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OA B N A M ED ID A | D IR EI TO A M BI EN TA L | R ES U M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO AMBIENTAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 11 1. PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO: adoção de medidas prévias para inibir a ocorrência de danos ambientais já cientificamente conhecidos e, consequentemente, preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado para a presente e futuras gerações. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO: adoção de medidas prévias para inibir a ocorrência de danos que possivelmente possam ocorrer, embora ainda não haja certeza cientifica. Na precaução, portanto, não há certeza sobre a ocorrência do dano, mas há elementos científicos suficientes para indicar a probabilidade de sua ocorrência. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: o desenvolvimento econômico e social não pode ser visto isoladamente, mas sim em harmonia com a preservação do meio ambiente. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR: determina a necessidade de se responsabilizar financeiramente o poluidor pela degradação ambiental, seja de forma preventiva ou reparatória. Assim, aqueles que desenvolverem atividades potencialmente nocivas são obrigados a arcar com o custo necessário para se evitar o dano ambiental (caráter preventivo) e, havendo a utilização indevida dos recursos naturais, o poluidor deverá arcar financeiramente com o seu ato (caráter reparatório). PRINCÍPIO DO USUÁRIO PAGADOR: determina que aquele que utilizar recursos naturais com fins econômicos deve pagar ao Estado pela sua utilização, já que o recurso natural não pertence ao particular e sim à coletividade. PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO: preceitua a necessidade de se dar conhecimento à população acerca das questões envolvendo o meio ambiente, por meio de informações claras e precisas sobre as atividades, eventos e decisões que possam ter reflexo ambiental. A Lei de Acesso à Informação Ambiental, por exemplo, garante a qualquer interessado o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do SISNAMA. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE OU EQUIDADE INTERGERACIONAL: a preservação do meio ambiente é um dever imposto a todos para garantir à presente e às futuras gerações o direito de usufruir dos recursos ambientais. O art. 225 da CF/88 consagra o princípio da solidariedade. PRINCÍPIO PROTETOR RECEBEDOR: com previsão expressa no art. 6º, II, da Lei n. 12.305/10, dispõe que aquele que proteger o meio ambiente poderá receber uma vantagem econômica em virtude de sua conduta diligente, como forma de se estimular a preservação ambiental. Os incentivos financeiros poderão assumir vários aspectos, citando-se como exemplo a possibilidade de isenção do imposto Territorial Rural- ITR, para os proprietários de terras que as transformem em RPPNs - Reservas Particulares de Patrimônio Natural. 2. MEIO AMBIENTE O meio ambiente pode ser classificado em meio ambiente natural, cultural, artificial e do trabalho. MEIO AMBIENTE NATURAL: também conhecido como patrimônio físico, corresponde à natureza, compreendendo a atmosfera, águas (subterrâneas e superficiais, mar territorial), solo, subsolo, fauna e flora. O principal fundamento de proteção ao meio ambiente natural possui previsão no art. 225 da CF/88, cujo conhecimento é muito importante para a prova da OAB/FGV: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê- lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; II - Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; (Regulamento) IV - Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento) V - Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento) VI - Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento) § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais OA B N A M ED ID A | D IR EI TO A M BI EN TA L | R ES U M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO AMBIENTAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 22 § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017. MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL: representa o espaço urbano construído, ou seja, o conjunto de edificações (espaço urbano fechado), e pelos equipamentos públicos (espaço urbano aberto), como ruas, praças, áreas verdes, etc. O art. 182 da CF/88 é o principal fundamento de tutela do meio ambiente artificial, sendo o responsável pela política de desenvolvimento urbano, conforme regulamento pela Lei n. 10.257/2001, conhecida como Estatuto da Cidade. Conforme previsto no § 1º do art. 182 da CF/88, o plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de 20.000 (vinte mil) habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. Nesse aspecto, apenas a propriedade que obedecer ao estabelecido no plano diretor é que estará cumprindo com sua função social (§ 2º do art. 182), sendo que o Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, poderá exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamenteaprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais (§ 4º do art. 182. MEIO AMBIENTE CULTURAL: compreende o patrimônio artístico, paisagístico, arqueológico, histórico e turístico. Representa o espaço criado pelo homem com valor agregado especial, relacionado à identidade, costumes, memórias e à cultura da sociedade. MEIO AMBIENTE DO TRABALHO: local onde os trabalhadores prestam suas atividades, sendo direito de todo trabalhador a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, conforme previsto no art. 7º, XXII, da CF/88. O art. 200, VIII, da CF/88, por sua vez, se refere expressamente ao meio ambiente de trabalho ao dispor que cabe ao sistema único de saúde, entre outras atribuições, colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 3. DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS SOBRE DIREITO AMBIENTAL COMPETÊNCIA MATERIAL As competências materiais subdividem-se em exclusivas (art. 21 da CF/88) e comuns (art. 23 da CF/88), sendo que, enquanto as primeiras não podem ser delegadas, porque se referem a assuntos de interesse exclusivo da União, como soberania e segurança do Estado, nas competências comuns a atuação de um ente federado não exclui a atuação dos demais, incluindo os Municípios, devendo lei complementar fixar normas para a cooperação entre os entes, o que foi feito, em material ambiental, pela Lei Complementar n. 140/2011. Sintetizamos as competências constitucionais materiais no quadro abaixo. COMPETÊNCIA MATERIAL EXCLUSIVA COMPETÊNCIA MATERIAL COMUM Instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso (art. 21, XIX); Explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições (art. 21, XXIII); Estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa (art. 21, XXV). Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos (art. 23, III); Impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural (art. 23, IV); Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas (art. 23, VI); Preservar as florestas, a fauna e a flora (art. 23, VII); Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios art. 23, XI). Destaca-se ainda que, em matéria ambiental, o art. 30 da CF/88, incisos VIII e IX, atribui aos Municípios a competência para promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano, bem como promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual OA B N A M ED ID A | D IR EI TO A M BI EN TA L | R ES U M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO AMBIENTAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 33 COMPETÊNCIA LEGISLATIVA COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DA UNIÃO COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DOS ESTADOS E DO DF Competência Privativa (art. 22): águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão (inciso IV); jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia (inciso XII) e atividades nucleares (inciso XXVI); Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias ora citadas. Competência Concorrente (art. 24): Normas gerais sobre, florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição (inciso VI); proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico (inciso VII), responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico Inciso VIII). Questões específicas sobre as matérias de competência privativa da União, desde que haja lei complementar autorizando. Matérias não vedadas pela CF/88. Competência Suplementar dos Estados para os temas de competência concorrente, mas, não havendo normas geral da União, os Estados e o Distrito Federal poderão exercer a competência legislativa plena. Nesse caso, se posteriormente a União resolver legislar sobre norma geral, a norma geral que o Estado (ou DF) havia elaborado terá a sua eficácia suspensa no que lhe for contrário. INCENTIVOS FISCAIS Os Estados Membros podem instituir incentivos fiscais aos municípios que atingirem as metas ambientais estipuladas em lei estadual, por meio de distribuição de parte do ICMS arrecadado (1/4 do produto dos 25% da arrecadação), o denominado “ICMS verde” ou “ICMS ecológico”, conforme art. 158, IV e parágrafo único, II, da CF/88 TERRAS INDÍGENAS Embora as terras indígenas sejam bens da União, a própria Constituição Federal de 1988 assegura às comunidades indígenas a posse permanente das terras que tradicionalmente ocupam, além do usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes (§ 2º do art. 231 da CF/88). O Estatuto do Índio, por sua vez, garante aos índios a exploração exclusiva das riquezas do solo, nas áreas indígenas, cabendo-lhes com exclusividade o exercício da garimpagem, faiscação e cata das áreas referidas (art. 44) Já em relação ao corte de madeira nas florestas indígenas, consideradas em regime de preservação permanente, ele está condicionado à existência de programas ou projetos para o aproveitamento das terras respectivas na exploração agropecuária, na indústria ou no reflorestamento (art. 46). 4. POLÍTICA NACIONAL E SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE A Lei n. 6.938/1981 instituiu o a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), que tem como objetivo geral a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana (art. 2º). Do conceito acima transcrito, é possível visualizar que objetivo do PNMA está relacionado principalmente a três verbos: preservar (manter o meio ambiente sem intervenção humana), melhorar (aprimorar as condições ambientais) e recuperar (retornar ao estado inicial) a qualidade do meio ambiente. Embora não citado pela lei, não podemos esquecer também da necessidade de se conservar o meio ambiente, ou seja, compatibilizar os impactos da atividade humana com a proteção ambiental. A lei n. 6.938/81 estabeleceu diversos instrumentos para a efetivação dos objetivos da Política Nacional do Meio ambiente (art. 9º), dentre os quais destacamos os mais importantes para a prova da OAB/FGV: • Padrões de qualidade ambiental – estabelece padrões para o lançamento de gases, resíduos, e outros elementos, para a manutenção da qualidade do meio ambiente. Os padrões são estabelecidos pelas Resoluções do CONAMA. • Zoneamento Ambiental – refere-se ao dimensionamento do solo, definindo áreas para o desenvolvimento econômico (áreas de uso estritamente industrial, de uso diversificado, por exemplo) e definindo áreas de preservação e conservação ambiental. • Avaliação de Impacto ambiental (AIA) – os empreendimentos e atividades econômicas devem avaliar os riscos ambientais, por meio de procedimentos de controle preventivo, o que é feito por meio de estudos ambientais, cuja principal espécie é o estudo prévio de impacto ambiental, previstono art. 225, § 1º, IV, da CF/88. • Licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras: o licenciamento ambiental é regulamentado pelo art. 10 da Lei n. 6.938/81 e pela Resolução 237/97 do CONAMA e somente é concedido após a análise do estudo prévio de impacto ambiental (EPIA). • Sistema Nacional de informações sobre o meio ambiente – sistematizar e gerenciar os dados e as informações dos órgãos ambientais. • Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais - inscrição no cadastro objetiva fazer um mapeamento das atividades poluidoras e que se valem de recursos ambientais. • Prestação de informações relativas ao Meio Ambiente - o poder público tem o dever de prestar OA B N A M ED ID A | D IR EI TO A M BI EN TA L | R ES U M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO AMBIENTAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 44 as informações sobre o meio ambiente e, se não as possuir, deverá produzi-las. • Instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. CONCESSÃO FLORESTAL SERVIDÃO AMBIENTAL SEGURO AMBIENTAL O poder público, por meio de licitação, poderá delegar de forma onerosa a exploração econômica de florestas públicas, como no caso de comercialização de madeira e de construção hoteleira. Representa a possibilidade de o particular renunciar total ou parcialmente a utilização dos recursos naturais de sua propriedade, o que pode ser feito de forma temporária ou permanente. A servidão não pode ser constituída sobre área de reserva legal florestal nem área de preservação permanente. Ainda pendente de regulamentação. A lei n. 6.938/81, em seu artigo 6º, cria ainda o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, que reúne os órgãos e instituições ambientais da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, responsáveis pela proteção e melhoria ambiental, sendo que qualquer interessado poderá ter acesso a suas informações, conforme previsto no art. 2º, §1º, da Lei nº 10.650/03. Na estrutura do SISNAMA, destaca-se o CONAMA, órgão consultivo e deliberativo, com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida. Já que em relação aos órgãos executores do SISNAMA temos o IBAMA e o Instituto Chico Mendes. IBAMA INSTITUTO CHICO MENDES Autarquia Federal Entre as atribuições destacam-se o licenciamento ambiental de atividades e obras com impacto ambiental regional ou nacional, bem como o poder de polícia. Autarquia Federal Responsável pelo Sistema Nacional de Unidades Conservação (SNUC). 