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FILOSOFIA-E-SOCIOLOGIA-DA-RELIGIÃO-1

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1 
 
SUMÁRIO 
1 OS PRÉ-SOCRÁTICOS ................................................................................ 3 
1.1 Algumas observações acerca de alguns pré-socráticos:...................... 4 
2 PLATÃO ...................................................................................................... 6 
2.1 A Academia de Platão .......................................................................... 6 
2.2 Períodos ............................................................................................... 7 
3 ARISTÓTELES ........................................................................................... 9 
4 ABSTRAÇÃO ............................................................................................ 11 
5 SILOGISMO .............................................................................................. 12 
6 SÓCRATES .............................................................................................. 13 
6.1 Algumas frases e pensamentos atribuídos ao filósofo Sócrates: ....... 14 
7 A FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA .......................................................... 15 
8 IDEALISMO .............................................................................................. 16 
8.1 Definição de idealismo ....................................................................... 17 
8.2 Ideias básicas do Idealismo ............................................................... 18 
9 RENÉ DESCARTES: UMA BREVE BIOGRAFIA ...................................... 20 
10 DEUS, A CIÊNCIA E O LIVRE-ARBÍTRIO. ........................................... 21 
11 O PROBLEMA DO HOMEM: A MORAL ................................................ 23 
12 UTILITARISMO ...................................................................................... 24 
13 Princípio da Utilidade ............................................................................. 25 
13.1 Perspectiva moral e política: Características gerais ........................ 26 
14 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA SOCIOLOGIA ................................... 28 
14.1 Um conceito básico da sociologia: cultura ...................................... 29 
14.2 O que são as Ciências Sociais? ...................................................... 30 
14.3 De que se ocupam as Ciências Sociais .......................................... 30 
14.4 Áreas de concentração ................................................................... 31 
 
 
2 
 
15 O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA ..................................................... 32 
15.1 Como tudo começou! ...................................................................... 32 
15.2 Já na Idade Média... ........................................................................ 32 
15.3 Tudo caminhava para o uso da razão ............................................. 33 
15.4 Não perdendo de vista... ................................................................. 34 
15.5 O Iluminismo ................................................................................... 34 
15.6 Portanto, com a contribuição Iluminista........................................... 35 
15.7 A IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA .............................................. 35 
16 A SOCIOLOGIA NO BRASIL ................................................................. 37 
16.1 Movimento Modernista: ................................................................... 38 
16.2 Partido Comunista ........................................................................... 38 
16.3 Movimentos armados de 1935 ........................................................ 38 
16.4 Fases da sua implantação da Sociologia no Brasil ......................... 38 
16.5 A fase “A” da implantação da Sociologia no Brasil .......................... 39 
16.6 A fase “B” da implantação da Sociologia no Brasil .......................... 40 
16.7 E a fase “C” da implantação da Sociologia no Brasil ...................... 43 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 44 
 
 
 
 
3 
 
1 OS PRÉ-SOCRÁTICOS 
 
Fonte: cultura.culturamix.com 
Os pré-socráticos são filósofos que viveram na Grécia Antiga e nas suas 
colônias. Assim são chamados, pois são os que vieram antes de Sócrates, 
considerado um divisor de águas na filosofia. Muito pouco de suas obras está 
disponível, restando apenas fragmentos. O primeiro filósofo em que temos uma obra 
sistemática e com livros completos é Platão, depois Aristóteles. Estes são chamados 
de filósofos da natureza, pois investigaram questões pertinentes a esta, como de que 
é feito o mundo. Romperam com a visão mítica e religiosa da natureza que prevalecia 
na época, adotando uma forma científica de pensar. 
Alguns se propuseram a explicar as transformações da natureza. Tinham 
preocupação cosmológica. A maior parte do que sabemos desses filósofos é 
encontrada na doxografia de Aristóteles, Platão, Simplício e na obra de Diógenes 
Laércio (século III d. C), Vida e obra dos filósofos ilustres. 
A partir do século VII A.C., há uma revolução monetária da Grécia, e advêm a 
ela inovações científicas. Isso colaborou com uma nova forma de pensar, mais 
racional. Os pré-socráticos inspiraram a interpretação de filósofos contemporâneos 
como Nietzsche, que nos iluminou com a sua obra A filosofia na época trágica dos 
Gregos e Hegel, que aplicou seu sistema na história da filosofia. 
 
 
4 
 
1.1 Algumas observações acerca de alguns pré-socráticos: 
 O primeiro Filósogo grego conhecido foi Tales de Mileto que viveu por volta do 
ano 600 a.C. Tales na companhia de Anaximandro e Anaxímenes defendia que 
a água, o indefinido, e o ar eram o princípio ou origem de todas as coisas. 
Preocupavam-se em encontrar a unidade por detrás da multiplicidade dos 
bjectos do universo, e o princípio de explicação da natureza a partir da própria 
natureza. 
 Heraclito acreditava na filosofia do devir, falava de um devir não puramente 
linear que seria a negação absoluta do ser, mas sim do devir que se 
desenrolava no interior de um círculo. Considerava haver um ciclo do devir que 
em tudo representava harmonia, com efeito na circunferência, o começo e o 
fim coincidem. Defendia que de um lado existia o Logos, que governava todas 
as coisas e, do outro, o devir que se desenrolava no interior de um círculo 
apertado por laços poderosos. Acreditava que era no interior de cada um de 
nós que se operavam as mudanças, dizia que a vida e a morte, a juventude, a 
velhice e o sono eram a mesma coisa, porque estes transformam-se naquelas 
e inversamente aquelas transformam-se nestes. Era um defensor da mudança 
dizia que não se podia penetrar duas vezes no mesmo rio. 
O fogo de Heraclito: 
Para Heraclito, o mundo era o mesmo para todos os seres, nenhum deus, 
nenhum homem o criou; mas foi, é, e será sempre um fogo eternamente vivo, que 
com medida se acende e com medida se apaga. 
Heraclito 
 
 
 
5 
 
Fonte: arescronida.files.wordpress.com 
 Parménides foi o fundador da escola eleática. Defendia a imutabilidade e 
unicidade do ser, afirmando que a multiplicidade e a mudança eram apenas 
aparências. Zenão, que foi seu discípulo, viria a defender as teses de 
Parménides sobre a imutabilidade do real. 
 
A esfera de Parménides: 
Parménides dizia que o Ser é completo de todos os lados, semelhante a uma 
esfera bem redonda. 
Parménides de Élea 
 
Fonte: encrypted-tbn2.gstatic.com 
 Anaxágoras foi o primeiro filósofo registrado pela história a ter afirmado a 
existência de um princípio inteligente como causa da ordem do mundo. Para 
ele o espírito é que ordenava tudo e daí tudo era causa. 
 Empédocles, foi o criador da teoria dos quatro elementos que vigoraria até a 
era moderna: terra, água, ar e fogo, seriam os componentes últimos das coisas, 
ora reunidos sob a atracção do amor, ora separados pela força da discórdia (ou 
do ódio). 
 
 
62 PLATÃO 
 
Fonte: 1.bp.blogspot.com 
Platão nasceu em 427 a.C e faleceu na mesma cidade, Atenas, em 347 a.C. 
Filho de uma família da aristocracia ateniense dedicada à política, foi discípulo de 
Crátilo (séc. V a.C.) que por sua vez foi seguidor de Heráclito de Éfeso (séc. VI a.C.) 
e, posteriormente, tornou-se discípulo de Sócrates (470-399 a.C). Fundou sua 
Academia em 387 a.C., nos arredores de Atenas, em cujo pórtico figurava o lema: 
“Não passe destes portões quem não tiver estudado geometria”. A academia de 
Platão durou cerca de um milênio, até o momento em que Justiniano a dissolveu em 
529 d.C. 
O Platonismo é uma corrente filosófica baseada no pensamento de Platão. 
Indica a filosofia de Platão e da sua escola, isto é, os filósofos que se situam entre o 
século IV A.C. e a primeira metade do século I A.C. Cerca de um século depois da 
morte de Platão, em 248 A.C., a Escola enveredou para o ceticismo sob a direção de 
Arciselau (século III A.C.). 
2.1 A Academia de Platão 
A Academia platônica assemelhava-se a uma congregação religiosa, 
consagrada a Apolo e às musas. Platão afirmava a existência de uma verdade 
 
 
7 
 
suprema: as Ideias das formas ideais, eternas, imutáveis e incorruptíveis, das quais 
se origina o mundo sensível, tal como o percebemos, e que é sujeito ao devir, à 
corrupção e à morte. 
 
 
Fonte: www.infoescola.com 
A Academia foi fundada por Platão em 387 A.C. Seu nome é alusivo ao herói 
de guerra Academo, que havia doado aos atenienses um terreno, nos arredores de 
Atenas, onde se construiu um jardim aberto ao público. 
De uma maneira geral, os elementos centrais do pensamento platônico são: 
 A doutrina das ideias, onde os objetos do conhecimento se distinguem das 
coisas naturais; 
 A superioridade da sabedoria sobre o saber, uma espécie de objetivo político 
para a filosofia; 
 A Dialética, enquanto procedimento científico. 
2.2 Períodos 
O platonismo é geralmente dividido em três períodos: 
 Platonismo antigo propriamente dito; 
 Médio platonismo, que remonta aos séculos I-II D.C.; 
 
 
8 
 
 Neoplatonismo, desenvolvido no final da Antiguidade no período helenístico: 
mais que um período do platonismo, é considerado por muitos como uma 
verdadeira corrente filosófica propriamente dita. 
Esta subdivisão foi operada por estudiosos dos tempos recentes. Todos (médio 
ou neoplatônicos), embora ampliando e modificando o significado originário da 
filosofia de Platão, pretendiam estar em linha de continuidade com a doutrina do 
mestre. Consideravam-se, sobretudo, como simples exegetas, mais do que 
inovadores. 
 
