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UNIVERSIDADE FRANCISCANA
Arquitetura e Urbanismo
Ingrid Cortes e Jonas Santos
A Política de Reconhecimento
Charles Taylor.
Santa Maria – Rio Grande do Sul
2019
Desde o início dos tempos há o preceito de dominadores e dominados. Em diversos períodos da história, ficou evidente o domínio do mais forte pelo mais fraco, dando início assim, as relações de desigualdade. 
No contexto da colonização por exemplo, representa-se o dominador como o senhor, e o dominado como o escravo, este, que por sua vez deixava de ser independente e livre para se tornar um bem do senhor. 
Devido a este domínio, o senhor intimida o escravo obrigando-o a trabalhar para ele. Este trabalho, portanto, não “cria” o escravo, mas sim uma imposição que o transforma em um simples objeto. No entanto, na medida em que há o desenvolvimento da dialética, a consciência do senhor se reverte, se dando conta de que é totalmente dependente do escravo e de seu trabalho. Porém, o escravo acaba sendo indispensável para o amo, mas ele não é imprescindível para o escravo.
Com o passar do tempo, surgiram preocupações e mudanças acerca da identidade e do reconhecimento. Uma delas, é o desaparecimento das hierarquias sociais, que constituíam o fundamento da noção de honra. Esta, estava intrinsecamente relacionada com o conceito de desigualdade. 
Contra essa noção de honra, temos a noção moderna de dignidade, qual atualmente possui um sentido universalista e igualitário, o qual baseia-se na premissa de que é comum a todas as pessoas sem distinção. Este conceito de dignidade é o único compatível com a sociedade democrática, sendo então inevitável que pusesse de lado o conceito de honra. 
No que consiste a política do reconhecimento de Taylor? A título de introdução, o autor indica:
Alguns aspectos da política atual estimulam a necessidade, ou, por vezes, a exigência, de reconhecimento. Pode-se dizer que a necessidade é, no âmbito da política, uma das forças motrizes dos movimentos nacionalistas. E a exigência faz-se sentir, na política de hoje, de determinadas formas, em nome dos grupos minoritários ou ‘subalternos’, em algumas manifestações do feminismo e naquilo que agora, na política, se designa por ‘multiculturalismo’.
Imaginando-se, portanto, que há relação entre reconhecimento e identidade, esta concebida como a maneira com que alguém se vê e se percebe como ser humano, o autor faz a seguinte constatação: “A tese consiste no facto de a nossa identidade ser formada, em parte, pela existência ou inexistência de reconhecimento e, muitas vezes, pelo reconhecimento incorreto dos outros. ” Ele argumenta que essa inexistência de reconhecimento ou o reconhecimento incorreto por parte da sociedade e de outros membros da comunidade em que o indivíduo está inserido constituem uma forma de agressão, afetando negativamente sua identidade, “reduzindo a pessoa a uma maneira de ser falsa, distorcida, que a restringe. ”
O autor argumenta que, por exemplo, nas sociedades patriarcais, as mulheres eram levadas a adotar uma visão depreciativa de si próprias, sendo que, quando as barreiras reais impostas às mulheres deixavam de existir, elas ainda demonstravam certa incapacidade de aproveitar as novas oportunidades que surgiam. O mesmo ocorre com os negros, a quem foi imposta uma visão depreciativa e de inferioridade incorporada por alguns indivíduos e determinante para suas dificuldades para prosperar. “Nesta perspectiva, a seu auto depreciação torna-se um dos instrumentos mais poderosos da sua própria opressão. ” O mesmo se argumenta no relativo aos indígenas e os povos colonizados, o que pode ser vislumbrado ainda hoje nessa “síndrome de vira-lata”, esse “coitadismo”, que o brasileiro possui.
O autor indica: “Perante estas considerações, o reconhecimento incorreto não implica só uma falta do respeito devido. Pode também marcar as suas vítimas de forma cruel, subjugando-as através de um sentimento incapacitante de ódio contra elas mesmas. ” Desse modo, argumenta o autor que a necessidade do devido reconhecimento e o respeito são necessidades humanas vitais.
O reconhecimento igualitário não é apenas a situação adequada para uma sociedade democrática saudável. A sua recusa pode prejudicar as pessoas visadas, segundo uma perspectiva moderna generalizada (…). A projeção de uma imagem do outro como ser inferior e desprezível pode, realmente, ter um efeito de distorção e de opressão, ao ponto de essa imagem ser interiorizada.
O autor aduz que a democracia introduziu a política de reconhecimento igualitário, que assumiu diversas formas durante os anos, agora retornando à discussão, também na esfera pública, sob a forma de “exigências de um estatuto igual para as diversas culturas e para os sexos. ”
Por isso, no âmbito social, o autor argumenta que o reconhecimento igualitário “não é apenas a situação adequada para uma sociedade democrática saudável”: Taylor considera a recusa deste reconhecimento como algo prejudicial às pessoas, visto que passam a interiorizar essa imagem de ser inferior e desprezível.
O discurso do reconhecimento chega ao indivíduo em dois níveis: a esfera privada, íntima, em que o próprio indivíduo se inferioriza ante a inexistência de reconhecimento alheio ou o reconhecimento incorreto por parte da sociedade e a esfera pública, na qual a política de reconhecimento passou a desempenhar um papel ainda maior, para a qual as instituições públicas devem estar atentas.
O autor argumenta que, em decorrência da mudança da honra para a dignidade, surgiu uma política de universalismo, a qual dá ênfase à dignidade igual para todos os cidadãos e possui como escopo a igualdade de direitos e privilégios. Nesse sentido, argumenta Taylor, há divergência no relativo ao que seja a igualdade – qual seja, somente no sentido civil e político ou também no socioeconômico. Nessa última perspectiva, coexistem na mesma sociedade cidadãos de “primeira” e “segunda” classe, ante a disparidade de riquezas. A sociedade deve, portanto, formalizar ações compensatórias através da igualdade em prol àqueles que, de forma sistemática, são “impedidos de usufruírem ao máximo dos seus direitos de cidadania. ”

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