5. LICENCIAMENTO AMBIENTAL Licenciamento ambiental: Decorre do poder de polícia ambiental e é um dos instrumentos previstos na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (art. 10 da Lei n. 6.938/81), tendo por objetivo condicionar a construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ao cumprimento prévio de exigências ambientais. O licenciamento ambiental é um procedimento administrativo composto por três atos administrativos principais: licença prévia, licença de instalação e licença de operação. LICENÇA PRÉVIA (LP) LICENÇA DE INSTALAÇÃO (LI) LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO) Concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação (art. 8º, I, da Resolução n. 237 do CONAMA) Prazo Máximo: 5 anos Autoriza a instalação (construção) do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante (art. 8º, II, da Resolução n. 237 do CONAMA) Prazo Máximo: 6 anos Autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação, conforme art. 8º, III, da Resolução n. 237 do CONAMA Prazo mínimo de 4 anos e máximo de 10 anos Ressalta-se que as licenças ambientais são temporárias e não geram direito adquirido. Nesse sentido, o art. 19 da Resolução nº 237/97 do CONAMA dispõe que o órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar as condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer: I - violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais; II - omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença; III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde. Destaca-se ainda que, conforme mencionado no item sobre competência material ambiental, todos os entes federativos possuem competência para proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas (art. 23, VI, da CF88). Entretanto, para garantir segurança e evitar OA B N A M ED ID A | D IR EI TO A M BI EN TA L | R ES U M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO AMBIENTAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 55 conflitos entre os licenciamentos, a Lei Complementar n. 140/2011 delimitou a competência de cada uma das esferas administrativas. LICENCIAMEN- TO PELA UNIÃO (IBAMA) LICENCIA- MENTO PELOS ESTADOS E DF LICENCIA- MENTO PELOS MUNI- CÍPIOS E DF Principais hipóteses: Empreendimen- tos e atividades localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; em 2 (dois) ou mais Esta- dos, no mar territorial, na plataforma con- tinental ou na zona econômica exclusiva; em terras indígenas; em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Am- biental (APAs), destinados a pesquisar, lavrar, produ- zir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo ou energia nuclear. Principais hipóteses: Atividades ou empreendimen- tos não incluídos na competência da União e dos Municípios e os empreendimen- tos localizados ou desenvolvi- dos em unidades de conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção Am- biental (APAs). Principais hipóteses: Obras, atividades e empreendi- mentos de impacto local, conforme definido pelos Conselhos Estaduais de Meio Ambien- te, bem como os localizados em unidades de conserva- ção instituídas pelo Muni- cípio, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); A Lei Complementar n. 140/2011 traz também os conceitos de atuação supletiva e subsidiária. • Atuação supletiva: ocorre quando a competência originária é de um ente Federativo, mas outro ente o substitui para fazer o licenciamento. Assim, se a competência para o licenciamento for do Município, mas este não contar com órgão ambiental capacitado ou Conselho de Meio Ambiente, o licenciamento será feito pelo Estado. Se o Estado, por sua vez, também não contar com órgão ambiental capacitado ou Conselho de Meio Ambiente, o licenciamento será feito pela União. • Atuação subsidiária: um ente Federativo que detém a competência originária solicita apoio a outro ente para realizar o licenciamento. O apoio pode ser econômico, técnico, administrativo ou funcional. Importante destacar ainda que cabe ao órgão responsável pelo licenciamento a fiscalização da atividade ou do empreendimento licenciado, conformeprevisto no art. 17, caput, da LC n. 140/2011: “Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada”. Contudo, levando-se em consideração que a fiscalização se trata de competência comum (art. 23 da CF/88), qualquer outro ente poderá fiscalizar o empreendimento e lavrar auto de infração sendo que, nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do fato deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente para as providências cabíveis (§ 2º do art. 17). Ressalta-se ainda que, na hipótese de lavratura de mais de um auto de infração, deverá prevalecer o auto lavrado pelo órgão de competência originária para o licenciamento, conforme § 3º do art. 17. 6. ESTUDOS AMBIENTAIS ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA/ RIMA): entre os estudos que integram a avaliação de impactos ambientais, o mais importante para a prova da OAB/FGV é o Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA/ RIMA), que possui previsão expressa no art. 225, § 1º, IV, da CF/88, e representa o documento de avalição prévia de empreendimento, obra ou atividade que tenha potencial de causar significativa degradação ambiental, devendo ser elaborada por equipe técnica multidisciplinar escolhida pelo empreendedor e às suas expensas. O estudo será obrigatório sempre que o empreendimento puder gerar significativa degradação ambiental (artigo 225, § 1º, IV, da CF/88). ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA: será obrigatório nas atividades privadas ou públicas em área urbana (APENAS EM ÁREA URBANA) definidas em Lei Municipal e a sua elaboração não substitui a elaboração e a aprovação do estudo prévio de impacto ambiental (EIA). Além disso, os documentos do EIV devem ficar à disposição no órgão competente municipal para a consulta de qualquer interessado (arts. 35, 36 e 37 da Lei n. 10.257/2001). 7. