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Medicina Veterinária Terapêutica Veterinária Rebeca Meneses @RebecaWoset AGENTES ANTI CESTOIDE E TREMATÓIDE SALICILANILIDAS • Espectro de ação reduzido • O uso destes antiparasitários tem sido recomendado para ruminantes no controle de populações de nematódeos resistentes aos benzimidazóis e às lactonas macrocíclicas. NOMES GENÉRICOS E QUÍMICOS • Closantel • Niclosamida • Rafoxanida ESPECTRO ANTI-HELMÍNTICO As salicilanilidas atuam principalmente no controle de trematódeos e cestódios e de alguns nematódeos hematófagos dos animais domésticos, como Haemonchus spp. e Ancylostoma spp. MODO DE AÇÃO São desacopladores da fosforilação oxidativa mitocondrial, interferindo na biotransformação energética do parasito. FARMACOCINÉTICA As salicilanilidas associam-se fortemente às proteínas plasmáticas, e sua atividade anti- helmíntica depende do seu tempo de permanência no plasma. A concentração plasmática máxima é observada em 12 a 24 h. A biotransformação ocorre no trato gastrintestinal e no fígado. O medicamento e seus metabólitos são eliminados principalmente pelas fezes, através da via biliar. EFEITOS TÓXICOS Resulta em efeitos carcinogênicos, teratogênicos ou embriotóxicos com o uso deste medicamento. POSOLOGIA, FORMULAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO As salicilanilidas são formuladas em suspensão, comprimidos, grânulos (incorporação na ração) para administração oral e em solução para administração parenteral. A administração oral de closantel em bovinos apresenta eficácia de 93% sobre estágios de F. hepatica maiores de 8 semanas. Nos estágios iniciais de desenvolvimento, até 6 semanas da infecção, a eficácia diminui para 75%. O closantel é administrado pelas vias oral, subcutânea e intramuscular, a depender da formulação comercializada. PIRAZINOISOQUINOLONAS As pirazinoisoquinolonas continuam sendo os medicamentos de escolha no tratamento das infecções por cestódios em animais domésticos. Quando administradas em altas doses, são eficazes em estágios imaturos no hospedeiro intermediário. O mais importante princípio ativo deste grupo é o praziquantel. NOMES GENÉRICOS E QUÍMICOS • Epsiprantel • Praziquantel ESPECTRO ANTI-HELMÍNTICO O praziquantel é conhecido por sua atividade nos cestódios, incluindo as fases adultas e de larvas. Tem eficácia sobre cestódios das famílias Taeniidae e Dipylidiidae de cães e gatos, Anoplocephalidae em equinos, e Davaineidae de aves. É eficaz, ainda sobre o estágio larval ou tissular da Taenia solium, o Cysticercus cellulosae. Também é indicado para répteis e pequenos mamíferos. MODO DE AÇÃO Têm efeito, no parasito, sobre o potencial de membrana das células musculares, promovendo a inibição das bombas de sódio (Na+) e potássio (K+), aumentando a permeabilidade da membrana Medicina Veterinária Terapêutica Veterinária Rebeca Meneses @RebecaWoset a certos cátions mono- e divalentes, principalmente cálcio (Ca2+), o que resulta na contração muscular paralítica (paralisia espástica) e na desintegração do tegumento dos cestódios. FARMACOCINÉTICA O praziquantel é estável em condições normais, insolúvel em água, solúvel em etanol e em alguns solventes orgânicos, como o clorofórmio. O medicamento é absorvido por difusão passiva, distribuído pelo organismo animal, e ultrapassa as barreiras gastrintestinal e hematencefálica. A absorção (75 a 100%) ocorre principalmente na porção inicial do intestino delgado, em 24 h, após administração oral, mas sua biodisponibilidade é variável e aumentada quando interage com os alimentos. A biotransformação ocorre no fígado, e a associação com inibidores de citocromo P-450 aumenta sua biodisponibilidade. A ingestão de medicamentos como cloroquina, antiepilépticos e corticoesteroides pode causar diminuição da biodisponibilidade do praziquantel. EFEITOS TÓXICOS Pode causar náusea, vômitos e cólicas. . Não deve ser usado em cães e gatos com menos de 4 e 6 semanas de vida, respectivamente. Não há evidências de fetotoxicidade, teratogenicidade e