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Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea

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HISTÓRIA E 
CULTURA AFRICANA, 
AFRO-BRASILEIRA E 
INDÍGENA
Hezrom Vieira Costa Lima
Culturas afro-brasileira 
e indígena na sociedade 
brasileira contemporânea
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer as influências africanas e indígenas na constituição da 
cultura brasileira.
  Analisar as representações dos africanos e indígenas na literatura 
brasileira.
  Discutir sobre estratégias de desconstrução de estereótipos e precon-
ceitos em relação a africanos e indígenas no Brasil contemporâneo.
Introdução
Neste capítulo, você vai ver como se deu o processo de conquista do 
território brasileiro. Antes da chegada dos portugueses, em 1500, esta 
terra não era isolada nem desabitada; muito pelo contrário, era dispu-
tada por diversos povos nativos, que foram denominados “índios” pelos 
portugueses.
O século XVI foi marcado por um choque cultural sem proporções na 
história da humanidade, pois colocou em lados opostos grupos com cul-
turas e visões de mundo antagônicas. Portugueses e indígenas possuíam 
entendimentos distintos em relação à riqueza, à utilização da terra, ao 
trabalho, às relações pessoais, à organização social, etc. Esse caldo cultural 
“engrossa” mais quando um novo elemento entra em cena, o africano.
Como você vai ver, aspectos culturais de origem africana e indígena 
contribuíram para a formação do Brasil. Apesar da violência à qual os 
indígenas e africanos foram historicamente submetidos, eles consegui-
ram burlar as regras estabelecidas e sobreviver, mesclando sua cultura à 
cultura dominante e tornando o Brasil, ao contrário do que pretendiam 
os colonizadores portugueses, um país plural.
Colonização do Brasil:
táticas de resistência cultural
O processo de conquista e colonização das terras brasileiras pelos portugueses 
se inseriu na lógica da expansão ultramarina europeia, iniciada no século XV 
pelos reinos ibéricos de Portugal e Espanha e difundido, posteriormente, para 
as demais nações daquele continente. De maneira geral, esses reinos busca-
ram expandir o seu território conquistando novos mercados consumidores, 
obtendo recursos naturais e eliminando outros povos que se opuseram aos 
seus objetivos. Esse empreendimento colocou em contato visões de mundo 
antagônicas que difi cilmente poderiam conviver de maneira pacífi ca, uma 
vez que o modelo colonizador utilizado pelos europeus determinava apenas 
um padrão de comportamento, o proposto pelos próprios colonizadores, que 
deveria ser seguido à risca pelos colonizados. Isso traz à tona a violência que 
todo processo de colonização possui em sua essência: a eliminação do outro, 
seja física, simbólica ou culturalmente.
Certeau (2009), em A Invenção do Cotidiano, analisou como o ser humano 
consegue criar um modelo de comportamento denominado por ele de “arte 
de fazer”. Fugindo dos padrões e regras impostos pelo modelo dominante, 
os indivíduos inventam o seu cotidiano criando, de maneira sutil, diversas 
“táticas” de resistência e sobrevivência, de modo que códigos e objetos são 
alterados em seu benefício. Essa noção é de suma importância para que você 
possa compreender como se deu a permanência de características culturais 
de africanos e indígenas na cultura brasileira.
Michel de Certeau foi um erudito francês que nasceu em Chambéry em 1925. Sua 
formação abrengeu os campos da filosofia, das letras clássicas, da história e da teologia. 
Nas suas pesquisas, ele utilizou métodos da antropologia, da linguística e da psicanálise. 
Na obra A Invenção do Cotidiano, Certeau (2009) desenvolve duas noções para analisar 
a sociedade. A primeira delas é denominada “estratégia”, que é o modelo dominante, 
criado pelos grupos sociais que ocupam o topo da sociedade; esse modelo serve 
como padrão. Do outro lado, existem as táticas, ações criadas intencionalmente pelos 
grupos dominados para burlar a ordem existente. São modelos próprios de ações que, 
de maneira astuciosa, enfrentam o padrão vigente sem, no entanto, comprometer ou 
destruir a sua existência.
Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea2
Essa questão evidencia as condições nas quais a nação brasileira foi for-
jada. Estava em jogo um projeto político criado pela coroa portuguesa, que 
deveria ser levado a cabo por indivíduos que vinham para a terra brasilis 
em busca de fama e riqueza, incentivados pela notícia de que ouro e prata 
haviam sido encontrados pela coroa espanhola no mesmo continente. Apesar 
de ser pioneiro no processo das grandes navegações, o reino de Portugal não 
possuía condições materiais suficientes para efetivar a conquista e a posse 
do território. Além disso, havia total desconhecimento da fauna e da flora da 
região, uma vez que o litoral brasileiro é formado por aproximadamente 7.300 
km de extensão, habitados então por povos distintos.
