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A DESIGUALDADE DE GÊNERO TAMBÉM TEM IMPACTO NA SAÚDE

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Por 
Maria Antônia Gabriel de Souza Santos 
HACA78 - Oficina de textos acadêmicos e técnicos em saúde (T03) 
Docente: Vanessa prado 
 
 
A DESIGUALDADE DE GÊNERO TAMBÉM TEM IMPACTO NA SAÚDE? 
 
As condições de saúde dos indivíduos estão diretamente relacionadas 
ao contexto social e ambiental em que vivem, a exemplo da pobreza e, 
consequentemente, das péssimas condições de moradia e trabalho. Partindo 
desse cenário, a ocorrência de doenças tende a se agravar entre os grupos de 
pessoas mais pobres e/ou entre aqueles que sofrem qualquer tipo de 
discriminação (BARRETO, 2017, p. 2100). Nesse sentido, a desigualdade de 
gênero é um fenômeno social que repercute na saúde, principalmente, das 
mulheres, pois acontece quando ocorre discriminação e preconceito devido ao 
gênero de uma pessoa. 
Em acordo com o Relatório Mundial sobre a Desigualdade de Gênero 
de 2020, seriam necessários 99,5 anos para que a igualdade de gênero fosse 
alcançada no mundo. Isso porque a hegemonia masculina está enraizada na 
sociedade e nas instituições, o que delimita ambos os gêneros e determina os 
comportamentos e relações (Bourdieu, 2005; Grossi et al., 1998), que 
influencia, de forma violenta, nas formas de adoecimento, principalmente do 
gênero feminino. 
Essa distinção de gênero e os tipos de relações sociais se relacionam 
também com os estilos de vida, sendo a desigualdade introduzida no corpo 
físico, demarcando a distinção e a hierarquização entre os grupos. E, apesar de 
que para grande parte das sociedades os níveis de mortalidade são maiores 
entre os homens, devido a alta exposição a situações de risco e das causas 
violentas de morte, as mulheres apresentam indicadores de morbidade e de 
utilização de serviços de saúde mais elevados em praticamente todas as faixas 
etárias. Aquino et. al. (1992) afirmam que essas diferenças entre os gêneros 
são decorrentes do lugar social de homens e mulheres dentro do sistema 
patriarcal que prevalece ainda hoje na sociedade como um todo. 
As mulheres, em geral, apresentam menos recursos tanto econômicos 
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Maria Antônia Gabriel de Souza Santos 
HACA78 - Oficina de textos acadêmicos e técnicos em saúde (T03) 
Docente: Vanessa prado 
 
quanto culturais, devido à divisão apresentada entre sua vida produtiva e 
reprodutiva, ou seja: as atividades habituais relacionadas ao cuidado com a 
casa e os filhos, que envolvem o contato maior com crianças, são 
especialmente sujeitas às infecções; além disso, o uso habitual de produtos 
químicos do lar que ocasionam alergias e lesões dermatológicas e a inserção 
crescente no mercado de trabalho, que não as têm desobrigado de suas 
funções tradicionais, implica no acúmulo de tarefas, com maior estresse físico 
e mental, além dos riscos ocupacionais consequentes à dupla inserção. 
Como já citado, as diferenças em relação à saúde dos homens e das 
mulheres ainda persistem e parecem se perpetuar com o passar dos anos. É 
preciso, a partir disso, compreender a saúde como um processo de construção 
social, em que a desigualdade de gênero também é atravessada por questões 
de saúde que vão afetar, principalmente, as vidas femininas que até hoje 
sofrem violências ostensivas por conta da hierarquia e da dominação 
masculina. O entendimento a cerca desse processo pode levar ao 
desenvolvimento e implementação de políticas públicas que realmente 
contemplem as necessidades de saúde da população citada, para, a partir de 
então, reduzir as desigualdades. 
 
 
Referências 
 
1. AQUINO, Estela M.L.; MENEZES, Greice M.S.; AMOEDO, Marúcia B. Gênero e saúde 
no Brasil: considerações a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. 
Revista Saúde Pública, São Paulo, 26(3): 195-202, 1992. 
2. BARRETO, Mauricio Lima. Desigualdades em Saúde: uma perspectiva global. Ciência e 
Saúde Coletiva, 22(7): 2097-2108, 2017. 
3. BOURDIEU, P. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. 
4. RELATÓRIO Mundial sobre a Desigualdade de Género de 2020. Genebra: Fórum 
Econômico Mundial, 17 dez. 2019. Disponível em: 
https://www.weforum.org/reports/gender-gap-2020-report-100-years-pay-equality. Acesso 
em: 04 mai. 2022. 
https://www.weforum.org/reports/gender-gap-2020-report-100-years-pay-equality
	Referências

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