mutagenicidade. POSOLOGIA, FORMULAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO A dose de 5 mg/kg, oral, é recomendada para o tratamento de cestódios em cães e gatos. Os medicamentos estão disponíveis em comprimidos ou tabletes para administração oral. O praziquantel é também formulado como solução para uso parenteral, sendo utilizados no máximo 3 mℓ por local de aplicação, e transcutâneo (spot- on) para gatos. O uso concomitante com dexametasona reduz sua eficácia. A formulação em pasta de ivermectina e praziquantel para equinos, na dose de 1 mg/kg, é efetiva para Anoplocephala perfoliata, nematódeos gastrintestinais e Gasterophilus spp. A dose subcutânea de 50 mg/kg de praziquantel controla a infecção por cisto de Taenia hydatigena e T. ovis em ovinos. Uma única dose de 0,15 mℓ/kg e de 10 mg/kg administrada, respectivamente, pela via intramuscular ou oral, em frangos resultou na eliminação de Raillietina tetragona, R. cesticillus e Amoebotaenia cuneata. O praziquantel é o medicamento de escolha no tratamento contra Platynosomum illiensis, o trematódeo que parasita ductos biliares de gatos, na dose diária de 20 mg/kg via oral por 3 a 5 dias. No controle de cisticercose, cenurose e hidatidose, o praziquantel é usado na dose de 50 a 250 mg/kg, diariamente, durante 1 ou 2 semanas. BENZIMIDAZÓIS São usados, principalmente, como medicamentos antinematódeos. Entretanto, o triclabendazol (TCBZ) tem apresentado alta eficácia em estágios adultos e imaturos de Fasciola. NOMES GENÉRICO E QUÍMICO • Triclabendazol ESPECTRO ANTI-HELMÍNTICO O triclabendazol tem alta eficácia em estágios adultos e imaturos (a partir da primeira semana da infecção) de Fasciola spp. e Paragonimus spp. e apresenta atividade reduzida no Dicrocoelium dendriticum. MODO DE AÇÃO O principal modo de ação desses medicamentos parece estar relacionado com a desorganização estrutural no tegumento dos cestódios e trematódeos, causando sua destruição. O composto triclabendazol penetra por difusão no tegumento do parasito. FARMACOCINÉTICA O medicamento é absorvido no trato gastrintestinal; o produto original não é detectado no plasma, sendo completa e rapidamente Medicina Veterinária Terapêutica Veterinária Rebeca Meneses @RebecaWoset biotransformado no fígado em sulfóxido, que é o metabólito responsável pela atividade terapêutica, e em sulfona. A hidroxilação do triclabendazol e dos seus dois metabólitos acontece também no fígado, originando os metabólitos hidróxi, que são excretados na bile. O triclabendazol se une fortemente às proteínas séricas (90 a 95%), especialmente a albumina. O nível plasmático máximo ocorre em 24 e 48 h para os metabólitos sulfóxido e sulfona, respectivamente. A concentração plásmatica decresce lentamente em 12 dias. A associação com ivermectina pode interfeir na deposição do triclabendazol e seus metabólitos. A principal via de excreção é a biliar. Não deve ser usado em fêmeas em lactação. EFEITOS TÓXICOS Doses altas do triclabendazol causam incoordenação, fraqueza do trem posterior, anorexia e diminuição das concentrações de aspartato aminotransferase, alanina aminotransferase, colesterol e nitrogênio ureico. Não há evidências de efeitos teratogênicos ou embriotóxicos. POSOLOGIA, FORMULAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO O medicamento é formulado em suspensão para administração oral. No tratamento da fasciolose aguda, a dose pode ser repetida após a quinta semana. AGENTES ANTINEMATÓDEOS IMIDAZOTIAZÓIS NOMES GENÉRICOS E QUÍMICOS • Levamisol • Tetramisol ESPECTRO ANTI-HELMÍNTICO O levamisol apresenta atividade em estágios adultos e imaturos em desenvolvimento de nematódeos gastrintestinais e pulmonares de ruminantes, suínos, equino e aves. Não é ovicida, apresenta baixa eficácia para Trichuris spp. e estágios imaturos inibidos de nematódeos e não tem ação em cestódios e trematódeos. No cão, tem eficáciaem microfilárias de Dirofilaria immitis. Além da ação antinematódea, o levamisol é conhecido por estimular a resposta imune celular nos animais, promovendo o desvio da resposta de