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (SNUC) Conceito: a Constituição Federal de 1988, em seu art. 225, §1º, III, destaca os espaços especialmente protegidos, dentre os quais se destacam as unidades de conservação, regulamentadas pela Lei n. 9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Há dois grupos de unidades de conservação: 1) Unidades de Proteção Integral (UPI) e 2) Unidades de Uso Sustentável. UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL (UPI): objetivam a preservação e permitem somente o uso indireto de seus recursos naturais. Pertencem ao grupo das Unidades de Proteção Integral: 1) Estação Ecológica, 2) Reserva Biológica, 3) Parque Nacional, 4) Monumento Natural e 5) Refúgio de Vida Silvestre. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO A M BI EN TA L | R ES U M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO AMBIENTAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 66 ESTAÇÃO ECOLÓGICA Objetiva a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas, mas essas pesquisas tem o limite de 3% da área e não podem ultrapassar 1.500 hectares. Posse e domínio público, sendo que as áreas particulares serão desapropriadas, com indenização prévia e em dinheiro. RESERVA BIOLÓGICA Objetiva a preservação integral da biota (fauna e flora) e demais atributos inseridos nos seus limites, permitindo-se a intervenção humana apenas para proteger o ecossistema. Posse e domínio público, sendo que as áreas particulares serão desapropriadas. PARQUE NACIONAL Objetiva a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. (Ex: Parque do Iguaçu). Posse e domínio público, sendo que as áreas particulares serão desapropriadas. MONUMENTO NATURAL Objetiva preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. Pode ser constituído por áreas particulares. Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo concordância do proprietário, a área deve ser desapropriada. REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE Objetiva proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. Pode ser constituído por áreas particulares, mas havendo incompatibilidade ou não concordância do proprietário, a área deve ser desapropriada. Compensação ambiental: de acordo com o art. 36, da Lei 9.985/2000, nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório – EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral. Cabe ao órgão ambiental licenciador definir as unidades de conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de conservação. O órgão competente deve fixar um valor proporcional ao grau de impacto ambiental para a sua concretização, sem a existência de um percentual mínimo legal a ser pago pelo empreendedor. Lei nº 13.668/2018 - a Lei nº 13.668/2018 acrescentou o § 4º ao art. 36 Lei 9.985/2000, que passou a dispor que a obrigação de compensação ambiental poderá, em virtude do interesse público, ser cumprida também em unidades de conservação de posse e domínio públicos do grupo de Uso Sustentável, especialmente as localizadas na Amazônia Legal. UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL: objetivam a conservação da natureza e admitem o uso de parcela de seus recursos naturais, ou seja, permite-se o desenvolvimento de atividade econômica dentro do seu espaço. São espécies de Unidades de Uso Sustentável: 1) Área de proteção ambiental (APA) 2) Área de Relevante Interessante ecológico, 3) Floresta Nacional, 4) Reserva Extrativista, 5) Reserva de Fauna, 6) Reserva de Desenvolvimento Sustentável e 7) Reserva Particular do Patrimônio Natural. ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL – APA Área em geral extensa, pública ou privada, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Constituída por terras públicas ou privadas. ÁREA DE RELEVANTE INTERESSANTE ECOLÓGICO Área, pública ou privada, em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza. Constituída por terras públicas ou privadas. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO A M BI EN TA L | R ES U M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO AMBIENTAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 77 FLORESTA NACIONAL Área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. A lei n. 11.284/2006 trata da exploração das Florestas Nacionais. Posse e domínio público, sendo que as áreas particularesserão desapropriadas. RESERVA EXTRATIVISTA Área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. Domínio Público, com uso concedido às populações extrativistas, sendo que as áreas particulares serão desapropriadas. RESERVA DE FAUNA Área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. Posse e domínio público, sendo que as áreas particulares serão desapropriadas. RESERVA DE DESENVOLVI- MENTO SUSTENTÁVEL Área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica. Domínio público, sendo que as áreas particulares serão desapropriadas. RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área de posse e domínio privados, gravada com perpetuidade, e deverá ser averbada, por intermédio de Termo de Compromisso, no Registro Público de Imóveis com o objetivo de conservar a diversidade biológica, permitindo- se apenas a pesquisa cientifica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais. Criação e Transformação de Unidade de Conservação: as Unidades de Conservação podem ser criadas pelo Poder público Federal, Estadual ou Municipal, por lei ou por decreto, mas dependem da realização prévia de estudos técnicos e de consulta pública, com exceção da Estação Ecológica e Reserva Biológica, cuja criação não exige consulta pública. Decreto ou lei poderão ainda ampliar os limites da Unidade de Conservação ou alterá- la para categoria mais restritiva, isto é, modificar uma unidade de uso sustentável para unidade de proteção integral. Entretanto, para revogar, reduzir os limites territoriais ou alterar a unidade de conservação para uma categoria mais branda, ou seja, transformar unidade de proteção integral em uso sustentável, exige-se obrigatoriamente lei (não se admite decreto), conforme art. 22 da Lei n. 9.985/200. Toda unidade de conservação deve dispor de um plano de manejo (art. 27) e de zoneamento (art. 2º, XVI). Plano de manejo: documento técnico que vai disciplinar a zona de conservação, as normas sobre uso e o manejo dos recursos naturais, os limites territoriais, a zona de amortecimento (área do entorno da unidade de conservação, onde se pode instituir limitações administrativas, estabelecendo restrições para a utilização humana), corredores ecológicos, e todas as demais questões sobre a unidade de conservação, inclusive sobre o plantio de organismos geneticamente modificados nas zonas de amortecimento ou na APA. O Plano de manejo deve ser elaborado no prazo de até 5 anos após a criação da unidade de conservação. Na Área de Proteção Ambiental (APA) e na Reserva Particular do Patrimônio Natural não há obrigatoriedade de zona de amortecimento. Zoneamento: definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicas, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz. O zoneamento deve levar em consideração a vulnerabilidade das áreas ambientais, determinando mais restrições à atividade humana nas áreas mais sensíveis. Desapropriação: conforme mencionado acima, muitas vezes as áreas particulares que abrangem unidades de conservação devem ser desapropriadas. No entanto, caso haja restrição do direito de propriedade do imóvel pela Administração Pública sem a formalização da desapropriação, diz-se que ocorreu a denominada “desapropriação indireta”, cabendo ao proprietário o ajuizamento de ação para efetivação da medida com o pagamento da respectiva indenização. 