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FAMEMA PRIMEIRA SÉRIE MEDICINA Amauri Doreto da Rocha Filho 2015 PROBLEM BASED LEARNING (PBL) 1) Histórico: É um método de aprendizagem ativa que surgiu na década de 60 na Universidade McMaster (Canadá) e disseminou-se para a Europa, principalmente, na Universidade de Maastricht (Holanda) e nos Estados Unidos. No Brasil, foi implantado, inicialmente, na FAMEMA e na UEL. 2) Funcionamento: Problema deve ser usado como estímulo à aquisição de conhecimento ao refletir a realidade, antecipando-a ao aluno. Problema deve ser estudado em pequenos grupos (facilita o aprendizado do trabalho em grupo, desenvolve mais facilmente o pensamento crítico e permite maior harmonia entre os estudantes) supervisionados por um tutor e/ou cotutor cuja função é dar suporte para que estudantes desenvolvam uma discussão produtiva (facilitando e orientando o aprendizado). Tutor deve garantir um mínimo de aprendizado, uma vez que busca é realizada com base em um brainstrom grupal e os estudantes possuem diferentes vivências (ou seja, diferenças entre os grupos são previstas); caso esse mínimo não seja atingido, problema é falho e deve ser reformulado. Resultados são focados no desenvolvimento de habilidades. 3) Benefícios: Método coloca o estudante na posição do construtor de conhecimento (é sujeito ativo), estimulando-o a aprender a partir de experiências prévias, ensinando-o a pensar estrategicamente e aumentando sua autoconfiança na resolução de problemas. Além disso, o método permite maiores conexões com a realidade prática da profissão e permite que os estudantes desenvolvam sua capacidade de comunicação. 4) Passos da Sessão de Tutoria: Leitura do problema, compreensão/identificação, brainstorm a partir de experiências prévias, formulação de hipóteses, identificação de objetivos por meio da formulação de perguntas, estudo individual e rediscussão à luz dos novos conhecimentos. Essa sequência é muito semelhante à do método científico, no qual observa-se uma situação, tenta-se compreendê-la, formula-se hipóteses para explicá-la, realiza-se um experimento (formulação de perguntas), avalia-se os resultados obtidos (estudo individual) e, por fim, elabora-se uma conclusão que confirme ou negue a hipótese (rediscussão). 5) Comparação com Método Tradicional: O que se chama, hoje, de “Pedagogia Ocidental Contemporânea” é fruto do pensamento dos gregos com alterações de alguns filósofos, sendo René Descartes o principal deles. Segundo o Método Cartesiano, tem-se duas premissas; a primeira diz que deve-se duvidar de tudo e questionar todas as “verdades” para se atingir uma conclusão enquanto a segunda diz que deve-se desmembrar o conhecimento em fragmentos cada vez menores para, assim, ter-se uma noção de cada pequena parte e, depois, deve-se juntá-las para compor o todo. O PBL é um método que segue a primeira premissa do Método Cartesiano, elaborando perguntas em cima de casos para verificar a validade das hipóteses formulados. O método tradicional, por outro lado, divide o conhecimento em diferentes disciplinas e cada disciplina também é dividida em áreas. O problema dessa divisão é o fato de o aluno não conseguir juntar tão eficientemente o conhecimento de cada uma dessas disciplinas e, assim, ter uma noção do todo; nesse sentido, observa-se, nas escolas, uma grande valorização da interdisciplinaridade. Outro problema do método tradicional é a autonomia dada ao docente sobre sua disciplina, que acumula conteúdo de ano para ano de forma quase anárquica e resulta em uma quantidade exaustiva e desnecessária de avaliações. SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 1) Origem: Apesar de ter começado a funcionar apenas em 1991, foi um sistema de saúde criado em 5/10/1988 com a promulgação da Constituição Cidadã que, democrática, garante à população um acesso universal à saúde. 2) Princípios 2.1) Universalidade: Princípios baseado no sistema de saúde inglês pós-Segunda Guerra Mundial (posteriormente, também adotado pelo Canadá), garante o acesso à saúde a todos os brasileiros, sem discriminação. 2.2) Integralidade: Ação do SUS é voltada tanto à saúde individual quanto coletiva. 2.3) Equidade: Atendimento deve priorizar a necessidade dos pacientes, não sua ordem de chegada, mas deve ocorrer de forma que todos sejam atendidos. 3) Diretrizes 3.1) Descentralização: Cada esfera do poder público tem uma responsabilidade na manutenção do SUS. Município é responsável pelo atendimento de baixa complexidade, Estado é responsável pelos atendimentos de média e alta complexidade e União é responsável pela formulação e gerenciamento de políticas públicas. 3.2) Regionalização: Plano de atendimento é realizado de acordo com a área que engloba várias cidades, levando-se em consideração a existência de hospitais de referência em uma cidade e a ausência em outra. 3.3) Hierarquização: Casos devem ser direcionados para postos de saúde e hospitais de acordo com o grau de complexidade de cada um. 3.4) Resolubilidade: Organização deve ser feita para resolver casos da forma mais eficiente na medida do possível. 3.5) Participação da Comunidade: Atuação do cidadão na promoção da saúde participando de conselhos (municipais, estaduais ou nacionais) e de conferências nacionais em saúde. 3.6) Complementaridade do Setor Privado: Ao setor privado pode ser solicitado que contribua com o SUS em casos de superlotação da rede pública, falta de remédios e necessidade da realização de exames. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- OBSERVAÇÃO: Paciente é levado até unidade de atendimento de baixa complexidade (UBS ou USF). Se necessário, é encaminhado para unidade de atendimento de média complexidade (Unidade de Pronto Atendimento) com a guia de referência (guia que menciona estado do paciente ao chegar e sair da unidade e os procedimentos realizados). Caso a situação seja mais grave, ele é encaminhado para unidade de atendimento de alta complexidade (hospital) com uma guia de referência. Paciente pode ser levado diretamente para unidade de média ou alta complexidade sem passar pela de baixa complexidade. Uma vez que ele recebe alta, o hospital ou Unidade de Pronto Atendimento envia à USF desse paciente a guia de contra-referência (que menciona os procedimentos realizados, medicamentos a serem tomados, datas de retorno em consultas e outros elementos. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- 4) Unidades de Atendimento de Baixa Complexidade 4.1) Unidade Básica de Saúde (UBS): Composta por médicos especialistas (o que, geralmente, leva pacientes a preferirem tal unidade), é composta por, no mínimo, um clínico geral, um pediatra, um ginecologista, um enfermeiro e um dentista. Sua área de atuação abrange toda a cidade em que está localizada. Nessas unidades, o contato com o paciente é menor, estabelecendo-se um vínculo restrito. 4.2) Unidades de Saúde da Família (USF): Por abrangerem uma área limitada do município e realizarem um atendimento contínuo de acompanhamento das famíliasque nela se encontram, um maior vínculo médico-paciente é estabelecido. Composta por, no mínimo, médicos clínicos gerais ou especialistas em saúde da família, enfermeiro e dentista. O trio médico-enfermeiro-dentista compõe o trio gestor da USF (embora, na prática, uma boa parte das responsabilidades caia nas mãos do enfermeiro). Nelas, o agente comunitário de saúde é, obrigatoriamente, um morador da comunidade e é um elo entre a população local e a equipe de saúde, sendo responsável pelo registro e atualização das famílias, realização de ações de promoção e prevenção de saúde, além de identificar indivíduos expostos a situações de risco. O acolhimento feito é o primeiro contato entre o paciente e a unidade, devendo ser realizado por uma equipe multiprofissional qualificada para recepcionar esse paciente e ouvir suas primeiras queixas. ANATOMIA E HISTOLOGIA – INTRODUÇÃO 1) Coloração em Histologia: Uma técnica de coloração de elementos histológicos é a técnica hematoxilina-eosina (HE). Hematoxilina é corante básico arroxeado que cora estruturas ácidas/basófilas (como o núcleo). Eosina é corante ácido róseo que cora estruturas básicas/acidófilas (como o citoplasma). 2) Planos: Superfícies que atravessam o corpo. Pode ser sagital (divide corpo em lado direito e esquerdo, podendo ser mediano, quando o faz exatamente na metade, ou paramediano), frontal (divide corpo em partes anterior e posterior) e transverso/horizontal (divide corpo em parte superior ou inferior). 