Os indígenas sob o olhar europeu:
entre o bom e o mau selvagem
A expansão ultramarina levou os europeus ao encontro de um continente 
até então desconhecido por eles: a América. Da mesma maneira, houve um 
conhecimento das populações nativas dessa região, que, apesar de possuírem 
características heterogêneas entre si, se assemelhavam por se diferenciarem 
física e culturalmente dos europeus. No aspecto cultural, é emblemática a 
percepção das diferenças na organização social, a qual diferia bastante dos 
modelos preconizados pelas sociedades europeias.
Pero de Magalhães de Gândavo foi um historiador, gramático e cronista português 
que esteve no Brasil no início do século XVI. Ao escrever História da Província de Santa 
Cruz que vulgarmente chamamos Brasil, em 1576, ele deixa claro que os portugueses, 
e europeus de maneira geral, percebiam as suas diferenças em relação à população 
indígena. Leia o trecho a seguir e reflita sobre a impossibilidade da compreensão do 
outro por parte dos portugueses: “A língua de que usam toda pela costa é uma [...] 
Carece de três letras, convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna 
de espanto, porque assim não tem Fé, nem Lei, nem Rei: e desta maneira vivem 
desordenadamente [...]” (GÂNDAVO, 1576, fl. 33v).
3Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea
A percepção das diferenças entre indígenas e europeus suscita um debate 
acerca da humanidade daqueles. Os portugueses se questionavam sobre a 
existência da alma indígena e sobre a possível conversão dos índios. Sobre 
essa questão, veja o que afirma Laplantine (2007, p. 37–38):
A grande questão que é então colocada, e que nasce desse primeiro confronto 
visual com a alteridade, é a seguinte: aqueles que acabaram de ser descobertos 
pertencem à humanidade? O critério essencial para saber se convém atribuir-
-lhes um estatuto humano é, nessa época, religioso: o selvagem tem uma alma? 
O pecado original também lhes diz respeito?
O olhar europeu sobre a população nativa cria dois modelos que servem 
de explicação para a percepção a respeito dos indígenas durante o processo 
de colonização. Esses arquétipos inserem grupos inteiros sob uma mesma 
denominação, estabelecendo modelos de ação perante a população nativa. 
São eles: o “bom selvagem” e o “mau selvagem”. A definição de mau 
selvagem recai sobre aqueles indivíduos que possuem estas três caracterís-
ticas: “estar nu ou vestido de peles de animais” (aparência física); “comer 
carne crua/canibalismo” (comportamentos alimentares); “falar uma língua 
ininteligível” (inteligência, a partir da linguagem) (LAPLANTINE, 2007).
Na Figura 1, a seguir, você pode observar dois quadros pintados pelo 
holandês Albert Eckhout, que esteve no Brasil entre os anos de 1637 e 
1644. Neles, é possível identificar a oposição entre o “bom” e o “mau” 
selvagem. A mulher tupi é representada sob o viés maternal. Ela carrega 
a vida ao segurar seu filho no colo, eliminando qualquer possibilidade 
de ameaça. Além disso, transporta um recipiente com água e uma cesta 
com produtos manufaturados e veste uma saia branca (inseridano seu 
vestuário pelos colonizadores). Na paisagem, é possível identificar três 
características que fazem menção à colonização europeia nos trópicos: 
a bananeira, planta introduzida no Brasil pelos portugueses; a paisagem 
colonial, com a plantação de cana-de-açúcar; e a casa-grande no engenho.
Em contrapartida, a mulher tapuia carrega a morte, um cesto com uma 
perna decepada. Na sua mão direita, ela segura a mão de outro indivíduo, 
remetendo à prática do canibalismo. Está nua, mesmo que parcilamente 
coberta por folhas, e calça sandálias de fibras vegetais. Já a paisagem re-
presenta a cena de guerreiros armados, ao fundo, demonstrando a condição 
natural dessa sociedade sem contato com os “civilizadores” europeus.
Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea4
Figura 1. (a) Mulher Tupi e (b) Mulher Tapuia, óleo sobre tela, de Albert Eckhout, 1641.
Fonte: Fonte: Chicangana-Bayona (2008, p. 606–607). 
Esses olhares criados sobre a população nativa demonstram tanto o po-
sicionamento dos nativos em relação aos europeus quanto o modo como 
estes últimos perceberam as trocas culturais entre os povos. De um lado, 
posicionam-se aqueles que lutaram contra o invasor, mantendo suas práticas 
religiosas e culturais e abertamente inimigos do europeu (maus selvagens). Do 
outro lado, figuram aqueles grupos que aceitaram determinados aspectos da 
colonização, como roupas, língua e religião, submetendo-se ao poder colonial, 
mas, apesar disso, não conseguindo tratamento igualitário (bons selvagens).