8. NOVO CÓDIGO FLORESTAL ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP): de acordo com o art. 3º, II, da Lei n. 12.651/12, entende- se por Área de Preservação Permanente (APP) a área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Pode ser urbana ou rural. Obrigação Propter Rem: o proprietário, o possuidor OA B N A M ED ID A | D IR EI TO A M BI EN TA L | R ES U M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO AMBIENTAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 88 ou ocupante a qualquer título é obrigado a recompor a área degradada de preservação permanente (art. 7º, §1º, da Lei nº 12.651/2012), sendo que essa obrigação possui natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural (art. 7º, §2º, da Lei nº 12.651/2012). RESERVA LEGAL: o art. 3º, III, da Lei n. 12.651/12, estabelece que se trata de área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa. Apenas em propriedade rural. CADASTRO NACIONAL RURAL: com o Novo Código Florestal, todos os imóveis rurais do Brasil devem estar inscritos no Cadastro Ambiental Rural - CAR, registro público eletrônico de âmbito nacional, com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento. A Área de Reserva Legal deve estar delimitada no Cadastro Ambiental Rural, alterando o sistema anterior, em que a Área de Reserva Legal vinha delimitada e averbada à margem da matrícula do imóvel. O CAR é obrigatório para todos os imóveis rurais do Brasil, não sendo considerado título para fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse (art. 29, caput e § 2º, da Lei nº 12.651/2012). 9. MATA ATLÂNTICA A Lei n. 11.428/06 classifica a vegetação da Mata Atlântica em duas áreas principais: vegetação primária e vegetação secundária. A vegetação primária á aquela intocada, sem atividades humana, ao passo que a vegetação secundária é aquela que já foi objeto da intervenção do homem, como no caso do desmatamento, podendo ser dividida em 3 (três) estágios: a) estágio inicial de regeneração, b) estágio médio de regeneração e c) estágio avançado de regeneração. As regras para corte, supressão e exploração da vegetação do Bioma Mata Atlântica de acordo com a área (rural ou urbana) e com estágio de proteção (vegetação primária e secundária). ÁREA RURAL VEGETAÇÃO PRIMÁRIA Permite-se o corte/supressão desde que observadas as seguintes regras: a) hipóteses de utilidade pública (atividades imprescindíveis para proteção sanitária ou segurança nacional, bem como para obras de infraestrutura de serviços públicos essenciais de transporte, saneamento e energia), b) práticas preservacionistas e c) pesquisas científicas. VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA Estágio avançado de regeneração: mesmas regras da vegetação primária Estágio médio: Quando houver hipóteses de utilidade pública, interesse social (atividades imprescindíveis para a proteção da vegetação nativa, como prevenção do fogo, erosão, proteção espécies invasoras, etc., e manejo florestal sustentável,desde que não prejudique a função ambiental da área), práticas preservacionistas, pesquisa cientifica e autorização para o pequeno proprietário, posseiro ou populações tradicionais, exceto no caso se áreas de proteção permanente). Estágio inicial de regeneração: Nos estados com menos de 5% da área original de Mata atlântica aplicam- se as mesmas regras da vegetação secundária de estágio médio de regeneração. Já nos Estados com mais de 5% área original de Mata atlântica, o corte, a supressão e a exploração dependerão de licenciamento/autorização do órgão estadual de proteção. ÁREA URBANA VEGETAÇÃO PRIMÁRIA NÃO SE PERMITE O CORTE, SUPRESSÃO OU A EXPLORAÇÃO DO BIOMA MATA ATLÂNTICA NA VEGETAÇÃO PRIMÁRIA LOCALIZADA NA ÁREA URBANA VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA Estágio avançado de regeneração: Se o perímetro urbano foi aprovado antes da vigência da Lei (22/12/2006), permite-se o corte, supressão e exploração, desde que preservado 50% do Bioma Mata Atlântica. Se o perímetro urbano foi aprovado depois da vigência da Lei, é vedado o corte, supressão ou exploração do Bioma Mata Atlântica. Estágio médio de regeneração: se o perímetro urbano foi aprovado antes da vigência da Lei, permite-se a supressão, o corte ou a exploração desde que mantido 30% do Bioma Mata Atlântica. Se o perímetro for aprovado posteriormente à vigência da Lei, permite-se a supressão, o corte ou a exploração desde que mantido 30% do Bioma Mata Atlântica. Estágio inicial de regeneração: possui uma liberdade maior de acordo com o decidido pelo órgão ambiental competente. Entretanto, conforme previsto no art. 11 da Lei n. 11.428/2006, há situações em que o corte e a supressão OA B N A M ED ID A | D IR EI TO A M BI EN TA L | R ES U M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO AMBIENTAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 99 de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração do Bioma Mata Atlântica ficam vedados: I – Quando a vegetação: a) abrigar espécies da flora e da fauna silvestres ameaçadas de extinção, em território nacional ou em âmbito estadual, assim declaradas pela União ou pelos Estados, e a intervenção ou o parcelamento puserem em risco a sobrevivência dessas espécies, b) exercer a função de proteção de mananciais ou de prevenção e controle de erosão, c) formar corredores entre remanescentes de vegetação primária ou secundária em estágio avançado de regeneração, d) proteger o entorno das unidades de conservação, ou e) possuir excepcional valor paisagístico, reconhecido pelos órgãos executivos competentes do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA; II - Quando o proprietário ou posseiro não cumprir os dispositivos da legislação ambiental, em especial as exigências da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, no que respeita às Áreas de Preservação Permanente e à Reserva Legal. 10. GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS Florestas Públicas: conforme previsto no art. 3º da Lei n. 11.284/06, consideram-se florestas públicas as florestas, naturais ou plantadas, localizadas nos diversos biomas brasileiros, em bens sob o domínio da União, dos Estados, dos Municípios, do Distrito Federal ou das entidades da administração indireta. A gestão das florestas públicas pode ocorrer sob as seguintes formas: Gestão direta – a própria Administração Pública faz a gestão da floresta pública, sendo-lhe facultado, para execução de atividades subsidiárias, firmar convênios, termos de parceria, contratos ou instrumentos similares com terceiros, observados os procedimentos licitatórios e demais exigências legais pertinentes. A duração dos contratos e instrumentos similares fica limitada a 120 (cento e vinte) meses e, nas licitações para as contratações, além do preço, poderá ser considerado o critério da melhor técnica previsto no inciso II do caput do art. 26 da Lei n. 11.284/06. Destinação às Comunidades Locais - antes da realização das concessões florestais, as florestas públicas ocupadas ou utilizadas por comunidades locais serão identificadas e destinadas, de forma não onerosa, para o uso dessas comunidades por meio de criação de reservas extrativistas, de reservas de desenvolvimento sustentável, concessão de uso, ou outra forma prevista em lei. Concessão Florestal – trata-se de delegação onerosa, feita pelo Poder Público, do direito de praticar manejo florestal sustentável em uma floresta pública, para exploração de produtos (produtos madeireiros e/ou não madeireiros, como sementes, resinas, cascas e raízes) e serviços florestais (atividades de ecoturismo, recreação em contato com a natureza, educação ambiental, etc.), mediante licitação na modalidade concorrência, apenas à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado (quando for produto florestal, o prazo mínimo será um ciclo e o prazo máximo será 40 anos. Quando se tratar de serviço, o prazo mínimo será de 5 anos e o prazo máximo 20 anos). 11. RESPONSABILIDADE PELO DANO AMBIENTAL RESPONSABILIDADE CIVIL Responsabilidade objetiva: a responsabilidade civil em matéria ambiental é objetiva, ou seja, independentemente da existência de culpa, conforme previsto expressamente no art. 14, § 1º Lei n. 6.938/81. Além disso, prevalece o entendimento que se aplica a teoria do risco integral, ou seja, o causador do dano ambiental não poderá alegar excludentes de responsabilidade, como caso fortuito ou força maior, para afastar o dever de reparar o dano. Exceção: a única exceção à responsabilidade objetiva é quando se tratar da omissão do poder público no exercício do poder de polícia, hipótese em que a responsabilidade será subjetiva, conforme jurisprudência majoritária do STJ. Solidariedade: a responsabilidade civil ambiental é ainda solidária (art. 942 do CC), de modo que todos que participaram, direta ou indiretamente, para a ocorrência do dano serão solidariamente responsáveis pela sua reparação. Desconsideração da Personalidade Jurídica: em matéria ambiental, permite-se a desconsideração da pessoa jurídica sempre que esta seja obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente (art. 4º da Lei n. 9.605/98). Trata-se da adoção da teoria menor. Jurisprudência: a) o STF e o STJ vêm reconhecendo a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância ou bagatela para os crimes ambientais, quando verificada a baixa lesividade da conduta; b) por outro lado, de acordo com a Súmula n. 613 do STJ, “não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental”. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL Fiscalização: levando-se em consideração que a fiscalização se trata de competência comum (art. 23 da CF/88), qualquer ente pode fiscalizar os empreendimentos e lavrar auto de infração. No entanto, na hipótese de lavratura de mais de um auto de infração, deverá prevalecer o auto lavrado pelo órgão de competência originária para o licenciamento. Auto de Infração: as autoridades do SISNAMA (IBAMA no âmbito federal, por exemplo) e os agentes da Capitania dos Portos é que possuem competência para lavrar auto de infração e instaurar processo administrativo ambiental. Processo Administrativo: após a lavratura do auto de infração, o infrator tem 20 dias para apresentar defesa ou impugnação ao auto de infração. A autoridade, por sua vez, terá o prazo de 30 dias, também contado da lavratura do auto, para julgar. Após a decisão, o infrator poderá recorrer no prazo de 20 dias. Após a decisão do recurso, se este não for procedente, o recorrente terá 5 dias para pagar a multa. Súmula n. 467 do STJ: “Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental”. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO A M BI EN TA L | R ES U MO PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO AMBIENTAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1010 RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL Conceito: De acordo com o art. 2º da Lei de Crimes Ambientais (Lei n. 9.605/98), “quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la”. Assim, todos aqueles que concorreram como autores, coautores ou partícipes, responderão pelo mesmo crime ambiental, mas a pena será dosada na medida da culpabilidade de cada um. Além disso, a segunda parte do artigo 2º determina que o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica também respondem por omissão, quando sabiam da existência do crime e, podendo evita-lo, não o fizeram. A omissão dessas pessoas físicas é considerada crime desde que: a) as pessoas tenham ciência do crime; b) não tomaram a conduta adequada para evitar o crime. Pessoa Jurídica: O § 3º do art. 225 da CF/88 inovou ao prever expressamente a responsabilidade penal das pessoas jurídicas. O art. 3º da Lei dos Crimes Ambientais, por sua vez, dispõe que “as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Além disso, prevê em seu parágrafo único que “a responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato”. Como a pena restritiva de liberdade não pode ser e aplicada à pessoa jurídica, as sanções penais compatíveis são: multa, pena restritivas de direito e prestação de serviços à comunidade. MULTA Pode ser fixada entre 10 e 360 dias- multa, sendo o valor do dia - multa superior a 1/30 e inferior a 5 vezes o valor do salário mínimo. Se o juiz considerar que o valor da multa será ineficaz poderá multiplica-la em até 3 vezes. RESTRITIVAS DE DIREITO (ART. 22 DA LEI N. 9.605/1998) I - Suspensão parcial ou total de atividades, quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente. II - Interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; quando estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar. III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações, não podendo exceder o prazo de 10 (dez) anos. SERVIÇOS À COMUNIDADE (ART. 23 DA LEI N. 9.605/1998) I - Custeio de programas e de projetos ambientais; II - Execução de obras de recuperação