Fonte: image.slidesharecdn.com 
Assim como todos os pensadores que, ao longo dos séculos, filiaram-se ao 
pensamento platônico (Plotino, Agostinho, Ficino), os neoplatônicos eram 
convencidos de que a verdade fosse algo que se descobria e não se inventava. 
Portanto o modo mais autêntico de fazer filosofia consistiria na reflexão sobre as 
verdades eternas, imutáveis e universais das Ideias - primeiramente descobertas por 
Platão. 
Pode-se dizer, portanto, que o platonismo foi sempre entendido pelos 
platônicos como uma única corrente filosófica, que sempre permaneceu fiel a si 
mesma, ora como forma de interpretação, ora como reelaboração do pensamento de 
Platão. 
 
 
9 
 
3 ARISTÓTELES 
 
Fonte: www.ghtc.usp.br 
Aristóteles nasceu no ano de 385 a.C. em Estagiros, cidadezinha da Trácia 
fundada por colonos gregos no lugar onde hoje se situa Stavro, na costa setentrional 
do mar Egeu. Era ainda muito jovem quando morreu seu pai, Nicômaco, médico 
bastante famoso, neto de Esculápio. Um amigo da família, Próxeno, que morava em 
Estagiros, se encarregou de sua educação. 
Aos dezessete anos, foi para Atenas prosseguir seus estudos. Em 367, quando 
Platão retorna da Sicília e retoma seu magistério na Academia, Aristóteles aparece 
como um de seus alunos mais assíduos e se distingue por seu ardor e pela 
excepcional inteligência. Depois de alguns anos de estudo, rompe subitamente com 
Platão, mas sem cessar de testemunhar-lhe respeito e continuando a conservar do 
mestre uma grata lembrança. Permanece, no entanto, em Atenas até 347; presume-
se que teria fundado uma escola retórica que lhe valeu grande reputação. 
De 347 a 342, Aristóteles deixa Atenas. Torna-se como que um embaixador 
oficioso junto a Filipe, que acaba de subir ao trono da Macedônia e é quase seu amigo. 
Mais tarde o encontramos junto com outros alunos de Platão, como Xenócrates, na 
Eólida, junto a Hérmias, tirano de Atárnea, que seguiu seus cursos em Atenas e está 
contente por tê-lo junto a si. Permanece na corte do tirano até a morte de Hérmias, 
 
 
10 
 
que será estrangulado pelos persas. Hérmias deixa uma filha e uma sobrinha. 
Aristóteles casa-se com a sobrinha. Não se sentindo em segurança em Atárnea, parte 
para Mitilene, onde permanece até 342. 
Vai então à Macedônia, onde o chamava Filipe para lhe confiar à educação de 
seu filho Alexandre, de treze anos. O filósofo esforça-se por desenvolver nele as 
qualidades de moderação e de razão que lhe parecem essenciais para a conduta de 
um soberano. Alexandre sente por seu mestre um grande apego, que conservará até 
quando suceder a seu pai. 
Todavia, Alexandre parte em conquista da Ásia em 335, e Aristóteles considera 
que seu papel terminou. Deixa Alexandre e retorna a Atenas. O ensino de Platão na 
Academia tem sequência com Xenócrates. Aristóteles, então, abre uma escola perto 
do templo de Apolo Lício, donde o nome de escola do Liceu que lhe foi dado. 
Aristóteles expõe suas ideias enquanto passeia com seus discípulos, e é por isso que 
são chamados peripatéticos, do grego nFpínaTov, que significa “lugar de passeio". O 
ensino de Aristóteles compreende duas séries de aulas: de manhã, trata das questões 
puramente teóricas, no ensino exotérico reservado aos iniciados. 
À tarde, Aristóteles se dirige a um público mais amplo: as questões tratadas 
são mais acessíveis. A retórica ocupa um lugar importante; é o ensino exotérico. 
Durante doze anos, prossegue suas aulas, não sem publicar numerosas obras que 
abordam todos os domínios do saber humano. Com a morte de Alexandre, em 323, 
os partidários da Macedônia veem-se ameaçados de morte e de perda dos bens pelo 
partido nacional ateniense, dirigido por Demóstenes. Aristóteles, pró-macedônio, é 
acusado. Sem aguardar o julgamento que deve condená-lo, deixa Atenas e vai para 
Cálcis, na ilha de Eubéia. 
Morre ali um ano depois, em 322, aos 63 anos. Deixa dois filhos, uma menina, 
Pítia, com o nome de sua mulher, e um menino, Nicômaco, com o nome de seu pai. 
 
 
11 
 
4 ABSTRAÇÃO 
 
Fonte: 2.bp.blogspot.com 
Na filosofia, abstração é um processo (ou, para alguns, um alegado processo) 
na formação de conceitos reconhecendo um grupo de características comuns nos 
indivíduos, e tendo isso como base, forma-se um conceito desta característica. A 
noção de abstração é importante para o entendimento de algumas controvérsias 
filosóficas em relação ao empirismo e ao problema dos universais. Também se tornou 
recentemente popular na lógica formal como abstração predicada. Outra ferramenta 
filosófica para a discussão sobre abstração é espaço do pensamento. 
A Lógica de Port-Royal, resumiu a estreita relação do processo de abstração 
com a natureza do homem, dizendo: ―a limitação da nossa mente leva-nos a só 
compreender as coisas compostas quando as consideramos em suas partes e 
contemplamos as faces diversas com que elas se nos apresentam, isto é, o que se 
costuma chamar conhecer por abstração. 
A abstração é a operação mediante a qual alguma coisa é escolhida como 
objeto de percepção, atenção, observação, consideração, pesquisa, estudo, etc. e 
isolada de outras coisas. Ela é inerente a qualquer procedimento cognitivo. Segundo 
Aristóteles, o processo todo do conhecimento pode ser descrito com ela; sendo que 
 
 
12Tomás de Aquino reduz todo o conhecimento intelectual à operação de abstrações. O 
homem cria por abstração. 
É o ato de separar mentalmente um ou mais elementos de uma totalidade 
complexa (coisa, representação, fato), os quais só mentalmente podem subsistir fora 
dessa totalidade. (cf.: Aurélio). 
5 SILOGISMO 
 
Fonte: cdn.slidesharecdn.com 
Um silogismo (do grego antigo, "conexão de ideias", "raciocínio"; composto 
pelos termos σύν "com" e λογισμός "cálculo") é um termo filosófico com o qual 
Aristóteles designou a argumentação lógica perfeita, constituída de três proposições 
declarativas que se conectam de tal modo que a partir das primeiras duas, chamadas 
premissas, é possível deduzir uma conclusão. A teoria do silogismo foi exposta por 
Aristóteles em Analíticos anteriores. 
Num silogismo, as premissas são um ou dois juízos que precedem a conclusão 
e dos quais ela decorre como consequente necessário dos antecedentes, dos quais 
se infere a consequência. Nas premissas, o termo maior (predicado da conclusão) e 
 
 
13 
 
o termo menor (sujeito da conclusão) são comparados com o termo médio, e assim 
temos a premissa maior e a premissa menor segundo a extensão dos seus termos. 
Um exemplo clássico de silogismo é o seguinte: 
 Todo homem é mortal. 
 Sócrates é homem. 
 Logo, Sócrates é mortal. 
6 SÓCRATES 
Sócrates nasceu em Atenas, provavelmente no ano de 470 aC, e tornou-se um 
dos principais pensadores da Grécia Antiga. Podemos afirmar que Sócrates fundou o 
que conhecemos hoje por filosofia ocidental. Foi influenciado pelo conhecimento de 
outro importante filósofo grego: Anaxágoras. Seus primeiros estudos e pensamentos 
discorrem sobre a essência da natureza da alma humana. 
Sócrates era considerado pelos seus contemporâneos um dos homens mais 
sábios e inteligentes. Em seus pensamentos, demonstra uma necessidade grande de 
levar o conhecimento para os cidadãos gregos. Seu método de transmissão de 
conhecimentos e sabedoria era o diálogo. Através da palavra, o filósofo tentava levar 
o conhecimento sobre as coisas do mundo e do ser humano. 
Conhecemos seus pensamentos e ideias através das obras de dois de seus 
discípulos: Platão e Xenofontes. Infelizmente, Sócrates não deixou por escrito seus 
pensamentos. 
Sócrates não foi muito bem aceito por parte da aristocracia grega, pois defendia 
algumas ideias contrárias ao funcionamento da sociedade grega. Criticou muitos 
aspectos da cultura grega, afirmando que muitas tradições, crenças religiosas e 
costumes não ajudavam no desenvolvimento intelectual dos cidadãos gregos. 
 
 
14 
 
 
Fonte: upload.wikimedia.org 
Em função de suas ideias inovadoras para a sociedade, começa a atrair a 
atenção de muitos jovens atenienses. Suas qualidades de orador e sua inteligência, 
também colaboraram para o aumento de sua popularidade. Temendo algum tipo de 
mudança na sociedade, a elite mais conservadora de Atenas começa a encarar 
Sócrates como um inimigo público e um agitador em potencial. Foi preso, acusado de 
pretender subverter a ordem social, corromper a juventude e provocar mudanças na 
religião grega. Em sua cela, foi condenado a suicidar-se tomando um veneno 
chamado cicuta, em 399 AC. 
6.1 Algumas frases e pensamentos atribuídos ao filósofo Sócrates: 
- A vida que não passamos em revista não vale a pena viver. 
- A palavra é o fio de ouro do pensamento. 
- Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância. 
- É melhor fazer pouco e bem, do que muito e mal. 
- Alcançar o sucesso pelos próprios méritos. Vitoriosos os que assim procedem. 
- A ociosidade é que envelhece, não o trabalho. 
 
