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Mundo Contemporâneo e Globalizado

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EAD
MUNDO CONTEMPORÂNEO E 
GLOBALIZADO
Adeilde Vieira Menegazzo
Gustavo Ferreira Prado
Hélder Henrique Jacovetti Gasperoto
Lilian Camargo Coutinho
Lúcia Soares
Marcelo de Souza Loureiro
Renata Luigia Cresto Garcia
 
MUNDO CONTEMPORÂNEO E GLOBALIZADO 
 
 
 
 
 
 
ADEILDE VIEIRA MENEGAZZO 
GUSTAVO FERREIRA PRADO 
HÉLDER HENRIQUE JACOVETTI GASPEROTO 
LILIAN CAMARGO COUTINHO 
LÚCIA SOARES 
MARCELO DE SOUZA LOUREIRO 
RENATA LUIGIA CRESTO GARCIA 
PROGRAMA DA DISCIPLINA 
 
Ementa: 
Aspectos da dinâmica da sociedade contemporânea. Realidade pós-moderna e 
as profundas transformações nas referências teóricas, estéticas e morais. As novas 
tecnologias da inteligência (o espaço virtual e internet) e a produção do 
conhecimento. 
Objetivo: 
• Identificar e refletir sobre os fundamentos históricos e os elementos 
básicos do mundo contemporâneo. 
• Caracterizar o capitalismo e o socialismo com foco na América Latina 
• Conhecer o significado e o papel dos movimentos sociais na sociedade. 
 
Conteúdos: 
Fundamentos Históricos e Geopolíticos das Relações Internacionais 
Contemporâneas. 
Origens do Esquema de Dominação e Exploração Mundial, Colonização e 
Geoplolitica: África e América. 
Fundo Monetário Internacional (FMI) Banco Internacional (BIRD). 
Neoliberalismo. 
Mundialização do Capitalismo. 
Modelo Americano. 
Os Dilemas do Desenvolvimento 
Modelo Globalista com Diferente Linearidade. 
 
Metodologia 
Disciplina oferecida na modalidade a distância (EAD). Incentiva-se a formação de 
grupos de estudo autônomos, orientados pelo professor. 
Avaliação 
No sistema EAD, a legislação determina que haja avaliação presencial, sem, 
entretanto, se caracterizar como única forma possível e recomendada. Na 
avaliação presencial, todos os alunos estão na mesma condição, em horário e 
espaço pré – determinados, diferentemente, a avaliação a distancia permite que o 
aluno realize as atividades avaliativas no seu tempo, respeitando-se, obviamente, 
a necessidade de estabelecimento de prazos. 
A avaliação terá caráter processual e, portanto contínuo, sendo os seguintes 
instrumentos utilizados para a verificação da aprendizagem: 
1) Trabalhos individuais. 
2) Provas semestrais realizadas presencialmente; 
3) Trabalhos de pesquisa bibliográfica. 
 
Bibliografia Básica 
CASTELLS, M. A sociedade em rede, São Paulo: Paz e Terra, 2002. 
DOMINGUES, J. M. Teorias Sociológicas no Século XX. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira. 2004 
IANNI, O. Teorias da globalização. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1995. 
MARTINS, J. S.; FERNANDES, F. Sociologia e Consciência Social no Brasil, São 
Paulo: Edusp, 1998. 
 
 
Bibliografia Complementar 
CARDOSO, F. H. Capitalismo e escravidão no Brasil Meridional. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 2003. 
CASTELLS, Manuel. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. Vol. II: A 
Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra. 
FERNANDES, F. Sociedade de classes e subdesenvolvimento, Rio de Janeiro: Zahar 
editores, 1981. 
FOLEY, R. Os Humanos antes da Humanidade: uma perspectiva evolucionista. São 
Paulo: UNESP, 2003 
FRIEDMAN, T. O mundo é plano. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. 
HOBSBAWN, H. A Era dos Extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 
IANNI, O. As metamorfoses do escravo. São Paulo: Difel, 1961. 
IANNI, O. Capitalismo, Violência e Terrorismo, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 
2004 
MAGNOLI, D. Globalização: estado nacional e espaço mundial. São Paulo: 
Moderna, 1999. 
NUNES, E. de O. (Org.). A Aventura Sociológica: objetividade, paixão, improvisa e 
método na pesquisa social. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. 
SANTOS, M. Por uma outra Globalização: do pensamento único à consciência 
universal. Rio de Janeiro: Record, 2008. 
SANTOS, M. Técnica, Espaço, Tempo, São Paulo: Edusp, 2008c. 
VESENTINI, J. W. Novas Geopolíticas. São Paulo: Contexto, 2005. 
 
 
UNIDADE 01 - FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E GEOPOLÍTICOS DAS 
RELAÇÕES INTERNACIONAIS CONTEMPORÂNEAS 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: Explicitar a história do Capitalismo e sua expansão global, pois será útil 
para o entendimento das relações internacionais. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Não dá para abordar globalização sem falar de capitalismo, não dá para 
entender capitalismo sem falar em Marx. 
Marx queria cooperar com a transformação das condições da sociedade 
capitalista, queria que o proletariado discutisse e pusesse em prática as 
modificações que beneficiaria as camadas mais pobres, em busca de uma 
sociedade mais igualitária. 
Por outro lado, seu poder de previsão demonstrou ser tão grande que o 
mundo em que hoje vivemos acabou se tornando demasiado semelhante ao das 
tendências descritas por Marx. 
O surgimento dos enormes conglomerados financeiros e industriais, 
invertendo a lógica da concorrência do século XIX, provoca o processo gradativo 
de substituição de mão de obra por máquinas, cada vez mais sofisticadas; a 
erradicação da forma de mercadoria artesanal, pois há a industrialização de quase 
todos os produtos, implicando mudança na relação social; as crises econômicas; a 
política como manifestação de conflitos sociais distributivos; o predomínio 
crescente da especulação financeira sobre a criação de valores efetivos, com a 
consequente projeção para um futuro incerto de todos os preços e expectativas - 
tudo isso está em O Capital como tendência resultante dos processos então 
observados. 
 Explicar a obra de Marx, portanto, é tarefa que parece esbarrar no lugar-
comum de situações consideradas hoje normais, a tal ponto de dispensarem 
explicações. 
Desmascarar esta normalidade, isto é, o modo com que condições sociais 
historicamente específicas se apresentam como eternas e naturais, é justamente 
um dos objetivos centrais de tal obra. Mais do que descritiva e explicativa, ela é 
uma teoria crítica da sociedade atual, descobrindo a correlação profunda entre as 
dimensões positiva e negativa de sua realidade. Inspira-se, para tanto, na dialética 
de Georg Hegel (1770-1831), cujo caráter idealista condena, conservando o que 
chamará de "núcleo racional". 
Em poucas palavras: a dialética reproduz o movimento contraditório pelo 
qual algo se apresenta como o inverso do que é. Em sua versão hegeliana, de 
acordo com Marx, a dialética revelaria que, por trás da aparente diversidade das 
coisas, oculta-se o oposto, a unidade essencial do mundo - descoberta de 
enorme poder consolador. 
O acúmulo de capital de produtos industrializados somado à visão 
consumista mais a especulação financeira geram a produção de consumo; tudo 
isso está em "O Capital", como afirma Grespan. 
 
Karl Marx vem desmascarar a noção de que o capitalismo e sua 
dinâmica social, de simultâneo progresso e destruição, sejam ‘naturais’. 
Marx não nega os fenômenos do mercado, das decisões individuais, da 
liberdade de movimento dos agentes econômicos; mas também não 
aceita que tais fenômenos sejam simplesmente dados naturais. 
(GRESPAN, 2008) 
 
Karl Marx, ao formular suas teorias sobre o capital, não imaginaria o quanto 
o mundo mudaria. Nem podia supor como o próprio capitalismo dividir-se-ia. 
Vamos ver isso de forma diária. Para tanto, o exemplo aqui exposto será uma vaca. 
Estranhou? Sim, uma vaca, produtora de leite, fartura de carne, mas que 
representará aqui o poder e a divisão do capital. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Capitalismo ideal: 
Você tem duas vacas. 
Vende uma e compra um boi. 
Multiplicam-se e a economia cresce. 
Você vende a manada e fica rico. 
Aposenta-se. 
 
Talvez, concordasse desde que todos pudessem fazer o mesmo, digo eu. 
Mas, atualmente, com a globalização e as adaptações às culturas regionais dos 
vários países e regiões, será que se manteriam incólumes a bondade e a pureza 
conceptuais acima expressas? Trata-se de um estudo sociológicoe econômico 
interessante. Testemos, pois, aplicando a situação da posse da parelha bovina a 
casos concretos. Comecemos: 
 
Capitalismo americano: 
Você tem duas vacas. 
Vende uma. 
Força a outra a produzir o leite de quatro vacas. 
Fica surpreendido quando ela morre. 
 
Capitalismo japonês: 
Você tem duas vacas. 
Redesenha-as para que tenham um décimo do 
tamanho de uma vaca normal e produzam vinte vezes mais 
leite. 
Cria desenhos de vaquinhas chamados VAQUIMON e 
vende-os para o mundo inteiro. 
 
Capitalismo inglês: 
Você tem duas vacas. 
Ambas são loucas. 
 