um padrão Th2 para Th1, via indução de interleucina 18. Estes efeitos estão relacionados com a concentração e o tempo de exposição do medicamento. MODO DE AÇÃO Os imidazotiazóis penetram no parasito através da cutícula (via transcuticular), e como são agonistas colinérgicos atuam seletivamente em receptores nicotínicos sinápticos e extrassinápticos, das membranas das células musculares dos helmintos, induzindo a abertura dos canais de cátions mediados por acetilcolina, levando à despolarização da membrana e causando contração muscular e paralisia espástica dos parasitos, que são eliminados do pulmão por meio do muco bronquial e do trato intestinal junto com as fezes, em 24 a 36 h após o tratamento. FARMACOCINÉTICA Após administração oral, o levamisol é rapidamente absorvido no sistema gastrintestinal e o nível plasmático máximo é observado entre 2 e 3 h. Após injeção subcutânea, este nível ocorre entre 30 min e 1 h, e no muco bronquial o pico de concentração é de 3 a 4 h. O medicamento distribui-se amplamente pelos tecidos e atinge alta concentração no fígado, onde é biotransformado. A meia-vida plasmática é de 6 a 8 h e 90% da dose são eliminados na urina em 24h. A maior biodisponibilidade é obtida quando o medicamento é utilizado pela via subcutânea. Os imidazotiazóis não são recomendados para uso em fêmeas em lactação. EFEITOS TÓXICOS O levamisol é relativamente tóxico para equino, cães e gatos e os sintomas de intoxicação são do Medicina Veterinária Terapêutica Veterinária Rebeca Meneses @RebecaWoset tipo colinérgico, semelhantes aos organofosforados, e aparecem em 10 a 20 min após administração do medicamento, persistindo por 4 a 6 h. Não tem efeitos embriotóxicos ou teratogênicos. O uso concomitante deste medicamento com outros agonistas colinérgicos, como organofosforados e carbamatos, não é recomendado. POSOLOGIA, FORMULAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Está disponível em suspensão e solução, na forma de cloridrato, para administração oral em bovinos, ovinos, suínos e aves; cutânea (pour-on) e bólus para bovinos e sob a forma de sais de fosfato para uso parenteral (subcutânea) em bovinos e ovinos. BENZIMIDAZÓIS Os compostos benzimidazólicos são classificados como tiazólicos, metilcarbamatos, halogenados e pró-benzimidazóis. TIAZÓLICOS • Tiabendazol • Cambendazol METILCARBAMATOS • Albendazol • Fembendazol • Mebendazol • Oxibendazol • Oxfendazol HALOGENADO • Triclabendazol PRÓ-BENZIMIDAZOL • Febantel ESPECTRO ANTI-HELMÍNTICO Os benzimidazóis em geral têm alta eficácia contra estágios adultos e imaturos (em desenvolvimento ou inibido) de nematódeos gastrintestinais e pulmonares de ruminantes, equinos, suínos, cães e gatos e ação ovicida. Em aves mebendazol e fembendazol são recomendados para o tratamento dos gêneros Ascaridia e Capillaria, enquanto o oxibendazol é eficaz contra Ascaridia e Heterakis. O albendazol mostrou-se efetivo no controle do protozoário Plasmodium berghei e parece causar supressão da resposta imune celular e estimular a resposta imune humoral. Na dose de 10 mg/kg/dia, por 6 semanas, pode causar necrose dos cistos de Echinococcus granulosus em pulmão de ovinos infectados naturalmente, e na formulação de dispersão sólida apresentou eficácia contra larva migrans de Toxocara canis. MODO DE AÇÃO Os benzimidazóis atuam sobre os parasitos por ligação a tubulina, a subunidade estrutural proteica dos microtúbulos. Os benzimidazóis atuam ligando-se seletivamente à subunidade β desta proteína, alterando sua conformação estrutural e inibindo assim a união das duas subunidades. Com isto, ocorrem modificações no padrão de polimerização para a formação de microtúbulos. FARMACOCINÉTICA Os compostos pró-benzimidazóis são biotransformados in vivo em benzimidazóis. Os benzimidazóis são insolúveis em água e pouco solúveis na maioria dos solventes orgânicos. O tiabendazol, o mebendazol e o cambendazol, sendo mais hidrossolúveis, caracterizam-se pela rápida, porém baixa, absorção gastrintestinal, níveis plasmáticos reduzidos e alta excreção nas