 
15 
 
 
Fonte: www.voltemosadireita.com.br 
- O início da sabedoria é a admissão da própria ignorância. 
- Chamo de preguiçoso o homem que podia estar melhor empregado. 
- Há sabedoria em não crer saber aquilo que tu não sabes. 
- Não penses mal dos que procedem mal; pense somente que estão 
equivocados 
- O amor é filho de dois deuses, a carência e a astúcia. 
- A verdade não está com os homens, mas entre os homens. 
- Quatro características deve ter um juiz: ouvir cortesmente, responder 
sabiamente, ponderar prudentemente e decidir imparcialmente. 
- Quem melhor conhece a verdade é mais capaz de mentir. 
- Sob a direção de um forte general, não haverá jamais soldados fracos. 
- Todo o meu saber consiste em saber que nada sei. 
- Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo de Deus. 
7 A FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA 
A Filosofia contemporânea (ou pós-moderna) é a Filosofia que se encontra no 
período histórico do final do século XIX até os dias de hoje. Caracteriza-se por uma 
visão crítica frente a moral, à religião e a ciência. Assim, os filósofos pós-modernos 
procuram criticar as bases morais da sociedade ocidental, questionar o cristianismo e 
 
 
16 
 
os abusos da Ciência. Há, também, uma crítica especialmente forte quanto à Política, 
que sofreu tantas reviravoltas nesse período no Ocidente. 
 
 
Fonte: aopensar.zip.net 
Uma das correntes filosóficas dessa época é o Idealismo. Explicaremos sobre 
essa abaixo: 
8 IDEALISMO 
O Idealismo é uma corrente filosófica que emergiu apenas com o advento da 
modernidade, uma vez que a posição central da subjetividade é fundamental na 
modernidade. Seu oposto é o materialismo. 
Tendo suas origens a partir da revolução filosófica iniciada por Descartes, 
associada a Kant até Hegel, que seria talvez o último grande idealista da modernidade. 
Muitos, ainda, acreditam que a teoria das ideias de Platão é historicamente a primeira 
dos idealismos, em que a verdadeira realidade está no mundo das ideias, das formas 
inteligíveis, acessíveis apenas à razão. 
 
 
17 
 
 
Fonte: encrypted-tbn2.gstatic.com 
8.1 Definição de idealismo 
É muito difícil resumir o pensamento idealista, uma vez que há divergências de 
perspectivas teóricas entre os filósofos idealistas. De todo modo, podemos considerar 
o primado do Eu subjetivo como central em todo idealismo, o que não significa 
necessariamente reduzir a realidade ao pensamento. Assim, na filosofia idealista, o 
postulado básico é que Eu sou Eu, no sentido de que o Eu é objeto para mim (Eu). 
Ou seja, a velha oposição entre sujeito e objeto se revela no idealismo como incidente 
no interior do próprio eu, uma vez que o próprio Eu é o objeto para o sujeito (Eu). 
 
 
18 
 
 
Fonte: upload.wikimedia.org 
8.2 Ideias básicas do Idealismo 
1. Qualquer teoria filosófica em que o mundo material, objetivo, exterior só pode 
ser compreendido plenamente a partir de sua verdade espiritual, mental ou subjetiva. 
Seus opostos seriam representados pelo realismo ('na filosofia moderna') e 
materialismo; 
1.1 No sentido ontológico, doutrina filosófica, cujo exemplo mais conhecido é o 
platonismo, segundo a qual a realidade apresenta uma natureza essencialmente 
espiritual, sendo a matéria uma manifestação ilusória, aparente, incompleta, ou mera 
imitação imperfeita de uma matriz original constituída de formas ideais inteligíveis e 
intangíveis; 
1.2. No sentido epistemológico, tal como ocorre no kantismo, teoria que considera o 
sentido e a inteligibilidade de um objeto de conhecimento dependente do sujeito que 
o compreende, o que torna a realidade cognoscível heterônoma, carente de 
autossuficiência, e necessariamente redutível aos termos ou formas ideais que 
caracterizam a subjetividade humana; 
 
 
19 
 
1.3 no âmbito prático, cujo exemplo mais notório é o da ética kantiana, doutrina que 
supõe o caráter fundamental dos ideais de conduta como guias da ação humana, a 
despeito de uma possível ausência de exequibilidade integral ou verificabilidade 
empírica em tais prescrições morais. 
2. Propensão a idealizar a realidade ou a deixar-se guiar mais por ideais do que por 
considerações práticas; 
3. Teoria ou prática que valoriza mais a imaginação do que a cópia fiel da natureza. 
Seu oposto seria o realismo.Idealismo absoluto: Doutrina idealista inerente ao hegelianismo, 
caracterizada pela suposição de que a única realidade plena e concreta é de natureza 
espiritual, sendo a compreensão materialística ou sensível dos objetos um estágio 
pouco evoluído e superável no paulatino desenvolvimento cognitivo da subjetividade 
humana. 
Idealismo dogmático: Idealismo, especialmente o berkelianismo, que se 
caracteriza por negar a existência dos objetos exteriores à subjetividade humana 
[Termo cunhado pelo filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) para designar uma 
orientação idealista com a qual não concorda.]. Seu oposto seria o idealismo 
transcendental. 
Idealismo imaterialista: Idealismo defendido por Berkeley (1685-1753) que, 
partindo de uma perspectiva empirista, na qual a realidade se confunde com aquilo 
que dela se percebe, conclui que os objetos materiais se reduzem a ideias na mente 
de Deus e dos seres humanos; berkelianismo, imaterialismo. 
Idealismo transcendental (também chamado formal ou crítico): Doutrina 
kantiana, segundo a qual os fenômenos da realidade objetiva, por serem incapazes 
de se mostrar aos homens exatamente tais como são, não aparecem como coisas-
em-si, mas como representações subjetivas construídas pelas faculdades humanas 
de cognição. Seu oposto seria o idealismo dogmático. 
 
 
20 
 
9 RENÉ DESCARTES: UMA BREVE BIOGRAFIA 
 
Fonte: encrypted-tbn3.gstatic.com 
Uma personalidade dominante da história intelectual ocidental, René Descartes 
foi um filósofo, fisiologista e matemático francês, nascido em 31 de março de 1596, 
em La Haye, na província de Touraine. Ele foi um contemporâneo de Galileu e Pascal 
e, portanto, trabalhou sob as mesmas influências religiosas repressoras da Inquisição. 
Cedo em sua vida, pouco após ter se alistado no exército, em 1617, Descartes 
descobriu que tinha talento para matemática, de modo que ele passou a maior parte 
de seus anos militares e subsequentes (ele pediu demissão quatro anos mais tarde) 
estudando matemática pura, especialmente geometria analítica, que se tornou o 
campo ao qual fez suas maiores contribuições. Em 1626 ele se estabeleceu em Paris, 
mas foi persuadido a mudar-se para a Holanda em 1628, país que estava, então, no 
auge do seu poder. Ali ele morou e trabalhou pelos próximos 20 anos, devotando seu 
tempo e esforços ao estudo da matemática e filosofia, na perseguição da verdade. Em 
1649, foi convidado para ser professor da Rainha Cristina da Suécia, mudando-se 
para Estocolmo, mas morreu poucos meses após chegar, de pneumonia aguda, em 
11 de fevereiro de 1650. 
Os trabalhos de Descartes em filosofia e ciência foram publicados em cinco 
livros: Le Monde (O Mundo), uma tentativa de descrever o universo físico, o Discours 
 
 
21 
 
de la Méthode Pour Bien Conduire Sa Raison et Chercher La Vérité Dans Les 
Sciences (Discurso sobre o Método de Bem Conduzir sua Razão e Procurar a Verdade 
nas Ciências), seu trabalho mais importante; Meditationes, um sumário de suas ideias 
filosóficas em epistemologia, Principia Philosophiae (Princípios da Filosofia), cuja 
maior parte foi devotada à física, especialmente as leis do movimento, e Les Passions 
de L'ame (As Paixões da Alma), sua mais importante contribuição à fisiologia e à 
psicologia. As contribuições de Descartes à física foram feitas principalmente na 
óptica, mas ele escreveu extensamente sobre muitos outros temas, incluindo biologia, 
cérebro e mente. Ele não foi um experimentalista, no entanto. 
O esteio da filosofia de Descartes pode ser resumida por sua famosa frase em 
latim: Cogito, ergo sum (penso, logo existo). Ele foi o primeiro a levantar a doutrina do 
dualismo corpo/mente, a propor uma sede física para a mente, e a maneira como ela 
se inter-relaciona com o corpo. Portanto, ele discutiu temas importantes para as 
neurociências, que vieram a dominar os quatro séculos seguintes, tais como a ação 
voluntária e involuntária, os reflexos, consciência, pensamento, emoções, e assim por 
diante. 
10 DEUS, A CIÊNCIA E O LIVRE-ARBÍTRIO. 
Para Descartes, o Deus criador transcende radicalmente a natureza. Deus Foi 
"inteiramente indiferente ao criar as coisas que criou". Não se submeteu a nenhuma 
verdade prévia. Em virtude do poder de seu livre-arbítrio, criou as verdades. Eis por 
que Deus quer que a soma dos ângulos de um triângulo seja igual a dois ângulos 
retos. 
Acrescentemos que, para Descartes, Deus criou o mundo instante por instante 
(é a "criação contínua"). O tempo é descontínuo e a natureza não tem nenhum poder 
próprio. As leis da natureza só são o que são a cada momento, em virtude da vontade 
do criador. É importante compreender que essa transcendência radical de Deus 
possui duas consequências fundamentais. O livre-arbítrio humano e a independência 
da ciência. 
1. - O homem não é uma parte de Deus. A transcendência do criador afasta 
qualquer panteísmo. O homem, simples criatura ultrapassada por seu criador 
(concebo Deus porque descubro em mim a marca de sua infinitude, mas não o 
 
