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SKINNER E A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO Skinner foi um dos três pensadores mais estudados do século XX, ao lado de grandes nomes como Freud e Piaget. Skinner desenvolveu suas pesquisas a partir dos pensamentos de John B. Watson, que iniciou suas pesquisas científicas acerca do corpo, deixando para trás a ideia de que o corpo era uma "matéria divina", ele criou a teoria "estímulo-resposta", na qual o corpo humano responde a estímulos do ambiente. Diferente de Watson, Skinner defende em sua teoria que o homem constrói sua própria história, que não reage ao mundo, mas age sobre ele. De acordo com Martha Hubner, o ser modifica além de ser modificado pelo mundo. A ação de um estímulo em eliciar uma resposta era um bom exemplo de controle, e vários comportamentalistas permaneceram comprometidos com alguma versão do esquema estímulo-resposta por muitos anos; mas, de acordo com meus experimentos, o que acontecia depois que um organismo se comportava, desempenhava um papel muito mais importante do que o que acontecia antes (Skinner, 1989). Os estudos científicos de Skinner começaram sendo aplicados a ratos. Ele resolveu "testar" suas teorias antes em seres menores para somente depois iniciar com os humanos. Com sua experiência com os roedores, ele pregou a eficiência do "reforço positivo", um princípio que diz que os seres são sensíveis às consequências de seu comportamento, conforme Martha Hubner. Para Skinner, o ser humano é um "produto" de três histórias. A primeira é a história filogenética, que é a história de sua espécie. Dessa maneira, Skinner defende que muitas ações do ser humano são determinadas pela sua espécie. A segunda é a ontogenética, que é a história de vida individual de cada um, e a terceira é a cultura. Esses, de acordo com Hubner, são os três determinantes de nossas ações. Por exemplo, o ato de voar é algo impossível para os seres humanos, mesmo que alguém nos ensine a voar, jamais teremos asas, por causa de nossa espécie. A ontogênese é o comportamento que cada um adquire para com os outros, e a cultura envolve as práticas culturais aprendidas através do comportamento. Dessa maneira, os reforços positivos são individuais devido a ontogenética de cada um, e, assim, o que pode ser um reforço positivo para uma pessoa, pode não ser para outra. Segundo Skinner (1999), o comportamento humano é “o produto conjunto das contingências de sobrevivência responsáveis pela seleção natural das espécies e das contingências de reforçamento responsáveis pelos repertórios adquiridos por seus membros, incluindo as contingências especiais mantidas por um ambiente social que evoluiu”. Para Skinner, "o que nós fazemos é selecionado pelas consequências de nossa ação". O reforçamento positivo foi o primeiro princípio descoberto por Skinner, que, para Hubner, é "uma consequência específica que aumenta a probabilidade futura da ação que a precedeu." Por exemplo, quando um animal sente fome e "grunhe" , e você o alimenta, ele tende a voltar a ter esse comportamento, já que ele foi reforçado positivamente, pois o reforçador (você alimentá-lo) atendeu as necessidades do animal. O reforçador faz com que os comportamentos continuem ali. O aspecto ressaltado nessa advertência refere-se ao fato de que para um objeto funcionar eficazmente como reforçador, faz-se necessário que um outro evento ambiental estabeleça sua eficácia, conforme Abreu-Rodrigues (2007). Skinner é um defensor dos princípios de reforçamento positivo versus os princípios de punição, que seria denominado como o reforçamento negativo. Para Hubner, a punição decresce a probabilidade futura da resposta que a antecedeu. Essas consequências aversivas geram consequências emocionais colaterais, geram ansiedade, tensão, etc. Levando em conta todos os pensamentos e princípios abordados, Skinner descobriu que o ser humano é movido pela satisfação, pelo prazer, e pelas consequências de sua ação. Quando um ser faz uma ação que gera uma punição, ele tende a parar de fazer essa ação. Martha cita um exemplo de punição ao extremo: uma criança que deixa de ir à escola, provavelmente teve uma trajetória de consequências aversivas e punitivas, que decresceram todo o repertório comportamental da criança. Conforme Skinner, "dada as condições adequadas, todo