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2 Sumário 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 3 2 MOTIVAÇÃO PARA ENSINAR E APRENDER E CONCEITO DE MOTIVAÇÃO ................ 4 2.1 Motivação extrínseca e motivação intrínseca ............................................................... 8 2.2 Qualidade e quantidade da motivação ......................................................................... 9 3 A APRENDIZAGEM ......................................................................................................... 11 3.1 Teorias da aprendizagem .......................................................................................... 11 3.1.1.1 A primeira geração: Behaviorismo Metodológico .............................................. 13 3.1.1.2 A segunda geração: Behaviorismo Radical ...................................................... 14 3.1.1.3 A terceira geração: Behaviorismo Social .......................................................... 15 3.1.2 Teoria cognitivista ................................................................................................ 17 3.1.3 Teoria Humanista ................................................................................................ 22 3.1.3.1 Concepção humanista na visão de Carl Rogers ............................................... 24 3.1.3.2 Concepção humanista na visão de Paulo Freire ............................................... 26 4 ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM E FATORES MOTIVACIONAIS RELACIONADOS ............................................................................................................................................ 28 4.1 Estratégias de aprendizagem ..................................................................................... 28 4.2 Fatores Motivacionais ................................................................................................ 30 4.3 Orientações motivacionais e metas de realização ...................................................... 31 4.4 Crenças de autoeficácia ............................................................................................. 32 4.5 Valor da tarefa ........................................................................................................... 34 4.6 Estratégias para motivar os alunos ............................................................................ 35 4.7 Papel do Psicólogo Educacional na motivação dos alunos ........................................ 35 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 37 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 MOTIVAÇÃO PARA ENSINAR E APRENDER E CONCEITO DE MOTIVAÇÃO Fonte: google.com Alguns comportamentos de alunos adequadamente motivados são citados por Alonso Tapia (2005 apud SCHWARTZ, 2019) como: “a frequência em sala de aula, a elaboração de perguntas, a busca de esclarecimento, a rapidez com que iniciam as tarefas propostas pelos professores, o envolvimento com elas, ausência de distração e de percepção da passagem do tempo que estão se dedicando à tarefa, manifestações de alegria e satisfação com o que estão aprendendo”. Destarte, subentende-se que a motivação adequada para o ensino e a aprendizagem se manifesta quando existem, por parte dos alunos, indicadores de: a) Interesse; b) Envolvimento; c) Esforço; d) Concentração; e) Satisfação. De acordo com Schwartz (2019) há a necessidade também de considerar se esses indicadores estão presentes de modo contumaz no cotidiano da sala de aula ou apenas para tarefas específicas, devendo-se para tanto serem feitas as seguintes diferenciações entre: “1) As razões que consciente ou inconscientemente orientam uma pessoa para agir em determinada direção, com certa intensidade, as quais 5 denominamos valores, interesses ou metas e que constituem a base da motivação. 2) Outros determinantes do comportamento em geral e das atividades de aprendizagem especialmente, que podem ser relacionadas às capacidades cognitivas, ao conhecimento prévio, aos esquemas de pensamento, que contribuem para desencadear a ação. 3) A influência dos fatores contextuais que podem facilitar ou inibir essas ações.” Dessa forma, a autora supracitada salienta que, embora o conceito de motivação na Psicologia se refira às razões pessoais que consciente ou inconscientemente orientam a atividade das pessoas em direção a alguma meta, para a motivação ser estabelecida outros fatores devem ser considerados, haja vista que curiosidade, interesse e esforço não surgem de modo isolado, podendo depender tanto do conhecimento prévio, dos esquemas de pensamento, como do contexto onde ocorrem as situações. Nesse contexto, é necessário explicitar o que se entende por curiosidade, interesse e atenção. Para Alves (2003, p. 8 apud SCHWARTZ, 2019), a curiosidade é “uma coceira nas idéias”, que pode ser provocada pela dúvida, pela sensação de desconhecimento, de surpresa, com atitudes inesperadas. “A curiosidade é a voz do corpo fascinado com o mundo. A curiosidade quer aprender o mundo. A curiosidade jamais tem preguiça”. Ainda sobre a curiosidade Barthes escreveu um ensaio sobre preguiça, dizendo que ela parece pertencer aos ambientes escolares, pois lá, os alunos “são obrigados a fazer o que não querem fazer, a pensar sobre o que não querem pensar”. O estudante, sem querer, sem curiosidade, arrasta-se pelo que lhe é imposto (SCHWARTZ, 2019). Já Alonso Tapia (2005 apud SCHWARTZ, 2019) afirma que ela é “um processo manifesto da conduta operatória ativado, dentre outras coisas, pelas características da informação, tais como: a novidade, a complexidade, a surpresa, a ambigüidade, que o professor pode utilizar para captar a atenção dos alunos”. Diferentemente de ter curiosidade, que significa direcionar a atenção para algo novo, surpreendente, incerto, interessar-se por algo demanda centrar e manter a atenção durante algum tempo nele. O interesse depende tanto de fatores pessoais como dos contextuais (ALONSO TAPIA, 1997 apud SCHWARTZ, 2019). Quando se depara com alunos desmotivados, tendemos a pensar que eles não se interessam por nada porque não entendem o que lhes é ensinado. Mas isso é um 6 engano, segundo Schwartz (2019). Alonso Tapia (1999 apud SCHWARTZ, 2019) defende que “o interesse está articulado com a motivação para ensinar e para aprender, que por sua vez está ligada à interação dinâmica entre as características pessoais e os contextos em que as tarefas escolares se desenvolvem”. No que se refere às características pessoais dos estudantes é importante se olhar para que metas eles têm no momento da aprendizagem e quais as repercussões objetivas que o alcance(ou não) delas possui. Com relação à influência do contexto do ensino e da aprendizagem, pode-se apontar de acordo com Schwartz (2019) alguns aspectos que nele interferem: “o modo de iniciar a aula, as interações do professor com os alunos e as que acontecem entre eles, o modo de propor as atividades, a explicitação dos critérios avaliativos e a coerência desses com a prática docente”. É necessário, segundo a autora, se pensar que a atuação dos professores, fatores que se encontram sob seu controle, podem interferir, qualificar ou anular os padrões motivacionais dos alunos. Destarte, para manter a atenção focada em algo é preciso que ela seja inicialmente despertada, contudo, com o transcorrer do tempo, se essa não for retroalimentada, pode ser perdida, transformando-se em hábito, desencadeando o não envolvimento com a tarefa. Em complemento a essa ideia, Pozo (2002 apud SCHWARTZ, 2019) observa que nem sempre os desejos estão adequadamente motivados e que se há persistência de envolvimento em um tipo de atividade será porque além do motivo inicial surgiram outros, o que para ela confirmaria a ideia de que motivar os indivíduos a aprender precisa ser constantemente reconstruída cotidianamente. Consoante Schwartz (2019), buscando explicar a motivação, estudiosos do comportamento humano fixaram sua atenção em determinado fatores e ignoraram, ou não priorizaram, outros. “Alguns destacaram aspectos considerados não cognitivos-impulsos, necessidades, fatores ambientais ou situacionais- enquanto outros enfocaram os aspectos percebidos como cognitivos- expectativas, metas, valores crenças, convicções- como elementos com potências determinantes para explicar e compreender (MORIN, 2003 apud SCHUWARTS, 2019), a motivação humana”. Foram abandonadas ao longo do processo de estudo da motivação posições simplificadoras, reducionistas, em prol da busca de uma compreensão mais integradora, complexa, que contemple influências de diferentes tipos e que 7 considere relações entre pensamentos, afetos, motivação e ação. “Motivação é palavra que muitas vezes utilizamos na tentativa de explicar/compreender o porquê de uma ação. É uma das repostas possíveis à pergunta referente aos motivos de determinado comportamento. Porém, as causas que podem determinar uma ação não são apenas motivacionais. As escolhas de atuação de uma pessoa podem ser explicadas/compreendidas também por determinantes sociais, cognitivos, afetivos, além dos motivacionais, com as idiossincrasias pertinentes” (SCHWARTZ, 2019). Huertas (2001 apud SCHWARTZ, 2019) afirma que motivação é “o que constitui o componente