 
22 
 
compreendo), recebo, assim, uma autonomia que será perdida no sistema panteísta 
de Spinoza. O homem é livre, pode dizer sim ou não às ordens de Deus. É certo que, 
na Quarta Meditação, Descartes fala da liberdade esclarecida, dessa liberdade que 
não pode tratar da verdade ou do bem, dessa liberdade que é antes um estado de 
libertação do que uma decisão pura, situada além de todas as razões. Mas nos 
Princípios e sobretudo nas cartas ao Pe. Mesland, de 2 de maio de 1644 e 9 de 
fevereiro de 1645, Descartes afirma radicalmente o livre-arbítrio, o poder de recusar a 
Verdade e o Bem até mesmo na presença da evidência que se manifesta. Esses 
textos esclarecem a teoria do juízo presente na Quarta meditação. O entendimento 
concebe a verdade e é a vontade que dá as costas a ou afirma essa verdade. Deus 
propõe e o homem, por intermédio de seu livre-arbítrio, dispõe. Desse modo, Deus 
não é o culpado dos meus erros nem dos meus pecados. Sou eu que me engano, sou 
eu que peco. Meu livre-arbítrio me faz merecedor ou culpado. 
2. - Do mesmo modo, a transcendência de Deus vai tornar possível uma ciência 
puramente racional e mecanicista da natureza. 
a) A natureza, segundo Descartes, não possui dinamismo próprio. Todo 
dinamismo pertence ao criador. Na medida em que a natureza é despojada de toda 
profundidade metafísica, Descartes pode eliminar as noções aristotélicas e medievais 
de forma, alma, ato e potência. Toda finalidade desaparece e a natureza é reduzida a 
um mecanicismo inteiramente transparente para a linguagem matemática. A natureza 
nada tem de divino, é um objeto criado, situado no mesmo plano da inteligência 
humana, e, por conseguinte, inteiramente entregue à sua exploração. Isto consiste, 
ao mesmo tempo, na rejeição de todo naturalismo pagão (a natureza não é uma 
deusa) e na fundamentação metafísica do racionalismo científico. 
b) nem tudo tem o mesmo valor na obra científica de Descartes. Se sua ótica e 
suas considerações sobre a expressão algébrica das curvas (ele é, juntamente com 
Fermat, o inventor da geometria analítica) constituem incontestável contribuição 
científica, sua física (dada, aliás, mais como uma possibilidade racional do que como 
a verdade certa) não passa de um romance. Mas o espírito dessa física e da fisiologia 
cartesiana - que não passa de um capítulo da física - nada mais é do que o espírito 
do mecanicismo. Quando Descartes declara que os animais são máquinas, ele coloca, 
em princípio, que é possível explicar as funções fisiológicas por intermédio de 
mecanismos semelhantes àqueles que fazem mover os autômatos que vemos "nos 
Kezia
Máquina de Escrever
existência de algo palpável
 
 
23 
 
jardins de nossos reis". O detalhe das explicações não passa de um sonho. Mas a 
direção tomada é a ciência moderna. Para Descartes, o mundo físico não possui 
mistérios. As coisas se determinam reciprocamente(leis do choque), por contato 
direto, num espaço em que não existe o vazio. 
11 O PROBLEMA DO HOMEM: A MORAL 
1. - No Discurso sobre o Método, Descartes adota uma moral provisória - pois 
a ação não pode esperar que a filosofia cartesiana engendrasse uma nova moral. 
Recordemos seus três preceitos: 
a) Submeter-se aos usos e costumes de seu país. 
b) Antes mudar os próprios desejos que a ordem do mundo e vencer-se a si 
próprio do que à fortuna. 
c) Ser sempre firme e resoluto em suas ações; saber decidir-se mesmo na 
ausência de toda evidência, à semelhança do viajante perdido na floresta que, ao 
invés de ficar fazendo voltas, adota uma direção qualquer e nela se mantém! (O 
cartesianismo, antes de ser uma filosofia da inteligência, é uma filosofia da vontade). 
2. - É certo que a moral definitiva de Descartes não apresenta uma unidade 
perfeita. Influências estoicas, epicuristas e cristãs estão presentes nela. Mas, na 
realidade, essa complexidade reflete a própria complexidade da condição humana. 
No plano das ideias claras e distintas, Descartes separa claramente as duas 
substâncias, alma e corpo: a essência da alma é pensar; a do corpo é ser um objeto 
no espaço. E, no entanto, o pensamento está preso a esse fragmento de extensão. A 
alma age sobre o corpo e este age sobre ela. (Para Descartes, o ponto de aplicação 
da alma ao corpo é a glândula pineal, isto é, a epífise.) Mas isso não esclarece a união 
da alma e do corpo, que é um fato de experiência, puramente vivido e ininteligível. 
Na medida em que Descartes considera o homem no que ele tem de essencial, 
enquanto espírito, ou quando se ocupa do composto humano, sua moral assume 
aspectos diferentes: 
a) Consideremos o homem enquanto espírito, enquanto liberdade: o valor 
supremo é a generosidade. "A verdadeira generosidade que faz com que um homem 
se estime, no ponto máximo em que ele pode legitimamente estimar-se, consiste, em 
parte, na consciência de que nada lhe pertence verdadeiramente, exceto essa livre 
 
 
24 
 
disposição de suas vontades... e em parte no sentimento de uma firme e constante 
resolução de bem usá-la, isto é, de nunca lhe faltar vontade para empreender e 
executar todas as coisas que julgar melhores, o que é seguir a virtude perfeitamente". 
b) Se considerarmos o homem enquanto espírito unido a um corpo, somos 
obrigados a levar em conta as paixões, isto é, a afetividade em sentido amplo. Paixão 
é, para Descartes, tudo o que o corpo determina na alma. E Ele, que nada tem de 
asceta, acha que devemos antes dominá-las do que desenvolvê-las. Isso porque ele 
se coloca do ponto de vista da felicidade. O bom funcionamento do corpo, as ligações 
harmoniosas entre os espíritos animais e os pensamentos humanos são altamente 
desejáveis. A moral surge, então, como uma técnica de felicidade e, nessa técnica, a 
medicina desempenha importante papel. A moral surge aqui como uma aplicação 
direta ao mecanicismo cartesiano. 
12 UTILITARISMO 
Em Filosofia, o utilitarismo é uma doutrina ética que prescreve a ação (ou 
inação) de forma a aperfeiçoar o bem-estar do conjunto dos seres envolvidos. O 
utilitarismo é então uma forma de consequencialismo, ou seja, ele avalia uma ação 
(ou regra) unicamente em função de suas consequências. 
 
 
Fonte: 2.bp.blogspot.com 
 
 
25 
 
Filosoficamente, pode-se resumir a doutrina utilitarista pela frase: Agir sempre 
de forma a produzir a maior quantidade de bem-estar (Princípio do bem-estar 
máximo). 
Trata-se então de uma moral eudemonista, mas que, ao contrário do egoísmo, 
insiste no fato de que devemos considerar o bem-estar de todos e não o de uma única 
pessoa. 
Antes de quaisquer outros, foram Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart 
Mill (1806-1873) que sistematizaram o princípio da utilidade e o aplicaram a 
questões concretas – sistema político, legislação, justiça, política econômica, 
liberdade sexual, emancipação feminina, etc. 
Em Economia, o utilitarismo pode ser entendido como um princípio ético no 
qual o que determina se uma decisão ou ação é correta, é o benefício intrínseco 
exercido à coletividade, ou seja, quanto maior o benefício coletivo, tanto melhor a 
decisão ou ação. 
13 PRINCÍPIO DA UTILIDADE 
John Stuart Mill foi um dos filósofos que se debruçaram sobre o princípio da 
utilidade. Bentham expõe o conceito central da utilidade no primeiro capítulo do livro 
Introduction to the Principles of Morals and Legislation (―Introdução aos princípios da 
moral e legislação‖), da seguinte forma: 
― Por princípio da utilidade, entendemos o princípio segundo o qual toda ação, 
qualquer que seja, deve ser aprovada ou rejeitada em função de sua tendência de 
aumentar ou reduzir o bem-estar das partes afetadas pela ação. (...) Designamos por 
utilidade a tendência de alguma coisa em alcançar o bem-estar, o bem, o belo, a 
felicidade, as vantagens, etc. “O conceito de utilidade não deve ser reduzido ao 
sentido corrente de modo de vida com um fim imediato". 
 