Capitalismo alemão: 
Você tem duas vacas. 
Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de 
quantidade e horário previamente estabelecidos, de forma 
precisa e lucrativa. 
Porém, o que você queria mesmo era criar porcos. 
 (www.estantevirtual.com.br/.../Revista_de_Cultura_Vozes) 
 
Claro que apresentei uma visão satírica de nosso dia-a-dia, mas que acho 
que você concorda com um fato: essa visão não está muito longe de nossa 
realidade. Mas vamos ver agora como chegamos a esses fatos bizarros da mais 
valia. 
A nossa interação com o mundo é necessária e o que percebemos é que 
cada vez mais a globalização se faz presente, mas é preciso que se saiba que a 
globalização não surgiu neste século. A primeira globalização data do período 
mercantilista e, para entender esse processo, é preciso antes atentarmos para o 
sistema de dominação mundial. 
Marx abordava o proletariado e a burguesia, utilizando-se de palavras, 
muitas vezes, só usada pelos intelectuais da época. Era um momento de 
construção de conceitos, alguns são utilizados até hoje. 
É bom deixar claro alguns conceitos que serão utilizados em nossos 
encontros com certa constância. É o caso da expressão “Status quo”, uma 
expressão latina (in statu quo ante) que designa o estado atual das coisas, seja em 
que momento for. Emprega-se esta expressão, geralmente, para definir um mau 
estado de coisas, com o qual se está descontente, mas que, por qualquer motivo, 
parece ser defendido por muita gente. Na generalidade das vezes em que é 
utilizada, a expressão aparece como "manter o statu quo", "defender o statu quo" 
ou, ao contrário, "mudar o statu quo". De forma simples, seria manter o estado da 
classe social que o individuo se encontra. 
 
 
UNIDADE 02 - O ESQUEMA DE DOMINAÇÃO E COLÔNIA DE 
EXPLORAÇÃO E COLÔNIAS DE POVOAMENTO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: Nesta unidade, vamos caracterizar a fragmentação social, analisando os 
dominados e os dominadores, compreendendo a manutenção do “status quo” e 
explicitar as relações entre colônias de exploração e colônias de povoamento. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Os países da Europa lutavam pelo acúmulo de riquezas, pois isso possibilita 
diferenciá-los no mercado mundial. Era preciso conquistar novas terras e criar 
uma política de mercado, mas o primeiro sistema foi o mercantilista, o que gerou 
um choque de interesses. Em outras palavras, os objetivos mercantilistas de um 
país eram anulados pelos esforços do outro país. Uma vez que havia choque de 
interesses por parte dos idealizadores do mercantilismo, concluíram que a solução 
mais adequada seria esta: cada país mercantilista dominaria áreas determinadas, 
dentro das quais pudesse ter vantagens econômicas declaradas. Surgiram, então, 
as ideias colonialistas. Seu objetivo básico era a criação de um mercado e de uma 
área de produção colonial inteiramente controlada pela metrópole. Com base 
nesses princípios, foi criado o sistema de exploração colonial, que se tornou o 
marco da colonização de toda a América Latina, incluindo o Brasil. Suas 
características essenciais foram as que seguem: 
• A produção colonial foi organizada com a função de complementar ou 
satisfazer os interesses dos países metropolitanos europeus. No caso do 
Brasil, por exemplo, foi organizada uma produção a fim de fornecer açúcar 
e tabaco, mais tarde, ouro e diamantes; depois algodão e, em seguida, 
café, para o comércio europeu. Não se objetivava, de modo algum, 
desenvolver na colônia qualquer atividade voltada para seus interesses 
internos. Essa era a maneira eficaz de amarrar a vida econômica da colônia 
à da metrópole. 
 
 http://www.bing.com/images/ abri/2009 
As colônias de exploração foram conquistadas pelos países dominantes da 
época, como é o caso do Brasil e de vários outros da América Latina, colonizados 
por portugueses e espanhóis. Essas colônias de exploração apresentavam as 
seguintes características: 
- Plantation, produções agrícolas para exportação (enormes extensões de terra); 
- A produção era para atender ao mercado externo (produtos agrícolas e metais 
preciosos); 
- Mão-de-obra indígena e negra. 
Já as colônias de povoamento eram terras de esperança, simbolizavam 
uma nova vida. Foi o caso, por exemplo, da colonização desenvolvida no norte e 
no centro dos Estados Unidos pelos ingleses, onde os laços coloniais eram mais 
brandos. As colônias de povoamento apresentaram as seguintes características: 
⚫ Agricultura em pequenas propriedades; 
⚫ Produção manufatureira; 
⚫ Atendimento ao mercado interno; 
⚫ Mão-de-obra livre. 
 
 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Nesta altura, alguns conceitos devem ser relembrados, para podermos 
dar seguimento a nossa leitura. Vamos a eles? 
Por Metrópole, entende-se o país que dominava a colônia. Produzia 
manufaturados, detinha o poder de decisões políticas e econômicas. 
Colônia de exploração correspondia à terra conquistada e dominada pela 
metrópole. Exercia a função de fornecedora de matéria-prima e de riquezas. 
À colônia só era permitido produzir o que a metrópole não tinha 
condições de fazê-lo. A esse mecanismo denomina-se pacto colonial. Vale dizer 
que a colônia não podia concorrer com a metrópole. 
 
Por sua vez, a competição colonial gerou a busca pelo controle do 
comércio colonial em seus setores mais lucrativos, como, por exemplo, 
o comércio negreiro de escravos. Dessa maneira, nasceram colônias 
totalmente enquadradas nos mecanismos de dominação do sistema 
colonial. 
O papel dessas colônias era servir como instrumentos geradores de 
riquezas para as metrópoles. As colônias não podiam se tornar 
independentes, não podiam pensar em se desenvolver, somente servir 
ao conquistador, como se isso fosse uma honra. Eram os interesses 
econômicos da metrópole que condicionavam os rumos da vida 
colonial, sendo autorizadas na colônia apenas atividades que 
permitissem a exploração de suas riquezas. 
www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao04/ma
teria01/ - 46k – 
 
Você deve ter notado, pela leitura, que os países dominados não tinham 
direito de comercializar com mais ninguém, somente com seus conquistadores. O 
que se percebe é que a competição comercial dos países mercantilistas impulsion 
ou a competição colonial entre as potências européias, com a conquista e a 
exploração de colônias na América, na África e na Ásia. Uma vez que esses países 
possuíam terras de exploração e mão-de-obra barata, o enriquecimento foi 
rápido. 
Se você quiser saber mais sobre Karl Marx, capitalismo e o princípio da 
globalização ficam a sugestão de três livros, que abordam de maneira clara essas 
ideias: 
 
GRESPAN, J. Karl Marx. São Paulo: Publifolha, 2008. 
ROSDOLSKI, R. Gênese e estrutura de O Capital de Karl Marx. Rio de Janeiro: 
Contraponto, 2001. 
RUBIN, I. A teoria marxista do valor. São Paulo: Brasiliense, 1980. 
 
Para um melhor entendimento, acesse o site: 
http://novahistorianet.blogspot.com/2017/01/colonizacao-do-brasil.html 
UNIDADE 03 - COLONIZAÇÃO E GEOPOLÍTICA: ÁFRICA E AMÉRICA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: A abordagem desta unidade abrangerá a contextualização da dinâmica 
capitalista mundial, da colonização e da geoplolitica:África e América. 
Pretendemos mostrar que estamos no meio deste tornado e que, por vezes, não 
percebemos como somos personagens desta história. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
O Capitalismo e suas transformações 
A transformação do capitalismo tem uma longa história. Mais do que 
transmissão de conteúdos, desejamos suscitar em você a reflexão. Para isto, leia, 
reflita e perceba o quanto o capitalismo está enraizado em nosso dia-a-dia: 
• Revolução industrial – essa revolução data de 1750, na Inglaterra, seguida 
pela França. 
• Segunda revolução, novas fontes de energias - metade do século XIX, 
novos países se industrializam: Alemanha, Estados Unidos, Itália e Japão. 
✓ Surge o Imperialismo e a nova ordem mundial. 
✓ Reafirmação da exploração da América Latina, Ásia e África. 
✓ Interesse dos grandes exportadores na oferta de terras e de mão-de-
obra. 
Os efeitos de tais transformações foram rapidamente notados: de 1860 a 
1913, pois a produção industrial do mundo aumentou sete vezes. Em 1880, apenas 
10% da população mundial estava produzindo; em 1914, essa cifra elevou-se para 
quase 30%. Assim, nos últimos vinte anos do século XIX, implantava-se uma nova 
ordem mundial, liderada pelas grandes potências industriais. 
Com a expansão do capitalismo, cresceu, vertiginosamente, a demanda por 
alimento e matéria-prima. Diante disso, cada potência industrial saiu em busca de 
suprimentos para atender as suas necessidades, dando origem ao fenômeno 
conhecido como imperialismo ou neocolonialismo. Imperialismo é o nome que se 
dá à dominação e exploração de países e povos pelas potências industriais, a fim 
de assegurar os necessários suprimentos em condições favoráveis. Em outros 
termos, trata-se de um modo de exploração essencialmente capitalista de um país 
a outro, mais poderoso do ponto de vista econômico e militar. 
Os países latino-americanos que se formaram ao longo da luta pela 
emancipação colonial foram, juntamente com a África e a Ásia, disputados pelos 
países industrializados, ingressando na nova ordem mundial como fornecedores 
de alimentos e matérias-primas. 
 
A mundialização do capitalismo e a geopolítica mundial no fim do século XX 
No final do século XX, as transformações mundiais ocorrem, há grandes 
guerras, corrida espacial, chegada do homem à lua, uso de armas nucleares, 
bipolarização, diminuição das distâncias entre as nações, perigo da destruição 
humana, fim do socialismo. Em contrapartida, surgem os movimentos de 
solidariedade humana. 
Com o final do socialismo, ocorre a mundialização do capitalismo e, com 
ele, os oligopólios internacionais: multinacionais, cartéis, trustes ou monopólio 
internacional/financeiro (surgem nessa fase as grandes potências americanas). 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Vamos ler um trecho retirado do site aproveitando para fazer uma reflexão. 
Após a 2ª Guerra Mundial 
Europa e Japão efetuaram a reconstrução econômica, com ajuda 
do Plano Marshall e com apoio econômico vindo dos EUA. Todos 
tentam se adaptar à Nova Ordem. Através das multinacionais, os 
países ricos se interligam aos países pobres. 
As multinacionais apresentam três processos inter-relacionados: 
• Movimentos internacionais de capitais – reconstrução dos 
países pós-guerra; 
• Produção capitalista internacional -tecnologia, controle da mão-
de-obra, do mercado, a mão-de-obra muitas vezes estando fora 
do país de origem; 
• Ação de governo em nível internacional – decorre dos dois 
processos anteriores, como a criação da ONU, BIRD, FMI e das 
organizações supranacionais (blocos econômicos). 
O capitalismo se mundializa, o que resulta na unificação 
simultânea do capital e da força de trabalho mundiais. 
www.portaldodireito.com.br mar/2018. 
 
