão. A segunda etapa é a fase exsudativa, na qual ocorre a saída de líquidos e células dos vasos sanguíneos. Por fim, há a fase produtiva, caracterizada pelo reparo tecidual. http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/1033/n/exercicios_no_combate_a_inflamacoes http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/1033/n/exercicios_no_combate_a_inflamacoes Patologia geral 045 unidade 2 QUESTÃO 2 - Inflamação é uma resposta que tem o intuito de remover o agente nocivo ou a célula lesionada. No processo inflamatório, ocorrem diversas alterações moleculares e morfológicas. Diante disso, categorize as três fases do processo inflamatório, de acordo com Montenegro & Franco (2008). O gabarito se encontra no final da unidade. A inflamação pode ser aguda ou crônica e isso dependerá, principalmente, da duração desse processo, do tipo de agente estranho e do grau de lesão. A inflamação aguda é rápida e de curta duração, já a crônica pode apresentar uma duração prolongada. Do ponto de vista morfológico e funcional, as inflamações se caracterizam por apresentarem o que se denomina exsudato, causados pelo aumento da permeabilidade vascular, que possibilita que os líquidos e as células sanguíneas se extravasem para região lesionada (MONTENEGRO, FRANCO, 2008; KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). O processo inflamatório agudo tem duração curta, variando de alguns minutos até alguns dias, agindo logo após a agressão leve e controlada. Nesse processo inicial, ocorre a exsudação de líquidos, de proteínas plasmáticas e de leucócitos, predominantemente neutrófilos, para tecidos extravasculares. O processo inflamatório crônico, por sua vez, tem duração mais longa, que varia de dia até anos, e está relacionado à existência de linfócitos e macrófagos, à proliferação de vasos sanguíneos, à fibrose e à necrose tecidual. Geralmente, esses dois tipos de inflamação coexistem e diversos fatores podem influenciar suas características (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013; CROSSMAN; PORTH, 2016). A seguir, um quadro indicando as principais diferenças desses dois tipos de inflamações. Patologia geral 046 unidade 2 QUADRO 2 - Diferença entre a inflamação aguda e crônica CaraCTerísTiCa iNflamação aguda iNflamação CrôNiCa Duração Minutos
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