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07 Nocoes de Direito Penal

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PC-PA 
 
Noções de Direito Penal 
 
 
 
 
1. Princípios básicos do Direito Penal; ................................................................................. 1 
2. A lei penal no tempo e no espaço. 2.1. Tempo e lugar do crime. 2.2. Lei penal excepcional, 
especial e temporária. 2.3. Contagem de prazo. 2.4 Irretroatividade da lei penal ................... 10 
3. Conceito analítico de crime (típico, ilícito e culpável) ...................................................... 26 
3.1. Crime consumado e tentado. ...................................................................................... 27 
3.2. Ilicitude e causas de exclusão. 3.3 Excesso punível ................................................... 34 
4. Concurso de Pessoas .................................................................................................... 41 
5. Crimes contra a pessoa; ................................................................................................ 48 
6. Crimes contra o patrimônio; ........................................................................................... 89 
7. Crimes contra a administração pública; ........................................................................ 125 
8. Disposições constitucionais aplicáveis ao direito penal ................................................ 178 
 
 
 
 
 
 
1 
 
 
 
 
Princípios básicos do Direito Penal 
 
Etimologicamente, princípio tem vários significados, entre os quais o de momento em que algo tem 
origem, causa primária, elemento predominante na constituição de um corpo orgânico; preceito, regra ou 
lei; fonte ou causa de uma ação. 
No sentido jurídico, não se poderia fugir de tais noções, de modo que o conceito de princípio indica 
uma ordenação, que se irradia e imanta os sistemas de normas, servindo de base para a interpretação, 
integração, conhecimento e aplicação do direito positivo. 
Todos os ramos do direito positivo só adquirem a plena eficácia quando compatível com os Princípios 
e Normas descritos na Constituição Federal abstraindo-a como um todo. 
Existem determinados princípios que estão expressamente previstos na lei, enquanto outros estão 
implícitos no sistema normativo. Existem ainda os que estão enumerados na Constituição Federal, 
denominados de princípios constitucionais (explícitos e implícitos) servindo de orientação para a produção 
legislativa ordinária, atuando como garantias diretas e imediatas aos cidadãos e funcionando como 
critérios de interpretação e integração do texto constitucional. 
Assim, o direito penal deve obediência também aos princípios constitucionais, respeitando assim, 
principalmente, o princípio da dignidade humana e o do devido processo legal, do qual partem vários 
outros próprios do direito penal 
Os mais importantes princípios penais derivados da dignidade humana são a legalidade, ofensividade, 
insignificância, alteridade, confiança, adequação social, fragmentariedade, subsidiário e 
proporcionalidade. Havendo desrespeito a um desses princípios, a norma desrespeitadora poderá ser 
considerada inconstitucional, estando assim sujeito ao controle difuso e concentrado de 
constitucionalidade. 
 
1. Princípios Regentes 
 
O conjunto dos princípios constitucionais forma um sistema próprio, com lógica e autorregulação. 
Por isso, torna-se imperioso destacar dois aspectos: 
a) há integração entre os princípios constitucionais penais e os processuais penais; 
b) coordenam o sistema de princípios os mais relevantes para a garantia dos direitos humanos 
fundamentais: dignidade da pessoa humana e devido processo legal. 
Estabelece o art. 1.º, III, da Constituição Federal: “A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de 
Direito e tem como fundamentos: (...) III - a dignidade da pessoa humana”. 
No art. 5.º, LIV, da Constituição Federal, encontra-se: “ninguém será privado da liberdade ou de seus 
bens sem o devido processo legal”. 
Não se pode considerar como justo e realmente isonômico algo que passe ao largo da dignidade 
humana, base sobre a qual todos os direitos e garantias individuais são erguidos e sustentados. Ademais, 
inexistiria razão de ser a tantos preceitos fundamentais não fosse o nítido suporte prestado à dignidade 
humana. 
Há dois prismas para o princípio constitucional regente da dignidade da pessoa humana: objetivo e 
subjetivo. 
Sob o aspecto objetivo, significa a garantia de um mínimo existencial ao ser humano, atendendo às 
suas necessidades básicas, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, 
transporte e previdência social, nos moldes fixados pelo art. 7.º, IV, da CF. 
Sob o aspecto subjetivo, trata-se do sentimento de respeitabilidade e autoestima, inerentes ao ser 
humano, desde o nascimento, em relação aos quais não cabe qualquer espécie de renúncia ou 
desistência. 
O Direito Penal, constituindo a mais drástica opção estatal para regular conflitos e aplicar sanções, 
deve amoldar-se ao princípio regente da dignidade humana, justamente pelo fato de se assegurar que o 
braço forte do Estado continue a ser democrático e de direito. 
O devido processo legal guarda suas raízes no princípio da legalidade, garantindo ao indivíduo que 
somente seja processado e punido se houver lei penal anterior definindo determinada conduta como 
 
 
1 
 
 
1. Princípios básicos do Direito Penal; 
A norma de direito material mais severa só se aplica, enquanto vigente, aos fatos ocorridos 
durante sua vigência, vedada em caráter absoluto a sua retroatividade. Tal princípio aplica-se 
a todas as normas de direito material, pertençam elas à Parte Geral ou à Especial, sejam normas 
incriminadoras (tipos legais de crime), sejam normas reguladoras da imputabilidade, da 
dosimetria da pena, das causas de justificação ou de outros institutos de direito penal. 
crime, cominando-lhe pena. Além disso, modernamente, representa a união de todos os princípios penais 
e processuais penais, indicativo da regularidade ímpar do processo criminal. 
Associados, os princípios constitucionais da dignidade humana e do devido processo legal entabulam 
a regência dos demais, conferindo-lhes unidade e coerência. A criação do tipo e adequação concreta da 
conduta ao tipo devem operar-se em consonância com os princípios constitucionais do Direito Penal, os 
quais derivam da dignidade da pessoa humana que, por sua vez, encontra fundamento no Estado 
Democrático de Direito. 
Dos princípios orientadores e limitadores do Direito Penal que decorrem da dignidade, merecem 
destaque: 
 
1.1. Princípios Constitucionais Explícitos 
 
1.1.1. Princípio da Legalidade 
Este princípio dispõe que nenhum fato será considerado crime e nenhuma pena será aplicada, sem 
que haja uma lei anterior que os defina. Trata-se de uma garantia constitucional prevista na Constituição 
Federal, artigo 5º. XXXIX (“não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação 
 legal”) e representa uma limitação ao poder do Estado de interferir nas liberdades individuais. 
O princípio da legalidade pode ser subdividido em: 
a) Princípio da anterioridade: segundo este princípio uma pessoa somente poderá ser punida se à 
época dos fatos já existia uma lei em vigor que descrevia o crime praticado. Ou seja, a norma penal só 
se aplica aos fatos praticados após sua vigência. 
Deste princípio decorre ainda a irretroatividade penal, também prevista na Constituição Federal, artigo 
5º, XL, que dispõe que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. 
Assim, temos que via de regra a lei penal não pode retroagir. Como única exceção à regra, a lei penal 
poderá retroagir apenas para beneficiar o réu. 
b) Princípio da reserva legal: segundo este princípio somente a lei poderá descrever uma conduta 
como crime e cominar penas. Trata-se de matéria reservada exclusivamente à lei. Dessa forma, não 
poderá o legislador utilizar-se de decretos, medidasprovisórias ou outros meios legislativos para definir 
condutas como criminosas e suas respectivas penas. 
Nesse sentido ainda, a doutrina entende que Medida Provisória não pode versar sobre matéria de 
direito penal, pois apesar de possuir força de lei, não é efetivamente uma lei, visto que não advém do 
Poder Legislativo. O artigo 62, § 3º, CF, compartilhou deste mesmo entendimento ao dispor que: “As 
medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não 
forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias...” 
 
1.1.2 Princípio da Irretroatividade 
O inciso XL do art. 5º da Constituição Federal, diz que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar 
o réu. A regra constitucional, portanto, é a da irretroatividade da lei penal; a exceção é a retroatividade, 
desde que seja para beneficiar o agente. 
Francisco de Assis Toledo sobre o tema, aborda: 
 
 
Da análise deste princípio tem-se que ninguém será punido por um fato que, ao tempo da ação ou da 
omissão, era tido como atípico, haja vista a inexistência de qualquer lei penal incriminando-o (nullum 
crimen nulla poena sine lege praevia). 
 
1.1.3. Princípio da retroatividade da lei mais benéfica: É natural que, havendo anterioridade 
obrigatória para a lei penal incriminadora, não se pode permitir a retroatividade de leis, especificamente 
as prejudiciais ao acusado. Logo, quando novas leis entram em vigor, devem envolver somente fatos 
concretizados sob a sua égide. 
Abre-se exceção à vedação à irretroatividade quando se trata de lei penal benéfica. Esta pode voltar 
no tempo para favorecer o agente, ainda que o fato tenha sido decidido por sentença condenatória com 
trânsito em julgado (art. 5.º, XL, CF; art. 2.º, parágrafo único, CP). 
 
 
2 
 
Este princípio pode ser também denominado como princípio da irretroatividade da lei penal, adotando 
como regra que a lei penal não poderá retroagir, mas, como exceção, a retroatividade da lei benéfica ao 
réu ou condenado. 
 