Com o fim do socialismo e o fortalecimento dos blocos econômicos, 
ocorre a descentralização de poder, surgindo a multipolarização, o que favorece o 
aprimoramento das empresas, que formam hoje, de maneira integral, o sistema 
financeiro internacional e, com isso, acontece a unificação das bolsas de valores 
mundiais. 
Nesta visão, é indiscutível que o capitalismo sempre visou a um único 
objetivo: o lucro. O imperialismo desenfreado, o individualismo cada vez mais 
enraizado e a crescente distância do bem-estar social deram vazão para a fixação 
da globalização, assim como para a segunda revolução industrial e seus reflexos 
na economia mundial. 
O capitalismo financeiro foi implantado no âmbito de uma disputa 
econômica do regime capitalista: a grande concentração do capital nas mãos de 
algumas empresas, que acabaram controlando a produção e a oferta de diversos 
bens e serviços. 
 Assim, nessa nova etapa do capitalismo, o controle da produção de bens e 
serviços deixou de ser um processo pulverizado e concentrou-se nas mãos de 
grandes empresas, estruturadas, sob a forma de sociedades anônimas. 
Essa etapa do capitalismo - embora tenha se manifestado como nova 
realidade desde o século XIX - solidificou-se após a Primeira Guerra Mundial, 
quando as empresas passaram a controlar diferentes setores de atividades de seu 
produto final, abrangendo, desde a produção de matérias-primas até as ferrovias, 
que eram utilizadas para escoar seus produtos. 
Esses conglomerados econômicos assumiam a forma de trustes (empresas 
que detêm ou monopolizam isoladamente grande parte da produção e do 
mercado consumidor e cartéis). Isso implicava o fim do livre-comércio nos moldes 
propostos pelo liberalismo clássico. 
Os mecanismos econômicos estabelecidos pelos princípios ideológicos do 
livre-comércio ficaram bastante enfraquecidos. Mas para que o assunto fique mais 
claro, leia as sugestões a seguir. 
No site www.portaldodireito.com.br, você encontrará vários conceitos, que 
acredito que o ajudará a compreender melhor nossa aula, aproveitando para fazer 
uma reflexão sobre a divisão do capitalismo. 
 
 
 
UNIDADE 04 - A CRISE DE 29 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: Explicitar as grandes mudanças da década de 20 e implicações no 
capitalismo mundial. Iremos estudar sobre as grandes mudanças da década de 20 
e como isso refletiu no capitalismo mundial da época e das décadas que se 
sucederam. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Na década de vinte, os EUA encontravam-se em uma fase de grande 
crescimento econômico, alavancando a economia do mundo inteiro. Contudo, 
começaram a encontrar sérias dificuldades econômicas, a partir de 1925, devido, 
principalmente, ao fato de os salários não terem acompanhado o aumento da 
produção. 
Assim, havia muitos produtos, porém não havia quem os comprasse, pois 
os salários eram pequenos e os empregos foram reduzidos, gerando, assim, uma 
superprodução e uma crise no sistema econômico. 
Os agricultores passaram a contratar empréstimos para armazenar seus 
produtos e, como não davam conta de pagá-los, perdiam suas terras. As 
indústrias, sem consumidores, foram obrigadas a reduzir sua produção e a demitir 
milhares de funcionários. 
Obviamente, toda essa crise chegou ao mercado de ações, ocasionando o 
“crash” (quebra), pois o preço de suas ações caia constantemente. Assim, diversos 
bancos, seguradoras, indústrias, foram à falência, provocando o desemprego de 
mais de 12 milhões de norte-americanos. 
A crise afetou o mundo todo. Se os EUA, que eram os principais 
consumidores de inúmeros produtos no mundo inteiro, estavam passando por 
problemas financeiros enormes, não haveria mais quem comprasse tais produtos. 
 
 
Com isso, desencadeou-se a diminuição da produção e o desemprego em 
todo o mundo. 
A solução para a crise foi a mudança na política econômica americana, 
empregada pelo presidente eleito Franklin Roosevelt. Para ele, o Estado deveria 
atuar e reger a economia, contrariando a ideia do liberalismo econômico. Assim, 
após a criação de grandes obras de infraestrutura, salário-desemprego, assistência 
aos trabalhadores, concessão de empréstimos,os Estados Unidos conseguiram 
retomar seu crescimento econômico gradativamente. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
A crise de 29, começou nos Estados Unidos e se estendeu pelo mundo 
todo. Mas o que ocasionou essa crise? Bom, seus principais fatores foram: 
-a excessiva austeridade monetária do governo norte-americano na 
década de 20 - o enxugamento dos recursos financeiros internos provocou a 
diminuição da quantidade da moeda corrente no mercado para compra produtos. 
-superprodução - o mercado consumidor não era capaz de absorver a 
produção, o que resultou a diminuição da produção e o desemprego. 
-onda de especulação nas bolsas de valores - os investidores eram atraídos 
por lucros que não eram gerados no sistema produtivo; compravam ações com a 
certeza de que outros as comprariam, posteriormente, por um preço mais 
elevado. 
 
 http://www.historiadigital.org/ 
 
Em outubro, ocorreu a quebra da bolsa de valores de New York, iniciando 
um longo período de recessão e desemprego, que afetaria o mundo inteiro. Essa 
crise só foi solucionada com a Segunda Guerra Mundial. Você pode imaginar por 
quê? Simplesmente pelo fato de o capitalismo tender a solucionar seus problemas 
econômicos com guerras, demonstrando-nos sua racionalidade transcendental. 
A guerra chegou ao fim e, como sabemos, os EUA constituíram-se no 
grande vencedor desta crise. Na década de 50 e 60, é dado o primeiro passo em 
direção à globalização. Apresentamos aqui um breve resumo, para não perdermos 
o fio da meada: 
 
1950 - 1960 
Nesta época ocorreu a Intensificação do processo de globalização da 
economia capitalista, nos anos de 1950 e1960: 
- Do lado capitalista, surgem os planos de ajuda econômica - como o Marshall, na 
Europa e o plano Colombo, na Ásia; 
- Grandes multinacionais ganham o mercado consumidor. 
UNIDADE 05 – NEOLIBERALISMO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: Explicitar o conceito de Neoliberalismo, as mudanças que ocorreram, a 
liberdade comercial, a livre concorrência com a mínima interferência do Estado na 
dinâmica socioeconômica. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Iniciamos nosso estudo, a partir da definição de Neoliberalismo. 
Poderíamos defini-lo como a minimização da interferência direta do Estado na 
dinâmica socioeconômica de um país. Seus defensores acreditam que o mercado 
livre é a única forma de atingir a máxima eficiência econômica, incluindo a 
melhoria das condições sociais. 
Os fatos decorrentes dessa política econômica são: 
 -a crise nas balanças comerciais de mercados voláteis; 
 -as crises financeiras de projeção internacional; 
 -o desemprego estrutural ou tecnológico; 
 -a automação industrial e de serviços; 
 -a terceirização da produção industrial, dos serviços e da mão-de-obra; 
 -o fortalecimento dos grandes blocos regionais no mundo; 
 -a intensificação do abismo que separa ricos e miseráveis. 
Podemos afirmar que a visão hoje é relacionada, exclusivamente, ao 
neoliberalismo, já que a visão do bem-estar social se perdeu na história. Se antes, 
no período das grandes descobertas, o Continente Africano agregava interesse 
comum ao continente Europeu, agora, o Continente Africano ficou no 
esquecimento, pois, neste momento, o que interessa é o capital, o lucro, o 
individualismo e os baixos gastos. 
A África continua sendo vista como um continente miserável, digno de 
pena, mas a quem poucos querem ajudar. Apesar de sua exploração ter sido 
constante pelos europeus, nenhum destes países parece se sensibilizar com as 
desgraças deixadas por seus antepassados. 
Já a América Latina começa a ser revista com grande interesse. O dualismo 
geopolítico da América já é bem conhecido por todos; a América do Sul vem 
sendo revista, desde os tempos do tratado de Tordesilhas, mas qual a visão dos 
dias de hoje? Os países latinos continuam à mercê da vontade norte-americana 
que, mesmo abalada economicamente, mantém seu perfil assustador de 
dominação. 
Vale dizer que a América Latina parece se apresentar de maneira mais 
equilibrada, se comparada à maioria dos países do Continente Africano. 
Desde os tempos mais antigos, o interesse de conquista dos mais fortes 
sobre os mais fracos é apresentado através de táticas, que têm sido concebidas 
nos círculos militares como "a arte de utilizar tropas na batalha" e a estratégia 
como "a arte de utilizar batalhas para vencer uma guerra". Como observou o 
historiador, Paul Kennedy, em Grand Strategies in War and Peace: 
uma verdadeira grande estratégia" está "preocupada com a paz tanto 
quanto (talvez mesmo mais ainda) com a guerra... com a evolução ou 
integração de políticas que deveriam vigorar durante décadas, ou 
mesmo séculos. 
KENNEDY, 1991, P.58. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
As estratégias geopolíticas englobam o domínio de recursos importantes, 
como os minérios e as redes de transportes, dos meios econômicos locais, das 
populações e posições militares vitais. As grandes estratégias de glória no passado 
foram aquelas de impérios duradouros e que foram capazes de manter o seu 
poder sobre grandes espaços geográficos durante extenso período da história. 
É preciso perceber que o que está em jogo não é a conquista, mas o 
capitalismo globalizado, como sistema de desenvolvimento econômico e lucrativo. 
Diante disso, entende-se, portanto, que conquistar, hoje, não é colonizar, pois 
colonizar equivale a gastos, mas é terceirizar, não acarretando ao país 
desenvolvido gastos com a exploração. O interesse do mercado financeiro dita 
quem ou o que será de interesse global. Ora, isso não implica o domínio local 
geopolítico permanente, mas, sim, o momentâneo. 
A palavra valia muito no passado. Antigamente, quando um homem dava 
sua palavra, negócios eram fechados, pois isso bastava para uma negociação. 
Com a mudança no mundo, o crescimento do comércio e a globalização, a 
desconfiança tomou conta das ruas, dos municípios, dos estados, dos países, do 
mundo e já não há mais espaço para um simples aperto de mão. É preciso a 
documentação, carimbos e mais carimbos, para que o negócio vingue. 
Hoje vivemos em constate mudança, tudo o que fazemos parece ser 
dinâmico, até os dias parecem passar mais rápido. Isso se deve, principalmente, a 
mudanças de hábitos: antes acordávamos cedo e dormíamos cedo, 
conversávamos nas varandas, fazíamos as refeições em casa, comprávamos na 
mercearia da esquina. A vida dava a impressão de ser mais vagarosa, menos 
preocupada e mais saudável, porém com menos recursos e tecnologia. 
O mundo mudou, exige mais dinamismo, menos intimidade, mais 
tecnologia, mais rapidez. Os que estavam aptos às mudanças não reclamaram, 
foram em busca das informações, da modernidade e da tal tecnologia. Mas, 
vamos tentar analisar os benefícios da globalização para a humanidade. 
Essa nova cultura de massas se origina, principalmente, nos Estados 
Unidos. O “modo de viver americano” é bem difundido nos filmes, pelas notícias, 
pelos fast-foods, até mesmo pelo modelo político. Mas hoje também temos fácil 
acesso a outras formas de cultura de todas as partes do mundo. 
 A globalização, apesar de ser fenômeno recente, apresenta, como 
observamos, várias dimensões: social, política, econômica e cultural. Esse 
fenômeno é, portanto, uma intensificação do fluxo de mercadorias e serviços, 
capitais, tecnologia e pessoas. Isto é possível graças ao desenvolvimento de novas 
tecnologias após a Terceira Revolução Industrial. 
 Desde a década de 70, graças aos chips, têm-se conseguido construir 
computadores cada vez menores e mais rápidos. Com isso, houve um grande 
desenvolvimento na produção, nos transportes e nas comunicações. A revolução 
da informáticafacilitou o fluxo de informações em escala mundial. Neste período 
científico-tecnológico, o capitalismo integrou muitos países em um único sistema. 
Leia abaixo o diz o geógrafo Milton Santo sobre esse aspecto. 
 