3) Posição Anatômica: É definida como a posição em que a pessoa está em pé, com a cabeça na posição horizontal, os olhos voltados diretamente para frente, os pés estão plantados no solo e dirigidos para frente enquanto os braços estão esticados, em cada lado, com as palmas voltadas para frente. CITOLOGIA – CICLO CELULAR E MECANISMOS DE MORTE 1) Ciclo Celular 1.1) Considerações Iniciais: O ciclo celular compreende o crescimento e a divisão mitótica. Um ciclo dura, geralmente, entre 12 e 24 horas, dependendo do tecido; 95% desse tempo corresponde à intérfase, ou seja, aos eventos celulares entre duas divisões mitóticas (mitose dura, em média, cerca de 1 hora). Células podem se dividir continuamente (células embrionárias ou de renovação rápida, como as do revestimento intestinal, do sistema linfático e da medula óssea; são células extremamente sensíveis a agentes químicos/fármacos e físicos/radiação, que afetam a replicação do DNA), permanecer em G0 e se dividirem apenas quando estimuladas (células desprovidas de fatores de crescimento, mantém baixo metabolismo e velocidade de síntese de macromoléculas, tendo tamanho reduzido e DNA não duplicado, o que caracteriza G0; nutrientes, hormônios de crescimento e estímulos mecânicos podem induzir a divisão dessas células, que correspondem, por exemplo, as hepatócitos, fibroblastos da pele, células renais, células do músculo liso, células do pâncreas, células dos ovários, células dos pulmões, células endoteliais, células ósseas e células da glândula adrenal) ou serem terminalmente diferenciadas (neurônios e células da musculatura esquelética e cardíaca permanece indefinidamente em G0 ao mesmo tempo que células sanguíneas e do epitélio, também nessa situação, tem vida curta e são continuamente substituídas a partir de células tronco pluripotentes, as stem cells ). 1.2) Fases 1.2.1) Interfase 1.2.1.1) Período G1: Caracteriza-se pelo reinício da síntese de RNA e proteínas após a mitose. No final dessa fase, tem-se o ponto de restrição (R); caso o acúmulo de proteínas sintetizadas alcance um determinado ponto crítico, células passa para a fase S da intérfase e, caso não alcance, célula passa para a fase G0. 1.2.1.2) Período S: Seu início é marcado pelo início da síntese de DNA, cujo conteúdo é dobrado/replicado. Surgem os pró-centríolos (primórdios dos centríolos). 1.2.1.3) Período G2: Término da replicação do DNA e reparação de eventuais erros (mecanismos sensores de natureza molecular impedem a continuidade do ciclo em caso de erros irreparáveis no DNA, levando à apoptose). Continuidade da síntese de RNA e proteínas, iniciada em G1. 1.2.2) Mitose 1.2.2.1) Prófase: Condensação gradual das fibras de cromatina em processo que as torna cromossomos individualizados (condensação e fundamental para evitar o emaranhamento e o rompimento do material genético durante sua distribuição nas células-filhas); processo é realizado por proteínas chamadas condensinas (as principais representantes são as histonas H1 e H3), que são ativadas por fosforilação. Conforme a cromatina se condensa e vira cromossomo, ela se torna geneticamente inativa, levando ao fim da síntese de RNAm e RNAr, à diminuição da síntese de RNAt e, consequentemente, à desorganização do nucléolo. No citoplasma, centrossomos atuam como centros polimerizadores de tubulina e microtúbulos, formando o fuso mitótico; conforme centrossomos se polarizam na célula, envoltório nuclear é desfeito e microtúbulos do fuso se prendem ao cinetócoro (estrutura proteica nos centrômeros dos cromossomos que é produzida no final da prófase, um momento que alguns autores dizem ser uma fase da mitose entre a prófase e a metáfase chamada de pró-metáfase). 1.2.2.2) Metáfase: Máximo grau de condensação dos cromossomos, que se alinham no equador da célula e, assim, formam a placa metafásica. 1.2.2.3) Anáfase: Encurtamente dos microtúbulos (que ocorre por perda de dímeros de tubulina) e aumento da distância entre os pólos da célula determinam a separação das cromátides-irmãs e sua migração para os pólos. 1.2.2.4) Telófase: Inicia-se quando os cromossomos-filhos atingem seus respectivos pólos. Núcleo se reconstitui e citoplasma se divide. 1.2.3) Citocinese: É a divisão do citoplasma (não ocorre em algumas células, como alguns hepatócitos e nas fibras musculares cardíacas, resultando em células com vários núcleos). Na maioria das células, começa na anáfase e termina logo após a conclusão da telófase. Enzima RhoA, ativada no córtex celular do futuro sítio de divisão, promove a montagem de anel de actina e miosina II (GTP se liga à enzima RhoA por troca de nucleotídeo no córtex celular do futuro sítio de clivagem). 1.3) Mecanismos de Controle 1.3.1) Externo: Hormônios conhecidos como fatores de crescimento agem fundamentalmente controlando a progressão de G1 para S, estimulando células em proliferação a ultrapassarem o ponto de restrição (R) e, assim, não estagnarem em G0 ou estimulando células em G0 a retornarem à atividade proliferativa. Mecanismo de regulação ocorre por meio de receptores de membrana. 1.3.2) Interno: Controle genético do ciclo celular é feito por meio de enzimas quinases (CdK) dependentes de ciclinas, que transferem grupo fosfato de um doador (ATP ou GTP) para um aminoácido aceptor (geralmente, serinas ou treoninas), o que é chamado de fosforilação (genes responsáveis pelas CdK’s constituem 2% do genoma humano). Essas CdK’s, ativadas ou inativadas durante o ciclo, promovem padrões cíclicos de fosforilaçãode proteínas que regulam os principais eventos do ciclo celular. Vários tipos de ciclinas podem se associar com vários tipos de CdK’s de forma a formarem um de quatro complexos ciclina-CdK. A fosforilação da proteína ribonuclease (Rb) resulta na liberação de fator E2F; este, além de ativar genes que promovem a progressão do ciclo celular (dando início à transcrição do DNA), como a ciclina E, também realiza a fosforilação da ribonuclease em um processo de retroalimentação positiva. 1.3.2.1) Complexo G1-CdK: Responsável pela decisão da célula de entrar ou não em divisão celular, sendo ativado por fatores de crescimento. 1.3.2.2) Complexo G1/S-CdK: Estimula a duplicação dos centrossomos e desencadeia a fosforilação de proteínas celulares (enzimas e polimerases) necessárias à síntese de DNA, estimulando a célula a entrar na fase S da intérfase. 1.3.2.3) Complexo S-CdK: Ativado no final da fase G1, é responsável pela fosforilação com Complexo de Reconhecimento (ORC), desencadeando a replicação do DNA (ORC atua após se ligar ao complexo pré-replicativo, pré-RC; após a replicação, S-CdK desmonta o pré-RC, impedindo que uma origem de replicação seja lida mais de uma vez). 1.3.2.4) Complexo M-CdK: Inativo durante todo o G2, em cujo final é ativado pela enzima fosfatase CDC25, Induz a condensação de cromossomos (por meio da fosforilaçãos das histonas H1 e H3), a fragmentação do envoltório nuclear (fosforila serina presente no envoltório) e reorganiza o citoesqueleto para a montagem do fuso mitótico (fosforila MAP, proteína associada aos microtúbulos, para reduzir a estabilidade dos microtúbulos e alterar a arquitetura celular). Também atua na entrada da célula em anáfase, pois liga-se ao Complexo Promotor de Anáfase (APC), que atua sobre proteína securina, cuja principal função é inibir a proteína separase; com a destruição da securina, separase degrada complexo de coesina, que unia os centrômeros-irmãos. Complexo Promotor de Anáfase também degrada ciclina M, inativando a M-CdK; esse processo descondensa os cromossomos e reorganiza o envoltório nuclear, levando a célula a sair da mitose e progredindo para a intérfase. