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DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Fernando Gajardone MANDADO DE SEGURANÇA Legitimidade Passiva Observações: Quem é a autoridade coatora? Antes da nova lei do MS, dizia-se que a autoridade coatora é aquela que tem poderes de desfazer o ato. Atualmente, o art. 6º, §3º, LMS, diz que se considera autoridade coatora quem tenha praticado o ato impugnado ou quem deu a ordem para sua prática. Obs.: o mero executor do ato não pode ser considerado autoridade coatora. E se o ato for complexo? Ato complexo é aquele formado pela conjunção de vontades de órgãos distintos (ex.: nomeação de magistrado para tribunal superior: o tribunal faz uma lista e o chefe do executivo escolhe). Se houver uma ilegalidade, quem é a autoridade coatora? Tem-se entendido que a autoridade coatora no ato complexo é sempre a que se manifesta por último. E se a DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 2 ilegalidade aconteceu na fase anterior? Súmula 627 do STF: não importa onde ocorreu o vício, o MS é sempre impetrado contra o último que se manifestou. E se o ato for composto? Ato composto em que um órgão pratica o ato e outro órgão ratifica-o (ex.: demissão de servidor público: comissão processante decide e órgão do executivo homologa o ato). O ato atacado é o de quem homologa. E se for ato colegiado? Ato colegiado é aquele em que a vontade é de um único órgão, mas que se manifesta através de vários membros (ex.: tribunais). Quando se trata de ato colegiado, tem-se entendido que a impetração é sempre contra o Presidente do Colegiado. 2. Indicação errônea da autoridade coatora Duas correntes: 1ªC) quando houver a indicação errônea o caso será de extinção do MS por ilegitimidade (vício de representação). Há inúmeros precedentes principalmente no âmbito do STJ. (PREVALECE). 2ªC) o caso não é de extinção do MS, mas de flexibilização para ordenar a emenda ou a sucessão pela autoridade correta. Essa parece ter sido a intenção do legislador, mas o art. 6º, §4º, foi vetado. DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 3 3. Teoria da Encampação Consiste na admissibilidade da impetração contra a autoridade coatora incorreta quando ela defender o ato atacado, encampando-o e assumindo a responsabilidade pelo evento. Obs.: a jurisprudência exige três condições para a adoção da teoria da encampação: 1ª) que haja subordinação hierárquica do coator correto ao coator erroneamente indicado. Quem assume a defesa tem que ser chefe. 2ª) que as informações prestadas pela autoridade incorreta sejam suficientes e defendam o ato. 3ª) em virtude da encampação não haja alteração da competência para julgar o MS. Ex.: Secretário de Agricultura praticou ato ilegal. Ele é a autoridade coatora. O MS é impetrado contra o Governador do Estado. Se o Governador vier ao processo dizer que não é ele a autoridade coatora, o processo será extinto. Contudo, se o Governador defender o ato, o processo também não poderá prosseguir tendo em vista o não atendimento à 3ª condição. DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 4 4. autoridades públicos por equiparação. MS é impetrado contra autoridade pública. Todavia, a Lei algumas vezes estabelece algumas autoridades públicas equiparadas, podendo ser legitimadas passivas no MS. Autoridades públicas equiparadas (LMS - Lei 12.016/09 - art. 1º, §1º) Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. § 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições. a) órgãos de direção dos partidos políticos. Ex: desfiliação (expulsão do partido político). Competência para julga o MS neste caso é da Justiça Eleitoral. (LMS - Lei 12.016/09 - art. 1º, §1º) DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 5 b) administradores de autarquias e fundações de direito público. (LMS - Lei 12.016/09 - art. 1º, §1º) c) dirigentes de pessoa física ou de pessoa jurídica em atribuições (delegação – Obs.: é errado falar em delegação) do poder público. (LMS - Lei 12.016/09 - art. 1º, §1º) No regime anterior havia a possibilidade de impetração de MS contra delegado do poder público. O problema é que às vezes a pessoa pratica ato de poder público sem ser delegado (ex: educação). Assim, há uma falha na Lei. d) dirigentes de empresas públicas e sociedades de economia mista nos atos de gestão pública (Lei 12.016/09 – art. 1º, §2º). Ex: licitação e concurso. Obs.: quanto aos atos de gestão comercial não cabe MS, pois tais atos integram a atividade empresarial. § 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público. 