Índios e negros na literatura brasileira
Na literatura brasileira, há representações de índios e negros que expõem muito 
mais a visão do autor do que necessariamente aquilo que ele deseja representar. 
Tais obras ganham notoriedade por dois aspectos que se relacionam entre si.
5Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea
O primeiro deles é a amplitude de leitores que são capturados pelas páginas dos 
romances, sendo mais fácil um leitor conhecer uma obra de fi cção do que um 
livro acadêmico. Já o segundo é o fato de que, embora sejam obras de fi cção, 
elas possuem em comum a semelhança com a realidade, o que traz à tona a 
possibilidade de serem analisadas sob a óptica da verossimilhança. Afi nal, 
em determinada medida, tais obras lançam uma luz sobre a sociedade na qual 
estão inseridas, demonstrando os medos, anseios e pensamentos de uma época.
Conforme destaca Chartier (2010, p. 21), “As obras de ficção, ao menos 
alguma delas, e a memória, seja ela coletiva ou individual, também conferem 
uma presença ao passado, às vezes ou amiúde mais poderosa do que a que 
estabelecem os livros de história [...]”. Tendo como base esse pressuposto, a 
seguir você vai ver como a ficção criou representações e perfis para africanos 
escravizados e índios na sociedade brasileira. Você também vai verificar 
como esses lugares comuns foram sendo considerados pela sociedade como 
definidores de comportamento da população afrodescendente e indígena no 
Brasil, sendo retroalimentados por outras mídias, como novelas e filmes.
Coragem, nobreza e solidariedade: a poesia indianista
Gonçalves Dias foi o poeta que deu início à idealização do indígena na litera-
tura brasileira. Na corrente do Romantismo, o nativo é associado à coragem, 
à compaixão, à bondade, à nobreza e à solidariedade, da mesma forma que 
os cavaleiros medievais no imaginário europeu. Autor de diversos poemas 
indianistas, como I-Juca-Pirama, Marabá e Canção do Tamoio, Gonçalves 
Dias refl ete a percepção sobre os indígenas no Brasil enquanto um ideal 
distante, que não pode mais ser alcançado.
I-Juca-Pirama (“aquele que deve morrer”), escrito em 1851, é considerado 
a obra máxima do autor. Ela conta a história de um nobre índio tupi que, após 
ser derrotado, torna-se prisioneiro de outra tribo, os timbira. O guerreiro tupi 
encontra o seu pai com saúde debilitada, pois está velho e doente, então toma 
uma decisão inusitada, pedindo ao chefe timbira que o deixe voltar para a 
sua tribo para cuidar do progenitor. Porém, na cultura indígena, esse ato é 
interpretado como covardia. É isso o que pensa o seu pai quando o guerreiro 
retorna à tribo para informar a sua decisão. O pai recebe o filho com desprezo 
e indignação, afinal este humilhou não só a si, mas a toda a sua geração. 
Então, para provar o seu valor e recuperar a sua honra, o guerreiro decide ir 
lutar sozinho contra os inimigos. Após vários combates, a vitória é obtida e o 
chefe da tribo timbira encerra a luta. O pai reconhece o valor do filho, digno 
de ser chamado novamente de tupi.
Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea6
Veja os trechos a seguir, retirados de I-Juca-Pirama, de Gonçalves Dias. No Canto IV, é 
possível perceber a identificação do personagem:
Meu canto de morte, Guerreiros ouvi: sou filho das selvas, nas selvas cresci; 
Guerreiros, descendo da tribo Tupi. Da tribo pujante, que agora anda errante 
por fado inconstante, guerreiros, nasci: sou bravo, sou forte, sou filho do 
Norte; meu canto de morte, Guerreiros, ouvi (DIAS, 1851, canto IV).
No Canto VIII, há a reação do pai ao descobrir que, após o seu filho ser preso, chorou 
pedindo para não morrer:
Tu choraste na presença da morte? Na presença de estranhos choraste? 
Não descende o cobarde do forte, pois choraste, meu filho não és! Possas 
tu, descendente maldito de uma tribo de nobres guerreiros, implorando 
cruéis forasteiros, seres presa de vis Aimorés (DIAS, 1851, canto VIII).
Por fim, no Canto X, há a redenção do indígena, que é rememorada por um velho 
timbira que relata o heroísmo dele, servindo de modelo para os mais jovens: “Um 
velho Timbira coberto de glória, guardou a memória do moço guerreiro, do velho 
Tupi! E à noite, nas tabas, se alguém duvidava do que ele contava, dizia prudente: 
‘meninos, eu vi!’”.