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- OBSERVAÇÃO: Replicação do DNA A replicação/replicação do DNA é assincrônica (diferentes regiões do material genético se replicam em diferentes momentos; eucromatina, geneticamente ativa, replica-se desde o início de S e heterocromatina, geneticamente inativa e condensada, replica-se a partir do final de S), possui diferentes pontos de origem (replicação ocorre com velocidade entre 0,5 e 2 mm/min; para que replicação não demore meses, ela ocorre a partir de diferentes pontos de origem do DNA) e é bidirecional (uma vez iniciada a replicação a partir de um ponto de origem, ela se propaga para ambas direções da molécula de DNA até encontrar os extremos da cadeia dos pontos de origem adjacentes). -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- 1.4) Câncer 1.4.1) Definição e Características: Tumor é termo que designa qualquer aumento de volume em um órgão, podendo, inclusive, ter origem inflamatória (nesse caso, é um edema). Se tumor é resultado de proliferação celular anormal, é chamado de neoplasia. Neoplasia pode ser benigna (células permancem localizadas, afetando apenas o órgão que se originou e os tecidos adjacentes, sendo facilmente tratável com cirurgia; a existência de uma cápsula fibrosa nas neoplasias benignas impede a metástase) ou maligna (uma célula do tumor primário se desprender e coloniza tecidos saudáveis do organismo, dando origem a tumores secundários, a metástase; a isso dá-se o nome de invasividade). Dá-se o nome de câncer às neoplasias malignas. Surgimentos do câncer ocorre por mutações no DNA, causadas por vírus, substâncias químicas e agentes físicos (radiação), que levam a defeitos no ciclo mitótico; células normais se dividem de 50 a 60 vezes cada uma antes de morrerem, enquanto células cancerosas são “imortais”, dividindo-se indiscriminadamente. Para que casa célula saudável se converta em cancerosa, ela deve acumular vários acidentes de mutação raras e independentes nas células de sua linhagem (o que é evidenciado pelo fato de alguns tipos de cânceres serem mais comuns com a idade avançada). Cânceres estimulam a angiogênese (seu crescimento causa hipóxia e essa resulta no aumento da liberação de fator indutível de hipóxia HIF-α, uma proteína que induz genes a produzirem fatores pró-angiogênicos, como o fator de crescimento endotelial vascular, VEGF). Cânceres são geneticamente instáveis (acumulam alterações genéticas em taxa anormalmente rápida, tornando-se progressivamente mais resistentes à terapia). 1.4.2) Genes Tumorais 1.4.2.1) Anti-Oncogenes: Também chamados de Genes Supressores Tumorais (GST), são genes que causam a supressão do ciclo celular. Alguns desses genes mantém a célula em G0 e outros impedem que o ciclo continue normalmente. O principal desses genes é o que produz a proteínas p53 (essa proteína, além de induzir a apoptose no caso de haver erros incorrigíveis no material genético após a replicação do DNA, ativa proteínas p27 e p21, que inibem a ligação entre ciclinas e quinases; 50% dos cânceres apresentam mutação ou deleção desse gene). Outro gene importante é que produz a proteínas p16 (que também atua impedindo a ligação entre ciclinas e quinases). 1.4.2.2) Oncogenes: Proto-Oncogenes são genes normais e necessários que estimulam o ciclo celular (há um gene, por exemplo, que produz a proteína p14, responsável por inibir a proteína p53); caso esses genes sofram mutações e passem a atuar de forma anormal, recebem o nome de oncogenes. Os oncogenes codificam proteínas que promovem a perda do controle sobre o ciclo mitótico, funcionando como ativadores mitogênicos; assim, atuam codificando fatores de crescimentos quando esses não são necessários, codificando receptores de membranas defeituosos que emitem sinais para a célula se dividir mesmo sem a estimulação por fatores de crescimentos (como o gene RAS, que atua sobre a proteína G de um dos receptores de membrana) ou inibindo a apoptose. 2) Lesão e Morte Celular 2.1) Irrigação Sanguínea: Uma boa circulação garante que o sangue atinja todas as áreas do corpo, permitindo que elas sejam alvo das três funções básicas do sangue, que são o transporte de substâncias (gases, nutrientes, hormônios, excretas), regulação (controle de pH por meio de tampões e regulação da temperatura corporal devido à sua capacidade de absorção de calor e resfriamento da água) e proteção (sangue coagula para evitar perdas excessivas após ferida e transporta células de defesa e proteínas de ação imunológica, como os anticorpos e as proteínas dos sistema complemente). A interação dessas três funções garante parte da homeostase do corpo. 2.2) Agentes Lesivos:Uma lesão celular ocorre quando a célula é exposta a agentes lesivos à sua natureza, quando são estressadas tão excessivamente que não conseguem mais se adaptar ou quando são prejudicadas por anomalias intrínsecas. Geralmente, as causas de lesão celulares são a privação de oxigênio (hipóxia é redução parcial do fluxo sanguíneo, que pode fazer com que o tecido se adapte a atrofie ou morra, enquanto isquemia, caracterizada pela dor e pela cianose, é uma interrupção completa do fluxo sanguíneo), agentes físicos (traumas mecânicos, extremos de temperaturas, radiação, choques elétricos, alterações da pressão atmosférica), agentes químicos e drogas (venenos e substâncias tóxicas), agentes infecciosos (vírus, bactérias, fungos e parasitas), reações imunológicas (doenças auto-imunes), defeitos genéticos (deficiência de proteínas funcionais ou acúmulo de DNA danificado e proteínas anormalmente dobradas) e desequilíbrios nutricionais (carências e excessos). A partir da lesão, morte celular pode ocorrer por necrose ou apoptose. 2.3) Necrose: Morfologicamente descrita como a desnaturação de proteínas intracelulares e da digestão enzimática de células lesadas. Células necróticas são incapazes de manter sua integridade e seus conteúdos sempre extravasam. Ocorre por meio de enzimas digestivas de lissosmos da própria células que está morrendo ou de leucócitos que são recrutados para eliminá-la. 2.3.1) Depleção de ATP: Redução dos suprimentos de oxigênio e nutrientes diminuem a síntese de ATP, sendo esse necessário para todos os processos sintéticos e degradativos que acontecem dentro da célula. Ausência de ATP leva à falência da bomba de sódio e potássio e da bomba de cálcio, acarretando influxo de íons cálcio, íons sódio e água e efluxo de íons potássio (como consequência disso, tem-se a tumefação das células em necrose, bolhas e perda de microvilosidades). Ao mesmo tempo, inicia-se o processo de glicólise anaeróbia com o propósito de manter a síntese de ATP (mesmo que de forma menos eficiente), formando ácido lático; disso resulta em uma diminuição do pH intracelular, reduzindo a atividade de muitas enzimas. Além disso, a depleção prolongada de ATP causa rompimento estrutural do aparelho de síntese proteica, manifestado com o despreendimentos dos ribossomos do retículo endoplasmático granular e consequente redução da síntese proteica. 2.3.2) Influxo de Cálcio: Maior influxo/entrada de cálcio na célula pode ocorrer por falha na bomba de cálcio ou por um agente lesivo. Acúmulo de cálcio citosólico leva à abertura de poros de transição de permeabilidade mitocondrial, que causa a perda de potencial de membrana da mitocôndria; assim, tem-se uma falha na fosforilação oxidativa e consequente diminuição da produção de ATP. Acúmulo de cálcio também ativa enzimas fosfolipases (causa danos à membrana), proteases (clivam proteínas de membrana e do citoesqueleto), endonucleases (fragmentam cromatina e DNA) e ATP-ase (acelerando a depleção de ATP). 2.4) Apoptose: Via de morte celular induzida por um programa de suicídio no qual as células destinadas a morrer ativam enzimas proteolíticas denominadas caspases que degradam o próprio DNA e proteínas nucleares e citoplasmática. Fisiologicamente, pode ser causada para matar células que já tenham cumprido seu papel (linfócitos e neutrófilos, por exemplo, que morrem por estarem privadas dos sinais de sobrevivência, como os fatores de crescimento), involução de tecidos hormônio-dependentes após privação de hormônio, ou eliminação de linfócitos autorreativos (potencialmente nocivos, podem atacar tecidos saudáveis da própria pessoa); patologicamente, pode ser causa por lesão do DNA, acúmulo de proteínas anormalmente dobradas (leva a estresse do retículo endoplasmático) ou infecções (induzidas pelo microorganismo ou por linfócitos T, na tentativa de destruir o reservatório do microorganismo). A apoptose pode ocorrer por uma via intrínseca/mitocondrial ou extrínseca. Na via intrínseca/mitocondrial, lesão no irreparável no DNA ativa proteína p53 e, consequentemente via secundária que envolve proteína p21 e proteínas pró-apoptóticas da família de proteínas Bcl-2, liberando citocromo c das mitocôndrias; no citoplasma, citocromo c associa-se a proteína Apaf-1, ativando a pró-caspase 9 e a caspase 9 e dando início à cascata de caspases. Na via extrínseca, também chamada de via dos receptores de morte, é ativada por meio do receptor de fator de necrose tumoral 1 (TNFR-1) e pelo receptor CD95 (um receptor de FAS); estimulação do receptor ativa caspases 8 e 10, que ativam as proteínas da família Bcl-2. Ao final do processo, célula é fragmentado em corpos apoptóticos envoltos por membrana que são, assim, fagocitados e digerido por células adjacentes. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- OBSERVAÇÃO: * Quadro comparativo entre necrose e apoptose. CARACTERÍSTICA NECROSE APOPTOSE Tamanho da Célula Aumentado/Tumefação Reduzido/Retração Membrana Plasmática Rompida Intacta Conteúdos Celulares Digeridos Intactos Inflamação Adjacente Frequente Nenhuma Papel Fisiológico ou Patológico Patológico (finalização de lesão celular irreversível) Fisiológico (elimina células indesejadas) e patológico *Autofagia: Processo pelo qual a célula digere seu próprio conteúdo. É um mecanismo de sobrevivência em períodos de privação de nutrientes quando a célula privada sobrevive canibalizando a si mesma enquanto digere componentes celulares para renová-los posteriormente. * Lesões Hipóxica e Isquêmica: Hipóxia é a redução do oxigênio disponível (mais frequentemente causada por obstrução mecânica do sistema arterial ou redução da drenagem venosa), levando a produção de energia pela glicólise anaeróbia. A isquemia, por outro lado, é uma redução total do suprimento de oxigênio e substratos ao tecido e, portanto, a glicólise anaeróbia é sustentada até que as reservas glicolíticas do tecido tenham se exaurido ou quando a glicólise é inibida pelo acúmulo de metabólitos que teriam sido facilmente eliminados pelo fluxo sanguíneo. Por isso, a isquemia tende a causar lesão tecidual mais rápida e intensa que a hipóxia. PSICOLOGIA – INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA & TEORIA PSICANALÍTICA DE FREUD 1) Psicologia 1.1) Etiologia e Definição: Do grego, “psique” significa “alma”. Logo, a Psicologia é a ciência encarregada do estudo do comportamento e dos sentimentos, bem como suas interferências na vida humana. 1.2) História: Filósofos já se preocupavam com o estudo do homem em termos comportamentais e sentimentais; esse estudo, contudo, foi barrado na Idade Média uma vez que, na época, a alma/mente era domínio da Igreja Católica e, assim, a função dos cientistas era estudar as constituições físicas e biológicas do homem. A psicologia separou-se da filosofia e tornou-se uma ciência independente recentemente, há pouco mais de um século. 1.3) Objeto de Estudo: A psicologia estuda o comportamento, a vida psíquicae a consciência do indivíduo. Para isso, atua em processo ontológico/metafísico (estuda a origem e a essência dos fenômenos psíquicos) e processo experimental/empírico (analisa comportamento observável a fim de testar teorias). 2) Teoria Psicanalítica de Sigmund Fred: Composta por duas tópicas que se complementam. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- OBSERVAÇÃO: Teoria é um modelo científico que deixou de ser uma simples hipótese após ser comprovado; está, contudo, sujeito à alteração, substituição ou, até mesmo, anulação, caso não seja mais eficiente para explicar determinado fenômeno. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- 2.1) Teorias 2.1.1) Teoria Topográfica (Primeira Tópica): De acordo com o funcionamento mental, Freud divide o aparelho psíquico em três sistemas/topus. 2.1.1.1) Inconsciente: Conteúdos fora da compreensão consciente, representa a parte mais primitiva do aparelho psíquico, é a “representação sensorial das coisas” (fragmentos de antigas percepções que funcionam como arquivo sensorial, ou seja, como conjunto de elementos despido de palavras; nasce com as experiências e vivências emocionais). 2.1.1.2) Pré-Consciente: Pequeno arquivo próximo ao consciente cujos conteúdos podem ser acessados por meio de atos voluntários, uma vez que são “representações de palavras”. 2.1.1.3) Consciente: Periferia do aparelho psíquico, abarca todos os fenômenos percebidos em determinado momento da vida (recepciona experiência do exterior e interior), muitas vezes através dos sentidos. 2.1.2) Teoria Estrutural (Segunda Tópica): Freud divide a personalidade humana em três componentes. 2.1.2.1) Id: Pólo psicobiológico, representa pulsões que, em parte, são hereditárias e, em parte são adquiridas. Impulsos que funcionam pelo princípio do prazer, (busca o prazer imediato e evita a dor, não conhecendo a frustração). Desconhece o juízo, a lógica e a moral, sendo cego e irracional; constitui a totalidade da personalidade humana ao nascer 2.1.2.2) Ego: Instância central da personalidade, desenvolve-se a partir do id quando criança começa a, após entrar em contato com a realidade, introduzir a razão para que se possa retardar o prazer até o momento em que a sua satisfação seja máxima e com o mínimo de experiência negativas; ego busca, assim, harmonização entre os desejos do id e a realidade. Sua parte consciente está relacionada à percepção, pensamentos, memórias, capacidade de síntese e conhecimento; sua parte inconsciente está relacionada à angústia gerada pela não-satisfação imediata dos desejos do id. Funciona através do princípio da realidade (tolera as frustrações e, portanto, aceitar postegar a realização de desejos). 2.1.2.3) Superego: Pólo psicossocial, é herança sócio-cultural. Desenvolve-se a partir do ego, forçando-o a se comportar de maneira moral, ou seja, respeitando os valores ditados pela sociedade; é subdividido em ego ideal (o bem a ser procurado) e consciência (o mau a ser evitado). 2.2) Mecanismos de Defesa do Ego: Na tentativa de aliviar as tensões/frustrações do ego ao não satisfazer imediatamente os desejos do id, tem-se operações mentais para gerar alívio. 2.2.1) Compensação: Compensa deficiência real ou imaginária (como o caso de deficientes físicos que se tornam gênios da ciência, por exemplo). 2.2.2) Deslocamento: Impulso/Sentimento é deslocado de um objeto original para um substituto, como no caso de um dos pacientes de Freud que transferia o ódio do pai (de quem sofria maus-tratos) para cavalos. 2.2.3) Fantasia: Idéias/Imagens mentais para resolver problemas intrapsíquicos, como alunos que sofrem com estratégia de aula adotada por um professor e se imaginam na posição de educadores, utilizando estratégias diferentes. 2.2.4) Formação Reativa: É a antítese do que realmente é almejado pelo impulso, é a hipocrisia consciente enquanto o subconsciente sofre. É o caso de pessoas que dizem estar bem, quando perguntadas, quando, na verdade, estão sofrendo. 2.2.5) Introjeção: Indivíduo busca se igualar a outro nas características de sua personalidade que admira, como crianças que tentam copiar gestos e atitudes dos pais. 2.2.6) Negação: Bloqueio/Recusa de certas percepções intoleráveis para proteger-se do sofrimento, como no caso de alcoólotras que não reconhecem sua condição. 2.2.7) Projeção: Atribuir sentimentos ou impulsos inaceitáveis para si mesmo a outra pessoa, como em casos de pessoas que se apaixonam e dizem aos amigos que é a outra pessoa quem está interessada. 2.2.8) Racionalização: Tentativa de explicar conscientemente impulsos que não são aceitos pelo ego, como em casos de pessoas que se recusam a tomar vacinas e afirmam que isso é forma de controle populacional do governo. 2.2.9) Repressão: Bloqueio involuntário de sentimentos e experiências desagradáveis, como vítimas que não conseguem se lembrar do acidente. 2.2.10) Sublimação: Modificação do impulso para torná-lo aceitável às demandas do meio, como pais que canalizam raiva após filho ser morto por motoristas bêbados e passam a atuar como ativistas em programas de conscientização para que motoristas não bebam antes de dirigir. 2.2.11) Supressão: Bloqueio voluntário da própria consciência, identificável em pessoas que dizem frases como “Não quero pensar nisso agora”. 2.2.12) Isolamento: Separar pensamento do sentimento ou evento relacionado a ele, como mulheres que são estupradas e descrevem o crime de forma fria e sem emoção. 2.3) Desenvolvimento da Personalidade: Segundo Freud, a personalidade se desenvolve a partir do libido, conceito biológico que faz referência à energia que está à disposição dos impulsos de vida ou sexuais. Segundo Freud, a vida adulta é atingida em uma sucessão de fases que não é linear, ou seja, apesar de haver um período de predomínio de cada uma delas, essas fases interagem, sobrepõe-se e continuam, deixando uma impressão no psiquismo/inconsciente chamada “ponto de fixação” (formado a partir da gratificações ou frustrações das zonas erógenas). Na infância, tem-se as fases oral, anal, fálica e latente; essas são seguidas, posteriormente, pela puberdade, adolescência, fase adulta e velhice. 