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MODELO SENTENÇA

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Autos: Nº: xxxx 
Parte Autora: CLOTILDES 
Parte ré: COELBA COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA 
 
SENTENÇA 
 
 
RELATÓRIO 
 
Trata-se de AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITOS COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR 
DANOS MORAIS E PEDIDO LIMINAR DE TUTELA ANTECIPATÓRIA, ajuizada 
por Clotildes Atanazia das Neves, em face de Coelba - Companhia de Eletricidade do 
Estado da Bahia, todos devidamente qualificados nos autos em epígrafe. 
 
A autora argumenta, em síntese, que é consumidora final dos serviços de fornecimento de 
energia elétrica prestado pela Ré, sob contrato nº 0230378118, aduz que em 24/02/2010 foi 
realizado uma inspeção pela fornecedora ré com alegação de desvio da contagem do 
medidor no período de maio/2017 a março/2010. Diante disso, a autora foi surpreendida 
com cobrança no valor de R$ 1.249,30 (um mil, duzentos e quarenta e nove reais e trinta 
centavos), referente ao valor, teoricamente, devido em virtude do desvio. 
Esclarece a autora que desconhece a origem da irregularidade cometida, e só tomou 
conhecimento dos fatos em junho/2010, sendo que foi emitida em abril/2010, quando lhe foi 
entregue a documentação sobre os fatos pela fornecedora ré. Informa também que foi 
privada do seu direito de defesa 
Requereu LIMINARMENTE que o serviço energia não fosse suspenso pela falta de 
pagamento do débito em discursão ou o reestabelecimento imediato caso fosse suspenso, 
bem como a suspensão da cobrança até a resolução da lide. Requereu ainda, a procedência 
da ação, bem como a condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais 
num quantum equivalente à R$ 10.000,00 (dez mil reais) e declaração da nulidade da 
cobrança no valor de R$ 1.249,30 (um mil, duzentos e quarenta e nove reais e trinta 
centavos); 
Em seguida, conforme evento 10, citou-se a ré para audiência de conciliação. Ocorrida 
audiência no dia 01/10/2010, sem êxito, não sendo aceita qualquer acordo por ambas as 
partes, não havendo conciliação. 
Assim, a ré apresentou a contestação de forma escrita, com duas preliminares e sem pedido 
contraposto. 
 
É o relatório, Passo a DECIDIR: 
Entrevê-se que os autos versam sobre o pedido de fornecimento de energia elétrica que houve 
cobrança acima da média de consumo da Autora em virtude de suposto desvio de energia. 
I- DO PEDIDO LIMINAR 
O pedido de liminar baseou-se no pedido de não suspensão ou reestabelecimento do 
fornecimento em caso de suspensão durante o processo. Portanto, tendo em vista a 
suspensão do fornecimento de energia, conforme evento 19, e restando presentes o fumus 
boni juris e o periculum in mora, DEFIRO a antecipação da tutela para fins de 
reestabelecimento imediato do fornecimento de energia elétrica, por se tratar de um serviço 
essencial. Ademais, o descumprimento desta decisão, pela parte Ré, implicará em multa 
diária de R$ 500,00 (quinhentos reais), sem prejuízo de ulterior majoração nos termos do §4º 
do art. 84 da Lei nº 8.078/90 (CDC). 
II- DAS PRELIMINARES 
Inicialmente, a preliminar de incompetência absoluta dos juizados especiais em razão da 
complexidade da prova deve ser afastada porque as provas dos autos se mostram suficientes 
para o deslinde da causa, conforme enunciado n. 54 do FONAJE. Ademais, também rejeito a 
preliminar de inépcia da inicial por falta de indicação do valor da causa, pois há na página 
inicial dos autos virtuais do processo em epígrafe campo específico com a indicação expressa 
do valor da causa. 
 
III- DO MÉRITO 
 
Apesar das alegações da Ré de que a cobrança seria legítima, pois o medidor encontrava-se 
irregular, o fato é que não há nos autos qualquer prova de que a Autora tinha ciência do 
respectivo desvio, sendo presumido pela empresa Ré e tendo em vista que trata-se de uma 
relação de consumo, conforme artigo 6º, VIII do CDC, há invenção do ônus da prova, devendo, 
portanto, ser considerada NULA o débito do valor de R$ 1.249,30 (um mil, duzentos e 
quarenta e nove reais e trinta centavos). 
 
