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A situação de saúde do trabalhador rural

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA 
INSTITUTO DE HUMANIDADES ARTES E CIÊNCIAS PROFESSOR 
MILTON SANTOS 
OFICINA DE TEXTOS ACADÊMICOS E TÉCNICOS EM SAÚDE (HACA78) 
 
 
 
 
JOÃO VICTOR CRUZ CORREIA 
 
 
 
 
 
A SITUAÇÃO DE SAÚDE DO TRABALHADOR RURAL E DAS 
COMUNIDADES ADJACENTES À REGIÕES AGRÍCOLAS: 
UMA REVISÃO SITEMÁTICA DA LITERATURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador/BA 
2019
JOÃO VICTOR CRUZ CORREIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A SITUAÇÃO DE SAÚDE DO TRABALHADOR RURAL E DAS 
COMUNIDADES ADJACENTES À REGIÕES AGRÍCOLAS: 
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA 
 
 
 
 
 
 
Artigo apresentado ao curso Bacharelado 
Interdisciplinar em Saúde, da Universidade 
Federal da Bahia (UFBA), como requisito de 
avaliação no componente Oficina de Textos 
Acadêmicos e Técnicos em Saúde (HACA78). 
Orientadora: Profa. Letícia Marques 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador/BA 
2019
 
RESUMO 
 
Objetivo: Analisar os riscos à saúde humana em decorrência do uso de agrotóxicos, considerando 
os custos sociais e ambientais de sua aplicação em regiões agrícolas brasileiras. Métodos: Esse 
artigo corresponde a uma revisão da literatura nacional, cuja análise partiu da consulta de artigos 
científicos indexados na base de dados SciELO no período de 2012 a 2018. Mediante o uso de 
descritores e a aplicação de critérios de inclusão e exclusão, localizaram-se 24 publicações que, 
após suas leituras, tiveram suas informações analisadas, agrupadas e categorizadas conforme três 
eixos temáticos previamente definidos, a saber: perfil socioeconômico dos trabalhadores rurais e 
das comunidades agrícolas; vias de contaminação ambiental por agrotóxicos e; prevalência e 
incidência de doenças nos grupos estudados. Ademais, foi utilizada uma análise descritiva nos 
dados obtidos. Resultados: A partir da leitura dos artigos nesses moldes, foi possível identificar 
a predominância de trabalhadores do sexo masculino com idade entre 30 a 50 anos, com renda 
salarial de até três salários e baixa escolaridade. Além disso, a literatura científica demonstra a 
associação entre o uso de agrotóxicos e impactos no meio ambiente, comunidades e trabalhadores 
rurais. Por fim, identificou-se que nove indicavam a prevalência e a incidência das seguintes 
intercorrências na saúde do trabalhador e da população inseridos em um contexto rural de 
exposição aos agrotóxicos: quadros de intoxicação, neoplasias, doenças crônico-degenerativas, 
perda auditiva, malformações congênitas e óbitos fetais. Conclusões: Dessa maneira, entende-se 
que o aumento do consumo de agrotóxicos nas atividades relacionadas à agricultura corrobora um 
grande problema para o campo da saúde pública, uma vez que produz efeitos na escala de médio 
e de longo prazos. Nesse sentido, faz-se necessário a criação de políticas de promoção e prevenção 
que repensem as fragilidades da vigilancia estatal sobre o uso dos agrotóxicos e a ausência de 
políticas que reduzam o uso de agrotóxicos. 
 
Palavras chaves: Agrotóxicos; Exposição ocupacional; Contaminação ambiental e Saúde 
pública.
4 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 5 
2. METODOLOGIA.................................................................................................... 9 
 2.1 Estratégia de busca............................................................................................... 9 
 2.2 Critérios de exclusão e inclusão........................................................................... 9 
 2.3 Seleção dos estudos.............................................................................................. 10 
 2.4 Estratégias de análise........................................................................................... 11 
 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................. 12 
3.1 Perfil socioeconômico dos trabalhadores e das comunidades agrícolas.......................... 12 
3.2 Contaminação ambiental por agrotóxicos: seus impactos nos fluxos de água, na fauna e flora 
e na vigilância em saúde........................................................................................................14 
 3.2.1 Fluxos de água e lençóis freáticos............................................................................14 
 3.2.2 Alteração na fauna e flora.........................................................................................16 
 3.2.3 Desconhecimento e necessidade de políticas...........................................................17 
3.3 Prevalência e incidência de doenças relacionadas ao uso de agrotóxicos........................19 
 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................25 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS.................................................................................. 26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A intensa e generalizada transnacionalização de atividades relacionadas à economia, à política 
e à cultura produzem significativas mudanças no tecido social, o que compreende as condições 
de vida, de trabalho e de saúde de uma determinada população (MANZOLI et al., 2018). A 
exemplo desse fato, tem-se que as demandas do agronegócio impulsionam a introdução de novas 
tecnologias no cenário agrícola, sejam mecânicas, químicas, biológicas ou eletrônicas, o que gera 
significativas modificações na dinâmica socioeconômica do campo. Essas alterações nos 
contextos de vivência, trabalho e reprodução social corroboram situações de vulnerabilidade para 
a saúde de trabalhadores rurais e comunidades agrícolas (RIGOTTO et al., 2013). Sob essa 
perspectiva, verifica-se que o agronegócio engloba uma rede complexa de atividades ligadas à 
produção agropecuária e à utilização massiva de sementes transgênicas e insumos químicos, 
como os agrotóxicos, o que o torna um importante fator de mudança da realidade social, 
sobretudo no campo da saúde pública (PIGNATI et al., 2017). 
O uso de agrotóxicos não é uma especificidade das sociedades contemporâneas. Desde a 
Antiguidade Clássica, o ser humano já desenvolvia técnicas para o controle de insetos, plantas e 
outros seres vivos que se difundiam nos cultivos utilizados na alimentação. Nos escritos greco-
romanos, há o registro de utilização de arsênio e de enxofre para o controle de insetos nos 
primórdios da agricultura e, a partir do século XVI, constata-se o emprego de substâncias 
orgânicas como a nicotina e os piretros extraídos de plantas na Europa e nos Estados Unidos 
(RIGOTTO, 2011). 
No entanto, é apenas na segunda metade do século XX que se consolida o emprego em massa 
dos agrotóxicos nas atividades agrícolas, o que marca uma mudança profunda em seu processo 
de produção (PREZA & AUGUSTO, 2012). Nessa época, o discurso das potências 
industrializadas exaltava uma política que abarcava um conjunto de técnicas capaz de aumentar 
estrondosamente a produtividade agrícola e resolver o problema da fome nos países em 
desenvolvimento (RIGOTTO, 2011). Esse é o contexto de consolidação da Revolução Verde 
6 
 