fezes. O albendazol, o fembendazol e o oxfendazol, com menor solubilidade no fluido gastrintestinal, apresentam lenta absorção, mantendo, neste fluido e no plasma, altas concentrações de seus metabólitos. A biotransformação dos benzimidazóis ocorre, primariamente, no fígado. São eliminados pela urina e fezes. Medicina Veterinária Terapêutica Veterinária Rebeca Meneses @RebecaWoset EFEITOS TÓXICOS Estão relacionados com a teratogenicidade. Parbendazol, cambendazol, albendazol, oxfendazol, febantel e o netobimim são considerados compostos que causam malformações no animal. Os ovinos parecem ser mais sensíveis a estes efeitos que os bovinos. Nos pequenos animais, raramente se observa a ocorrência de distúrbios gastrintestinais e hepáticos. POSOLOGIA, FORMULAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Os benzimidazóis encontram-se disponíveis nas formas de suspensão, solução, grânulo, tablete, pasta e pellets. A via de administração destes medicamentos é a oral, no entanto, alguns benzimidazóis podem ser administrados pelas vias intrarruminal, intramuscular ou subcutânea. O tratamento de ruminantes e equinos pode ser efetivo com a administração de uma única dose dos benzimidazóis, enquanto doses repetidas do medicamento são necessárias para suínos, cães e gatos AVERMECTINAS NOMES GENÉRICOS E QUÍMICOS DAS AVERMECTINAS • Ivermectina • Abamectina • Doramectina • Eprinomectina • Selamectina ESPECTRO ANTI-HELMÍNTICO A ivermectina apresenta atividade nos estágios adultos e imaturos em desenvolvimento e inibido de nematódeos gastrintestinais e pulmonares de ruminantes, equinos, suínos, e em microfilárias de D. immitis em cães. FARMACOCINÉTICA Por ser lipossolúvel tem alto tempo de permanência na aplicação SC, e são também por VO. A excreção ocorre mais nas fezes e menos no leite e urina. É biotransformada no fígado. EFEITOS TÓXICOS • Não ultrapassa a BHE. Os cães dolicocefálicos, como os das raças Collie, Shetland Sheepdogs, Old English Sheepdog e Australian Sheepdog, quando tratados com lactonas macrocíclicas, podem manifestar sinais de intoxicação como convulsão, depressão, tremores, ataxia, vômitos, letargia, salivação e midríase, resultando, muitas vezes, na morte destes animais. Os gatos também podem apresentar distúrbios neurológicos. POSOLOGIA, FORMULAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO As lactonas macrocíclicas estão disponíveis em solução para aplicação subcutânea, intramuscular, transdérmica (pour-on) e oral. São também apresentadas em pasta e bólus para aplicação oral e intrarruminal, respectivamente. Para suínos, existe uma formulação premix contendo 0,6% de ivermectina, que é estável por 3 meses. DERIVADOS DE AMINOACETONITRILA • Surgiu para o controle dos nematoides gastrointestinais de ruminantes, pois o seu ingrediente ativo, o monepantel, é uma resposta ao problema de resistência dos nematoides aos anti-helminticos ESPECTRO ANTI-HELMÍNTICO O monepantel é eficaz em estágios imaturos e adultos de nematódeos gastrintestinais resistentes a benzimidazol, levamisol e lactonas macrocíclicas. Os derivados de aminoacetonitrila são eficazes para H. contortus, Teladorsagia circumcincta, Trichostrongylus spp., Nematodirus spp., Chabertia ovina e Oesophagostomum venulosum de ovinos e Ostertagia ostertagi e C. oncophora de bovinos. São ineficazes para cestódio, como Moniezia expansa. Medicina Veterinária Terapêutica Veterinária Rebeca Meneses @RebecaWoset MODO DE AÇÃO Age no receptor nicotínicos dos nematoides causando hipercontração e como consequência paralisia espástica do nematódeo. FARMACOCINÉTICA • Tem declínio rápidoda concentração sanguínea • Eliminação lenta • Meia vida 125h • Período de carência de 8 dias EFEITOS TÓXICOS O monepantel tem boa tolerabilidade por ovinos na dose de 50 mg/kg de peso. Tem margem de segurança alta. POSOLOGIA, FORMULAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO A dose para ovinos é de 1 mℓ/10 kg, equivalente para 2,5 mg de monepantel/kg de peso vivo. O medicamento encontra-se disponível na forma de solução, para