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FACULDADE GEREMÁRIO DANTAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA
DANIELA MARIA DO CARMO OLIVEIRA
A EVASÃO E O RETORNO DE ALUNOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - EJA
RIO DE JANEIRO
2020
FACULDADE GEREMÁRIO DANTAS
A EVASÃO E O RETORNO DE ALUNOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - EJA
Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de Graduação em Pedagogia apresentado a Faculdade Geremário Dantas.
Orientador (a): Elma Lúcia de Paranhos Carvalho
RIO DE JANEIRO
2020
Dedico este trabalho a todos aqueles que acreditaram em minha vitória. As minhas colegas e professoras por todos os anos que passamos juntas. A todos que torceram por mim.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus em primeiro lugar por ter me agraciado com força e saúde suficientes para que eu pudesse chegar até aqui. 
A Renata, minha patroa, que me deu apoio e grande ajuda para eu alcançar meu objetivo.
A meus pais e minha irmã pelo apoio e confiança que depositaram em mim.
A professora Elma Lúcia de Carvalho Paranhos, que me orientou.
E todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a confecção desse trabalho e me apoiaram durante minha busca pela formatura. 
O meu muito obrigado, e que Deus retribua em bençãos a cada um.
RESUMO
O objetivo do presente trabalho foi caracterizar o aluno EJA. Conhecer quem é este público a quem se destina esta modalidade, quais os motivos que levaram estes alunos a abandonar a escola regular e quais motivos fizeram-no retornar à escola, nesta modalidade. E agora após o retorno, quais as perspectivas que estes alunos têm em relação a seu futuro, e também os motivos da evasão. Para tal, foi realizado um questionário com alunos inclusos nesta modalidade de ensino no município de São Gonçalo do Abaeté/MG. Com esta pesquisa pode-se observar e comprovar a heterogeneidade de idade destes indivíduos e comprovar que a maioria dos alunos que frequentam esta modalidade são pessoas de baixa renda, que estão buscando, através do ensino, melhorar suas condições de vida. Pode-se perceber também que estes alunos buscam por conhecimentos que ultrapassem a educação básica. Estes indivíduos pretendem dar continuidade em seus estudos, adquirir melhores empregos, e consequentemente conseguir a ascensão social.
Palavras chave: Educação, Perspectiva e Oportunidade
ABSTRACT
The objective of this study was to characterize the adult education student. Knowing who is this intended audience to whom this mode, the reasons that led these students to leave school regularly and what reasons did return to school, in this mode. And now after returning what are the prospects that these students have about their future. To this end a questionnaire was conducted with students included in this type of education in the city of São Gonçalo do Abaeté/MG. With this study we can observe and verify the age heterogeneity of these individuals and show that most students who attend this type are low-income people, who are seeking through education to improve their conditions of life. You can also see that these students seek for knowledge beyond basic education. These individuals want to continue with their studies and obtain better jobs and thus achieve social mobility.
Keywords: education, prospects, opportunities
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Funções da EJA	23
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Período de Afastamento Escolar	18
Gráfico 2 - Motivos de Retorno na modalidade EJA	19
Gráfico 3 - Pretensão dos alunos EJA de continuar os estudos	20
Gráfico 4 - Evasão na EJA no ano de 2019	22
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	10
2. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL: UM PANORAMA HISTÓRICO	12
2.1. Políticas públicas educacionais e os efeitos na educação de jovens e adultos	12
3. PRINCIPAIS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA	14
3.1. Analfabetismo	14
3.2. Evasão	14
4. A CONDIÇÃO SOCIAL DO ALUNO EJA	15
4.1. Motivos da evasão escolar	16
4.1.1. A condição do aluno trabalhador: fator de evasão ou motivação?	17
4.2. Motivos do Retorno	18
5. A EVASÃO NAS ESCOLAS EM SÃO GONÇALO DO ABAETÉ/MG	21
6. FUNÇÕES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS	23
7. O DESAFIO DA EJA NA NOVA MODALIDADE DA LDB	26
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS	28
REFERÊNCIAS	30
ANEXOS	33
Anexo I – Questionário utilizado para colheita dos dados	34
1. INTRODUÇÃO
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é entendida como uma modalidade de ensino que visa atender aos estudantes maiores de 15 anos que não conseguiram concluir seus estudos em idade regular. Devido a esse perfil, de modo geral o público da EJA é composto por sujeitos com baixa autoestima, histórico escolar com antecedentes de fracasso, vítimas da exclusão social e de problemas de natureza econômica que, muitas vezes, determinam sua saída da escola. Além disso, ao chegar à escola, na maioria das vezes, esses estudantes se deparam com um currículo que não atende as suas demandas, em razão de diversos fatores, como metodologias pouco convidativas e conteúdos distantes da sua realidade. 
Este trabalho tem como objetivo tratar sobre a evasão e o retorno escolar, conhecendo suas causas e conseqüências. Vários fatores podem ocasionar a evasão escolar. Dentre eles, ensino mal aplicado por meio de metodologias inadequadas, professores mal preparados, problemas sociais, descaso por parte do governo. A alfabetização de adultos tem uma longa tradição, já tendo sido desenvolvida, no Brasil, uma considerável produção teórica e prática, fundamentalmente a partir do reforço ou da crítica sobre essa questão de mundo, o professor Paulo Freire.