como modelo produtivo para a expansão das agroindústrias e que tinha por essência a utilização 
acentuada de sementes híbridas e de insumos industriais (fertilizantes e agrotóxicos) e a 
mecanização da produção com o uso extensivo de tecnologia no processo plantio, irrigação e 
colheita. Entretanto, embora tenha havido um aumento significativo na produtividade, a 
consolidação e expansão desse sistema de produção não resolveu o problema da fome no mundo, 
como era divulgado em seus discursos (RIGOTTO, 2011). 
No que tange ao Brasil, o país lidera, desde 2008, o ranking mundial de consumo de 
agrotóxicos (SINDAG, 2009). Esse fatodecorre, em grande medida, da criação do Programa 
Nacional de Defensivos Agrícolas (PNDA), na década de 70, que sujeitava a concessão de 
créditos rurais ao uso obrigatório de parte desse fundo para a compra de agrotóxicos (PREZA & 
AUGUSTO, 2012). Todavia, deve-se levar em consideração que políticas com essa são situadas 
em conjunturas caracterizadas por situações de vulnerabilidade social, nas quais se verificam, 
por exemplo, uma baixa cobertura da seguridade social e da escolaridade dos trabalhadores rurais 
(PREZA & AUGUSTO, 2012). Nesse contexto, chama-se atenção para um grave problema de 
saúde pública: a exposição humana a esses agroquímicos (FOLGADO, 2017). Há, no senso 
comum, uma forte crença em alegar que os agravos provocados pelos agrotóxicos decorrem do 
uso inadequado desses produtos, pois a rigidez e evolução da legislação dos agrotóxicos 
colocados à disposição do cidadão corroboram uma visão de que esses compostos químicos são 
seguros, na medida que bem utilizados (GARCIA, 2001). No entanto, a cargo de exemplo, são 
crescentes as taxas de intoxicação por agrotóxicos que, apenas no ano de 2012, contabilizaram 
mais de nove mil notificações, conforme o levantamento de dados realizado por Ferreira e Júnior 
(2016) no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). 
Nessa perspectiva, evidencia-se que modelos produtivos pautados no agronegócio 
corroboram a construção de conjunturas que oferecem riscos significativos para a saúde dos 
trabalhadores e das populações circunvizinhas às regiões agrícolas, o que interfere, direta ou 
indiretamente, no perfil de morbimortalidade desses grupos (FERREIRA & JÚNIOR, 2016). 
Mudanças no padrão de vivência de uma comunidade, em uma perspectiva de modernização 
7 
 
agrícola para a expansão do agronegócio, pode vir a instaurar uma dicotomia que atesta a 
submissão a uma forma de sobrevivência, embora esta prejudique a qualidade de vida do sujeito 
(PESSOA & RIGOTTO, 2012). Nesse sentido, reafirma-se a ideia de que o perfil de 
morbimortalidade de uma determinada população está sujeito a modificações pelas mudanças 
produtivas, ambientais e sociais. 
Dentre os diversos tipos de vulnerabilidades que são acarretas por esse modelo produtivo 
hegemônico, estão, além da saúde do trabalhador rural e das consequências ambientais, os custos 
institucionais e sociais. Os primeiros evidenciam a quase ausência de assistência técnica e local 
pela fiscalização ineficiente, que, muitas vezes, facilita o acesso dos agrotóxicos sem receituário 
agronômico, atrelado ao uso inadequado destes. No que tange aos segundos, a baixa escolaridade 
é um fator preponderante para a falta de compreensão das recomendações prescritas nas bulas 
desses produtos (CASTRO & CONFALONIERI, 2005; BEDOR et al., 2007; RECENA & 
CALDAS, 2008 apud PREZA &AUGUSTO, 2012). 
Os estudos acerca dessa problemática, ainda que limitados, oferecem dados significativos 
para se averiguar os impactos dos agrotóxicos na vida dos trabalhadores rurais e das comunidades 
adjacentes às regiões agrícolas. Nesse sentido, este artigo é importante por reunir, em um único 
estudo, um levantamento de diversos agravos à saúde desses grupos e por apresentar uma 
discussão integrada acerca das questões de saúde, trabalho e meio ambiente para a análise das 
consequências do uso de agrotóxicos na saúde trabalhadores rurais, assim como as condições 
socioeconômicas que corroboram o uso inadequado. Dessa forma, considerando a necessidade 
de um maior suporte técnico para a implantação de políticas para a vigilância em saúde em 
contextos de exposição aos agrotóxicos, se oferece uma melhor dimensão da complexidade e 
vulnerabilidade de indivíduos frente ao uso de agrotóxicos, o que por nortear ações 
governamentais e futuras pesquisas científicas na criação de medidas para atenuar os efeitos 
nocivos dessas substâncias. 
 Diante desse cenário, e dada a significativa contribuição do setor agrícola para o crescimento 
da economia brasileira, estudos como este se mostram de extrema relevância por reunir e analisar 
8 
 
as implicações da exposição humana aos agrotóxicos, o que demanda uma maior atenção das 
políticas públicas de proteção à saúde. Nesse sentido, este artigo tem como finalidade analisar 
os riscos à saúde humana em decorrência do uso de agrotóxicos, considerando os custos sociais 
e ambientais de sua aplicação em regiões agrícolas brasileiras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 METODOLOGIA 
 
9 
 
 2.1 Estratégia de busca 
 
Neste trabalho, foi realizada uma revisão da literatura nacional referente a esssa temática, 
a partir da busca online de artigos científicos indexados na base de dados Scientific Library Online 
(SciELO) no período de 2012 a 2018. Foram empreendidos estudos prévios, de caráter 
exploratório, para a identificação dos descritores a serem utilizados, elegendo-se, consoante a 
consulta feita no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde), os seguintes: agrotóxicos, saúde do 
trabalhador rural, saúde da população rural, vigilância em saúde pública, saúde pública, 
indicadores de saúde, exposição ambiental, contaminação ambiental e exposição ocupacional. 
Ademais, a fim de delimitar a amostra, foi aplicado o operador booleano and juntamente com os 
termos selecionados, efetuando-se articulações duplas e/ou tríades destes descritores, a saber: 
agrotóxicos and saúde do trabalhador rural, agrotóxicos and saúde da população rural, agrotóxicos 
and vigilância em saúde pública, agrotóxicos and exposição ambiental and saúde pública, 
agrotóxicos and indicadores de saúde and contaminação ambiental e agrotóxicos and exposição 
ambiental and exposição ocupacional. 
 