administração por via oral. PIRIMIDINAS Utilizada para ratamento de nematódeos gastrintestinais de ovinos e, posteriormente, foram usadas em bovinos, equinos, suínos e caninos. NOMES GENÉRICOS E QUÍMICOS • Pirantel • Morantel • Oxantel ESPECTRO ANTI-HELMÍNTICO O pirantel é utilizado no controle de estágios adultos e imaturos de nematódeos gastrintestinais, especialmente de equinos e cães, sendo seu uso limitado nos ruminantes e suínos. O morantel tem eficácia nos diversos estágios de nematódeos gastrintestinais e ação profilática na eliminação de larvas infectantes de nematódeos pulmonares de ruminantes. O oxantel tem atividade para o gênero Trichuris em cães. MODO DE AÇÃO São agonistas colinérgicos, atuando no receptor nicotínico subtipo-L e o oxantel no receptor de subtipo-N. Por este motivo, a combinação do pirantel com o oxantel aumenta o espectro de ação para helmintos e reduz o potencial para desenvolvimento da resistência. FARMACOCINÉTICA As pirimidinas são pouco absorvidas no sistema gastrintestinal e a concentração sérica máxima ocorre em quatro horas. Os medicamentos são biotransformados no fígado, sendo a maior parte excretada de forma inalterada nas fezes. Nos cães, 40% da dose são eliminados pela urina e, nos ovinos, apenas 17%. EFEITOS TÓXICOS Raramente observam-se reações adversas nos animais, porém vômitos e cólicas têm sido descritos em cães. Não foi demonstrado efeito teratogênico com o uso das pirimidinas, podendo ser utilizadas em cadelas prenhes ou em lactação e também em cães jovens. POSOLOGIA, FORMULAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO As pirimidinas são apresentadas na forma de suspensão, pasta, solução, comprimidos e bólus de liberação contínua. AGENTE EMPREGADOS NO CONTROLE DE ECTOPARASITAS ORGANOFOSFORADOS São compostos orgânicos, derivados do ácido fosfórico. São de coloração amarela ou marrom, quando misturados a óleos; e amarela ou branca, quando em pós cristalinos; alguns têm odor similar ao do alho. NOMES GENÉRICOS Medicina Veterinária Terapêutica Veterinária Rebeca Meneses @RebecaWoset • Clorofenvinfós • Cumafós • Diazinona • Diclorvós ou DDVP • Fentiona • Fosmete • Foxim • Triclorfom ESPECTRO ECTOPARASITICIDA O clorofenvinfós, em associação com piretroides, é recomendado para bovinos no combate ao carrapato e ao berne (larvas da mosca D. hominis). O cumafós é aprovado para uso em gado leiteiro nos EUA. Quando em formulação isolada, é indicado para combater artrópodes em cães. A diazinona é recomendada no controle de sarnas e piolhos em ovinos e suínos, e no controle das miíases dos animais. Para cães e gatos, é usada sob a forma de xampu e coleira contra pulgas. O diclorvós (DDVP) é utilizado isoladamente ou em combinação com piretroides no combate a piolhos e, principalmente, como bernicida em bovinos. Juntamente com o triclorfom, é a base mais comumente associada aos piretroides, visando ao controle dos estágios parasitários da D. hominis. A fentiona, comercializada na forma de spot-on, é indicada para combater berne em bovinos. Para cães e gatos, em duas diferentes concentrações, é recomendada para o controle de pulgas. Fosmete e foxim são indicados como sarnicida e piolhicida para suínos. MODO DE AÇÃO Os organofosforados são inseticidas e/ou acaricidas que se ligam “irreversivelmente” ao local esterásico da enzima colinesterase. Este processo resulta em acúmulo de acetilcolina onde este neurotransmissor é liberado, promovendo hiperexcitabilidade e hiperatividade, seguindo-se incoordenação muscular, convulsões e morte do parasito. FAMACOCINÉTICA Os organofosforados são absorvidos no trato intestinal, porém apresentam um grau de instabilidade variável em meio alcalino, de modo que podem ser parcialmente hidrolizados nas áreas alcalinas do intestino delgado. Esses medicamentos são lipossolúveis, sendo facilmente absorvidos através da pele. Os organofosforados são rapidamente oxidados e inativados no fígado, sendo eliminados principalmente na urina. CARBAMATOS NOMES GENÉRICOS • Carbarila • Propoxur ESPECTRO ECTOPARASITICIDA