 
26 
 
 
Fonte: upload.wikimedia.org 
13.1 Perspectiva moral e política: Características gerais 
O utilitarismo, concebido como um critério geral de moralidade pode e deve 
ser aplicado tanto às ações individuais quanto às decisões políticas, tanto no domínio 
econômico quanto nos domínios sociais ou judiciários. O Utilitarismo é um tipo de ética 
normativa -- com origem nas obras dos filósofos e economistas ingleses do século 
XVIII e XIX, Jeremy Bentham e John Stuart Mill, -- segundo a qual uma ação é 
moralmente correta se tende a promover a felicidade e condenável se tende a produzir 
a infelicidade, considerada não apenas a felicidade do agente da ação, mas também 
a de todos os afetados por ela. 
O utilitarismo rejeita o egoísmo, opondo-se a ideia de que o indivíduo deva 
perseguir seus próprios interesses, mesmo à custa dos outros, e se opõe também a 
qualquer teoria ética que considere ações ou tipos de atos como certos ou errados 
independentemente das consequências que eles possam ter. 
O utilitarismo assim difere radicalmente das teorias éticas que fazem o caráter 
de bom ou mal de uma ação depender do motivo do agente porque, de acordo com o 
 
 
27 
 
Utilitarismo, é possível que uma coisa boa venha a resultar de uma motivação ruim no 
indivíduo. 
Antes, porém, desses dois autores darem forma ao Utilitarismo, o pensamento 
utilitarista já existia, inclusive na filosofia antiga, principalmente no de Epicuro e seus 
seguidores na Grécia antiga. E na Inglaterra, alguns historiadores indicam o Bispo 
Richard Cumberland, um filósofo moralista do século XVII, como o primeiro a 
apresentar uma filosofia utilitarista. Uma geração depois, Francis Hutcheson, com sua 
teoria do "sentido interior da moralidade" ("moral sense") manteve uma posição 
utilitarista mais clara. Ele cunhou a frase utilitarista de que "a melhor ação é a que 
busca a maior felicidade para o maior número de indivíduos". Também propôs uma 
forma de "aritmética moral" para cálculo da melhor consequência possível. David 
Hume tentou analisar a origem das virtudes em termos de sua contribuição útil. 
O próprio Bentham disse haver descoberto o "princípio de utilidade" nos 
escritos de vários pensadores do século XVIII como Joseph Priestley, um clérigo 
dissidente famoso por haver descoberto o oxigênio, e Claude-Adrien Helvétius, autor 
de uma filosofia de meras sensações, de Cesare Beccaria, jurista italiano, e de David 
Hume. Helvétius foi posterior a Hume e deve ter conhecido seu pensamento, e 
Beccária o de Helvétius. 
Outro apoio ao Utilitarismo é o de natureza teológica, devido a John Gay, um 
filósofo estudioso da Bíblia que argumentava que fazer a vontade de Deus era o único 
critério de virtude, mas que, devido à bondade divina, ele concluía que Deus desejava 
que o homem promovesse a felicidade humana. 
Bentham, que aparentemente acreditava que o indivíduo, no governo de seus 
atos iria semprebuscar maximizar seu próprio prazer e minimizar seu sofrimento, 
colocou no prazer e na dor ambos a causa das ações humanas e as bases de um 
critério normativo da ação. 
À arte de alguém governar suas próprias ações, Bentham chamou "ética 
particular". Neste caso a felicidade do agente é o fator determinante; a felicidade dos 
outros governa somente até o ponto em que o agente é motivado por simpatia, 
benevolência, ou interesse na boa vontade e opinião favorável dos outros. 
Para Bentham, a regra de se buscar a maior felicidade possível para o maior 
número possível de pessoas devia ter papel primordial na arte de legislar, na qual o 
legislador buscaria maximizar a felicidade da comunidade inteira criando uma 
 
 
28 
 
identidade de interesses entre cada indivíduo e seus companheiros. Aplicando penas 
por atos mal-intencionados, o legislador seria prejudicial para um homem que 
causasse danos ao seu vizinho. O trabalho filosófico mais importante de Bentham, An 
Introduction to the Principles of Morals and Legislation ("Uma introdução aos princípios 
de moral e legislação"), de 1789, foi pensado como uma introdução a um projeto de 
Código Penal. 
Jeremy Bentham atraiu jovens intelectuais como discípulos, entre eles o 
economista David Ricardo, James Mill e o jurista John Austin. Mais tarde John Stuart 
Mill, filho de James Mill, defendia o voto feminino, a educação paga pelo Estado para 
todos, e outras propostas radicais para sua época, com base na visão utilitarista de 
que tais medidas eram essenciais à felicidade e bem-estar de todos, assim como 
também a liberdade de expressão e a não interferência do governo quando o 
comportamento individual não afetasse as outras pessoas. Seu ensaio "Utilitarianism," 
publicado no Fraser's Magazine (1861), é citado como uma elegante defesa da 
doutrina Utilitarista e considerada ser ainda a melhor introdução ao assunto, 
apresentando o Utilitarismo como uma ética tanto para o comportamento do indivíduo 
comum quanto para a legislação social. 
14 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA SOCIOLOGIA 
 
Fonte: www.colegioweb.com.br 
 
 
29 
 
14.1 Um conceito básico da sociologia: cultura 
O ser humano, para se manter vivo, independentemente de seu contexto 
cultural, precisa satisfazer uma série de determinadas funções vitais. Estas funções 
são comuns a todos os indivíduos da sociedade, pois fazem parte de uma 
necessidade biológica do organismo, mas a maneira de satisfazê-las varia de uma 
cultura para outra. Não precisamos pensar para realizá-las, elas se sobrepõem à 
nossa vontade. Estas funções vitais são chamadas de instinto. Os animais são 
formados apenas por traços instintivos. Independentemente do local onde eles forem 
criados, eles agirão do mesmo jeito. Não importa se um cachorro for criado entre 
gatos, ele continuará a agir como um cachorro. Veja a tabela abaixo: 
 
INSTINTO CULTURA 
 Nascemos aptos a realizar esta 
característica por vezes é uma 
necessidade biológica. 
 Aprendemos com as 
Instituições Sociais. 
 Seres Humanos e animais 
possuem. 
 Apenas os seres humanos 
possuem. 
 O indivíduo não tem como 
escolher ou optar. 
 O indivíduo tem escolha, cabe 
exceção. 
 É igual em todas as sociedades.  Varia conforme a sociedade. 
 
No entanto, os comportamentos humanos não são biologicamente 
determinados. A sua herança genética nada tem a ver com suas ações e 
pensamentos, pois todos os seus atos dependem inteiramente de um processo de 
aprendizado. O ser humano, e consequentemente a forma (ensinado). Todos nós 
somos herdeiros de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a 
experiência adquiridos pelas numerosas gerações que nos antecederam. 
Todo este complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, 
costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelos seres humanos 
como membro de uma sociedade é chamado de cultura. Todas as possibilidades de 
realização humanas, sendo todas aprendidas pelo ser humano independem de uma 
transmissão genética. O ser humano é o único ser capaz de produzir cultura. 
 
 
30 
 
A cultura é sempre dinâmica, ou seja, vai se transformando ao longo do tempo, 
assim como nós vamos mudando nossa forma de pensar conforme a cultura de nossa 
sociedade vai mudando. 
14.2 O que são as Ciências Sociais? 
Denominamos Ciências Sociais o conjunto de conhecimentos que nos permite 
pesquisar e estudar os comportamentos sociais, ou seja, o objeto de estudo das 
Ciências Sociais é o comportamento social humano. Assim, podemos dizer que se 
trata do estudo sistemático do comportamento social do ser humano. 
14.3 De que se ocupam as Ciências Sociais 
As Ciências Sociais foram às últimas a se constituírem. São, portanto, as mais 
jovens. Enquanto a Biologia, a Química e a Física existiam já no século XVII, ou 
mesmo um pouco antes, as Ciências Sociais só vieram se estabelecer como ciência, 
com um objeto de estudo definido e com um método próprio, na virada do século XIX 
para o século XX. 
Enquanto a Biologia, por exemplo, se preocupa em compreender o fenômeno 
da vida e em catalogar suas diversas formas, a preocupação das Ciências Sociais 
(Antropologia, Ciência Política e Sociologia) é identificar e compreender as relações 
que se tecem entre os seres humanos na sua existência concreta, isto é, as relações 
sociais - relações políticas, culturais, econômicas, religiosas, de transmissão de 
conhecimentos, etc. Desse modo, ao se perguntar o que estuda as Ciências Sociais, 
podemos responder: elas estudam as relações sociais. Para o ser humano do nosso 
tempo, a formação científica é fundamental para compreender e para poder intervir 
em seu meio. Ou seja, é fundamental conhecer a Biologia, a Física, a Química, a 
Matemática, mas o conhecimento das relações sociais, construído pelas Ciências 
Sociais, não é menos fundamental. Isto porque a sociedade está em permanente 
construção, precisando constantemente de nossa intervenção. E a gente só pode 
intervir naquilo que conhece. Caso contrário, é intervenção cega e esta pode nos levar 
aonde não queremos ir. 
 
