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extinção da punibilidade

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Aula 06
Direito Penal p/ Concursos - Curso
Regular - 2022
Autor:
Renan Araujo
28 de Fevereiro de 2022
22215955805 - Ederson Luiz Calazans
Renan Araujo
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Índice
..............................................................................................................................................................................................1) Aplicação das Penas Privativas de Liberdade 3
..............................................................................................................................................................................................2) Suspensão Condicional da Pena 22
..............................................................................................................................................................................................3) Livramento Condicional 29
..............................................................................................................................................................................................4) Medidas de Segurança 39
..............................................................................................................................................................................................5) Efeitos da Condenação 44
..............................................................................................................................................................................................6) Reabilitação 56
..............................................................................................................................................................................................7) Ação Penal no Código Penal 60
..............................................................................................................................................................................................8) Questões Comentadas - Aplicação e Suspensão da Pena e Liberdade Condicional - Cebraspe 67
..............................................................................................................................................................................................9) Questões Comentadas - Medidas de Segurança - Multibancas 78
..............................................................................................................................................................................................10) Questões Comentadas - Efeitos da Condenação - Cebraspe 79
..............................................................................................................................................................................................11) Lista de Questões - Aplicação e Suspensão da Pena e Liberdade Condicional - Cebraspe 82
..............................................................................................................................................................................................12) Lista de Questões - Medidas de Segurança - Multibancas 87
..............................................................................................................................................................................................13) Lista de Questões - Efeitos da Condenação - Cebraspe 88
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 APLICAÇÃO DAS PENAS PRIVATIVAS DE
LIBERDADE
A aplicação da pena é o ato mediante o qual o Juiz, após o processo criminal, proferindo
sentença penal condenatória, efetivamente aplica a sanção penal ao infrator.
A doutrina o classifica como um ato discricionário do juridicamente vinculado, ou seja, o
Juiz possui certo grau de discricionariedade na fixação da pena, mas deve respeitar os limites
estabelecidos pela Lei.
O sistema de aplicação da pena estabelecido pelo CP é o trifásico, no que tange à pena
privativa de liberdade, pois ela é fixada após a superação de três etapas:
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste
Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e
agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Etapas da fixação da pena privativa de liberdade
Como vimos, na fixação da pena privativa de liberdade se adota um sistema trifásico. Da
seguinte forma:
SISTEMA TRIFÁSICO DE APLICAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
⇒ Fixação da pena-base
⇒ Aplicação de agravantes e atenuantes
⇒ Aplicação de causas de aumento e diminuição da pena
Fixação da pena-base
Assim dispõe o art. 59 do CP:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do
crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Essas circunstâncias mencionadas no art. 59 são chamadas de circunstâncias judiciais, e são
levadas em consideração pelo Juiz para a fixação da pena-base. Quando favoráveis ao agente,
trazem a pena-base para próximo do mínimo previsto. Quanto mais desfavoráveis, elevam a
pena-base para mais próximo do máximo previsto.
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CUIDADO! Nesta etapa, ainda que as circunstâncias judiciais sejam
extremamente favoráveis ao condenado, não pode o Juiz fixar a pena-base
abaixo do mínimo legal.
Além disso, as circunstâncias judiciais possuem um caráter subsidiário, ou seja, só podem
ser levadas em consideração se não tiverem sido consideradas na previsão do tipo penal e não
constituam circunstâncias legais (agravantes ou atenuantes) ou causas de aumento e diminuição
da pena.
EXEMPLO: Imagine que José é condenado por agredir um senhor de 85 anos. O
Juiz não pode agravar a pena-base em razão das circunstâncias do crime
(superioridade de forças em relação à vítima, que é pessoa vulnerável), pois essa
circunstância é prevista no art. 61, II, h do CP como uma circunstância legal
(agravante). Vejamos:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem
ou qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
(...)
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Assim, se o Juiz aumentasse a pena-base por aquele motivo, e depois aplicasse a
circunstância legal agravante, haveria o que se chama de Bis in idem, que é a consideração de
uma mesma circunstância duas vezes em prejuízo do réu, o que não é permitido (Ou dupla
punição pelo mesmo fato).
E se o crime for qualificado, e o agente tiver praticado o crime mediante a prática de diversas
qualificadoras? Nesse caso, o entendimento majoritário é o de que o Juiz deve levar apenas uma
qualificadora em consideração para qualificar o crime, utilizando as demais como circunstâncias
agravantes (se previstas) ou circunstâncias judiciais (que agravam a pena-base).
EXEMPLO: Imaginem que Ronaldo cometeu homicídio por motivo torpe,
mediante emboscada e com a finalidade de assegurar a ocultação de outro
crime. Estas três situações (motivo torpe, emboscada e finalidade de assegurar a
ocultação de outro crime) são qualificadoras do homicídio. Vejamos:
§ 2° Se o homicídio é cometido:
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I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
(...);
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Nesse caso, o Juiz considerará apenas um dos fatores para qualificar o crime, utilizando os
demais como agravantes ou circunstâncias judiciais que aumentam a pena-base.
Como todas as três situações são circunstâncias agravantes genéricas, o Juiz deverá utilizar
as outras duas como agravantes. Nos termos do art. 61, II do CP:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem
ou qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
(...)
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem
de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que
dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
Portanto, a utilização de algum fato como circunstância judicial se dá de maneira
subsidiária, ou seja, somente se este fato ainda não tenha sido levado em conta na própria
definição do crime ou não se trate de circunstância agravante ou causa de aumento de pena.
Na fixação da pena-base, o Juiz deve partir do mínimo legal, e só poderá sair
desse patamar se estiverem presentes circunstâncias desfavoráveis, devendo
fundamentar a sua decisão.
Algumas questões costumam ser bem polêmicas. Vamos a elas:
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⇒ Maus antecedentes – O STJ e o STF entendem que a mera existência de
Inquéritos Policiais e ações penais em curso, sem trânsito em julgado , não1
podem ser considerados como maus antecedentes para aumento da
pena-base, pois isso seria violação ao princípio da presunção de inocência
(súmula 444 do STJ)
⇒ Condenação definitiva anterior – Não pode ser considerada como mau
antecedente, se já é considerada como reincidência (agravante). Só pode
ser considerada como mau antecedente a condenação anterior que não
serve como reincidência (ex.: condenação definitiva que ocorreu após a
prática do crime atual).