 2.2 Critérios de inclusão e de exclusão de artigos 
 
Os critérios utilizados para a inclusão dos artigos foram: (1) estarem dentro do eixo 
temático da influência dos agrotóxicos na saúde humana e ambiental; (2) serem artigos produzidos 
em língua portuguesa; (3) terem sido publicados no período de 2012 a 2018; (4) abordarem 
pesquisas realizadas com o trabalhador agrícola e a população rural; (5) serem artigos científicos 
publicados na íntegra. 
Por outro lado, no que se refere aos trabalhos excluídos, os seguintes critérios foram 
aplicados: (1) não terem como eixo temático a influência dos agrotóxicos na saúde humana ou 
ambiental; (2) serem artigos produzidos em língua estrangeira; (3) terem sido publicados fora do 
período de busca; (4) identificados como repetidos para uma mesma combinação de descritores 
ou para associações diferentes; (5) serem quaisquer outros documentos que não artigos empíricos, 
como teses, editoriais, revisões sistemáticas e resenhas. 
10 
 
 
 2.3. Seleção dos estudos 
 
A princípio, valendo-se dos supracitados descritores, foram encontradas um total de 157 
publicações. Dessa soma, com a aplicação dos filtros “idioma (português)” e “ano de publicação 
(2012 a 2018)”, foram excluídos 76 trabalhos, restando um total de 81 publicações a serem 
analisadas dentro dos demais critérios de inclusão e exclusão. Desse modo, 57 artigos foram 
excluídos, sendo 41 por repetição, 14 por não se tratarem de artigos empíricos e 2 por estarem 
fora do eixo temático. Assim, obteve-se um total de 24 publicações para serem examinadas e cujos 
dados compõem o cerne dessa revisão (Figura 1). 
 
 
Figura 1. Fluxograma da seleção dos artigos revisados 
11 
 
 2.4. Estratégias de análise 
 
Para responder o objetivo proposto, foram realizadas leituras prévias dos títulos e dos 
resumos das publicações que atendiam aos critérios de inclusão. Essa medida, junto à posterior 
análise descritiva dos resultados presentes nesses artigos, permitiu a categorização das 
informações encontradas em três núcleos temáticos, preliminarmentedefinidos, para análise da 
relação de saúde humana e exposição aos agrotóxicos. Nesse sentido, apresenta-se as informações 
referentes ao perfil socioeconômico de agricultores e comunidades adjacentes a regiões agrícolas 
para a construção da percepção dos riscos acerca das principais vias de contaminação por 
agrotóxicos, e os indicadores dos impactos no solo, na água e no ar. Desse modo, examinou-se a 
interferência dos agrotóxicos na saúde humana, a partir do levantamento da prevalência e da 
incidência das doenças relacionadas ao uso desses produtos nos grupos estudados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
12 
 
 3.1 Perfil socioeconômico dos trabalhadores e das comunidades agrícolas 
 
Dos 24 artigos que foram localizados, oito apresentaram dados para a construção e a 
análise do perfil socioeconômico dos agricultores. Nestes estudos, foi possível identificar a 
predominância de trabalhadores do sexo masculino da faixa etária de 30 a 50 anos, com renda 
salarial de até quase três salários e baixa escolaridade, ou seja, populações com o máximo de 
instrução até o ensino fundamental. 
 
Tabela 1. Publicações que compõe os resultados da construção do perfil socioeconômico dos 
agricultores 
 
Autor/Ano/Local Resultados secundários (socioeconômicos) 
Abreu e Alonzo 
(2016) 
 
Minas Gerais/Brasil 
- Não apresentou divisão por sexo; 
- Renda: 32,1% tinham de 1,5 a 2,9 salários-mínimos; 
- Escolaridade: 50,6% tinham até 4 anos de estudo; 
- Faixa etária: 28,4 % tinham entre 40 e 49 anos. 
Manzoli, Iguti e 
Monteiro 
(2018) 
 
Sul de Minas Gerais/ 
Brasil 
- Sexo: prevalência do gênero masculino (67,9%); 
- Renda: não apresenta dados sobre renda, mas 86,8% tinham 
carteira assinada. 
- Escolaridade: 18,9% dos trabalhadores estudaram entre 4 e 7 
anos. 
- Faixa etária: 49,0% tinham idade igual ou menor de 30 anos. 
Santana 
(2016) 
 
 Rio de Janeiro/Brasil 
- Sexo: feminino com 63% e masculino com 37%; 
- Renda: 66,3% recebiam até 1 salário mínimo; 
- Escolaridade: 55,3% tinham o ensino fundamental incompleto; 
- Faixa etária: 55,5% tinham entre 31 e 50 anos. 
13 
 
Bazilio et al. 
(2012) 
 
Rio de Janeiro/Brasil 
- Sexo: 72,72% eram homens; 
- Renda: não continham informações informações; 
- Escolaridade: 75,8% tinham até o ensino fundamental; 
- Faixa etária: média de idade de 45,3 anos. 
Rocha e Oliveira 
(2016) 
 
Rio Grande do Norte/ 
Brasil 
- Sexo: 90,48% eram homens; 
- Renda: apresenta relação de trabalho e não renda, os agricultores 
são 47,62% proprietários; 
- Escolaridade: 23, 81% tinham o ensino primário incompleto e 
14,29% tinha o ensino fundamental incompleto; 
- Faixa etária: 52,38% tinham acima de 45 anos. 
 