1.1.4. Princípio da Humanidade: A Declaração dos Direitos do Homem disciplina em seu artigo 5º, 
que: "ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano e degradante". 
No mesmo sentido, a Convenção Internacional sobre Direitos Políticos e Civis, de 1966, dispõe em 
seu artigo 10, inciso I, que: "o preso deve ser tratado humanamente, e com o respeito que lhe corresponde 
por sua dignidade humana". 
A Constituição Federal de 1988 trouxe diversos dispositivos onde se constata a consagração do 
princípio da humanidade. Exemplo: artigo 5, inciso XLIX, da Lei Maior, que: "é assegurado aos presos o 
respeito à integridade física e moral". O próximo inciso do mesmo artigo assevera que: "às presidiárias 
são asseguradas as condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período da 
amamentação". 
Ainda mais enfatizante é o inciso XLVII, do citado artigo, que dispõe: "não haverá penas: a) de morte, 
salvo em caso de guerra declarada, nos termos do artigo 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos 
forçados; d) de banimento; e) cruéis". 
São estas imposições ao legislador e ao intérprete de mecanismos de controle de tipos legais. Disso 
resulta ser inconstitucional a criação de um tipo ou a cominação de alguma pena que atente 
desnecessariamente contra a incolumidade física ou moral de alguém (atentar necessariamente significa 
restringir alguns direitos nos termos da Constituição e quando exigido para a proteção do bem jurídico). 
 
1.1.5. Princípio da Pessoalidade: Aduz que a pena não pode passar da pessoa que praticou o delito. 
A Carta Magna em vigor disciplina no artigo 5º, inciso XLV que: "nenhuma pena passará da pessoa do 
condenado (...)". 
A pena não pode se estender a pessoas que não participaram do delito, ainda que haja laços de 
parentesco, afinidade ou amizade com o condenado. Não se pode esquecer, contudo, que a pena pode 
gerar danos e sofrimentos a terceiros, em especial à família. Assim, determinadas legislações vêm 
disciplinando a criação de institutos que auxiliam tanto a família do sentenciado, como a vítima do delito. 
 
1.1.6. Princípio da Individualização da Pena: A legislação constitucional pátria consagrou o princípio 
no artigo 5, inciso XLVI, dispondo que: "a lei regulará a individualização da pena". A individualização da 
pena passa por três fases distintas: A legislativa, a judicial e a executória ou administrativa. 
No primeiro momento, a lei delimita as penas para cada tipo de delito, guardando proporcionalidade 
com a importância do bem jurídico defendido e com o grau de lesividade da conduta. Nesta fase, ainda, 
se estabelecem as espécies de penas que podem ser aplicadas, de forma cumulativa, alternativa ou 
exclusiva. 
Na segunda fase, ocorre a individualização realizada pelos magistrados. Diante das diretrizes fixadas 
pela legislação, o juiz vai decidir qual das penas deve ser aplicada e qual a sua quantidade, dentro dos 
limites trazidos no preceito penal secundário, determinando, inclusive, o meio de sua execução. As regras 
básicas da individualização da pena, em nosso Código Penal, estão previstas no artigo 59 e não podem 
deixar de ser observadas pelo juiz. 
A terceira e última etapa da individualização da pena ocorre com sua execução e é denominada de 
individualização administrativa ou individualização executória. A Constituição Federal traz alguns 
preceitos que devem ser respeitados na etapa executória. No artigo 5ª, inciso XLIX, diz ser "assegurado 
aos presos o respeito a integridade física e moral". Já no inciso XLVIII, do mesmo artigo, impõe-se que o 
cumprimento da pena dar-se-á em estabelecimentos que atendam "à natureza do delito, a idade e o sexo 
do apenado". 
 
1.1.7 Princípio da presunção de inocência (ou da não culpa): A Constituição Federal, no artigo 5º, 
inciso LVII, determina que “ninguém será considerado culpado até trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória”. Percebam que a nossa Carta Magna, não presume, expressamente, o cidadão inocente, 
mas impede considerá-lo culpado até a decisão condenatória definitiva. 
A doutrina moderna discorda da denominação presunção ou estado de inocência. Prefere a expressão 
não culpabilidade, porque está se coaduna exatamente com o texto constitucional. 
Para essa corrente doutrinária, a Constituição Federal é clara ao expressar que “ninguém será 
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Nessa linha, pode-se 
transcrever trecho dos ensinamentos de Paulo Rangel, que é categórico ao afirmar que: “A Constituição 
não presume a inocência, mas declara que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado 
 
3 
 
Sobreleva ressaltar que o denominado critério da razoabilidade é um método de interpretação, 
inerente ao devido processo legal, e também ao direito a um julgamento sem dilações 
indevidas, não se confundindo com a exigência de que a lei deve ser razoável e proporcional. 
da sentença penal condenatória (art. 5º, LVII). Em outras palavras, uma coisa é a certeza da culpa, outra, 
bem diferente, é a presunção da culpa”. 
Depreende-se com a leitura da Carta Política de 1988 que o Constituinte utilizou a palavra considerar 
e não presumir. Assim, quando se considera uma pessoa inocente, tem-se a certeza que dessa forma ela 
será tratada até que tenha uma sentença penal condenatória definitiva. 
 
1.1.8 Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa 
Tais princípios estão positivados também no art. 5º, LV da Constituição Federal de 1988, determinando 
em seu texto que: “aos litigantes em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes". 
O contraditório é orientado pelo caráter de igualdade entre as partes, acusação e defesa disporão de 
prazos e oportunidades muito semelhantes. A ampla defesa garante ao acusado condições propícias para 
apresentar os subsídios necessários para apresentar a verdadereal dos fatos. 
Júlio Fabrini Mirabete esclarece que do princípio do contraditório decorrem duas importantes regras: a 
da igualdade processual e a da liberdade processual. Pela primeira, as partes acusadora e acusada estão 
num mesmo plano e, por conseguinte, têm os mesmos direitos; pela segunda, o acusado tem a faculdade, 
entre outras, de nomear o advogado que bem entender, de apresentar provas lícitas que julgar as mais 
convenientes e de formular ou não reperguntas ás testemunhas. 
Importante ressaltar que os princípios do contraditório e da ampla defesa inferem na completa 
construção do devido processo legal aos litigantes, da garantia da imparcialidade do juiz e da igualdade 
entre as partes. 
 
1.1.9 Princípio da Razoável Duração do Processo 
Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 45/2004, a celeridade e duração razoável do 
processo passaram a ser direitos e garantias constitucionais expressas (art. 5º, inciso LXXVIII), neste 
termos: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e 
os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. 
A razoabilidade mencionada no entanto, trata-se de um critério interpretativo, visto que não foi 
positivado em nosso ordenamento o que seria um lapso temporal razoável para manutenção de um 
processo, devendo ser utilizado para tanto o bom senso, como forma de garantir a efetivação de tal 
princípio. 
Sobre a matéria ensina o mestre Delmanto: 
 
 
1.2. Princípios Constitucionais Implícitos 
 
1.2.1. Princípio do “in dubio pro reo”: Se houver qualquer dúvida, após a utilização de todas as 
formas de interpretação, a questão deverá ser resolvida da maneira mais favorável ao réu. 
 
1.2.2. Princípio da vedação do “bis in idem”: Significa que ninguém pode ser condenado duas vezes 
pelo mesmo fato. Além disso, por esse princípio, determinada circunstância não pode ser empregada 
duas vezes em relação ao mesmo crime, quer para agravar, quer para reduzir a pena. 
Esse princípio encontra cenário para a sua fiel observância quando da aplicação da pena. Existindo 
vários estágios e fases para fixar a sanção penal, é preciso atenção por parte do julgador, a fim de não 
considerar o mesmo fato mais de uma vez para provocar o aumento da pena. 
Ilustrando: se alguém comete um homicídio por motivo fútil, incide a qualificadora do art. 121, § 2º, II, 
do Código Penal, mas não pode ser aplicada, concomitantemente, a agravante genérica do motivo fútil, 
prevista no art. 61, II, a. Essa agravante, portanto, será aplicada a outros crimes em que a futilidade da 
motivação não esteja prevista como qualificadora. 
 
1.2.3. Princípio da Insignificância ou bagatela: O Direito Penal não deve se preocupar com 
bagatelas, assuntos irrelevantes. Do mesmo modo que não podem ser admitidos tipos incriminadores 
que descrevam condutas incapazes de lesar o bem jurídico. 
 