Carbarila e propoxur, utilizados isoladamente ou em associações, são indicados no combate de artrópodes, em geral, de todas as espécies domésticas. MODO DE AÇÃO Os carbamatos são inibidores reversíveis da colinesterase, e os organofosforados, como visto anteriormente, são “irreversíveis”. Os artrópodes expostos a esses agentes exibem hiperatividade, ataxia, convulsões e paralisia, seguida de morte. FARMACOCINÉTICA Os carbamatos em formulações para uso tópico são pouco absorvidos pela pele. Nos mamíferos, essas substâncias são biotransformadas no fígado e por esterases plasmáticas, sendo excretadas na urina. EFEITOS TÓXICOS Como são inibidores reversíveis da colinesterase, os efeitos dos carbamatos, de modo geral, têm menor duração e intensidade quando comparados aos dos organofosforados. O tratamento dos animais intoxicados deve ser feito exclusivamente com atropina, não devendo ser utilizados os reativadores das colinesterases, isto é, as oximas como o Contrathion® (mesilato de pralidoxima). Isso porque os carbamatos se ligam a ambos os locais ativos da colinesterase (esterásico e Medicina Veterinária Terapêutica Veterinária Rebeca Meneses @RebecaWoset aniônico), impedindo que as oximas reativem a enzima. PIRETROIDES Os piretroides que não apresentam o grupamento α-ciano são classificados como do tipo I (piretrina I, aletrina, tetrametrina, permetrina, resmetrina e fenotrina), e são utilizados comumente como inseticidas em ambientes domésticos, sob a forma de spray, e aqueles que o possuem são chamados do tipo II (cipermetrina, deltametrina, cifenotrina, fenvalerato, flumetrina e cialotrina), indicados como ectoparasiticidas para uso animal. ESPECTRO ECTOPARASITICIDA Os piretroides são utilizados, de modo geral, no combate a artrópodes. Os parasitas criaram bastante resistência a esse antiparasitário e hoje sua eficácia não é maior que 95%. MODO DE AÇÃO Os piretroides apresentam propriedades lipofílicas que facilitam a sua penetração nos artrópodes através de sua cutícula rica em lipídios. Uma vez absorvidos, os piretroides são levados pela hemolinfa para as células nervosas. O sítio de ação destes agentes é o canal de sódio destas células, aumentando a condutância deste íon. Os piretroides do tipo I prolongam o influxo de sódio, reduzem tanto o pico da corrente de sódio como o efluxo de potássio no estado de equilíbrio, provocando inquietação, incoordenação, fraqueza e paralisia. Os piretroides do tipo II causam despolarização da membrana nervosa sem descargas repetitivas e reduzem a amplitude do potencial de ação. Também se admite que essa classe atue como agonista em receptores colinérgicos nicotínicos e como antagonista nos do ácido γ-aminobutírico (GABA). Ações dos piretroides promovendo inibição de Ca+2, Mg+2- ATPase e sobre a calmodulina, responsável pela ligação intracelular dos íons cálcio, também foram descritas. FARMACOCINÉTICA São pouco absorvidos pela pele e mais pelas mucosas, especialmente do sistema digestório e respiratório, sua biotransformação é hepática e as vias de eliminação são fecais e renais. FORMAMIDINAS ESPECTRO ECTOPARASITICIDA O amitraz apresenta um amplo espectro, com excelente ação sobre artrópodes, de maneira geral. É utilizado como carrapaticida, pulicida, piolhicida e sarnicida em ruminantes, caninos, felinos e suínos, demonstrandopouca atividade contra a mosca H. irritans. O amitraz mostra-se um dos mais efetivos carrapaticidas do momento, porém tem-se relatado, em várias regiões do país, uma crescente resistência do R. microplus a este produto. MODO DE AÇÃO Ainda não foi totalmente esclarecido. Observou-se que, em larvas de carrapato, o amitraz penetra rapidamente, podendo atuar sob a forma original ou de seu metabólito ativo, inibindo a monoaminoxidase (MAO). Esta enzima mitocondrial possui ação catalisadora no processo de desaminação de catecolaminas, resultando no aumento dos níveis de norepinefrina e serotonina no sistema nervoso central. Há evidências também de sua ação direta em canais de sódio da membrana nervosa, ação inibidora