O estudo transversal realizado por Abreu e Alonzo (2016) no município de Lavras em 
Minas Gerais, em 2013, concluiu que os trabalhadores não recebem nenhum tipo de orientação 
para uso e nem transportavam os agrotóxicos adequadamente, utilizando-os nas suas lavoras sem 
equipamentos. Consonante a isso, Santana (2016) através do seu estudo observacional do tipo 
transversal, com 159 agricultores também mostrou essa má utilização e ainda são guardando 
dentro da própria casa os agroquímicos. 
Além disso, Manzoli, Iguti e Monteiro (2018) realizaram um estudo exploratório, através 
de um questionário sociodemográfico e Preza e Augusto (2012) realizou um estudo seccional, na 
cidade de Conceição do Jacuípe na Bahia e objetivaram a construção de um perfil 
sociodemográfico dos agricultores, obtveram como resultado condições sociais muito baixas, com 
escolaridade de no máximo ensino fundamental ou médio incompleto e com idade entre 30 a 50 
anos. Quanto ao sexo há a predominância do sexo masculino, apenas Santana (2016) que 
encontrou a predominânica do sexo feminino com a justificativa que as mulheres participavam 
mais das reuniões. Ademais, com a baixa isntrução os autores destacaram que isso colabora para 
a invisibilidade desses agricultores e baixas condições de trabalho, com a maioria sem carteira 
assinada. 
Por fim, ao analisar a literatura, o perfil predominante do pequeno agricultor ou do 
14 
 
trabalhador rural é sempre de pessoas em situação de vulnerabilidade social. A maioria não tem 
carteira assinada ou ganha um salário mínimo como evidenciado por Santana (2016), sempre 
com baixa escolaridade, ou seja, não tiveram acesso a uma escola ou o ensino escolar não 
contemplava suas questões sociais (ABREU; ALONZO, 2016) e por fim, os estudos mostram a 
relação da baixa qualidade de saúde com o uso de agrotóxicos (BAZILIO et al., 2012). Assim, os 
impactos dos agroquímicos não são apenas no homem, mas também no meio ambiente, com isso 
foi feito uma análise também da situação ambiental. 
3.2 Contaminação ambiental por agrotóxicos: seus impactos nos fluxos de água, na fauna e 
flora e na vigilância em saúde 
 
A literatura científica demonstra a associação entre o uso de agrotóxicos e impactos no 
meio ambiente, comunidades e trabalhadores rurais (ABREU & ALONZO, 2016; BELO et al., 
2012; FERREIRA et al., 2016; FERREIRA & JÚNIOR, 2016; NASRALA NETO et al., 2014; 
SANTOS et al., 2015; MANZOLI, IGUTI & MONTEIRO, 2018; DUTRA & FERREIRA, 2017). 
Para analisar os indicadores desses impactos foram adotadas as seguintes perspectivas: (1) 
Contaminação de fluxos de água e insegurança hídrica para a população rural e alteração dos 
lençóis freáticos; (2) Alteração na fauna e flora; (3) Desconhecimento do uso de agrotóxicos nas 
comunidades rurais, suas visões e necessidades de políticas públicas e vigilância em saúde. 
3.2.1 Contaminação de fluxos de água e insegurança hídrica para a população rural e 
alteração dos lençóis freáticos 
 
Nesta categoria foram incluídos três artigos: (ABREU & ALONZO, 2016; FERREIRA et 
al., 2016; BELO et al., 2012) com publicações em periódicos da área da Saúde Ocupacional. 
Assim, os estudos apontam para a contaminação de águas superficiais e profundas por agrotóxicos 
provenientes do agronegócio, fato que desafia o setor da saúde no delineamento de estratégias 
efetivas para o monitoramento do consumo de água da população e apontam também que a 
ausência da prática integral do Código Internacional de Conduta para Distribuição e Uso de 
Agrotóxicos mostra-se como uma das principais causas para essa contaminação. 
Abreu & Alonzo (2016) apresentaram em seu estudo que as medidas de controle dos riscos 
15 
 
envolvidos na manipulação dos agrotóxicos são deficientes para proteger integralmente o meio 
ambiente e os trabalhadores. Este estudo transversal realizado em pequenas propriedades rurais 
do município de Lavras, Minas Gerais, identificou que as complexas medidas de segurança nas 
atividades de aquisição, transporte, armazenamento, preparo e aplicação, destino final de 
embalagens vazias e lavagem de roupas/EPIs contaminados são dificilmente cumpridas dado à 
baixa escolaridade dos camponeses e sua renda limitada. Obteve-se o dado de que 84% das 
propriedades não tinham tanque exclusivo para lavagem das roupas e EPIs contaminados, sendo 
feita de maneira comum, expondo as roupas pessoais a resíduos de agrotóxicos e despejando a 
água contaminada em locais que não as fossas sépticas de tratamento de resíduos químicos, o que 
corresponde à contaminação direta das pessoas, animais, solo, lençóis freáticos e fluxos de água 
no localidade. 
O estudo de Ferreira et al. (2016), realizado nos municípios de Limoeiro do Norte e 
Quixeré, identificou que os interesses do agronegócio no Ceará foram priorizados em detrimento 
do acesso à água de grande parte da população rural, especialmente porque a área utilizada para 
cultivos aumentou de quatro a cinco vezes nos últimos cinco anos. O mesmo estudo também 
apresentou os dados provenientes da pesquisa feita pela Companhiade Gestão dos Recursos 
Hídricos (COGERH) que em suas análises laboratoriais detectaram a presença de ingredientes 
ativos, como inseticidas, acaricidas e fungicidas, em 6 de 10 amostras provenientes do aquífero 
Jandaíra, além de serem encontrados em todas as 24 amostras coletadas de diversos pontos de 
captação de água, ao menos, três princípios ativos. 
Para subsidiar a caracterização dos riscos do uso de agrotóxicos na produção de soja do 
município de Lucas do Rio Verde, no estado de Mato Grosso, o estudo de Belo et al. (2012) 
realizou análise de resíduos de agrotóxicos em amostras ambientais (água e sedimento de rios e 
córregos, ar e água de chuva). Foi identificada a presença de agrotóxicos no sistema 
pluviométrico, fugindo das normais vias de contaminação direta por agrotóxicos. Esta via de 
contaminação ultrapassa os limites do ambiente de trabalho, o que demonstra que trabalhadores e 
moradores, tanto da zona rural quanto da zona urbana, estão expostos a uma variedade de 
16 
 
agrotóxicos devido à rota ambiental, neste caso, da água das chuvas. 
Não obstante a contaminação das águas, também foram encontrados estudos que 
apontavam consequências do uso de agrotóxicos na fauna e na flora, uma vez que, durante a 
aplicação dos produtos agroquímicos algumas partículas atingem organismos que se querem 
extiguir das lavouras, outras atingem as plantas e o solo, e várias evaporam ou são levadas, pelo 
vento ou pela chuva, para outros locais e causam, dentre outros, a erosão do solo e a extinção de 
espécies, como demonstram os artigos que compõe a próxima seção. 
3.2.2 Alteração na fauna e flora 
 