2.3.1) Fase Oral (do nascimento ao final do primeiro ano de vida): Nessa fase, libido está concentrado na parte posterior do trato digestório e, por isso, boca é a zona erógena principal, estando ligada aos impulsos de auto-preservação (especialmente, a necessidade de alimentar-se). Nesse sentido, a mãe é a fonte de satisfação da criança e é por meio dela que a criança começa a conhecer o mundo, uma vez que ela não reconhece a diferença entre o “eu”e o “não-eu” (seio materno representa o mundo e, portanto, se promover satisfação, introjetará na criança uma imagem otimista e, se não promover satisfação, introjetará imagem negativa). Necessidade de satisfação oral não está completamente depende da necessidade de alimentar-se, uma vez que, mesmo sem fome, criança succionaa língua, dedos e outros objetos que consiga alcançar (assim, percebe-se que crianças inquietas são tranquilizadas quando a chupeta lhes é oferecida, aliviando as tensões do organismo que não podem ser satisfeitos com a simples ingestão de alimentos). 2.3.2) Fase Anal (do primeiro ao terceiro ano de vida): Nessa fase, energia libidinosa está concentrada na porção posterior do trato digestivo e satisfação anal, obtida pela estimulação da mucosa retal e partes adjacentes, ganha destaque; soma-se a isso a atenção que os pais dão para que a criança aprenda a controlar os esfíncteres. Inicialmente, criança sente prazer em esvaziar bexiga e intestinos imediatamente mas, com as exigências do meio, aprende a ter prazer em reter fezes e urina para eliminá-las posteriormente; assim, prazer deixa de estar localizado na expulsão de excrementos e passa a estar localizado em sua retensão. Por outro lado, valorização dos adultos pela evacuação pode fazer criança acreditar que produtos fecais são preciosos e, assim, querer guardá-los para si, não evacuando (aspecto sádico da fase anal). 2.3.3) Fase Fálica: (do terceiro até o quinto ou sexto ano de vida): Aos três anos de idade, zona oral já perdeu predominância como área de gratificação pessoal e criança já aprendeu a controlar os esfíncteres, além de já perceber com mais clareza o mundo que a rodeia. Assim, nessa fase, aumenta o interesse pelo próprio corpo, principalmente pelos genitais (masturbação/reconhecimento genital, exibicionismo e tendências de maior contato físico com o sexo oposto); ou seja, a libido concentra-se nos órgãos genitais. Nas meninas, esse processo é menos evidente, mas há a percepção da abertura vaginal e conflito entre ter cavidade a ser introduzida (tendência feminina) e introduzir (tendência masculina); nos meninos, sensações genitais confundem-se com as as anais e, dessa forma (por também terem hormônios femininos), surge tendência bissexual que persiste por toda a vida e pode se transformar em homossexualismo caso elemento heterossexual seja suprimido (como ocorre, por exemplo, em prisões, quartéis e colégios internos). Nessa fase, também, tem-se o surgimento de fantasias incestuosas das crianças para com o progenitor do sexo oposto com concomitantes impulsos homicidas pelo progenitor do mesmo sexo, o Complexo de Édipo; inicialmente, ao perceber a relação do pai com a mãe, menino tenta se comportar como o pai para conquistá-la antes de oferecer ajuda ao pai para realizar suas tarefas (tornam-se “aliados”) e, por fim, deixar o pai para tentar fazer essas atividades sozinho; nas meninas, esse processo ocorre de forma diferente uma vez que elas não se aliam a mãe, vendo-as como concorrentes durante todo o processo e tentando conquistar o pai com características próprias (Síndrome de Elektra); uma vez que criança percebe que não conquistará o progenitor do sexo oposto, uma vez que ele é mais poderoso, inicia-se a fase latente. 2.3.4) Fase Latente (do quinto/sexto ao décimo/décimo primeiro ano de vida): Nessa fase, por não terem conseguido conquistar a mãe com as características do pai, meninos começam a conhecer a si próprio para obterem satisfação; meninas também o fazem. Nessa fase, contudo, menino percebe que possui mais força que as meninas e, assim, suas redes sociais se separam (meninos e meninas passam não mais a conviverem juntos), formando grupos apenas de meninos e apenas de meninos (meninos reproduzem entre si as características que observaram em seus pais e meninas reproduzem entre si as características que observaram em suas mães). 2.3.5) Puberdade (do décimo/décimo primeiro ao décimo terceiro ano de vida): Dentro da análise de Freud, a puberdade não é uma fase do desenvolvimento da personalidade, mas um momento de transição entre duas fases. Dentro do grupo formado na fase latente, meninos e meninos percebem que suas características sexuais são parecidas com a de seus amigos; meninos tem necessidade de saber que outros meninos também podem ter o mesmo prazer que ele e precisa ver o órgão fálico dos amigos ou até precisam ser tocados por eles; meninas, além de estarem passando por um rápido desenvolvimento intelectual (caso isso não ocorra, passam a ser tratadas como meninos pelas amigas), descobrem que, mesmo não tento um pênis, também podem sentir prazer sexual e passam a se interessar por meninos. Na menina, essa necessidade é quebrada com a menstruação, que a faz perceber que precisa de outra pessoa para gerar uma criança além de perceber que o prazer sexual é um estímulo bom, dando início à masturbação. 2.3.6) Adolescência (do décimo terceiro ao vigésimo ano de vida; em alguns casos, até o trigésimo): Com a expansão da rede social, indivíduo recebe novas influências e, assim, seus pais deixam de seu a fonte principal do saber, tornando-se uma fonte secundária consultada apenas em momentos de extrema necessidade. A adolescência é marcada pelos desenvolvimentos físico, emocional, intelectual, sexual e vocacional. Essa expansão da rede social também é responsável por uma depressão causada pelo fato de o adolescente comparar seus desenvolvimento físico e intelectual com o de outros adolescentes. Além disso, tem-se o planejamento do futuro com sonhos irreais. Essa fase só chega ao fim quando indivíduo sai da casa dos pais e se torna independente em relação a eles. 2.3.7) Fase Adulta (do vigésimo ao Sexagésimo ano de vida): Nessa fase, indivíduo adquire maturidade intelectual muito forte Além disso, tem-se o amadurecimento intelectual (indivíduo compreende que é único, que suas ações determinam seu futuro e trazem independência, além de fazer sonhos realistas para o futuro), emocional (aprende que emoções podem ser controladas; redes sociais antigas já não trazem mais contentamento de antes, de forma que precisa construir novas com mais intimidade e convivência; reconhece suas responsabilidades e compreenda a reciprocidade do respeito na formação de vínculos) e sexual (percebe que contatos táctil e visual constroem vínculos, compreende-se como ser reprodutor, compreende intensidade do prazer sexual e a capacidade de ele proporcionar os vínculos de matrimônio, além de buscar novas formas de prazer com a realização de fantasias eróticas para manter vínculo). 2.3.8) Velhice (inicia-se no sexagésimo ano de vida): Em um primeiro momento, chamado de velhice juvenil, idoso não reconhece que é dependente de outras pessoas para realizar tarefas que antes fazia; em um segundo momento, chamado de velhice anciã, idoso aceita esse fato e passa a aceitar ajuda para a realização dessas tarefas (nesse ponto reside a importância da família). Assim, surge um sentimento de angústia/depressão que é seguido por um sentimento de aceitação (idoso compreende que vai morrer e começa a fazer as atividades que ainda consegue). Velhice é dividida em primária (nessa fase, tem-se a mudança do sentimento de angústia para a aceitação e a consequente preparação paraa morte, na qual o idoso escolhe roupas e caixão para ser enterrado), secundária (doenças típicas da velhice e consequentes dor e sofrimento) e morte (pode ocorrer por se entregar após se despedir de familiares e amigos ou por agravamentos de doenças). -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- OBSERVAÇÃO: Fases do desenvolvimento da personalidade e seus respectivos objetos sexuais. FASE PERÍODO OBJETO SEXUAL Oral 0 até 1 ano Boca Anal 1 até 3 anos Ânus Fálica 3 até 5/6 anos Órgão genital Latente 5/6 até 10/11 anos Realização própria Puberdade 10/11 até 13 anos Órgão genital e corpo Adolescência 13 até 20/30 anos Órgão genital Adulta 20/30 anos – 60 anos Órgão genital Velhice 60 anos em diante – BIOÉTICA – INTRODUÇÃO & AUTONOMIA 1) Ética 1.1) Etiologia e Definição: Em grego, “ethos” significa “caráter”, “comportamento”. Sendo assim, ética é a ciência da conduta humana e educação da vontade (a escolha dos meios adequados para se chegar a um fim) e é fruto da sabedoria e da prudência. Segundo Leonardo Boff, “ético significa tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente para que seja uma moradia materialmente saldável, psicologicamenta integrada e espiritualmente fecunda”. Nesse sentido, enquanto a moral é a ação dos homens, a ética é a reflexão sobre essa moral. 