ser aprende". Hubner acrescenta que não existe um aluno ou professor "problema", existe "uma relação de professor-aluno, relação entre as condições de ensino, características do aluno e as consequências arranjadas pelo ensino", e são essas relações que são problemáticas. Dessa maneira, ensinar é arranjar contingências de reforçamento, e o ideal da educação é o ensinamento de habilidades (como ler, por exemplo), cujo as consequências sejam naturais. Um aluno que erra bastante, por exemplo, tende a ter consequências aversivas, que diminuem a probabilidade de respostas. Muitas escolas antigamente pregavam que o sucesso vem através do caminho de pedras, do caminho de tentativa e erros, mas Skinner inverte todo esse raciocínio, e defende que o aprender deve ser saudável, gradual, agradável. Quando um educador quer que seu aluno aprenda a ler, por exemplo, é necessário ensinar gradualmente, aumentando o ritmo aos poucos. Para Skinner, o sistema de avaliações deve ser contínuo, pois cada ser pode aprender algo de maneira diferente. Então, por exemplo, quando um aluno realiza uma prova de um assunto que foi passado pelo educador durante o ano, se ele errar algo não significa que ele não aprendeu, significa que ele ainda está em processo de aprendizagem. Ele argumenta que as escolas devem ser um ambiente agradável para o aluno, para que isso o estimule a aprender. A escola nunca deve ser um local que “assusta” a criança, um local em que as pessoas são avaliadas. Diante disso, Skinner juntamente com o professor Fred Keller, criaram o ensino individualizado, em que o aluno aprende conforme seu ritmo, e os professores ensinam de acordo com a necessidade de cada aluno. Martha classifica como importante o “observar”, em que o educador precisa notar o repertório de comportamentos de seus alunos, e se houver mudança nesse repertório, tentar se adaptar ao que houve. Por exemplo, se uma criança costuma ser feliz todos os dias, e em um dia ela aparece chorando na escola, aconteceu alguma alteração que abalou o seu repertório, e a criança nesse estado não terá “força” para aprender. Por isso é sempre necessário entender o que está acontecendo na vida dos alunos, e o ensino individualizado facilita isso, já que o educador estará trabalhando diretamente com o aluno. Esse método de ensino permite que o aluno passe para uma fase seguinte somente quando a fase anterior estiver completamente entendida. “Em sumo, é preciso conhecer de forma clara (a) quem deve ser ensinado, (b) o que deve ser ensinado, (c) com que finalidade isso deve ser ensinado, (d) quanto deve ser ensinado (qual o nível de competência que se espera que o estudante possua) e (e) como deve ser ensinado” (Henklain; Carmo, 2013). Dessa maneira, a conclusão chegada por Skinner é que “precisamos pesquisar mais sobre aprendizagem e desenvolver melhores procedimentos de ensino, e com isso ter melhores condições para orientar os professores. Ainda que conquistemos melhores condições de trabalho para o professor e melhores escolas, ainda precisaremos nos preocupar com as práticas de ensino” (Skinner, 1972). Por fim, os estudos de Skinner comprovam o quão importante são os estudos acerca do comportamentalismo dos seres, além da teoria da aprendizagem baseada no comportamento de alunos. Os conceitos de reforço positivo e negativo, tal como o de reforçador, nos ajudam a entender como funcionam os seres desde o nascimento. Crescem aprendendo e moldando seus repertórios comportamentais de acordo com os estímulos e reforços que recebem. REFERÊNCIAS Coleção grandes educadores - Skinner e a análise do comportamento <Coleção Grandes Educadores - Skinner e a Análise do Comportamento -YouTube> Acesso em: março de 2021. HUBNER, Maria Martha Costa. Analisando a relação professor-aluno: do planejamento à sala de aula, (1987). HENKLAIN, Marcelo Henrique Oliveira; CARMO, João dos Santos. Contribuições da análise do comportamento à educação: um convite ao diálogo, ( 2013). SAMPAIO, Angelo Augusto Silva. Skinner: sobre ciência e comportamento humano, ( 2005). ABREU-RODRIGUES, Josele; RIBEIRO, Michela Rodrigues. Análise do comportamento, (2005). https://www.youtube.com/watch?v=0Hn9dN1_W4U&ab_channel=NAEduca%C3%A7%C3%A3o https://www.youtube.com/watch?v=0Hn9dN1_W4U&ab_channel=NAEduca%C3%A7%C3%A3o
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