Este tema faz parte das consequências do desequilíbrio ambiental causado pelo avanço do 
agronegócio, como foi contemplado em três artigos: (FERREIRA & JÚNIOR, 2016; MANZOLI, 
IGUTI & MONTEIRO, 2018; DUTRA & FERREIRA, 2017), em que, se delineia entre os campos 
da Saúde Coletiva e das Ciências Sociais e Humanas. 
O estudo de Ferreira & Junior (2016) é um artigo empírico que foi realizado na 
comunidade do Tomé, pertencente ao município de Quixeré, situado no baixo Jaguaribe, região 
do semiárido cearense, em que analisou, através de métodos de pesquisa-ação (cartografia social), 
a demonstração dos conflitos territoriais das comunidades com os processos produtivos existentes 
na mesma. Assim, foi identificada a expansão do agronegócio na região e seu uso massivo de 
agrotóxicos e técnicas de monocultivo, que provocaram impactos consideráveis na fauna e flora 
e profundas transformações socioespaciais nos territórios. 
No estudo realizado por Manzoli, Iguti e Monteiro (2018), em que as condições de saúde 
e trabalho dos trabalhadores de uma propriedade rural produtora de verduras foram exploradas, 
das principais atividades desenvolvidas na cultura de hortaliças, o controle de pragas destaca-se 
pela utilização de grande variedade de produtos químicos, especialmente porque as hortaliças são 
destinadas ao comércio e a pulverização de agrotóxicos são realizadas até que as plantas estejam 
prontas para a colheita. A utilização massiva de agrotóxicos identificada no artigo anteriormente 
citado corrobora com os dados obtidos no estudo de Dutra e Ferreira (2017), que analisou a 
17 
 
exposição aos agrotóxicos no estado do Paraná entre os anos de 1994 e 2014. Foi demonstrado 
que o consumo de agrotóxicos é desproporcional à área plantada, sendo o uso dos primeiros 
significativamente maiores que esta última. 
Desse modo, o Dossiê da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) de Carneiro 
et al. (2015) comprova como o avanço do agronegócio reverbera no processo de degradação do 
solo provocado pelo uso de agrotóxicos, iniciando então um processo de esterilização- eliminação 
da fauna e flora -, que, posteriormente gerará uma demanda maior de aplicação de produtos 
químicos para reversão do quadro. Nesse caso, o Brasil é campeão, sendo o maior consumidor de 
agrotóxicos, onde são despejados nas lavouras brasileiras um equivalente a 5,2 litros por pessoa 
ao ano. 
Além dos estudos relacionados aos impactos ambientais ocasionados na flora, fauna e 
fluxos de água, existem estudos que apontam para um olhar vindo das comunidades rurais a 
respeito dos agrotóxicos permitindo constatar os efeitos socioeconômicos da implantação da 
agroindústria, bem como o uso incorreto dos agrotóxicos acometidos pelos pequenos produtores. 
Com isso, surge a necessidade advinda desses comunidades rurais de políticas públicas e 
vigilância e saúde que atendam sua necessidades diante desse novo modelo agroindustrial. 
3.2.3 Desconhecimento do uso de agrotóxicos nas comunidades rurais, suas visões e 
necessidades de políticas públicas e vigilância em saúde 
 
Nesta categoria foram obtidos dois artigos: (NASRALA NETO et al., 2014; SANTOS et 
al., 2015), cujo autores vão se dedicar a entender os problemas dos agrotóxicos por uma visão da 
Saúde Coletiva. 
O uso de agrotóxicos deve ser fiscalizado pelas instituições pertencentes aos setores da 
saúde, agronegócio e meio ambiente, para a diminuição dos riscos associados a esses 
agroquímicos. Os primeiros a garantirem que seu uso seja controlado devem ser os representantes 
dessas instituições, porém, no estudo de Nasrala Neto et al. (2014), realizado em municípios do 
estado de Mato Grosso, a maioria dos responsáveis pela vigilância sobre os impactos dos 
18 
 
agrotóxicos na saúde e ambiente dos municípios têm a percepção de que não há possibilidade de 
produção de alimentos sem a utilização de agrotóxicos e de que não há um controle adequado 
sobre o transporte, armazenamento e aplicação destes. Esta ineficiência sobre a fiscalização do 
uso de agroquímicos gerou consequências ambientais já perceptíveis e que foram relatadas pelos 
entrevistados, como redução dos peixes nos rios próximos às plantações, desaparecimento de 
animais e contaminação do lençol freático cujas águas abastecem a região. Apesar disso, não 
foram identificadas ações intra ou inter-setoriais com objetivo de prevenir danos à saúde e ao 
meio ambiente, tendo como motivo a dependência das cidades pesquisadas com o setor do 
agronegócio e o receio de que ações protetivas afastem os investimentos na localidade. 
Na pesquisa qualitativa de estudo de caso realizada por Santos et al. (2015) em três 
municípios produtores de tabaco no Rio Grande do Sul, onde há uso intensivo de agrotóxicos, a 
saúde da população rural e do ambiente não estão entre as pautas prioritárias para as Políticas 
Públicas Locais, sendo priorizadas as pautas que estão na agenda pactuada com outras instâncias 
governamentais. Apesar do conhecimento das consequências do uso de agrotóxicos para o meio 
ambiente e para a saúde, há a indisponibilidade de dados que permitam os gestores torná-los 
indicadores que possibilitem ações e políticas públicas mais eficazes. Como no estudo 
anteriormente citado, há também nesses relatos a sugestão de que os interesses econômicos podem 
estar influenciando negativamente as iniciativas locais de promoção da fiscalização e vigilância 
dos efeitos do uso dos agrotóxicos na saúde humana e ambiental. 
As pesquisas demonstram que a indisponibilidade de dados consolidados são um entrave 
para a busca pela sustentabilidade no meio rural, como reitera o Panorama da Contaminação 
Ambiental por Agrotóxicos e Nitrato de origem Agrícola no Brasil: Cenário 1992/2011, realizado 
pela EMBRAPA (GOMES & BARIZON, 2014), em que foram encontrados valores baixos de 
resíduos de agrotóxicos nos monitoramentos feitos nas diversas regiões do país, seja no solo, água 
ou em organismos. Apesar disso, os pesquisadores apontaram a necessidade de incentivos à 
pesquisa para a geração de mais informações, pois as existentes são limitadas e impossibilitaram 
um panorama mais abrangente sobre a contaminação do solo e da água por agroquímicos. 
19 
 