só que a globalização não é apenas a existência desse novo sistema de 
técnicas. Ela é também o resultado das ações que asseguram a emergência de 
um mercado dito global, responsável pelo essencial dos processos políticos 
atualmente eficazes (...) um mercado global utilizando esse tipo de técnica 
resulta de uma globalização perversa. (SANTOS, 2008a, p. 24). 
 
Dizemos isso porque, em séculos passados, uma civilização, muitas vezes, 
nem sabia da existência da outra. De lá para cá, está surgindo um mundo quase 
totalmente integrado – um sistema mundo – que, evidentemente, está controlado 
a partir de alguns centros de poder econômicos e políticos. 
Conforme Santos: 
o período atual tem como uma das bases esse casamento entre a ciência e a 
técnica, essa tecnociência, cujo uso é condicionado pelo mercado. Por 
conseguinte, trata-se de uma técnica e de uma ciência seletivas. Como, 
frequentemente, a ciência passa a produzir aquilo que interessa ao mercado, e 
não à humanidade em geral, o progresso técnico e científico não é sempre um 
progresso moral. (SANTOS, 2008a, p.65). 
 
 Outra fase da globalização é que ela envolve o mundo de uma forma 
bastante desigual, pois há lugares que estão mais integrados que outros. É 
urgente que se aprofunde a integração de blocos econômicos, buscando-se 
retirar barreiras que dificultam o fluxo de mercadorias e que se estabeleçam 
acordos que resultem em mercados comuns ou zonas de livre comércio. 
 
UNIDADE 06 - MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITALISMO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: Explicitar a atual visão do sistema capitalista, por meio do 
desenvolvimento tecnológico. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
A Nova Ordem Mundial 
Com a falência do sistema socialista na Rússia e em quase todos os demais 
países que o haviam adotado, o mundo se vê dominado pelo capitalismo. É nesse 
cenário que, nos últimos anos, se instala a chamada nova ordem mundial, 
caracterizada por ter vários polos de influência: Japão, Alemanha, EUA, União 
Europeia, nos quais o que vale é a capacidade econômica dos países, ou seja, sua 
disponibilidade de capitais, o avanço tecnológico, a qualidade de mão-de-obra, o 
nível de produtividade e, sobretudo, sua capacidade de concorrência com seus 
iguais. 
Blocos Econômicos 
Com a economia mundial globalizada, a tendência comercial é a formação 
de blocos econômicos, criados com a finalidade de facilitar o comércio entre os 
países membros. Adotam redução ou isenção de impostos ou de tarifas 
alfandegárias e buscam soluções em comum para problemas comerciais. 
Em tese, o comércio entre os países constituintes de um bloco econômico 
aumenta e gera crescimento econômico para os seus integrantes. Geralmente, 
esses blocos são formados por países vizinhos ou que possuam afinidades 
culturais ou comerciais. Esta é a nova tendência mundial, pois cada vez mais o 
comércio entre blocos econômicos cresce. Economistas afirmam que ficar de fora 
de um bloco econômico é viver isolado do mundo comercial. 
Assim, o que inicialmente representava um pequeno negócio internacional, 
transforma-se em um verdadeiro bloco de integração econômica, no qual os 
planos e metas são vistos e revistos a todo instante; a busca pelo desenvolvimento 
e troca de tecnologias se torna necessária; a produção e o consumo se aliam e 
todos os envolvidos acabam percebendo ser indispensável esse tipo de 
convivência para a sobrevivência de seus investimentos e o equilíbrio de suas 
contas. 
Tudo isso não era pensado e não era tido como imperioso anteriormente, 
mas, hoje, torna-se impossível imaginar uma realidade de modo diverso, sem a 
presença de siglas, como: UE, NAFTA, MCCA, CARICOM, PACTO ANDINO, 
MERCOSUL. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
UE - UNIÃO EUROPEIA- Conhecida inicialmente como Mercado Comum Europeu 
(MCE, 1957), depois, como Comunidade Econômica Europeia (CEE), o bloco 
formado por países da Europa ocidental mudou de nome, em 1993, quando o 
Tratado de Maastricht (assinado em 1991, na cidade Holandesa, Maastricht), 
entrou em vigor. O Tratado da União Europeia prevê uma moeda única - o Euro; a 
cidadania da União, o fortalecimento da economia. 
Em 1957, eram seis os países membros, a saber: França, Itália, Alemanha, 
Bélgica, Holanda, Luxemburgo. Nos anos 80, eram doze, em 1995 passaram a ser 
quinze e, a partir de 2004, tornaram-se vinte e cinco os países-membros 
(Alemanha, Bélgica, França, Espanha, Portugal, Grécia, Irlanda, Luxemburgo, 
Dinamarca, Reino Unido, Itália, Países Baixos, Suécia, Áustria, Finlândia, Estônia, 
Letônia, Lituânia, Polônia, Hungria, Rep. Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, Chipre, 
Malta). 
MCCA – Mercado Comum Centro Americano – Surgiu, em 1960, na tentativa de 
promover a paz na região, afetada por graves conflitos bélicos. 
O bloco reúne uma população de 33,7 milhões de habitantes, possuindo 
um PIB de US$ 59,2 bilhões, com exportações no valor de US$ 18,0 bilhões e 
importações alcançando os US$ 24,3 bilhões. 
São Países Membros do MCCA: Costa Rica, El Salvador, Guatemala, 
Honduras, Nicarágua e Panamá. 
Pacto Andino - Em 26 de maio de 1969, pelo Acordo de Cartagena, Colômbia, 
Peru, Venezuela, Equador, Bolívia e Chile criaram uma União Aduaneira e 
Econômica, para fazer restrições à entrada de capital estrangeiro, com base em 
estudos da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), órgão da ONU. 
Ressalte-se que esse pacto foi substituído pelo CAN- Comunidade Andina. 
Esse bloco econômico reúne uma população de 114,9 milhões de 
habitantes, que gera um PIB de US$ 279,3 bilhões, com exportações alcançando 
os US$ 65,9 bilhões e importações no valor de US$ 52,6 bilhões. 
São Países-Membros da CAN: Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e 
Venezuela. 
CARICOM - Mercado comum e Comunidade do Caribe - É um bloco de 
cooperação econômica e política, criado em 1973, formado por quatorze países e 
quatro territórios da região caribenha. 
O Caricom tem uma população de 14,6 milhões de habitantes, um PIB de 
US$ 28,1 bilhões, exportações girando em torno dos US$ 12,6 bilhões e 
importações alcançando os US$ 15,9 bilhões. 
São Países-Membros do CARICOM: Antigua e Barbuda, Bahamas, 
Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Montserrat, Santa 
Lúcia, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas, Suriname e Trinidad e 
Tobago. 
NAFTA - Constitui-se um instrumento de integração das economias dos EUA, do 
Canadá e do México. O NAFTA (North America Free Trade Agreement) foi iniciado 
em 1988, entre norte-americanos e canadenses e, por meio do Acordo de 
Liberalização Econômica, assinado em 1991, formalizou-se o relacionamento 
comercial entre os Estados Unidos e o Canadá. Em 13 de agosto de 1992, o bloco 
recebeu a adesão dos mexicanos. 
O bloco econômico do NAFTA abriga uma população de 417,6 milhões de 
habitantes, produzindo um PIB de US$ 11.405,2 trilhões, que gera US$ 1.510,1 
trilhão de exportações e US$ 1.837,1 trilhão de importações. 
São Países-Membros do NAFTA: Estados Unidos, Canadá e México. 
MERCOSUL- O Tratado de Assunção (26/03/1991) e o Protocolo de Ouro Preto 
(17/12/1994) criaram o Mercado Comum do Sul ou MERCOSUL, uma organização 
internacional formada por quatro países membros: Argentina, Brasil, Paraguai e 
Uruguai e mais dois associados: Bolívia (tratado assinado em 28/02/1997) e Chile 
(tratado assinado em 25/06/1996), na região denominada Cone Sul do Continente 
Americano. 
São Países-Membros e Associados do MERCOSUL: Argentina, Brasil, 
Paraguai e Uruguai e, associados, Bolívia e Chile. 
Outro ponto a ser levado em conta na globalização é a nova DIT – Divisão 
Internacional do Trabalho, cujos preceitos não implicam apenas a busca de 
matéria prima, mas,principalmente, mão de obra barata. 
Vamos relacionar os países aos principais setores: 
• Países desenvolvidos – setor secundário e terciário 
• Países subdesenvolvidos industrializados – setor primário e setor 
secundário 
• Países subdesenvolvidos não industrializados – setor primário 
Outra divisão a ser relembrada é a divisão de mundo: 
• Primeiro mundo - países desenvolvidos 
• Segundo mundo – países socialistas 
• Terceiro mundo – países subdesenvolvidos 
 