Em outro poema, Canção do Tamoio, um guerreiro da tribo tamoio explica ao 
seu filho recém-nascido qual é o seu papel no mundo, como ele deve se comportar 
frente aos perigos da vida. Ou seja, o pai informa ao filho que tipo de comporta-
mento é esperado que ele exerça, não só pelo seu pai, mas por todos os membros 
da tribo tamoio e dos outros povos que vierem a ter contato com eles. Veja:
I. Não chores meu filho; não chores, que a vida é luta renhida: viver é lutar. A 
vida é combate, que os fracos abate, que os fortes, os bravos só pode exaltar.
II. Um dia vivemos! O homem que é forte não tema da morte; só teme fugir; 
no arco que entesa tem certa uma presa, quer seja tapuia, condor ou tapir.
III. O forte, o cobarde, seus feitos inveja de o ver na peleja garboso e feroz; e os 
tímidos velhos nos graves conselhos, curvadas as frontes, escutam-lhe a voz!
IV. Domina, se vive. Se morre, descansa dos seus na lembrança, na voz do porvir. 
Não cures da vida! Sê bravo, sê forte! Não fujas da morte, que a morte há de vir! [...]
XI. E cai como o tronco do raio tocado, partido, rojado por larga extensão; assim 
morre o forte! No passo da morte triunfa, conquista mais alto brasão (DIAS, 1852).
7Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea
Veja outras obras que abordam a população indígena:
  José de Alencar: O Guarani, Iracema e Ubirajara
  Gonçalves de Magalhães: A Confederação dos Tamoios
  Gonçalves Dias: I-Juca-Pirama, Canção do Tamoio, Marabá, Leito de Folhas Verdes, 
Canto do Piaga
Outro exemplo das obras indianistas de Gonçalves Dias é Marabá. O termo 
que dá título à obra é de origem tupi e significa “de mistura”. Nesse poema, 
Gonçalves Dias expõe o dilema de uma índia mestiça que é recusada pelos 
índios guerreiros justamente por sua condição. A personagem Marabá possui 
olhos com “cor das safiras”, rosto “da alvura dos lírios” e “loiros cabelos”, 
porém não consegue encontrar um guerreiro que a deseje, terminando por viver 
“[...] sozinha, chorando mesquinha, que sou Marabá!” (DIAS, 1968, p. 325).
Essas representações da população indígena presentes nas obrasliterárias 
criam um ideal que se encaixa em um perfil de guerreiros honrados. Assim, 
impossibilita-se outra manifestação cultural e psicológica. Além disso, entra 
em cena a crença em um tipo indígena preso no passado, que não conseguiu 
acompanhar o desenvolvimento da civilização brasileira.
A escravidão no Brasil: denúncias e crueldade
No ano de 1869, Joaquim Manuel Macedo publica um romance intitulado As 
Vítimas-Algozes: Quadros da Escravidão, uma obra de literatura que propõe 
uma espécie de denúncia contra a escravidão praticada no Brasil. Seu autor 
era um emancipacionista convicto e defende, utilizando diversos argumentos, 
o fi m da escravidão, pois para ele “A escravidão gasta, caleja, petrifi ca, mata 
o coração do homem escravo [...]” (MACEDO, 1869, p. 53).
O romance narra a história de três escravizados, todos com características 
que têm o objetivo de demonstrar como a sociedade era afetada pela escravi-
dão. São eles: Simeão, o crioulo; Pai-Raiol, o feiticeiro; e Lucinda, a mucama. 
Apesar de ser uma obra de ficção, o autor deixa claro o seu papel de denúncia, 
na medida em que os textos escritos são “[...] romances sem atavios, contos 
sem fantasias poéticas, tristes histórias passadas aos nossos olhos, e a que não 
poderá negar-se o vosso testemunho [...]” (MACEDO, 1869, p. 1).
Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea8
A construção da argumentação de Macedo (1869) é baseada na ideia de 
que a escravidão era um atraso econômico, uma ideia inaceitável em um país 
que deveria passar por um processo de modernização, deixando de ser agrí-
cola. Além disso, o autor defende uma linha de pensamento que demonstra a 
crueldade desse sistema: a escravidão era um veneno e criava inimigos dentro 
de casa. Isso mostra que Macedo (1869) entende o escravo como o verda-
deiro inimigo, pois é corrompido pelo sistema e simultaneamente corrompe 
a sociedade. Para o autor, o Brasil deveria acabar com a escravidão, não por 
humanidade, mas para se livrar dos incômodos desse sistema, incluindo aí a 
população afrodescendente.