 
 
 
4 
 
A tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao bem jurídico protegido, pois é inconcebível que o 
legislador tenha imaginado inserir em um tipo penal condutas totalmente inofensivas ou incapazes de 
lesar o interesse protegido. 
O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, assentou “algumas circunstâncias que devem orientar a 
aferição do relevo material da tipicidade penal”, tais como: 
a) a mínima ofensividade da conduta do agente; 
b) a nenhuma periculosidade social da ação; 
c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e 
d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
Importante destacar que o reduzido valor patrimonial do objeto material não autoriza, por si só, o 
reconhecimento da criminalidade de bagatela. Exigem-se também requisitos subjetivos. Não há um valor 
máximo apto a limitar a incidência do princípio da insignificância. Sua análise há de ser efetuada levando- 
se em conta o contexto em que se deu a prática da conduta. 
O reconhecimento da incidência do princípio da insignificância trata-se de causa supralegal de 
exclusão da tipicidade. 
Ainda, de acordo com o que preleciona o STF, nem mesmo o trânsito em julgado da condenação 
impede o reconhecimento do princípio. E ainda, o princípio tem aplicação a qualquer espécie de delito 
que com ele seja compatível, e não apenas aos crimes contra o patrimônio. 
O STJ possui entendimento no sentido da inadmissibilidade do princípio da insignificância no tocante 
aos crimes contra a Administração Pública, mas o STF já o admitiu em situações excepcionais. Também 
incide nos crimes contra a ordem tributária, a exemplo do descaminho (CP, art. 334). Existem alguns 
questionamentos acerca do valor considerado para a incidência do princípio da insignificância no caso de 
crimes tributários federais, tendo em vista que a Lei nº. 10.522/2002 prevê o valor de 10 mil reais e a 
Portaria 75 do Ministério da Fazenda, o valor de 20 mil reais. Nesse sentido, apesar de uma portaria não 
possuir força normativa passível de revogar ou modificar lei em sentido estrito, o STF e o STJ vem se 
posicionando no sentido de que o princípio da insignificância deve incidir aos crimes tributários federais 
e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20 mil a teor do 
disposto no artigo 20 da Lei 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias 75 e 130, ambas 
do Ministério da Fazenda. 
 
1.2.4. Princípio da Alterabilidade ou transcendentalidade: proíbe a incriminação de atitude 
meramente interna, subjetiva e que, por essa razão, revela-se incapaz de lesionar o bem jurídico. O fato 
típico pressupõe um comportamento que transcenda a esfera individual do autor e seja capaz de atingir 
o interesse do outro. Por essa razão, a autolesão não é crime, falta lesividade que possa legitimar a 
intervenção penal. 
 
1.2.5. Princípio da Confiança: funda-se na premissa de que todos devem esperar por parte das outras 
pessoas que estas sejam responsáveis e ajam de acordo com as normas da sociedade, visando a evitar 
danos a terceiros. 
Por exemplo, se um motorista trafegando pela preferencial passar por um cruzamento, na confiança 
de que o veículo da via secundária aguardará sua passagem, em havendo um acidente, o motorista não 
terá agido com culpa. 
Portanto, não realiza conduta típica, aquele que agindo de acordo com o direito, acaba por se envolver 
em situação na qual um terceiro descumpriu seu dever de lealdade e cuidado. 
 
1.2.6. Princípio da Adequação Social: todo comportamento que, a despeito de ser considerado 
criminoso pela lei, não afronta o sentimento social de justiça (aquilo que a sociedade tem por justo) não 
pode ser considerado criminoso. 
As condutas aceitas socialmente e consideradas normais não podem sofrer este tipo de valoração 
negativa, sob pena de a lei incriminadora padecer do vício da inconstitucionalidade. 
 
1.2.7. Princípio da Intervenção Mínima: A aplicação abusiva da previsão legislativa penal faz com 
que ela perca parte de seu mérito e, assim, sua força intimidadora. 
O princípio da intervenção mínima está diretamente ligado aos critérios do processo legislativo de 
elaboração de leis penais, servindo, num primeiro momento, como regra de determinação qualitativa 
abstrata para o processo de tipificação das condutas, e, num segundo momento, juntamente com o 
princípio da proporcionalidade dos delitos e das penas, cominar a sanção pertinente. 
Desta forma, surge como tendência, a ideia de que só se deve criminalizar condutas de efetiva 
gravidade e que atinjam bens fundamentais, valores básicos de convívio social. 
 
5 
 
Em linhas gerais, significa que o direito penal não deve interferir em demasia na vida do indivíduo, 
retirando-lhe autonomia e liberdade. Afinal, a lei penal não deve ser vista como a primeira opção (prima 
ratio) do legislador para compor conflitos existentes em sociedade, os quais, pelo atual estágio de 
desenvolvimento moral e ético da humanidade, sempre estarão presentes. 
Assim, caso o bem jurídico possa ser protegido de outro modo, deve-se abrir mão da opçãolegislativa 
penal, justamente para não banalizar a punição, tornando-a, por vezes, ineficaz, porque não cumprida 
pelos destinatários da norma e não aplicada pelos órgãos estatais encarregados da segurança pública. 
Cabe destacar ainda que o princípio da intervenção mínima é visto por alguns doutrinadores como 
sinônimo do princípio da subsidiariedade. Contudo, está cada vez mais presentes em concursos 
públicos o entendimento de ilustre doutrinador Cleber Masson1, que nos ensina que o princípio da 
intervenção mínima (gênero) subdivide-se em outros dois princípios (espécies): fragmentariedade e 
subsidiariedade. Assim, temos as seguintes definições: 
 
1.2.7.1. Princípio da fragmentariedade ou caráter fragmentário do Direito Penal: Estabelece que 
nem todos os ilícitos configuram infrações penais, mas apenas os que atentam contra valores 
fundamentais para a manutenção e o progresso do ser humano e da sociedade. Em razão de seu caráter 
fragmentário, o Direito Penal é a última opção (ultima ratio) de proteção do bem jurídico. 
 
1.2.7.2. Princípio da subsidiariedade: A atuação do Direito Penal é cabível unicamente quando os 
outros ramos do Direito e os demais meios estatais de controle social tiverem se revelado impotentes 
para o controle da ordem pública. Em sua atuação prática o Direito Penal somente se legitima quando os 
demais meios disponíveis já tiverem sido empregados, sem sucesso, para proteção do bem jurídico. 
Guarda relação com a tarefa de aplicação da lei penal. 
 
1.2.8. Princípio da Proporcionalidade: Toda vez que o legislador cria novo delito, impõe um ônus à 
sociedade, decorrente da ameaça de punição que passa a pairar sobre todos os cidadãos. Uma 
sociedade incriminadora é uma sociedade invasiva, que limita com demasia a liberdade das pessoas. 
Por outro lado, esse ônus é compensado pela vantagem de proteção do interesse tutelado pelo 
incriminador. A sociedade vê limitados certos comportamentos, ante a cominação da pena, mas também 
desfruta de uma tutela a certos bens, os quais ficarão sob a guarda do Direito Penal. 
Assim, diante do princípio da proporcionalidade, quando o custo for maior do que a vantagem, o tipo 
penal será inconstitucional. 
 
1.2.9. Princípio da Necessidade e idoneidade: A incriminação de alguém só pode ocorrer quando a 
tipificação revelar-se necessária, idônea e adequada ao fim a que se destina, ou seja, à concreta e real 
proteção do bem jurídico. 
 
1.2.10. Princípio da Ofensividade, princípio do fato e da exclusiva proteção do bem jurídico: Não 
há crime quando a conduta não tiver oferecido ao menos um perigo concreto, real, efetivo e comprovado 
de lesão ao bem jurídico. 
O princípio do fato não permite que o direito penal se ocupe das intenções e pensamentos das 
pessoas, do modo de viver ou de pensar, das atitudes internas. O princípio da ofensividade considera 
inconstitucionais todos os chamados “delitos de perigo abstrato”, pois, segundo ele não há crime sem 
comprovada lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico. 
Não se confunde com o princípio da exclusiva proteção do bem jurídico, segundo o qual, o direito não 
pode defender valores meramente morais éticos ou religiosos, mas também, os bens fundamentais para 
a convivência e o desenvolvimento social. 
 
1.2.11. Princípio da autorresponsabilidade: os resultados danosos que decorrem da ação livre e 
inteiramente responsável de alguém só podem ser imputados a este e não àquele que o tenha 
anteriormente motivado. 
Exemplo: sujeito é aconselhado por outro a praticar esportes mais radicais, este resolve pular de 
bungee jumping. Acaba sofrendo um acidente, vindo a falecer. O resultado morte não pode ser imputado 
a ninguém mais, além da vítima, pois foi a sua vontade livre, responsável e consciente que a impeliu a 
correr os riscos. 
 
 
 
1 Masson, Cleber Direito penal esquematizado – Parte geral – vol.1 – 9.ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO. 
 
6 
 
1.2.12. Princípio da responsabilidade pelo fato: Os tipos penais devem definir fatos, associando- 
lhes as penas respectivas, e não estereotipar autores em razão de alguma condição específica. 
Não se admite um Direito Penal do autor, mas somente um Direito Penal do fato. Ninguém pode ser 
punido exclusivamente por questões pessoais. Ao contrário, a pena se destina ao agente culpável 
condenado, após o devido processo legal, pela prática de um fato típico e ilícito. 
 
1.2.13. Princípio da imputação pessoal: O Direito Penal não pode castigar um fato cometido por 
agente que atue sem culpabilidade. Em outras palavras, não se admite a punição quando se tratar de 
agente inimputável, sem potencial consciência da ilicitude ou de quem não se possa exigir conduta 
diversa. O fundamento da responsabilidade penal pessoal é a culpabilidade (nulla poena sine culpa). 
 
1.2.14. Princípio da Taxatividade: As leis penais devem ser claras, precisas e bem elaboradas de 
forma que seus destinatários possam compreendê-las, não podem aqueles que devem cumprir a Lei 
terem dúvidas pelo modo como foram elaboradas. 
Não se admite a criação de tipos que contenham conceitos vagos ou imprecisos. Impõe-se ao Poder 
Legislativo, na elaboração das leis, que redija tipos penais com a máxima precisão de seus elementos. É 
nitidamente decorrente da legalidade, logo, Constitucional Implícito. 
 