de áreas degradadas; III - manutenção de espaços públicos; IV - Contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas Principais Características dos Crimes Ambientais: a) são de ação penal pública incondicionada, b) os tipos penais ambientais, em regra, descrevem crimes de perigo abstrato, que se consumam com a própria criação do risco, efetivo ou presumido, independentemente de qualquer resultado danoso, c) Não há norma específica estabelecendo qual a justiça competente para julgar crimes ambientais. No entanto, prevalece o entendimento de que se o crime atingir interesse direto e específico da União, ou de suas autarquias e empresas públicas, a competência é da Justiça federal, e nos demais casos a competência será da Justiça Comum, e d) Tratando-se de crime de menor potencial ofensivo (pena máxima em abstrato de até 2 anos) ou de contravenção penal é possível transação penal. No entanto, diferentemente da Lei n. 9099/95, em que não se exige a composição civil para a transação penal, na lei ambiental a transação penal somente é cabível se houver a prévia composição civil dos danos ambientais (art. 27 da Lei n. 9.605/88). 12. POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Conceito: Conforme previsto no inciso XVI do art. 3º da Lei n. 12.305/2010, considera-se resíduo sólido todo material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. Concepção: A concepção da Lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos é que não haja a geração de resíduos sólidos. Caso isso não seja possível, deve-se reduzir, reutilizar, reciclar ou tratar os resíduos sólidos. Se essas medidas não forem possíveis, haverá ao menos a destinação final ambientalmente adequada dos rejeitos. Princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: a) prevenção e a precaução; b) poluidor-pagador e o protetor-recebedor; c) visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; d) desenvolvimento sustentável; e) ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta; f) cooperação entre as diferentes esferas do poder público, OA B N A M ED ID A | D IR EI TO A M BI EN TA L | R ES U M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO AMBIENTAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1111 o setor empresarial e demais segmentos da sociedade; g) responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; h) reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania; i) respeito às diversidades locais e regionais; j) direito da sociedade à informação e ao controle social e k) razoabilidade e a proporcionalidade. Dentre os instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, o mais importante para a prova da OAB é o plano de resíduo sólido, documento que deve ser elaborado pelas Pessoas jurídicas que geram resíduos sólidos, bem como pelo Poder Público, no âmbito da União, dos Estados e dos Municípios. O plano de resíduo sólido é classificado em: Plano Nacional de Resíduos Sólidos – Elaborado pela União com a colaboração do Ministério do Meio Ambiente, tem como conteúdo o levantamento da situação dos resíduos sólidos no país, com a estipulação de metas e proposição de cenários (incluindo tendências internacionais e macroeconômicas), especificando ainda programas, projetos e ações para o atendimento das metas previstas. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos tem vigência por prazo indeterminado e horizonte de 20 (vinte) anos, devendo ser atualizado a cada 4 (quatro) anos Planos Estaduais de Resíduos Sólidos – Devem abranger todo o território do Estado e sua elaboração é condição para que os Estados tenham acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à gestão de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade. O plano estadual de resíduos sólidos será elaborado para vigência por prazo indeterminado, abrangendo todo o território do Estado, com horizonte de atuação de 20 (vinte) anos e revisões a cada 4 (quatro) ano Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - A elaboração de plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos é condiçãopara o Distrito Federal e os Municípios tenham acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade (art. 18 da Lei nº 12.305/2010). Para Municípios com menos de 20.000 (vinte mil) habitantes, o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos terá conteúdo simplificado, na forma do regulamento, salvo se o Municípios: I – for integrante de áreas de especial interesse turístico; II – for inserido na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional; III – tiver território que abranja, total ou parcialmente, Unidades de Conservação. Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos deve ser elaborado pelos geradores de resíduos dos serviços públicos de saneamento básico, de resíduos industriais, de resíduos de serviços de saúde, de resíduos de mineração, pelos estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que gerem resíduos perigosos ou resíduos que, mesmo caracterizados como não perigosos, por sua natureza, composição ou volume, não sejam equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal; pelas empresas de construção civil, pelos responsáveis pelos terminais e outras instalações que geram resíduos de serviços de transportes, bem como pelos responsáveis por atividades agrossilvopastoris, se exigido pelo órgão competente do SISNAMA, do SNVS ou do SUASA. O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos deve integrar o licenciamento ambiental, ou seja, o órgão responsável pelo licenciamento ambiental também será responsável pela aprovação do Plano de Gerenciamento. Se a obra ou atividade desenvolvida não exigir licenciamento ambiental, o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos será aprovado pelo Município. Logística Reversa: A logística reversa é um outro instrumento importante da PNRS caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada (art. 3º, XII). Os produtos que estão sujeitos à logística reversa são os resíduos e embalagens de agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; produtos eletroeletrônicos e seus componentes (art. 33). A inobservância da logística reserva pode ensejar a responsabilidade do fabricante, importador, distribuidor e do comerciante. 