energético do ser humano, o que o move e direciona para algo que nem sempre é tangível nem evidente” (p. 47). A motivação produz a energia inerente às ações e aos comportamentos por ela desencadeados, que serão, geralmente, selecionados com base nas experiências prévias do sujeito. Assim, se tais experiências forem relacionadas a experiências similares prazerosas, os sentimentos dela advindos serão no sentido de aproximação, e, será de rejeição e/ou evitação em relação às que não geraram sentimentos agradáveis (SCHWARTZ, 2019). “São fatores cognitivos e afetivos os que também influenciam na escolha, direção, magnitude e qualidade da ação que pretende alcançar um objetivo determinado” (HUERTAS, 2001 apud SCHWARTZ, 2019). Nesse sentido, as características subjetivas dos sujeitos interagem com o contexto específico para desencadear um comportamento, orientando e mantendo o atendimento de suas demandas. Entretanto, para Schwartz (2019) não existe ausência de motivação. Os sujeitos estão sempre motivados, contudo, algumas vezes, no caso dos estudantes, suas motivações não vão ao encontro do que os professores desejariam, pois o envolvimento motivado para aprender necessita ser (re)construído, no dia a dia da sala de aula. Pode-se perceber, no cotidiano, que apenas a vontade de querer fazer alguma coisa, ter vontade, não é suficiente para fazê-la. Exemplos para isto não faltam: dieta, parar de fumar, começar a fazer exercícios, e outros. Dessa forma, “percebe-se que existem fatores externos que podem justificar certas ações, causas que se encontram na situação concreta onde estas acontecem, nas condições físicas, sociais, psicológicas, emocionais” (SCHWARTZ, 2019). As outras razões que não são motivacionais não necessariamente se encontram fora do sujeito, eis que também há determinantes pessoais como as 8 crenças, os valores, conhecimentos que resultam da elaboração cognitiva da experiência pessoal e que também orientam o tipo de ação de cada um. Motivação é um tema complexo (MORIN, 1998, 1999, 2000 apud SCHWARTZ, 2019), assim como são as articulações desse fenômeno com os processos de ensino e de aprendizagem. Nesse sentido, “quando os professores se referem à motivação como causa de não aprendizagem precisam estar conscientes da complexidade do fenômeno e da ausência de consenso teórico sobre ele. No entanto, tanto o conceito de motivação como o de gravidade parecem ser mais fáceis de descrever (em termos de efeitos observáveis) do que de definir. É claro que isto não tem impedido os sujeitos de tentar fazê-lo” (DORNYEI, 2001 apud SCHWARTZ, 2019). Kleinginna e Kleinginna (1981 apud SCHWARTZ, 2019) compilaram mais de cem definições diferentes sobre motivação. Murphy e Alexander (2000 apud SCHWARTZ, 2019) classificaram quase setenta conceitos buscando sistematizar e compreender os elementos comuns à compreensão do termo. Pode-se perceber, pois, que o conceito de motivação é complexo, polissêmico e multidimensionável. Mas, seja qual for a perspectiva ou conceito que se adote, o que sempre se verifica é a existência de dois tipos de motivação: extrínseca e intrínseca. 2.1 Motivação extrínseca e motivação intrínseca A motivação pode ser classificada em extrínseca e intrínseca. Na motivação extrínseca, o mundo exterior influencia decisivamente no controle da conduta, de modo que os fatores motivacionais não são inerentes nem ao sujeito nem à tarefa, mas simplesmente ao resultado da interação entre ambos. Em contrapartida, segundo Filomena (2011), na motivação intrínseca o controle da conduta depende sobretudo do sujeito em si, dos seus próprios interesses e disposições. Lefrançois (2008 apud PEREIRA, 2019) afirma que a motivação intrínseca advém de motivos próprios do mundo interno, sendo especialmente ligada a sentimentos como orgulho e satisfação. Já a motivação extrínseca advém de motivos próprios do mundo externo do sujeito, como elogios, presentes, agrados, comida e ou recompensas alheias ao objetivo específico da ação efetuada. A motivação extrínseca está relacionada, assim, tal como reforça Tapia (1997 apud RIBEIRO, 2011), com metas externas, ou seja, com situações em que a conduta se produz com a finalidade de apenas se receber uma recompensa ou se 9 evitar qualquer punição ou castigo. Nesse tipo de situação, o sujeito preocupa-se sobretudo com a sua imagem, com o seu “eu”. Já a motivação intrínseca, por sua vez, está relacionada a situações em que não há necessariamente recompensa deliberada, isto é, relaciona-se com tarefas que satisfazem por si só o sujeito; correspondem-lhe, por isso, metas internas. “Vários autores identificam as metas externas como metas de rendimento e as metas internas como metas de aprendizagem” (Arias, 2004 apud RIBEIRO, 2011). De acordo com Ribeiro (2011), os alunos que possuem metas de aprendizagem tem maior facilidade em envolver-se na própria aprendizagem, de forma a adquirir conhecimentos e desenvolver competências, ao passo que alunos com metas de rendimento estão mais preocupados em demonstrar os seus níveis de competência e com os juízos positivos que deles se possa fazer. Com relação às tarefas escolares, os alunos movidos por motivação intrínseca têm,assim, o objetivo de desenvolver as suas competências, enquanto aqueles que, ao contrário, são sobretudo impulsionados por mecanismos de motivação extrínseca, tem por objetivo apenas obter avaliações positivas (FONTAINE, 1990; ARIAS, 2004 apud RIVEIRO, 2011). Ribeiro (2011) menciona que alguns alunos quando confrontados com tarefas específicas reagem por um aumento de esforço, de persistência e de maior envolvimento na ação, e outros, ao contrário, tentam escapar-se e manifestam reações de inibição. “Destes dois tipos de comportamento advêm geralmente resultados escolares diferentes, mais satisfatórios no primeiro e menos no segundo, algo que vários autores atribuem a diferenças motivacionais dos sujeitos” (Fontaine, 1990 apud RIBEIRO, 2011). 2.2 Qualidade e quantidade da motivação Para Nunes e Silveira (2015), a motivação pode ser classificada como de maior ou menor intensidade, no que se refere à sua quantidade. As autoras explicam que alguns estudos têm demonstrado que “o desempenho do sujeito será melhor quando a motivação estiver em um nível médio, ou seja, suave. Isto quer dizer que a motivação muito baixa não promove a ação para aprender, pois o indivíduo não tem desejo, não se mobiliza” (p. 113). 10 Noutra quadra, tem-se que a motivação muito alta, rapidamente gera estresse, cansaço, superexcitação e ansiedade; o que pode prejudicar o raciocínio e a recuperação de informações da memória, necessárias ao aprender (BORUCHOVIT e BZUNECK, 2004 apud NUNES; SILVEIRA, 2015). No que se refere à qualidade da motivação, há algumas distorções na natureza dos motivos que levam um indivíduo a aprender. Neste sentido, as autoras supracitadas argumentam que existem alunos que fazem rapidamente as atividades apenas com o intuito de se livrar de algo desprazeroso, enquanto existem alunos muito preocupados com certificados e diplomas, alunos com medo da reprovação, alunos que desejam ser os melhores, alunos pressionados pelas famílias etc. “Essas distorções, em geral, estão associadas a sentimentos de medo, ansiedade, frustração e irritação, o que pode resultar em um menor envolvimento com a aprendizagem e em uma queda nos resultados expressos por meio de notas e relatórios escolares. É preciso considerar ainda as situações em que o aluno apresenta interesse por uma determinada atividade, mas as razões que o mobilizam estão vinculadas à aprovação dos outros, ao medo do fracasso, à preservação de uma autoimagem etc. Embora aparentemente estejam motivados, os alunos podem estar vivendo situações de intenso sofrimento psíquico” (NUNES; SILVEIRA, 2015). Outro aspecto qualitativo importante a ser levantado é a abrangência da motivação, ou seja, até onde e para quais atividades o aluno vai estar motivado. Equivocadamente, acontece de muitas vezes um aluno ser rotulado como desmotivado porque ele não se interessa por uma determinada disciplina ou atividade. Contudo, Nunes e Silveira (2015) ponderam no sentido de que ninguém está motivado o tempo todo e para todas as direções. Um aluno não está necessariamente desmotivado para tudo que acontece na sala de aula, ou ao contrário, está motivado para todas as atividades ali propostas. É preciso segundo as autoras considerar as dificuldades, os interesses e os desejos que apresentam os alunos, bem como os condicionantes pessoais e contextuais envolvidos nessa dinâmica. 11 3 A APRENDIZAGEM Fonte: fundacaotelefonica.org.br Para Anacleto (2015, p. 2 apud ANDRADE et al., 2019) “a aprendizagem é um processo que caminha lado a lado com as vidas de todas as pessoas, por isso o processo de como aprender é motivo de discussão - principalmente - quando está ligado a aprendizagem formal desenvolvida nas escolas”. Assim, aspectos como: habilidade, atitude, interesse, personalidade e maneira de viver dos sujeitos aprendizes, devem ser considerados no processo de ensino-aprendizagem. A grosso modo, aprender pode ser encarado como adquirir informações. Não deve-se esquecer que aprender, também, envolve mudanças de comportamentos. Destarte, as teorias de aprendizagem têm sua origem no esforço de psicólogos ao longo da história no sentido de organizar as observações, hipóteses, palpites, leis, princípios e suposições relacionados ao comportamento humano (LEFRANÇOIS, 2017 apud ANDRADE et al., 2019). 