UNIDADE 07 - MODELO AMERICANO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: Explicitar as causas que propiciam a geografia das desigualdades. 
Relembramos alguns conceitos que deram a fundamentação para a chamada 
globalização; em seguida, traçamos um esboço do capitalismo globalizado nos 
países subdesenvolvidos, fornecendo uma visão neoliberal. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
A globalização está concentrando renda: os países ricos ficam mais ricos e 
os pobres mais pobres, pois, ainda hoje, as tarifas de importação beneficiam 
muito mais os produtos exportados pelos países ricos. 
Os países ricos continuam subsidiando seus produtos agrícolas, o que 
inviabiliza as exportações dos países mais pobres. 
A geopolítica mundial está se ajustando aos arranjos e rearranjos desse 
novo espaço mundial, que é a chave para explicar as diferentes lógicas da 
ordenação territorial, juntamente com a própria geopolítica. 
Essa nova ordenação territorial passa pelo modo de produção capitalista, 
que é a base da nova ordem mundial. 
O modo de produção capitalista levou à formação de grandes monopólios 
(multinacionais), fato que se tornou mais evidente e forte com o fim do 
socialismo. 
O domínio do expansionismo das grandes corporações deve-se, 
principalmente, à necessidade de mobilidade de capitais, ao avanço da produção 
e à ação internacional dos governos mais poderosos. 
Por mobilidade de capitais entende-se que o sistema financeiro precisa agir 
em novas áreas de investimentos para poder se expandir. Ocorre que, com a 
mobilidade de capitais, o avanço tecnológico é cada vez maior, que acarreta o 
aumento de produção. Diante disso, o governo acaba influenciando essas áreas 
de expansão do sistema capitalista. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Chegou o momento de verificarmos os pontos principais da globalização, 
com destaque para a América Latina, dentre os quais merecem destaque: 
-A mundialização do capitalismo é um fenômeno que, recentemente, ganhou 
força na economia mundial, devendo ser amplamente estudado e discutido, por 
possuir alguns pontos que necessitam ser acertados, tais como: patentes, padrões 
mundiais, territorialização, Estado-nação; 
-A mundialização não significa, necessariamente, a homogeneização dos 
mercados mundiais, ela pode ser adaptada aos mercados locais, onde existem 
culturas e leis diferentes; 
-O final do século XX foi marcado por inúmeras transformações no mundo, em 
praticamente todos os segmentos. O mundo contemporâneo rompeu as 
distâncias, com a impressão de que o espaço diminuiu, aproximando os povos 
mais distantes, uniu e separou Estados-nações, novas potências emergiram, 
enquanto que velhas potências submergiram. Por outro lado, houve também a 
disseminação das guerras e dos conflitos mundiais do terrorismo. 
Ao mesmo tempo em que a discordância avançou pelo mundo, a 
solidariedade entre os povos também aumentou, pois a luta entre o bem e o mal 
continua, o problema é saber o que é o bem para um Estado-nação e o que é o 
mal. 
Outro termo muito conhecido é o conflito norte-sul. Essa denominação foi 
atribuída à divisão geopolítica do mundo, a partir do fim da Guerra Fria. O bloco 
norte é composto por países desenvolvidos e subdesenvolvidos industrializados. 
O bloco sul é composto por países industrializados e também não 
industrializados. 
Países desenvolvidos são considerados os produtores de novas tecnologias 
e, nestes locais localizam-se as matrizes das maiores multinacionais do mundo 
globalizado. 
Já no bloco sul, encontram-se países subdesenvolvidos, industrializados ou 
agrícolas e dependentes das tecnologias desenvolvidas pelos países do bloco do 
norte. 
Um problema decorrente do conflito norte x sul é o de origem econômica. 
Os países ricos, cada vez mais, distanciam-se dos países pobres. Essa 
desigualdade levou à divisão dos países do Norte como desenvolvidos e os do 
Sul, como subdesenvolvidos. 
A principal arena de disputa entre estes dois blocos é a OMC (Organização 
Mundial de Comércio), em que os países do sul lutam pelo fim dos subsídios 
agrícolas, uma vez considerarem altamente prejudiciais aos seus interesses no 
comércio internacional. Os países do norte têm no G8 os seus principais 
representantes, enquanto os do sul estão representados no G20. 
A globalização é a interligação econômica, cultural, de comunicação e 
informação, entre todo o mundo. Ela é a confirmação da “incrustação” do 
capitalismo. É a expansão do capitalismo e a sua vitória sobre o socialismo. As 
corridas armamentistas deram espaço para as corridas financeiras. Tanto é que as 
guerras atuais têm mais um fundo nacionalista do que econômico. A guerra 
acontece na bolsa de valores, de mercadorias e de frutos, em todos os mercados 
do mundo. As estratégias são formuladas nas grandes corporações, nas sedes dos 
grandes bancos, com a influência de vários países, tendo como campo de batalha 
um mercado mundial altamente globalizado. 
Com a globalização, houve o aumento de circulação de mercadoria entre 
países, através das redes de transportes, devido às transnacionais, que abriram 
filiais em todos os lugares do mundo e pressionaram para que houvesse redução 
das barreiras alfandegárias à circulação de produtos pelos países, o que ajudou a 
globalização de consumo, que é resultado de uma maior produção. 
Para Milton Santos, o avanço das infraestruturas estão ligados fora do seu 
lugar de origem: 
as infra estruturas presentes em cada lugar não dependem 
exclusivamente do tipo e volume de produção: dependem também de 
seu destino, o que obriga a levar em conta os processos de circulação. 
Em outras palavras, as infra estruturas presentes em cada lugar 
encontram, em grande parte, explicação e justificativa fora do lugar. 
(SANTOS, 2008c, p. 61) 
 
Os processos globais afetam a estrutura social local das cidades, alterando 
a organização do trabalho, a distribuição dos ganhos, a estrutura de consumo e 
criam novos padrões de desigualdade social urbana. Ao contrário do que fora 
previsto por alguns pesquisadores e analistas, o espaço local não perdeu sua 
importância com o desenvolvimento das telecomunicações e das indústrias de 
informação; pari passu à dispersão das atividades econômicas da globalização, as 
cidades adquiriram novas formas de composição do capital e de centralização 
territorial, associadas aos novos arranjos de gerenciamento e comando 
operacional dessas atividades em escala planetária, segundo Saskia Sassen 
(1998:13). 
 A mundialização da produção e dos mercados possui capacidades 
equivalentes tanto para integrar como para excluir e isso, por si só, esvazia o 
argumento do poder de abrangência totalizante da globalização. 
 A concepção do universo global como uma nova totalidade histórica 
pauta-se na premissa da metamorfose da sociedade nacional em sociedade 
global, que é dada pelo fim do Estado-nação e do Estado, enquanto instituição 
política responsável pela regulamentação da produção e distribuição dos meios 
materiais de existência. 
A globalização alimenta a diversidade de perspectivas, a multiplicidade 
dos modos de ser, a convergência e a divergência, a integração e a 
diferenciação; com a ressalva fundamental de que todas as 
peculiaridades são levadas a recriar-se no espelho desse novo 
horizonte, no contraponto das relações, dos processos e das estruturas 
que configuram a globalização.”(IANNI, 2001, p.30). 
 
Ianni afirma e defende aideia de que a globalização é um novo ciclo 
intensivo e extensivo de desenvolvimento, em que o capitalismo ingressou em 
escala mundial. O capitalismo, então, já teria nascido global. O que importa é 
globalizar, não humanizar. 
 
