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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE BIOLOGIA João Victor Cruz Correia TERMO DE REFERÊNCIA SIMPLIFICADO PROPOSTA DE POLÍTICA DE PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS (PSA) DO MUNICÍPIO DE PIATÃ, BAHIA Salvador - BA 2021 TERMO DE REFERÊNCIA SIMPLIFICADO DA PROPOSTA DE POLÍTICA MUNICIPAL DE PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS (PSA) DO MUNICÍPIO DE PIATÃ, BAHIA DISPOSIÇÕES GERAIS DA POLÍTICA MUNICIPAL DE PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS 1. OBJETIVO GERAL E ÂMBITO DE APLICAÇÃO DA POLÍTICA Art. 1º. Estabelecer a Política e o Programa Municipal de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) para o Município de Piatã, Bahia. 2. DEFINIÇÕES Art. 2º. Para os fins desta Lei, consideram-se: I - Agroecologia: ciência que estabelece as bases para a construção de estilos de agriculturas sustentáveis e de estratégias de desenvolvimento rural sustentável. II - Alíquota: percentual ou um valor fixo aplicado sobre uma quantia de dinheiro na hora de calcular diversos tipos de impostos; III - CEFIR - Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais: programa que apoia a implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) no estado da Bahia (Lei Estadual Nº 10.431, de 20 de dezembro de 2006). IV - Comodato: é ação acordada entre as partes, podendo ser firmada por meio de contrato, em que ocorre o empréstimo gratuito de bens não fungíveis (que não podem ser substituídos por outro bem de mesma espécie), cabendo ao comodatário (quem recebe) a devolução do bem no prazo combinado e nas mesmas condições que recebeu. V - Conservação: manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer às necessidades e aspirações das gerações futuras e garantindo a sobrevivência dos seres vivos; VI - Corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais; VII - Desertificação: a degradação da terra, nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultantes de vários fatores e vetores, incluindo as variações climáticas e as atividades humanas; VIII - Diversidade biológica ou biodiversidade: a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte. Compreende ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas. IX - Ecossistema: complexo dinâmico de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que se sucedem entre os fatores bióticos e abióticos que existem em um espaço territorial definido e que interagem como unidade funcional; X - Manejo: todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas; XI - Pagador de serviços ambientais: poder público, organização da sociedade civil ou agente privado, pessoa física ou jurídica, de âmbito nacional ou internacional, que provê o pagamento dos serviços ambientais. XII - Pagamento por serviços ambientais: transação de natureza voluntária, mediante a qual um pagador de serviços ambientais transfere a um provedor desses serviços recursos financeiros ou outra forma de remuneração, nas condições acertadas, respeitadas as disposições legais e regulamentares pertinentes; XIII - Patrimônio genético: informação de origem genética de espécies vegetais, animais, microbianas ou espécies de outra natureza, incluindo substâncias oriundas do metabolismo destes seres vivos; XIV - Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição; XV - Preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais. XVI - Provedor de serviços ambientais: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, ou grupo familiar ou comunitário que, preenchidos os critérios de elegibilidade, mantém, recupera ou melhora as condições ambientais dos ecossistemas. XVII - Recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original; XVIII - Restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original; XIX - Serviços ambientais: ações humanas de conservação e recuperação dos ambientes naturais ou agroecossistemas e, por consequência, dos serviços ecossistêmicos. XX - Serviços ecossistêmicos: benefícios relevantes para a sociedade gerados pelos ecossistemas, em termos de manutenção, recuperação ou melhoria das condições ambientais, nas seguintes modalidades: a) serviços de provisão: os que fornecem bens ou produtos ambientais utilizados pelo ser humano para consumo ou comercialização, tais como água, alimentos, madeira, fibras