1.2.15. Princípio da Consunção: É o princípio segundo o qual um fato mais amplo e mais grave 
consome, isto é, absorve outros fatos menos amplos e graves, que funcionam como fase normal de 
preparação ou, execução, ou mero exaurimento. 
 
Questões 
 
01. (PC/BA - Investigador - VUNESP/2018) Acerca dos princípios da legalidade e da anterioridade 
insculpidos no art. 1° do Código Penal e no art. 5°, XXXIX, da Constituição Federal, analise as alternativas 
a seguir e assinale a correta. 
(A) Uma das funções do princípio da legalidade é permitir a criação de crimes e penas pelos usos e 
costumes. 
(B) No Brasil, em um primeiro momento, a União Federal pode legislar sobre matéria penal. No entanto, 
de forma indireta e urgente, leis estaduais podem impor regras e sanções de natureza criminal. 
(C) A lei penal incriminadora somente pode ser aplicada a um fato concreto desde que tenha tido 
origem antes da prática da conduta. Em situações temporárias e excepcionais, no entanto, admite-se a 
mitigação do princípio da anterioridade. 
(D) Desdobramento do princípio da legalidade é o da taxatividade, que impede a edição de tipos penais 
genéricos e indeterminados. 
(E) O princípio da legalidade afasta a aplicação da interpretação extensiva, mas permite a aplicação 
da analogia de forma ampla e irrestrita. 
 
02. (PC/MS - Delegado de Polícia - FAPEMS/2017) No que diz respeito aos princípios aplicáveis ao 
Direito Penal, analise os textos a seguir. 
 
A proteção de bens jurídicos não se realiza só mediante o Direito Penal, senão que nessa missão 
cooperam todo o instrumental do ordenamento jurídico. 
ROXIN, Claus. Der echo penai- parte geral. Madrid: Civitas, 1997.1.1, p. 65. 
 
A criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção de 
ataques contra bens jurídicos importantes. 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratada de direito penal: parte geral. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2014, 
p. 54. 
 
Nesse sentido, é correto afirmar que os textos se referem ao 
 
(A) princípio da intervenção mínima, imputando ao Direito Penal somente fatos que escapem aos 
meios extrapenais de controle social, em virtude da gravidade da agressão e da importância do bem 
jurídico para a convivência social. 
(B) princípio da insignificância, que reserva ao Direito Penal a aplicação de pena somente aos crimes 
que produzirem ataques graves a bem jurídicos protegidos por esse Direito, sendo que agir de forma 
diferente causa afronta à tipicidade material. 
 
7 
 
(C) princípio da adequação social em que as condutas previstas como ilícitas não necessariamente 
revelam-se como relevantes para sofrerema intervenção do Estado, em particular quando se tornarem 
socialmente permitidas ou toleradas. 
(D) princípio da ofensividade, pois somente se justifica a intervenção do Estado para reprimir a infração 
com aplicação de pena, quando houver dano ou perigo concreto de dano a determinado interesse 
socialmente relevante e protegido pelo ordenamento jurídico. 
(E) princípio da proporcionalidade, em que somente se reserva a intervenção do Estado, quando for 
estritamente necessária a aplicação de pena em quantidade e qualidade proporcionais à gravidade do 
dano produzido e a necessária prevenção futura. 
 
03. (TRF/5ªR - Juiz Federal - CESPE/2017) Assinale a opção que apresenta princípios que devem ser 
observados pelas leis penais por expressa previsão constitucional. 
(A) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, economicidade, individualização da pena 
(B) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, presunção da inocência, eficiência da pena 
(C) legalidade, irretroatividade, responsabilidade pessoal, presunção da inocência, individualização da 
pena. 
(D) legalidade, irretroatividade, moralidade, presunção da inocência, individualização da pena 
(E) legalidade, impessoalidade, irretroatividade, presunção da inocência, individualização da pena. 
 
04. (SEGEP/MA - Auditor Fiscal da Receita Estadual - FCC) O princípio do direito penal que possui 
claro sentido de garantia fundamental da pessoa, impedindo que alguém possa ser punido por fato que, 
ao tempo do seu cometimento, não constituía delito é 
(A) atipicidade. 
(B) reserva legal. 
(C) punibilidade. 
(D) analogia. 
(E) territorialidade. 
 
05. (TCE/PR - Auditor - CESPE) A respeito dos princípios aplicáveis ao direito penal, assinale a opção 
correta. 
(A) Do princípio da individualização da pena decorre a exigência de que a dosimetria obedeça ao perfil 
do sentenciado, não havendo correlação do referido princípio com a atividade legislativa incriminadora, 
isto é, com a feitura de normas penais incriminadoras. 
(B) Conforme o entendimento doutrinário dominante relativamente ao princípio da intervenção mínima, 
o direito penal somente deve ser aplicado quando as demais esferas de controle não se revelarem 
eficazes para garantir a paz social. Decorrem de tal princípio a fragmentariedade e o caráter subsidiário 
do direito penal. 
(C) Ao se referir ao princípio da lesividade ou ofensividade, a doutrina majoritária aponta que somente 
haverá infração penal se houver efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. 
(D) Em decorrência do princípio da confiança, há presunção de legitimidade e legalidade dos atos dos 
órgãos oficiais de persecução penal, razão pela qual a coletividade deve guardar confiança em relação a 
eles. 
(E) Dado o princípio da intranscendência da pena, o condenado não pode permanecer mais tempo 
preso do que aquele estipulado pela sentença transitada em julgado. 
 
06. (PC/PA - Delegado de Polícia Civil - FUNCAB) Expressiva parcela da doutrina sustenta a 
inadequação do crime de escrito ou objeto obsceno (art. 234 do CP) para com os princípios que instruem 
o direito penal democrático. Um dos focos dessa inadequação reside na indevida alocação do sentimento 
público de pudor como objeto da tutela jurídica. Isso representa, em tese, violação ao princípio da: 
(A) intranscendência. 
(B) culpabilidade. 
(C) taxatividade. 
(D) ofensividade. 
(E) insignificância. 
 
07. (DPE/MA - Defensor Público - FCC) A proscrição de penas cruéis e infamantes, a proibição de 
tortura e maus-tratos nos interrogatórios policiais e a obrigação imposta ao Estado de dotar sua 
infraestrutura carcerária de meios e recursos que impeçam a degradação e a dessocialização dos 
condenados são desdobramentos do princípio da 
 
8 
 
(A) proporcionalidade. 
(B) intervenção mínima do Estado. 
(C) fragmentariedade do Direito Penal. 
(D) humanidade. 
(E) adequação social. 
 
08. (DPE/RO - Analista da Defensoria Pública - FGV) Carlos, primário e de bons antecedentes, 
subtraiu, para si, uma mini barra de chocolate avaliada em R$ 2,50 (dois reais e cinquenta centavos). 
Denunciado pela prática do crime de furto, o defensor público em atuação, em sede de defesa prévia, 
requereu a absolvição sumária de Carlos com base no princípio da insignificância. De acordo com a 
jurisprudência dos Tribunais Superiores, o princípio da insignificância: 
(A) funciona como causa supralegal de exclusão de ilicitude; 
(B) afasta a tipicidade do fato; 
(C) funciona como causa supralegal de exclusão da culpabilidade; 
(D) não pode ser adotado, por não ser previsto em nosso ordenamento jurídico; 
(E) funciona como causa legal de exclusão da culpabilidade. 
 
09. (TRF/3ª Região - Analista Judiciário - FCC) Dentre as ideias estruturantes ou princípios abaixo, 
todos especialmente importantes ao direito penal brasileiro, NÃO tem expressa e literal disposição 
constitucional o da: 
(A) legalidade. 
(B) proporcionalidade. 
(C) individualização. 
(D) pessoalidade. 
(E) dignidade humana. 
 
10. (PC/PA - Delegado - UEPA) Dispondo sobre os direitos e garantias fundamentais dos brasileiros 
e estrangeiros residentes no país, a Constituição de 1988, em seu art. 5º, XLVIII, determina que “a pena 
será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do 
apenado”. Esta norma garante o princípio: 
(A) da legalidade, porque não se pode impor ao apenado o cumprimento de pena em estabelecimento 
que não esteja regulamentado por lei específica. 
(B) da culpabilidade, porque não se pode impor ao réu uma pena sem a comprovação de sua culpa, 
por sentença condenatória transitada em julgado. 
(C) da humanidade, porque evita a imposição de penas proscritas do ordenamento jurídico brasileiro. 
(D) da individualização da pena, porque impõe ao Estado o dever de classificar os apenados a partir 
de características pessoais concretas, prevenindo problemas como o da “contaminação carcerária”. 
(E) da pessoalidade ou intranscendência da pena, porque assegura aos familiares do apenado não 
sofrerem os constrangimentos do cárcere. 
 
Gabarito 
 
01.D / 02.A / 03.C / 04.B / 05.B / 06.D / 07.D / 08.B / 09.B / 10.D 
 
Comentários 
 
01. Resposta: D 
O Princípio da Taxatividade determina que a conduta tipificada como crime seja clara e objetiva, a fim 
de não possibilitar interpretações arbitrárias e genéricas da lei penal. 
02. Resposta: A 
Princípio da intervenção mínima: O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, 
de modo que sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter 
subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem juridicamente 
tutelado (caráter fragmentário). 
 