UNIDADE 08 - OS DILEMAS DO DESENVOLVIMENTO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: Explicitar os dilemas do desenvolvimento para a América Latina. 
Nesta unidade, vamos nos aproximar mais ainda de nossa realidade, pois o 
conteúdo a ser abordado é sobre dilemas do desenvolvimento na América Latina. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 “Em um lindo dia de domingo, um homem (vamos chamá-lo de José), 
resolveu ir à praia. Pegou seu carro e, ao alvorecer, foi para a estrada e começou a 
descer a serra. As curvas pareciam intermináveis. Em um trecho de extremo 
perigo, uma mulher que vinha no sentido contrário, colocou a cabeça para fora 
do carro e gritou: PORCO! José, indignado, respondeu: VACA! Ao fazer a curva 
seguinte, atropelou um porco, provocando um enorme congestionamento na 
estrada litorânea.” 
Você notou que, assim como José, nós carregamos paradigmas, que, às 
vezes, são tão fortes que não conseguimos ver a verdade. O José da nossa 
história, por exemplo, impregnado pelo dia-a-dia das ofensas, dos maus tratos 
globalizados, não se ateve ao fato de que a palavra dita poderia mesmo ser um 
aviso e não uma ofensa, o que ocasionou sérios transtornos. Por extensão, 
quando abordamos o assunto comparativo entre a América Latina e o Continente 
Africano, precisamos desativar nosso paradigma de inferioridade e atermo-nos 
aos fatos. 
Ora, percebe-se que um número importante de países africanos estão 
dispostos no mercado, porém, as taxas de investimento mantêm-se ainda muito 
baixas, o que significa que ganhos temporários nas reformas de política 
econômica ainda são vigentes, mas isso não assegura uma economia estável. 
Leia agora essa sucinta apresentação, retirada de Full text of an article from 
Revista ELO Cooperação e Desenvolvimento. No. 28, August 1998/ abril 2009: 
 
A este respeito um estudo recente de avaliação dos Programas de 
ajustamento estrutural apoiados pelo FMI, feito por consultores 
externos, «o aumento do investimento não pode ser financiado 
predominantemente pela poupança doméstica, porque os rendimentos 
nesses Países são baixos...» e que «... serão necessários fluxos de capital 
tanto privado como público até que os rendimentos atinjam um nível 
suficiente para sustentar o crescimento econômico induzido 
internamente.» Ao mesmo tempo, e para os Países bem colocados, 
apresenta-se uma janela de oportunidade para recepcionarem os 
fundos de investimento que procuram diversificação da sua carteira 
após o advento da crise asiática. Comércio e Investimento - ou por 
outras palavras, ter acesso ao mercado privado de capitais e à 
mobilização de recursos domésticos - constitui a espinha dorsal do 
financiamento do desenvolvimento. Mas não se pode subestimar o 
papel que a Ajuda Pública ao desenvolvimento ainda pode prestar aos 
nossos países. 
Sei que é desencorajador verificar que a Ajuda Pública ao 
Desenvolvimento caiu para níveis historicamente mais baixos, numa 
altura em que já se começa a dominar a maneira mais eficiente de 
utilizá-la. 
 Sem um fluxo sustentado de capitais externos, até os países mais bem 
colocados arriscam-se a conhecer retrocessos e permitir que isto 
aconteça é, de fato, correr um risco demasiado sério, num mundo cada 
vez mais interdependente, em que os problemas de um país facilmente 
se transmitem para além das suas fronteiras, portanto, é preciso 
combatê-lo, para isso é preciso uma conscientização coletiva. 
 
A África, por exemplo, apesar do processo de independência ocorrido após 
a Segunda Guerra, ainda apresenta uma série de problemas crônicos que vão 
desde a falta de indústrias até os piores indicadores sociais do 
planeta. Características que colocam o continente como um dos mais miseráveis. 
O subdesenvolvimento econômico-social do continente está ligado à 
famosa colonização de exploração que destruiu toda a economia de subsistência 
e que, mal ou bem, conseguia alimentar a população, além de não permitir o 
desenvolvimento da indústria através do famoso Pacto Colonial. 
Os europeus destruíram esse modelo e implementaram as plantations e, 
posteriormente, a mineração em grande escala. Aproveitaram-se de vários 
mecanismos para tornar a mão-de-obra barata, quase semi-escrava. 
A indústria ficou atrelada às necessidades das metrópoles que não 
permitiam qualquer tipo de concorrência. Enquanto isso, a população ficava sem 
terras férteis, já que a concentração fundiária ganhou grandes proporções. Com 
uma mão-de-obra até hoje sem especialização e uma economia sem tecnologia, 
o continente ainda está no período da pré-revolução industrial. 
Consequentemente, para reverter esse quadro, o continente é obrigado a 
comprar tecnologias (defasadas do Primeiro Mundo) com preços altíssimos, 
alimentando ainda mais a ciranda do endividamento externo e dificultando os 
investimentos nas áreas sociais. 
Devemos ressaltar que as elites africanas colaboram com esse mecanismo, 
pois são “compradas”, através do cooptação político-econômica, e sempre contará 
com a ajuda das antigas metrópoles, bastando, para isso, não mudar as relações 
econômicas favoráveis a elas. 
A miséria absoluta que atinge o continente é decorrente de todo o 
processo descrito acima e torna-se mais preocupante em função das guerras civis 
que atingem quase todo o continente. 
Depois da Somália, que horrorizou o mundo numa guerra fratricida e 
contou com a presença desastrada dos EUA, no início dos anos 90, o Burundi 
tornou-se a "bola da vez", na segunda metade da década passada. 
Agora que a globalização é atacada, é conveniente lembrar alguns dos 
seus esquecidos beneficiários. Para tanto, apresentamos a África e o desafio da 
globalização. A leitura a seguir, vem nos mostrar o que os países africanos têm 
como desafio, não só para o seu desenvolvimento, mas para a sua própria 
sobrevivência. 
 
BUSCANDO O CONHECIMENTO 
 
A desigualdade social, tanto no Brasil quanto em qualquer outro país do 
continente americano vem desde o início das gerações. Sabe-se que a melhoria 
das condições de vida da população não dependente apenas do crescimento 
econômico, ou seja, do aumento da produção bens e da geração de serviços, mas 
também na forma de distribuir essa renda. De acordo com Lucci (2008, p.198) 
 
É a partir do exame da distribuição de renda que se podem avaliar as 
diferenças e quantificar a pobreza e o grau de justiça social de uma 
sociedade. 
 
A América Latina sofre uma enorme desigualdade, os países da região com 
melhor distribuição de renda ainda permanecem mais desiguais do que qualquer 
outro da Europa Ocidental. A desigualdade, na distribuição de renda gera níveis 
menores de ação social e provocam conflitos e violência. Caracterizar a situação 
da pobreza de um país, portanto, não é tarefa simples. 
O Brasil é o campeão das diferenças relativas à renda entre ricos e pobres e 
sua desigualdade de renda não é fenômeno recente, nem tem sido prioridade 
política, nos últimos anos, nas ações públicas de alguns governos. No caso do 
Brasil, o atual governo tem aplicado políticas para amenizar as desigualdades 
sociais, mas estamos longe de solucionar o problema. É verdade que ocorreram 
melhoras, mas a própria mídia parece trabalhar em sentido contrário. Poucos são 
os meios de comunicação que lutam por um país mais justo e isso é fato de longa 
data. 
O desemprego é um dos grandes fatores que vêm se configurando em um 
dos problemas sociais do mundo inteiro, neste período de transição do século XX 
para o século XXI. As causas do desemprego são diversas, mas estão relacionados, 
de forma geral, com o baixo índice de crescimento econômico de um país, estado 
ou município. 
A América Latinaé a mais urbanizada das regiões subdesenvolvidas tendo 
uma taxa média de 76% de urbanização maior que a África e Ásia. Essa 
urbanização, além de formar grandes metrópoles, na maioria das vezes, ocorreu 
de forma desordenada, o que possibilitou o surgimento de áreas urbanas 
extremamente deterioradas. De acordo com Boligian (2005, p.99) 
Essa situação provocou o empobrecimento de uma grande parcela da 
população, que acabou não tendo condições econômicas de ocupar as 
áreas mais bem equipadas da cidade, onde os preços dos imóveis e 
alugueis são muito elevados. 
UNIDADE 09 - MODELO GLOBALISTA COM DIFERENTE LINEARIDADE 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: Explicitar o fenômeno da globalização adotado pelo Chile e pelo Brasil, 
propiciar conhecimentos sobre a crise na Argentina, decorrente do 
neoliberalismo; e abordaremos o modelo intervencionista da Venezuela e Bolívia. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
O Chile persegue a globalização estruturalmente dependente de país 
periférico primário, dito liberal-exportador, ao passo que o Brasil coloca sua 
vocação industrial no topo dos valores da alta política internacional. 
Assim, o primeiro corre atrás do acordo de livre-comércio com os Estados 
Unidos, ao passo que o segundo bloqueia a criação da ALCA, recusa-a como 
também o faz a outros acordos bilaterais ou interblocos, que estabeleçam a 
perpetuação das estruturas hegemônicas do capitalismo sobre países emergentes, 
enfim reforça seu poder em coalizões decididas a bloquear a produção do 
ordenamento ou de regimes globais que não realizem a reciprocidade real dos 
interesses entre estruturas hegemônicas e países periféricos. 
Embora distantes em sua visão de mundo e em seus objetivos externos, é 
notável a conduta logística dos Estados, no Chile e no Brasil, a secundar a 
sociedade, que anda por si, mas conduzida pela mão, não da providência, mas da 
dirigência nacional. 
Para o Chile, mercados externos para os produtos da terra; para o Brasil, 
mercado para produtos agrícolas e industrializados, internacionalização de 
empresas de matriz nacional, diplomacia multilateralista de reciprocidade real no 
mundo da interdependência global. 
Para o Chile, juros baixos, combate à especulação financeira e elevada taxa 
de crescimento; para o Brasil, elevada taxa de juros, especulação financeira e 
crescimento medíocre. Para o Chile, integração regional secundária, visto que a 
meta externa prioritária consiste em alcançar pela via do livre-comércio mercados 
em condições privilegiadas; para o Brasil, integração regional sobrevalorizada, 
atrelada a seu projeto sul-americano de integração produtiva. 
Já a Argentina pode ser vista como um modelo de introspecção nacional. 
Para entendermos, é preciso conhecer um pouco da história. 
Nesse início do século XXI, o nexo entre Estado Nacional, globalização e 
integração se configura na Argentina como modelo diferente relativamente aos 
dois anteriores. Nesse modelo argentino, não prevalece a logística da globalização 
como no Chile e no Brasil, tampouco a intervenção econômica estatal, em dose 
comparável ao que sucede na Venezuela e na Bolívia. Fortalece-se, contudo, o 
papel do Estado. A Argentina busca soluções de dentro para os problemas 
gerados pela crise do neoliberalismo, que foram os mais graves da região. 
Por tal razão, globalização e integração caem para segundo plano nas 
estratégias de ação interna e externa. O lastro histórico, econômico e social da 
nação, a mais robusta e bem distribuída dentre todas as nações da América do 
Sul, parece suficiente para arrancar de dentro as forças com que manter a 
estabilidade, combater a especulação financeira, atrair capital e empreendimentos 
e exibir elevado ritmo de crescimento. Em suma, o modelo de introspecção 
nacional funciona e produz resultados. 
A integração é vista pela Argentina como integração comercialista e essa 
perspectiva, conquanto dê continuidade à própria maneira de concebê-la, afasta o 
país do projeto brasileiro-venezuelano de integração produtiva. 
Após a prevalência de três fenômenos de fundo das relações 
internacionais, durante a última década do século XX - globalização, integração e 
depreciação do Estado Nacional - o mundo entra em fase de crise, com retorno 
do Estado e explicita incapacidade de fazer avançar o ordenamento multilateral 
global, como também os processos de formação de blocos. 
A América do Sul revela no período traços semelhantes, porém introduz 
seus próprios modelos de relações internacionais, em situação bem distinta da 
década anterior em que o neoliberalismo perfazia a unidade. 
 A não convergência de modelos regionais na América do Sul - países 
globalistas, liberais ou industrialistas, países estadistas ou de introspecção nacional 
- conforma um tabuleiro político, no qual o entendimento sobre a ação regional e 
global não ocorre, a integração não avança e cada qual insiste em perseguir 
destino próprio, desarticulado do conjunto. 
Dois cenários futuros para as relações internacionais da região podem ser 
traçados: o malogro do projeto desenvolvimentista brasileiro de integração 
produtiva, a começar pela integração energética, em razão dos nacionalismos em 
voga, e o aprofundamento da inserção globalista de caráter logístico do Brasil; o 
sucesso da integração produtiva regional e a criação de um pólo de poder sul-
americano. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Vamos aprofundar um pouco mais conhecimentos sobre dois países 
andinos: Venezuela e Bolívia, que se alinham em um modelo comum de inserção 
internacional, porém com especificidades nacionais fortes, a exemplo dos casos 
anteriores. Venezuela e Bolívia agridem a globalização pelo discurso político, no 
entanto, regridem ao adotarem modelo de intervenção estatal pré-globalista com 
nacionalizações de empresas privadas e forte nacionalismo político e social, 
fundamentam o desenvolvimento sobre o capital provindo de recursos naturais, 
ao invés dos fluxos de investimentos externos. 
Contudo, a Venezuela se abre à vasta cooperação internacional de capitais 
e empreendimentos e mantém sua vocação de país industrial, acompanhando o 
Brasil em projeto regional de integração produtiva; ao passo que a Bolívia 
afugenta o capital e o empreendimento estrangeiros, distribui renda ao invés de 
distribuir trabalho, não assimila conceito algum de integração regional e se isola 
conscientemente. 
 
