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Módulo 7 Extinção da Punibilidade

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Módulo 7
 
Prescrição da pretensão punitiva retroativa
 
A prescrição retroativa é produto de uma construção pretoriana. O Supremo Tribunal Federal, a partir do ano de 1961, editou a Súmula 146, com o seguinte verbete: “A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada, quando não há recurso de acusação”. Esse entendimento do Supremo fundamentou-se na redação original do art. 110, parágrafo único, do Código Penal de 1940, que, na ausência de recurso da acusação, impedia que a pena aplicada fosse elevada, devendo servir de base para o cálculo da prescrição. Nesse período, a nossa Corte Suprema passou a admitir que a prescrição incidisse sobre lapso temporal anterior à sentença condenatória e, inclusive, antes mesmo do recebimento da denúncia ou queixa.
A prescrição retroativa leva em consideração a pena aplicada, em concreto, na sentença condenatória, contrariamente à prescrição em abstrato, que tem como referência o máximo de pena cominada ao delito.
A prescrição retroativa (igualmente a intercorrente), como subespécie da prescrição da pretensão punitiva, constitui exceção à contagem dos prazos do art. 109.
Tem – segundo Damásio de Jesus – “por fundamento o princípio da pena justa”, significando que, ausente recurso da acusação ou improvido este, a pena aplicada na sentença era, desde a prática do fato, a necessária e suficiente parar aquele caso concreto. Por isso, deve servir de parâmetro para prescrição, desde a consumação do fato inclusive.
Desde a edição da Lei 12.234/2010, que alterou alguns dispositivos referentes ao instituto em análise – art. 110, CP, a prescrição retroativa deve ser considerada entre o recebimento da denúncia e a publicação da sentença condenatória ou seja, em relação à etapa de investigação criminal - período compreendido entre a data do crime e a do recebimento da denúncia não mais, dado que, por força de alteração do texto primitivo do projeto de lei. Ela continua a subsistir quanto à fase de instrução processual (interstício que medeia o recebimento da ação na forma de denúncia para o órgão ministerial e a queixa-crime para o particular e a prolatação da sentença condenatória).
Concluindo, dois eram os períodos prescricionais possíveis (da data do fato e do recebimento da peça vestibular acusatória). Com a redação nova tornou-se impossível computar qualquer tempo antes do recebimento da denúncia ou queixa. Ou seja: a prescrição retroativa, agora, só pode acontecer entre o recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença. Nas palavras do prof. Luis Flávio Gomes, em seu entender, foi cortada pela metade. A prescrição retroativa, em síntese, não acabou. Foi extinta pela metade.
A pronúncia, nos crimes contra a vida, também cria um novo marco interruptivo para a prescrição retroativa.
Para a caracterização da prescrição retroativa, nos termos da legislação vigente, deve-se examinar o seguinte:
Pressupostos da prescrição retroativa:
a) Inocorrência da prescrição abstrata.
b) Sentença penal condenatória.
c) Trânsito em julgado para acusação ou improvimento de seu recurso.
 
Providências para encontrar o prazo prescricional, na modalidade retroativa:
a) Tomar a pena concretizada na sentença condenatória.
Dever-se-á computar toda a pena aplicada, com exceção da majoração decorrente do concurso formal próprio e do crime continuado. A detração somente á aproveitada parar a execução da pena, ou para a prescrição da pretensão executória.
b) verificar qual é o prazo prescricional correspondente (art. 109 CP).
c) Analisar a existência de causa modificadora do lapso prescricional, cuja única possibilidade é a do art. 115 CP.
Finalmente, não há suporte jurídico para o reconhecimento antecipado da prescrição retroativa, como se está começando a apregoar, com base numa pena hipotética. Ademais, o réu tem direito a receber uma decisão de mérito, onde espera ver reconhecida a sua inocência. Decretar a prescrição retroativa, com base em uma hipotética pena concretizada, encerra uma presunção de condenação, consequentemente de culpa, violando o princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF). Todavia, cumpre-nos analisá-la para fins acadêmicos, ao menos, no capítulo seguinte.
 