Desde a sua criação, de maneira informal ou formal, a EJA não conta com uma atenção especial por parte dos órgãos competentes. Isso pode ser visto na instituição em 1996, do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério – FUNDEF, no qual as matrículas desse segmento de ensino não eram computadas e, por isso, essa modalidade não recebia investimento financeiro, mesmo estando assegurado por lei o direito a educação para todos, independente da faixa etária.
A EJA é, pois, uma modalidade educacional que carece de políticas consistentes e não meras ações temporárias. Portanto, é preciso maior atenção a esse segmento educacional, com vistas a se encontrar possíveis soluções para diminuir o alto índice de evasão que a coloca em um patamar desfavorável diante das outras modalidades de ensino.
Sabe-se que a evasão não pode ser atribuída as causas isoladas, sejam as deficiências pessoais dos alunos, sejam os fatores de natureza socioeconômica ou da organização escolar. Mas, entre as causas determinantes da evasão, tais como as condições de vida e as condições físicas e psicológicas, a mais decisiva é a organização curricular e metodológica da escola, por não estar preparada para utilizar procedimentos didáticos adequados a realidade dos alunos do EJA.
A metodologia dessa pesquisa se baseia no método de abordagem hipotético-dedutivo, a partir das hipóteses levantadas, que foram confirmadas ao final do trabalho. Para realização da pesquisa empírica é utilizado o estudo de caso, com vistas ao levantamento das informações que nortearam essa investigação. Em termos de abordagem este estudo pode ser caracterizado como qualitativo, pois além de fazer levantamento de distribuições percentuais de alguns dados, buscou-se também analisá-los, a fim de se obter um entendimento mais acurado do objeto deste trabalho.
2
2. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL: UM PANORAMA HISTÓRICO
Dentre algumas atribuições da educação compete-lhe a função de formar o indivíduo na sua totalidade, envolvendo as suas principais demandas, sejam de natureza intelectual, moral, físico, social e econômica. Assim, diante do seu papel social, acredita-se que a educação contribui para que a pessoa humana se desenvolva plenamente. 
A educação - homem - vida deve estabelecer uma relação intrínseca e indissociável. Além disso, a educação pode ser entendida como um pressupostosocial que atua como mola propulsora para a vida em comunidade.
Entretanto, numa sociedade capitalista a educação sistemática, ou seja, a escolarizada, apresenta alguns mecanismos de exclusão, pois indivíduos com baixo poder aquisitivo não frequentam as mesmas escolas que a classe alta, gerando uma dicotomia entre o processo educacional vivenciado por esses dois públicos distintos. Ainda, a ausência de políticas públicas educacionais eficientes, a insuficiência de recursos públicos capazes de atender as necessidades educacionais dos estudantes, são alguns dos entraves que corroboram para a precariedade do ensino público.
Porém, defende-se neste trabalho que o investimento no processo educacional não é supérfluo, mas uma das maiores ações do poder público em benefício da nação. Nessa perspectiva, a escola pública brasileira precisa ser vista com mais atenção, uma vez que é destinada a maioria dos estudantes proveniente de classe economicamente desfavorecida. 
Para se compreender melhor a EJA, este capítulo aborda um panorama histórico a respeito dessa modalidade de ensino, considerando as primeiras experiências no país. Também são discutidas as políticas públicas educacionais, as mudanças no modo de financiamento e os efeitos dessas investidas para esse segmento educacional.
2.1. Políticas públicas educacionais e os efeitos na educação de jovens e adultos
Após a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, os discursos a respeito da importância da alfabetização popular, assim como a instrução elementar, passaram a ser um assunto em voga, tendo vista que, as pessoas analfabetas viviam de certo modo excluídas da sociedade. O processo de alfabetização representava, então, um marco fundamental para que tais pessoas passassem a usufruir o direito ao voto – direito antes negado –, bem como fosse lhes proporcionado possibilidades de desenvolvimento intelectual e exercício da sua condição de cidadão, principalmente, para os negros e para os brancos provenientes de classe economicamente desfavorecida. 
O primeiro censo realizado no Brasil aconteceu, precisamente, no ano de 1872 no qual se verificou que 82,3% dos indivíduos com mais de cinco anos de idade eram analfabetos. Após dezoito anos, em 1890, foi realizado o segundo censo, isso já no período republicano e esses números se repetiram. Esse elevado índice de analfabetismo chamou a atenção das autoridades, passando a ser destaque nos discursos políticos, embora na prática pouco foi feito para mudar essa realidade (BRASIL, 2008a). 
O analfabetismo é considerado, então, um problema que perpassa décadas e está longe de ser resolvido na sua totalidade. É preciso, pois, que os órgãos competentes dispensem um olhar mais atento para essa realidade nacional, sobretudo, para a região nordeste, porque é a região que mais amplia essa estatística no país, devido às condições socioeconômicas dos sujeitos.
Diante dessa realidade educacional brasileira, o Estado tem o dever de criar políticas públicas educacionais de acesso e permanência na escola, objetivando incluir aqueles sujeitos que, de alguma forma, não se sentem inseridos no contexto educacional. Acredita-se que as políticas públicas tornam-se, de fato, efetivas segundo Brasil (2008a),quando são capazes de: 
 