⇒ Consequências do crime - Para que possam caracterizar circunstância
judicial apta a aumentar pena base, devem ser consequências que não
sejam as consequências naturais do delito – EXEMPLO: O Juiz não pode
aumentar a pena base de um homicídio consumado ao argumento de que
a consequência do crime foi grave, já que a vítima morreu. Ora, em todo
homicídio consumado é LÓGICO que a vítima morreu!
⇒ Gravidade abstrata do delito e aumento da pena base ou fixação de
regime de cumprimento de pena mais gravoso – Não pode o julgador
aumentar a pena base apenas por entender que o delito é, abstratamente,
grave (pois isso já foi levado em conta pelo legislador ao fixar os patamares
mínimo e máximo). Além disso, tal circunstância também não pode ser
utilizada para a fixação de regime prisional mais gravoso que o
naturalmente previsto para aquela quantidade de pena aplicada. Súmula
718 do STF:
Súmula 718 do STF
A OPINIÃO DO JULGADOR SOBRE A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME
NÃO CONSTITUI MOTIVAÇÃO IDÔNEA PARA A IMPOSIÇÃO DE REGIME MAIS
SEVERO DO QUE O PERMITIDO SEGUNDO A PENA APLICADA.
Segunda fase: análise das agravantes e atenuantes
São circunstâncias legais, que agravam ou atenuam a pena fixada inicialmente (pena-base).
São consideradas “genéricas” por estarem previstas na parte geral do CP. Existem, entretanto,
atenuantes específicas, previstas para determinados tipos penais, como, por exemplo, a prevista
no art. 398 do CTB – Código de Trânsito Brasileiro.
As agravantes genéricas estão previstas nos arts. 61 a 62 do CP, e SÃO UM ROL TAXATIVO
(somente aquelas).
Nos termos do CP, as agravantes genéricas são:
1 No julgamento do HC 126.292 o STF decidiu que o cumprimento da pena pode se iniciar com a mera condenação
em segunda instância por um órgão colegiado (TJ, TRF, etc.). Isso significa que o STF relativizou o princípio da
presunção de inocência, admitindo que a “culpa” (para fins de cumprimento da pena) já estaria formada nesse
momento (embora a CF/88 seja expressa em sentido contrário). Isso significa que, possivelmente, teremos (num
futuro breve) alteração nesta súmula do STJ e na jurisprudência consolidada do STF, de forma que ações penais em
curso passem a poder ser consideradas como maus antecedentes, desde que haja, pelo menos, condenação em
segunda instância por órgão colegiado (mesmo sem trânsito em julgado). HC 126292/SP, rel. Min. Teori Zavascki,
17.2.2016.
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Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem
ou qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem
de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que
dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei
específica; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério
ou profissão; (Redação dada pela Lei nº 9.318, de 1996)
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública,
ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais
agentes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - coage ou induz outrem à execução material do crime; (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou
não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de
recompensa.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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Já as atenuantes genéricas (favoráveis ao réu) estão previstas no art. 65 do CP, e são um
ROL MERAMENTE EXEMPLIFICATIVO (conforme preconiza o art. 66 do CP), ou seja, podem ser
utilizadas outras circunstâncias não previstas naquela lista.
Nos termos do CP:
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70
(setenta) anos, na data da sentença; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
II - o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime,
evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado
o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podiaresistir, ou em cumprimento de
ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção,
provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante,
anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
A Doutrina entende, ainda, que as agravantes só se aplicam aos crimes dolosos
(majoritária), exceto a agravante da reincidência.2
As circunstâncias legais (agravantes e atenuantes genéricas) são de aplicação
obrigatória pelo Juiz. Em qualquer caso, a aplicação de uma agravante nunca
pode levar a pena a ficar acima do máximo previsto para o crime. Assim, se o
Juiz, ao fixar a pena base, a fixa no máximo legal, de nada servirá a agravante
genérica.
2 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 516
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Da mesma forma, sendo fixada a pena-base no mínimo legal, a aplicação da
atenuante não terá qualquer utilidade, pois a pena já estará no mínimo legal
(súmula 231 do STJ).
A Lei Penal, entretanto, não estabelece uma quantidade de diminuição ou aumento que
deva ser aplicada. Esse critério é do Juiz.
Com relação às agravantes, destacamos a reincidência, por ser extremamente complexa.
Vamos estudá-la detalhadamente.
Reincidência
A reincidência é a prática de um crime após ter o agente sido condenado por sentença
irrecorrível em outro crime, no Brasil ou no exterior (art. 63 do CP). No entanto, é possível a
reincidência no caso de prática de contravenção após ter sido o agente condenado por sentença
irrecorrível pela prática de crime ou contravenção. No entanto, a prática de crime após a
condenação criminal irrecorrível por contravenção NÃO GERA REINCIDÊNCIA. Assim:
INFRAÇÃO ANTERIOR INFRAÇÃO POSTERIOR RESULTADO
CRIME CRIME REINCIDENTE
CRIME CONTRAVENÇÃO REINCIDENTE
CONTRAVENÇÃO CONTRAVENÇÃO REINCIDENTE
CONTRAVENÇÃO CRIME PRIMÁRIO
Resumindo, a prática de contravenção penal após a condenação irrecorrível por qualquer
infração penal (contravenção ou crime), gera reincidência. Já a prática de crime só gera a
condição de reincidente se a condenação anterior se deu por outro crime, não gerando este
efeito no caso de condenação anterior por contravenção.
Assim, temos a absurda hipótese de alguém praticar duas contravenções e ser reincidente.
Já no caso de prática de um crime posteriormente a uma condenação por contravenção, SERÁ
PRIMÁRIO! Trata-se de brecha legislativa!3
Nos termos do art. 63 do CP:
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois
de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha
condenado por crime anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Para que seja provada a reincidência, é necessário que haja certidão do cartório judicial
acerca da condenação anterior (STJ).
A reincidência pode ser:
⇒ REAL – quando o agente comete novo crime após cumprir a pena anterior.
