Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Módulo 1 - Animais Peçonhentos e Venenosos Governo do Estado do Rio Grande do Sul – Secretaria da saúde (SES/RS); Fundação Estadual de Pro- dução e Pesquisa em Saúde (FEPPS); Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/ RS). 2016 EQUIPE TÉCNICA RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO Kátia Rosana Lima de Moura da Silva (1) Maria da Graça Boucinha Marques (2) Alberto Nicolella (2) (1) Bióloga, (2) Médico(a) Veterinário(a) – CIT/RS RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Saúde. Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde. Centro de Informação Toxicológica. Manual de Acidentes por Animais Peçonhentos e Venenosos para Agentes Comunitários de Saúde / Organizado por Kátia Rosana Lima de Moura da Silva, Maria da Graça Boucinha Marques e Alberto Nicolella. – Porto Alegre: CIT/RS, 2016. 72. p. 1. Animais Peçonhentos. 2. Prevenção de Acidentes. 3. Primeiros Socorros. I. Silva, Kátia Rosana Lima de Moura da. II. Marques, Maria da Graça Boucinha. Ficha Catalográfica elaborada por Márcia Stypulkowski – CRB10/1172 Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul. Av. Ipiranga 5400 90610-000 – Porto Alegre – RS Telefone de Emergência: 0800 721 3000 (plantão permanente 24hx7dias semana) Telefone Administrativo: (51) 2139.9200 E – mail: cit@fepps.rs.gov.br Web site: www.cit.rs.gov.br Núcleo de Telessaúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Rua Dona Laura, 320 - 11º andar 90430-090 - Porto Alegre - RS Teleatendimento: 0800 644 6543 (08h às 17h30min de segunda a sexta) Telefone Administrativo: (51) 3333.7025 E-mail: contato@telessauders.ufrgs.br Web site: https://telessauders.ufrgs.br Este Manual é parte integrante do Curso de Prevenção de Acidentes por Animais Peçonhentos, produzido pelo CIT/RS e pelo TelessaúdeRS-UFRGS Módulo 1 - Animais Peçonhentos e Venenosos Sumário 5 5Epidemiologia dos Acidentes por animais peçonhentos Apresentação 4 Animais Peçonhentos / Animais Venenosos 4 Módulo 1 - Animais Peçonhentos e Venenosos Apresentação: Este manual foi elaborado por técnicos do Centro de Informação Toxicológica do Rio grande do Sul (CIT/RS), como material de apoio ao Curso de Prevenção de Acidentes por Animais Peçonhentos realizado em parceria com o Núcleo de Telessaúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS- UFRGS). O objetivo do curso é auxiliar os profissionais de saúde da Atenção Primária à Saúde a identificar os animais de interesse toxicológico, locais e situações de risco, realizar coletas com segurança, reconhecer os acidentes causados e tomar as primeiras providências frente a casos de picada ou contato com estes animais. O CIT/RS mantém um plantão de emergência atuando 24 horas por dia, sete dias por semana, que pode ser acionado através do telefone 0800.721.3000 frente a acidentes com animais peçonhentos. Desenvolve, também, ações e programas relacionados à pesquisa, educação e prevenção de acidentes com animais peçonhentos ou venenos e plantas tóxicas em nosso Estado. Mantém uma estrutura de diagnóstico a distância por imagem em apoio ao plantão de emergência. Esperamos que este manual seja uma ferramenta importante às diversas equipes de saúde na identificação e manejo de acidentes com animais peçonhentos e venenosos. 