Portanto, enquanto não são feitas pesquisas que desenvolvam informaçõesextensas e assertivas, 
as consequências do uso de agrotóxicos não serão conhecidas e, consequentemente, não serão 
mitigadas nem pelas instâncias governamentais nem pelos grupos de interesse. 
A análise de processos evolutivos revela que os seres vivos apresentam características 
bioquímicas e fisiológicas similares. Dessa maneira, ainda que os agrotóxicos sejam produzidos 
com vistas a eliminar alvos específicos, como fungos insetos, essa seletividade não se concretiza 
na prática (PREZA; AUGUSTO, 2012). Nesse sentido, dentro de um ecossistema, que compreende 
a correlação entre fatores abióticos e bióticos, a contaminação ambiental por agrotóxicos 
representa um sério problema de saúde pública. Apesar de algumas localidades possuírem dados 
deficitários sobre os problemas de saúde decorrentes do uso de agrotóxicos, foram encontrados 
artigos que indicam a situação de saúde da população rural, especialmente o trabalhador do 
campo, que se expõe aos riscos inerentes ao uso desses produtos, muitas vezes sem ter a real 
dimensão das suas consequências, em busca do desenvolvimento da sua produção agrícola. Além 
dos impactos ambientais constatados, os estudos científicos demonstraram que são diversos os 
agravos à saúde humana em decorrência da contaminação por agrotóxicos. 
3.3 Prevalência e incidência de doenças relacionadas ao uso de agrotóxicos 
A partir da leitura e análise do conteúdo dos 24 artigos que foram selecionados na busca, 
identificou-se que nove indicavam a prevalência e a incidência das seguintes intercorrências na 
saúde do trabalhador e da população inseridos em um contexto rural de exposição aos agrotóxicos: 
quadros de intoxicação, neoplasias, doenças crônico-degenerativas, perda auditiva, malformações 
congênitas e óbitos fetais (BAZILIO et al., 2012; CEZAR-VAZ et al., 2016; ; DUTRA & 
FERREIRA, 2017; MANZOLI et al., 2018; PIGNATI et al., 2017; PREZA & AUGUSTO, 2012; 
RIGOTTO et al., 2013; SENA et al., 2013; SILVA et al., 2013.,). 
De início, observou-se que intoxicações agudas, incidências de malformações fetais 
(intoxicações subagudas) e mortalidades por câncer infanto-juvenil (intoxicações crônicas) 
mantém relação direta com o consumo de agrotóxicos (PIGNATI et al., 2017). A partir de uma 
20 
 
pesquisa que relacionou a distribuição espacial do uso de agrotóxicos nos municípios brasileiros 
com os dados das incidências dos supracitados agravos, foi identificado que, conforme crescia o 
consumo dessas substâncias, havia um aumento nos coeficientes médios das intoxicações agudas, 
subagudas e crônicas acima mencionadas (PIGNATI et al., 2017). Consoante a esse panorama, 
uma pesquisa quantitativa conduzida para avaliar a relação entre a saúde humana e o trabalho, 
mais especificamente do trabalhador rural com o uso de agrotóxicos no contexto laboral, também 
evidenciou que riscos e danos à saúde humana apresentam potencial relação à exposição por 
agrotóxicos (CEZAR-VAZ et al., 2016). Nesse sentido, o estudo de Cezar-Vaz et al. (2016) 
revelou que trabalhadores rurais que utilizavam agrotóxicos exprimiam uma prevalência 90% 
maior de manifestar alterações dermatológicas em relação aos sujeitos que não faziam uso de 
defensivos químicos em sua atividade laboral. 
Ainda sob essa perspectiva, outras análises também indicaram que os agrotóxicos estão 
associados ao adoecimento dos trabalhadores que os manipulam (MANZOLI et al., 2018; PREZA 
& AUGUSTO, 2012). Na pesquisa exploratória de Manzoli, Iguti e Monteiro (2018), realizada 
com 53 trabalhadores rurais de uma propriedade de produtora de verduras em um município de 
Minas Gerais, constatou-se que uma das atividades mais exaustivas a serem realizadas era a de 
“passar o veneno”. Dessa forma, mediante os dados recolhidos do questionário aplicado, 60% dos 
entrevistados relataram que, por se exporem aos agrotóxicos, estavam com a saúde pior ou um 
pouco pior quando comparada com a dos que não se inseriram nesse contexto de contaminação 
(MANZOLI et al., 2018). Conclusões como essa já haviam sido verificadas quando Preza e 
Augusto (2012) caracterizaram a população da localidade de Conceição do Jacuípe, na Bahia, 
quanto ao uso de agrotóxicos e as queixas de saúde. Nesse estudo, a situação de saúde foi analisada 
a partir do relato de 29 trabalhadores que participavam do cultivo de hortaliças, sendo 
apresentadas informações sobre sintomas associados ao uso de biocidas. Dessa amostra, 44,8% 
alegaram queixas de saúde no momento da aplicação dos agrotóxicos e as mais relatadas foram 
dor de cabeça e tontura. Além disso, um dos agricultores disse que “suas costas ferveram” por ter 
ficado com a roupa molhada do produto durante o processo de pulverização (PREZA & 
21 
 