e extratos, entre outros; b) serviços de suporte: os que mantêm a perenidade da vida na Terra, tais como a ciclagem de nutrientes, a decomposição de resíduos, a produção, a manutenção ou a renovação da fertilidade do solo, a polinização, a dispersão de sementes, o controle de populações de potenciais pragas e de vetores potenciais de doenças humanas, a proteção contra a radiação solar ultravioleta e a manutenção da biodiversidade e do patrimônio genético; c) serviços de regulação: os que concorrem para a manutenção da estabilidade dos processos ecossistêmicos, tais como o sequestro de carbono, a purificação do ar, a moderação de eventos climáticos extremos, a manutenção do equilíbrio do ciclo hidrológico, a minimização de enchentes e secas e o controle dos processos críticos de erosão e de deslizamento de encostas; d) serviços culturais: os que constituem benefícios não materiais providos pelos ecossistemas, por meio da recreação, do turismo, da identidade cultural, de experiências espirituais e estéticas e do desenvolvimento intelectual, entre outros. DA POLÍTICA MUNICIPAL DE PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS 1. PRINCÍPIOS Art. 3º. Será assegurado o estímulo e a recompensa de todo aquele que, em virtude de suas práticas de manejo, recuperar, manter ou incrementar a produção de um serviço ecossistêmico. Desse modo, tem-se como norteadores legislativos as Políticas Nacionais (Lei Federal nº 14.119, de 13/01/21) e estadual (Lei Estadual 13.223, de 12/01/15) de PSA acompanhados da análise dos elementos reguladores desta prática, a saber: transação voluntária, que resulta na transferência de um incentivo positivo condicional à recuperação, manutenção ou melhora na provisão de um serviço ecossistêmico. Ratificam-se aqui, portanto, os seguintes princípios: I - do provedor-recebedor; II - do poluidor-pagador; III - do usuário-pagador; IV - da responsabilidade intra e intergeracional; V - da proporcionalidade e equidade; VI - da eficiência e transparência da Administração Pública; VII - das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, na proteção dos ecossistemase dos serviços por eles fornecidos; VIII - do respeito aos valores das comunidades tradicionais do município de Piatã. 2. OBJETIVOS Art. 4º. São objetivos da Política Municipal de Pagamento por Serviços Ambientais: I - conduzir a ação do poder público, das organizações da sociedade civil e dos agentes privados quanto ao pagamento por serviços ambientais, a fim de recuperar ou melhorar os serviços ecossistêmicos em todo o município de Piatã; II - incitar a conservação e preservação dos ecossistemas, da biodiversidade, do patrimônio genético e dos recursos hídricos e promover o desenvolvimento sustentável, a partir da valorização econômica, social e cultural dos serviços ecossistêmicos; III - promover a normatização do uso dos recursos naturais com o intuito de atenuar os impactos oriundos da exploração antrópica destes; IV - reconhecer e recompensar iniciativas que suscitem na preservação, recuperação e/ou melhoria dos serviços ecossistêmicos, através de retribuição monetária, prestação de serviços ou outra forma de recompensa; V - incentivar o desenvolvimento e aplicação de projetos privados voluntários de provimento e pagamento por serviços ambientais elaborados por empresas privadas, de interesse público ou de OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público); VI- assegurar a transparência das informações acerca da prestação de serviços ambientais através de mecanismos de gestão de dados e viabilizar a participação da sociedade civil; VII- favorecer a continuidade do sustento econômico das comunidades tradicionais e garantir sua permanência em seus territórios. 