Dois ótimos livros para um estudo aprofundado são: 
SANTOS, M. Novos Rumos da Geografia Brasileira. São Paulo: Hucitec, 1996. 
VESSENTINI, J. W. Novas Geopolíticas. São Paulo: Contexto, 2005 
 
 
www.geografiaparatodos.com.br/abr/2017 
 
UNIDADE 10 - INDUSTRIALIZAÇÃO, SUBDESENVOLVIMENTO E 
DEPENDÊNCIA DA AMÉRICA LATINA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: Refletir sobre alguns aspectos da industrialização e 
subdesenvolvimento. Nesta unidade, refletiremos sobre a Industrialização, o 
subdesenvolvimento e a dependência da América Latina, em relação às novas 
referências teóricas, estéticas e morais no mundo contemporâneo. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Todos esses assuntos estão interligados na história geográfica. Diante 
disso, queremos, aqui, desafiá-los a se envolverem realmente e a se perceberem 
como sujeitos da história. 
Vamos começar com nosso grande mestre, Milton Santos: 
 
"Consumismo e competitividade levam ao emagrecimento moral e 
intelectual da pessoa, à redução da personalidade e da visão do 
mundo, convidando, também, a esquecer a oposição fundamental entre 
a figura do consumidor e a figura do cidadão". (SANTOS, 2008, p.85) 
 
O brilhante geógrafo Milton Santos chama a atenção para a 
desumanização que a globalização desencadeia no mundo atual. 
Como resultado de tudo isso, entramos ainda mais no processo de 
mundialização da produção, que começou após a Segunda Guerra Mundial. 
Houve a expansão dos conglomerados pelo mundo afora, filiaisdas 
multinacionais foram montadas até mesmo em países subdesenvolvidos, o 
consumismo desenfreado e o individualismo exacerbado desencadearam uma 
visão banal, perante as desgraças mundiais ou mesmo locais. 
Junto com a globalização da produção e do consumo, veio a intensificação 
do fluxo de viajantes pelo mundo, seja por emigração, negócios, fuga ou turismo, 
entrelaçando os países em uma mesma forma de consumo, costumes, de 
comportamento, moda, alimentação e tecnologia, principalmente através da 
multimídia. 
O mundo é agora mapeado pela multimídia, “um território tão 
volátil quanto a riqueza financeira virtual que circunda nas bolsas de 
investimentos financeiros e desestrutura os valores expressos da 
produção. A modernização do mundo nos apresenta um novo conjunto 
de instalações das relações sociais, movidas pela produção e por 
profunda apropriação da natureza nessa construção do sobreviver 
humano. Instalações em que podem ser lidas as contradições das 
relações e forças produtivas que em sua gênese combinam-se 
contradizem-se e complementam-se simultaneamente”. Como afirma o 
Professor Dr. Belarmino Mariano Neto. 
http://olharesgeograficos/abr/2017 
Ainda sobre nossa temática, leia, atentamente, o texto abaixo. 
A descabida concentração de capital, tanto em nível dos grupos 
econômicos, quanto em nível das regiões globais, bem como a nova 
revolução industrial (microeletrônica, cibernética, computacional, 
robótica, cognição) começa a construir um mundo para homens de 
sobra, vazios de trabalho, desempregados e contraditoriamente 
perdidos de sua milenar cultura da atividade. Humanos sem trabalho e 
sem capital começam, aos montes, a perambular por um mundo de 
abundância controlada, apropriada pela selvageria de poucos. 
Estamos diante do tempo de ilusões, apontando para todas as 
sortes de incertezas que podemos pensar. Essa lógica do real/virtual 
combina-se na construção de uma sociedade onde os homens são 
nitidamente descartáveis. 
Vivemos a náusea existencial de uma sociedade saturada, em que 
o virtual preenche muito mais os “vazios” que o próprio racionalismo 
dessa geração, que estava adaptada e apoiada no progresso da ciência. 
A vida sem sentido começa a tonificar os novos seres ciberculturais. Essa 
nova era digital dos “plugados” não define um chão para os nossos pés. 
A submundialização do planeta não é uma ideia profética, mas a 
vivência iniciada nestas últimas décadas em quase todos os recantos do 
mundo. 
O que segue é, na medida de seu ritmo, o mundo do 
desemprego, tempo/espaço como instalações irreversíveis para o 
trágico choque secular, que será o puro demonstrativo de que as crises 
do modelo liberal da economia de mercado não são apenas cíclicas, 
mas constantes e cumulativas, e que levará ao abismo todos, não 
importando aí ordem de chegada, todos somos “filhos do medo”, e esta 
é a violação em estar vivo diante do real e da certeza. 
O mundo caminha para uma governança centrada no poder do 
G-8, FMI e Banco Mundial fútil de sustentação dessa nova ordem. O que 
nos resta é o caminhar, lutar contra um vírus instalado com o sistema 
capitalista, que contém a desigualdade, o individualismo, combinado à 
globalização. 
A submundialização pode ser lida como urbanização da pobreza, 
com grandes aglomerados populacionais, onde os bolsões de 
miseráveis são territorialmente expressivos. Pobres espremidos em áreas 
de risco que, na maioria das vezes, são ilegais perante o poder público. 
Em muitos casos, locais não assistidos de infraestrutura básica (água 
encanada, instalações sanitárias, eletrificação, saúde, educação, etc.). 
Este é o modelo global de desenvolvimento urbano/ industrial. 
Perceberam como somos parte da história? 
Este é um quadro pintado pela realidade dos grandes centros 
urbanos dos países subdesenvolvidos. Áreas como a Grande São Paulo 
e Rio de Janeiro, Salvador, Caracas, Lima, Cidade do México, Nova Deli, 
Bombaim, Lagos, Cairo, Luanda e muitas outras. 
São comuns as favelas, mocambos e palafitas em áreas de 
encostas, morros, beiras de rio, mangues, limites de movimentadas 
rodovias ou embaixo das redes de alta tensão elétrica. A falta de 
assistência pública de serviços básicos é lamentável. 
http://olharesgeograficos/abr/2017 
 
 
 
BUSCANDO O CONHECIMENTO 
 
Estamos diante dos quinhentos anos de profundas alterações 
socioeconômicas, culturais e ambientais que nosso estágio de civilização 
propiciou. O lucro mata a natureza e não contabiliza as perdas ambientais. 
Vivemos as supersafras ao lado da fome. A crise é econômica, ecológica, moral, 
ética e de atitudes humanas. Na realidade, estamos diante de uma encruzilhada, 
em que a humanidade não acompanha o ritmo do progresso de uma minoria que 
comanda o mundial e a natureza não aceita esse ritmo de desenvolvimento 
imposto pelos homens. 
A exploração abusiva dos recursos naturais nos coloca diante de uma 
natureza morta. A natureza tem se reduzido a um ambiente de lugares podres, a 
natureza tem sido vista como um depósito de lixo a céu aberto. 
Uma coisa é certa, meu caro aluno, diante do elevado grau de 
submundialização da civilização humana, este modelo urbano industrial e 
consumista de desenvolvimento não consegue dar a mesma qualidade de vida 
para toda a população do mundo, além de não se sustentar ecologicamente. 
A aceleração da adequação do Estado ao novo ritmo e característica de 
reprodução do capital relaciona-se com as alterações havidas com a "queda do 
muro de Berlim", metáfora do esgotamento do modelo de socialismo estatal. 
Na vigência do que se convencionou denominar Guerra Fria, grande parte 
da economia e do desenvolvimento científico-tecnológico dos países centrais se 
movimentava em torno do complexo industrial-militar, o que pode ser entendido 
como garantia contínua de realização do capital pela produção de objetos 
destrutíveis, mas que, ao mesmo tempo, impedia a livre circulação de tecnologia e 
de novos materiais. A retirada desta garantia de realização de capitais e a 
liberalização da tecnologia introduziram, então, a possibilidade e a necessidade 
de reafirmação dos conglomerados econômicos atuais. 
Muitos estados, durante a Guerra Fria, ampliaram sensivelmente o seu 
poder sobre a sociedade e o território, pois, a questão da segurança nacional ou a 
segurança do bloco político alcançava sua mais elevada expressão. No atual 
período, cessando a possibilidade de uso da imagem do inimigo permanente, o 
Estado deixa de ter o controle anterior, agora desnecessário, e atualiza suas 
funções. 
Na atualidade, e cada vez mais, podemos dizer que vivemos numa grande 
aldeia, a chamada “aldeia global”, onde tudo está interligado. O espetacular 
desenvolvimento das telecomunicações (Internet, videoconferência, telefax) reduz 
as distâncias entre os países, abre fronteiras, derruba barreiras. A informação 
espalha-se por todo o lado, a própria televisão é um dos meios de difusão mais 
generalizadores e abrangentes. 
A Internet, por sua vez, vem interligar de maneira rápida e eficaz o mundo 
e passa a ser o ícone da globalização. 
 