Prescrição retroativa antecipada ou prescrição virtual
 
Nos últimos anos, vem sendo construída, jurisprudencialmente, uma nova modalidade de prescrição da pretensão punitiva, denominada de prescrição retroativa antecipada, ou simplesmente prescrição antecipada, prescrição virtual, prescrição pré-calculada ou prescrição em perspectiva.
Esta é o reconhecimento da prescrição retroativa, tomando-se por base a pena que possível ou provavelmente seria imposta ao réu no caso de condenação (PALOTTI JÚNIOR, Osvaldo. Considerações sobre a prescrição retroativa antecipada. RT, nº 709, p. 302-306, 1994).
Como se extrai de seu conceito, essa prescrição ocorreria sempre que o juiz, diante de um caso concreto, verificando as circunstâncias que cercaram o fato típico e as condições pessoais do acusado – mormente sua condição do primário, de portador de bons antecedentes, boa conduta social, personalidade reveladora de inexistência de perigo de delinquir -, pudesse vislumbrar que a pena que seria imposta, caso viesse a condená-lo, é em quantidade autorizadora da verificação da prescrição retroativa; deverá, portanto, reconhecê-la , antecipadamente, extinguindo-se a punibilidade.
A doutrina e a jurisprudência predominantes, todavia, não aceitam o reconhecimento antecipado da prescrição, amparando-se em argumentos importantes:
a) tal decisão importaria em violar o princípio constitucional da presunção da inocência, pois significaria reconhecer o acusado culpado sem sentença condenatória;
b) o acusado tem direito a uma sentença de mérito;
c) é impossível a previsão da sentença;
d) ao reconhecê-la, o juiz estaria prejulgando, ferindo o princípio do contraditório.
Em reforço à sua inadmissibilidade, o Superior Tribunal de Justiça editou a súmula 438, cujo verbete prescreve:
“É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal”.
Tal hipótese de prescrição não conta, hoje em dia, com qualquer prestígio, seja pela doutrina, seja pela jurisprudência nacionais.
 
 
Prescrição da pretensão punitiva intercorrente ou subsequente
 
 
A prescrição intercorrente, a exemplo da prescrição retroativa, leva em consideração a pena aplicada in concreto na sentença condenatória. As prescrições retroativa e intercorrente assemelham-se, com a diferença de que a retroativa volta-se para o passado, isto é, para períodos anteriores à sentença, e a intercorrente dirige-se para o futuro, ou seja, para períodos posteriores à sentença condenatória, recorrível.
Assim, o prazo da prescrição intercorrente, superveniente ou subsequente começa a correr a partir da sentença condenatória, até trânsito em julgado para acusação e defesa. Para ocorrência da prescrição intercorrente devem estar presente, simultaneamente, alguns pressupostos:
Pressupostos da prescrição intercorrente:
a) inocorrência de prescrição abstrata e de prescrição retroativa;
b) sentença condenatória;
c) trânsito em julgado para acusação ou improvimento de seu recurso.
 
Como encontrar o prazo prescricional:
Para encontrar o prazo prescricional, na modalidade intercorrente, deve-se adotar as seguintes providências:
 
a) Tomar a pena concretizada na sentença condenatória.
Dever-se-á computar toda a pena aplicada, com exceção da majoração decorrente do concurso formal próprio e do crime continuado. A detração somente é aproveitada para a execução da pena, ou para prescrição da pretensão executória.
 
b) Verificar qual é o prazo prescricional correspondente (art. 109, CP)
 
c) Analisar a existência de causa modificadora do lapso prescricional, cuja única possibilidade é a do art. 115, CP.
 
Prescrição da Pretensão Executória
 
A prescrição da pretensão executória só poderá ocorrer depois de transitar em julgado a sentença condenatória,regulando-se pela pena concretizada (art. 110, CP) e verificando-se nos mesmos prazos fixados no art. 109, CP.
O decurso do tempo sem o exercício da pretensão executória faz com que o Estado perca o direito de executar a sanção imposta na condenação. Os efeitos dessa prescrição limitam-se à extinção da pena, permanecendo inatingidos todos os demais efeitos da condenação, penais e extrapenais.
 
Pressupostos da prescrição da pretensão executória:
a) inocorrência da prescrição da pretensão punitiva, seja abstrata, retroativa ou intercorrente;
b) sentença condenatória irrecorrível;
c) não-satisfação da pretensão executória estatal.
 
Como encontrar o prazo prescricional:
a) tomar a pena privativa de liberdade imposta na sentença:
1) na hipótese de fuga ou de revogação de livramento condicional, tomar-se-á o restante de pena a cumprir, para a obtenção do prazo prescricional (art. 113, CP)
2) no caos de concurso formal e de crime continuado, deverá, também, ser desprezado o quantum de majoração a eles pertinente.
 
b) verificar qual é o prazo prescricional correspondente (art. 109, CP);
 
c) analisar a existência de causa modificadores do lapso prescricional.
1) reincidência, reconhecida na sentença: eleva em um terço o prazo prescricional.
2) art. 115, CP: reduz pela metade o lapso prescricional.
 