Uma das personagens principais da obra de Macedo (1869, p. 157) é a 
mucama Lucinda, “Uma escrava mucama da menina que em breve ia ser 
moça!”. A menina chama-se Cândida e acaba de completar 11 anos de idade, 
ganhando como presente, uma prática comum do Brasil oitocentista, uma 
jovem mucama, Lucinda. No desenrolar da trama, o problema surge a partir 
do momento em que a mucama Lucinda, corrupta e imoral, começa a fazer 
parte do cotidiano da doce e angelical Cândida.
O uso de adjetivos para definir os comportamentos da mucama e da menina 
é intencional por parte do autor; de um lado, há uma pessoa corrupta e imoral; 
do outro, alguém doce e angelical. O contato entre elas cria uma rachadura no 
comportamento que era esperado para uma moça que faria parte da sociedade. 
Após várias conversas, a mucama percebe que a menina é ingênua e começa 
a questionar seus conhecimentos sobre “ser moça” e “casamento”, maculando 
assim sua pureza inicial. Segundo o autor, a escrava Lucinda, que em momento 
algum demonstra inocência em suas atitudes, envenena a alma de Cândida 
com as “explicações necessariamente imorais” (MACEDO, 1869).
Com essa narrativa, o autor tem por objetivo criar uma dicotomia entre as 
protagonistas, Cândida e Lucinda. A primeira é uma menina branca, ingênua 
e pura que é corrompida pela segunda, uma escrava negra e promíscua. Essa 
dinâmica torna a sinhazinha “escrava da sua escrava” (MACEDO, 1869), 
uma vez que desperta nela um desejo que não poderia ser conhecido naquele 
momento e que só foi possível graças à convivência degenerante.
Para o autor emancipacionista, um dos piores males que a escravidão gerava 
era o da convivência entre inimigos naturais, ou seja, senhores e escravos. 
Segundo ele, “O escravo é necessariamente mau e inimigo do seu senhor. A 
madre-fera escravidão faz perversa, e vos cerca de inimigos [...]” (MACEDO, 
1869, p. 29). Essa ideia é percebida quando, ao explicar a transgressão do 
caráter de Cândida por Lucinda, o autor afirma que “[...] a ideia do casamento 
9Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea
atirada ali de mistura com a de moça feita confundiu ainda mais a pobre e 
curiosa menina abandonada à companhia da mulher escrava [...]” (MACEDO, 
1869, p. 172). Novamente, percebe-se a suposta depravação que a escravidão 
trazia para os brancos. Era por meio do “abandono à companhia da mulher 
escrava” que as sinhazinhas e a sociedade branca em geral eram corrompidas 
aos poucos pelos negros escravizados.
Devido a relatos de viajantes estrangeiros e às condições precárias e desumanas 
da escravidão, imaginou-se que era impossível a formação de núcleos familiares 
por pessoas escravizadas. Entretanto, esse posicionamento está sendo revisto pela 
historiografia. Obras como Na senzala, uma flor, do historiador norte-americano Robert 
W. Slenes, buscam trazer à luz histórias de vidas de pessoas escravizadas que, lutando 
contra todas as condições da época, conseguiram formar famílias e buscar auxílio para 
sobreviver em uma sociedade que agia de forma violenta e arbitrária.
Essa percepção negativa sobre as consequências que a presença dos escra-
vizados tinha no cotidiano da população não se resumiu às escravas mucamas, 
estendendo-se a outro personagem de As Vítimas Algozes, Simeão, um crioulo, 
o qual também é afetado psicologicamente pela ação degenerativa da escravi-
dão. O fato de o indivíduo ser um escravo alterava a sua percepção emocional: 
Simeão não possuía a capacidade de amar, já que a escravidão o degradava e 
arrancava toda e qualquer forma de sentimento puro. Veja:
O escravo não amava, não amou Florinda; mas em sua mente audaz, em seus 
instintos escandalosos, revoltantemente ultrajadores e licenciosos, lembrou, 
contemplando a senhora-moça, o que lembrava aproximando-se da negra 
fácil, da escrava desmoralizada que lhe agradava e não fugia a seus ignóbios 
afagos (MACEDO, 1869, p. 51).
As denúncias da escravidão presentes na obra de Macedo (1869) também 
são estendidas aos escravizados, daí o título da obra, Vítimas Algozes. A ideia 
é que aqueles que sofrem a violência da escravidão reproduzem essa mesma 
Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea10
violência na sociedade, tornando-se também algozes. Esse pensamento deve 
ser dimensionado, pois cria uma espécie de amenização da escravidão desen-
volvida no Brasil, uma vez que retira parte da culpa dos próprios senhores de 
escravos, já que estes também se tornam vítimas do processo.
Em uma perspectiva diferente, outro autor que também contesta a escravidão 
desenvolvida no Brasil é Machado de Assis. Ao contrário do que acontece 
no caso de outros autores da sua época, como o próprio Macedo (1869), as 
denúncias de Machado de Assis são explícitas e o caráter cruel e violento da 
escravidão é denunciado em suas páginas.