1.2) Modelos Éticos: Uma vez que o bom é o objeto de estudo da ética, tem-se alguns modelos para esse estudo, como o subjetivismo (bom é o que se aprova e mal é o que se desaprova), relativismo (não há verdades), hedonismo (busca pelo prazer), pragmatismo/utilitarismo (bom é o que é útil), personalismo (ser humano é o fim, não o meio, e por isso deve ter a sua dignidade reconhecida, uma vez que ela é inata a ele, não atribuída). 1.3) Escolhas Éticas: Com o ideal/bom como referência, deve-se buscar o maior bem possível na situação; deve-se considerar a realidade como plural e complexa e manter seus princípios. 2) Bioética: Objetiva distinguir o lícito e o ilícito no âmbito do tecnologicamente admissível, identificando limites e finalidades das intervenções do homem sobre a vida, indicando valores de referência racionalmente fundamentados e denunciando riscos das possíveis aplicações. É a parte da moral que estuda critérios éticos para o julgamento do bem e do mal das ações sobre a vida humana e todas as outras formas de vida em sinergia biofílica (promove e tutela a vida com qualidade e dignidade). Termo foi criado pelo bioquímico americano Van Potter, deveria servir como ponte entre os saberes científicos e humanistas para evitar desastre ambiental; termo surgiu da ambivalência do progresso biomédico, direitos humanos e crise do mito da neutralidade da ética na ciência na segunda metade do século XXI. É carcaterizada por ser uma ciência interdisciplinar. 2.1) Níveis de Reflexão da Bioética 2.1.1) Geral/Fundamental: Questões preliminares básicas (modelos antropológicos, teorias éticas, princípios e produção de normas). 2.1.2) Especial: Grandes problemas (resolvidos à luz dos modelos e fundamentos). 2.1.3) Clínica de Decisão/Resolução/Deliberação: Examina valores em jogo e por quais caminhos encontrar uma linha de conduta sem modificar esses valores. Processo inclui um momento empírico (caso em si e aspectos científicos relacionados), momento hermenêutico (mediação interpretativa a partir de princípios, modelos e fundamentos) e momento nromativo/ético (decisão/deliberação). 2.2) Princípios 2.2.1) Princípio do Duplo Efeito: Quando ação possui efeito bom e desejável e efeito danoso e indesejável de forma indissociável, o efeito bom deve ser desejado e o efeito danoso deve ser apenas tolerado. 2.2.2) Princípio da Totalidade/Terapêutica: Superação do princípio do duplo efeito, afirma que parte pode ser sacrificada em nome do todo. 2.2.3) Princípio da Solidariedade/Caridade: Sacrifício de parte para salvar o todo (como as doações de órgãos) deve ser ato voluntário. 2.2.4) Princípios Prima Facie: São imediatos, como os princípios da beneficência (fazer o bem), autonomia (consentimento informado), justiça (obrigação da igualdade de tratamento e justa distribuição de verbas para a saúde) e não-maleficência (não causar dano/mal ao paciente). 2.2.5) Princípio de Defesa da Vida (anterior ao princípio da liberdade e responsabilidade). 2.2.6) Princípio da Liberdade e Responsabilidade. 2.2.7) Princípio da Sociabilidade e Subsidiariedade: Garantir tratamento sem exageros ou abandono (equidade). 2.2.8) Princípio da Beneficência e da Não-Maleficência: Fazer o bem ao paciente e não fazer o mal. 2.2.9) Princípio da Justiça: Com caráter social, é a distribuição igual, equitativa e apropriada do acesso à saúde de acordo com as necessidades. 2.2.10) Princípio do Respeito à Austeridade: Profissional deve respeitar a diversidade cultural e social do paciente. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- OBSERVAÇÕES: *Em um tratamento para manter um paciente, podem ser usados meios proporcionais/ordinários (meios simples), desproporcionais/extraordinários (meios complexos, como a internação) e a obstinação terapêutica. Enquanto os dois primeiros visamà cura, o último se constitui nos excessos para a manutenção das funções vitais. *Em biótica, define-se o testamento biológico, ou seja, a antecipação da vontade. Nesse sentido, tem-se a eutanásia (alguém decide pela morte do paciente), o suicídio assistido (o paciente decide pela própria morte), s distanásia (prolongamento obstinado da vida) mistanásia (morte precoce e evitável) e ortotanásia (morte digna). -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- 3) Autonomia 3.1) Definição: Conceito que considera a liberdade e a qualidade do agente (capacidade de agir perante a lei), é, em bioética, a capacidade de o paciente pensar/decidir/agir de forma livre e independente em relação ao tratamento pela qual passará. Decisão deve ser tomada após o profissional de saúde esclarecer ao paciente o seu real quadro de saúde. Esse conceito rompe com a idéia de uma Medicina paternalista, na qual o médico era o único responsável pela organização do tratamento. 3.2) Autonomia Reduzida: Em alguns casos, a autonomia pode ser retirada do paciente e transferida à família ou, em casos de urgência, ao profissional de saúde responsável. Isso pode acontecer de forma temporária, no caso de crianças (menores de idades estão sujeitos às determinações de seus pais responsáveis legais) ou presidiários (a manutenção de sua vida e saúde é responsabilidade do Estado), ou de forma permanente, no caso de pessoas com enfermidades que comprometam a sua racionalidade. 3.3) Polêmica: Em alguns casos em que o paciente não esteja com sua racionalidade comprometida mas opte por um tratamento que ofereça riscos à sua vida, profissional de saúde pode recorrer à justiça para agir de forma a romper a autonomia do pacientee salvar sua vida. ATENDIMENTO A ACIDENTADOS 1) Avaliação de Segurança: Avaliação feita pelo profissional mais graduado da equipe de resgate para definir se a equipe pode adentrar a área do acidente. Para isso, deve-se avaliar o local de forma a identificar a causa do acidente e assim, “prever” os possíveis traumas dos acidentados e possíveis alterações nas cenas (explosões, desmoronamentos, quedas de ávores, entre outros). 2) Avaliação do Acidentado 2.1) Avaliação Primária: No local, avalia-se a responsividade/consciência do paciente, bem como as suas vias aéreas, seu pulso e a presença de possíveis hemorragias. Para isso, segue-se o protocolo internacional ABCDE. Após ser feita pela primeira vez, deve ser repetida antes de se passar para a avaliação secundária. 2.1.1) A ( Airway ): Após a imobilização manual da coluna cervical, seguida pela imobilização com o uso do colar cervical (após a colocação, deve-se soltar a cabeça do paciente), o socorrista deve conferir e garantir a permeabilidade das vias aéreas, desobstruindo-as, realizando procedimetnos cirúrgicos (intubações endotraqueais orais/nasais) ou fazendo uso de oxigenoterapia (com centração próxima de 100%, deve-se tomar cuidado com chamas no ambiente pois é um comburente). 2.1.2) B ( Breathing ): Avalia-se a ventilação do paciente ao ver e ouvir a sua respiração, analisando a frequência, amplitude e simetria por meio de palpação do tórax e ausculta. Alterações mais frequentes encontradas incluem dor, fratura de costelas, deminuição da consciência, pneumotóraz e hemotórax. 2.1.3) C (C irculation ): Avalia-se a circulação do paciente e controlam-se grandes hemorragias (sangramentos arterias e venosos s”ao, geral e respectivamente, em jatos e contínuos). Deve-se comprimir o ponto de sangramento e, caso não haja controle, comprimir ponto arterial prévio após levantar o membro acometido. Avalia-se o pulso radial bilateral quanto à frequência, ritmo e amplitude. 2.1.4) D ( Disability ): Avaliação neurológica (estado de consciência, diâmetro e reatividade das pupilas e escala de coma de Galasgow). 2.1.5) E ( Exposure & Environment ): Retira-se as roupas do paciente se expô-lo excessivamente ao público (não retirar roupas aderidas à pele queimada). Deve-se estar atentto à perda de calor para o ambiente. 2.2) Avaliação Secundária: Na ambulância, faz-se uma inspeção da cabeça aos pés em busca mais minuciosa de lesões superficiais, graves ou que possam significar risco de morte. 3) Escala de Coma de Glasgow: Utilizada para avaliações e comparações reptidas do nível de consciência. São atribuídas pontuações numéricas para as atividades responsivas do paciente que, ao final, serão somadas e resultando em um valor que pode variar de 3 a 15 pontos (pontuações abaixo de 8 sugerem estado de coma). ESCALA DE COMA DE GLASGOW PARÂMETROS PONTUAÇÃO Abertura Ocular Não 1 À dor 2 Aos estímulos verbais 3 Espontâneo 4 Melhor Resposta Motora Sem resposta 1 Extensão 2 Flexão anormal 3 Retirada em flexão 4 Localiza a dor 5 Obedece 6 Sem resposta 1 Sons incompreensíveis 2 Melhor Resposta Verbal Palavras desconexas 3 Desrientado 4 Conversa com orientação 5 4) Serviços de Resgate no Brasil 4.1) Particulares: Podem ser de empresa privada ou própria do hospital. Alguns hospitais terceirizam suas frotas de ambulância. Médicos reguladores (os que orientam diretrizeas a serem tomadas pela equipe de atendimento) devem obedecer grade de referência da Secretaria da Saúde. 