[...] assegurar a todas as pessoas o direito de desenvolver as habilidades de leitura e da escrita, a fim de usufruir da cultura letrada, fortalecer as identidades socioculturais, melhorar as condições de vida, promover a participação cidadã e a equidade de gênero, preservar a saúde e o meio ambiente (BRASIL, 2008a, p. 21). 
 
As políticas públicas educacionais têm como fundamento atender às necessidades educativas das pessoas, conscientizá-las do seu papel como cidadãs e corresponsáveis pelo bem estar social, contribuindo, dessa forma, no combater às desigualdades de classe. Para que, efetivamente, as políticas públicas se façam valer, é preciso considerar o interesse dos indivíduos no exercício de sua participação social. De acordo com Oliveira (2010, p. 3), “A organização social é importante para que decisões coletivas sejam favoráveis aos interesses do grupo”.
3. PRINCIPAIS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
3.1. Analfabetismo
Historicamente a educação no Brasil é um privilégio de poucos; quando da sua universalização, educação de qualidade tornou-se num artigo de luxo, também de poucos e, sempre esteve relacionada ao valor do homem na sociedade.
O Brasil tem os maiores índices de evasão e repetência, ficando na 1ª posição na América Latina. Recentemente o Ministério da Educação – MEC- divulgou recentemente dados de um levantamento que mostra que o Brasil tem atualmente cerca de 16 milhões de analfabetos. Isso significa que essas pessoas são incapazes de ler e escrever um simples bilhete, os chamados analfabetos funcionais.
A explicação do elevado índice de analfabetos no Brasil está diretamente ligada as questões históricas como o tipo de colonização do Brasil, a escravidão, o poder nas mãos de uma elite conservadora que se apoderou das riquezas do país em benefício próprio e políticas assistencialistas na área educacional. Esse quadro começou a mudar com a pressão internacional e pelas novas exigências do mercado de trabalho.
3.2. Evasão
A evasão escolar é um problema endêmico e antigo do Brasil. Todos os anos milhares de crianças e adolescentes passam por essa experiência danosa ao seu futuro e ao do país. O problema é que a evasão é quase tida como comum entre os profissionais da educação, que no início do ano letivo não se preocupam em lotar as salas de aulas já que sabem que muitos dos alunos desaparecerão da escola. Já o reflexo desse descaso é sentido nas cadeias públicas, penitenciárias e centros de internação de adolescentes como salienta Murillo José De Giacomo (2010, p. 1).
Crianças e adolescentes vítimas do descaso de famílias e dos governos estão amparadas por leis como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB9394/96, Lei Darci Ribeiro) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que avançou na proteção e consolidação das políticas para essa população. Crianças e adolescentes que faltam sem justificativa e a evasão escolar ferem os direitos das crianças e dos adolescentes. 
Assim é obrigação de todos os profissionais da escola e da sociedade zelarem pela permanência de crianças e adolescentes na escola, caso contrário esses profissionais podem responder por negligência. Já a população pode e deve contribuir denunciando ao conselho tutelar o não cumprimento desses direitos por parte da escola e da família.
4. A CONDIÇÃO SOCIAL DO ALUNO EJA
A modalidade de Educação destinada a jovens e adultos apresenta uma identidade que a diferencia da escolarização regular. Neste contexto pode-se considerar que e essa diferenciação não é apenas quanto à especificidade etária, mas, primordialmente, a uma questão de especificidade sócio histórico-cultural (FERRARI, 2011). 
“Homens, mulheres, jovens, adultos ou idosos que buscam a escola pertencem à mesma classe social” (BRASIL, 2006, p. 15), que inclui pessoas de baixa renda e que consomem, de modo geral, apenas o básico à sua sobrevivência, como água, luz e alimentação. “O lazer fica por conta dos encontros com as famílias ou dos festejos e eventos das comunidades das quais participam, ligados, muitas vezes, às igrejas ou associações” (BRASIL, 2006, p. 15). 
A principal fonte de lazer e informação que estes indivíduos têm consiste na televisão. Na maioria dos casos, “seus pais têm ou tiveram uma escolaridade inferior à sua” (BRASIL, 2006, p. 15). 
Atualmente existem muitas pessoas no Brasil que ainda não concluíram o ensino fundamental, fato esse que está relacionado à “desigualdade social em tempos de exclusão, miséria e falta de emprego, terra, de teto e de condições dignas de vida impostos a uma parcela significativa da população” (HAGGE, 2001, p. 2). 
Essas situações fazem com que as pessoas mais pobres enfrentem mais dificuldades no acesso à escola e também em permanecer nela, constituindo e ampliando cada vez maiso número de homens e mulheres que adentram a modalidade EJA em todo o país (HAGGE, 2001).
Segundo Ferrari (2011), uma importante consideração a se fazer é o reconhecimento deste jovem como um sujeito, cuja história não é a mesma de outros jovens de sua faixa etária. Para a autora é imprescindível que o jovem de EJA seja visto como uma pessoa, “cujas condições de existência remetem à dupla exclusão, de seu grupo de pares da mesma idade e do sistema regular de ensino, por evasão ou retenção” (FERRARI, 2011, p. 2).
4.1. Motivos da evasão escolar
A evasão escolar é caracterizada pelo abandono da escola, ou seja, quando o aluno deixa de frequentar a mesma durante o período letivo. Duarte citado por Ramalho (2010) caracteriza a evasão como uma expulsão escolar, porque a saída do aluno da escola não é um ato voluntário, mas uma imposição sofrida pelo estudante, em razão de condições adversas e hostis do meio.
Em 2017, segundo pesquisa publicada pelo jornal Folha de São Paulo, o público adolescente correspondia a 12,5% da população do país, dos quais 50,4% meninos, e 49,6% meninas. Desses percentuais, dos adolescentes na faixa etária entre 15 e 24 anos, apenas 33% estava cursando o Ensino Médio sendo que o número de meninas supera o de meninos em aproximadamente 9% (CEREJA; MAGALHÃES, 2005). 
