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História das relações de trabalho • Trabalho: realização de uma tarefa exaustiva. → A palavra trabalhar é etimologicamente derivada do latim tripaliáre = torturar. Com o passar do tempo, a denominação passou a ser fadiga, sofrimento ou penalidade, associada às atividades no campo e no regime de escravidão. • Emprego: relação de envolvimento com o mesmo interesse em comum - o trabalho. • Escravidão: 1ª forma de trabalho; o escravizado era como uma mercadoria, sem direitos trabalhistas, vivendo em condições sub-humanas. • Feudalismo: corporações de ofício compostas pelos mestres, companheiros e aprendizes. • Servidão: nas corporações de ofício percebe-se o espírito capitalista nascendo, com o pagamento de taxas para ser promovido a mestre; Surgem algumas classes de trabalhadores com regras que disciplinavam as relações de trabalho. • A servidão se assemelha à escravidão pois os trabalhadores estavam presos ao cultivo e entrega de parte da produção ao senhor feudal em troca de proteção, lugar para cultivar, morar, se alimentar • Revoluções Francesa e Industrial: os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade despertam a necessidade de melhores condições de trabalho. → a Revolução Francesa suprimiu as corporações de ofício e deu lugar para o direito ao trabalho, onde o estado deveria dar meios de subsistência ao desempregado. → Transformou o trabalho em emprego, com o ganho de salário. O trabalho escravo • Negação do outro em regime de desumanização. • Legislação brasileira: submeter o outro a trabalho forçado, jornada exaustiva, sujeição e condições degradantes e restrição de sua locomoção. • Submissão a condições precárias de produção em que se sobressaem a péssima qualidade de água e alimentos, alojamentos inadequados, ambientes sem higienização, aprisionamento por dívidas, descontos abusivos etc. • A culpa é um elemento frequente nesses trabalhadores, a ponto de atribuírem a si as causalidades dos acidentes e sofrimentos. → Foram relatados fadiga, mal-estar, desânimo, nervosismo, sentimento de rancor, insatisfação, sensação de fracasso e revolta quando percebem que foram enganados. Além de mal- estar, deterioração da autoimagem, autoestima e dignidade. • O “Discurso sobre a servidão voluntária”, contribuiu para a compreensão da servidão voluntária do sujeito contemporâneo que se vincula as formas de dominação modernas, adere ao consumo como estilo de vida e encontra um alento para o medo e desamparo do mundo globalizado na docilidade e submissão ao sistema. • O reconhecimento público da existência do trabalho escravo contemporâneo no Brasil ocorreu em 1995, quando foram institucionalizadas várias ações de combate por meio de movimentos sociais e ONGs. Direito do Trabalho • Nos contratos de trabalho, o trabalhador é menos favorecido que o empregador. • As invenções significam progresso para a industrialização, mas causam desempregos. • Trabalhadores se associam para reivindicar melhores condições de trabalho e salário. • A 1ª Constituição com garantia de direitos aos trabalhadores ocorreu no México, em 1917, onde ficou estabelecido uma jornada de trabalho de 8 horas (proibida ao menor de 17 anos), jornada de trabalho de 6 horas para menores de 16 anos, limite de 7 horas para jornada noturna, descanso semanal, proteção maternidade, salário-mínimo, direito de sindicalização e greve, indenização de dispensa, seguro social e proteção contra acidentes de trabalho. • Declaração Universal dos Direitos do Homem: instituída em dezembro de 1948, regulamentava a limitação de trabalho, férias remuneradas periodicamente, repouso, lazer etc. • Após do Neoliberalismo o estado deixa de interferir nas relações trabalhistas, e a contratação e os salários passam a ser determinados pelas condições econômicas e pela lei de oferta e procura. Evolução do trabalho no Brasil • O escravizado tinha que trabalhar porque era considerado inferior devido à sua cor. Os brancos pobres eram considerados trabalhadores, enquanto os ricos não precisavam trabalhar. → As relações de trabalho começaram a mudar a partir da criação de leis: Lei do Ventre Livre em 1871, a Lei do Sexagenário em 1885 e a Lei Áurea em 1988. • Durante a época da República o governo e as leis não intervinham nas relações trabalhistas, ocorriam péssimas condições de trabalho e de salários, êxodo rural para cidades, mortes graves, acidentes etc. → Trabalhadores sem preparos para a função, longas jornadas sem descanso nem férias, exploração do trabalho da mulher e das crianças. → Muitas pessoas pobres que migraram do campo para a cidade sonhavam em ganhar dinheiro nas fábricas e um dia voltar a morar no campo. → Foram contratados os trabalhadores estrangeiros. → As cidades se desenvolveram pouco e faltava emprego, surgiram greves que eram combatidas com violência por parte do governo e os anarquistas que tinham ideias revolucionárias, além dos sindicatos e das forças de resistência. • Em 1930, durante a Era Vargas o direito do trabalho obteve seus primeiros passos por meio da criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio que comunicava decretos sobre profissões, trabalho das mulheres, salário-mínimo, justiça do trabalho dentre outros. → Vargas queria industrializar o país e era necessário valorizar o trabalhador para que se houvesse indústria. → A constituição de 1934 foi a primeira a discorrer sobre o direito do trabalho no Brasil. → Em 1937, Getúlio Vargas deu início ao seu governo ditatorial chamado de Estado Novo, a repressão tinha crescido contra os comunistas e nascia o discurso da “segurança nacional”. Construção social da realidade • Os problemas sociais são instituídos pelos instrumentos que forjam a realidade social e eles variam em função do contexto, épocas e regiões. → Assim, para um determinado fenômeno ser considerado um problema social existem agentes sociais em operação, estratégias em prática, relações e representações dominantes em torno de seu reconhecimento e legitimação. O trabalho no processo saúde-doença • O trabalho enquanto fator determinante do processos saúde-doença foi institucionalizada no campo da saúde coletiva na década de 1980. • Questões relativas aos trabalhadores eram consideradas problemas da Previdência Social, Justiça do Trabalho e Ministério do Trabalho. • Os casos crescentes de doenças ocupacionais, no fim de 1980, exigiram um trabalho social, político e legal para elevar essas situações a esfera de ações do Estado, com novos enfoques no setor da saúde. • Entre 1980 e 2000 muitas tentativas de institucionalização se seguiram e até mesmo a criação da Rede Nacional de Atenção Integral a Saúde do Trabalhador (RNAST). • Em 2002, houve uma estratégia para implementar práticas nos serviços de saúde que considerassem o trabalho como mediador do processo saúde- doença. → Apesar da existência de riscos, vulnerabilidade, gravidade de acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e sofrimentos dos trabalhadores, seu reconhecimento social como problema de saúde pública não foi algo natural. • No cotidiano dos serviços de saúde, eventos como esses são deslegitimados pelas controvérsias em torno das causas e até mesmo acidentes de trabalho. • Existe um jogo de forças mediado pela cultura e condições históricas dos contextos e instituições de saúde que opera a favor ou contra o reconhecimento da relação trabalho-saúde, como problema público do âmbito da saúde. • É nesse jogo de não reconhecimento/deslegitimação que se encontram as situações de trabalho escravo contemporâneo no âmbito da saúde.
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