Após 18 anos da abolição da escravidão, que ocorreu em 13 de maio de 1888, Machado 
de Assis publica o conto “Pai contra Mãe”, presente na obra Relíquias da Casa Velha, de 
1906. No conto, a violência da escravidão é mostrada quando um caçador de escravos, 
chamado Cândido Neves, passa por um dilema ético e moral: para conseguir dinheiro 
para cuidar da sua família, deve ir atrás de uma escrava que está grávida, correndo o 
risco de fazê-la abortar o bebê. Acesse o link a seguir para ler o conto.
https://qrgo.page.link/sa6tv
As várias faces da escravidão são mostradas por Machado de Assis nas 
suas obras. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, de 1881, Prudêncio, um 
antigo escravo do protagonista, é visto no cais do Valongo impondo sua fúria 
a outro indivíduo, também negro, porém seu escravo. Essa violência era uma 
reação à condição de vida imposta ao indivíduo escravizado:
Era um modo que o Prudêncio tinha de se desfazer das pancadas recebidas 
— transmitindo-as a outro. Eu, em criança, montava-o, punha-lhe um freio 
na boca, e desancava-osem compaixão; ele gemia e sofria. Agora, porém, 
que era livre, dispunha de si mesmo, dos braços, das pernas, podia trabalhar, 
folgar, dormir, desagrilhoado da antiga condição, agora é que ele se desban-
cava: comprou um escravo, e ia-lhe pagando, com alto juro, as quantias que 
de mim recebera (ASSIS, 1881, p. 76).
11Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea
Outro autor que também viveu e escreveu sobre o século XIX no Brasil, 
enfocando o tema da escravidão, foi Castro Alves, conhecido como “o 
poeta dos escravos”. Ele faleceu com apenas 24 anos, sem ver a abolição 
da escravidão nem a publicação da sua obra máxima, Navio negreiro, de 
1880. Nessa obra, ficam evidentes os horrores da escravidão e as condições 
desumanas do transporte marítimo dos “tumbeiros”, termo que designava 
popularmente os navios que transportavam os escravizados na travessia 
transatlântica. Como o índice de mortandade era elevado, a comparação 
com tumbas era evidente.
A obra é dividida em partes (cantos): (1) a descrição do belo natural, 
a exuberância da natureza brasileira; (2) a descrição do belo humano, a 
valorização dos marinheiros dos diferentes países; (3) a indignação ao ver 
o que se passa no interior do navio, a estupefação; (4) a descrição dos hor-
rores cometidos contra os escravos; (5) a comparação da vida pregressa dos 
negros com o horror do momento; e (6) a crítica ao Brasil, por se beneficiar 
da infame escravidão.
Por uma educação antirracista
Uma educação antirracista nas escolas deve contemplar a identidade e a história 
dos indivíduos e dos respectivos grupos que frequentam o ambiente escolar. 
Para que esse processo seja de fato efetivado, a escola deve repensar a sua 
estrutura, ampliando a defi nição de currículo, avaliação e material didático e 
as formas de ação entre corpo docente e corpo discente.
Geralmente, o debate sobre o racismo e as formas de combatê-lo vêm à tona 
apenas nas datas de 19 de abril, para a população indígena, e 13 de maio e 20 
de novembro, para os afrodescendentes. Esses marcos simbólicos, caso não 
sejam devidamente problematizados, podem servir para reproduzir estereótipos 
e reforçar visões negativas sobre as populações, transformando a escola em um 
ambiente hostil para determinados grupos e anulando a sua função social de 
aparelho que possibilita o acesso à cidadania e a emancipação dos indivíduos.
Ao analisar as ações dos movimentos sociais na busca por uma sociedade 
mais justa e igualitária, percebe-se que a legislação avançou, possibilitando a 
materialização de um aparato legal que diminua e iniba a prática de racismo 
em território nacional. Sobre essa questão, Sousa (2005, p. 110–111) destaca 
o seguinte:
Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea12
Dizem até que falar de racismo é invenção do negro complexado, que tem ver-
gonha da própria origem. Felizmente esta cultura do silenciamento está sendo 
superada, um resultado de décadas de lutas do movimento negro organizado 
por todo este país e que vem obtendo importantes conquistas, inclusive no 
campo legal, como, por exemplo: o art. 5º da Constituição Federal de 1988, 
que torna “a prática do racismo crime inafiançável e imprescritível”; a lei 
3.198/2000, que institui o “Estatuto da Igualdade Racial”; a lei 10.639/2003, 
que torna obrigatório incluir nos currículos escolares a “história e cultura 
afro-brasileira”. Isso demonstra que avanços estão sendo conquistados, apesar 
de ainda termos muito a buscar.