⇒ FICTA OU PRESUMIDA – quando o agente pratica novo crime após a condenação
anterior, pouco importando se tenha ou não cumprido a pena.
O CP adotou a teoria presumida.
3 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 523
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A reincidência pode, ainda, ser:
⇒ GENÉRICA – os crimes praticados são diversos.
⇒ ESPECÍFICA – os crimes praticados são previstos no mesmo tipo penal.
Em regra, não se distingue uma da outra (genérica da específica), mas há situações em que
a Lei estabelece consequências diferentes para o reincidente genérico e para o específico (essa
última é sempre considerada mais grave).
A reincidência só ocorrerá se o crime novo for praticado no período de até cinco anos a
partir da data EM QUE A PENA ANTERIOR SE EXTINGUIU (e não a data da sentença),
computando-se o período de prova da suspensão condicional da pena ou do livramento
condicional, se não tiver havido revogação. ESSE PERÍODO SE CHAMA PERÍODO DEPURADOR.
EXEMPLO: José foi definitivamente condenado, em 10.01.2010, pela prática do
crime de furto. Cumpriu sua pena até 15.02.2012, quando a pena se extinguiu
pelo cumprimento. Em 20.03.2018 pratica novo crime, desta vez, de estelionato.
O Juiz, ao aplicar a pena pelo crime de estelionato (praticado em 20.03.2018)
não poderá considerar José como reincidente, pois a prática do estelionato
ocorreu MAIS de 05 anos após a extinção da pena pelo crime anterior.
CUIDADO! Se houve a extinção da punibilidade antes de ser proferida sentença condenatória
irrecorrível, nunca haverá reincidência, pois não chegou a haver condenação irrecorrível (Ex.:
Jonas tem sua punibilidade extinta pela prescrição, não sendo condenado pelo crime de roubo.
Se Jonas vier a praticar novo crime, não será considerado reincidente).
Assim, temos o reincidente (aquele que se enquadra nas situações explicadas) e o primário
(aquele que não se enquadra nestas situações). Todavia, a Jurisprudência criou a figura do
tecnicamente primário, que é aquele agente que possui condenação definitiva, mas não pode
ser considerado reincidente (seja porque não praticou o crime após a condenação definitiva pelo
anterior, mas antes desta, ou por ter praticado esta nova infração após o período depurador.
CUIDADO! Os crimes militares e os crimes políticos não geram reincidência no
campo penal comum.
Disposições gerais acerca da segunda fase de aplicação da pena
Havendo coexistência entre uma agravante e uma atenuante, não há, a princípio,
compensação de uma por outra, devendo prevalecer aquela que for considerada preponderante.
Mas qual será a preponderante? Será preponderante:
● Menoridade do agente (ser menor de 21 anos à época do fato) e senilidade (maior
de 70 anos na data da sentença) - Há entendimento no sentido de que deve ser
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compensada com eventual agravante de reincidência , e outras decisões no sentido4
de que prepondera sobre toda e qualquer agravante, inclusive reincidência
(prevalece este entendimento, mas está controvertido). 5
● Aquelas relativas aos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente
e da reincidência.
● Outras circunstâncias
Nos termos do art. 67 do CP:
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do
limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as
que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e
da reincidência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Mas e se a atenuante e a agravante se referirem a fatores que se encontram no mesmo patamar?
Nesse caso, aí sim haverá a compensação de uma pela outra, não se aplicando nenhuma delas
(equivalência das circunstâncias).6
CUIDADO MASTER! O STJ possui entendimento no sentido de que é possível a compensação
entre a agravante da reincidência com a atenuante da confissão espontânea.
Contudo, o STJ entende que é possível ao Juiz DEIXAR DE PROCEDER À COMPENSAÇÃO, se
entender que, no caso concreto, o grau de reincidência do agente deva preponderar sobre a
confissão espontânea (agente que é múltiplo reincidente ).7
7 Também chamado de MULTIRREINCIDENTE. GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 524
6 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 516
5 (...) 3. Conforme o entendimento consolidado desta Corte, a atenuante da menoridade é sempre considerada
preponderante em relação às demais agravantes de caráter subjetivo e também em relação às de caráter objetivo.
Essa conclusão decorre da interpretação acerca do art. 67do Código Penal, que estabelece a escala de
preponderância entres as circunstâncias a serem valoradas na segunda etapa do modelo trifásico. Dentro dessa
sistemática, a menoridade relativa, assim como a senilidade, possuem maior grau de preponderância em relação
àquelas igualmente preponderantes, decorrentes dos motivos determinantes do crime e reincidência, nos termos do
art. 67 do Código Penal, e, a fortiori, em relação às circunstâncias objetivas.
(...)
(HC 441.341/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 22/05/2018, DJe 30/05/2018)
4 AgRg no HC 310.218/DF, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 12/09/2017, DJe
19/09/2017
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Terceira fase: aplicação das causas de aumento e diminuição da pena
Nessa fase, após ultrapassadas as duas primeiras, o Juiz verifica se há alguma causa de
aumento ou diminuição da pena prevista para o caso. As causas de aumento e diminuição são
obrigatórias ou facultativas (dependendo do caso), podendo estar previstas na parte geral ou na
parte especial (genéricas ou específicas), podendo, ainda, ser fixas ou variáveis. Assim, elas
podem ser:
⇒ Obrigatórias ou facultativas – a depender da obrigatoriedade ou não de sua
aplicação;
⇒ Genéricas ou específicas – Se previstas na parte geral do CP ou na sua parte especial
(ou na legislação especial);
⇒ Fixas ou variáveis – Quando a quantidade de aumento e diminuição é fixa ou pode
variar de acordo com o entendimento do Juiz.
Ao contrário do que ocorre na segunda fase (circunstâncias agravantes e atenuantes), aqui a pena
pode ficar abaixo do mínimo ou acima do máximo legal previsto no tipo penal.