5 Módulo 1 - Animais Peçonhentos e Venenosos Animal Peçonhento Animal Venenoso É aquele que possui veneno e uma estrutura para inocular este veneno. Exemplos de animais peçonhentos e suas estruturas de inoculação: É aquele que possui veneno mas, não apresenta estrutura para inocular este veneno. Exemplos de animais venenosos: sapos Foto CIT/RS Fo to C IT /R S Serpentes Aranhas Escorpiões Lagartas presas quelíceras aguilhão cerdas Glândulas paratóides Rio Grande do Sul. Acidentes com Animais Peçonhentos Distribuição por Tipo de Animal – 2005 a 2015 Epidemiologia dos Acidentes por Animais Peçonhentos Fonte: Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS/FEPPS/SES). Dados de Atendimento do Plantão de Urgência. Tipo/ano 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total Aranhas 1.826 1.833 1.919 1.917 1.922 2.196 1.996 1.916 2.253 2.278 2.844 22.900 Lagartas 878 782 1.037 1.375 1.068 1.166 962 866 799 2.262 924 11.137 Serpentes 1.010 1.098 1.137 977 1.136 977 863 808 824 803 848 10.481 Escorpiões 349 349 341 337 337 403 402 495 482 462 573 4.603 Insetos 367 526 506 306 281 282 280 411 306 288 256 3.909 Total 4.530 4.588 4.940 4.912 4.817 5.024 4.503 4.496 4.664 5.093 5.463 53.030 6 Módulo 1 - Animais Peçonhentos e Venenosos 0 aranhas 34,1% 16,6% 6,9% 5,8% 15,6% lagartas serpentes escorpiões insetos 5 10 15 20 25 30 35 Brasil. Acidentes com Animais Peçonhentos - Distribuição por Região Média Anual de Acidentes registrados – 1986 a 2015 Região 1986/1989 1990/1999 2000/2009 2010/2015(*) Região Norte 1.659 2.491 9.570 15.028 Região Nordeste 3.007 3.342 23.212 48.027 Região Sudeste 7.833 7.464 27.279 50.969 Região Sul 2.702 3.300 18.862 27.330 Região Centro-Oeste 2.791 2.764 4.300 7.902 Brasil 17.991 19.362 83.222 149.256 Média Anual Fonte: SINAN/MS. Total de acidentes registrados Brasil, 1986/2015 (*) = 1.962.471 (*) Dados de 2013, 2014 e 2015 sujeitos à revisão 7 Módulo 1 - Animais Peçonhentos e Venenosos Número de Acidentes e Número de óbitos Registrados. Coeficiente de Letalidade – 2000 a 2015(*) Brasil. Acidentes com Animais Peçonhentos - Distribuição por Região e Unidade da Federação. Região e UF ACIDENTES ÓBITOS COEFICIENTE (**) Região Norte 185.864 726 3,9 Rondônia 12.918 53 4,1 Acre 8.893 26 2,9 Amazonas 27.622 166 6,0 Roraima 5.875 24 4,1 Pará 98.659 379 3,8 Amapá 5.788 9 1,6 Tocantins 25.323 69 2,7 Região Nordeste 520.279 1.197 2,3 Maranhão 27.078 172 6,4 Piauí 16.018 56 3,5 Ceará 33.653 64 1,9 Rio Grande do Norte 47.952 61 1,3 Paraíba 31.364 46 1,5 Pernambuco 103.556 159 1,5 Alagoas 76.855 29 0,4 Sergipe 9.713 18 1,9 Bahia 171.619 592 3,4 Região Sudeste 578.599 891 1,5 Minas Gerais 293.426 611 2,1 Espírito Santo 44.126 55 1,2 Rio de Janeiro 16.361 40 2,4 São Paulo 222.511 185 0,8 Região Sul 352.599 281 0,8 Paraná 188.874 124 0,7 Santa Catarina 107.987 78 0,7 Rio Grande do Sul 54.817 79 1,4 Região Centro-Oeste 90.416 300 3,3 Mato Grosso do Sul 17.542 46 2,6 Mato Grosso 25.340 112 4,4 Goiás 38.946 130 3,3 Distrito Federal 8.127 12 1,5 Brasil 1.727.757 3.395 509 Fonte: SINAN/MS. (*) Dados de 2013, 2014 e 2015 sujeitos à revisão. (**) Coeficiente de letalidade por 1.000 acidentes http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/614-secretaria-svs/vigilancia-de-a-a-z/acidentes-por-animais-peco- nhentos/l1-acidentes-por-animais-peconhentos/13931-situacao-epidemiologica-peconhentos. Em 26 de outubro de 2016. 