4.2) Públicos: Surgiram à partir de Projeto Piloto em 1986. 4.2.1) SAMU (Serviço de Atendimento Médico de Urgência): Serviço de remoção de pacientes, atende casos como dores no peito; intoxicações por envenenamento; queimaduras; trabalho de parto com risco de morte para a mãe e para o feto; queda acidental; crises convulsivas; acidentes de trânsito com atropelamento; trauma no tórax, abdômem ou crânio; fraturas, desmaios e sangramentos/hemorragias. Possui suporte básico (com equipamentos para intubação, desfibrilador, medicamentos, soro...) e avançado (além dos equipamentos para suporte básico, possui respiradores e monitores cardíacos avançados), levando os pacientes para hospitais ou unidades de pronto atendimento, de acordo com a gravidade de cada caso. Ao ser acionado, os médicos reguladores podem, por telefone, isntruir o paciente ou seu acompanhante sobre o que deve ser feito em cada caso até a chegada do resgate ou para onde se direcionar. 4.2.2) Bombeiros: Não é serviço de remoção de pacientes, dedicando-se ao atendimento local. É acionado em casos de acidentes de trânsito com vítimas presas em ferragens, acidentes domésticos, acidentes com substâncias inflamáveis ou tóxicas, acidentes traumáticos pessoais ou de trabalho, emergência em via pública e atende ocorrências relacionadas à presença de animais que ofereçam risco à população. Não atende partos de emergência, intoxicações, casos clínicos em geral e casos psiquiátricos (o que é função do SAMU). NECESSIDADES DE SAÚDE (LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CECILIO) 1) Definição: Conjunto de ações necessárias à assistência integral à saúde do paciente. 2) Pilares 2.1) Autonomia: No que diz respeito ao modo de conduzir a própria vida. 2.2) Vínculo: Relacionamento do paciente com a equipe da unidade de saúde a qual pertence é a porta de entrada do paciente para o sistema de saúde como um todo. 2.3) Condições de Vida: No que tange ao ambiente em que vive e sua relação com o processo saúde-doença (sentido funcionalista) e o lugar que o paciente ocupa no processo produtivo da sociedade (sentido marxista). 2.4) Acesso a Tecnologias: Paciente pode ter acesso a tecnologias leves (de baixa complexidade, como medicamentos e procedimentos), leve-duras (de média complexidade, como alguns procedimentos e exames, como os de raio-X) e dura (de alta complexidade, como cirurgias e exames mais complexos, como tomografias). BIOQUÍMICA – METABOLISMO ENERGÉTICO 1) Introdução 1.1) Metabolismo: Conjunto de todas as reações químicas que acintecem no organismo. Pode ser dividido em catabolismo (a decomposição de noléculas orgânicas grandes e/ou complexas em moléculas mais simples) e anabolismo (combinação de moléculas orgânicas simples e monoméricas para formar moléculas maiores; favorecido em situações pós-prandiais). 1.2) Transferência de Energia 1.2.1) Reação de Oxidação e Redução: As reações de oxidação são aquelas em que ocorre a remoção de elétrons de átomos ou moléculas, tendo como consequência a diminuição da energia potencial desses átomos ou moléculas (como a maioria das reações de oxidação biológicas compreende a perda de átomo de hidrogênio, também são chamadas de reações de desidrogenação). Já as reações de redução, por outro lado, compreendem a adição de elétrons ao átomo ou molécula, aumentando sua energia potencial. Reações de oxidação e redução são simultâneas/acopladas e, portando, quando uma substância é oxidada, átomos de hidrogênio não ficam livres, sendo transferidos para a redução das coenzimas dinucleotídeo de nicotinamida (NAD) ou dinucleotídeo de flavina adenina (FAD).𝑁𝐴𝐷 + + 𝐻 + + 𝐻 − → 𝑁𝐴𝐷𝐻 + 𝐻 + 𝐹𝐴𝐷 + 𝐻 + + 𝐻 − → 𝐹𝐴𝐷𝐻 2 1.2.2) Geração de ATP: A adenosina trifosfato (ATP) é a molécula que mais participa da trasnferência de energia e do equilíbrio entre as reações anabólicas e catabólicas. O ATP é formado a partir do influxo de energia (E) liberado na oxidação da adenosina difosfato (ADP) em uma reação chamada fosforilação, na qual é adicionado uma partícula de fosfato inorgânico (Pi) ao ADP. 𝐴𝐷𝑃 + 𝑃𝑖 + 𝐸 → 𝐴𝑇𝑃 -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- OBSERVAÇÃO: Fontes primária, secundária, terciária e quaternária de energia para o ser humano são, respectivamente, a glicose, o glicogênio, os triglicerídeos/triacilgliceróis (TAG; gordura) e as proteínas. As vias de metabolização dessas substâncias são hierarquizadas de acordo com os subprodutos gerados e seus consequentes efeitos colaterais. A metabolização de proteínas, por exemplo, produz amônia, um composto tóxico; a metabolização de gorduras produz corpos cetônicos, responsáveis pela cetoacidose; a metabolização de glicose, no ciclo de Krebs, forma o radical livre hidroxila, que é muito reativo e provoca lesões tissulares (radical hidroxila é bloqueado por vitaminas). -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- 2) Carboidratos: Também chamados de glicídios ou hidratos de carbono, são compostos de função mista poliálcool-cetona ou poliálcool aldeído. No processo de digestão, polissacarídeos são hidrolisados em monossacarído glicose (80%) enquanto os outros 20% são hidrolisados em monossacarídeo frutose (parte é convertid em glicose enquanto é absorvida pelas células do epitélio intestinal ou é convertida em glicose pelos hepatócitos) e monossacarídeo galactose (convertido em glicose pelos hepatócitos); portanto, falar de metabolismo de carboidratos é o mesmo que falar do metabolismo da glicose. Processo de feedback negativo mantém a glicemia (nível de glicose no sangue) a 90 mg/100ml de sangue (ou seja, aproximadamente 2 ou 3 gramas circulantes no corpo). No organismo, glicose é utilizada para sintentizar ATP, aminoácidos, glicogênio e triglicerídios. Glicose é absorvida por transporte ativo no trato gastrointestinal e nos túbulos renais e entra no citoplasma atravessandi a membrana plasmática por difusão facilitada pela feita GluT, uma classe de proteínas transportadoras (insulina aumenta a inserção do tipo GluT4 na membrana); ao entrar na célula, glicose é fosforilada (como GluT não transporta glicose fosforilada, essa reação “aprisona” a glicose na célula). 2.1) Catabolismo: Respiração celular. 2.2) Anabolismo 2.2.1) Glicogênese: Processo que ocorre nos hepatócitos quando a glicose não é necessária à imediata formação de ATP. Nesse caso, ocorre a polimerização da glicose, formando glicogênio, um polissacarídeo que é formado no interior das céulas (corpo consegue armazer, em média, 500 gramas de glicogênio, sendo 75% nas fibras musculares e 25% nos hepatócitos). Esse processo é estimulado pela insulina e mediado pela enzima glicogênio sintetase. Esse processe ocorre em situação pós-prandial (após a alimentação) e em repouso. 2.2.2) Glicogenólise: Quando há falta de glicose no sangue e ela é necessária para que organismo possa desempenhar suas atividades, hormônio glucagon estimula a quebra do glicogênio ao ativar a enzima glicogênio fosforilase e estimula a liberação da glicose no sangue por meio da GluT (glicose é re-formada a partir da enzima fosfatase; como os hepatócitos são as únicas células que possuem fosfatase, a glicose liberada a partir do glicogênio do fígado pode ter atuação sistêmica enquanto a glicose liberada a partir do glicogênio da fibras musculares possuirá atuação local). Esse processo ocorre em situações de jejum. 2.2.3) Gliconeogênese/Neoglicogênese: Quando os suprimentos de glicogênio hepático é escasso, devemos nos alimentar; caso isso não ocorra, corpo começa a catabolizar triglicerídios (gorduras) e proteínas para formar glicose (isso ocorre naturalmente no corpo, mas em menor escala). Esse processo é estimulado pelo cortisol (principal hormônio glicocorticóide da glândula suprarrenal) e pelo glucagon (pâncreas). Nessa situação, ácido lático e alguns aminoácidos são convertidos em ácido pirúvico, alguns aminoácidos são convertidos em ácido oxalacético e o glicerol proveniente dos triglicerídios é convertido em gliceraldeído 3-fosfato. Esse processo ocorre em situações de jejum. Mesmo que, por vezes, esse processo consuma ATP, o consumo será reposto pelo ATP gerado na oxidação da glicose formada; em outros casos, processo é feito para tornar glicose livre/disponível para órgãos que dela precisem. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- OBSERVAÇÕES *Fome: Estimulada pelos núcleos laterais do hipotálamo (“centro da fome”), que recebe sinais referentes ao enchimento/esvaziamento do trato gastrointestinal e da quantidade de nutrientes (glicose, aminoácidos, ácidos graxos) no sangue. *Cortisol converte proteínas em aminoácidos, disponibilizando-os para a gliconeogênese. *Hormônios tireoidianos (tiroxina e tri-iodotironina) também mobilizam proteínas e triglicerídios do tecido adiposo, disponibilizando-os para a gliconeogênese). -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- 3) Lipídios: São compostos formados pela associação de um ácido graxo e um álcool. Possuem uma composição molecular de caráter apolar/hidrofóbico e combinam-se com proteínas do fígado e do intestino para se tornarem solúveis, na forma de lipoproteínas, e poderem ser transportados pelo sangue. As principais lipoproteínas são os quilmicrons (formadas nas células epiteliais da mucosa do intestino delgado, levam lipídios não digeridos da dieta para serem armazenados no tecido adiposo), lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL; formada nos hepatócitos, transporta glicerídio sintetizado para adipócito e, é, assim, convertido em LDL; sua produção é aumentada após a ingestão de alimentos muito gordurosos), lipoproteína de baixa densidade (LDL; transporta lipídios para reparo de membranas e para síntese de hormônios esteroidais e sais biliares; em excesso, deposita colesterol nas fibras musculares e nas artérias sendo, por isso, chamado popularmente de “colesterol ruim”) e lipoproteína de alta densidade (HDL; remove excesso de colesterol das células do corpo, transportando-o para o fígado para ser eliminado). Lipídios podem ser oxidados para a produção de ATP; caso não haja necessidade imediata, são armazenados (50% na tela subcutânea e os outros 50% se dividem entre as áreas genitais, músculos, atrás dos olhos, rins,sulcos do coração e área externa do intestino grosso). -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- OBSERVAÇÃO: * Colesterol: Obtido em alimentos de origem animal (carne e ovos) ou sintetizado nos hepatócitos, desempenha algumas funções essenciais no organismo, como sintetizar hormônios e vitamina D e conferir estabilidade para a membrana plasmática. Alimentos gordurosos isentos de colesterol podem aumentar a quantidade de colesterol no sangue por causar uma maior reabsorção de colesterol da bile (menos colesterol é eliminado nas fezes) ou porque parte dos produtos da decomposição de gorduras saturadas são convertidos em colesterol nos hepatócitos. *Níveis normais de LDL e HDL são, respectivamente, inferior a 200 mg/dL de sangue e inferior a 130 mg/dL de sangue. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- 3.1) Catabolismo (Lipólise): É a hidrólise de triglicerídeos/triacilgliceróis em glicerol e ácidos graxos por meio de reações catalisadas por enzimas chamadas lipases e intensificadas pela ação da epinefrina e da norepinefrina (é inibido pela insulina). Processo ocorre de forma mais intensa em situação de jejum logo após o esgotamento dos estoques de glicogênio. Ácidos graxos liberados a partir da lipólise passam pelo processo de betaoxidação, formando acil-CoA; essa passa para o interior da mitocôndria com auxílio da carnitina acil-transferase e se converte em acetil-CoA, que participará do ciclo de Krebs para a geração de ATP (condensação de duas acetil-CoA nos hepatócitos forma o ácido acetoacético que, através de um processo chamado cetogênese, é convertido em compostos chamados corpos cetônicos, como o ácido beta-hidroxibutírico e a acetona, que se difundem livremente pela membrana plasmática e caem na corrente sanguínea, chegando até as células do músculo cardíaco e do córtex renal, que os utilizam para produzir ATP). Processo ocorre em situação de jejum. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- OBSERVAÇÃO: Excesso de corpos cetônicos abaixa o pH do sangue, mudando o padrão respiratório do indivíduo; essa situação é muito comum em diabéticos, sendo conhecida como cetoacidose diabética. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- 3.2) Anabolismo (Lipogênese): Síntese de triacilgliceróis/lipídios a partir de glicose e aminoácidos nos hepatócitos e nos adipócitos, é processo estimulado pela insulina. Ocorre quando pessoa consome mais calorias do que as necessárias para satisfazer suas necessidades de ATP. 4) Proteínas: São macromoléculas constituídas pela polimerização de alfa-aminoácidos. Proteínas não armazenadas para uso posterior e seu excesso é convertido em glicose (gliconeogênese) ou triglicerídeos (lipogênese), mas jamais eliminado na urina ou nas fezes. Aminoácidos podem ser essenciais (obtidos na dieta) ou não-essenciais (corpo consegue sintetizar por meio de processo chamado transaminação, no qual um grupo amino é transferido ao ácido pirúvico); aminoácidos também podem ser classificados como cetogênicos (formam acetil-CoA) e glicogênicos (produzem oxalacetato, um dos percursores da gliconeogênese). 4.1) Catabolismo: Estimulado pelo cortisol (produzido no córtex da glândula suprarrenal). Proteínas são decompostas em aminoácidos (convertidos em ácidos graxos, glicose ou corpos cetônicos pelos hepatócitos) ou oxidadas no corpo todo para a produção de acetil-CoA que será utilizada no ciclo de Krebs ou na síntese de triacilgliceróis (lipogênese). Antes de serem utilizados pelo organismo, aminoácidos passam pelo processo de desaminação, no qual perdem o grupo amino e, consequentemente, dão origem à amônia (processo estimulado por aminotransferases). 4.2) Anabolismo: Realizado nos ribossomos em quase todas as células em processo dirigido por DNA e RNA e influenciado pelos hormônios T3 e T4. 5) Respiração Celular 5.1) Fases 5.1.1) Glicólise: Única fase que ocorre no citoplasma da célula, independe da presença de oxigênio para acontecer. Nesse momento, ocorre a clivagem da molécula de glicose (C 6 H 12 O 6 ) em duas moléculas de ácido pirúvico, cada uma com três carbonos. Inicialmente, a glicose é fosforilada pela enzima hexoquinase em um processo que consome ATP, formando a glicose 6-fosfato que, sobre a ação do hormônio T4, dá origem à frutose 6-fosfato. Essa, sobre a ação da enzima PFK/fosofofrutoquinase, em um processo que consome ATP e é estimulado pela insulina, dá origem à frutose 1,6-disfosfato; essa, por sua vez, origina o equilíbrio químico entre o gliceraldeído 3 fosfato e a di-hidroxiacetona. Em seguida, o gliceraldeído 3-fosfato é oxidado a 1,3-bifosfoglicerato, 3-fosfoglicerato, 2-fosfoglicerato e fosfoenolpiruvato. O fosfoenolpiruvato, então, devido à atuação da enzima piruvatoquinase, é convertido em piruvato em um processo estimulado pela insulina. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- OBSERVAÇÃO: Todos os NADH ou FADH 2 produzidos durante a glicólise e o ciclo de Krebs serão usados na cadeia transportadora de elétrons para a geração de energia. No entanto, em condições anaeróbias, o NADH formado na conversão do gliceraldeído 3-fosfato pode ser utilizado para um processo de respiração anaeróbia; nesse processo, o ácido pirúvico/piruvato formado ao final da glicólise é convertido em ácido lático/lactato (processo oposto pode ocorrer na gliconeogênese por meio da enzima lactato desidrogenase). 𝑃𝐼𝑅𝑈𝑉𝐴𝑇𝑂 + 𝑁𝐴𝐷𝐻 → 𝐿𝐴𝐶𝑇𝐴𝑇𝑂 -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------- 5.1.2) Ciclo de Krebs/ Ciclo de Ácido Cítrico: Inicialmente, o piruvato formado ao final da glicólise entra na mitocôndria e, em sua matriz, será convertido em acetil-coenzima A (acetil-CoA) por processo estimulado pela insulina; nesse processo, cuja primeira etapa é estimulada pela enzima piruvato desidrogenase, piruvato será descabroxilado (perde uma molécula de gás carbônico) e ocorre a formação de NADH (acetil-CoA também pode ser formada a partir de aminoácidos). 𝑃𝐼𝑅𝑈𝑉𝐴𝑇𝑂 + 𝑁𝐴𝐷 + + 𝑃𝐼𝑅𝑈𝑉𝐴𝑇𝑂 𝐷𝐸𝑆𝐼𝐷𝑅𝑂𝐺𝐸𝑁𝐴𝑆𝐸 → 𝐴𝐶𝐸𝑇𝐼𝐿 + 𝑁𝐴𝐷𝐻 + 𝐻 + + 𝐶𝑂 2 𝐴𝐶𝐸𝑇𝐼𝐿 + 𝐶𝑂𝐸𝑁𝑍𝐼𝑀𝐴 𝐴 → 𝐴𝐶𝐸𝑇𝐼𝐿 − 𝐶𝑂𝐸𝑁𝑍𝐼𝑀𝐴 𝐴 Ao mesmo tempo, o ácido oxalacético/oxalacetato pode ser formado a partir de aminoácidos ou a partir do piruvato que sofrerá a influência da enzima piruvato carboxilase e dos hormônios cortisol e T4. O ciclo de Krebs inicia-se formalmente quando o oxalacetato e a acetil-CoA reagem, formando o ácido cítrico/citrato. Em seguida, é formado um isômero dessa última substância, o ácido
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