3. DIRETRIZES Art. 5º. São diretrizes da Política Municipal de Pagamento por Serviços Ambientais: I - a observância e acatamento aos princípios e objetivos acima citados; II - o entendimento de que a preservação, a recuperação e a melhoria dos serviços ecossistêmicos são favoráveis às condições de vida, moradia e trabalho da população; III - alinhar o pagamento por serviços ambientais a outras políticas a fim de propiciar o bom desenvolvimento social, ambiental, econômico e cultural da sociedade em zona rural e urbana; IV - o pagamento por serviços ambientais integrará os instrumentos de comando e controle voltados à preservação ambiental; V - o reconhecimento dos setores público, privado, OSCIP, e demais instituições como financiadores e intendentes de propostas e projetos de pagamento por serviços ambientais; VI - a observância dos imóveis rurais e urbanos às legislações ambientais; VII - o desenvolvimento de técnicas e sistemas de monitoramento e de certificação dos serviços ambientais prestados, bem como seu aperfeiçoamento; VIII - a garantia de paridade e equilíbrio no tocante ao pagamento por serviços ambientais prestados. DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA MUNICIPAL DE PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS 1. INSTRUMENTOS DA POLÍTICA DE PSA Art. 6º. São instrumentos da Política de Pagamento por Serviços Ambientais do município de Piatã: I - Programa Municipal de Pagamento por Serviços Ambientais; II - Projetos privados de pagamento por serviços ambientais desenvolvidos no município; III - Mecanismos de valoração econômica ecológica dos serviços ambientais e ecossistêmicos; IV - Captação, gestão e transferência de recursos, monetários ou não, de natureza pública ou privada, para pagamento por serviços ambientais; V - Incentivos econômicos para a preservação de vegetação nativa, do patrimônio arqueológico, histórico e cultural, restauração florestal, proteção das nascentes, recuperação de áreas degradadas e áreas passíveis de incêndio, e demais serviços de suporte, de regulação ou culturais, por meio das modalidades: a) Pagamento em dinheiro; b) Selos, certificações e premiações; c) Assistência técnica e extensão rural; d) Fornecimento de insumos e mão de obra. e) Fornecimento de sementes e mudas de espécies nativas do município; VI - Incentivos fiscais para o desenvolvimento de atividades relacionadas ao Programa Municipal de Pagamento por Serviços Ambientais; VII - Assistência técnica e capacitação voltadas à promoção de serviços ambientais; VIII - Inventário de áreas potenciais para a implantação de projetos de pagamento por serviços ambientais; IX - Cadastro Municipal de Pagamento por Serviços Ambientais. X - Plano de Monitoramento e Verificação dos projetos de pagamento por serviços ambientais e da Política Municipal de Pagamento por Serviços Ambientais PSA; XI - Sistema de Informação da Política Municipal de Pagamento por Serviços Ambientais; XII - Vínculos com instituições de pesquisa e desenvolvimento relacionados aos objetivos desta Lei. Parágrafo único: Os incentivos fiscais a que se refere o inciso VI deste artigo poderão abranger, dentre outros, isenção de tributos, redução de alíquota, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia, repasse de valores recolhidos por meio do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, e serão objeto de norma específica. DO PROGRAMA MUNICIPAL DE PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS 1. PROGRAMA MUNICIPAL DE PSA Art. 7º. Fica criado o Programa Municipal de Pagamento por Serviços Ambientais de Piatã (PMPSA-Piatã), com o objetivo de implementar o pagamento por serviços ambientais pelo município. § 1° Para atendimento ao que consta no caput, serão consideradas as ações de preservação, conservação, recuperação, restauração e/ou de melhoria dos ecossistemas que geram serviços ecossistêmicos, de cobertura vegetal nas áreas prioritárias para a conservação, de combate à fragmentação de habitats, de formação de corredores ecológicos e de conservação dos recursos hídricos, da paisagem cênica, histórica e arqueológica. § 2º As ações para o pagamento por serviços ambientais previstas no PMPSA-Piatã não impedem a identificação de outras, com novos potenciais provedores. § 3º Para a contratação do pagamento por serviços ambientais no âmbito do PMPSA-Piatã, observada a importância ecológica da área, serão priorizados provedores que se enquadrem como comunidades tradicionais, povos quilombolas, povos indígenas, agricultores familiares, empreendedores familiares rurais, definidos nos termos da Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, e/ou os serviços que sejam desenvolvidos em áreas prioritárias. § 4º Na execução do PMPSA-Piatã, respeitadas as prioridades acima definidas, o órgão gestor dará preferência à realização de parcerias com cooperativas, associações civis e outras formas associativas que permitam dar escala às ações a serem implementadas. § 