3.1 Teorias da aprendizagem De uma maneira não muito abrangente, teoria é uma “tentativa humana de sistematizar uma área de conhecimento, uma maneira particular de ver as coisas, de explicar e prever observações, de resolver problemas” (PIVA JR. et al., 2011, p. 47 apud RODOLFO et al., 2020) Conforme definido por Moreira (2011, p. 12 apud SANTOS; GHELI, 2015) http://fundacaotelefonica.org.br/ 12 “Uma teoria de aprendizagem é, então, uma construção humana para interpretar sistematicamente a área de conhecimento que chamamos aprendizagem. Representa o ponto de vista de um autor/pesquisador sobre como interpretar o tema aprendizagem, quais as variáveis independentes, dependentes e intervenientes. Tenta explicar o que é aprendizagem, por que funciona e como funciona”. O campo de estudo das teorias da aprendizagem é geralmente classificado em: behaviorista (comportamentalista), cognitivista e humanista, como é exposto a seguir. 3.1.1 Teoria Behaviorista ou comportamentalista. O termo behaviorismo foi utilizado pela primeira vez em 1913 por John B. Watson, nos Estados Unidos, oportunidade em que publicou um artigo intitulado de “Psicologia: como behavioristas a vêem”. Na língua inglesa o termo behaviorismo significa “comportamento”e graças a essa denominação é que a tendência também ficou bastante conhecida como comportamentalismo (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2001, p. 57; FREIRE, 2002, p. 67; MOURA, 2016, p. 7; LEFRANÇOIS, 2017, p. 47; MOREIRA, 2018, p. 96 apud ANDRADE et al., 2019). Segundo Freire (2002 apud ANDRADE et al., 2019) e Moreira (1999 ANDRADE et al., 2019), Watson teria se baseado nos estudos de psicologia animal que já estavam bem encaminhados no florescer do século XX, graças aos estudos de Ivan Pavlov (1849-1936), que procurava explicar que toda aprendizagem estava ligado ao condicionamento. Foi graças aos seus experimentos realizados com cães que Ivan Pavlov influenciou o behaviorismo. Ele percebeu, por meio de observações, que a simples presença do tratador de cães com o prato de comida fazia com que os mesmos salivassem (LEFRANÇOIS, 2017, p. 36 apud ANDRADE et al., 2019) “Foi no estudo com animais em laboratório, em especial a digestão de cães, que Pavlov percebeu que alguns estímulos provocavam a salivação e a secreção estomacal no animal, o que deveria ocorrer apenas quando o animal ingerisse um alimento. A partir disso, ele percebeu que o comportamento do cão estava condicionado a esses estímulos, normalmente aplicados poucos instantes antes do cão se alimentar” (OSTERMANN E CAVALCANTI, 2011, p. 14 apud ANDRADE et al., 2019). O estudo de Pavlov recebeu o nome de reflexo condicionado e foi utilizada 13 pelos behavioristas para o estudo dos processos psíquicos. O estudo dos processos de elaboração do comportamento pôde tornar-se realidade graças a técnica do condicionamento (FREIRE, 2002. p. 68 apud ANDRADE et al., 2019). “A teoria do condicionamento Respondente de Pavlov se enquadra na ampla categoria de teorias que podem ser descritas em termos de estímulo e reposta” (LA ROSA, 2003, p. 41 apud ANDRADE et al., 2019). “No experimento com os cães a comida refere-se ao estímulo incondicionado (US), por tratar-se de um evento ambiental que afetava organismo dos cães. Já a salivação, advinda da resposta a presença do alimento, foi chamada de resposta condicionada (UR), por estar atrelada a um (US). Pavlov provou que seum US fosse ligado a outro estímulo, repetidas vezes, poderia desencadear outro estímulo provocado originalmente pelo US, que nesse caso seria a salivação, nomeado de estímulo condicionado, dessa maneira toda vez que soasse uma campainha os cães salvariam” (LEFRANÇOIS, 2017, p. 36 apud ANDRADE et al., 2019). Para melhor compreensão do conjunto de ideias sobre a análise do comportamento, a seguir é feita uma abordagem das características relacionadas aos três principais modelos de behaviorismo, visto que, desde a sua primeira geração, a noção de “comportamento” sofreu importantes transformações. 3.1.1.1 A primeira geração: Behaviorismo Metodológico Com a publicação de “Psicologia: como os behavioristas a veem”, John B. Watson inaugura, em 1913, o termo que passa a denominar uma das mais expressivas tendências teóricas ainda vigentes: o Behaviorismo. Ao apresentar o comportamento como objeto de estudos da Psicologia, Watson estabelece um objeto de estudos “[...] observável e mensurável, cujos experimentos poderiam reproduzir diferentes condições e sujeitos” (WATSON, John, p. 45, 1913 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018). O behaviorismo metodológico tem como base o realismo, sendo que este último defende a ideia de que há um mundo real, que se dá no mundo real, e que é a partir desse mundo real externo (objetivo), que se constitui o mundo interno (subjetivo). Paradoxalmente, Baum (1999 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018) afirma que conta-se apenas com a experiência interna que é fornecida pelos nossos sentidos, haja vista que o mundo externo (objetivo) não é acessível diretamente. Por 14 conseguinte, os sentidos fornecem apenas dados sensoriais sobre aquele comportamento real que nunca se conhece diretamente. 3.1.1.2 A segunda geração: Behaviorismo Radical O Behaviorismo Radical é introduzido por B.F. Skinner, em 1945 e trata-se de corrente que defende a análise experimental do comportamento. Contrariamente ao Behaviorismo Metodológico de Watson, de caráter realista, o pensamento de Skinner adota os princípios do pragmatismo, ao se preocupar com a funcionalidade do objeto real observável, mensurável, e não com a existência de um objeto real por detrás desses efeitos (BAUM; FURTADO, 1999 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018). Os behavioristas desta geração tentam romper com a dualidade mundo objetivo-mundo subjetivo e adotam conceitos e termos ao invés de se sustentarem em métodos. “[...] os termos que usamos para falar do comportamento não apenas nos permitem compreendê-lo, mas também o definem: comportamento inclui todos os eventos sobre os quais podemos falar sobre eles com os nossos termos inventados” (SKINNER, 1974 apud BAUM, 1999, p. 45 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018). Portanto, os behavioristas radicais postulados por Skinner entendem que, todos os eventos naturais, sujeitos a acessos, incluindo acontecimentos públicos e privados (os fictícios são excluídos), não podem ser acessados. A mente e os processos, vistos como causas mentais do comportamento, são considerados fictícios e, por conseguinte, constituem “termos” que devem ser evitados. Dessa forma, percebe-se que os behavioristas radicais assumem a ideia de que as causas do comportamento encontram-se na hereditariedade e no ambiente passado e presente. Skinner (1974 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018) enfatiza: “O behaviorismo radical restabelece um certo tipo de equilíbrio. Não insiste na verdade por consenso e pode, por isso, considerar os acontecimentos privados dentro da pele. Não considera tais acontecimentos inobserváveis e não os descarta como subjetivos. Simplesmente questiona a natureza do objeto observado e a fidedignidade das observaçõe”s (p. 19). Segundo Coelho e Dutra (2017/2018) o Behaviorismo Radical se propõe a 15 explicar o comportamento animal por meio do modelo de seleção por consequências. Conforme os autores salientaram, “Para Skinner, a maior parte dos comportamentos humanos são condicionados de maneira operante. O termo radical se explica pela análise voltada para a raiz de um fenômeno de comportamento específico” (p. 56). Vale ressaltar que, segundo Botomé (2013), o termo “operante” retromencionado foi acrescido por Skinner para referir-se ao comportamento dos organismos vivos e acabou sendo mais que um adjetivo. Ele representou a síntese de uma descoberta que alterou o que era entendido pelo termo “comportamento”. Com o termo “operante”, de acordo com Botomé (2013), Skinner inclui a noção de que “o que um organismo “fazia” era uma operação de mudança em relação a seu ambiente (e este último termo era um conceito mais esclarecedor a respeito do que, para muitos, era a “realidade” ou o “mundo” até então)”. Registra-se, assim, que o operante é completamente aprendido, ele não é, portanto, uma resposta que tem caracteríticas inatas, haja vista que ele é decorrente de um processo em que a resposta produz consequências, as quais alteram a própria resposta. Exemplificando: Comportamento de dirigir - ao aprender a dirigir o sujeito começa a emitir uma resposta de manusear os instrumentos (acelerar, p.ex.) e a partir daí a consequência (aumento da velocidade) irá modelando o comportamento dele (freiar). No exemplo, verifica-se que foi emitida a resposta “acelerar” pelo sujeito e, com o aumento da velocidade decorrente da resposta inicial “acelerar”, ele alterou essa resposta passando da aceleração para a frenagem. Em resumo, comportamento operante consubstancia-se na interação específica entre as características do que o organismo faz com as do ambiente em que o faz. A aprendizagem no behaviorismo radical, então, é aquela decorrente de um comportamento modelado pelo ambiente e suas consequências. 