 
31 
 
As Ciências Sociais se interessam por explicar como as sociedades funcionam, 
como está distribuído o poder, qual o papel das várias instituições, como os grupos se 
formam e para quê, o que a sociedade produz para a sobrevivência dos homens e 
como produz, o que faz uma sociedade diferente de outra, quais as ideias que 
cimentam essa sociedade, que transformações sociais as transformações técnicas 
engendram, etc., etc. Tudo isso são assuntos que dizem respeito às Ciências Sociais. 
O trabalho do sociólogo, do antropólogo e do cientista político ajuda a tornar 
mais racional à ação humana e mais equilibrado o convívio entre os seres humanos. 
14.4 Áreas de concentração 
Devido à complexidade inerente ao estudo do comportamento social humano 
em suas várias dimensões, as Ciências Sociais apresentam-se agrupadas em áreas 
de concentração ou disciplinas. A saber: 
 Antropologia – Ocupa-se do estudo e pesquisa das semelhanças e diferenças 
culturais entre os agrupamentos humanos, preocupa-se também com a origem 
e evolução das culturas. Atualmente, a maioria dos trabalhos nesta área, 
aponta para a necessidade de compreensão da diversidade cultural existente 
nas sociedades industriais. São ainda objetos de estudos da Antropologia, os 
tipos de organização familiar, as religiões, a magia, as gangues de rua, etc. 
 Ciência Política – Compreender como se distribui o poder na sociedade, assim 
como, entender a formação e o desenvolvimento das diversas formas de 
governo, além dos mecanismos eleitorais e partidos políticos são algumas das 
preocupações de que se ocupa a Ciência Política. 
 Sociologia – Como já dissemos anteriormente, trata-se da ciência que estuda 
as relações sociais e as formas de associação, considerando as interações que 
ocorrem na vida cotidiana; abrange, portanto, estudosrelativos aos grupos e 
camadas sociais, aos processos de cooperação, competição e conflitos na 
sociedade. 
Conhecer e entender (sobre a Sociologia) é preciso! A Sociologia não é 
redentora ou solucionadora dos males sociais, ou dos problemas intelectuais das 
pessoas. Ela surge como uma ciência que vai fornecer novas visões sobre a 
 
 
32 
 
sociedade. Sua contribuição está no fato de nos dar referenciais para refletirmos sobre 
as sociedades. 
15 O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA 
15.1 Como tudo começou! 
Apesar de a ciência sociológica ser considerada nova, pois ela se consolidou 
por volta do século XIX, à angústia de se entender as sociedades, por sua vez, não é 
tão nova assim. Se olharmos para a Grécia Antiga, vamos ver que lá já havia o desejo 
de se entender a sociedade. No século V a.C, havia uma corrente filosófica, chamada 
sofista, que começava a dar mais atenção para os problemas sociais e políticos da 
época. Porém, não foram os gregos os criadores da Sociologia. Mas foram os gregos 
que iniciaram o pensamento crítico filosófico. 
Eles criaram a Filosofia (que significa amor ao conhecimento) e que, por sua 
vez, foi um impulso para o surgimento daquilo que chamamos, hoje, de ciência, a qual 
se consolidaria a partir dos séculos XVI e XVII, sendo uma forma de interpretação dos 
acontecimentos da sociedade mais distanciada das explicações míticas. Foram com 
os filósofos gregos Platão (427-347 a.C) e Aristóteles (384-322 a.C), que surgiram os 
primeiros passos dos trabalhos mais reflexivos sobre a sociedade. Platão foi defensor 
de uma concepção idealista e acreditava que o aspecto material do mundo seria um 
tipo de fruto imperfeito das ideias universais, as quais existem por si mesmas. 
Aristóteles já mencionava que o homem era um ser que, necessariamente, 
nasce para estar vivendo em conjunto, isto é, em sociedade. No seu livro chamado 
Política, no qual consta um estudo dos diferentes sistemas de governo existentes, 
percebesse o seu interesse em entender a sociedade. 
15.2 Já na Idade Média... 
Séculos mais tarde, no período chamado de Idade Média (que vai do século V 
ao XV, mas exatamente entre os anos 476 a 1453), houve, segundo os renascentistas 
(que vamos conhecer mais à frente), um período de “trevas” quanto à maneira de ver 
 
 
33 
 
o mundo. Segundo eles, havia um prevalecer da fé, onde os campos mítico e religioso, 
tendiam a oferecer as explicações mais viáveis para os fatos do mundo. 
Na Europa Medieval, esse predomínio religioso foi da Igreja Católica. Tal 
predomínio da fé, de certo modo, e segundo os humanistas renascentistas, asfixiava 
as tentativas de explicações mais especulativas e racionais (científicas) sobre a 
sociedade. Não cumprir uma regra ou lei estabelecida pela sociedade, poderia ser 
entendido como um pecado, tamanha era a mistura entre a vida cotidiana e a esfera 
sobrenatural. 
É claro que se olharmos a Idade Média somente pela ótica dos renascentistas 
ela pode ficar com uma “cara meio tenebrosa”. Na verdade, ela também foi um período 
muito rico para a história da humanidade, importante, inclusive, para a formação da 
nossa casa, o mundo ocidental. Vale à pena conhecermos um pouco mais sobre essa 
história. E, na continuidade da história... 
15.3 Tudo caminhava para o uso da razão 
O predomínio, na organização das relações sociais, dos princípios religiosos 
durou até pelos menos o século XV. Mas já no século XIV começava a acontecer uma 
renovação cultural. Era o início do período conhecido por Renascimento. 
Os renascentistas, com base naquilo que os gregos começaram, isto é, a 
questionar o mundo de maneira reflexiva, rejeitavam tudo aquilo que seria parte da 
cultura medieval, presa aos moldes da igreja, no caso, a Católica. O renascimento 
espalhou-se por muitas partes da Europa e influenciava a arte, a ciência, a literatura 
e a filosofia, defendendo, sempre, o espírito crítico. Nesse tempo, começaram a 
aparecer homens que, de forma mais realista, começavam a investigar a sociedade. 
A exemplo disso temos Nicolau Maquiavel (1469-1527) que, em sua obra intitulada de 
O Príncipe, faz uma espécie de manual de guerra para Lorenzo de Médici. Ali comenta 
como o governante pode manipular os meios para a finalidade de conquistar e manter 
o poder em suas mãos. 
Obras como estas davam um novo olhar para sociedade, olhar pelo qual, 
através da razão os homens poderiam dominar a sociedade, longe das influências 
divinas. Era a doutrina do antropocentrismo ganhando força. O homem passava a ser 
visto como o centro de tudo, inclusive do poder de inventar e transformar o mundo 
 
 
34 
 
pelas suas ações. Além de Maquiavel, outros autores renascentistas, como Francis 
Bacon (1561-1626), filósofo e criador do método científico conhecido por 
experimental, ajudavam a dar impulso aos tempos de domínio da ciência que se 
iniciavam. 
15.4 Não perdendo de vista... 
Estamos contando tudo isso para que você perceba que nem sempre as 
pessoas puderam contar com a ciência para entender o mundo, sobretudo o social, 
que é o queremos compreender. Dessa maneira, muitas pessoas no passado, ficaram 
‘presas’ principalmente, àquelas explicações a respeito da realidade que eram 
baseadas na tradição, em mitos antigos ou em explicações religiosas. 
15.5 O Iluminismo 
Já no século XVIII, houve um momento na Europa, chamado de Iluminismo, 
que começou na Inglaterra e na França, mas que posteriormente espalhou-se por todo 
o continente em que a ideia de valorizar a ciência e a racionalidade no entendimento 
da vida social tornou-se ainda mais forte. 
Uma característica das ideias do Iluminismo era o combate ao Estado absoluto, 
ou absolutismo, que começou a surgir na Europa ainda no final da Idade Média, no 
século XV, em que o rei concentrava todo o poder em suas mãos e governava sendo 
considerado um representante divino na terra, uma voz de Deus, a qual até a igreja, 
não raramente, se sujeitava. 
Com a ciência ganhando força, era, digamos, inviável o fato de voltar a pensar 
a vida e a organização social por vias que não levassem em conta as considerações 
da ciência em debate com as de fundo religioso. Como por exemplo, imaginar os 
governantes como sendo representantes sobrenaturais. 
Nesse período, a continuada consolidação da reflexão sistemática sobre a 
sociedade foi ajudada por autores como Voltaire (1694-1778), filósofo que defendia a 
razão e combatia o fanatismo religioso; Jean- Jacques Rousseau (1712-1778), que 
estudou sobre as causas das desigualdades sociais e defendia a democracia; 
Montesquieu (1689-1755), que criticava o absolutismo, e defendia a criação de 
 
 
35 
 
poderes separados (legislativo, judiciários e executivo), os quais dariam maior 
equilíbrio ao Estado, uma vez que não haveria centralidade de poder na mão do 
governante. 
15.6 Portanto, com a contribuição Iluminista... 
A partir das teorias sobre a sociedade que no período Iluminista surgiram, é 
que começa a ser impulsionada, ou preparada, a ideia da existência de uma ciência 
que pudesse ajudar a interpretar os movimentos da própria sociedade. 
15.7 A IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA 
 
Fonte: 2.bp.blogspot.com 
Sociologia é o estudo do comportamento social das interações e organizações 
humanas. Cabe à sociologia estudar as relações sociais que se dão entre seres 
humanos em determinada sociedade; as relações sociais entre sociedades distintas 
e as relações socais entre os indivíduos de uma determinada sociedade e as 
Instituições Sociais por eles próprios criados. 
Instituições Sociais são todas as organizações que existem em dada 
comunidade e que são responsáveis pela transmissão da cultura. Na realidade, todos 
 
 
36 
 
nós somos sociólogos porque você e eu estamos sempre analisando nossos 
comportamentos e nossas experiências interpessoais em situações organizadas. O 
objetivo da sociologia é tornar essas compreensões cotidianas da sociedade maissistemáticas e precisas, à medida que suas percepções vão além de nossas 
experiências pessoais. Pois nós somos simplesmente pequenos jogadores num 
mundo imenso e complexo, com pessoas, símbolos e estruturas sociais, e somente 
ampliando nossa perspectiva além do “aqui e agora” é que podemos perceber as 
causas que moldam e limitam nossas vidas. 
Agimos em um meio social que influencia profundamente nossa maneira de 
sentir e ser em relação a nós mesmos e ao mundo que nos cerca, como nos vemos e 
percebemos os acontecimentos, como agimos e pensamos, e onde e a que distância 
podemos ir na vida. Às vezes a limitação é óbvia, até mesmo opressiva e 
enfraquecedora, em outras tantas é sutil e até mesmo despercebida. Mas sempre ela 
está moldando nossos pensamentos, sentimentos e ações. 
Examine a situação de um/uma aluno. Há grandes valores culturais e crenças 
que enfatizam a importância da educação e, desse modo, forçam os alunos a acreditar 
que eles devem ir à escola e, em seguida, à universidade. 
Há um ponto que espero que esteja claro: todos nós vivemos em uma teia 
complexa de causas que dita muito do que vemos, sentimos e fazemos. Nenhum de 
nós é totalmente livre; na verdade, podemos escolher nosso caminho na vida 
cotidiana, mas nossas opções são sempre limitadas. Isso reforça a ideia sociológica 
de que o ser humano é produto e produtor de sua cultura. A sociologia examina essas 
limitações e, como tal, é uma área muito ampla, pois estuda todos os símbolos 
culturais que os seres humanos criam estruturas sociais que ditam a vida social; 
examina todos os processos sociais, tais como desvio, crime, divergência, conflitos, 
migrações e movimentos sociais que fluem através da ordem estabelecida 
socialmente; e busca entender as transformações que esses processos provocam na 
cultura e estrutura social. 
Em tempos de mudança, em que a cultura e a estrutura estão atravessando 
transformações drásticas, a sociologia torna-se particularmente importante. Como a 
velha maneira de fazer as coisas se transforma, as vidas pessoais são interrompidas 
e, como consequência, as pessoas buscam respostas para o fato de as rotinas e 
fórmulas do passado não funcionarem mais. O mundo hoje está passando por uma 
 