5. Litisconsórcio passivo necessário. Súmulas 631 e 701 do STF. DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 6 631. Extingue-se o processo de mandado de segurança se o impetrante não promove, no prazo assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário. 701. No mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público contra decisão proferida em processo penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo. Súmula 202 do STJ. SÚMULA: 202 A IMPETRAÇÃO DE SEGURANÇA POR TERCEIRO, CONTRA ATO JUDICIAL,NÃO SE CONDICIONA A INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. Se tiver um beneficiário do ato atacado pelo MS, esse cara tem que ser litisconsorte da autoridade coatora. Ou seja, há litisconsórcio entre a autoridade impetrada e o beneficiário eventual do ato atacado. Competência no MS 1. critério funcional hierárquico DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 7 Esse critério serve especialmente para saber os foros privilegiados. A competência é definida e acordo com a autoridade coatora. Dispositivos legais que tratam de tal critério: - CRFB/1988 - art. 102, I, “d” Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo TribunalFederal; - CRFB/1988 - art. 105, I, “b” Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: b) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal; DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 8 b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; CRFB/1988 - art. 108, I, “c” Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; - dispositivos das Constituições de cada estado. Súmulas : - 300, 433 e 624 STF. 300. São incabíveis os embargos da Lei no 623, de 19 de fevereiro de 1949, contra provimento de agravo para subida de recurso extraordinário. 433. É competente o Tribunal Regional do Trabalho para julgar mandado de segurança contra ato de seu presidente em execução de sentença trabalhista. c Súm. no 505 do STF. DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 9 624. Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais. - 41 STJ SÚMULA: 41 - O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA NÃO TEM COMPETENCIA PARA PROCESSAR E JULGAR, ORIGINARIAMENTE, MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DE OUTROS TRIBUNAIS OU DOS RESPECTIVOS ORGÃOS. Regra do “top julga top” Exceções: - MS contra Juiz de 1º grau. Peão não julgaria peão. É julgado pelo órgão recursal competente. Obs.: MS contra o Juiz do Juizado Especial, competente é a Turma Recursal (Súmula 376 STJ: compete à Turma Recursal processar e julgar MS contra ato de juizado especial. - MS contra atos de Turmas Recursais exclusivamente para atacar a sua competência (Obs.: contra o conteúdo da decisão é a Regra do Top julga Top). Essa discussão foi travada na Corte Especial do STJ, DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 10 no julgamento do RMS 17.524/BA: quando for para discutir exclusivamente competência, o MS é impetrado ou no TJ ou no TRF. Obs.: o STJ, no julgamento do RE 576.847 ou 576.547, entendeu que não cabe MS no sistema do juizado. 2. Critério material Justiça Eleitoral, do trabalho, federa ou estadual. 2.1. Justiça Eleitoral (CRFB/1988 - art. 121). A art. 121 não fala nada sobre MS, mas é cabível na Justiça Eleitoral. 2.2. Justiça do Trabalho (CRFB/1988 art. 114, IV): Mandado de segurança quanto a atos relacionados à relação de trabalho. ex: MS contra ato do Delegado Regional do Trabalho. 2.3. justiça federal Obs.: Art. 1º, §1º, parte final, LMS: MS contra pessoas que exercem atribuições do poder público. Dentre essas pessoas encontram-se as concessionárias e as atividades autorizadas e delegadas. Quem julga MS contra essas pessoas? Art. 2º, LMS: considerar-se federais todos os agentes delegados, autorizados ou concessionários da União. DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 11 Se for MS será na Justiça Federal. Se for Ação Ordinária será na Justiça Estadual. Ex: concessionária de energia e telefonia. De acordo com os arts. 20 e 21 da CRFB/1988 quem explora tais atividades é a União. Assim, o MS tem que ser impetrado na Justiça Federal, muito embora se trate de um particular. Contudo, tratando-se de qualquer outra ação, quem julga é a Justiça Estadual. Ex: educação superior. A competência é da União, dos Estados e dos Municípios. O particular também pode explorar a educação superior, contudo, necessita de autorização do MEC (órgão da União). Outros MS Universidade Federal Justiça Federal Justiça Federal Universidade Estadual Justiça Estadual Justiça Estadual Universidade Municipal Justiça Estadual Justiça Estadual Universidade Justiça Estadual Justiça Federal DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 12 Particular 3. critério valorativo O valor da causa tem impacto para definir a competência para julgar MS? O valor da causa no âmbito nacional não tem utilidade alguma para definir competência para julgar MS. Obs.: não cabe MS no 1º grau dos Juizados Especiais (Lei 9.099/95 e art. 3º, §1º, da Lei 10.259/01). Obs.: de acordo com o art. 2º da Lei 12.153/09 (Lei dos Juizados Especiais da Fazenda Pública), não se incluem na competência dos juizados especiais as ações de MS. Obs.: pode ser que haja norma de organização judiciária definindo competência do MS com base no valor da causa. 