EXEMPLO: Imagine um crime de furto simples, na modalidade tentada. Fixada a
pena-base no mínimo legal, e não havendo circunstâncias agravantes ou
atenuantes, chegamos à terceira fase com uma pena de 1 ano. Na terceira fase,
DEVE o Juiz aplicar a causa de diminuição referente à tentativa (art. 14, § único
do CP), que é de 1/3 a 2/3. Se o Juiz aplicar a redução máxima (2/3), a pena final
será de apenas 04 meses (bem abaixo do mínimo previsto, de 01 ano).
As causas de aumento e diminuição, como vimos, podem estar previstas na parte geral ou
na parte especial. Diferentemente das circunstâncias atenuantes e agravantes, a quantidade de
aumento ou diminuição é estabelecida pela Lei.
Mas e se houver coexistência de causas de aumento e causas de diminuição? Se forem
diversas, não há dificuldades, aplicando-se ambas (aplicam-se primeiro as causas de aumento, e
depois, as causas de diminuição).
O problema reside na coexistência de duas ou mais causas de aumento ou coexistência de
duas ou mais causas de diminuição. Para simplificar as hipóteses e suas consequências,
acompanhem o quadro abaixo:
CONCURSO ENTRE
CAUSAS DE AUMENTO
Ambas da parte geral O Juiz deve aplicar ambas
Ambas da parte especial O Juiz aplica a causa que maisaumente (art. 68, § único do CP)
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Uma da parte geral e outra
da parte especial Aplicam-se ambas
CONCURSO ENTRE
CAUSAS DE DIMINUIÇÃO
Ambas da parte geral O Juiz deve aplicar ambas
Ambas da parte especial O Juiz aplica a causa que maisdiminua (art. 68, § único do CP)
Uma da parte geral e outra
da parte especial Aplicam-se ambas
Disposições finais
O CP estabelece um limite máximo de cumprimento de pena, que, HOJE, é de 40 anos .8
Isso não impede, entretanto, que a pessoa seja condenada a período superior a este. O que não
poderá haver é o cumprimento por mais de 40 anos. Nos termos do art. 75 do CP:
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode
ser superior a 40 (quarenta) anos.
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma
seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao
limite máximo deste artigo.
Mas qual a lógica dessa diferença? A diferença é que, sendo o condenado a pena superior
a 40 anos, ainda que não possa cumprir mais que este período, o montante da pena aplicada
influenciará, dentre outras coisas, no cálculo do percentual de pena cumprida para fins de
concessão de benefícios, como livramento condicional, progressão de regime, etc.
Se o agente for condenado a diversas penas, que juntas ultrapassem o limite de 40 anos,
deverão ser unificadas as penas (ex.: 22 + 25 anos = 47), de forma que o agente só cumpra os 40
anos previstos.
⇒ E se durante o cumprimento da pena o agente é condenado por nova infração,
sendo-lhe aplicada nova pena privativa de liberdade? Nesse caso, aplica-se uma
nova unificação das penas, de forma a começar, do zero, um novo prazo de 40
anos.
EXEMPLO: Ricardo está cumprindo pena de 47 anos de reclusão (advinda da
soma de duas penas). Já cumpriu 18 anos de pena quando sobrevém nova
condenação. Como já havia cumprido 18 anos, faltam ainda 22 anos de
cumprimento (pois só pode cumprir 40!). Nesse caso, somam-se os 22 anos
restantes à nova pena, de forma a se iniciar um novo período de 40 anos de
cumprimento máximo.
Nos termos do art. 75, § 2° do CP:
8 Durante muito tempo foi de 30 anos, até a alteração do art. 75 do CP pela Lei 13.964/19.
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==f54ff==
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova
unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.(Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES
CÓDIGO PENAL
Arts. 59 a 76 do CP – Regulamentam a aplicação da pena privativa de liberdade:
DA APLICAÇÃO DA PENA
Fixação da pena
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do
crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;(Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;(Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de
pena, se cabível. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Critérios especiais da pena de multa
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à
situação econômica do réu. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em
virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Multa substitutiva
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§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode
ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44
deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Circunstâncias agravantes
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem
ou qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem
de outro crime;
c) à traição, de emboscada,ou mediante dissimulação, ou outro recurso que
dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei
específica; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério
ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública,
ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais
agentes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - coage ou induz outrem à execução material do crime; (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
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III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou
não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de
recompensa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Reincidência
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois
de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha
condenado por crime anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 64 - Para efeito de reincidência: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou
extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo
superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do
livramento condicional, se não ocorrer revogação; (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Circunstâncias atenuantes
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70
(setenta) anos, na data da sentença; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
II - o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime,
evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado
o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de
ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção,
provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante,
anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do
limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as
que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e
da reincidência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Cálculo da pena
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste
Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e
agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas
na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só
diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Concurso material
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois
ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas
de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas
de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena
privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será
incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado
cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as
demais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou,
se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto
até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos,
consoante o disposto no artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do
art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois
ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira
de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
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continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas,
ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois
terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com
violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade,
os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas,
ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo
único do art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Multas no concurso de crimes
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e
integralmente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro na execução
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente,
ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa,
responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao
disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a
pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Resultado diverso dopretendido
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na
execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente
responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também
o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Limite das penas
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode
ser superior a 40 (quarenta) anos. (Redação dada pela Lei 13.964/19)
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma
seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao
limite máximo deste artigo. (Redação dada pela Lei 13.964/19)
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da
pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena
já cumprido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Concurso de infrações
Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a pena mais
grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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 SÚMULAS PERTINENTES
Súmulas do STF
Súmula 715 do STF (PARCIALMENTE DESATUALIZADA) – O STF sumulou entendimento no
sentido de que o limite de 30 anos (hoje este limite é de 40 anos, frise-se), previsto no art. 75 do
CP, se aplica apenas ao efetivo cumprimento de pena. Para o cálculo de outros benefícios,
utiliza-se a pena efetivamente aplicada:
Súmula 715 do STF - “A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de
cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada
para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime
mais favorável de execução.”
Súmula 718 do STF – O STF sumulou entendimento no sentido de que a gravidade em
abstrato do delito não é razão idônea para que o Juiz imponha regime prisional mais severo que
aquele permitido de acordo com a quantidade de pena aplicada:
SÚMULA 718
A OPINIÃO DO JULGADOR SOBRE A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME
NÃO CONSTITUI MOTIVAÇÃO IDÔNEA PARA A IMPOSIÇÃO DE REGIME MAIS
SEVERO DO QUE O PERMITIDO SEGUNDO A PENA APLICADA.