 
 
UNIDADE 11 - ABORDAGEM DAS REDES NA CIÊNCIA GEOGRÁFICA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivo: proporcionar uma introdução ao estudo da geografia das redes, 
compreendendo o que é uma rede, como ocorre sua formação e 
como é sua estrutura. Analisar quais são as implicações da dinâmica das redes 
para o espaço geográfico. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Analisa-se, a priori, que uma rede serve a princípio para estabelecer 
ligações entre pontos. Uma rede só ocorre quando vários pontos são ligados 
entre si através de um fluxo que os coloca numa mesma estrutura. Observe a 
figura que segue: 
 
Pela figura acima, é fácil analisar a estrutura de uma rede. Os pontos 
classificados com letras formam os chamados pontos fixos, ou seja, locais, regiões 
ou mesmo instituições fixas no território.Contudo, apesar de serem fixos, tais 
pontos possuem certa ligação entre si através de linhas que podem ser de 
comunicação, transporte ou algo material ou imaterial que estabeleça uma 
relação entre os pontos. 
Se observar a figura, num exemplo de produção de mercadorias, por 
exemplo, os pontos podem ser cidades e as linhas podem ser rodovias e/ou 
ferrovias. Assim, mercadorias são escoadas para todos os pontos e os transportes 
atuam como canal de ligação entre as cidades. Analisa-se ainda que as cidades de 
maior integração sejam as D e G. 
Pode-se, ainda, pegar como exemplo as comunicações. Assim, os pontos 
poderiam ser bancos ou escritórios e as linhas seriam as informações, as quais são 
então responsáveis pela ligação entre os pontos. Analisa-se, dessa forma, que os 
principais fluxos de comunicação nesse caso são os pontos D e G, como no 
primeiro caso, pelo fato de que são os pontos que possuem maiores ligações 
entre os outros. 
Santos apud N. Curien (1988, p. 212) faz sua análise e afirma que as redes 
representam: 
 
Toda infraestrutura, permitindo o transporte de matéria, de energia ou 
de informação, e que se inscreve sobre um território onde se caracteriza 
pela topologia dos seus pontos de acesso ou pontos terminais, seus 
arcos de transmissão, seus nós de bifurcação ou de informação. 
(SANTOS, 2008, p. 262) 
 
Além de pontos fixos lotados no espaço e fluxos que dinamizam o sistema 
de redes, existe também o conceito denominado fluidez, o qual pode ser 
analisado como um sistema que proporciona maiores ou menores condições de 
se estabelecer os fluxos pelo território. Dessa forma, fluxos e refluxos se 
intensificam à medida que há maior 
fluidez no espaço. Nas imagens que 
seguem, é possível observar que entre os 
pontos de uma rede geográfica pode 
existir maior ou menor fluidez, o que irá 
determinar a intensidade e integração dos 
fluxos e refluxos sobre a superfície 
terrestre expostos no espaço. 
Mas como podem dois espaços ainda que distintos entre si possuírem 
diferentes intensidades de fluidez e como consequência menores integrações 
entre os fluxos que se comunicam com os pontos fixos? A questão parece 
complexa, mas é muito simples: é preciso apenas observar as próprias interações 
antrópicas no espaço geográfico e, assim, constatar que são as diferentes 
interações com o meio que trazem as diferenciações na fluidez. Ou seja, a 
maneira com que determinada sociedade produz, consome, se comunica, cresce 
financeiramente, desenvolve a economia e a própria sustentação do estilo de vida 
são fatores determinantes que influenciarão a maior ou menor intensidade de 
fluidez. 
 
BUSCANDO O CONHECIMENTO 
 
Podem-se analisar exemplos cotidianos, ou seja, a cidade de São Paulo 
possui uma população numerosa, a mancha urbana é a maior do Brasil, o acesso à 
ciência e à tecnologia de ponta é indiscutível. Além disso, o número de empresas, 
fábricas e indústrias de diversos tipos estão presentes nos diversos polos 
industriais e o mercado consumidor é crescente. No entanto, São Paulo enfrenta 
graves problemas quanto a congestionamentos de veículos, mas isso não retira o 
mérito de a cidade possuir quilômetros de ruas, logradouros, avenidas, travessas, 
viadutos, ou seja, é evidente a tentativa de estabelecer maior fluidez através dos 
transportes dentro da metrópole. 
Quando se compara a cidade de São Paulo a uma média cidade, como o 
município de Araras-SP, analisa-se que esta possui menor fluidez no espaço que 
aquela, visto que na cidade de Araras o polo empresarial e técnico é menor, assim 
como são restritos também os mercados produtor e consumidor. Portanto pode-
se afirmar que o território que compreende a cidade de São Paulo possui maior 
fluidez que o da cidade de Araras. 
Entretanto, como já foi anteriormente mencionado em relação aos meios 
de transporte, verifica-se que o trânsito em Araras pode fluir melhor e com mais 
agilidade entre os pontos mais periféricos do município quando comparado à 
capital. Assim, apesar da intensidade de fluxos e de pontos fixos espaciais de 
grande influência presentes em São Paulo, uma cidade de médio porte pode 
apresentar maior fluidez no espaço. 
Analise uma situação em que um caminhão precisa deixar sua carga em 
determinado local do centro de São Paulo. Enfrentando situações adversas como 
engarrafamento, trânsito caótico e até enchentes, é possível prever o gasto 
desnecessário de combustível, dificuldades de acesso e danos ao veículo. Em 
comparação, tais prejuízos não ocorrem ou ocorrem com menor frequência em 
Araras. Assim, para esse caso específico, o território da cidade de Araras possui 
maior fluidez do que a cidade de São Paulo. 
 
As atuais compartimentações dos territórios ganham esse novo 
ingrediente. Criam-se paralelamente, incompatibilidades entre 
velocidades diversas; e os portadores das velocidades extremas buscam 
induzir os demais atores a acompanha-los, procurando disseminar as 
infraestruturas necessárias à desejada fluidez nos lugares que 
consideram necessários para sua atividade. Há, todavia, sempre, uma 
seletividade nessa difusão, separando os espaços da pressa daqueles 
outros propícios à lentidão, e dessa forma acrescentando ao processo 
de compartimentação nexos verticais que se superpõem à 
compartimentação horizontal, característica da história humana até data 
recente. (SANTOS, 2008, p. 84) 
 
Sabe-se que o espaço geográfico é resultado das interações da sociedade 
com o meio e, assim, pode-se dizer que, dependendo de tais interações, o espaço 
em questão terá características únicas ou semelhantes a de locais onde existem as 
mesmas ações antrópicas. 
As interações que “moldam” o espaço permitem a fluidez e originam os 
fluxos entre os pontos fixos. A criação de novos fixos e a manutenção de antigos 
dão origem a uma noção de espaço rígido e análogo. 
As grandes metrópoles criam espaços estáticos e o envelhecimento 
precoce de seções urbanas. 
 
As formas novas, criadas para responder a necessidades renovadas, 
tornam-se mais exclusivas, mais endurecidas, material e funcionalmente, 
mais rígidas tanto do ponto de vista das técnicas implicadas como de 
sua localização. Passamos de uma cidade plástica a uma cidade rígida. 
(SANTOS, 2008, p. 251) 
 
A tendência de rigidez das grandes cidades é oposta à tentativa de fluidez 
imposta pelo sistema socioeconômico com o intuito de integrar as redes e 
estabelecer fluxos densos alcançando o dinamismo. 
A rigidez relaciona-se aos conceitos da geografia das redes por estar 
vinculada às funções e atribuições dos pontos fixos. 
 
Essa rigidez tanto se manifesta pela existência de novas técnicas 
convergentes, como pelas formas de trabalho que esse meio técnico 
renovado acarreta. Fala-se muito em flexibilidade e flexibilização como 
aspectos maiores da produção e do trabalho atuais, mas o que se dá, na 
verdade, é a ampliação da demanda de rigidez. Pode-se, mesmo, dizer, 
sem risco de produzir um paradoxo, que a fluidez somente se alcança 
através da produção de mais capital fixo, isto é, de mais rigidez. 
(SANTOS, 2008, p. 252) 
 
 
UNIDADE 12 - EVOLUÇÃO DAS REDES DE TRANSPORTES 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivo: estudar as redes de transporte e suas dinâmicas. Observar as 
integrações no espaço devido à eficiência dos meios de transporte. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
É compreensível a importância dos meios de transporte para a 
humanidade. Desde os primórdios da história humana que as sociedades tentam 
se integrar e se comunicar diminuindo as distâncias e favorecendo diversas trocas 
entre os povos. Além disso, os meios de transporte viabilizam a acessibilidade a 
vários territórios distintos e a diferentes espaços geográficos, que são capazes de 
satisfazer as diversas necessidades da sociedade. 
Observa-se que os meios de transporte representam variados fluxos; estes 
podem ser de pessoas,

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