03. Resposta: C 
Legalidade: Art. 5, XXXIX, CF/88; 
Irretroatividade: Art. 5, XL, CF/88; 
Responsabilidade Pessoal: Art. 5, XLV, CF/88; 
 
9 
 
2. A lei penal no tempo e no espaço. 2.1. Tempo e lugar do crime. 2.2. Lei penal 
excepcional, especial e temporária. 2.3. Contagem de prazo. 2.4 Irretroatividade 
da lei penal. 
Presunção De Inocência: Art. 5, LVII, CF/88; 
Individualização Da Pena: Art. 5, XLVI, CF/88 
 
04. Resposta: B 
O princípio da reserva legal delimita o poder punitivo do Estado e dá ao Direito Penal uma função 
garantista. Este define o delito e a pena, ficando os cidadãos cientes de que só pelos fatos anteriormente 
delineados como crimes poderão ser responsabilizados criminalmente e apenas naquelas sanções 
previamente fixadas podem ser processados e condenados. 
 
05. Resposta: B 
 
 
06. Resposta: D 
De acordo com o princípio da ofensividade, não há infração penal quando a conduta não tiver oferecido 
ao menos perigo de lesão ao bem jurídico. De acordo com doutrina o crime de escrito ou objeto obsceno, 
não oferece lesão ou perigo de lesão ao sentimento público de pudor, e assim, não deve ser considerado 
crime. 
 
07. Resposta: D 
O princípio da humanidade relaciona-se com os direitos humanos, garantindo adignidade da pessoa. 
O direito penal tem que ser humanitário quando aplica suas penas. Assim, este princípio determina a 
inconstitucionalidade de qualquer pena ou consequência do delito que crie uma deficiência física (morte, 
amputação, castração ou esterilização, intervenção neurológica etc.), como também qualquer 
consequência jurídica inapagável do delito. 
 
08. Resposta: B 
O reconhecimento da incidência do princípio da insignificância trata-se de causa supralegal de 
exclusão da tipicidade. De acordo com o posicionamento dos Tribunais Superiores, nem mesmo o trânsito 
em julgado da condenação impede o reconhecimento do princípio. E ainda, o princípio tem aplicação a 
qualquer espécie de delito que com ele seja compatível, e não apenas aos crimes contra o patrimônio. 
 
09. Resposta: B 
O princípio da proporcionalidade tem o objetivo de coibir excessos, por meio do sopesamento da 
compatibilidade entre os meios e os fins da atuação administrativa, para evitar restrições desnecessárias 
ou abusivas. Tem por objetivo a adequação entre os meios e os fins, vedando-se a imposição punições 
em medida superior ao estritamente necessário para atender interesse público. 
 
10. Resposta: D 
O princípio da individualização da pena garante que as penas dos infratores não devem ser igualadas, 
devem ser personalizadas e particularizadas de acordo com a natureza e as circunstâncias dos delitos e 
à luz das características pessoais do infrator, vedado, assim, qualquer tipo de padronização. Este princípio 
se fundamenta no Art. 5º, XLVI da CF, Arts. 5º, 8º, 41, XII e 92, parágrafo único, II, da LEP e Art. 34 do 
CP. 
 
 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
 
As normas penais têm como objetivo principal regulamentar o direito de punir do Estado. Para tanto, o 
Código Penal (CP) destacou no Título I, da Parte Geral (arts. 1º ao 12) os princípios e regras que norteiam 
a aplicação das leis penais, que passaremos a analisar na sequência. 
 
 
 
 
10 
 
Segundo o princípio da intervenção mínima, o direito penal só se justifica em ultima ratio do Direito, ou 
seja, quando o conflito puder ser resolvido por outro ramo do direito, não deverá ser utilizado o direito 
penal. Ele se subdivide em dois princípios: fragmentariedade e subsidiariedade. 
“As 
Anterioridade da Lei 
 
Art. 1º- Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
 
O artigo trata do Princípio da Legalidade, segundo o qual nenhum fato será considerado crime e 
nenhuma pena será aplicada, sem que haja uma lei anterior que os defina. Trata-se ainda de uma garantia 
constitucional prevista na Constituição Federal (CF), no artigo 5º, XXXIX (“não há crime sem lei anterior 
 que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”) e representa uma limitação ao poder do Estado de 
interferir nas liberdades individuais. 
O princípio da legalidade pode ser subdividido em: 
 
a) Princípio da anterioridade: segundo este princípio uma pessoa somente poderá ser punida se à 
época dos fatos já existia uma lei em vigor que descrevia o crime praticado, ou seja, a norma penal só se 
aplica aos fatos praticados após sua vigência. 
Deste princípio decorre ainda a irretroatividade penal, também prevista no artigo 5º, XL, da Constituição 
Federal, que dispõe que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. 
Assim, como regra geral, a lei penal não poderá retroagir. Como única exceção à regra, a lei penal 
poderá retroagir apenas para beneficiar o réu. 
 
b) Princípio da reserva legal: segundo este princípio somente a lei poderá descrever uma conduta 
como crime e cominar penas. Trata-se de matéria reservada exclusivamente à lei. Dessa forma, não 
poderá o legislador utilizar-se de decretos, medidas provisórias ou outros meios legislativos para definir 
condutas como criminosas e suas respectivas penas. 
Nesse sentido ainda, a doutrina entende que Medida Provisória não pode versar sobre matéria de 
direito penal, pois, apesar de possuir força de lei, não é efetivamente uma lei, visto que não advém do 
Poder Legislativo. O artigo 62, § 3º da CF, compartilhou deste mesmo entendimento ao dispor que: 
medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não 
forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias...” 
 
Normas Penais em Branco 
 
As normas penais em brancos são normas que necessitam de uma complementação para ter uma 
aplicabilidade efetiva. Esta complementação pode se dar por meio de uma lei ou de outro ato normativo, 
como por exemplo, decretos, regulamentos, portarias, etc. 
Quando a complementação for do conceito primário, ou seja, quando estiver relacionada com a 
descrição do crime, as normas penais em branco podem ser classificadas em: 
- Homogêneas (ou impróprias): quando a complementação vem por meio de outra norma da mesma 
hierarquia ou da mesma fonte legislativa. Exemplo: quando a norma penal em branco for uma lei ordinária 
e a complementação vier por meio de outra lei ordinária. Neste caso o complemento emana do próprio 
legislador e da mesma instância legislativa. 
As normas penais em branco homogêneas ou impróprias, podem ser subdivididas em duas outras 
espécies: 
- Homovitelina (homóloga): quando o complemento está no mesmo diploma legal da norma 
incompleta. Ex.: art. 312 do CP, que descreve o crime de peculato, mas não define o que é funcionário 
público. Esta definição, ou esta complementação, vem por meio por meio do art. 327 do próprio CP, que 
conceitua o funcionário público. 
- Heterovitelina (heteróloga): quando o complemento está em diploma legal diverso do da norma 
incompleta. Exemplo: no delito de ocultação de impedimento para o casamento (artigo 236 do CP) as 
hipóteses impeditivas da união civil estão elencadas no Código Civil (diploma legal diverso). 
- Heterogêneas (ou próprias): quando a complementação vem por meio de outra fonte normativa, ou 
seja, não vem do Poder Legislativo por meio de uma lei. Neste caso, por exemplo, a complementação 
pode vir por meio de Decretos, Portarias, etc. Ex.: Lei de Drogas (lei nº. 11.343/2006), cuja 
complementação do conceito de drogas é encontrada em portaria da Anvisa (portaria nº. 344/1998). 
 
Norma penal em branco ao revés ou invertida 
Quando a complementação for do conceito secundário, ou seja, quando não estiver relacionada com 
a descrição do crime, mas sim, com a pena/sanção estabelecida para este crime, ocorre a chamada 
norma penal em branco ao revés ou invertida. 
 
 
11 
 
Ex. A Lei do Genocídio (lei nº 2.889/56) não cuidou de especificar diretamente a pena para este crime, 
remetendo a aplicação desta lei para outras leis, como por exemplo para o Código Penal. 
 
Observação: diferentemente da norma penal em branco que poderá ser complementada por decretos, 
regulamentos ou portarias, a norma penal em branco ao revés ou invertida somente poderá ser 
complementada por outra lei, sob pena de violação ao princípio da legalidade. 
 
Lei Penal no Tempo 
 
A lei penal é regulada pelo princípio do “Tempus Regit Actum” (o Tempo rege o ato). Assim, como 
regra, os atos processuais são regidos pela lei em vigor na época dos fatos, ou seja, pela lei em vigor no 
momento em que os atos foram praticados. 
Já como exceção, temos o princípio da retroatividade da lei penal benéfica, que dispõe que a lei penal 
poderá retroagir apenas quando beneficiar o réu, mesmo que tenha havido o trânsito em julgado da 
sentença penal condenatória. 
 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando 
em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
 
Da análise do artigo 2º do Código Penal, extraem-se os seguintes princípios: 
 
- Da irretroatividade: como regra temos que a lei penal não retroagirá. O princípio da irretroatividadeestá previsto ainda no artigo 5º, XL, da CF. 
- Da retroatividade: como exceção ao princípio da irretroatividade, temos que a lei penal poderá 
retroagir apenas para beneficiar o réu. Possibilidade conferida à lei penal, a fim de regular os fatos 
ocorridos anteriormente à sua entrada em vigor. 
- Da ultratividade: também considerado uma exceção ao princípio da irretroatividade, o princípio da 
ultratividade consiste na aplicação de uma lei, mesmo após a sua revogação, para regular os fatos 
ocorridos durante a sua vigência. 
 