4. critério territorial Esse critério define o local do ajuizamento da ação. O que define é a sede da autoridade coatora, não importando onde o ato tenha sido praticado. Ou seja, vale o domicílio funcional da autoridade. DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 13 Obs.: é uma regra de competência absoluta. Procedimento no MS É um procedimento civil sumaríssimo. Não importa a natureza do ato atacado, sempre terá natureza cível. Ainda que o ato seja criminal, aplica-se substancialmente o CPC, e não o CPP. Art. 20, LMS: o processo do MS tem preferência, salvo sobre o HC. 1. Petição Inicial (art. 6º) É preciso indicar a autoridade coatora e a pessoa jurídica a que pertença. Obs.: não é caso de litisconsórcio. É preciso juntar prova pré-constituída, sob pena de carência da impetração. Existe exceção? Sim ( art. 6º §§ 1º e 2º): documento na posse da autoridade coatora ou de terceiro. 2. Juízo de admissibilidade No juízo de admissibilidade, o Juiz pode tomar 03 atitudes: DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 14 a) determinar a emenda da Petição Inicial. Obs.: não há previsão na LMS, devendo ser aplicado o CPC - art. 284. b) caso não haja salvação, o Juiz irá indeferir a Petição Inicial, nas seguintes hipóteses. - vícios processuais (CPC - art. 267): pressupostos, condições etc. - falta de direito líquido e certo - decadência da impetração (art. 23 da LMS). Nessas três hipóteses, o Juiz vai extinguir o processo sem julgamento de mérito, mesmo no caso da decadência da impetração (diferentemente do processo civil onde a decadência seria com exame de mérito). Assim, não haverá coisa julgada, podendo ser proposta novo MS ou outra ação. Essas três hipóteses estão nos arts Art. 6º, §5º, art. 10º e 19, bem como na Súmula 304 STJ. CPC art. 285-A. Há julgamento de mérito, portanto, há coisa julgada, não podendo ajuizar nova ação. c.1. recebimento do MS DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 15 Se o Juiz receber o MS, descortinam-se três possibilidades: - art. 7º, III, LMS: Liminar. Obs01: a lei hoje permite que o juiz condicione o deferimento da liminar à prestaçãode caução. No regime anterior, a jurisprudência não admite a exigência de caução. Esse dispositivo é constitucional? Sim, pois se trata de uma faculdade do Juiz (Gajardoni). Obs02.: art. 7º, §3º: a liminar dura somente até a sentença. A Súmula 405 do STF dizia que se o Juiz julgasse improcedente o pedido, a liminar não vingaria. Obs03.: recurso contra a medida liminar (art. 7º, §1º): agravo de instrumento. Obs.04: há algumas hipóteses em que é vedada a concessão de medida liminar (03 hipóteses previstas no art. 7º, §2º): a) compensação em matéria tributária; b) entrega de mercadorias de procedência estrangeira c) vantagens pecuniárias a servidor público DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 16 Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: § 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. c.2. art. 7º, I: notificação da autoridade coatora. Obs.: como regra, esta notificação é feita pessoalmente. I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações; c.3. art. 7º, II: Juiz vai determinar a cientificação da pessoa jurídica interessada II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito; 3. Informações da autoridade coatora. DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 17 A autoridade coatora vai prestar as devidas informações no prazo de 10 dias, não se aplicando o art. 88 do CPC Quem assina as informações é a autoridade coatora. Obs.: um Procurador de Estado pode subscrever junto, mas a assinatura da autoridade coatora é essencial. Prevalece o entendimento de que a Natureza Jurídica das informações é de contestação. O STF tem entendimento que não há revelia no MS. Não pode a presunção de veracidade prevalecer sobre o atributo da presunção de legalidade dos atos públicos. Obs.: não há fase instrutória: perícia, etc 4. Parecer do MP (art. 12) Deve ser proferido o parecer do MP como custos legis no prazo de 10 dias. A jurisprudência superior tem entendido que o que é imprescindível é a intimação do MP (art. 12, parte final, LMS). 5. sentença DIREITO PROCESSUAL CIVIL Intensivo III Prof. Fernando Gajardone 2010 Contato: materiaisdeestudo@uol.com.br 18
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