13. SANEAMENTO BÁSICO Compreende um conjunto de procedimentos adotados com o objetivo de garantir higiene e um ambiente saudável para os habitantes de determinada região, envolvendo: abastecimento de água potável, coleta e tratamento de esgoto sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, bem como a drenagem e manejo das águas pluviais. Recursos Hídricos: como expressamente dispõe o art. 4º da Lei n. 11.455/2007, os recursos hídricos não integram os serviços públicos de saneamento básico, tendo regramento específico pela Lei n. 9.433/97. Princípios fundamentais dos serviços públicos de saneamento básico: a) universalização do acesso, b) integralidade, c) adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades locais e regionais, d) articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante, e) eficiência e sustentabilidade econômica. A prestação dos serviços públicos de saneamento básico pode prestada diretamente pelo Poder Público, ou por particulares, mediante delegação, por meio de contrato administrativo, precedido de licitação. OA B N A M ED ID A | D IR EI TO A M BI EN TA L | R ES U M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO AMBIENTAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1212 O art. 10 da Lei n. 11.107/2005, alterado pela Lei n. 14.026/20, dispõe que a prestação dos serviços públicos de saneamento básico por entidade que não integre a administração do titular depende da celebração de contrato de concessão, mediante prévia licitação, nos termos do art. 175 da Constituição Federal, vedada a sua disciplina mediante contrato de programa, convênio, termo de parceria ou outros instrumentos de natureza precária. Sustentabilidade econômico-financeira: deve ser assegurada, sempre que possível, mediante remuneração pela cobrança dos seguintes serviços públicos: I - abastecimento de água e esgotamento sanitário, II - de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos, e III - de manejo de águas pluviais urbanas. Subsídio: poderão ser adotados subsídios tarifários e não tarifários para os usuários e localidades que não tenham capacidade de pagamento ou escala econômica suficiente para cobrir o custo integral dos serviços (conforme § 2º do art. 29 da Lei n. 11.107/2005) 14. POLÍTICA NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS FUNDAMENTOS (art. 1º da Lei n. 9.433/97: a) A água é considerada um bem de domínio público (e não privado), sendo que, em situações de escassez, o seu uso prioritário é o consumo humano e a dessedentação de animais, b) a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico, c) A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas, como, por exemplo, para navegação, para o consumo humano, para geração de energia, etc., d) De acordo com a Lei n. 9.4333/97, a bacia hidrografia, área onde há o escoamento e a drenagem de um rio principal e de seus afluentes, é considerada a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e e) Já a gestão dos recursos hídricos deve ser ainda descentralizada, isto é, deve ter participação do poder público, dos usuários e das comunidades (gestão tripartite). OBJETIVOS (art. 2º da Lei n. 9.44/97): São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais e IV - incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas pluviais. INSTRUMENTOS: para a concretização da PNRH, os dois instrumentos mais importantes são a outorga e a cobrança. Outorga: A outorga pode ser concedida pelo poder Público Federal, Estadual ou Municipal, pelo prazo máximo, renovável, de 35 anos, e possui como objetivo garantir o controle quantitativo e qualitativo do uso da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água. A outorga permite apenas o uso das águas, não implicando, portanto, sua alienação, nem parcial nem total, uma vez que as águas são inalienáveis (art. 18). Dependem de Outorga (art. 12 da Lei n. 9.44/97): I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; II - extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; IV -aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água. Quem concede a outorga? Se a água for bem da União, a outorga caberá à Agência Nacional de Águas (ANA), podendo ser delegada aos Estados ou Distrito Federal. No entanto, se a água for estadual ou municipal, caberá a referidos entes a realização da outorga. Não dependem de outorga: I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; II - as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes; III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes. Cobrança: Em relação ao instrumento da cobrança dos recursos hídricos, parte-se do pressuposto de que a água é bem escasso e dotado de valor econômico, de modo que a sua cobrança objetiva, conforme 19 da Lei n. 9.433/97, I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor; II - incentivar a racionalização do uso da água e III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos. É importante destacar ainda que, de acordo com o art. 21 da Lei n. 9.433/97, para a fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos devem ser observados, dentre outros: I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu regime de variação; II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o volume lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas, biológicas e de toxidade do afluente. 15. POLÍTICA NACIONAL SOBRE MUDANÇAS DO CLIMA A Lei n. 12.187/2009 criou a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), tendo como principal diretriz o protocolo de Quioto, para mitigação e adaptação à mudança do clima. Objetivos da PNMC (art. 4º da Lei n. 12.187/2009): I - à compatibilização do desenvolvimento econômico- social com a proteção do sistema climático; II - à redução das emissões antrópicas de gases de efeito estufa em relação às suas diferentes fontes; IV - ao fortalecimento das remoções antrópicas por sumidouros de gases de efeito estufa no território nacional; V - à implementação de medidas para promover a adaptação à mudança do clima pelas 3 (três) esferas da Federação, com a participação e a colaboração dos agentes econômicos e sociais interessados ou beneficiários, em particular aqueles OA B N A M ED ID A | D IR EI TO A M BI EN TA L | R ES U M O PA RA A P RO VA D A OA B/ FG V DIREITO AMBIENTAL - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1313 especialmente vulneráveis aos seus efeitos adversos; VI - à preservação, à conservação e à recuperação dos recursos ambientais, com particular atenção aos grandes biomas naturais tidos como Patrimônio Nacional; VII - à consolidação e à expansão das áreas legalmente protegidas e ao incentivo aos reflorestamentos e à recomposição da cobertura vegetal em áreas degradadas; VIII - ao estímulo ao desenvolvimento do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões - MBRE. Mercado Brasileiro de Redução de Emissões - De acordo com o art. 9º da Lei n. 12.187/2009, o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões - MBRE será operacionalizado em bolsas de mercadorias e futuros, bolsas de valores e entidades de balcão organizado, autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM, onde se dará a negociação de títulos mobiliários representativos de emissões de gases de efeito estufa evitadas certificadas.
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