3.1.1.3 A terceira geração: Behaviorismo Social Validando a ideia de que as revoluções são feitas, geralmente, contra quem está no poder, mas em desacordo, porém, à observações extremistas que derrubam a velha ordem e não se preocupam em separar o que é certo e errado, Staats (1980 16 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018, p. 56) toma para si a posição de representante da 3ª geração de behavioristas, “cujo objetivo era caminhar ao encontro de uma explicação do comportamento que leva em conta a interação homem-ambiente de uma forma mais ampla, além de transpor as duas gerações de behavioristas anteriores”. “Grosso modo, ao se abordarem as características dos três principais modelos de behaviorismo, o metodológico, que tem por base o realismo e cuja a expressão máxima é Watson; o radical toma como base os princípios do pragmatismo e que tem como representante maior Skinner; e o behaviorismo social, nasce com Staats, em oposição aos dois programas anteriores por considerá-los sistemas fechados e, portanto, reducionistas, procura-se demonstrar, ainda que de forma sucinta, que o behaviorismo é direcionado a uma concepção mais humanística do comportamento” (COELHO; DUTRA, 2017/2018, p. 56). Contudo, é no Brasil, de acordo com Bock (2008 COELHO; DUTRA, 2017/2018), que o behaviorismo de Skinner influencia psicólogos, assim também como em vários países do mundo onde a psicologia americana se faz mais presente. Salienta-se ainda, que no Brasil, o termo behaviorismo que significa “comportamento”, como já dito, também é usado como comportamentalismo, análise experimental do comportamento, entre outros. O pilar do pensamento skinneriano está na formulação do comportamento operante que tem como base histórica o comportamento respondente. Bock (2008 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018) faz afirmações e dá alguns exemplos desse comportamento: “O comportamento reflexo ou respondente é o que usualmente chamamos de “não voluntário” e inclui as respostas que são eliciadas (ou produzidas) por estímulos antecedentes do ambiente. Como exemplo, podemos citar a contração das pupilas quando uma luz forte incide sobreos olhos, a salivação provocada por gotas de limão colocadas na ponta da língua, o arrepio da pele que recebe um ar frio etc” (p. 59). De acordo com Bock (2008 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018), os mecanismos de condicionamento operante que Skinner considera importantes são: “-Reforço positivo ou recompensa: todo evento que aumenta a probabilidade futura da resposta que o produz; - Reforço negativo: todo evento que aumenta a probabilidade futura da resposta que o remove ou atenua; - Extinção ou ausência de reforço: respostas que não são reforçadas são pouco prováveis que se repitam (ignorando as condutas erradas dos estudantes, a conduta esperada deve extinguir-se); - Castigo: respostas que são punidas podem gerar consequências não desejáveis (uma punição tardia a um estudante poderia não ter efeito 17 algum)” (p. 63). Também é apontado por Bock (2008 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018) que o condicionamento operante abrange um amplo leque de atividades humanas e dos comportamentos que vão do berço aos mais sofisticados apresentados pelos adultos. Nesse ponto, de acordo com Bock (2008 apud KELLER, 1973), todos os movimentos de um organismo, dos quais se possa dizer que em algum momento têm efeito sobre o mundo ao redor ou fazem algo a ele, são incluídos pelo comportamento operante. Dessa forma, pode-se dizer que o comportamento operante atua sobre o mundo direta e indiretamente. Para Moreira (2009 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018), na teoria comportamentalista criada por Skinner, “o ensino é obtido quando o que é ensinado pode ser colocado em condições de controle sob o comportamento observável” (p. 58). Assim, o comportamento observável é obtido quando o comportamento não desejado é punido e o desejado é reforçado e incentivado com estímulos até que ele se torne automático. As maiores contestações ao sistema de Skinner percebe-se no fato de ele ignorar o processo cognitivo interno que ocorreu no aprendiz e centrar-se exclusivamente no efeito causado por uma dada tarefa de aprendizagem. Por fim, é de se ressaltar que embora Skinner, Watson e Staats terem tido bastante destaque no behaviorismo, outros ilustres nomes também tiveram, tais como: Floyd Allport; Albert Weiss; Edwin B. Holt; Waiter S. Hunter; Karl S. Lashley; Clark L. Hull; Edward C. Tolman; Guthrie; Max Meyer; Lorenz; Skinner e Gagné (FREIRE, 2002, p. 69 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018). 3.1.2 Teoria cognitivista Em meados da década de 1970 um número considerável de psicólogos, começava a rejeitar o modelo clássico do estímulo e resposta do Behaviorismo, que tendia a ignorar atividades humanas, como o raciocínio, o planejamento, a tomada de decisões e a comunicação, e buscava cada vez mais tentar entender o que acontecia dentro da mente humana. Nesse contexto, surge o movimento conhecido 18 como cognitivista. Judith Grenne (1976 apud PENNA, 1984 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018) conceitua esse movimento como uma “[...] corrente que julga impossível entender as relações input/output registradas no comportamento humano sem levar em conta as estratégias e regras que determinado sujeito está usando frente a um impasse” (p. 3). Já Sternberg (2000 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018, p. 38) define a Psicologia Cognitiva como “[...] o estudo de como as pessoas percebem, aprendem, recordam e ponderam as informações”. Por outro lado, o Cognitivismo pode ser descrito como uma perspectiva psicológica sugerindo que o estudo da maneira como as pessoas pensam levará a um amplo insight sobre grande parte do comportamento humano. Segundo a Teoria Cognitivista, a aprendizagem não se limita a uma simples resposta a estímulos externos, haja vista que trata-se de um processo ativo de interpretação e organização do conhecimento adquirido, o que comporta uma modificação cognitiva no sujeito. De acordo com Marilia Gago, o educando é “[...] um agente ativo, capaz de criar o seu próprio mundo e de evoluir continuamente, à medida da experiência que vai adquirindo e vivenciando” (GAGO, 2012, p. 15 apud CARVALHO, 2018). Entender como as pessoas pensam é algo que estimula a investigação neste campo há muito tempo. E, a todo momento surgem teorias, modelos e propostas de estruturas cognitivas para tentar explicar algo que aos menos conhecedores pode parecer muito difícil de explicar. Moreira e Masini (1982 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018) elaboram o conceito de cognição: “É o processo através do qual o mundo de significados tem origem. À medida que o ser se situa no mundo, estabelece relações de significação, isto é, atribui significados à realidade em que se encontra. Esses significados não são entidades estáticas, mas pontos de partida para a atribuição de outros significados. Tem origem, então, a estrutura cognitiva (os primeiros significados), constituindo-se nos pontos básicos de ancoragem dos quais derivam outros significados” (p. 3). Em posição contrária ao Behaviorismo, a Psicologia Cognitiva, enfatiza os processos internos. Ela volta-se para o processo de cognição com o qual o sujeito atribuiu sentidos à realidade. Também analisa o processo de compreensão, modificação e usos da informação adquirida e investiga as leis gerais que enseja 19 este mecanismo (CARVALHO, 2018). Em outras palavras, a psicologia cognitiva, em detrimento do behaviorismo, está interessada nos processos mentais superiores em contraposição ao comportamento observável. Ela tem como foco de estudo o modo como as pessoas percebem, aprendem, lembram e pensam a informação. Além disso, cambiou o foco da pesquisa com animais para a prioritária pesquisa com humanos (STERNBERG, 2008, p. 40; LEFRANÇOIS, 2015, p. 2016 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018). Lefrançois (2015 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018) desenvolveu uma tabela com as principais diferenças entre o behaviorismo e o cognitivismo: Tabela 1 - Diferenças básicas entre o behaviorismo e o cognitivismo: Behaviorismo Cognitivismo Conceitos principais Estímulos, respostas, contiguidade, reforçamento Processos mentais superiores (pensamento, imaginação e solução de problemas) Metáforas principais Qualidades mecânicas do funcionamento humano Metáfora de processamento da informação e as baseadas em computador Sujeitos de pesquisa mais comum Animais; algumas pesquisas com sujeitos humanos Humanos; pesquisas com alguns animais não humanos Objetivos principais Descobrir relações previsíveis entre estímulos, respostas e consequências das respostas Fazer interferências úteis sobre os processos mentais que influenciam e determinam o comportamento Amplitude das teorias Geralmente pretendem explicar todos os aspectos significativos do comportamento Geralmente mais limitadas em amplitude; buscam explicar processos e comportamentos mais específicos Enfim, pelas diferenças expostas, depreende-se que o Cognitivismo