 
37 
 
transformação dramática: o aumento de conflitos étnicos, o desvio de empregos para 
países de mão de obra mais barata, as fortunas instáveis da atividade econômica e 
do comércio, a mudança no mercado de trabalho, a propagação do HIV/AIDS, o 
aumento da fome, a quebra do equilíbrio ecológico, a redefinição dos papéis sociais 
dos homens e das mulheres e muitas outras mudanças. 
Enquanto a vida social e as rotinas diárias se tornam mais ativas, a percepção 
sociológica não é completamente necessária. Mas, quando a estrutura básica da 
sociedade e da cultura muda, as pessoas buscam o conhecimento sociológico. 
16 A SOCIOLOGIA NO BRASIL 
Podemos dizer que a Sociologia brasileira começa a “engatinhar” a partir da 
década de 1930, vindo a se fortalecer nas décadas seguintes. Apesar de alguns 
autores da sociologia dizer que não há uma data correta que marca o seu começo em 
solo brasileiro, essa época parece ser a mais adequada para se falar em início dos 
estudos sociológicos no Brasil. 
Quando dizemos “data mais adequada”, é porque as produções literárias que 
surgem a partir dessa década (1930) começam a demonstrar um interesse na 
compreensão da sociedade brasileira quanto à sua formação e estrutura. Mas note 
não estamos afirmando que antes da data acima ninguém havia se proposto a 
entender nossa sociedade. Antes da década de 1930 muitos ensaios sociológicos 
sobre o Brasil foram elaborados por historiadores, políticos, economistas, etc. No 
entanto, na maioria destes trabalhos, os autores apresentavam a tendência de 
escrever sobre raça, civilização e cultura, mas não tentavam explicar a formação e a 
estrutura da sociedade brasileira. 
A partir de 1930, surge no Brasil um período no qual a reflexão sobre a 
realidade social ganha um caráter mais investigativo e explicativo. Esse caráter mais 
investigativo e explicativo foi impulsionado pelos muitos movimentos que estimularam 
uma postura mais crítica sobre o que acontecia na sociedade brasileira. Dentre alguns 
destes movimentos estão o Modernismo, a formação de partidos (sobretudo o partido 
comunista) e os movimentos armados de 1935. 
Movimentos como esses, de alguma forma, traziam transformações de ordem 
social, econômica, política e cultural ao país, e despertavam o interesse de 
 
 
38 
 
pensadores em dar explicações a tais fenômenos. Aos poucos a Sociologia passa a 
constituir-se como uma forma de reflexão sobre a sociedade brasileira. Veja como isso 
aconteceu: 
16.1 Movimento Modernista: 
Lutava para que as regras vigentes sobre a arte e a literatura deixassem de 
“engessar” a produção brasileira. A intenção do movimento era que os moldes 
internacionais não sufocassem o que viesse a ser arte com um jeito nacional. A 
Semana de Arte Moderna de 1922, em SP, foi uma espécie de marco da 
independência da arte brasileira. 
16.2 Partido Comunista 
Fundado em 25 de Março de 1922, tinha o ideário de criar uma cultura socialista 
no Brasil. Com base em teóricos como o alemão Karl Marx, inauguraram uma maneira 
de se fazer política voltada aos interesses do proletariado. 
16.3 Movimentos armados de 1935 
Também conhecidos como o “Levante Comunista”. Tiveram como 
protagonistas o Partido Comunista (PCB) e os Tenentes de esquerda do exército 
brasileiro. Alguns de seus projetos e lutas eram pelo fim do imperialismo e pela 
existência de uma ditadura democrática. Apesar de vencidos, serviram para que o 
PCB ficasse conhecido e ganhasse maior força no cenário brasileiro. 
16.4 Fases da sua implantação da Sociologia no Brasil 
Dividindo os acontecimentos da implantação da Sociologia no Brasil como 
ciência, em fases, ou em geração de autores, de acordo com o sociólogo brasileiro 
Otávio Ianni (1926-2003), destacamos aqui três delas (na aula de hoje estudaremos 
a primeira fase agora e as outras duas fases na próxima aula), as quais se 
complementam: 
 
 
39 
 
16.5 A fase “A” da implantação da Sociologia no Brasil 
A primeira geração da Sociologia brasileira seria composta por aqueles autores 
que se preocuparam em fazer estudos históricos sobre a nossa realidade, com um 
caráter mais voltado à Literatura do que para a Sociologia. 
Desta geração de autores, queremos destacar Euclides da Cunha (1866-1909). 
Cunha nasceu no Rio de Janeiro, foi militar engenheiro, além de ter estudado 
Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Porém, o que gostava de fazer, como 
profissional, era o jornalismo. Em 1895, abandonou o Exército e começou a trabalhar 
como correspondente do jornal “O Estado de São Paulo”. Nessa função foi enviado 
para a Guerra de Canudos, no interior da Bahia, de onde surgiu sua maior contribuição 
à Sociologia brasileira: o livro Os Sertões. 
Se analisarmos este livro pelo enfoque literário, podemos perceber que Cunha 
faz, usando seus conhecimentos de Ciências e Físicas Naturais, relatos sobre como 
era a terra e a paisagem de Canudos. Também faz a descrição dos homens que ali 
viviam, ou seja, os sertanejos, nos quais percebe que, ao contrário do que pensava 
antes de conhecê-los, eram fortes e valentes, ainda que a aparência dos mesmos não 
demonstrasse isso. 
Por fim, Cunha descreve a guerra, isto é, como foi que o governo da época 
conseguiu acabar com o que considerava ser uma revolução que reivindicava a volta 
do sistema monárquico no Brasil. Na verdade Antônio Conselheiro (o líder da 
Revolução de Canudos) e seus seguidores apenas defendiam seus lares, sua 
sobrevivência. 
Olhando mais pelo lado sociológico, podemos perceber que Cunha estava 
fazendo revelações quanto à organização da República que estava sendo 
consolidada. Canudos era um retrato de uma sociedade republicana que não 
conseguiasuprir as necessidades básicas de seu povo. Coisa que Antônio 
Conselheiro, com sua maneira missionária de ser, acreditava e lutava para acontecer, 
pois... “...abria aos desventurados os celeiros fartos pelas esmolas e produtos do 
trabalho comum. Compreendia que aquela massa, na aparência inútil, era o cerne 
vigoroso do arraial. Formavam-na os eleitos, felizes por terem aos ombros os 
frangalhos imundos, esfiapados sambenitos de uma penitência que lhes fora a própria 
vida; bem-aventurados porque o passo trôpego, remorado pelas muletas e pelas 
 
 
40 
 
anquiloses, lhes era a celeridade máxima, no avançar para a felicidade eterna”. 
(CUNHA, 1979: 132 ). 
Após duas tentativas sem sucesso de “tomar” Canudos – pois os sertanejos 
tornavam difícil a vida dos soldados, por conhecerem muito bem a caatinga sertaneja 
– o governo federal republicano deixou de subestimar a força daquelas pessoas que 
se uniram a Conselheiro. Convocou para uma terceira expedição batalhões armados 
de vários estados brasileiros e promoveu uma grande guerra e matança naquela 
região, em prol da República. 
A observação de Euclides da Cunha e as revelações que faz quanto à 
sociedade brasileira em Os Sertões, transforma esta obra em um dos referenciais de 
início do pensamento sociológico no Brasil. 
16.6 A fase “B” da implantação da Sociologia no Brasil 
Numa segunda fase de geração de autores, a preocupação em se fazer 
pesquisas de campo, que é uma característica das pesquisas sociológicas, começa a 
ser levada em conta. Existem vários autores desta geração que poderíamos 
referenciar, como Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda, 
Fernando de Azevedo, Nelson Wernek Sodré, Raymundo Faoro, etc. 
No entanto, vamos nos fixar em dois deles, os quais podem ser vistos como 
clássicos do pensamento social brasileiro: Gilberto Freyre e Caio Prado Júnior. 
Gilberto Freyre foi o autor de Casa Grande & Senzala (1933), livro no qual 
demonstrou as características da colonização portuguesa, a formação da sociedade 
agrária, o uso do trabalho escravo e, ainda, como a mistura das raças ajudou a compor 
a sociedade brasileira. 
Freyre foi um sociólogo que nasceu em Pernambuco no ano de 1900 e, no 
desenvolver de sua profissão, criou várias cátedras de Sociologia, como na 
Universidade do Distrito Federal, fundada em 1935. Freyre faleceu em 1987. Quando 
escreveu Casa Grande & Senzala tinha 33 anos e, antirracista que era, inaugurou 
uma teoria que combatia a visão elitista existente na época, importada da Europa, a 
qual privilegiava a cor branca. Segundo tal visão racista, a mistura de raças seria a 
causa de uma formação “defeituosa” da sociedade brasileira, e um atraso para o 
desenvolvimento da nação. 
 