Súmula 719 do STF – Além de entender que a gravidade em abstrato do delito não é
fundamento idôneo para a imposição de regime prisional mais gravoso, o STF sumulou
entendimento também no sentido de que o Juiz deve sempre fundamentar, de maneira idônea
(baseada em fatos concretos e que não sejam inerentes ao delito), a imposição de eventual
regime prisional mais gravoso que aquele permitido pela quantidade de pena aplicada:
SÚMULA 719
A IMPOSIÇÃO DO REGIME DE CUMPRIMENTO MAIS SEVERO DO QUE A PENA
APLICADA PERMITIR EXIGE MOTIVAÇÃO IDÔNEA.
Súmulas do STJ
Súmula 269 do STJ – O STJ possui entendimento sumulado no sentido de que é possível a
fixação do regime semiaberto aos condenados que sejam reincidentes, desde que as
circunstâncias judiciais sejam favoráveis. Vejamos:
Súmula 269 do STJ
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É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes
condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias
judiciais.
Súmula 439 do STJ – O STJ possui entendimento sumulado no sentido de que o exame
criminológico pode ser determinado, mas somente por decisão fundamentada nas peculiaridades
do caso, não podendo ser aplicado em qualquer caso e sem qualquer critério:
Súmula 439 do STJ - Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do
caso, desde que em decisão motivada.
Súmula 440 do STJ – O STJ, seguindo a mesma linha do STF, sumulou entendimento no
sentido de que, uma vez fixada a pena-base no mínimo legal, o estabelecimento de regime
prisional mais gravoso que o cabível em razão da pena imposta dependeria de fundamentação
concreta, não podendo estar baseado na mera gravidade abstrata do delito:
Súmula 440 do STJ - Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da
sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.
Súmula 231 do STJ – O STJ possui entendimento sumulado no sentido de que o
reconhecimento de circunstâncias atenuantes NÃO pode levar a pena a um patamar abaixo do
mínimo legal (o que só pode ocorrer por meio da aplicação de eventuais causas de diminuição
de pena). Vejamos:
Súmula 231 do STJ
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal.
Súmula 444 do STJ - O STJ sumulou entendimento no sentido de que o Juiz, ao fixar a
pena-base, não pode agravá-la ao fundamento de existirem inquéritos policiais e ações penais
em curso contra o condenado:
Súmula 444
E vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar
a pena-base.
Súmula 241 do STJ – O STJ sumulou entendimento no sentido de que a reincidência não
pode, sob pena de configurar bis in idem, ser considerada como agravante e, ao mesmo tempo,
como circunstância judicial desfavorável (na primeira fase da dosimetria da pena):
Súmula 241 do STJ - A REINCIDÊNCIA PENAL NÃO PODE SER CONSIDERADA
COMO CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE E, SIMULTANEAMENTE, COMO
CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL.
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Súmula 545 do STJ – O STJ sumulou entendimento no sentido de que, se a confissão foi
considerada pelo Juiz para formar seu convencimento quanto à condenação, deverá o réu ser
beneficiado pela atenuante genérica do art. 65, III, d, do CP:
Súmula 545 do STJ - QUANDO A CONFISSÃO FOR UTILIZADA PARA A
FORMAÇÃO DO CONVENCIMENTO DO JULGADOR, O RÉU FARÁ JUS À
ATENUANTE PREVISTA NO ARTIGO 65, III, D, DO CÓDIGO PENAL.
 JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
STJ - RESP 1360952/DF – O STJ reiterou entendimento no sentido de ser possível, na segunda
fase da dosimetria da pena, a compensação da agravante da reincidência com a atenuante da
confissão espontânea, por serem igualmente preponderantes:
1. Observadas as peculiaridades do caso, "É possível, na segunda fase da
dosimetria da pena, a compensação da agravante da reincidência com a
atenuante da confissão espontânea, por serem igualmente preponderantes, de
acordo com o artigo 67 do Código Penal" (EREsp n. 1.154.752/RS, 3ª Seção, DJe
4/9/2012).
2. Entretanto, tal compensação deverá ser realizada à luz dos princípios da
individualização da pena e da proporcionalidade, devendo o julgador atentar-se
para a natureza e o grau de reincidência do réu.
3. Não há como acolher o pedido de compensação integral entre a reincidência e
a confissão espontânea, pois o julgador, no cotejo entre as duas circunstâncias,
destacou a múltipla reincidência do recorrente e as cinco condenações definitivas
que ostenta, particularidade que justificou o agravamento proporcional da pena
em apenas dois meses.
4. Recurso não provido.
(REsp 1360952/DF, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA,
julgado em 09/12/2014, DJe 19/12/2014)
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 SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
Conceito
O sursis, ou suspensão condicional da pena, é o benefício concedido ao condenado em
determinadas circunstâncias, de forma que ele não cumpre a pena, mas se submete a um
período de fiscalização, no qual deve “andar na linha”. Está previsto no art. 77 do CP:
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos,
poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
II -a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do
benefício;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do
benefício.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos,
poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior
de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. (Redação
dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
Portanto, a concessão da suspensão condicional da pena deve ocorrer após o
preenchimento de alguns requisitos, que podem ser objetivos e subjetivos.
Requisitos objetivos
Podem ser:
(i) Relativos à natureza da pena aplicada – A pena aplicada deve ser privativa de liberdade,
não se admitindo no caso de aplicação de pena de multa ou restritiva de direitos:
Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à multa.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
(ii) Quantidade da pena aplicada – A pena aplicada não pode ser superior a dois anos (art.
77 do CP). Se o condenado, porém, for maior de 70 anos (sursis etário) ou enfermo (sursis
humanitário), admite-se a suspensão condicional da pena que não ultrapasse 04 anos (art. 77, §
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2° do CP). Nos crimes ambientais, o sursis pode ser aplicado aos condenados à pena não
superior a três anos.