A responsabilidade da ré, como prestadora de serviço, na esteira do art. 14 caput do CDC, é 
de natureza objetiva, somente podendo ser afastada por culpa exclusiva da vítima ou de 
terceiro não participante desta cadeia de consumo, o que não ocorreu in casu. Nessa situação, 
forçoso concluir que a fiscalização unilateral realizada na residência da Autora e a cobrança 
da fatura em virtude da alegação do desvio é irregular e está em desconformidade com os 
princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, conforme julgados do tribunal 
deste estado. 
 
PROCESSO Nº 0025701-81.2019.8.05.0001 ÓRGÃO: 1ª TURMA 
RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CLASSE: RECURSO 
INOMINADO RECORRENTE/ RECORRIDO: (...) FALCAO 
ADVOGADO: ANALICE (...) RECORRIDO/ RECORRENTE: COELBA 
COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA 
ADVOGADO: MILENA GILA FONTES ORIGEM: 11ª VSJE DO 
CONSUMIDOR (MATUTINO) RELATORA: JUÍZA NICIA OLGA 
ANDRADE DE SOUZA DANTAS JUIZADO ESPECIAL. DIREITO DO 
CONSUMIDOR. ENERGIA ELÉTRICA. COBRANÇA DE FATURA DE 
IRREGULARIDADE. AUSÊNCIA DE PROVA DA CULPA DO 
CONSUMIDOR. SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO. 
INEXIGIBILIDADE DA COBRANÇA. DANOS MORAIS 
CONFIGURADOS E FIXADOS EM R$ 3.000,00. 1. No caso dos autos, 
a parte autora acostou aos autos a fatura no valor de R$ 1.628,35, 
comprovando (...) condenação, a cargo da recorrente vencida. NICIA 
OLGA ANDRADE DE SOUZA DANTAS Juíza Relatora ACÓRDÃO 
Realizado julgamento do recurso do processo acima epigrafado, a 
PRIMEIRA TURMA, composta dos Juízes de Direito, NICIA OLGA 
ANDRADE DE SOUZA DANTAS, (...), (...) SOBRAL LEITE decidiu, à 
unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO AO RECURSO DA 
PARTE AUTORA PARA REFORMAR A SENTENÇA, condenando a 
ré ao pagamento de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a título de 
indenização por danos morais, incidindo correção monetária desde o 
arbitramento e juros de 1% ao mês desde a citação. Sem custas e 
honorários. Salvador, Sala das Sessões, em 06 de fevereiro de 2019. 
NICIA OLGA ANDRADE DE SOUZA DANTAS Juíza Relatora (TJ-BA, 
Classe: Recurso Inominado, Número do Processo: 0025701-
81.2019.8.05.0001, Órgão julgador: PRIMEIRA TURMA RECURSAL, 
Relator(a): NICIA OLGA ANDRADE DE SOUZA DANTAS, Publicado 
em: 15/10/2019) 
 
IV- DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS 
 
Vislumbra-se, no caso em apreço, o nexo causal entre a conduta da requerida e o dano 
amargado pela autora. Dessa forma, presente a conduta ilícita, o dano e o nexo causal, a 
responsabilização da demandada pelos danos morais experimentados pela parte autora se 
impõe, conforme artigo 14, §1º do CDC. Isto posto, surge, então, a questão relativa ao 
quantum indenizatório, o qual deve ser aferido levando-se em conta a reprovabilidade da 
conduta ilícita, a duração e a intensidade do sofrimento vivenciado e a capacidade econômica 
das partes, de maneira que não represente gravame desproporcional para quem paga, nem 
consubstancie enriquecimento indevido para aquele que recebe. 
Portanto, CONDENO a acionada ao pagamento de INDENIZAÇÃO por Danos Morais no 
importe de R$ 3.000,00 (três mil reais) com atualizado com juros a partir do da citação válida 
e correção a partir desta sentença. 
 
Isto posto, julgo parcialmente procedente esta ação de declaração de nulidade de 
débito com indenização por danos morais ajuizada em desfavor da Coelba, para 
declarar a nulidade do débito exorbitante da empresa Ré, deferimento a tutela 
antecipada requerida pela parte Autora. Defiro também o pedido de indenização de 
danos morais, no importe de R$ 3.000,00 (três mil reais) com atualizado com juros a 
partir do da citação válida e correção a partir desta sentença. 
 
PUBLIQUE-SE. REGISTRE-SE. INTIMEM-SE. CUMPRA-SE. 
 
Com o trânsito em julgado da presente decisão, expeça-se o necessário para a averbação e 
certidão de honorários. 
 Após, nada mais sendo requerido, arquivem-se os autos. 
 
Salvador-BA, 22 de março de 2022 
Juiz de Direito

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