5º São requisitos gerais para a participação no PMPSA-Piatã: I- Enquadramento em, pelo menos, uma das ações definidas para o Programa; II- Comprovação do uso ou ocupação regular do imóvel a ser contemplado no âmbito do PMPSA-Piatã por meio de inscrição no Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais (CEFIR); III- Estar de acordo com o uso e ocupação do solo previsto no código florestal brasileiro Lei 12.651/2012, de 25 de maio de 2012; IV- Formalização de instrumento contratual específico; VI - Outros estabelecidos em regulamento. § 6º Para efeitos do PMPSA-Piatã, não serão enquadradas como áreas aptas ao PSA aquelas que se encontram localizadas em áreas de preservação permanentes e/ou reserva legal conforme previsto no código florestal Lei 12.651/2012, de 25 de maio de 2012, à exceção de áreas que demandem ações de recuperação e/ou restauração, com preferência para aquelas localizadas em bacias hidrográficas consideradas críticas para o abastecimento público de água, definidas pelo órgão competente, ou em áreas prioritárias para conservação da diversidade biológica em processo de desertificação avançada.§ 7º Serão considerados potenciais provedores a pessoa física ou jurídica que se enquadre nos critérios de elegibilidade no caput 5 do artigo 7º desta lei, tais como: comunidades tradicionais, povos quilombolas, povos indígenas, agricultores familiares, empreendedores familiares rurais, cooperativas, associações civis. § 8º Os requisitos específicos de participação no PMPSA-Piatã, bem como as condições para a sua implantação, monitoramento e avaliação serão definidos em Regulamento, atendidas as disponibilidades orçamentárias. Art. 8º Podem ser objeto do PMPSA-Piatã: I - áreas cobertas com vegetação nativa; II - áreas sujeitas a restauração ecossistêmica, a recuperação da cobertura vegetal nativa ou a plantio agroflorestal; III - unidades de conservação de proteção integral, reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento sustentável, nos termos da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; IV - territórios quilombolas, indígenas, e outras áreas legitimamente ocupadas por populações tradicionais, mediante consulta prévia, nos termos da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais; V - áreas que integrem patrimônio arqueológico, histórico e cultural; VI - paisagens de grande beleza cênica, prioritariamente em áreas especiais de interesse turístico; VIII - nascentes degradadas, assoreadas, com perda total ou parcial de vegetação nativa e/ou que contenham águas contaminadas por esgoto, agrotóxicos, resíduos químicos e/ou outros poluentes; IX - áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade, assim definidas por ato do poder público. Parágrafo único: Os recursos decorrentes do pagamento por serviços ambientais pela conservação de vegetação nativa em terras quilombolas e indígenas serão aplicados em conformidade com os planos de gestão territorial e ambiental de terras quilombolas e indígenas, ou documentos equivalentes, elaborados pelos povos que vivem em cada terra. Art. 9º. É vedada a aplicação de recursos públicos para pagamento por serviços ambientais: I - a pessoas físicas e jurídicas inadimplentes em relação a termo de ajustamento de conduta ou de compromisso firmado com os órgãos competentes com base nas Leis n os 7.347, de 24 de julho de 1985, e 12.651, de 25 de maio de 2012; II - referente a áreas embargadas pelos órgãos do Sisnama, conforme disposições da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Art. 10º. O PMSA-Piatã é constituído pelos seguintes subprogramas, sem prejuízo de outros a serem definidos em Regulamento: I - Subprograma de Captura e Sequestro de Carbono SCSC; II - Subprograma de Serviços Hidrológicos SSH; III - Subprograma de Serviços da Biodiversidade SSB; IV - Subprograma de Serviços de Beleza Cênica; V - Subprograma de Serviços Arqueológicos, Históricos e Culturais; VI - Subprograma de incentivo à Agroecologia e outras práticas de agricultura sustentável; VII - Subprograma de Serviços de fortalecimento das comunidades tradicionais; VIII - Subprogramas de Serviços de contenção e prevenção a incêndios florestais; Art. 11º. As metodologias para a valoração e precificação dos serviços ambientais, objeto deste programa, assim como as fórmulas de cálculo dos valores monetários