contrapõe e dá ênfase ao que é ignorado pela teoria behaviorista, que tem seu foco nos aspectos biológicos e no comportamento humano, por meio da análise da mente. O Cognitivismo possui uma abordagem que implica estudar cientificamente a aprendizagem como um produto do ambiente, das pessoas e de fatores externos, não como um fator internalizado do indivíduo mecanicamente. Com isso, busca criar uma rede de significados (COELHO; DUTRA, 2017/2018). De acordo com Bock (2008 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018), a abordagem da teoria cognitivista diferencia a aprendizagem mecânica da significativa, uma vez que 20 “defini a aprendizagem mecânica como o tipo de aprendizagem de novas informações, com pouca ou nenhuma associação a conceitos já existentes na estrutura cognitiva ou quando o material aprendido não encontra eco na biologia do sujeito, pois ela não interage com os conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva, sendo armazenada de forma arbitráriae literal” (p. 59) . Dessa forma, o conhecimento adquirido fica arbitrariamente distribuído na estrutura cognitiva, sem se ligar a conceitos específicos. A aprendizagem significativa também é definida por Bock, que esclarece que esta processa-se quando um novo conteúdo (ideias ou informações) se relaciona com conceitos relevantes, claros, disponíveis na estrutura cognitiva, sendo assim assimilado por ela. E nomeia como conceitos disponíveis os pontos de ancoragem ou subsunçores para aprendizagem (BOCK, 2008 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018). Sobre subsunçores, Ausubel (1963 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018) defende que subsunçor “é uma referência ou proposição que já exista na estrutura cognitiva do aprendiz que serve como interface para uma nova informação e permite ao indivíduo atribuir-lhe significado” (p. 60). Neste ponto, a aprendizagem significativa caracteriza-se por uma interação e não por uma simples associação de informações. Moreira (2006 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018) complementa dizendo que : [...] a aprendizagem significativa é um processo pelo qual uma nova informação se relaciona de maneira substantiva, não arbitrária e não literal a um aspecto relevante da estrutura significativa do indivíduo. A nova informação interage com uma estrutura cognitiva presente (p. 15). Para Ausubel (1963 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018), “a aprendizagem significativa é o mecanismo humano, por excelência, para adquirir e armazenar a vasta quantidade de ideias e informações representadas em qualquer campo de conhecimento” (p. 60). Referido autor ainda afirma que na aprendizagem há três vantagens essenciais em relação à aprendizagem memorística: “em primeiro lugar, o conhecimento que se adquire de maneira significativa é retido e lembrado por mais tempo; em segundo, aumenta a capacidade de aprender outros conteúdos de uma maneira mais fácil, mesmo se a 21 informação original for esquecida; em terceiro, faz-se necessário modificar estruturas cognitivas do sujeito, como resultado do aprender significativamente” (AUSUBEL, 2006 apud COELHO; DUTRA, 2018/2018, p. 60). Com relação à ampliação e à mudança de estruturas do aprendente, Piaget (1997 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018) postula que “é preciso provocar discordâncias ou conflitos cognitivos que representem desequilíbrios a partir dos quais, mediante atividades, o aluno consiga reequilibrar-se, superando a discordância reconstruindo o conhecimento” (p. 60). Para tanto, é preciso que as aprendizagens não sejam excessivamente simples, o que provocaria frustração ou rejeição. A aprendizagem mecânica, por sua vez, se dá quando o aprendiz decora fórmulas, leis, esquemas que logo irá esquecer. Esse tipo de aprendizagem caracteriza-se ainda pela incapacidade de utilização e transferência desse conhecimento. Ausubel não estabelece uma distinção entre elas (significativa e mecânica), pensando-as mais como um conjunto de situações contínuas (AUSUBEL, 1963; MOREIRA, 2006 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018). Ainda de acordo com a teoria proposta por Ausubel, a aprendizagem pode ocorrer por descoberta ou por percepção. Na primeira (por descoberta), o aluno aprende solitariamente e deve descobrir os princípios ou por relação ou a partir da solução de problemas. Na aprendizagem por percepção, o aluno recebe a informação finalizada e seu trabalho é atuar sobre esse material a fim de relacioná- lo à ideias em sua estrutura cognitiva. Segundo Filatro (2003 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018), “os primeiros sinais da chamada revolução cognitiva nos campos do desenho instrucional foram lançados por Piaget nos anos da década de 1920, mas evidenciaram-se nas décadas de 1950-1960” (p. 61). A autora faz uma comparação das estruturas cognitivas com a mente humana, informando que: “A intensa ênfase sobre esquemas mentais que caracteriza o cognitivismo coincide historicamente com o desenvolvimento da tecnologia computacional a partir da metade do século XX, revelando uma compreensão dos processos mentais que se assemelha aos padrões de funcionamento das máquinas de computação. A comparação da mente humana com as estrutura básica de um computador estabeleceu como novo paradigma o modelo de processamento da informação” (FILATRO, 2003, p. 81 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018). Filatro (2004 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018) afirma ainda que, 22 “De acordo com esse modelo, a mente tal qual um computador, recebe inicialmente registros sensoriais que são processados e armazenados na forma de esquemas, os quais são ativados e reestruturados no processo de aprendizagem, e recuperados quando necessário” (p. 81). Numa perspetiva multimídia, Moran (1998 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018) infere que o processo de construção do conhecimento é mais livre, menos rígido e com conexões mais abertas, que passam pelo sensorial, pelo emocional e pela organização racional. Assim, a organização do pensamento e do conhecimento se torna provisória e mutável com facilidade, criando convergências e divergências instantâneas, com processamento múltiplo e de resposta imediata. É apontado ainda por Moran (2004 apud COELHO; DUTRA, 2017/2018) que “o indivíduo aprende pelo interesse, pela necessidade, quando vivencia, experimenta, sente, estabelece vínculos, descobre novas possibilidades e integra o sensorial, o racional, o emocional, o ético, o pessoal e o social” (p. 62). Finalmente, afirma que o indivíduo aprende quando “interage com os outros e o mundo e, depois, quando interioriza, quando se volta para dentro, fazendo sua própria síntese, no reencontro do mundo exterior a reelaboração pessoal” (p. 62). “A cognição, portanto, enquanto visão de como o indivíduo internaliza e externaliza as informações que recebe transformando-as em conhecimento significativo, pode envolver uma grande estrutura comportamental quando transferidas para o campo do desenho instrucional em um ambiente virtual de aprendizagem” (COELHO; DUTRA, 2017/2018). 3.1.3 Teoria Humanista Para Andrade et al. (2019), a concepção humanista de aprendizagem é uma abordagem filosófica que coloca o ser humano como figura central no processo de ensino-aprendizagem. Argolo et al. (2009 apud COSTA; DANTAS; VAL, 2019) afirmam que “a proposta da teoria humanista está voltada para uma abordagem centrada na pessoa, em que o professor é um facilitador não interferindo diretamente no campo cognitivo e afetivo do aluno que é um agente ativo e tem liberdade para escolher os caminhos que deseja seguir para subsidiar a construção do seu próprio conhecimento”. Conforme ensina Andrade et al. (2019), a “teoria de aprendizagem” com viés humanista 23 “valoriza o todo que forma o ser humano numa estrutura holística, a qual compreende um conjunto integrado e indissociável de ações, pensamentos e sentimentos, valorizando, fundamentalmente, os aspectos afetivos e emocionais no desenvolvimento da aprendizagem do aluno. A perspectiva de ensino com viés humanista deve contribuir efetivamente para o crescimento e a auto realização do indivíduo no processo de ensinoaprendizagem” (p. 234). A teoria humanista tem, então, seu foco na autorrealização do sujeito, ou seja, o sujeito como produtor do seu conhecimento, diferindo assim da abordagem behaviorista, que prioriza estímulos como fator principal para a aprendizagem, e da abordagem cognitivista, que valoriza a cognição como exteriorização da assi- milação do aluno em relação ao conteúdo escolar (RODOLFO et al., 2020). Segundo Leão (2014 apud ANDRADE et al. 2019), é imprescindível para a solidificação da aprendizagem que haja a troca de experiências entre o sujeito e o objeto, por meio de conflitos e interações, visto que a relação afetiva e social que se constrói ao longo deste processo pode proporcionar ganhos reais para a aprendizagem, os quais não eram levados em consideração nasabordagens de aprendizagem comportamentalista e cognitivista. Consoante Moreira (1999 apud ANDRADE et al. 2019), a aprendizagem adquirida por meio da afetividade deve levar em consideração experiências que envolvem “prazer e dor, satisfação