(iii) A pena privativa de liberdade não deve ter sido substituída por restritiva de direitos –
A suspensão condicional da pena só é cabível quando não for possível a substituição por penas
restritivas de direitos, nos termos do art.77, III do CP.
Requisitos subjetivos
(i) Não reincidência em crime doloso – A reincidência em crime culposo, portanto, não
impede a suspensão condicional da pena. Entretanto, se na condenação anterior, mesmo se
dando em relação a crime doloso, a pena aplicada tiver sido a de multa, poderá haver a
suspensão condicional da pena (art. 77, § 1° do CP);
(ii) As circunstâncias pessoais do agente (culpabilidade, antecedentes, conduta social, etc.)
sejam favoráveis, autorizando a concessão do benefício – Nesse caso, o Juiz deve analisar se, no
caso concreto, a suspensão condicional da pena pode ser suficiente para que seja cumprida a
finalidade da pena.
Assim, temos:
REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DO SURSIS
OBJETIVOS SUBJETIVOS
● Pena privativa de liberdade aplicada
● Pena privativa de liberdade aplicada
não pode ser superior a dois anos (04
anos se o condenado for maior de 70
anos (sursis etário) ou enfermo (sursis
humanitário).
● Impossibilidade de conversão em
restritiva de direitos.
● Não reincidência em crime doloso.
● Circunstâncias judiciais favoráveis.
Espécies de sursis e condições
O sursis pode ser:
(i) Simples – O condenado não reparou o dano e as circunstâncias judiciais (art. 59 do CP)
não lhe são muito favoráveis. É o sursis comum, a regra. Está previsto no art. 78 do CP:
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação
e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à
comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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(ii) Especial – Aqui o condenado reparou o dano (ou não teve possibilidade de fazê-lo) e as
circunstâncias judiciais (art. 59 do CP) lhe são inteiramente favoráveis. Nessa hipótese o
condenado não precisa, no primeiro ano, se submeter à prestação de serviços à comunidade ou
limitação de fim de semana (art. 78, § 1° do CP). Essa modalidade está prevista no § 2° do art. 78
do CP:
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e
se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o
juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes
condições, aplicadas cumulativamente: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de
1º.4.1996)
a) proibição de freqüentar determinados lugares; (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e
justificar suas atividades. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Vejam, porém, que embora não esteja o condenado obrigado a cumprir as obrigações do
§ 1° do art. 78, o § 2° estabelece outras obrigações às quais o condenado fica vinculado.
Além destas condições previstas no sursis simples e no especial, o art. 79 do CP traz uma
cláusula genérica, que permite ao Juiz fixar outras condições que sejam adequadas ao fato e ao
condenado:
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a
suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Revogação do sursis, prorrogação do prazo e cumprimento
das obrigações
O sursis pode ser revogado a qualquer momento, ocorrendo alguma das hipóteses
previstas nos arts. 81 e seu § 1° do CP. Pode ser obrigatória, quando a lei determina
expressamente sua revogação, ou facultativa, quando o Juiz pode decidir se revoga ou não o
benefício.
A revogação obrigatória se dará no caso de ocorrerem as hipóteses previstas no art. 81 do
CP:
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem
motivo justificado, a reparação do dano; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Ou seja, haverá revogação obrigatória quando o condenado for novamente condenado
(por sentença irrecorrível) por crime doloso (não importando o momento em que esse crime foi
praticado). No entanto, a Jurisprudência entende que se dessa nova condenação resultar pena
de multa, não poderá haver revogação, pois a condenação à pena de multa não é causa que
impede a concessão do sursis, então, por lógica, não pode gerar a revogação.
No caso do inciso II, a Doutrina majoritária entende que, se depois de revogado o sursis o
condenado repara o dano ou paga a multa, pode ser restabelecido o sursis.
O inciso III é autoexplicativo. Não cumprindo uma das condições previstas no art. 78, § 1°,
será revogado o sursis.
A revogação facultativa, por sua vez, ocorre nas hipóteses do art. 81, § 1°:
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer
outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou
por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Vejam que, nesse caso, o Juiz não está obrigado a revogar o sursis.
As condições indicadas como ensejadoras da revogação facultativa são todas aquelas que
não sejam as do § 1° do art. 78, ou seja, são as do § 2° do art. 78 e as do art. 79 do CP.
Quanto à superveniência de condenação por crime culposo ou contravenção, é necessário
que a pena aplicada tenha sido restritiva dedireitos ou privativa de liberdade. Vejam, assim, que
a pena de multa não enseja a revogação facultativa do sursis (o que corrobora a tese de que não
pode, também, revogar obrigatoriamente o benefício).
A Doutrina e a Jurisprudência entendem que, salvo no caso de condenação irrecorrível,
em todas as demais hipóteses o condenado deve ser ouvido antes de ser revogado o benefício.
A prorrogação do período de prova (período em que o condenado deve “andar na linha”),
por sua vez, ocorrerá em duas hipóteses:
⇒ Beneficiado está sendo processado por outro crime ou contravenção – Está prevista no
art. 81, § 2° do CP:
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==f54ff==
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção,
considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
⇒ Ocorrendo situação que autorize a revogação FACULTATIVA, caso o Juiz opte por não
revogar, pode estender o prazo do sursis até o máximo, CASO JÁ NÃO TENHA FEITO –
Está prevista no § 3° do art. 81 do CP:
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la,
prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
No primeiro caso a prorrogação é obrigatória e automática. Já no segundo a prorrogação
não é automática e depende de decisão fundamentada do Juiz nesse sentido.
Em qualquer caso, a maioria da Doutrina entende que DURANTE O PERÍODO DE
PRORROGAÇÃO, embora o condenado ainda esteja cumprindo o sursis, não permanecem as
obrigações legais (art. 78, § 1° e 2° e art. 79 do CP).