sobre a síntese das prostaglandinas e, como agonista em receptores α-adrenérgicos. FARMACOCINÉTICA/FARMACODINÂMI CA Por via oral, o amitraz é rapidamente hidrolisado no estômago, em consequência da sua instabilidade em meio ácido. A sua biotransformação ocorre no fígado, e os seus metabólitos são excretados por vias renais e biliares. A absorção pela pele é tanto maior quanto maior for o grau de lesão e inflamação da mesma, embora seja absorvido, em menor quantidade, também pela pele íntegra. Medicina Veterinária Terapêutica Veterinária Rebeca Meneses @RebecaWoset EFEITOS TÓXICOS É muito instável em meio ácido. Os subprodutos de sua hidrólise são bem mais tóxicos, razão pela qual a aplicação deve ser feita imediatamente após sua preparação. Os solventes orgânicos nos quais o produto é diluído também podem contribuir para a maior absorção do produto e, consequentemente, maiores efeitos tóxicos. Torna-se muito tóxico quando misturado em óleos vegetais, para formulações em pour-on. Os principais sinais clínicos nos animais intoxicados, particularmente no cão, são ataxia, incoordenação, sonolência, depressão, bradicardia, hipotermia, midríase, êmese e diarreia. Eritema, hemorragia nas patas e prurido também podem ocorrer após a aplicação do amitraz, sendo este último decorrente dos parasitos mortos na pele. Ainda que não indicado para uso em equinos, o amitraz causa, nesta espécie, a diminuição dos movimentos intestinais, resultando em sinais de cólica compatíveis com compactação e timpanismo do intestino grosso. A ocorrência de hiperglicemia após sua aplicação em cães por interferência na liberação de insulina pelas ilhotas de Langerhans contraindica seu uso naqueles portadores de diabetes melito. Tratamento é sintomático. LACTONAS MACROCÍCLICAS AVERMECTINAS E MILBERMICINAS Denominam-se endectocidas devido a seu amplo espectro de ação, isto é, combatem tanto os endoparasitos como os ectoparasitos. Como ectoparasiticidas, estas substâncias são aprovadas, no Brasil, para o uso em ruminantes, equídeos, suínos, nos quais se observa seu longo período residual tanto na carne quanto no leite, e também em carnívoros. As avermectinas utilizadas como ectoparasiticidas são: ivermectina, abamectina e doramectina; dentre as milbemicinas têm-se a milbemicina e a moxidectina. A eprinomectina, utilizada na forma de pour-on para bovinos, não deixa resíduos no leite, o que evita seu descarte. MODO DE AÇÃO As lactonas macrocíclicas potencializem a ação inibidora neuronal mediada pelo GABA, promovendo hiperpolarização do neurônio e, portanto, inibindo a transmissão nervosa. Nos insetos tem ação também nos canais cloro GABA- independentes, como consequencia tem aumento da permeabilidade da membrana aos íons cloro, resultando em redução da resistência da membrana celular. Desta forma, essas moléculas provocam ataxia e paralisia nos insetos e nematódeos, enquanto mamíferos intoxicados exibem depressões neurológica e respiratória, incoordenação e tremores, evoluindo para ataxia e coma. DERIVADOS DE CLORONICOTIL NITROGUANIDINAS IMIDACLOPRIDA Tem atividade sistêmica. ESPECTRO ECTOPARASITICIDA É indicado como pulicida, na dose de 10 mg/kg de peso vivo (p.v.) para carnívoros, atuando nas espécies C. felis e C. canis, as principais espécies que acometem estes animais. MODO DE AÇÃO Interfere na transmissão de impulsos no sistema nervoso dos insetos. Esse agente exerce seu efeito ligando-se aos sítios de receptores nicotínicos no neurônio pós-sináptico. Este mecanismo de ação é semelhante ao descrito para a acetilcolina, porém a imidacloprida não sofre a ação da acetilcolinesterase. Como é degradada lentamente, tem uma ação prolongada, levando o inseto à morte. FARMACOCINÉTICA Após administração oral do produto, marcado com carbono radioativo, constatou-se que esse princípio era rápido e completamente absorvido pelo sistema gastrintestinal, sendo distribuído uniformemente nos órgãos e nos tecidos. Sua Medicina Veterinária Terapêutica Veterinária Rebeca Meneses @RebecaWoset eliminação é muito rápida, sendo 