No Brasil, a taxa de adolescentes entre 15 e 17 anos que não se encontravam estudando durante o momento de pesquisa do censo de 2017 foi de 17,7% da população (BRASIL, 2010). Esta ausência em idade letiva fomenta a evasão escolar. Este número ainda tem considerável aumento se abrangida uma maior faixa etária. No mesmo ano, 4,8% dos alunos matriculados no Ensino Fundamental abandonaram a escola. Embora este número pareça pequeno, corresponde a 1,5 milhões de alunos. 
No mesmo ano, 13,2% dos alunos que cursavam o ensino médio abandonaram a escola, o que corresponde a pouco mais de 1 milhão de alunos. Muitos desses alunos retornaram ou retornarão à escola, entretanto, em condições de defasagem idade/série, o que pode causar conflitos e possivelmente nova evasão (PACIEVITCH, 2010).
Muitos jovens e adultos acabam por abandonar os estudos por diversos motivos, entre os quais, dificuldade de aprendizagem, esgotamento físico, falta de motivação para aprender (FORTUNATO, 2010). 
Alguns não tiveram a oportunidade de frequentar uma escola. Há casos também em que o indivíduo, já tendo contato com a escola em uma fase de sua vida, sente vergonha em retornar aos bancos escolares ou não consegue conciliar o horário para realizar o ingresso na modalidade de ensino regular, optando pela inclusão na EJA (CERATTI, 2008).
Uma parcela significativa da população que abandona a escola após um tempo variável reconhece a falta de conhecimento e/ou ensino em suas vidas retornando assim aos bancos escolares (CERATTI, 2008). 
Souza (1994) realizou estudos que visaram compreender os sentimentos e as expectativas com relação à escola e as representações dos alunos dos jovens e adultos (EJA) que tiveram passagem pelo ensino regular. Com estes estudos, a autora pode afirmar que, depois de vivenciarem um tempo longe da escola e retornarem eles, perceberam que o valor dado a ela vai se fortalecendo e assim apontaram para o fato da escola ser algo essencial para suas vidas e um meio para a ascensão social.
4.1.1. A condição do aluno trabalhador: fator de evasão ou motivação?
O trabalho pode ser entendido como uma ação inerente ao ser humano e como um instrumento social provocador de mudanças sociais. De acordo com Oliveira e Silva (2011, p. 211), “[...] o trabalho não alienado é uma efetivação de uma vontade transformadora da natureza humana, segundo os pensadores como Hegel e Marx”. Por necessidade de sobrevivência, o trabalho ocupa um lugar central na vida dos sujeitos, por produzir seu meio de vida, mas não se restringe exclusivamente a um ato humano isolado, podendo acontecer tanto de forma individual, como coletiva, sendo que, “[...] se estabelece num contexto de relação, uma vez que se situa em um tempo e espaço específicos” (OLIVEIRA; SILVA, 2011, p. 212).
O abandono aos estudos por causa da necessidade de trabalhar, geralmente, é apontado pela maioria dos estudantes, como o principal responsável pela evasão. Embora haja controvérsias a respeito desse fato, pois pesquisam mostram dados que rebatem essa questão. 
A pesquisa de Faria (2013), desenvolvida em uma Escola de Juiz de Fora, em Minas Gerais, aponta o fator “trabalho” como a principal causa da evasão, perfazendo um índice de incidência em 30,95% das respostas. A pesquisa de Lara (2011), também aponta o “trabalho” como sendo a causa primordial para a evasão, com 25% das respostas.
De acordo com Carmo (2010), a evasão ocorre em maior número entre o público masculino, pois, no mercado de trabalho há mais vagas para homens que para mulheres com baixa escolaridade, pois o trabalho braçal não necessita de alto grau de escolaridade e nesse aspecto, os homens têm maior chance de conseguir um emprego. Sendo assim, muitos não se preocupam com os estudos e, na mesma proporção que retornam à escola, evadem facilmente, não firmando a sua permanência no espaço educacional.
Por outro lado, o trabalho pode ser também o fator mais importante e impulsionador do processo de escolarização, pois os estudantes voltam a frequentar a escola, objetivando qualificação profissional e melhor colocação no mercado de trabalho, em virtude das exigências das empresas e das instituições que buscam funcionários mais qualificados para atuarem em seus espaços. Segundo Naiff & Naiff (2008), mediante citação trazida por Carmo (2010),
[...] as exigências de um mercado de trabalho moderno, que necessita cada vez mais mão-de-obra qualificada, e a pequena remuneração disponível para os empregos de baixa qualificação, trazem novamente este sujeito ao universo escolar. Em outras palavras, a dimensão social do trabalho tanto leva os jovens a largarem a escola quanto a retornarem à mesma (NAIFF & NAIFF, 2008, p. 404, apud CARMO, 2010, p. 221),
A exigência pela qualificação profissional e melhor colocação no mercado de trabalho, têm contribuído significativamente para o retorno de jovens e adultos à escola Arruda e Silva, (2012).
4.2. Motivos do Retorno 
Segundo Haddad e Di Piero (2000), a má qualidade de ensino associada à pobreza que assola grande parte da população brasileira produz um contingente numeroso de crianças e adolescentes que passam pela escola sem adquirir significativos conhecimentos e que, submetidas a experiências penosas de fracasso e repetência escolar, acabam por abandonar os estudos. 
Após o abandono escolar, o retorno à escola deu-se após 1 a 10 anos na maioria dos casos. Outras informações foram relatadas e, o que chama a atenção é o retorno à escola (no nível fundamental) após um período de afastamento superior a 26 anos (Gráfico 1). 
Como coloca Ferrari (2011), o jovem que pertence ao mundo do trabalho, ou do desemprego, como é mais comum, incorpora-se ao curso da EJA objetivando concluir etapas de sua escolaridade para buscar melhores ofertas do mercado de trabalho por sua inserção no mundo letrado.
Gráfico 1 - Período de Afastamento Escolar
Fonte: Arquivo pessoal
Mesmo após tantos anos afastados da escola, estes indivíduos perceberam a necessidade dos estudos, da aquisição de conhecimentos em suas vidas visando melhoras na qualidade de vida.
Este fato fica evidenciado no gráfico 2, que demonstra que na maioria dos casos este retorno escolar deve-se ao reconhecimento da necessidade de estudo.
Gráfico 2 - Motivos de Retorno na modalidade EJA
Fonte: Arquivo Pessoal
Oliveira (1996), investigando os processos de alfabetização de jovens e adultos, considera que o retorno escolar é um marco decisivo na retomada dos vínculos do conhecimento, libertando-os do estigma do analfabetismo e dos sentimentos de inferioridade.