Cumpridas todas as condições, expirando-se o prazo sem revogação, estará extinta a
punibilidade do condenado. Nos termos do art. 82 do CP:
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta
a pena privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES
CÓDIGO PENAL
Arts. 77 a 82 do CP – Regulamentam a Suspensão condicional da pena:
CAPÍTULO IV
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
Requisitos da suspensão da pena
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos,
poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do
benefício;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do
benefício. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos,
poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior
de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. (Redação
dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação
e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à
comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e
se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o
juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes
condições, aplicadas cumulativamente: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de
1º.4.1996)
a) proibição de freqüentar determinados lugares; (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e
justificar suas atividades. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a
suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à multa.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Revogação obrigatória
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem
motivo justificado, a reparação do dano; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Revogação facultativa
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer
outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou
por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Prorrogação do período de prova
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção,
considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la,
prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Cumprimento das condições
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta
a pena privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 SÚMULAS PERTINENTES
Súmulas do STF
Súmula 499 do STF – O STF sumulou entendimento no sentido de que a condenação anterior
à pena de multa não impede a concessão do benefício da suspensão condicional da pena (sursis):
Súmula 499 do STF - “Não obsta a concessão do ‘sursis’ condenação anterior à
pena de multa.”
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 LIVRAMENTO CONDICIONAL
Conceito
O livramento condicional é um benefício concedido aos condenados a penas privativas de
liberdade superiores a dois anos, que permite a antecipação de sua liberdade.
Trata-se de liberdade antecipada, condicional e precária.
⇒ Antecipada porque o agente deveria ficar mais tempo cumprindo pena.
⇒ Condicional porque durante o prazo restante da pena, embora esteja em liberdade,
o condenado também deve “andar na linha”, submetendo-se a algumas regras.
⇒ Precária porque pode ser revogada sua liberdade a qualquer tempo, caso ocorra o
descumprimento das obrigações do livramento condicional.
Nos termos do art. 83 do CP:
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena
privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em
crime doloso e tiver bons antecedentes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
(Redação dadapela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III – comprovado (Redação dada pela Lei 13.964/19)
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela
infração; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em
crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência
ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também
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subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o
liberado não voltará a delinqüir. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
O beneficiado pelo Livramento condicional é chamado de EGRESSO (art. 26, II da LEP).
Requisitos
Os requisitos para a concessão do Livramento Condicional podem ser objetivos ou
subjetivos. Vejamos.
Requisitos objetivos
Estão previstos no art. 83, I, II, IV e V do CP, e se relacionam à pena em si e à reparação do
dano.
Quantidade da pena
A pena aplicada deve ter sido igual ou superior a dois anos. Se as penas corresponderem a
infrações diversas, devem ser somadas para que seja concedido o Livramento, nos termos do art.
84 do CP.
Parcela da pena já cumprida
A pena já deve ter sido razoavelmente cumprida. O montante da pena já cumprida irá
variar conforme as condições do crime e do condenado.
⇒ Condenado não reincidente em crime doloso e que possua bons antecedentes –
Basta o cumprimento de 1/3 da pena (art. 83, I do CP). (Livramento Condicional
simples).
⇒ Condenado reincidente em crime doloso – É necessário o cumprimento de mais da
metade da pena (Livramento Condicional Qualificado), nos termos do art. 83, II do
CP.
E se o condenado não for reincidente em crime doloso, mas também não possuir bons
antecedentes? O STJ entende que deve ser adotada a posição mais favorável ao réu,
permitindo-se a concessão do Livramento Condicional Simples.
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E no caso de Crimes Hediondos? É possível? Sim, é possível, mas o condenado não pode ser
reincidente em crime da mesma natureza e deve cumprir 2/3 da pena (Livramento Condicional
Específico). Nos termos do art. 83, V do CP:
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena
privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
(...)
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em
crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
Percebam que essa regra do inciso V do art. 83 não vale apenas para os crimes hediondos,
mas também para:
⇒ Os equiparados a hediondos (prática de tortura e tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins)
⇒ Tráfico de pessoas
⇒ Terrorismo
Em relação ao tráfico de pessoas e ao terrorismo, trata-se de previsão incluída pela Lei
13.344/06. Ou seja, aqueles que praticarem tais delitos se submetem às mesmas regras previstas
para quem cometeu crime hediondo ou equiparado no que tange à concessão (ou não) do
livramento condicional.
Importante destacar, ainda, que a Lei 13.964/19 (“Pacote anticrime”) alterou o art. 112 da
LEP (Lei das Execuções Penais), alterando requisitos objetivos para progressão de regime, bem
como vedando a concessão de livramento condicional em dois casos:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com
a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando
o preso tiver cumprido ao menos:
(...)
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado
morte, se for primário, vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização
criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática
de crime hediondo ou equiparado;
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VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime
hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.
Como se vê, a alteração promovida pela Lei 13.964/19 impede a concessão de livramento
condicional para condenados pela prática de crime hediondo ou equiparado com resultado
morte, sejam primários ou reincidentes (ex.: estupro com resultado morte, roubo com resultado
morte, etc.).
Todavia, é bom ressaltar que no que tange aos reincidentes, não há qualquer novidade,
vez que o livramento condicional já era vedado (art. 83, V do CP) para reincidentes específicos
em crime hediondo ou equiparado.
A dúvida que fica é: com a nova redação do art. 112, VIII da LEP, a vedação do livramento
condicional passa a ser somente aos reincidentes em crime hediondo ou equiparado com
resultado morte ou continua sendo em relação a qualquer reincidente em crime hediondo ou
equiparado (art. 83, V do CP)? A ver o entendimento jurisprudencial que se firmará sobre o tema.
Resumidamente, então, no que tange aos condenados por crime hediondo ou
equiparado:
⇒ Condenado por crime hediondo ou equiparado com resultado morte – NUNCA
cabe o livramento condicional;
⇒ Condenando por crime hediondo ou equiparado (sem resultado morte) – Cabe o
benefício do livramento condicional se for primário ou reincidente não específico.
Reparação do dano
Trata-se de requisito dispensado no caso de impossibilidade de reparação e no caso de a
vítima não ser encontrada para ser indenizada, ou ainda, demonstrar desinteresse na reparação
(art. 83, IV do CP).
Requisitos subjetivos
São os requisitos relativos à pessoa do condenado. São eles:
Bom comportamento durante a execução da pena, aptidão para prover a subsistência, ausência
de prática de falta grave nos últimos 12 meses e bom desempenho no trabalho que lhe fora
atribuído
Trata-se de requisito previsto no art. 83, III do CP. Nos termos do CP:
Art. 83 (...)