a serem pagos pelo município de Piatã aos beneficiários do Programa, serão elaboradas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo, conforme definido em Regulamento. Art. 12º. Ficam isentos do ISS os serviços diretamente relacionados ao PMPSA-Piatã ou a projetos privados de pagamento por serviços ambientais reconhecidos pelo poder público municipal e executados no município de Piatã, tais como: I- A produção de sementes e mudas de espécies nativas; II- O plantio de espécies nativas em imóveis rurais e/ou em nascentes beneficiados pelo PMPSA-Piatã ou por projetos privados de pagamento por serviços ambientais reconhecidos pelo poder público municipal e executados no âmbito de seu território; III- Produtos agroecológicos ou demais atividades desenvolvidas em alinhamento às boas práticas produtivas associadas à conservação e preservação ambiental; §1º O sujeito passivo do imposto deverá comprovar que o serviço está diretamente relacionado ao PMPSA-Piatã ou por projetos privados de pagamento por serviços ambientais reconhecidos pelo poder público municipal e executados no município de Piatã. §2º O contribuinte ou o responsável pelo recolhimento sujeito passivo do imposto deverá informar no documento fiscal emitido ou no documento de arrecadação respectivo o valor total do serviço, o valor do tributo dispensado, calculado pela aplicação da alíquota do imposto que incidiria sobre a operação e, ainda, o valor recebido ou devido em consequência da prestação do serviço. Art. 13º. Ao município fica responsável a condição de auxiliar na implementação do Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PMPSA-Piatã), através de: I - Estímulo à divulgação do PMPSA-Piatã nos diversos veículos de comunicação; II - Propostas de atividades, áreas de interesse e práticas a serem beneficiadas pelo PMPSA-Piatã, de acordo com a realidade social, ambiental e econômica do município; III - Auxílio na identificação de áreas prioritárias; IV - Estímulo a potenciais interessados em participar das atividades relacionadas aos objetivos desta Lei. Art. 14º. O processo de monitoramento e avaliação Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PMPSA-Piatã) será realizado pelo órgão executor do programa no município através de um plano de monitoramento específico para cada atividade que se enquadre no programa. O Plano de Monitoramento e avaliação deverá conter, minimamente: I - Definição processual do local que delineie as relações de causa e efeito ocorridas dentro do ambiente, bem como a identificação das características específicas a serem monitoradas; II - Seleção dos locais de monitoramento através de técnicas de amostragem aleatória estratificada que deverão refletir a distribuição geral da área, além de assegurar o monitoramento suficientemente abrangente; III - Estabelecimento de indicadores que sejam mensuráveis e confiáveis; IV - Definição da frequência, do tempo, da metodologia e dos custos inerentes ao monitoramento e avaliação. Art. 15º. O regulamento definirá as cláusulas essenciais para cada tipo de contrato de pagamento por serviços ambientais, consideradas obrigatórias aquelas relativas: I - aos direitos e às obrigações do provedor, incluídas as ações de manutenção, de recuperação e de melhoria ambiental do ecossistema por ele assumidas e os critérios e os indicadores da qualidade dos serviços ambientais prestados; II - aos direitos e às obrigações do pagador, incluídos as formas, as condições e os prazos de realização da fiscalização e do monitoramento; III - às condições de acesso, pelo poder público, à área objeto do contrato e aos dados relativos às ações de manutenção, de recuperação e de melhoria ambiental assumidas pelo provedor, em condições previamente pactuadas e respeitados os limites do sigilo legal ou constitucionalmente previsto. §1º. No caso de propriedades rurais, o contrato pode ser vinculado ao imóvel por meio da instituição de servidão ambiental. §2º. É de responsabilidade do Município a inserção do contrato de pagamento por serviços ambientais também no Sistema de Informação da Política Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais, de modo a fortalecer o Cadastro Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais. §3º Os contratos de pagamento por serviços ambientais, que envolvam recursos públicos ou que sejam objeto dos incentivos tributários, estarão sujeitos à fiscalização pelos órgãos competentes do poder público. §4º Os serviços ambientais prestados podem ser submetidos à validação ou à certificação por entidade técnico-científicaindependente, na forma do regulamento. 