Termo inicial da prescrição
 
a) Da pretensão punitiva
Segundo o art. 111 do CP, a prescrição da pretensão punitiva lato sensu começa a correr:
I – do dia em que o crime se consumou;
II- no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
III – nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV – nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.
As prescrições retroativa e intercorrente são exceções à utilização da pena abstrata para medição da prescrição da pretensão punitiva. (art. 110, § 1º, CP).
O termo inicial da prescrição, de regra, é o da consumação do crime, seja instantâneo ou permanente. Embora o art. 4º determine que o tempo do crime é o momento da ação, em termos de prescrição, o Código adota, como exceção, a teoria do resultado. Mas, excepcionalmente, em se tratando de tentativa e de crime permanente, adota a regra geral, que é a teoria da atividade.
Nos crimes de bigamia e falsificação ou assentamento de registro civil, a prescrição começa a correr da data em que a autoridade pública tomou conhecimento do fato.
 
b) Da pretensão executória
I – do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação;
II – do dia em que se interrompe a execução da pena, salvo quando referido tempo seja computado na pena (internação por doença mental);
III – o dia em que transita em julgado a decisão que revoga o sursis ou o livramento condicional.
 
O prazo começa a correr do dia em que transitar em julgado a sentença condenatória para a acusação, mas o pressuposto básico para essa prescrição é o trânsito em julgado para acusação e defesa, pois, enquanto não transitar em julgado parar defesa, a prescrição poderá ser intercorrente. Nesses termos, percebe-se, podem correr paralelamente dois prazos prescricionais: o da intercorrente, enquanto não transitar definitivamente em julgado; e o da executória, enquanto não for iniciado o cumprimento da condenação, pois ambos iniciam na mesma data, qual seja, o trânsito em julgado para a acusação.
A revogação do sursis e do livramento condicional, igualmente, dá início ao curso prescricional, e, enquanto a decisão revogatória não for cumprida, estará em curso a prescrição executória. Enfim, se a interrupção da execução for devida à fuga, a prescrição começa a correr da data da evasão; se decorrer de internação em hospital de custódia e tratamento, o tempo será contado na pena, não correndo a prescrição.
 
Causas modificadoras do curso prescricional
 
A prescrição, encontrando-se em curso, poderá ser obstaculizada pela superveniência de determinadas causas, que podem ser suspensivas (art. 116 CP) ou interruptivas (art. 117 CP). Ou, ainda, o período prescricional poderá simplesmente ser reduzido pela metade (art. 115 CP).
 
Suspensão do prazo prescricional (Causas Impeditivas - artigo 116, CP)
 
Verificando-se uma causa suspensiva (causas impeditivas), o curso da prescrição suspende-se para retomar o seu curso depois de suprimido ou desaparecido o impedimento. Na suspensão o lapso prescricional já decorrido não desaparece, permanece válido. Superada a causa suspensiva, a prescrição começa a ser contada pelo tempo que falta, somando-se com o anterior. Ou seja, o prazo não irá se reiniciar (interrupção da prescrição) do zero, mas sim continuar a contagem após superar o impedimento. 
 
A Lei 13.964/19, denominada de pacote anticrime, alterou o referido instituto acrescentando novas causas, senão vejamos.
 
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: 
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; 
II - enquanto o agente cumpre pena no exterior;              (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.
 
A – Causas suspensivas da prescrição da pretensão punitiva
 
a) Enquanto não for resolvida questão prejudicial:
 
A prescrição não corre enquanto não for resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime. São as chamadas questões prejudiciais, reguladas pelos arts. 92 a 94 do CPP, cuja relação com o delito é tão profunda que a sua decisão, em outro juízo, pode determinar a existência ou inexistência da própria infração penal.
 
b) Enquanto o agente cumpre pena no exterior:
 
O fundamento político-jurídico dessa causa suspensiva é que durante o cumprimento de pena no estrangeiro não se consegue a extradição do delinquente. E a pena em execução pode ser tão ou mais longa que o próprio lapso prescricional do crime aqui cometido. Por isso, se justifica a suspensão da prescrição. O pacote anticrime atualizou a palavra "estrangeiro" por "exterior".
 
c) Pedente embargos de declaração ou recurso nos Tribunais Superiores, quando indamissíveis. 
 