O dado observado por meio da entrevista, que foi muito gratificante neste estudo, é a demonstração de que a maioria dos indivíduos que estão matriculados na EJA, tanto no ensinofundamental quanto no ensino médio, tem a pretensão de continuar seus estudos. Esta pretensão chegou a 100% no ensino fundamental, pois estes indivíduos almejam terminar o ensino meio, a educação básica do país, e embora não atinja a totalidade de indivíduos no ensino médio, a maioria pretende continuar os estudos mesmo após a conclusão da educação básica (Gráfico 3)
Gráfico 3 - Pretensão dos alunos EJA de continuar os estudos
Fonte: Arquivo Pessoal
Quando solicitado aos alunos o motivo pelo qual retornaram a escola na modalidade EJA, foram verificadas as seguintes respostas: 
· “Porque aprendemos tanto como no regular, e a facilidade em aprender é bem melhor”; 
· “Porque é mais rápido e mais fácil”; 
· “Porque é mais rápido e a empresa que trabalho precisa que eu conclua logo”; 
· “Porque facilita eu estudar alguns dias, assim posso ajudar mais em casa”; 
· “Por vergonha de fazer normal”; 
· “Por não ter compromisso de ir todo dia”; 
· “Porque trabalho o dia todo”; 
· “Não tem muita bagunça”; 
· “Porque aqui estudam pessoas que dão mais valor ao estudo”.
Ainda neste sentido, buscou-se conhecer quais as perspectivas destes estudantes para o próximo ano. Verificou-se, portanto, que segundo suas próprias palavras, expostas abaixo, estes alunos desejam continuar estudando para arrumar um bom emprego, para alcançar crescimento profissional e ir em busca de melhores oportunidades. 
· “Eu desejo concluir”; 
· “Continuar estudando”; 
· “Tentar terminar os meus estudos”; 
· “Buscar alcançar o crescimento profissional”; 
· “Terminar a 8ª série e continuar o segundo ano”; 
· “Mais oportunidade”; 
· “Continuar estudando e arrumar um bom emprego”; 
· “Melhoras, mais oportunidade, sorte no trabalho, nos estudos e na família”; 
· “Fazer alguns cursos”.
Quando questionado sobre o que eles esperam para daqui a três anos os mesmo citaram na maioria dos casos e em um número significativo de entrevistados que desejavam continuar estudando e ingressar em uma faculdade respectivamente: 
· “Eu desejo concluir todas as matérias”; 
· “Continuar estudando”; 
· “Fazer vestibular”; 
· “Ingressar em uma faculdade”; 
· “Melhorar as notas e continuar os estudos daqui pra frente”; 
· “Ter melhores chances de melhorar meu desempenho no trabalho e dar um passo a mais”; 
· “Fazer um curso técnico”; 
· “Estar num bom emprego”.
De acordo com Souza (1994) os sentimentos e as expectativas destes jovens e adultos depois de vivenciarem um tempo longe da escola e retornarem perceberam que o valor dado a ela vai se fortalecendo, e assim, apontam para o fato da escola ser algo essencial para suas vidas e também um meio para a ascensão social.
5. A EVASÃO NAS ESCOLAS EM SÃO GONÇALO DO ABAETÉ/MG
Atualmente a escola que atende com a EJA, é a Escola Estadual Zico Mendonça e a mesma, funciona nos três turnos e tem 890 alunos matriculados. Conta com uma boa estrutura pedagógica, tem um laboratório de informática, sala de leitura, biblioteca, sala de multimeios e auditório. Toda essa estrutura está à disposição dos alunos da EJA. 
Todos os professores têm qualificação em nível superior e participam frequentemente de encontros para qualificação. Alguns têm pós-graduação. Os três turnos dispõem de profissionais de equipe pedagógica.
A equipe gestora é formada por diretor e vice, diretor administrativo-financeiro e pedagógico. Esses dirigentes são escolhidos pela comunidade escolar (alunos, professores, funcionários e pais). O mandato é de dois anos.
A Escola desenvolve a educação de jovens e adultos desde 2010 e sempre no turno noturno; é a única na cidade que trabalha com a EJA. Os professores têm formação em nível superior, mas não são qualificados para a Educação de Jovens e Adultos. De acordo com a matrícula inicial, o alunado da EJA na escola é composto de adolescentes, jovens, adultos e até idosos na faixa etária entre 15 e 60 anos, sendo 57% compostos por homens e 43% de mulheres. 
Na pesquisa realizada com os alunos desistentes e não desistentes podemos fazer um perfil da vida profissional, familiar e econômica. A maioria dos alunos da EJA pertencem às classes baixas. Os poucos da classe média estão lá devido o histórico de reprovação no ensino particular e procuram o ensino público da EJA devido a facilidade de concluir os estudos. A grande maioria dos alunos é da zona urbana. Os que são da zona rural têm a sua disposição o transporte escolar mantido pelo Estado em parceria com a Prefeitura Municipal. 
No início do ano foram realizadas 250 matrículas, tendo a secretaria da escola, por ordem da direção, negado matrícula a muitos que procuraram à escola. Havia um pedido de alguns professes para não matricular alunos que em anos passados apresentaram problemas de indisciplina e daqueles que se poderia identificar como “barra pesada”. 
Segundo a direção da escola muitos desses alunos fazem a matrícula apenas para conseguir uma declaração para conseguirem tirar a carteira de estudante. Três meses após do início do ano letivo 60 alunos já tinham deixado de frequentar e atualmente apenas 60 alunos estão frequentando. O gráfico da evasão na EJA das Escolas de São Gonçalo do Abaeté é surpreendente, com uma evasão acima da média nacional que é de aproximadamente de 50%.
Gráfico 4 - Evasão na EJA no ano de 2019
Fonte: Coleta de Dados (própria)
Nestes números da evasão há pontos a serem destacados: Dos sessenta alunos que frequentam alguns vem para escola, mas não ficam na sala de aula, ficam no pátio da escola com quase ou nenhuma intervenção da direção ou da equipe pedagógica. Há também os que vêm para a escola motivada pela merenda que é servida.
Outro ponto é relativo aos alunos que a escola coloca como desistente, eles poderiam faltar já que uma das diretrizes da EJA é a tolerância às faltas, inclusive a matrícula de alunos que não estava estudando pode ser feita em qualquer período no ano. Entretanto a escola praticamente não põe em prática essas diretrizes, como se estivesse na modalidade de ensino normal. A coleta de dados também revelou que os homens desistiram mais que as mulheres.