8 Módulo 1 - Animais Peçonhentos e Venenosos Serpentes Dentição Em relação ao tipo de dentição as serpentes podem ser classificadas em quatro tipos: áglifas, opistóglifas, proteróglifa e solenóglifas. • Áglifas: não há presas. Ex. a maioria das serpentes das famílias Dipsadidae e Colubridae. • Opistóglifa: apresentam um ou mais dentes modificados na parte posterior da maxila. Ex. Oxyrhopus sp., Philodryas sp. • Proteróglifa: presas pequenas com canal de veneno não completamente fechado, conectado às glândulas de veneno. Ex. Micrurus sp. • Solenóglifas: presas grandes que apresentam um canal interno completamente fechado ligando às glândulas de veneno. Ex. Bothrops sp., Crotalus sp. e Lachesis sp. 9 Módulo 1 - Animais Peçonhentos e Venenosos As serpentes possuem hábitos variados, algumas são arborícolas ou semi-arborícolas, ou seja, ficam boa parte do tempo nos galhos das árvores, são rápidas e geralmente apresentam uma coloração muito parecida com os galhos e folhas, como a papa-pinto, uma serpente muito veloz que, como o nome diz, alimenta-se de pássaros sendo comum encontrá-la na copa das árvores ou próximo a criações de aves. Outras são consideradas aquáticas, poissão encontradas a maior parte do tempo na água. Algumas possuem hábitos fossoriais, como as corais-verdadeiras e as cobras-da-terra, cavam o solo fazendo galerias, preferem o solo úmido, embaixo das folhas e troncos em decomposição. Serpentes como as jararacas, ruzeiras, cotiaras, jararacussus podem ser encontradas em campos, próximas as plantações e matas. Já as cascavéis são encontradas em campos abertos, em regiões secas e pedregosas, geralmente em locais mais altos, próximos a morros. A maioria das serpentes peçonhentas apresenta pupila vertical, como as jararacas, cruzeiras e cascavéis tem hábitos noturnos, ou seja, é à noite que elas saem a procura de alimentos (roedores). Já serpentes como a coral-verdadeira e grande parte daquelas que não apresentam perigo são encontradas durante o dia (hábitos diurnos). Hábitos e Habitat Fonte: Fotos: CIT/RS Fonte: Fotos: CIT/RS Hábitos noturnos Hábitos diurnos 10 Módulo 1 - Animais Peçonhentos e Venenosos As serpentes são carnívoras, alimentando-se de lesmas, minhocas, peixes, sapos, roedores e de outras serpentes. A muçurana é uma serpente não peçonhenta que se alimenta de outras serpentes, inclusive de peçonhentas. Muçurana é o nome popular de vários gêneros de serpentes ofiófagas, como Boiruna sp., Clelia sp e Pseudoboa sp., que são imunes aos venenos de jararacas, cruzeiras e cascavéis. Alimentação As corais-verdadeiras também são ofiófagas, alimentando-se de serpentes e outros répteis serpentiformes. Características das serpentes peçonhentas: Presença de fosseta lateral (órgão termorreceptor que permite que a serpente perceba a presença de animais homeotérmicos (temperatura constante). Exceção coral-verdadeira que não possui. • Cabeça triangular com escamas pequenas. Exceção coral-verdadeira • Pupila vertical. Exceção coral-verdadeira • Dentição tipo solenoglifodonte e proteroglifodonte Coral-verdadeira, Micrurus altirostris alimentando-se de uma falsa-coral, Oxyrhopus rhombifer. Fonte: Fotos: CIT/RS Fonte: Fotos: CIT/RS Fonte: Fotos: CIT/RS Fonte: Fotos: CIT/RS Fonte: Fotos: CIT/RS Olho Narina Fosseta Loreal Fosseta Loreal 11 Módulo 1 - Animais Peçonhentos e Venenosos Referências bibliográficas: RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Saúde. Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde. Centro de Informação Toxicológica. Animais peçonhentos [Internet]. Porto Alegre: CIT/RS, 2016. Disponível em: http:// www.cit.rs.gov.br/. Acesso em: 11 nov. 2016. SILVA, K. R. L. M.; MARQUES, M. G. B. M; NICOLELLA, A. (Org.). Manual de acidentes por animais peçonhentos e venenosos. Porto Alegre: CIT/RS, 2016. O e-book “Manual de acidentes por animais peçonhentos e venenosos” será fornecido gratuitamente a todos os alunos do curso. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR AZEVEDO-MARQUES, M. M.; HERING, S. E.; CUPO, P. Acidente crotálico. In: CARDOSO, J. L. C. et al. Animais peçonhentos no Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. São Paulo: Sarvier, 2003. p.91-98. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de controle de escorpiões. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 72 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de diagnóstico e tratamento dos acidentes por animais peçonhentos. Brasília: Ministério da Saúde, 1998. 131 p. FENWICK, A. M. et al. Morphological and molecular evidence for phylogeny and classification of South American pitvipers, genera Bothrops, Bothriopsis, and Bothrocophias (Serpentes: Viperidae). Zoological Journal of the Linnean Society, Londres, v. 156, n. 3, p. 617-640, 2009. FRANÇA, F. O. S.; MÁLAQUE, C. M. S. Acidente botrópico. In: CARDOSO, J. L. C. et al. Animais peçonhentos no Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. São Paulo: Sarvier, 2003. p. 72-86. LEMA, T. Os répteis do Rio Grande do Sul: atuais e fósseis – biogeografia – Ofidismo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002. 264 p. LUCAS, S. M. Aranhas de interesse médico no Brasil. In: CARDOSO, J. L. C. et al. Animais peçonhentos no Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. São Paulo: Sarvier, 2003. p.141-149. MELGAREJO, A. R. Serpentes peçonhentas do Brasil. In: CARDOSO, J. L. C. et al. Animais peçonhentos no Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. São Paulo: Sarvier, 2003. p.33-61. MORAES, R. H. P. Lepidópteros de importância médica. In: CARDOSO, J. L. C. et al. Animais peçonhentos no Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. São Paulo: Sarvier, 2003. p.211-219. WEN, F. H.; DUARTE, A. C. Acidentes por Lonomia. In: CARDOSO, J. L. C. et al. Animais peçonhentos no Brasil: biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. São Paulo: Sarvier, 2003. p.224-232. Módulo 1 - Animais Peçonhentos e Venenosos www. telessauders.ufrgs.br E-mail: contato@telessauders.ufrgs.br | Twitter/Facebook/Youtube: TelessaudeRS Entre em contato com a nossa equipe para mais informações sobre as ofertas do TelessaúdeRS/UFRGS. Dúvidas e informações sobre o curso: Site: www.telessauders.ufrgs.br E-mail: ead@telessauders.ufrgs.br Telefone: 51 3308 2098 ou 3308 2093 Equipe Responsável: A Equipe de coordenação, suporte e acompanhamento do Curso é formada por integrantes do Núcleo de Telessaúde do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS-UFRGS) e do Centro de Informação Toxicológica (CIT/RS). Ao Prof. Dr. Paulo Sérgio Bernarde, que gentilmente cedeu parte das fotos utilizadas no Guia e no módulo sobre serpentes, nosso muito obrigado. Coordenação Geral TelessaúdeRS-UFRGS Roberto Nunes Umpierre Marcelo Rodrigues Gonçalves Gerência de Projetos Ana Célia da Silva Siqueira Coordenação da Teleducação do TelessaúdeRS-UFRGS Ana Paula Borngräber Corrêa Conteudistas Kátia Rosana Lima de Moura da Silva Maria da Graça Boucinha Marques Alberto Nicolella Revisores (TelessaúdeRS-UFRGS) Ana Paula Borngräber Corrêa Roberto Nunes Umpierre Rosely de Andrade Vargas Projeto Gráfico Luiz Felipe Telles Diagramação e Ilustração Carolyne Vasquez Cabral Lorenzo Costa Kupstaitis Luiz Felipe Telles Edição/Filmagem/Animação Diego Santos Madia Rafael Martins Alves Divulgação Camila Hofstetter Camini Gustavo Oliva Barnasque Jovana Dullius Design Instrucional Ana Paula Borngräber Corrêa Equipe de Teleducação Angélica Dias Pinheiro Ylana Elias Rodrigues _GoBack
Compartilhar