96% da quantidade administrada nas primeiras 48 h; deste total, 70 a 90% são eliminados por via urinária e o restante, pelas fezes. EFEITOS TÓXICOS Para cães, tanto fêmeas como machos, a concentração tolerada, sem quaisquer danos, foi determinada em 200 mg/kg na dieta, e mesmo a administração de 500 mg/kg de ingrediente ativo na dieta, por um período superior a 12 meses, não produziu efeitos colaterais. Em casos de acidentes por ingestão ou erros de manipulação, a sintomatologia é similar à causada por intoxicação nicotínica: apatia, miotonia, dificuldade respiratória, bradicardia, queda de pressão arterial, tremores e, em casos graves de intoxicação, podem ocorrer mioespasmos. Por não existir um antídoto específico, o tratamento deve ser sintomático. NITEPIRAM • O nitempiram, uma nitroenamina, é um pulicida adulticida, cuja principal característica é oferecer um rápido knock- down. • Espectro ectoparasiticida. É indicado como pulicida na dose de 1 mg/kg de p.v. ao dia para cães e gatos. • Modo de ação. Atua bloqueando os receptores nicotínicos da acetilcolina, porém não interfere na acetilcolinesterase. Sua degradação é muito rápida. • Farmacocinética. As concentrações sanguíneas máximas são alcançadas entre 15 min e uma hora após sua ingestão. Mais de 90% do princípio ativo são eliminados pela urina, dentro de 24 h em cães e 72 h em gatos. As pulgas sofrem os efeitos do produto 30 a 60 min após sua administração. EFEITOS TÓXICOS Doses diárias cinco vezes superiores à recomendada, administradas para filhotes de cães e gatos, não produziram intoxicação. Sintomas adversos, como fezes amolecidas e exacerbação na frequência do ato de lamber-se, foram observados quando se utilizaram estes níveis de dosagem, duplicados. O tratamento nestes casos deve ser sintomático. Não é recomendado para uso em animais com menos de 4 semanas. ISOXAZOLINAS NOMES GENÉRICOS • Afoxolaner • Flurolaner • Sarolaner ESPECTRO ECTOCARRAPATICIDA Atuam como inseticida e acaricida de ação sistêmica indicadas para o tratamento das infestações por pulgas, apenas em cães. Sua eliminação ocorre durante 12 semanas. MODO DE AÇÃO As isoxazolinas apresentam especificidade para atuar nos receptores dos artrópodes, interagindo com os receptores GABA e com os receptores de glutamato dos canais de cloro do sistema nervoso central e da junção neuromuscular, o que resulta em hiperexcitação irreversível e, consequentemente, a morte do parasito. FARMACOCINÉTICA São rapidamente absorvidos, atingindo concentrações plasmáticas máximas em 24 h; concentram-se em gordura, fígado, rins e músculos. São eliminados lentamente, principalmente pelas fezes (aproximadamente 90% da dose). EFEITOS TÓXICOS Esses agentes não devem ser administrados a cães com idades inferiores a 8 semanas e/ou com pesos inferiores a 2 kg. DERIVADOS DOS FENILPIRAZÓIS Recomendadas para bovinos, cães e gatos. Medicina Veterinária Terapêutica Veterinária Rebeca Meneses @RebecaWoset ESPECTRO ECTOPARASITICIDA Fipronil e piriprolsão indicados contra Ctenocephalides spp. e Rhipicephalus sanguineus em cães e gatos. O fipronil tem sua indicação contra R. microplus, H. irritans e D. hominis, de uso exclusivo para bovinos que não se encontrem em lactação ou no primeiro trimestre de gestação. MODO DE AÇÃO Os fenilpirazóis inibem não competitivamente o GABA, fixando-se ao receptor no interior do canal do cloro, inibindo o fluxo celular dos íons, anulando assim o efeito neurorregulador do GABA e causando a morte do parasito por hiperexcitação. EFEITOS TÓXICOS Quando ingeridos, os fenilpirazóis afetam principalmente o sistema nervoso central provocando ataxia, hiper-reatividade, tremores, contrações involuntárias súbitas de músculos, convulsões e marcha anormal; náuseas e vômitos podem estar entre os sinais. REFERÊNCIAS Spinosa, Helenice de, S. et al. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária, 6ª edição Riviere, Jim E., e Mark G. Papich Adams Booth - Farmacologia e Terapêutica Veterinária. Grupo GEN, 2021.
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