ou descontentamento, alegria ou ansiedade”. No intuito de defender um planejamento curricular docente que valorize os aspectos comportamentais da aprendizagem, o autor chama à atenção para a importância das relações interpessoais serem efetivamente levadas em consideração para que o desejo de aprender seja despertado no aluno, bem como as necessidades reais de aprendizagem dos estudantes sejam contempladas desde o planejamento de uma ação docente. De acordo com Santos (2018 apud ANDRADE et al. 2019), “existe uma relação direta entre a motivação dos alunos para os estudos e a relevância dada aos assuntos ensinados pelos professores em sala de aula. Quanto mais os conteúdos corresponderem às suas reais expectativas, mais importância será dada aos assuntos e, consequentemente, desencadeará um fator de predisposição motivacional favorável à aprendizagem” (p. 235). Tais fatores (motivação dos alunos e relevância dos assuntos) acabam por despertar um comportamento indutor no desejo de aprender dos alunos que gera 24 um fator emocional que a concepção humanista da aprendizagem defende em sua fundamentação (ANDRADE et al. 2019). A abordagem humanista da educação, segundo Andrade et al. (2019), está centrada nos pilares: • Valorização do ser humano como pessoa; • Interação social entre os sujeitos; • Crescimento pessoal; • Papel do professor como facilitador da aprendizagem; • Estudante como protagonista em busca de autonomia para aprender a aprender. 3.1.3.1 Concepção humanista na visão de Carl Rogers A concepção humanista na visão de Carl Rogers – classificada em muitos estudos como abordagem rogeriana – considera o ser humano em sua completude. Em que pese não abra do intelecto, Rogers considera sentimos e emoções extremamente importantes para uma aprendizagem duradoura e profunda dos estudantes em seu processo formativo. Moreira (1999 apud ANDRADE et al. 2019) enfatiza que a abordagem rogeriana para a aprendizagem é governada pelo que Rogers chamou de “princípios de aprendizagem”, e não por uma “teoria de aprendizagem” propriamente dita. As contribuições de Rogers se deram a partir de sua experiência como psicólogo, na qual ele entendia que as pessoas podiam buscar respostas para os seus problemas dentro de si mesmas (psicologia humanística) e pela forma como percebem e compreendem o mundo ao seu redor (psicologia fenomenológica). No âmbito educacional, pode-se identificar as potenciliadades do aluno para o aprendizado quando a sua capacidade de autoconhecimento e a sua percepção do ambiente são, de maneira indissociável, levadas em consideração pelo professor. Segundo Andrade et al. (2019), Rogers defende uma aprendizagem que chamou de significante. É uma aprendizagem que perpassa a pura e simples acumulação de fatos com fins de memorização e o significado cognitivo (definido por Ausubel como aprendizagem significativa). A aprendizagem significante, também chamado por Rogers de duradoura ou penetrante, ainda de acordo com os autores, modifica a percepção, a compreensão 25 e a atitude da pessoa, estando, intimamente, ligada às emoções e sentimentos do aluno enquanto ser em sua totalidade. Essa totalidade envolve, em sua completude, sentimentos (afetividade) e intelecto, de modo que o aluno passa a ser apropriar daquilo que está aprendendo. O ensino tradicional é muito criticado pela abordagem rogeriana, a qual considera que as formulações levantadas para o ensino propõem questões inadequadas para que uma aprendizagem significante, de fato, se concretize. Moreira (1999, p. 145 apud ANDRADE et al., 2019, p. 236) enfatiza a perspectiva de Roger ao destacar: “Para Rogers, o objetivo desse sistema, desde os primeiros anos até a pósgraduação, deve ser a facilitação da mudança e da aprendizagem. A sociedade atual se caracteriza pela dinamicidade, pela mudança, não pela tradição, pela rigidez. O homem moderno vive em um ambiente que está continuamente mudando. O que é ensinado torna-se rapidamente obsoleto. Nesse contexto, o único homem educado é o que aprende a aprender; o homem que aprendeu a adaptar-se e muda; que percebeu que nenhum conhecimento é seguro e que só o processo de busca do conhecimento dá uma base para a segurança” O papel do professor como um facilitador da aprendizagem, agindo de uma forma diferente da que age no ensino tradicional, é muito defendia por Rogers. Conforma aponta Andrade et al. (2019), Rogers defendia a saída do professor de sua posição centralizadora adotada no ensino tradicional, para uma posição em atuasse como facilitador, devendo ser nessa posição autêntico, sincero e verdadeiro para conquistar a confiança na relação estabelecida com os seus alunos. “A compreensão e a confiança (aceitação) também são requisitos importantes, e necessários, que o professor-facilitador deve apresentar para desenvolver uma relação interpessoal que permita a conexão afetiva com o aprendiz (estudante) na direção de uma experiência vivencial que contribua para uma aprendizagem significante” (ANDRADE et al. 2019). Na figura de professor-facilitador, dentro da abordagem rogeriana de ensino, o aluno passa a ocupar uma posição de protagonista, a qual Moreira (1999. P. 147 apud ANDRADE et al., 2019, p. 236) conclui que ela: “Implica que o ensino seja centrado no aluno, que a atmosfera da sala de aula tenha o estudante como centro. Implica confiar na potencialidade do aluno para aprender, em criar condições favoráveis para o crescimento e auto realização do aluno, em deixá-lo livre para aprender, manifestar seus sentimentos, escolher suas direções, formular seus próprios problemas, decidir sobre seu próprio curso de ação, viver as consequências de suas escolhas’. 26 Portanto, para Rogers, para que o professor assuma efetivamente o papel de facilitador, colocando dessa forma o aluno como centro do ensino, e para que a aprendizagem significante possa ser desenvolvida em sua plenitude, é preciso se afastar do modelo tradicional de ensino, que é centrado na autoridade impositiva do professor e no ensino conteudista. “A Escola Nova, movimento de renovação do ensino brasileiro que aflorou em 1932 com a publicação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, sofreu influência das ideias rogerianas. O estudante no centro do processo educativo e a valorização da experiência de vida, entre outros itens, foram aspectos que permearam os ideais do Movimento Escolanovista” (SANTOS, 2018 apud ANDRADE et al, 2019, p. 236). 3.1.3.2 Concepção humanista na visão de Paulo Freire Paulo Freire, considerado um dos educadores brasileiros mais respeitados no mundo, cuja extensa e relevante obra sempre foi permeada por uma ideologia política voltava para a pedagogia numa perspectiva libertadora que mobilize o indivíduo para a transformação social, sempre militou em prol de uma educação que fosse além da simples instrução e memorização. Mais do que um método, esta visão freireana de educação, em seu conceito estrito, segundo Gadotti (1999 apud ANDRADE et al. 2019) é, na verdade, uma teoria do conhecimento e uma filosofia educacional, embora o trabalho de Freire voltado para a alfabetização de adultos, sobretudo o seu projeto realizado em 1962 em Angicos (RN), tenha ganhado notoriedade e recebido o nome de “método freireano de educação”. Para Osterman e Cavalcanti (2011 apud ANDRADE et al. 2019, p. 237), Freire sempre defendeu “que existe uma sabedoria popular, ou seja, os alunos trazem consigo vivências, conhecimentos e hábitos que devem ser levados em conta no sentido de uma conscientização visando, como fim,a uma transformação social”. Destarte, mediante orientação de um educador, a pedagogia freireana (libertadora) defendia com ênfase que o levantamento de discussões e o compartilhamento das experiências de vida e anseios das pessoas poderiam contribuir ricamente com o processo educativo. De acordo com a perspectiva freireana, tanto a educação tradicional, marcada por uma aprendizagem de cunho autoritário e mecânico, quanto a educação “renovada”, tinham caráter meramente domesticador, considerando-se 27 que não favoreciam efetivamente para despertar no indivíduo um nível de consciência de si e do seu meio para questionar a realidade estabelecida. Ele defendia que a consciência da realidade é que gera os questionamentos necessários à mobilização política para a transformação social – cerne de pedagogia libertadora freireana (ANDRADE et al. 2019). Segundo Freire e Shor (1986 apud ANDRADE et al. 2019), o currículo educacional tradicional de transferência de informações, fortemente marcado pelo autoritarismo, quase nada contribui para que o professor explore suas capacidades plenas, nem tampouco permite ao estudante desenvolver todo o seu potencial criativo. Sendo ferrenho opositor desse modelo tradicional de educação, Freire utilizava o termo educação bancária para se referir aos métodos adotados por este modelo, no qual o professor (“que tudo sabia”), “depositava” o conhecimento na mente dos alunos (“que nada sabiam”). Conforme destacam Andrade et al. (2019, p. 237), Freire “sempre foi afirmativo ao defender uma hierarquia horizontal entre educador e educando, na qual aluno e professor aprendem juntos por meio de uma intensa interação e participação igualitária no processo educativo. A afetividade construída por meio dessa interação entre professor aluno é uma característica marcante que também está presente na pedagogia rogeriana, a qual defende em seus fundamentos que os sentimentos e as emoções são variáveis determinantes na na construção de uma aprendizagem duradoura e profunda, que Rogers chamou de aprendizagem significante”. Segundo Osternam e Cavalcanti (2011 apud ANDRADE et al. 2019), do ponto de vista da transposição da pedagogia freireana para a educação formal, já que essa foi experimentada numa situação não formal, existe um percurso nada trivial a ser seguido em termos de pesquisas em maior profundidade para uma sistematização do método, em que pese muitos educadores engajados numa educação escolar transformadora já tenham experimentado muitos pressupostos freireanos e colhidos bons frutos. 