As entrevistas espontâneas realizadas com os alunos desistentes revelaram um total distanciamento da escola com o aluno: falta de um projeto de vida dos alunos, baixa auto-estima e um sentimento de culpa pelo seu fracasso. As principais motivações, segundo eles para ter abandonado a escola estão ligadas diretamente com a escola. Questões de trabalho, problemas familiares também foram apontados.
6. FUNÇÕES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
A educação, de modo especial, a EJA tem a função de desenvolver as potencialidades, a consciência crítico-social dos indivíduos, contribuindo para um mundo mais sustentável, humano e igualitário, que rejeite todas e quaisquer atitudes discriminatórias que firam a dignidade humana.
Figura 1 - Funções da EJA
Fonte: Elaborada pela autora, conforme Brasil (2000)
A função reparadora é aquela na qual a EJA não é apenas inserida no ciclo dos direitos civis mediante a reparação de um direito que lhe foi negado, porém, consiste na conquista do direito de uma educação de qualidade, que possa atender as necessidades humanas, garantindo igualdade de condições a todos os sujeitos. De acordo com Brasil (2000), 
[...] a função reparadora deve ser vista, ao mesmo tempo, como uma oportunidade concreta de presença de jovens e adultos na escola e uma alternativa viável em função das especificidades sócio-culturais destes segmentos para os quais se espera uma efetiva atuação das políticas sociais (BRASIL, 2000, p. 9).
Considera-se fundamental essa função, visto que pode proporcionar as condições necessárias para que os jovens e os adultos retornem aos seus estudos que não foram concluídos no tempo regular. O direto a educação passa a ser uma forma de se garantir o princípio da igualdade entre os seres humanos. 
No que diz respeito à função equalizadora da EJA, refere-se aquela função responsável por promover oportunidades a todos àqueles – aposentados, donas de casa, trabalhador etc – que, por algum motivo,seja de natureza cognitiva, social, econômica, dentre outros, tiveram a sua vida estudantil interrompida. 
Reitera-se que essa função promove meio para que as pessoas retornem à escola e nela aperfeiçoem os seus conhecimentos e experiências de vida (BRASIL, 2000). Nesse sentido, através da função equalizadora da EJA possibilita-se equidade de acesso à educação escolar a todos àqueles que tiverem esse objetivo. 
Por fim, a função permanente refere-se àquela que considera que o conhecimento é contínuo e acontece durante toda a vida. Na realidade, está ligada diretamente a essência da EJA que é a formação continuada dos estudantes. Essa função coaduna com os princípios, nos quais o conhecimento de mundo e o conhecimento científico devem estar atrelados à formação do estudante. 
Destarte, “Ela tem como base o caráter incompleto do ser humano cujo potencial de desenvolvimento e de adequação pode se atualizar em quadros escolares ou não escolares” (BRASIL, 2000, p. 11). Analisando essas três funções, teoricamente, há-se de dizer que são marcantes na EJA, mas sabe-se o quanto essa modalidade de ensino precisa superar os muitos desafios que a cercam e alguns de muita complexidade. 
Dentre esses desafios, elegem-se neste trabalho, conforme Brasil (2008b) os seguintes: 1. garantir a oferta da EJA como direito; 2. reconhecer o trabalho com as diversidades: étnica, de gênero e de condição intelectual, sensorial ou física; 3. oferecer uma educação inclusiva; 4. produzir política de Estado para a EJA; 5. assegurar a EJA no âmbito da educação prisional. 
Garantir a oferta da EJA como direito constitui-se num dos primeiros desafios, pois significa fazer justiça àqueles que durante muito tempo viveram excluídos do meio letrado. A concepção de uma educação compensatória já na cabe mais, hoje, para a EJA, visto ser um direto garantido por lei – mesmo que tardiamente –, e não mero favor social, em troca do voto, ou simplesmente, uma preparação do indivíduo para atuar no mundo do trabalho.
Os sujeitos da EJA são sujeitos plurais (idade, sexo, religião, etnia, ideologia política etc) e levam para o ambiente escolar, saberes e culturas diferentes que enriquecem os debates e engrandecem o desenvolvimento grupal. Negar essa diversidade ou reprimi-la é alimentar preconceitos. 
Portanto, nesse contexto, a escola deve se colocar como mediadora e facilitadora de um clima de inclusão e respeito às diversidades, para que, o conviver com o diferente, não venha gerar estranhamentos, conflitos e intolerâncias. 
Educar na e para a diversidade “Exige, ainda, superar preconceitos e discriminação que reforçam as desigualdades que caracterizam a sociedade brasileira, reeducando as relações étnico-raciais, como prevê a atual legislação” (BRASIL, 2009, p. 30). 
Assim sendo, trabalhar com a diversidade e lutar contra a desigualdade é um dos desafios que a EJA precisa encarar para que se viva em uma sociedade melhor. Vale lembrar que a educação inclusiva está assegurada por Lei, embora não se concretiza na sua totalidade em muitas escolas brasileiras. 
Observa-se que algumas promovem, apenas, o acesso, enquanto, deveriam garantir a acessibilidade aos sujeitos. Segundo Mantoan (2004, p. 79), “Há muito ainda a ser feito para que se possa caracterizar um sistema como apto a oferecer oportunidades educacionais a todos os seus alunos, de acordo com as especificidades de cada um [...]”. Entende-se que, o processo de inclusão é uma maneira de acolher, de trazer para o âmbito educacional as pessoas que são, muitas vezes, marginalizadas, estereotipadas pelas tidas como normais (grifo meu). Conforme Brasil (2009),
A educação inclusiva, como paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, confronta práticas discriminatórias e pressupõe a transformação dos sistemas de ensino, a fim de assegurar o exercício do direito à educação, à eliminação de barreiras atitudinais, físicas, pedagógicas e nas comunicações – em particular, a Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS) na identidade da pessoa surda –, de forma a garantir a escolarização, a formação para o mundo do trabalho e a efetiva participação social de todos os educandos (BRASIL, 2009, p. 31).