AUGUSTO, 2012). 
Ainda de acordo com Preza e Augusto (2012), o conjunto de queixas referidas pelos 
trabalhadores que fizeram parte da pesquisa se relacionavam à exposição por agrotóxicos e se 
enquadravam no conjunto de critérios propostos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para 
auxiliar na definição e identificação dos casos de intoxicação aguda por agrotóxicos (THUNDIYIL 
et al., 2008 apud PREZA & AUGUSTO, 2012). No entanto, ainda salientam que, uma vez que os 
trabalhadores rurais se mostraram em contato concomitante com vários agrotóxicos, durante 
muitos anos e por vias distintas, o quadro de sintomas podem ser confundidos com outras doenças 
comuns, o que dificulta a oferta de diagnósticos precisos e tratamentos efetivos (PREZA & 
AUGUSTO, 2012; SENA et al., 2013). 
Ademais, reconheceu-se, o potencial carcinogênico dos agrotóxicos. Nesse sentido, os 
indivíduos que se ocupavam de tarefas agrícolas com emprego de agrotóxicos compuseram o 
grupo mais suscetível ao desenvolvimento de câncer (RIGOTTO et al., 2013). Assim como nos 
casos de intoxicações agudas, nas ocorrências crônicas essa condição se dá pelo contexto de 
vivência, uma vez que esses sujeitos possuíam contato direto com os agrotóxicos nas várias 
atividades que operavam, como aplicação, colheita, transporte e manuseios gerais (RIGOTTO et 
al., 2013; PREZA & AUGUSTO, 2012). Outrossim, a correlação entre agrotóxicos e diferentes 
tipos de câncer entre agricultores demonstraram uma maior frequência para aqueles do sistema 
(GRISOLIA, 2005; PIMENTEL, 2006 apud RIGOTTO et al., 2013). Consoante a essa concepção, o 
estudo ecológico de Rigotto, da Silva, Ferreira, Rosa e Aguiar (2013), em que foram analisados 
os indicadores de morbimortalidade nos municípios do Baixo vale do Jaguaribe, revelou uma 
propensão ao aumento nas taxas anuais de internações e de óbitos por neoplasia no conjunto de 
municípios em que eram verificados a aplicação massiva de agrotóxicos. Esse grupo de cidades 
foi comparado a um outro, cuja prática da agricultura familiar é indubitavelmente predominante 
e no qual foi constatada uma estabilidade para essas taxas. 
Ainda sob a perspectiva dos agravos crônicos, um estudo transversal e comparativo 
22 
 
realizado com 229 idosos residentes nas zonas rural e urbana da cidade de Cachoeira do Sul, foi 
observado que a prevalência de algumas morbidades estava diretamente relacionada ao uso de 
agrotóxicos (SILVA et al., 2013). Nessa amostra, a zona rural apresentava, no geral, os maiores 
índices de contaminação por esses biocidas, assim como uma maior prevalência em relação ao 
diabetes. Do mesmo modo, visão alterada, boca seca e dor nas pernas foram alegados entre idosos 
que utilizavam agrotóxicos e que eram residentes da zona rural. Além disso, a Doença de 
Alzheimer foi constatada em maior número para idosos da zona urbana que utilizavam 
agrotóxicos. 
Não obstante, verificou-se uma correlação positiva entre a utilização de agrotóxicos e o 
crescimento das taxas de malformações congênitas em regiões com índices elevados de exposição 
a esses produtos químicos (DUTRA & FERREIRA, 2017). O estudo de abordagem quantitativa 
realizado por Dutra e Ferreira (2017), que contoucom a análise dos registros contidos no Sistema 
de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc) do Ministério da Saúde (BRASIL, 2016) para os 
municípios do estado do Paraná, ofereceu indicações importantes acerca dessa intercorrência na 
saúde humana. Assim, relacionando o percentual de malformações congênitas no período de 1994 
a 2014 com a listagem dos princípios ativos reconhecidos como disruptores endócrinos dos 
agrotóxicos utilizados nessas regiões, foi constatada a associação entre a exposição aos 
agrotóxicos e a ocorrência dessas anomalias. Nessa perspectiva, a maior correlação se referia a 
malformação do “testículo não descido”, que, segundo os autores, decorre do fato de que muitos 
dos agrotóxicos utilizados apresentavam princípios ativos que interferem na diferenciação sexual 
do feto e em outros desfechos dependentes de hormônios sexuais. Em segundo lugar, verificou-
se uma maior vinculação entre agrotóxicos e malformações congênitas do aparelho circulatório, 
seguidas das malformações da “fenda labial e fenda palatina”. Nesse sentido, analisar relações 
como essa se mostram de significativa importância, haja vista que as malformações congênitas 
compreendem, na grande maioria dos casos, um processo marcado por crises, desgastes 
emocionais e conflitos familiares frente aos desafios de adequação à nova realidade (SANTOS et 
al., 2011). 
23 
 
No Brasil, assim como na América Latina, observa-se um aumento nos óbitos por 
anomalias congênitas no primeiro ano de vida, o que se configura um problema pertinente para a 
saúde pública (RIGOTTO et al, 2013; DUTRA & FERREIRA, 2017). Nessa perspectiva, outro 
aspecto apontado nas investigações de Dutra e Ferreira (2017) diz respeito a essa tendência 
considerável para óbitos fetais e abortos espontâneos nas ocorrências de anomalias congênitas. 
Essas conclusões se deram a partir do estudo de análises espanholas e italianas acerca de núcleos 
familiares rurais com alto índice de risco para gestações com desfecho em morte fetal, haja vista 
que viviam em locais com intensa exposição por agrotóxicos. Dessa forma, os autores 
compreenderam que um número significativo de casos de malformações congênitas culminou em 
óbitos fetais e abortos espontâneos, o que tornaria os números da pesquisa ainda maiores. Essas 
considerações são corroboradas pelos dados obtidos no referido estudo epidemiológico da 
população do Baixo Jaguaribe (RIGOTTO et al., 2013). Isso porque seus resultados mostraram 
que havia uma propensão considerável para o aumento dos índices de óbitos fetais no grupo de 
municípios com uso massivo de agrotóxicos, o que destacou a relação entre esses óbitos e a 
exposição ocupacional a esses produtos pelos pais. Nesse sentido, na comparação das realidades 
ambivalentes dos grupos de estudo e de controle, constatou-se que as famílias de agricultores que 
residiam em locais com uso de agrotóxicos possuíam grandes riscos de passar por perdas 
gestacionais, sendo que esses números abrangiam, também, as mortes por malformação 
congênita. Esse fato também explicou a viese de estabilidade para os índices de anomalias 
congênitas em ambos os grupos do último estudo (RIGOTTO et al., 2013). 
Além dessas intercorrências sobre a saúde geral e a qualidade de vida dos indivíduos 
expostos a agrotóxicos, muitos destes produtos químicos apresentam efeito nocivo à audição 
(SENA et al., 2013; BAZILIO et al., 2012). A partir de um estudo de natureza observacional 
transversal, que contou com a avaliação audiológica da população do Povoado Colônia Treze em 
Sergipe, percebeu-se que os agrotóxicos constituíam um fator de risco para a perda das funções 
auditivas e, consequentemente, da qualidade de vida desse grupo. Conclusões como essa já 
haviam sido verificadas quando a pesquisa epidemiológica de Bazilio et al. (2012) apurou as 
24 
 