Conflito de Leis Penais no Tempo 
 
O conflito de leis penais no tempo ocorre quando um delito é praticado na vigência de uma lei e o seu 
julgamento se dá na vigência de outra lei, ou, quando o comportamento se dá na vigência de uma lei e o 
resultado na vigência de outra. 
 
Hipóteses de conflitos de lei no tempo: 
 
a) Abolitio criminis: ocorre quando uma lei posterior deixa de considerar crime um comportamento 
que anteriormente era punível, ou seja, a lei posterior torna atípica penalmente uma conduta que até 
então era proibida por lei. Neste caso, em observância ao princípio da retroatividade da lei mais benéfica, 
aplica-se a lei posterior. (Art. 2º, CP). 
A abolitio criminis acarreta como efeito, a extinção da punibilidade, nos termos do art. 107 do CP. 
Assim, se o sujeito ainda não foi processado, não mais poderá ser. Caso o processo esteja em 
andamento, deverá ser trancado. 
Já no caso de o sujeito já ter sido condenado por sentença transitada em julgado, não poderá sofrer a 
execução da pena. Por outro lado, se já estiver cumprindo pena, deverá ser solto, em razão da extinção 
de punibilidade. 
Importante salientar que, embora os efeitos penais desapareçam com a abolitio criminis, os efeitos 
civis permanecem, ou seja, no caso de um sujeito ter sido condenado por crime tanto na vara criminal 
quanto na vara cível (ex. danos morais), temos que os efeitos penais, sejam eles primários ou 
secundários, desaparecem, contudo, os efeitos cíveis não, de forma que, o sujeito deverá arcar com a 
reparação do dano moral a que foi condenado. 
 
b) Novatio legis incriminadora: ocorre quando a lei nova incrimina fatos anteriormente considerados 
lícitos, ou seja, tipifica comportamento que anteriormente não era considerado crime. Neste caso, as 
 
 
12 
 
condutas supervenientes que se tornaram crime não retroagem e somente serão aplicadas a partir de 
sua vigência. 
 
c) Novatio legis in pejus: ocorre quando a lei posterior é mais severa que a lei anterior. Neste caso, 
a lei nova que prejudica o agente, não retroage, devendo ser aplicada ao caso concreto, a lei anterior, 
mesmo que revogada (ultratividade). 
 
Observação: súmula 711 do Supremo Tribunal Federal (STF): “A lei penal mais grave aplica-se ao 
crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou 
da permanência”. 
Deste modo, se o crime estiver acontecendo e houver sucessão de leis no tempo, ao fato deve ser 
aplicada a lei correspondente ao momento do último ato de execução, ainda que a ocorrência do delito 
se prolongue por duração real (crime permanente, como o sequestro - art. 148, CP) ou por ficção jurídica 
(crime continuado, a exemplo de furtos assemelhados cometidos diariamente - art. 155, c/c o art. 71, CP). 
- Crime permanente: aquele cujo momento da consumação se prolonga no tempo. Ex.: crime de 
sequestro. (Art.148 do Código Penal) 
- Crime continuado: quando o agente, reiteradamente, mediante mais de uma ação ou omissão, 
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, nas mesmas condições de tempo, ação e lugar. Ex.: 
funcionário que todos os dias furta pequena quantia em dinheiro do caixa da empresa. 
 
d) Novatio Legis in Mellius: ocorre quando a lei nova é de qualquer modo mais favorável que a lei 
anterior. Deve ser aplicada aos fatos anteriores, mesmo havendo sentença condenatória transitada em 
julgado. (Art. 2º, parágrafo único, CP). 
 
Lei Excepcional ou Temporária 
 
Art.3º- A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou 
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência 
 
As leis excepcionais ou leis temporárias são normas criadas para atender situações transitórias, tais 
como guerra ou calamidade e perduram durante todo o tempo da excepcionalidade. São leis que já 
possuem seu fim determinado desde o início de sua vigência. 
As leis temporárias são aquelas que trazem em seu próprio corpo a data de sua revogação, ou seja, 
possuem vigência previamente determinada. São leis criadas para um período determinado. (Ex. Lei nº. 
12.663/2013 - Lei Geral da Copa do Mundo - Tipos penais (arts. 30 a 35) terão vigência até o dia 31 de 
dezembro de 2014). 
Já as leis excepcionais são aquelas criadas para disciplinar determinadas situações transitórias. Ex: 
guerra, calamidade pública, etc. Esta lei dura enquanto durar a excepcionalidade. (Ex.: Crimes em tempos 
de Guerra - Código Penal Militar) 
Essas leis são chamadas de autorrevogáveis, tendo em vista que não dependem de outra lei para 
serem revogadas. A lei temporária se autorrevoga na data estabelecida e a lei excepcional se autorrevoga 
assim que terminam os motivos que ensejaram sua criação. 
Estas leis são também ultrativas, ou seja, podem ser aplicadas mesmo após a sua revogação para 
regular os fatos ocorridos durante a sua vigência, ainda que prejudiquem o agente. (Exemplo: no caso de 
um surto de febre amarela é criado um crime de omissão de notificação de febre amarela. Nesta situação, 
caso alguém cometa o crime e logo em seguida o surto seja controlado, cessando a vigência da lei, o 
agente mesmo assim responderá pelo crime). Do contrário, a lei perderia sua força coercitiva, visto que 
o agente, sabendo qual seria o término da vigência da lei, poderia retardar propositalmente o processo 
para que não fosse apenado pelo crime. 
 
Conflito Aparente de Normas 
 
O conflito aparente de normas também é conhecido como concurso aparente de normas. Ele ocorre 
quando um mesmo fato é aparentemente regulado por duas ou mais normas penais, ambas instituídas 
por leis de mesma hierarquia e originárias da mesma fonte de produção, além de ambas estarem em 
vigor ao tempo da prática da conduta. 
Assim, existe apenas um fato punível, mas com diversos tipos penais aparentemente aplicáveis ao 
caso concreto. Neste caso, por ser injusta a aplicação de mais de uma sanção penal pela prática de uma 
 
 
13 
 
única conduta, é necessária a escolha de um dispositivo legal que tenha melhor adequação a conduta 
criminosa praticada, para a aplicação ao caso concreto. 
 
São requisitos para se caracterizar o conflito de normas: 
- Unidade de fato: apenas uma infração penal. 
- Pluralidade de normas penais: duas ou mais normas aparentemente regulando o mesmo fato e 
vigência contemporânea de todas elas. 
- Aparente aplicação de todas as normas à espécie: a incidência de todas as normas é apenas 
aparente. 
- Efetiva aplicação de apenas uma delas: somente uma norma é efetivamente aplicável, por isso o 
conflito é aparente. 
 
Princípios que solucionam o Conflito Aparente de Normas 
 
Os princípios que buscam solucionar o conflito aparente de normas, utilizados como forma de manter 
a coerência do ordenamento jurídico e assim se evitar o bis in idem (repetição de uma sanção sobre o 
mesmo fato), são: 
 
- Princípio da Subsidiariedade: este princípio determina que a norma principal mais ampla/gravosa 
prevalece sobre a norma subsidiária, ou seja, a norma subsidiária somente será aplicada quando o fato 
não constituir crime mais grave e quando a norma principal não for aplicável. 
A subsidiariedade por ser Expressa ou Tácita: 
a) Expressa: neste caso o caráter subsidiário da norma está expresso no tipo penal. Ex. artigo 132, 
CP: 
Perigo para a vida ou saúde de outrem 
CP - Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
Pena - detenção, de três meses a umano, se o fato não constitui crime mais grave. 
 
Verifica-se neste dispositivo que a própria norma já expressa o seu carater subsidiário, afirmando que 
somente será aplicada quando o fato não constituir crime mais grave e, portanto, quando a norma principal 
não for aplicável. 
 
b) Tácita: neste caso a subsidiariedade está implicita no tipo penal. Aqui, mesmo o tipo penal não 
fazendo menção expressa do seu caráter subsidiário, ele somente será aplicado nas hipóteses de não 
ocorrência de um delito mais grave que, nesta situação, afastará a aplicação da norma subsidiária. 
Ex.: O art. 311 do Código de Trânsito Brasileiro descreve o crime de “trafegar em velocidade 
incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e 
desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou 
concentração de pessoas, gerando perigo de dano”. Trata-se de uma norma subsidiária implícita, pois, 
caso dessa conduta resulte um atropelamento com morte, o agente será responsabilizado pelo crime do 
artigo 302 do CTB(“Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor”) e não mais pelo artigo 
311, CTB. 
 
- Princípio da Especialidade: este princípio determina que a norma especial prevalecerá sob a 
norma geral, ou seja, a lei especial, afastará a aplicação da lei geral. Lembrando que uma lei especial é 
aquela que contém todos os elementos de uma norma geral, mais alguns elementos chamados de 
especializantes, que especificam determinado tipo penal, agregando mais ou menos severidade ao tipo 
penal. Ex: mãe que mata o filho durante o parto: aparentemente ela incorre nos crimes de homicídio 
(art.121, CP) e de infanticídio (art. 123, CP). Neste caso, o infanticídio contém todos os elementos da 
norma geral (matar + alguém), mais os especializantes (influência do estado puerperal; próprio filho; 
durante o parto). Aplica-se, portanto, neste caso, o artigo 123 do Código Penal. 
 