28 4 ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM E FATORES MOTIVACIONAIS RELACIONADOS Fonte: centralnacionalunimed.com.br 4.1 Estratégias de aprendizagem Segundo Moreira, Oliveira e Scacchetti (2016), no contexto escolar, é preciso compreender as estratégias de aprendizagem, que são comportamentos, ações, atitudes e técnicas voltadas para o aprendizado. Estas estratégias envolvem, de acordo com eles, ações cognitivas de armazenamento e recuperação dos conteúdos aprendidos e ações metacognitivas, que envolvem o pensar sobre o porquê das escolhas, da seleção de determinadas ações e para que haja reflexão sobre as decisões tomadas e responsabilização pelo processo de aprendizagem. As estratégias de aprendizagem permitem que os alunos se mantenham motivados e tenham um bom desempenho (Boruchovitch, 1999 apud MOREIRA; OLIVEIRA; SCACCHETTI, 2016). De acordo com Pozo (1996 apud MOREIRA; OLIVEIRA; SCACCHETTI, 2016,p. 108), “as estratégias de aprendizagem focam as relações dos processos psicológicos envolvidos para que determinadas aprendizagens ocorram e 29 modifiquem as estruturas cognitivas. Os alunos se apropriam delas usando duas tarefas metacognitivas básicas, o planejamento e a execução das atividades. Para tanto, precisa haver um repertório de uso, definindo-se qual a melhor estratégia a ser usada, dependendo do objetivo. Para que seu uso seja relevante, o aluno precisa conhecer o que são, para que servem e a diversidade delas para aprender com maior qualidade”. Boruchovitch (2006 apud MOREIRA; OLIVEIRA; SCACCHETTI, 2016) propõe que as estratégias de aprendizagem são ações mentais, comportamentos, procedimentos, atitudes para realizar atividades específicas de aprendizagem, visando alcançar determinadas metas. Almeida (2002), Dembo (1994) e Pozo (1996), todos citados por Moreira, Oliveira e Scacchetti (2016), esclarecem que estratégias de aprendizagem são procedimentos ativos usados pelos alunos para armazenar informações relevantes de maneira eficiente com a intenção de facilitar a aquisição, o armazenamento e/ou utilização da informação. Referidas estratégias auxiliam o aluno a diversificar as maneiras de estudar e a recuperar os conteúdos, utilizando seus processos cognitivos, e a superar as dificuldades escolares para desenvolver atitudes de autoavaliação e melhora do desempenho escolar. Dentre as estratégias de aprendizagem existem diversas classificações, ganhando destaque dois grandes grupos, quais sejam: estratégias cognitivas e metacognitivas, conforme proposto por autores como Dembo (1994), Boruchovitch (1999), Oliveira et al. (2010), dentre outros (MOREIRA; OLIVEIRA; SCACCHETTI, 2016). “As estratégias cognitivas são aquelas que o aluno utiliza para organizar seus estudos e armazenar e elaborar informações, contribuem para solucionar tarefas, proporcionando que a informação seja armazenada eficientemente. Elas, pode-se dizer, estão voltadas ao tratamento da informação. São exemplos delas: citar cópias de pequenos textos, realizar sempre uma primeira leitura, ler grifando palavras-chave, anotar a explicação do conteúdo dado pelo professor (procedimentos de ensaio), resumir conteúdos, elaborar exercícios sobre o conteúdo (perguntas), repetir o conteúdo estudado para memorizá-lo, proceder à elaboração e à organização que envolve a formação de categorias, redes, estruturas e mapas. As estratégias metacognitivas são reguladoras do pensamento do aluno e exigem que o sujeito pense sobre a aprendizagem. Envolvem o autoconhecimento e dependem da importância e do significado que são atribuídos às atividades acadêmicas, o que seria a habilidade de pensar o próprio processo de aprendizado” (MOREIRA; OLIVEIRA; SCACCHETTI, 2016, p. 108). Segundo Oliveira et al. (2010 apud MOREIRA; OLIVEIRA; SCACCHETTI, 2016), os benefícios do uso de estratégias para a aprendizagem são inúmeros, uma vez que contribuem para o levantamento prévio de possíveis dificuldades e alternativas de superação. Outrossim, quando o aluno percebe que é capaz de 30 realizar as tarefas, ele se sente motivado a fazê-las. Nessa direção, Valdés (2003 apud MOREIRA; OLIVEIRA; SCACCHETTI, 2016, p. 108) destaca que “um aluno estratégico é aquele que age ativamente diante do conhecimento, construindo-o. Ele procura dominar, ao mesmo tempo, o conhecimento de si mesmo, o conhecimento da tarefa e usa estratégias diversificadas”. O êxito na aprendizagem depende da apropriação, do monitoramento e da regulação do aprendizado. Outro aspecto relevante no aprendizado é a motivação do aluno direcionada ao seu aprendizado. A motivação possui estreita ligação com as estratégias de aprendizagem para processar as informações de maneira relevante no domínio do conhecimento e buscar significado na aprendizagem. 4.2 Fatores Motivacionais De acordo com o falado no tópico anterior, a motivação dos estudantes em utilizar as estratégias de aprendizagem é uma de suas questões centrais. Buscando compreender esta questão muitos pesquisadores têm procurado descrever as relações entre estratégias e construtos motivacionais, visto que embora muitos alunos possuam capacidades autorregulatórias, não é sempre que se envolvem em atividades direcionadas a este fim. Salienta-se que essa atividaderequer esforço e, portanto, deve estar relacionada ao interesse ou necessidade do aluno em aprender. Burkel et al. (1990 apud SOUZA, 2010) “acrescentam ainda que os estudantes estão mais propensos a usar estratégias se eles têm consciência que procedimentos estratégicos de fato melhoram a performance”. Zimmermam e Bandura (1994, p. 846 apud SOUZA, 2010), traduzem a importância atribuída tanto a fatores cognitivos quanto motivacionais ao afirmarem que "uma coisa é possuir capacidades autorregulatórias e outra coisa é conseguir aplicá-las persistentemente em face de dificuldades, fatores estressantes ou interesses paralelos". A motivação e o desempenho do estudante são influenciados por muitas de suas crenças pessoais, sejam estas autorreferenciadas ou relacionadas ao objeto do conhecimento. Nesse ponto, Pintrich (1999 apud SOUZA, 2010) apontou que em que pese haja um número grande de variáveis motivacionais, seus estudos 31 juntamente com seus colaboradores haviam se centrado em três tipos de crenças: autoeficácia, valor da tarefa e tipos de metas, conceitos que são vistos a seguir. 4.3 Orientações motivacionais e metas de realização Conforme a teoria de metas de realização (AMES; ARCHER, 1988 apud SOUZA, 2010), há dois grandes grupos de metas estabelecidas pelos alunos: “meta aprender, predominantemente relacionada à tarefa, na qual os alunos geralmente são intrinsecamente motivados, tendo como principal objetivo aperfeiçoar os conhecimentos, e meta performance, na qual o aluno busca primordialmente evidenciar capacidades ou esconder lacunas nas mesmas”. As ações são afetadas pelas metas, assim, a cada conjunto de metas se atribuem diferentes comportamentos. Em geral, a meta aprender é relacionada à escolha de tarefas desafiadoras, maior esforço despendido, valorização do próprio progresso, domínio e inovação nas atividades de aprendizagem (BZUNECK, 1999 apud SOUZA, 2010). Ames e Archer (1988), também citados por Souza (2010), afirmam ainda, que com a meta aprender "agrega-se importância ao desenvolvimento de novas habilidades. O processo de aprendizagem em si é valorizado e a obtenção de maestria é vista como sendo dependente do esforço." (p. 260). Em resumo, o aluno está mais preocupado com suas realizações do que suas notas escolares. Já na meta performance, busca-se obter notas altas, superando os demais colegas e demonstrando o próprio valor através de comparações sociais. O estudante orientado a esse tipo de meta evita demonstrar que não domina um assunto e, portanto, escolhe tarefas mais fáceis e menos desafiadoras. Complementando, Ames e Archer (1988) apontam que "com uma orientação à meta performance há uma preocupação em ser julgado capaz e mostrar evidência de habilidade tendo sucesso, tendo melhor desempenho que outros, conseguindo sucesso com pouco esforço" (p. 260). É válido ressaltar, conforme Bzuneck (1999), que o termo performance representa o desempenho conforme percebido e avaliado ou julgado externamente. Quanto à associação entre estratégias e metas, Pintrich (1999) apontou que foram encontradas relações muito consistentes entre esses constructos, sendo que, 32 em geral, a literatura tem mostrado que os alunos mais orientados à meta aprender relatam um uso mais efetivo de estratégias tanto cognitivas quanto autorregulatórias ou metacognitivas (AMES; ARCHER, 1988; ABLARD; LIPSCHULTZ, 1998; WOLTERS; PINTRICH, 1998; MCKHAW; ABRAMI, 2001; CARDOSO; BZUNECK, 2004). A orientação a uma determinada meta pode estar vinculada a experiências pessoais no âmbito familiar, nos grupos sociais e também na escola. Inclusive, o papel da estrutura escolar foi evidenciado no estudo de Shih e Alexander (2000 apud SOUZA, 2010), que pesquisaram o impacto do tipo de feedback oferecido aos alunos acerca de seu desempenho nas avaliações. Foi apontado pelos resultados que informações socialmente comparadas estavam vinculadas a um maior desenvolvimento da meta performance, enquanto que o feedback autorreferenciado estavam vinculados a uma orientação maior à meta aprender (SOUZA, 2010). 