Trata-se de uma novidade jurídica disposta no pacote anticrime. O dipositivo assevera, que, enquanto pedente o julgamento de embargos de delcaração ou recursos ao tribunais superiores, não ocorrerá a prescrição se forem considerados inadmissíveis. 
 
d) Enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal
 
A referida norma acrescentou esta hipótese, a fim de tornar compatível com o instituto do acordo de não persecução penal. Portanto, aquele que aceitou o acordo de não persecução penal, enquanto não cumprido ou não rescindido, não ocorrerá a prescrição. 
 
e) Imunidade parlamentar:
 
Às causas previstas pelo Código Penal (art. 116 CP), a Constituição Federal (art. 53, § 2º) acrescentou mais uma: enquanto não houver licença do Congresso Nacional para que o parlamentar seja processado, o prazo prescricional ficará suspenso.
Procurando amenizar esse privilégio parlamentar, o Supremo Tribunal Federal, em duas oportunidades, com composição plenária, decidiu que tanto na hipótese do indeferimento do pedido de licença quanto na de ausência de deliberação a suspensão da prescrição ocorre na data do despacho do Ministro Relator determinando a remessa do pedido ao Parlamento.
 
B – Causa suspensiva da prescrição da pretensão executória
 
A prescrição não corre durante o tempo em que o condenado estiver preso por outro motivo (art. 116, parágrafo único, CP). Fica em suspenso. A previsão é lógica: enquanto não se encontra preso, não pode invocar a prescrição dapena que falta cumprir, pois sua condição de preso impede a satisfação dessa pretensão executória.
 
Causas suspensivas da prescrição previstas nas Leis nº 9.099/95 e nº 9.271/96
 
Além das duas causas suspensivas da prescrição previstas no Código Penal (art.116) e daquela prevista na Constituição Federal (art.53, § 2º), as Leis n. 9.099/95 e 9.271/96 preveem outras hipóteses de causas que impedem o curso prescricional. Essas causas são as seguintes:
 
a) Suspensão condicional do processo
 A Lei n. 9.099/95, que instituiu os Juizados Especiais Criminais e aproveitou para instituir também a suspensão condicional de processo, estabelece em seu art. 89, § 6º, que durante o período em que o processo estiver suspenso não corre prescrição.
Esse dispositivo dispensa e um tratamento isonômico à defesa e à acusação: o denunciado é beneficiado pela suspensão do processo, mas em contrapartida a sociedade não fica prejudicada pelo curso da prescrição. Na hipótese de revogação do benefício, o Ministério Público disporá do tempo normal para prosseguir na persecutio criminis. 
Como, de regra, a suspensão do processo deverá ocorrer no momento do recebimento da denúncia, a prescrição voltará a correr por inteiro. No entanto, em razão dessa fase transitória, poderá haver suspensão de muitos processos que já se encontravam em curso.
Naquelas hipóteses, havendo revogação da suspensão do processo, o novo curso prescricional deverá somar-se ao lapso anterior que foi suspenso, uma vez que, como causa suspensiva, o prazo prescricional não recomeça por inteiro.
 
b) Citação por edital, sem comparecimento ou constituição de defensor
 
A Lei n. 9271/96 deu a seguinte redação ao art. 366 do CPP:
“Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312”.
Para que se configure essa nova causa suspensiva da prescrição é necessário que estejam presentes, simultaneamente, três requisitos:
 
1º) citação através de edital;
2º) não-comparecimento em juízo para interrogatório;
3º) não-constituição de defensor.
 
A ausência de qualquer desses requisitos impede a configuração dessa nova causa suspensiva da prescrição. Contudo, o infrator que houver constituído advogado, durante a fase policial, ainda que venha ser citado por edital, seu defensor constituído anteriormente impedirá o reconhecimento da causa impeditiva da prescrição.
 
O curso prescricional suspenso somente recomeçará a correr na data do comparecimento do acusado, computando-se o tempo anterior (art. 366, §2º). Em outros termos, interrompida a suspensão da prescrição, esta volta a correr, levando-se em consideração o tempo anteriormente decorrido, isto é, somando-se.
 