Soma-se a essa trajetória de luta antirracista a promulgação da Lei nº 11.645, 
de 10 de março de 2008. Ela modifica a Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, 
e amplia a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileira e 
indígena na educação básica do País.
No link a seguir, confira o aparato legal que tornou possível o ensino da história e da 
cultura indígena e afro-brasileira nas escolas do País.
https://qrgo.page.link/zuKnW
Racismo: identificar e combater
Gilberto Freyre, na sua obra máxima Casa-Grande & Senzala, de 1933, foi 
o responsável por criar um mito que até hoje ecoa na sociedade brasileira, a 
ideia de democracia racial. De acordo com esse autor, que era pernambucano 
e descendente de antigos senhores de engenho da região, o Brasil seria a 
“mais perfeita democracia racial do mundo”, pois o português teria criado 
nos trópicos uma sociedade em que os preconceitos de raça ou cor teriam sido 
diluídos na mistura entre brancos, negros e índios. Assim, teria forjado um 
ambiente propício para o desenvolvimento de uma sociedade em que a prática 
de racismo era inexistente, modelo bem diferente do de outras sociedades, como 
os Estados Unidos da América, onde houve luta por direitos civis, segregação 
e ação de grupos racistas como a Ku Klux Klan.
13Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea
Esse mito começou a ser combatido nos anos 1950, pela chamada “escola 
de sociologia paulista”. Autores como Florestan Fernandes e Fernando Hen-
rique Cardoso questionaram a existência de uma democracia racial no Brasil 
e passaram a denunciar as condições nas quais a população negra brasileira 
estava inserida, configurando, portanto, a primeira crítica contudente a Freyre 
e revelando o racismo na sociedade brasileira após a abolição da escravidão.
O Geledés (Instituto da Mulher Negra) explica como o mito da democracia racial está 
presente na sociedade brasileira. Confira no link a seguir.
https://qrgo.page.link/AHgV6
A negação do racismo no Brasil reforça a ideia de que no País as condições 
de vida e as oportunidades são iguais para todos, independentemente da cor de 
pele, visão que não reflete a realidade. Em uma análise sobre o perfil étnico 
do Brasil e o seu reflexo nas condições econômicas, o Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE, 2018) constatou que, em média, os brasileiros 
brancos possuem salários maiores, sofrem menos com desemprego e possuem 
maior acesso ao nível superior. Essa situação reflete o processo histórico 
iniciado pela colonização portuguesa e atinge principalmente os grupos que 
foram historicamente afastados das classes dominantes.
Negros e indígenas no Brasil hoje
Ao combater o racismo no ambiente escolar, a escola cumpre a sua função so-
cial. Nesse processo, os professores são peças fundamentais dessa engrenagem. 
Identifi car o racismo, compreender as suas consequências para a formação do 
alunado e o seu consequente exercício de cidadania, reconhecer a presença 
de estereótipos, bem como a ausência de embasamento durante a formação 
inicial e continuada dos professores, é o caminho a ser seguido para, enfi m, 
ter uma educação antirracista.
Sobre essa questão, Gomes (2009, p. 57) afirma o seguinte: “[...] somos 
desafiados a realizar uma mudança epistemológica, no campo da formação de 
professores(as) no Brasil, que vá além das velhas dicotomias entre o escolar e 
Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea14
o não escolar, o político e o cultural, o instituído e o instituinte, ainda presente 
em vários currículos e práticas de formação de professores [...]”.
Ao longo da história do Brasil, os grupos de indivíduos não brancos, como 
negros e indígenas, criaram diversas táticas para burlar a ordem vigente e 
realizar suas práticas culturais sem que fossem punidos pelo poder colonial 
estabelecido. Essas astúcias foram materializadas em diversos aspectos da 
vida cotidiana desses indivíduos, inclusive na esfera religiosa, com a criação 
de irmandades religiosas de negros e pardos, em que as divindades e os orixás 
africanos foram assimilados ao culto aos santos católicos. No campo cultural, 
destaca-se a prática da capoeira, uma mistura de luta com dança, inicialmente 
proibida e, posteriormente, alçada à condição de patrimônio histórico e cultural 
nacional. Aspectos linguísticos também foram afetados, como o vocabulário, 
que amenizou o português europeu, desenvolvendo uma novalinguagem mais 
branda, com a repetição de sílabas.