 
41 
 
Freyre propõe um caminho inverso. Em Casa Grande & Senzala ele começa 
justamente valorizando as características do negro, do índio e do mestiço 
acrescentando, ainda, a ideia de que a mistura dessas raças seria a “força”, o ponto 
positivo, da nossa cultura. Este autor forneceu, para o seu tempo, uma nova maneira 
de ver a constituição da nacionalidade brasileira, isto é, o Brasil feito por uma 
harmoniosa união entre o branco (de origem europeia), o negro (de origem africana), 
o índio (de origem americana) e o mestiço, ressaltando que essa “mistura” contribuiu, 
em termos de ricos valores, para a formação da nossa cultura. 
Veja alguns trechos de sua obra a este respeito: 
 “Um traço importante de infiltração de cultura negra na economia e na vida 
doméstica do brasileiro resta-nos acentuar: a culinária” (FREYRE, 2002). 
 “Foi ainda o negro quem animou a vida doméstica do brasileiro de sua maior 
alegria.” (FREYRE, 2002). 
 “Nos engenhos, tanto nas plantações como dentro de casa, nos tanques de 
bater roupa... carregando sacos de açúcar... os negros trabalhavam sempre 
cantando.” (FREYRE, 2002). 
Entanto, vale ressaltar aqui que Gilberto Freyre tinha um “olhar” aristocrático e 
conservador sobre a sociedade brasileira, pois além de justificar as elites no governo, 
sua descrição do tempo da escravidão em Casa Grande & Senzala adquire uma 
conotação harmoniosa, ele não via conflitos nessa estrutura. Mas se para Gilberto 
Freyre era um erro pensar que a mistura das raças seria um atraso para o Brasil, há 
outro autor que se propôs a verificar qual seria e onde estaria a origem do atraso da 
nação brasileira. 
Estamos falando de Caio Prado Júnior. Este autor vai nos fornece uma visão 
muito mais crítica sobre a formação da nossa sociedade. Veja por quê. 
Enquanto Gilberto Freyre fazia uma análise conservadora da formação da 
sociedade brasileira, Caio Prado recorria à visão marxista, isto é, partindo do ponto 
de vista material e econômico para o entendimento da nossa formação. Caio Prado 
Júnior nasceu em 1907 e faleceu em 1990. 
Formou-se em direito e, de forma autodidata, leu e tomou para si os ideais de 
Marx, o que o fez uma pessoa comprometida com o Socialismo. Caio Prado também 
era uma espécie de “contramão” do Partido Comunista Brasileiro no seu tempo, pois 
um dos militantes daquele partido, Octávio Brandão (1896-1980), havia escrito um 
 
 
42 
 
livro na década de 1920, chamado Agrarismo e Industrialismo no qual apresentava 
a tese de que o atraso do Brasil, em termos econômicos, estava no fato dele ter tido 
um passado feudal. E esta tese continuou a ser defendida pelo PCB com o historiador 
Nelson Wernek Sodré (1911-1999), que interpretava o escravismo, no Brasil 
Colonial, como uma característica do feudalismo. 
É por essa razão que Caio Prado era contrário ao Partido Comunista, pois a 
ideia de que no passado o Brasil havia sido feudal era “importada” do marxismo oficial, 
da Europa, e que na sua opinião, não funcionava aqui. E, para Caio Prado, a prova 
disso estaria no fato de que no sistema feudal o servo não era considerado uma 
mercadoria, coisa que ocorria aqui com os escravos, o que denota uma característica 
do sistema capitalista (e não feudal) no que tange à análise da mão-de-obra. 
No seu livro Formação do Brasil Contemporâneo, publicado em 1942, Caio 
Prado apresenta a tese de que a origem do atraso da nação brasileira estaria 
vinculada ao tipo de colonização a que o Brasil foi submetido por Portugal, isto é, uma 
colonização periférica e exploratória. Traduzindo para melhor compreendermos... 
Caio Prado explica que Portugal teve grande contribuição no “nosso atraso” como 
nação, pois o centro do capitalismo, na época do “descobrimento” do Brasil, estava 
na Europa, o que fazia com que as riquezas daqui fossem levadas para lá. Este tipo 
de organização econômica foi denominado de primária e exportadora, pois os 
produtos extraídos das monoculturas brasileiras, nos latifúndios, eram exportados 
para os países que estavam em processo de industrialização. 
Segundo Caio Prado, a América era vista pelos europeus como sendo “...um 
território primitivo habitado por rala população indígena incapaz de fornecer 
qualquer coisa de realmente aproveitável. Para os fins mercantis que se 
tinham em vista, a ocupação não se podia fazer como nas simples feitorias 
comerciais, com um reduzido pessoal incumbido apenas do negócio, sua 
administração e defesa armada; era preciso ampliar estas bases, criar um 
povoamento capaz de abastecer e manter as feitorias que se fundassem e 
organizar a produção dos gêneros que interessassem ao seu comércio. A 
ideia de povoar surge daí, e só daí”. (PRADO JÚNIOR, 1942: 24). 
As teses desse autor rompem com as análises dos autores que antes dele 
apresentaram um pensamento conservador restrito, isto é, de reprodução daquilo que 
estava posto na sociedade brasileira e, consequentemente, sem a intenção de 
apresentar propostas para sua transformação. 
Assim sendo, segundo a visão de Caio Prado, Gilberto Freyre, em Casa 
Grande e Senzala, pode ser considerado “conservador”. Veja por que: 
 
 
43 
 
a) Seus escritos nos levam a pensarque a miscigenação acontecia sempre de 
maneira harmoniosa. Mas é a relação entre os senhores brancos e suas 
escravas negras, por exemplo? Se verificarmos relatos da história veremos 
que as negras eram forçadas a terem relações sexuais com eles, o que é 
bem diferente de harmonia. 
b) Sobre os problemas sociais da época, Freyre não apresenta nenhuma 
proposta para a solução dos mesmos, ou para a transformação da 
sociedade. 
Para Caio Prado Júnior, os pontos “a” e “b” mencionados acima demonstram a 
postura conservadora de Gilberto Freyre, pois transparece um certo conformismo com 
a situação em que se apresentava a sociedade. Conformismo que pressupõe 
continuidade, sem transformação. 
16.7 E a fase “C” da implantação da Sociologia no Brasil 
Já a partir dos anos de 1940 novos sociólogos começam a aparecer no cenário 
brasileiro. Esta terceira geração é formada por sociólogos que vieram de diferentes 
instituições universitárias, fundadas a partir de 1930 e inauguram estilos mais ou 
menos independentes de fazer Sociologia. 
Dessa forma, e progressivamente, a intelectualidade sociológica no Brasil 
começa a ganhar corpo. Também começam a surgir estilos ou tendências, o que fez 
com que surgissem diferentes “escolas” de Sociologia em São Paulo, Recife, Rio de 
Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e em outros lugares. 
Dos autores que fazem parte dessa terceira geração, podemos citar Oliveira 
Viana, Florestan Fernandes, Guerreiro Ramos, dentre vários outros. Mas vamos nos 
deter na obra do sociólogo paulista Florestan Fernandes (1920-1995), importante 
nome da Sociologia crítica no Brasil. Qual é a proposta de Sociologia que ele 
apresenta? 
Florestan Fernandes foi um sociólogo que fez um contínuo questionamento 
sobre a realidade social e das teorias que tentavam explicar essa realidade. O objetivo 
deste autor foi de, numa intensa busca investigativa e crítica, ir além das reflexões já 
existentes. Florestan Fernandes tinha como metodologia “dialogar”, de maneira muito 
crítica, com a produção sociológica clássica. Florestan também mantinha contínuo 
 
 
44 
 
diálogo com o pensamento crítico brasileiro. Autores como Euclides da Cunha e Caio 
Prado Júnior, os quais vimos anteriormente, fazem parte de sua lista de interlocutores. 
O diálogo com esses autores foi fundamental para o seu trabalho de análise dos 
movimentos e lutas existentes na sociedade, principalmente aquelas travadas pelos 
setores populares. 
Um outro aspecto de sua maneira crítica de fazer Sociologia foi a sua afinidade 
com o pensamento marxista, principalmente sobre o modo de analisar a sociedade, o 
que se constituiu numa espécie de “norte” crítico orientador de seu pensamento. As 
transformações sociais que ocorreram a partir de 1930 no Brasil foram, também, uma 
espécie de “motor” para os trabalhos de Florestan. Mas não apenas para ele, pois 
como já mencionamos, essas transformações serviram de impulso para os trabalhos 
sociológicos no Brasil como um todo. E isso se deu principalmente a partir de 1940, 
pois essas transformações se intensificaram muito por causa do aumento da 
industrialização e da urbanização. 
Algumas das consequências da urbanização, inclusive gerada pela migração 
de pessoas que, vindas do campo, procuravam trabalho nas indústrias das grandes 
cidades, foram o surgimento de problemas de falta de moradia, desemprego e 
criminalidade. Essas situações emergentes, logicamente, tornavam-se temas para a 
análise sociológica. 
Para finalizar, vale ressaltar que a Sociologia crítica que Florestan inaugura 
também tinha o “olhar” voltados aos mais diversos grupos e classes existentes na 
sociedade. Algumas de suas pesquisas com grupos indígenas e sobre as relações 
raciais em São Paulo, por exemplo, tiveram o mérito de fornecer explicações que se 
contrapunham às explicações dadas pelas classes dominantes da sociedade 
brasileira. 
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