III – comprovado (Redação dada pela Lei 13.964/19)
a) bom comportamento durante a execução da pena;
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b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
Caso se trate de condenado por crime doloso cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa (roubo, por exemplo), é necessária, ainda, uma análise acerca da possibilidade de o
condenado voltar a delinquir (suas condições pessoais). Nos termos do § único do art. 83:
Art. 83 (...)
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência
ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também
subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o
liberado não voltará a delinqüir. (Redação dada pela Lei nº 7.209,de 11.7.1984)
Assim, podemos resumir os requisitos da seguinte forma:
REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
OBJETIVOS SUBJETIVOS
● Pena privativa de liberdade aplicada
igual ou superior a dois anos.
● Cumprimento de pelo menos 1/3 da
pena (simples) ou metade da pena
(qualificado).
● Reparação do dano, salvo
impossibilidade de fazê-lo.
● Bom comportamento durante a execução da
pena.
● Não cometimento de falta grave nos últimos
12 (doze) meses;
● Bom desempenho no trabalho que lhe foi
atribuído.
● Aptidão para prover à própria subsistência
mediante trabalho honesto.
● No caso de crime doloso praticado com
violência e grave ameaça, análise acerca da
possibilidade de o condenado voltar a
delinquir.
Regras gerais relativas ao Livramento Condicional, revogação
e extinção do benefício
As condições às quais o EGRESSO estará submetido serão fixadas na sentença, nos termos
do art. 85 do CP.
O Livramento condicional, à semelhança do sursis, também pode ser revogado obrigatória
e facultativamente, a depender do caso.
⇒ Revogação obrigatória – Ocorre nos casos previstos no art. 86 do CP:
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena
privativa de liberdade, em sentença irrecorrível: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
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I - por crime cometido durante a vigência do benefício; (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Percebam, portanto, que somente a condenação por CRIME autoriza a revogação do
benefício. A condenação por contravenção não autoriza a revogação.
Vejam, ainda, que a condenação por crime praticado antes da vigência do benefício não
autoriza a revogação (somente se autoriza no caso de condenação por crime praticado durante o
benefício).
Mas o que significa o inciso II então? Esse inciso diz o seguinte: No caso de o egresso ser
condenado por crime praticado antes da vigência do Livramento, a revogação só ocorrerá se a
pena da nova condenação, somada à pena anterior, formar um montante que impedisse a
concessão do benefício.
EXEMPLO: Imaginem que Marcos é condenado a 06 anos por roubo. Cumpre
dois anos (1/3) e recebe o livramento condicional. Passados 03 anos do
Livramento condicional (faltando um ano), é condenado por crime cometido
anteriormente ao benefício, recebendo pena de dois anos. Somadas as penas (06
+ 02 = 08), teríamos uma pena de oito anos. Nesse caso, como ele já cumpriu 05
anos (02 cumpridos na cadeia e 03 cumpridos durante o Livramento condicional),
não há impedimento à manutenção do benefício, pois o condenado já cumpriu
cinco anos de uma pena de oito anos (logo, mais da metade).
⇒ Revogação facultativa – Ocorre nos casos previstos no art. 87 do CP:
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de
cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente
condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de
liberdade.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
No primeiro caso (descumprimento das obrigações), não há muito que se falar. Quanto ao
segundo caso (condenação irrecorrível por crime ou contravenção, sendo aplicada pena não
privativa de liberdade), algumas considerações devem ser feitas.
Aqui é irrelevante o momento em que foi praticada infração penal, exigindo-se, somente,
que a pena não seja privativa de liberdade. Se for, estaremos diante de causa de revogação
obrigatória.
A revogação, uma vez operada, impede nova concessão do benefício.
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No caso de revogação do livramento, o tempo em que o condenado esteve solto (em livramento
condicional) é abatido da privativa de liberdade que voltará a cumprir? Caso a revogação se dê
por outra causa que NÃO SEJA A CONDENAÇÃO POR PRÁTICA DE CRIME ANTERIOR AO
BENEFÍCIO, o tempo em que o condenado esteve solto não se desconta na pena privativa de
liberdade que voltará a cumprir:
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo
quando a revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele
benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Isso se deve ao fato de que, no caso de condenação por crime ANTERIOR ao período de
Livramento, não houve quebra da confiança depositada no EGRESSO (pois o crime foi praticado
antes), de forma que o período em que ele esteve solto será abatido da pena a ser cumprida em
razão da revogação do benefício.
Se até o seu término o Livramento Condicional não for revogado, considera-se extinta a
pena privativa de liberdade e, por conseguinte, extinta a punibilidade. Porém, se o egresso
estiver sendo processado por crime cometido durante a vigência do Livramento Condicional, o
Juiz não poderá declarar extinta a pena enquanto não houver sentença definitiva naquele
processo (pois pode ser que ele venha a ser condenado, o que possibilita a revogação do
benefício). Nos termos do CP:
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em
julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido
na vigência do livramento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta
a pena privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
⇒ E se o Juiz não suspender o livramento condicional até o trânsito em julgado do novo
processo? Entende a jurisprudência, notadamente o STJ, que se não houve a suspensão
do livramento condicional para aguardar o trânsito em julgado do processo pelo novo
crime, uma vez alcançado o prazo final da pena atual, deverá ser declarada a extinção da
punibilidade, sendo irrelevante eventual condenação pelo novo crime (se ocorrida após o
prazo de extinção da pena anterior).1
1 (HC 281.269/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 08/04/2014, DJe
23/04/2014)
Renan Araujo
Aula 06
Direito Penal p/ Concursos - Curso Regular - 2022
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100479922215955805 - Ederson Luiz Calazans
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90
 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES
CÓDIGO PENAL
Arts. 83 a 90 do CP – Regulamentam o Livramento condicional:
CAPÍTULO V
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
Requisitos do livramento condicional
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena
privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em
crime doloso e tiver bons antecedentes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III – comprovado (Redação dada pela Lei 13.964/19)
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela
infração; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em
crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência
ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará

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