habilidades auditivas de ordenação e resolução temporal em trabalhadores rurais inseridos em um 
contexto de contaminação por agrotóxicos. Nesse estudo, a situação auditiva foi analisada a partir 
da aplicação do Teste de Padrão de Duração e Gaps-in-Noise em 33 trabalhadores rurais de ambos 
os gêneros. Em seus resultados, viu-se que, para ambos os testes, quanto maior o nível de 
exposição aos agrotóxicos, pior era o desempenho auditivo (BAZILIO et al., 2012) 
Dessa maneira, entende-se que o aumento do consumo de agrotóxicos nas atividades 
relacionadas à agricultura corrobora um grande problema para o campo da saúde pública, uma 
vez que produz efeitos na escala de médio e de longo prazos. Nesse sentido, a despeito do número 
reduzido de estudos que se ocupavam diretamente das discussões acerca das questões de saúde, 
constatou-se que a ampliação do quadro de vulnerabilidade da população rural encontra-se 
intrinsecamente relacionado à expansão e consolidação do modelo produtivo químico-dependente 
empregado pelo agronegócio brasileiro. Dessa maneira, foi constatado que os trabalhadores rurais 
e as comunidades circunvizinhas demonstravam níveis de qualidade de vida inferiores àqueles 
que não empregavam essas substâncias, o que demanda políticas integradas de promoção da saúde 
e prevenção dos agravos. 
 
 
 
 
 
 
 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 As evidências reunidas através deste estudo alertam para a importância da pesquisa e do 
debate sobre a temática dos agrotóxicos, na medida em que o desconhecimento dos riscos 
25 
 
relacionados ao seu uso, especialmente devido às consequências não serem facilmente 
visualizadas, expõem os trabalhadores rurais, assim como contribui para a degradação do 
ambiente. Sobre os produtores rurais, destaca-se os seus indicadores socioeconômicos, que 
demonstram vulnerabilidade social e baixa escolaridade, tornando-os mais propensos à 
contaminação ou intoxicação. 
 A impossibilidade de confinar as fontes de contaminação, como água, solo, ar e o 
ecossistema, dificulta a melhora no ambiente de trabalho do agricultor, requerendo políticas 
públicas e vigilância em saúde que atendam às necessidades específicas dessa 
população. Também a falta de monitoramento da exposição ocupacional aos agrotóxicos 
somado às elevadas taxas de subnotificação de casos e à imprecisão dos dados disponíveis 
sobre intoxicações acarretam em verdadeiros entraves à garantia da qualidade de vida do 
trabalhador rural, do ambiente e da população que consome os produtos provenientes do 
campo. Ademais, ainda são poucas as publicações que se ocupam de analisar e registrar os 
casos de intoxicações agudas, subgudas e crônicas relacionadas ao uso de agrotóxicos. 
 Entretanto, ainda que limitados, os resultados confirmam a complexidade da questão dos 
agrotóxicos devido às dimensões sociais, ambientais e da saúde envolvidas. Assim, o 
entendimento mais amplo, por meio de uma abordagem interdisciplinar do problema da 
exposição e intoxicação pelo uso de agrotóxicos, permitirá que os profissionais que atuam 
diretamente com a população estudada se unam pela garantia da qualidade de vida do 
trabalhador, do consumidor dos produtos e do meio ambiente. Isso poderá ser feito mediante a 
criação de políticas de promoção e prevenção que repensem as fragilidades da vigilância estatal 
sobre o uso dos agrotóxicos e a ausência de políticas que reduzam o uso de agrotóxicos. 
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	OFICINA DE TEXTOS ACADÊMICOS E TÉCNICOS EM SAÚDE (HACA78)
	JOÃO VICTOR CRUZ CORREIA
	Salvador/BA
	2019
	JOÃO VICTOR CRUZ CORREIA (1)
	Salvador/BA (1)
	2019 (1)
	RESUMO
	SUMÁRIO
	1 INTRODUÇÃO
	A intensa e generalizada transnacionalização de atividades relacionadas à economia, à política e à cultura produzem significativas mudanças no tecido social, o que compreende as condições de vida, de trabalho e de saúde de uma determinada população (M...
	O uso de agrotóxicos não é uma especificidade das sociedades contemporâneas. Desde a Antiguidade Clássica, o ser humano já desenvolvia técnicas para o controle de insetos, plantas e outros seres vivos que se difundiam nos cultivos utilizados na alimen...
	No entanto, é apenas na segunda metade do século XX que se consolida o emprego em massa dos agrotóxicos nas atividades agrícolas, o que marca uma mudança profunda em seu processo de produção (PREZA & AUGUSTO, 2012). Nessa época, o discurso das potênci...
	No que tange ao Brasil, o país lidera, desde 2008, o ranking mundial de consumo de agrotóxicos (SINDAG, 2009). Esse fato decorre, em grande medida, da criação do Programa Nacional de Defensivos Agrícolas (PNDA), na década de 70, que sujeitava a conces...
	Nessa perspectiva, evidencia-se que modelos produtivos pautados no agronegócio corroboram a construção de conjunturas que oferecem riscos significativos para a saúde dos trabalhadores e das populações circunvizinhas às regiões agrícolas, o que interfe...
	Dentre os diversos tipos de vulnerabilidades que são acarretas por esse modelo produtivo hegemônico, estão, além da saúde do trabalhador rural e das consequências ambientais, os custos institucionais e sociais. Os primeiros evidenciam a quase ausência...
	Os estudos acerca dessa problemática, ainda que limitados, oferecem dados significativos para se averiguar os impactos dos agrotóxicos na vida dos trabalhadores rurais e das comunidades adjacentes às regiões agrícolas. Nesse sentido, este artigo é imp...
	Diante desse cenário, e dada a significativa contribuição do setor agrícola para o crescimento da economia brasileira, estudos como este se mostram de extrema relevância por reunir e analisar as implicações da exposição humana aos agrotóxicos, o...
	2 METODOLOGIA
	3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
	4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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