A suspensão do curso prescricional é efeito automático, sendo desnecessário despacho expresso do juiz. Contudo, como a art. 366 tem natureza mista – processual e material -, podendo verificar-se hipóteses de suspensão do processo, pelo princípio tempus regit actum, convém ser mencionado expressamente que a prescrição não está suspensa, em razão da irretroatividade, quando se tratar de crimes praticados antes da vigência da lei.
Damásio de Jesus não admite a aplicação parcial do disposto no art. 366, isto é, suspender o processo e não suspender a prescrição, numa espécie de retroatividade parcial.
Em sentido contrário, manifesta-se Luiz Flávio Gomes. Por fatos anteriores à vigência da Lei n. 9.271/96, entende que, satisfeitos os requisitos do art. 366, suspende-se o processo, permanecendo naturalmente o curso prescricional: a suspensão do processo é matéria processual e a prescrição é matéria estritamente penal-material.
Na verdade, a suspensão do processo não significa parcial retroatividade, mas a simples aplicação do princípio tempus regit actum. Nesse momento, satisfeitos os requisitos, aplica-se a lei nova, mas somente a partir de agora, isto é o processo fica suspenso a partir da vigência da lei, sem retroagir ao início da relação processual. Já a suspensão do curso prescricional fica inviabilizada, por se tratar de norma prejudicial à defesa, não podendo retroagir.
Não se nega, é verdade, que, de certa forma, há um tratamento desigual aos dois polos processuais: beneficia-se a defesa com a suspensão do processo e prejudica-se a acusação com a não-suspensão da prescrição. No entanto, esses efeitos diferenciados decorrem da natureza distinta das duas normas jurídicas, processual e material, como já referido.
 
c) Citação através de rogatória de acusado no estrangeiro
Acusado que se encontrar no estrangeiro, em lugar sabido, será citado através de carta rogatória, independentemente de a infração penal imputada ser ou não afiançável. No entanto, segundo a redação conferida pela Lei n. 9.271/966 ao art. 368 do CPP, o prazo prescricional ficará suspenso até o cumprimento da carta rogatória.
Agora, a citação de quem se encontrar no estrangeiro somente poderá ser por edital quando for desconhecido o seu paradeiro. Anteriormente, a citação por edital seria possível quando fosse desconhecida a localização do citando ou quando a infração imputada fosse afiançável.
 
 
 
Exercício 1:
É incorreto afirmar:
A)
A prescrição regula-se pela pena concretizada, quando não há recurso de acusação.
B)
A prescrição retroativa leva em consideração a pena aplicada, in concreto, na sentença condenatória, contrariamente à prescrição in abstrato, que tem como referência o máximo de pena cominada ao delito.
C)
A prescrição intercorrente, como subespécie da prescrição da pretensão punitiva, constitui exceção à contagem dos prazos do art. 109 CP.
D)
a prescrição intercorrente, segundo Damásio de Jesus – tem “por fundamento o princípio da pena justa”.
E)
aplica-se sobre o cálculo da pena em abstrato e assim seguindo a regra do art. 109, CP.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(E)
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Exercício 2:
Segundo o art. 111, CP, a prescrição da pretensão punitiva lato sensu começa a correr:
I – do dia em que o crime se consumou;
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
III – nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV – nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assento do registro civil, da data em que se casou ou do assentamento no cartório.
A)
I e II corretas, apenas
B)
II e III corretas, apenas
C)
I e III corretas, apenas
D)
I a III corretas
E)
I e IV corretas, apenas
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
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Exercício 3:
Sobre os institutos da suspensão e interrupção do prazo prescricional pode-se afirmar que:
A)
suspende-se para retomar o seu curso depois de suprimido ou desaparecido, assim como a interrupção.
B)
suspende-se para iniciar novamente o seu curso do início.
C)
interrompe-se para retomar seu curso do início.
D)
interrompe-se o prazo para retomar o seu curso daquilo que falta
E)
na interrupção o prazo já decorrido é computado depois de suprimido ou desaparecido. O mesmo não ocorre com a suspensão.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
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Exercício 4:
Nos últimos anos vêm sendo construída pelos tribunais e parte da doutrina uma nova modalidade de prescrição da pretensão punitiva. Esta é o reconhecimento da prescrição retroativa, tomando-se por base a pena que possível ou provavelmente seria imposta ao réu no caso de condenação. Está se falando da modalidade de:
A)
Prescrição jurisprudencial
B)
Prescrição retroativa especial
C)
Prescrição futurista
D)
Prescrição virtual
E)
Prescrição pré anunciada
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
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Exercício 5:
Assinale a incorreta:
A)
a prescrição intercorrente avalia atos posteriores à sentençae é calculada a partir da pena fixada, ou seja, a pena em concreto.
B)
aplicada a pena na sentença e não havendo recurso da acusação, a partir da data da publicação da sentença começa a correr o prazo da prescrição intercorrente
C)
reconhece-se a prescrição retroativa se entre a data do fato e do recebimento da denúncia ou queixa-crime já excedeu o prazo previsto no art. 109 CP.
D)
a prescrição intercorrente é também chamada de prescrição superveniente.
E)
verificada após o transito e julgado, verifica-se a pena concreta e a partir dela chega-se no prazo da prescrição retroativa.
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
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Exercício 6:
A prescrição retroativa deve ser considerada:
A)
entre o recebimento da denúncia e a publicação da sentença condenatória ou seja, em relação à etapa de investigação criminal 
B)
o período compreendido entre a data do crime e a do recebimento da denúncia
C)
entre o oferecimento da queixa-crime e o fato praticado
D)
entre a publicação da sentença com transito em julgado e a data do fato
E)
entre a data de prolação de sentença de primeiro grau e o recebimento da denuncia
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
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Exercício 7:
São pressupostos da prescrição retroativa:
A)
a inocorrência da prescrição abstrata; a sentença penal condenatória; e o trânsito em julgado para a acusação ou o improvimento de seu recurso
 