Por fim, levanta-se neste trabalho como um desafio para a EJA assegurar a educação no espaço prisional. O Brasil enfrenta um problema sério quanto à oferta da educação para os internos penitenciários, pois há um percentual muito alto de jovens e adultos encarcerados e o Estado, nas suas atribuições deve garantir aos detentos o direito aos estudos. “A responsabilidade constitucional do Estado, com a educação para todos, não exclui ninguém, nem internos penitenciários, e especialmente estes, privados de escolhas, porque mantidos em cárcere” (BRASIL, 2009, p. 32). As atividades educacionais desenvolvidas nos presídios suscitam os valores democráticos e o reconhecimento dos direitos dos cidadãos. 
7. O DESAFIO DA EJA NA NOVA MODALIDADE DA LDB
Até meados da década de 80, o MOBRAL não parou de crescer abrangendo todo território nacional e diversificando sua atuação. Um dos fatores importantes foi o Programa de Educação Integrada (PEI), que mediante condensação do primário, possibilitaria a continuidade dos estudos, para recém-alfabetizados com precário domínio da leitura e da escrita.
O material de recursos designado para o MOBRAL, não correspondem as esperadas, sendo considerado um desperdício e um programa ineficiente por planejadores e educadores. Os magistrados o tinham como um programa que viesse resolver o analfabetismo em um curto prazo, isso não aconteceu. Não esquecendo a grande divulgação do ensino supletivo oferecido pelo MEC, através da lei nº 5.692/71.
Em 1947, começa a campanha de Educação de Jovens e Adultos, direcionada principalmente para a zona rural. Esta campanha foi comandada por Lourenço Filho, estima se uma alfabetização em três meses e a condensação do curso primário em dois períodos de sete meses. O próximo passo seria da “Ação em profundidade” voltava para o desenvolvimento comunitário e para a preparação profissional. 
Os resultados obtidos em número de escolas supletivas em várias regiões do país, até mesmo com entusiasmo de voluntários, não se manteve na década subsequente, mesmo quando complementada e, em alguns lugares substituídos pela Campanha Nacional de Educação Rural um iniciativa conjunta dos ministérios da Educação e Saúde, com o ministério da Agricultura, iniciada em 1952.
Em 1963 foram banidas estas duas campanhas. A primeira contribuiu no aprofundamento de um campo teórico pedagógico orientado para discussão do analfabetismo enquanto tal. A desvinculação do analfabetismo de dimensões estruturais da situação econômica, social e política do país rotulavam uma visão de que o adulto analfabeto era incapaz e margina identificado psicologicamente com a criança. Como explica PAIVA, apud MOURA (1983, p. 177)
A resposta do regime militar constitui em primeira instância no crescimento da cruzada ABC, entre 1965 e 1967 e, depôs, no Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) criado em 1967. O MOBRAL estabeleceu-se como fundação com plenos poderes gerenciais em relação ao Ministério da Educação. A partir de 1970, reestruturado, recebeu várias verbas específicas vindas de percentual e Loteria Esportiva e, sobretudo de deduções de imposto de renda, começando uma campanha maciça de alfabetização através de educação continuada de adolescentes e adultos.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho pode-se concluir que a idade dos alunos que optam pela modalidade de ensino EJA é muito variável, e consiste entre 15 e 49 anos para estudantes e nível fundamental e 18 e 66 anos para o ensino médio; o gênero sexual destes alunos equivaleram-se no ensino fundamental e no ensino médio há um número maior de mulheres; a faixa de renda destes alunos gira em torno de 1 e 3 salários mínimos; estes estudantes são moradores tanto da zona rural quanto da zona urbana; os entrevistados na sua maioria não participam de programas de ajuda governamentais; a maioria destes alunosexercem atividades remuneradas; um dos principais motivos do abandono escolar foi a necessidade de trabalhar tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio, seguido da falta de renda familiar do ensino fundamental; o principal motivo de retornarem as escolas foi o reconhecimento da necessidade de estudo; 100% dos alunos de ensino fundamental e 90% do ensino médio pretendem continuar os estudos.
Neste sentido, pode-se considerar que embora os alunos que frequentem a modalidade de ensino para jovens e adultos ainda sejam vistos como alunos fracassados que estão inseridos nesta modalidade de ensino por ter abandonado a escola, é necessário e indispensável que se busque conhecer quais os motivos deste abandono. 
Na maioria dos casos esta criança ou adolescente necessita realizar este abandono para ajudar em caso ou devido a sucessivas reprovações. Nestes casos a baixa auto-estima destes alunos é um considerável agravante. Uma vez que estes alunos retornam aos bancos escolares é necessário também que se conheçam os motivos, pois atualmente os alunos estão reconhecendo a necessidade da educação em suas vidas, e estes alunos buscam algo muito além de apenas abandonar o analfabetismo. O currículo desta modalidade de ensino deve ser específico para trabalhar como os diversos conhecimentos que estes indivíduos tem agregados em si. É necessário educá-los para que estejam preparados para seus anseios futuros. Estes alunos buscam por melhorar suas condições sociais, ingressar e um curso universitário e adquirir conhecimentos que o integrem a sociedade. 
Saindo um pouco do nosso foco, mas que é importante registrar que o problema administrativo gera outros problemas para a escola fora da área pedagógica, falta de profissionais da escola sem justificativa, depredação e tantos outros problemas. A equipe gestora da escola encontra-se desfalcada ou com profissionais apenas cedendo o seu nome para atender a burocracia. Assim a direção administrativa não dá conta de administrar a escola de forma satisfatória. Entretanto, constatamos que a direção se omite, é ausente e é conivente com os problemas da escola.
Assim, torna-se imprescindível que os educadores desta modalidade de ensino repensem suas metodologias para ensinar além do necessário pra a conclusão da educação básica de ensino e adequação de idade-série.
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ANEXOS
Anexo I – Questionário utilizado para colheita dos dados
Idade____________ sexo: ( ) masculino ( ) feminino 
 