- Princípio da Consunção ou da Absorção: aplicável nos casos em que o agente, para atingir a 
intenção criminosa, pratica uma sucessão de condutas, todas penalmente tipificadas e efetivamente 
relacionadas. Neste caso, os crimes menos graves constituem um meio necessário ou normal fase de 
preparação ou de execução de outro crime. 
Há, portanto, uma sucessão de fatos, todos penalmente tipificados, na qual o mais amplo consome o 
 
 
 
14 
 
menos amplo, evitando a dupla punição, como parte de um todo e como crime autônomo.2 Difere do 
princípio da especialidade porque naquele analisa-se as normas e nesse os fatos. Ex: lesão corporal que 
é absorvida no caso do homicídio. 
 
Pode ocorrer nos seguintes casos: 
1) Crimes Complexos: são aqueles formados pela união de dois ou mais crimes autônomos, que 
passam a funcionar como elementares no tipo complexo. Decorrem, portanto, da união de duas condutas 
que formam um novo tipo penal. Ex. latrocínio (roubo + homicídio). 
2) Crimes Progressivos: são aqueles em que o sujeito, pretendendo alcançar um resultado mais 
grave, pratica por meio de atos sucessivos, crescentes violações ao bem jurídico. Ex: desejando matar 
Pedro, João desfere-lhe várias facadas. O objetivo é o homicídio, mas para alcançá-lo é necessário o 
cometimento da lesão corporal. Neste caso, as lesões são absorvidas pelo homicídio. 
3) Progressão Criminosa 
a) Progressão criminosa em sentido estrito: neste caso o sujeito tem uma pretensão inicial, realiza 
os atos a fim de alcançá-la, mas depois muda sua vontade, passando a desejar crime mais grave. Ex: 
agente que desejando apenas ferir seu desafeto passa a lhe desferir vários socos, porém, no meio da 
conduta, resolve que quer matá-lo e passa a sufocá-lo. Neste caso, o agente responderá por homicídio, 
ficando a lesão corporal absorvida. 
 
Observação: cuidado para não confundir a progressão criminosa em sentido estrito com o crime 
progressivo. No crime progressivo o sujeito tem apenas uma vontade, já na progressão criminosa em 
sentido estrito, há pluralidade de vontades. 
Elementos que devem ser observados: 
- Pluralidade de desígnios: inicialmente o agente deseja praticar um crime, e após cometê-lo, resolve 
praticar outro de maior gravidade, demonstrando duas ou mais vontades. 
- Pluralidade de fatos: existe mais de um crime correspondente a mais de uma vontade. Neste caso, 
embora haja condutas distintas, o agente só responderá pelo fato final mais grave, ficando os demais 
absorvidos. 
- Progressividade na lesão ao bem jurídico: a primeira sequência voluntária de atos, ou seja, o 
primeiro crime, provoca uma lesão menos grave do que a última e, por isso, acaba por ele absorvida. 
Como consequência, temos que, embora haja duas condutas distintas, o agente responderá apenas 
pelo ato final mais grave, ficando os demais anteriores absorvidos. 
 
b) Fato anterior (“ante factum”) não punível: são fatos anteriores praticados como meio de 
execução do crime principal, que ficam por ele absorvidos. Ex.: furto de uma bolsa que se encontra no 
interior de um automóvel. A eventual destruição do vidro não acarreta imputação ao agente do crime 
contido no art. 163, CP (Dano). 
STJ - Súmula nº 17 - Estelionato. Potencialidade Lesiva. Quando o falso se exaure no estelionato, 
sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. 
 
c) Fato posterior (“post factum”) não punível: são fatos que se fossem analisados isoladamente 
seriam púníveis, no entanto, quando são analisados como desdobramentos do crime principal, não são 
púníveis. Ocorre geralmente quando depois de realizada a conduta, o sujeito pratica nova ofensa contra 
o mesmo bem jurídico, buscando alguma vantagem com o crime anterior. Ex.: o uso posterior do 
documento falso, se quem o utilizou foi o próprio falsificador. 
 
- Princípio da Alternatividade: os tipos penais alternativos são aqueles que a lei estabelece diversos 
núcleos em sua descrição e que se praticados dentro de um mesmo contexto fático, caracterizam a 
prática de apenas um crime. Ex: art. 122, CP - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe 
auxílio para que o faça. 
Nestes casos, o princípío da alternatividade determina que basta a realização de qualquer dos verbos 
para que o crime se caracterize, ou seja, a realização de um ou de todos os verbos do tipo penal, 
configuram apenas um crime. 
 
 
 
 
 
2 MASSON. C. Direito Penal Esquematizado. Parte Geral. Vol. 1. Ed. Método. 8ª edição.2014. 
 
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Dica para lembrar dos Princípios que solucionam o conflito aparente de normas: 
 
SUBSIDIARIEDADE 
ESPECIALIDADE 
CONSUNÇÃO 
ALTERNATIVIDADE 
 
Tempo do Crime 
 
Art. 4º- Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja 
o momento do resultado. 
 
A determinação do momento (tempo) em que foi realizado um crime é importante, pois é por meio 
desta identificação que será possível saber qual lei deverá ser aplicada ao caso concreto ou ainda para 
estabelecer a imputabilidade do sujeito ou mesmo para fixar o marco prescricional. 
 
Existem três teorias sobre o tempo do crime: 
- Teoria da atividade: considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que 
outro seja o momento do resultado. 
- Teoria do resultado: considera-se praticado o crime no momento em que se produziu o resultado, 
sendo irrelevante o tempo da ação ou da omissão. 
- Teoria mista ou da ubiquidade: esta teoria considera como tempo do crime tanto o momento da 
ação ou da omissão, quanto o momento do resultado. 
 
A teoria adotada pelo Código Penal, quanto ao tempo (momento) do crime, é a TEORIA DA 
ATIVIDADE (art. 4º do Código Penal). 
 
Lei Penal no Espaço 
 
A lei penal no espaço busca delimitar o lugar onde um crime foi praticado e analisar quando a lei 
brasileira poderá ser aplicada. 
A delimitação do lugar do crime é importante uma vez que serve como parâmetro para solucionar, por 
exemplo, situações em que um crime inicia sua execução em um país e o resultado se dá em país diverso, 
ou seja, quandoum crime viola interesses de dois ou mais países. 
Via de regra, a lei brasileira será aplicada a crimes cometidos em território brasileiro, porém, em casos 
excepcionais, a lei brasileira também poderá ser aplicada a crimes cometidos em território estrangeiro. 
Por esta razão, dizemos que a aplicação da lei penal no espaço é regida por dois princípios básicos: 
o da territorialidade (aplica-se a lei brasileira para crimes cometidos em território nacional) e o da 
extraterritorialidade (excepcionalmente, a lei brasileira poderá ser aplicada para crimes cometidos em 
território estrangeiro). 
Em sentido jurídico, território é o espaço em que o Estado exerce sua soberania. Já em sentido estrito, 
é a superfície terrestre, as águas territoriais e os espaços aéreos correspondentes, delimitados por 
fronteiras. 
 
Territorialidade 
 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território nacional. 
§1º- Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde 
quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto- 
mar. 
§2º- É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou 
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território 
nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
 
 
 
 
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Princípios da Territorialidade 
Princípio da territorialidade 
Trata-se da regra geral aplicada no Brasil e dispõe que o Estado em cujo território foi cometido o crime 
é o competente para julgar o agente, independentemente de sua nacionalidade, da nacionalidade da 
vítima ou do bem jurídico lesado. 
 
Divide-se em: 
a) Princípio da Territorialidade Absoluta: apenas a lei penal brasileira é aplicada aos crimes 
cometidos no território nacional. 
b) Princípio da Territorialidade Temperada: a regra de que a lei brasileira é aplicada aos crimes 
cometidos no território nacional não é absoluta, podendo a lei estrangeira ser aplicada em crimes 
praticados em nosso território, quando assim exigirem os Tratados e Convenções Internacionais. 
O Brasil adotou o Princípio da Territorialidade Temperada (art. 5º, CP) 
São extensões do território nacional: 
- Embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde 
quer que se encontrem. 
- Aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se encontrem 
em alto-mar (mar de ninguém) ou no espaço aéreo correspondente. 
 
Regra para as aeronaves e embarcações particulares: 
- Se estiver no Brasil: aplica-se a lei brasileira. 
- Se estiver no Exterior: aplica-se a lei estrangeira local. 
 
Princípio do pavilhão ou da bandeira 
Por este princípio, as embarcações e aeronaves são consideradas como extensão do território do país 
onde se acham registradas. Assim, quando estiverem em alto-mar ou em espaço aéreo correspondente, 
aplicar-se á a lei do país cuja bandeira elas ostentarem. 
Vale ressaltar que embarcações e aeronaves militares brasileiras, sempre serão consideradas 
extensões do território nacional, mesmo quando em Estado estrangeiro. Por esta razão, aplica-se a lei 
penal brasileira às infrações nelas cometidas. 
 
Princípio da passagem do inocente 
Este princípio dispõe que é permitido uma embarcação ou aeronave de propriedade privada atravessar 
o território brasileiro, desde que não afete em nada nossos interesses. 
Nesta hipótese, caso ocorra um crime dentro desta embarcação/aeronave, não será aplicada a lei 
brasileira (país em trânsito). A lei penal brasileira poderá ser aplicada somente se o crime afetar um bem 
jurídico nacional. 
 