2. ASPECTOS ECONÔMICOS-FINANCEIROS Art. 16º São modalidades de pagamento por serviços ambientais, entre outras: I - pagamento direto, monetário ou não monetário; II - prestação de melhorias sociais a comunidades rurais e urbanas; III - compensação vinculada a certificado de redução de emissões por desmatamento e degradação; IV - títulos verdes (green bonds); V - comodato; VI - Cota de Reserva Ambiental (CRA), instituída pela Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. § 1º Outras modalidades de pagamento por serviços ambientais poderão ser estabelecidas por atos normativos do órgão gestor do PMPSA-Piatã. § 2º As modalidades de pagamento deverão ser previamente pactuadas entre pagadores e provedores de serviços ambientais. Art. 17º. Fica instituído o Fundo Municipal de Pagamento por Serviços Ambientais (FMPSA-Piatã), de natureza contábil, com a finalidade de financiar as ações do Programa de Pagamento por Serviços Ambientais, dentro dos critérios estabelecidos nesta Lei e em seu Regulamento com recursos advindos de: I - recursos oriundos do Fundo Municipal de Meio Ambiente; II - destinação de recursos de fontes próprias do tesouro municipal; III - os recursos provenientes de acordos, convênios, contratos ou consórcios; IV - Recursos advindos de compensações ambientais; V - Editais de órgãos externos, públicos ou privados. VI - Doações de pessoas física ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras; VII - Convênios com OSCIP, consórcios, cooperativas, associações e outras entidades destinadas a fins ambientais; VIII - Recursos provenientes de acordos bilaterais ou multilaterais sobre o clima, meio ambiente, recursos hídricos, dentre outros. § 1º As receitas oriundas da cobrança pelo uso dos recursos hídricos de que trata a Lei nº 9.433, de 8 dejaneiro de 1997, poderão ser destinadas a ações de pagamento por serviços ambientais que promovam a conservação e a melhoria da quantidade e da qualidade dos recursos hídricos e deverão ser aplicadas conforme decisão do comitê da bacia hidrográfica. § 2º A utilização dos recursos que irão financiar as ações do Programa será orientada com base no plano de aplicação de recursos, devendo este compatibilizar os recursos disponíveis com o número de beneficiários e os respectivos serviços prestados, tendo como princípios a publicidade, a isonomia e a impessoalidade. Art. 18º. Os recursos auferidos como previsto nesta lei poderão ser utilizados pelo órgão executor do PMPSA-Piatã para: I - a elaboração das metodologias para valoração econômica ecológica dos serviços ambientais e ecossistêmicos, assim como para estabelecer as fórmulas de cálculo dos valores monetários; II - a execução das funções de monitoramento e verificação dos serviços ambientais e ecossistêmicos do PMPSA-Piatã; III - capacitação técnica dos contribuintes em vistas da execução do programa; IV - construção e melhoria do Sistema de Informação; V - subsídio para as pesquisas a respeito da implantação, coordenação e execução da Política; VI - subsídio para realizar levantamento de áreas prioritárias; VII - outras ações a serem definidas em Regulamento. Parágrafo único: Fica definido como 10% o percentual máximo para os custos de transação. 3. TRANSPARÊNCIA E COMUNICAÇÃO Art. 19º. Visando estabelecer mecanismos para garantir a transparência da administração pública em face da aplicabilidade dos recursos destinados ao Programa de Pagamentos por Serviços Ambientais e a necessidade de ampla divulgação, as ações serão divulgadas por meio de: I - Sistema de Informação Municipal de Pagamentos por Serviços Ambientais, o qual deverá estar vinculado ao Sistema de Informação de Política Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais, visando integrar o Cadastro Nacional; II - Diário Oficial do Município; III - Veículos de comunicação locais. Art. 20º. O PMPSA-Piatã contará com um órgão colegiado, vinculado à Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Turismo. DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E ARRANJO INSTITUCIONAL DA POLÍTICA MUNICIPAL DE PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS 1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E ARRANJO INSTITUCIONAL Art. 21º. O Programa Municipal de Pagamento por serviços ambientais será gerido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo juntamente com o órgão colegiado do PMPSA-Piatã, que terá a função de acompanhar a implementação e propor aperfeiçoamentos ao PMPSA-Piatã, bem como avaliar o cumprimento das metas estabelecidas nos projetos. Parágrafo Único: Para efetividade do programa, a administração pública poderá se valer de: I - Parcerias Público-Privadas; II - Convênios de Cooperação técnica com instituições de ensino; III - Convênio com entidades de assistência técnica; IV - Contratos temporários e/ou continuados para assistência técnica e educação ambiental; Art. 22º. Fica criado o órgão colegiado, com atribuição de: I - Propor questões prioritárias e critérios de aplicação dos recursos do PMPSA-Piatã; II - Monitorar todas as conformidades dos investimentos realizados pelo PMPSA-Piatã com os objetivos e as diretrizes do próprio, bem como propor os ajustes necessários à implementação do Programa; III - Avaliar, a cada 4 (quatro) anos, o PMPSA-Piatã e sugerir as adequações e intervenções necessárias ao Programa; IV - Manifestar-se, anualmente, sobre o plano de aplicação de recursos do PMPSA-Piatã e sobre os critérios de métrica de valoração, de validação, de monitoramento, de verificação e de certificação dos serviços ambientais utilizados pelos órgãos competentes. §1º. O órgão colegiado será composto, de forma paritária, por representantes do poder público, do setor produtivo e da sociedade civil. §2º. A participação no órgão colegiado é considerada de relevante interesse público e não será remunerada. §3º. O regulamento definirá a composição da presidência, do colegiado, e os representantes do setor produtivo e da sociedade civil deverão ser escolhidos entre seus pares, por meio de processo eletivo. §4º. Comporão o colegiado as organizações da sociedade civil que trabalham em prol da defesa do meio ambiente, bem como as que representam provedores de serviços ambientais, como povos quilombolas, comunidades tradicionais, agricultores familiares e empreendedores familiares rurais. §5º. Demais especificidades do órgão colegiado do PMPSA-Piatã constará em regulamento específico. DISPOSIÇÕES FINAIS 1. DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 23º. As atividades de manutenção das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de Uso Restrito são elegíveis para pagamentos ou incentivos por serviços ambientais, desde que configurem adicionalidade ao serviço ambiental provido. Art. 24º. As obrigações de contratos de pagamento por serviços ambientais, quando se referirem à conservação ou restauração da vegetação nativa em imóveis particulares, ou mesmo à adoção ou manutenção de determinadas práticas agrícolas têm natureza propter rem e devem ser cumpridas pelo adquirente do imóvel nas condições estabelecidas contratualmente. Art. 25º Para o cumprimento do disposto nesta Lei, o Município poderá firmar convênios com União, Estados, com o Distrito Federal, com outros municípios e com entidades de direito público, bem como termos de parceria com entidades qualificadas como organizações da sociedade civil de interesse público, nos termos da Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999. Art. 26º. Fica a cargo do poder executivo municipal editar o Regulamento contendo as especificações que se façam necessárias para a aplicação desta Lei. Art. 27º. Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação. TERMO DE REFERÊNCIA SIMPLIFICADO DA PROPOSTA DE POLÍTICA MUNICIPAL DE PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS (PSA) DO MUNICÍPIO DE PIATÃ, BAHIA 1. OBJETIVO GERALE ÂMBITO DE APLICAÇÃO DA POLÍTICA 2. DEFINIÇÕES DA POLÍTICA MUNICIPAL DE PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS 2. OBJETIVOS 3. DIRETRIZES DOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA MUNICIPAL DE PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS DO PROGRAMA MUNICIPAL DE PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS 2. ASPECTOS ECONÔMICOS-FINANCEIROS 3. TRANSPARÊNCIA E COMUNICAÇÃO 1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E ARRANJO INSTITUCIONAL DISPOSIÇÕES FINAIS
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