Os aspectos da cultura africana foram ressignificados no Brasil, adqui-
rindo outras roupagens, repletas de herança, memória e resistência étnica 
e cultural. No campo do sagrado, as religiões afro-brasileiras se materia-
lizaram como práticas de fé. Nesse contexto, destacam-se as irmandades 
negras, associadas ao catolicismo; a umbanda, associada ao espiritismo; 
o candomblé; o culto dos orixás; o tambor de mina (Maranhão); e o culto 
congo-angolano (Rio de Janeiro e Bahia). A interação étnica e cultural no 
Brasil foi tão intensa que surgiram também cultos afro-indígenas, como os 
candomblés de caboclo (Bahia), jurema (Paraíba e Pernambuco), barba-soeira 
(Amazônia e Pará) e terecô (Maranhão), popularmente denominados de 
catimbó, macumba e canjerê.
Os folguedos dos reis negros, também conhecidos como festas do rosário, 
são manifestações culturais que demonstram a forte presença da cultura 
africana no Brasil. Essas manifestações culturais têm origem nas irmandades 
religiosas de escravizados, quando os irmãos em um ato de fé elegiam um 
rei que era conhecido pelos membros da irmandade e tinha sua autoridade 
validada inclusive pelos colonizadores, mostrando como a vida social durante 
a escravidão era complexa. No Brasil, essas denominações mudaram, depen-
dendo do local de origem, entretanto guardam semelhanças entre si.
Lutas por posse e manutenção das terras, seja por comunidades tradicionais 
indígenas ou comunidades remanescentes de quilombos, refletem a disputa 
pelo acesso à terra no Brasil, que ficou restrito a pequenos grupos com capital 
necessário e que herdaram a posse da terra dos antigos senhores da região. 
Todas essas questões evidenciam a luta pela sobrevivência de negros e indí-
genas no Brasil de hoje.
15Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea
Assim, a resistência de índios e negros não terminou; ela não ficou restrita 
ao passado, mas continua viva, existindo no Brasil contemporâneo. Enquanto 
houver uma sociedade racista, que busca eliminar os indivíduos que agem de 
modo diferente da classe dominante, a luta antirracista é necessária.
As histórias em quadrinhos são uma forma de literatura que pode contribuir para 
aproximar os alunos da cultura afro-brasileira. A seguir, confira uma seleção de obras.
  André Diniz: Chico Rei (2007) e O Quilombo Orum Aiê (2010)
  Marcelo D’Salete: Cumbe (2013) e Angola Janga (2016)
  Amaro Braga, Danielle Jaimes e Roberta Cirne: AfroHQ: História e Cultura Afro-Brasileira 
e Africana em Quadrinhos (2010)
  Alexandre Miranda Silva: Orixá: Do Orum ao Ayê (2011)
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. In: ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: 
Nova Aguilar, 1881.
ASSIS, M. Pai contra mãe. In: ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1888.
BRASIL. Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro 
de 1996, modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as 
diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de 
ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.
htm. Acesso em: 19 ago. 2019.
CERTEAU, M. A invenção do cotidiano. 16. ed. Petrópolis: Vozes, 2009. (Artes de Fazer, v. 1).
CHARTIER, R. A história ou a leitura do tempo. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
CHICANGANA-BAYONA, Y. A. Os Tupis e os Tapuias de Eckhout: O declínio da imagem 
renascentista do índio. Varia História, Belo Horizonte, v. 24, n. 40, p. 591–612, 2008. 
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/vh/v24n40/16.pdf. Acesso em: 19 ago. 2019.
Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea16
DIAS, G. Canção do Tamoio. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, [1852].
DIAS, G. I-Juca-Pirama. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 1851.
DIAS, G. Marabá. [S. l.: s. n.], 1968.
GÂNDAVO, P. M. História da província Santa Cruz que vulgarmente chamamos Brasil. 
Lisboa: Antônio Gonçalves, 1576. 
GOMES, N. L. Diversidade étnico-racial: por um projeto educativo emancipatório. In: 
FERREIRA, R. F. Afro-descendente: identidade em construção. São Paulo: EDUC, 2009.
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de trabalho brasileiro: 4º trimestre de 2017. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. Disponível em: 
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da Educação, 2005. (Coleção Educação para Todos). 
Leituras recomendadas
BENJAMIN, R. E. C. A África está em nós: história e cultura afro-brasileira. João Pessoa: 
Grafset, 2004.
FAUSTO, C. Os índios antes do Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
FONSECA, M. V.; SILVA, C. M. N.; FERNANDES, A. B. (org.). Relações étnico-raciais e educação 
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MUNANGA, K. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade 
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NASCIMENTO, A. Democracia racial: mito ou realidade? 1977. Disponível em: https://
www.geledes.org.br/democracia-racial-mito-ou-realidade/. Acesso em: 19 ago. 2019.
PROUS, A. O Brasil antes dos brasileiros: a pré-história do nosso país. Rio de Janeiro: 
Zahar, 2006.
17Culturas afro-brasileira e indígena na sociedade brasileira contemporânea

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