Lugar do Crime 
 
Art. 6º- Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou 
em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
 
Em observância ao princípio da territorialidade, necessário se faz a identificação do lugar do 
cometimento do crime, para que seja possível fixar a competência para o seu julgamento. 
 
Teorias 
Sobre o lugar do crime, a doutrina apresenta três teorias: 
a) Teoria da atividade: (também conhecida como “teoria da ação”): considera como lugar do crime o 
local onde foi praticada a ação ou omissão, ou seja, é aquele onde ocorre a conduta delituosa. 
b) Teoria do resultado: considera como lugar do crime o local em que o resultado foi produzido, não 
importando qual foi o local da prática da conduta, ou seja, o local da ação ou da omissão. 
c) Teoria mista ou da ubiquidade: esta teoria é um misto das duas teorias anteriores e assim, 
considera como lugar do crime tanto o local onde foi praticada a ação ou omissão, como o lugar em que 
se produziu o resultado. 
Esta Teoria, tendo em vista que considera tanto o lugar da conduta como o do resultado, soluciona 
com mais facilidade os crimes à distância, bem como os crimes que começam e terminam em outros 
 
17 
 
países, envolvendo assim o Direito Internacional, permitindo assim, que tais crimes sejam resolvidos nos 
termos da legislação brasileira. 
 
Nos termos do que dispõe o artigo 6º, CP, a Teoria mista ou da ubiquidade é a adotada pelo Código 
Penal brasileiro. 
 
Atenção: quando se tratar do Código de Processo Penal, a Teoria adotada é diferente! 
 
O Código de Processo Penal ao afirmar em seu artigo 70 que “a competência será, de regra, 
determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for 
 praticado o último ato de execução”, adotou a Teoria do Resultado. 
 
No entanto, importante destacar que não existe conflito entre o Código Penal e o Código de Processo 
Penal com relação à teoria do lugar do crime, isto porque, a regra do Código Penal será aplicada apenas 
quando se tratar de crimes à distância, ou seja, aqueles em que a conduta criminosa é praticada em um 
país, e o resultado se produz em outro. Envolve o chamado Direito Penal Internacional. 
Já a regra do Código de Processo Penal será aplicada quando se tratar de crimes plurilocais, ou 
seja, aquele em que a ação/omissão ocorre em um local e o resultado em outro, porém, os dois lugares 
são dentro do mesmo território nacional (dentro do mesmo país - entre cidades). Neste caso a jurisdição 
é nacional, entre Comarcas. 
Exceção: nos casos de crimes contra a vida plurilocais, excepcionalmente, a competência poderá ser 
fixada no local da ação e não do resultado. Isto porque, na grande maioria das vezes, a instrução 
probatória é mais fácil no local onde se iniciaram os atos executórios. 
 
DICA: Para não confundir as Teorias adotadas pelo Código Penal acerca do Tempo e Lugar do Crime, 
lembrar da palavra LUTA. 
 
Lugar do Crime 
Ubiquidade (art. 6º, CP) 
Tempo 
Atividade (art. 4º, CP) 
 
Extraterritorialidade 
 
O princípio da extraterritorialidade dispõe sobre a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira, de 
forma excepcional, aos crimes cometidos fora do território nacional. As hipóteses de extraterritorialidade 
estão previstas no art. 7º, CP, vejamos: 
 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de 
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída 
pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticadosem aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, 
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou 
condenado no estrangeiro. 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes 
condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
 
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e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a 
punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora 
do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
Espécies de Extraterritorialidade 
 
Incondicionada 
Hipóteses previstas no inciso I do art. 7º do CP. Nestes casos, a lei brasileira será aplicada aos crimes 
cometidos fora do território brasileiro, independentemente de qualquer condição. 
 
Condicionada 
Hipóteses previstas no inciso II do art. 7º do CP. Nestes casos, a lei brasileira somente será aplicada, 
caso sejam satisfeitas as condições previstas respectivamente no inciso II e no §2º do art. 7º. 
Assim, para a aplicação da lei brasileira nestes casos, necessário o concurso das seguintes condições: 
a) Entrada do agente no território nacional; 
b) Ser o fato punível também no país em que foi praticado. Na hipótese de o crime ter sido praticado 
em local onde nenhum país tem jurisdição (alto-mar, certas regiões polares), é possível a aplicação da lei 
brasileira; 
c) Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, 
segundo a lei mais favorável; 
e) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, 
segundo a lei mais favorável (condição objetiva de punibilidade). 
 
Tais requisitos são cumulativos. 
 
Hipercondicionada 
O art. 7º, § 3º do CP, prevê uma última hipótese da aplicação da lei brasileira: a do crime cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. É um dispositivo baseado na teoria de proteção. 
Neste caso, para a aplicação da lei brasileira, além das condições previstas no §2º, é preciso observar 
ainda as seguintes condições: 
- Não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição; 
- Ter havido requisição do Ministro da Justiça. 
 
Observação: em se tratando de contravenção penal, não se admite a extraterritorialidade, nos termos 
do art. 2º da Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/1941), que assim dispõe: 
- Art. 2º - A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território nacional. 
 
Princípios da Extraterritorialidade 
 
- Princípio da defesa real ou da proteção: aplica-se a lei da nacionalidade do bem jurídico lesado, 
independentemente da nacionalidade do agente e do lugar onde o crime foi cometido. (art. 7º, I, “a”, “b”, 
“c”, CP) 
- Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa: aplica-se a lei brasileira aos crimes cometidos 
por brasileiro fora do Brasil. Neste caso, o único critério observado é a nacionalidade do sujeito ativo (art. 
7º, II, “b”, do CP). 
- Princípio da nacionalidade ou personalidade passiva: aplica-se a lei brasileira aos crimes 
cometidos por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil. Neste caso, o que importa é a nacionalidade 
da vítima, mesmo que o crime tenha sido praticado no exterior. (art. 7º, §3º, CP). 
- Princípio da justiça universal ou princípio da universalidade: todo Estado tem o direito de punir 
qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do delinquente e da vítima ou o local de sua prática, desde 
que o criminoso esteja dentro de seu território. Neste caso o direito de punir é universal. (art. 7º, I, “d” e 
II, “a”, CP). 
- Princípio da representação ou da bandeira: a lei penal brasileira também é aplicável aos delitos 
cometidos em aeronaves e embarcações privadas quando realizados no estrangeiro e aí não venham a 
 
 
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Súmula 420 do STF: Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito 
em julgado. 
ser julgados. Este princípio também é conhecido como princípio da bandeira, do pavilhão, subsidiário ou 
da substituição. (art. 7º, II, “c”, CP) 
 
Jurisdição subsidiária 
Verifica-se a subsidiariedade da jurisdição nacional nas hipóteses do inciso II e do § 3º do art. 7º do 
Código Penal. Assim, se o autor de um crime praticado no estrangeiro for processado perante esse juízo, 
sua sentença preponderará sobre a do juiz brasileiro. 
Caso o réu seja absolvido pelo juiz territorial, aplicar-se-á a regra do non bis in idem (não permissão 
da dupla condenação pelo mesmo fato) para impedir o persecutio criminis (art. 7º, § 2º, d, do CP). 
No entanto, no caso de condenação, se o condenado se subtrair à execução da pena, será julgado 
pelos órgãos judiciários nacionais e, se for o caso, condenado de novo, solução, inclusive, consagrada 
no art. 7º, §2º, “d” e “e”, do Código Penal. 
 
Pena Cumprida no Estrangeiro 
 
Art. 8º- A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, 
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
Sabemos que uma pessoa pode ser julgada em território e estrangeiro e, se for caso de 
extraterritorialidade incondicionada, também poderá ser julgada novamente e cumprir pena no Brasil. No 
entanto, isso não significa dizer que a pessoa irá cumprir a pena duas vezes. 
Cumprida a pena pelo sujeito ativo do crime no estrangeiro, será ela descontada na execução pela lei 
brasileira, quando forem idênticas, respondendo efetivamente o sentenciado pelo saldo a cumprir se a 
pena imposta no Brasil for mais severa. (Ex.: Agente que atentou contra a vida do Presidente em território 
estrangeiro e por isso foi condenado e cumpriu pena de 05 anos. Ao ingressar no Brasil, é julgado e 
condenado a uma pena de 10 anos, sendo ambas as penas privativas de liberdade. Neste caso, o agente 
cumprirá então no Brasil apenas 05 anos). 
Já se a pena cumprida no estrangeiro for superior a pena imposta em nosso país, é evidente que esta 
não será executada. 
No caso de penas diversas (ex. pena restritiva x pena privativa de liberdade) aquela cumprida no 
estrangeiro atenuará a pena aplicada no Brasil. 
 
Eficácia de Sentença Estrangeira 
 
Art. 9º- A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as 
mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: 
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 
II - sujeitá-lo a medida de segurança. 
Parágrafo único - A homologação depende: 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade 
judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. 
 
Quanto à eficácia de sentença estrangeira, temos que em determinadas situações, o Brasil reconhece 
em seu território os efeitos da sentença proferida por outra nação. 
Nesse sentido, o Código Penal em seu art. 9°, em consonância com o art. 105, I, alínea “i”, da 
Constituição Federal, prescreve que a sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz 
na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: 
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 
II - sujeitá-lo a medida de segurança. 
 
Essa homologação compete ao Superior Tribunal de Justiça, que, por sua vez, só pode homologar

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