4.4 Crenças de autoeficácia No âmbito das autorreferenciadas, a autoeficácia é um dos construtos mais relacionados ao desempenho escolar e ao uso de estratégias. Ela pode ser definida como “a crença das pessoas acerca de suas capacidades para alcançarem determinadas realizações ou desempenhos” (BANDURA, 1986; 1997 apud SOUZA, 2010). Destaca-se, porém, que esta não se refere especificamente à capacidade de um indivíduo, mas ao que ele acredita ser capaz de realizar, em uma variedade de circunstâncias. “Acrescenta-se que a autoeficácia constitui um importante mecanismo de agência, pois muitas ações exercidas no ambiente são reguladas pelas crenças dos indivíduos em suas capacidades para exercê-las” (BANDURA, 1992 apud SOUZA, 2010). Segundo Bandura (1997 apud SOUZA, 2010), a autoeficácia é formada a partir de quatro fontes de informação: experiências de êxito, experiências vicariantes, persuasão social e estados afetivos ou fisiológicos. Assim, o papel da escola tem se tornado evidente no sentido de promover não somente capacidades cognitivas, mas favorecer o desenvolvimento de crenças autorreferenciadas favoráveis para sustentar o uso dessas capacidades. 33 A partir do resultado de diversos estudos que têm confirmado as formulações teóricas, pode-se afirmar que essas crenças têm uma influência na ação, na motivação e nos processos cognitivos, sendo estes últimos, relacionados à antecipação de consequências e resultados de ações. Vislumbrando o conceito de autoficácia no contexto escolar entende-se que ela pode afetar a motivação dos alunos para realizar as tarefas ou evitá-las, bem como as reações dos estudantes diante de suas realizações e até mesmo as suas escolhas profissionais. Nesse ponto, se encontra uma importante justificativa para que diversos estudos tenham sido conduzidos, relacionando este construto ao desempenho escolar (DOBARRO, 2007; INGLEZ DE SOUZA; BRITO, 2008 apud SOUZA, 2010). De acordo com Souza (2010) uma revisão da literatura a respeito da autoeficácia acadêmica, especialmente na década de 1990, apontou que as pesquisas tendem a confirmar a hipótese de que percepções positivas do aluno quanto à própria capacidade afetam a persistência do aluno e o uso de estratégias que tornam a aprendizagem mais eficaz. Nesse sentido, Bouffard- Bouchard et al (1991 apud ROCHA, 2017) “Analisaram alunos com habilidades intelectuais semelhantes e concluíram que os estudantes que demonstravam maiores índices de crenças de autoeficácia apresentam melhor gestão do tempo na execução de uma tarefa, não refutavam tão facilmente suas hipóteses iniciais, analisando-as mais a fundo e apresentavam melhor desempenho na resolução de problemas conceituais, quando comparados aos alunos que apresentavam baixos níveis de crenças de autoeficácia”. Ainda, segundo Bandalos, Yates, Thorndike - Christ (1995 apud SOUZA, 2010) alunos com crença de autoeficácia mais elevada experimentam níveis mais baixos de ansiedade. Assim como ocorre com relação ao uso de estratégias, Souza (2010) aponta que, se acredita “que a importância da autoeficácia resida no fato de que, diante de expectativas favoráveis ao próprio desempenho, estudantes tendem a despender maior esforço e persistir até encontrar as estratégias adequadas para a solução de tarefas, especialmente aquelas mais complexas”. 34 4.5 Valor da tarefa Foi proposto por Wigfield e Eccles (2000 apud SOUZA, 2010) a ideia de que as escolhas, a persistência e o desempenho dos indivíduos podem ser explicados por suas crenças sobre quão bem podem se sair em uma tarefa específica, bem como pela quantidade de valor atribuído à atividade em questão. As crenças sobre a importância, interesse e peso de determinadatarefa ou disciplina do contexto escolar são temas que determinar o valor da tarefa. Nesse sentido, Wigfield (1983 apud SOUZA, 2010) complemente destacando que o valor da tarefa possui três componentes, quais sejam: utilidade, importância e interesse. Já Eccles e Wigfield (2002 apud SOUZA, 2010) declararam que o valor de utilidade é determinado pela relação da tarefa com objetivos atuais e futuros, tais como interesses em carreiras profissionais. Ainda foi apontado por Pintrich (1999 apud SOUZA, 2010) que a percepção do indivíduo acerca da utilidade da tarefa pode incluir crenças de que o curso lhe será imediatamente útil de alguma forma ou em seus futuros estudos e em sua carreira em geral. Nessa perspectiva, alguns estudos apontaram que as crenças de valor da tarefa estavam positivamente correlacionadas com o uso de estratégias cognitivas como pesquisar, elaborar e organizar. Nos estudos de Wolters e Pintrich (1998 apud SOUZA, 2010) e Pintrich (1999 apud SOUZA, 2010), indicou-se que “o valor da tarefa estava vinculado a um maior uso de estratégias e ao desempenho dos alunos, embora esta relação tenha sido mais modesta do que a encontrada nas crenças de autoeficácia”. Apontou-se também o valor da tarefa como fonte de motivação, visto que "se não se percebe a utilidade do que se deve aprender, o interesse e o esforço tendem a diminuir à medida que o aluno se pergunta para que serve saber o que se pretende que aprenda" (TAPIA; MONTERO, 2004, p. 179 apud SOUZA, 2010). Destarte, pode ser decisivo para o despertar do interesse do aluno se perceber a utilidade das disciplinas escolares, de modo a direcionar seus esforços para a autorregulação da aprendizagem. 35 4.6 Estratégias para motivar os alunos Consoante estudo de Ramos (2019) a utilização das novas tecnologias é uma das estratégias para motivar os alunos para a o processo de aprendizagem. Ela complementa: “Novos equipamentos, novos métodos e sistemas de avaliação nas escolas são estratégias cruciais para incentivar os alunos e aumentar o seu rendimento escolar. Escrever e ler em tablets em vez do caderno e do livro, ter acesso a plataformas online de educação, estamos perante novas tecnologias, estamos a falar de inovação da aprendizagem, que iria certamente captar a atenção dos alunos e motivá-los cada vez mais”. A autora esclarece que o uso de técnicas como a valorização e contabilização de outras atividades, não enfatizando somente os resultados das provas escritas, são fundamentais, ao passo que muitas vezes os alunos se sentem pressionados pela realização de testes e ficam bloqueados devido à instabilidade emocional, estados de ansiedade extremos. Dessa forma, ela defende a inclusão no sistema de avaliação das escolas de outras capacidades e competências das crianças, trabalhos de grupo, a participação, assiduidade, entre outras atividades. Outra estratégia, levantada por Rocha (2019), que segundo ela levaria a uma maior motivação dos alunos passaria pela realização de questões mais simples nos testes, visto que há casos em que a dificuldade do aluno consiste em perceber o significado da questão, levando a uma resposta incorreta. De acordo com Rocha (2010), uma maior autonomia às escolas com relação aos conteúdos programáticos e a forma de abordá-los seria de suma importância. Segundo ela prega “Se o professor se mostrar sempre disponível para o aluno e adotar estilos assertivos ao dar a matéria, de forma mais inovadora, certamente estará a estimular os alunos e irá contribuir para a promoção do sucesso escolar” (p. 7). 4.7 Papel do Psicólogo Educacional na motivação dos alunos É papel do Psicólogo Educacional envolver-se nas temáticas relacionadas ao desenvolvimento de motivações, crenças, atitudes e comportamentos relacionados à realização das crianças. Nessa direção, é função do psicólogo escolar implementar estratégias para o processamento de novas informações, tendo em 36 vista as influências sociais e as diferenças individuais (Parson, Midgley & Adler, 1984 apud ROCHA, 2019). Nesse contexto, Rocha (2019) assevera que o psicólogo deve considerar os fatores contextuais, sociais e psicológicos como influenciadores da relação de vínculo das experiências de realização, como a autoavaliação e os comportamentos das crianças, avaliando-as como um todo, promovendo, assim, o sucesso educativo. 37 REFERÊNCIAS ANDRADE et al. Comportamentalismo, Cognitivismo e Humanismo: uma revisão de literatura. Revista Semiárido De Visu. Petrolina, v. 7, n. 2, p. 222-241, 2019. BOTOMÉ, Sílvio Paulo. O conceito de comportamento operante como problema. Revista Brasileira de Análise do Comportamento/Brazilian Journal of Behavior Analysis, v. 9, n. 1, p. 19-46, 2013. CARVALHO, Ana Paula Rodrigues. 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