B)
a ocorrência da prescrição abstrata; a sentença penal condenatória; e o trânsito em julgado para a acusação ou o improvimento de seu recurso
C)
a inocorrência da prescrição abstrata; a sentença penal absolutória; e o trânsito em julgado para a acusação ou o improvimento de seu recurso
D)
a inocorrência da prescrição abstrata; a sentença penal condenatória; e a não ocorrência de trânsito em julgado para a acusação
 
E)
a ocorrência da prescrição abstrata; a sentença penal condenatória; e o trânsito em julgado para a acusação ou o improvimento de seu recurso
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(A)
Comentários:
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Exercício 8:
São pressupostos da prescrição intercorrente:
 
A)
ocorrência de prescrição abstrata e de prescrição retroativa; a sentença condenatória; e o trânsito em julgado para acusação ou improvimento de seu recurso
B)
inocorrência de prescrição abstrata e de prescrição retroativa; a sentença absolutória; e o trânsito em julgado para acusação ou improvimento de seu recurso
 
C)
inocorrência de prescrição abstrata e de prescrição retroativa; a sentença condenatória; e o trânsito em julgado para acusação ou improvimento de seu recurso
 
D)
inocorrência de prescrição abstrata e de prescrição retroativa; a sentença condenatória; e a inocorrência do trânsito em julgado para acusação
 
E)
inocorrência de prescrição abstrata e de prescrição retroativa; a sentença condenatória; e o trânsito em julgado para acusação ou provimento de seu recurso
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(C)
Comentários:
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Exercício 9:
Responda corretamente:
 
A)
a prescrição da pretensão executória atinge a pena e os demais efeitos secundários da condenação
B)
a prescrição da pretensão executória atinge apenas a pena, restando intactos os demais efeitos secundários da condenação
 
C)
a prescrição da pretensão executória atinge apenas os efeitos secundários da condenação, restando intacta a pena, como efeito principal da condenação
 
D)
surge em decorrência da condenação do réu por sentença ainda não transitada em julgado
 
E)
surge em decorrência da absolvição do réu por sentença transitada em julgado
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(B)
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Exercício 10:
Assinale a alternativa correta sobre a prescrição da pretensão executória:
 
A)
o fato de o sentenciado era menor de 21 anos na data do fato ou maior de 70 anos na data da sentença não altera o prazo da prescrição da pretensão executória
 
B)
o prazo prescricional da pretensão executória é regido pela pena fixada na decisão judicial, ainda que não transitada em julgado, de acordo com os patamares descritos no art. 109 do Código Penal
 
C)
o reconhecimento da reincidência, em decisão judicial transitada em julgado, não altera o prazo da prescrição da pretensão executória
 
D)
o prazo prescricional da pretensão executória é regido pela pena fixada na decisão judicial transitada em julgado, de acordo com os patamares descritos no art. 109 do Código Penal
 
E)
o fato de o sentenciado era menor de 21 anos ou maior de 70 anos na data do fato altera o prazo da prescrição da pretensão executória
 
O aluno respondeu e acertou. Alternativa(D)
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