1 – Qual a faixa de renda de sua família? (pessoas que moram com você e contribuem para o sustento da família): 
( ) menos de salário ( ) 1 a 3 salários ( ) 4 a 6 salários ( ) 7 a 10 salários 
 
2 – Estado civil: ( ) solteiro ( ) casado ( ) união estável ( ) outro _______ 
 
3 – Você tem filhos?: ( ) SIM ( ) NÃO 
 
Caso responda sim, quantos filhos você tem?: 
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) outro __________ 
 
4 – Onde você mora?: ( ) zona rural ( ) zona urbana 
 
5 – Você participa de algum programa de ajuda de renda do governo? ( ) Bolsa escola ( ) Bolsa família ( ) Programa do Leite ( ) Não participo ( ) Outro__________________________ 
 
6 – Você trabalha? ( ) SIM ( ) NÃO.Caso responda sim, qual sua profissão? ___________________________________________________________________ 
Ex: Costureira, marceneiro, autônomo (trabalha por conta própria). 
 
7 – Qual motivo o levou a afastar-se da escola? 
( ) Notas baixas ( ) Ajudar nas tarefas domésticas ( ) Falta de renda familiar ( ) Falta de vagas no colégio ( ) Não gostava de estudar ( ) necessidade de trabalhar fora ( ) não gostava da disciplina e professor ( ) Falta de documentação ( ) Doença ( ) Outros_______________________ 
 
8 – Quantos anos você ficou afastado da escola? 
( ) 1 a5 anos ( ) 6 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos ( ) 16 a 20 anos ( ) 21 a 25 anos ( ) 26 a 30 anos ( ) Outro: _______________ 
 
9 – Qual (is) os motivo (s) que o levaram ao retornar a escola na modalidade EJA? 
( ) os pais o obrigam ( ) determinação judicial ( ) necessidade de estudo ( ) número grande de reprovações ( ) mal desempenho escolar ( ) dificuldade de relacionamento com professores ( ) dificuldade de relacionamento com colega ( ) Outro________________ 
 
10 – Porque você optou por retornar os estudos na modalidade Educação para Jovens e adultos? ___________________________________________________________________ 
 
11 – Você pretende continuar os estudos? ( ) SIM ( ) NÃO 
 
Qual sua perspectiva de vida para o próximo ano? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 
 
Qual sua perspectiva de vida para os próximos 3 anos? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________
Ensino Fundamental	1 a 5	6 a 10	11 a 15	16 a 20	21 a 30	4	0	3	3	4	Ensino Médio	1 a 5	6 a 10	11 a 15	16 a 20	21 a 30	10	10	4	1	3	
Ensino Fundamental	Pais Obrigam	Determinação Judicial	Necessidade de Estudo	Mal desempenho escolar	Dificuldade de Relacionamento com Professor	Outros	0	0	14	0	0	2	Ensino Médio	Pais Obrigam	Determinação Judicial	Necessidade de Estudo	Mal desempenho escolar	Dificuldade de Relacionamento com Professor	Outros	0	0	25	2	2	4	
Ensino Fundamental	Sim	Não	16	27	Ensino Médio	Sim	Não	0	3	
Evasão na EJA em 2019
Série 1	
Matrícula Inicial	Alunos frequentando após três meses	Alunos frequentando atualmente	250	190	60

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