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aula 1 - saude do trabalhador

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AULA 1 – FISIOTERAPIA NA SAÚDE DO TRABALHADOR 
DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO
As doenças ocupacionais englobam qualquer distúrbio ou lesão relacionada às atividades do trabalho ou ao ambiente laboral que resulta em alterações biológicas, químicas, físicas e psicológicas, podendo impactar diretamente na saúde do indivíduo.
Os diversos segmentos da saúde se preocupam com os efeitos que as atividades laborais podem gerar na capacidade e eficiência do trabalhador e buscam identificar os fatores que levam a doenças no ambiente laborativo. Isso permite a atuação com propostas preventivas e, quando necessárias, intervenções curativas.
As doenças ocupacionais, incluindo os acidentes relacionados ao trabalho, são um problema na saúde publica preocupante que requer cada vez mais um somatório de esforços de controle e prevenção. Sem dúvida, as medidas de prevenção nas empresas, nas indústrias, enfim, em todas as formas de trabalho humano devem ser a maior preocupação da área de saúde. A identificação dos riscos a que o trabalhador pode estar exposto na prática de determinada atividade é fundamental para a elaboração de um plano de atuação preventiva.
Para melhor conhecer os acometimentos que podem ser desenvolvidos em cada atividade, é necessário entendermos, primeiramente, as doenças relacionadas ao trabalho. Por esse motivo, vamos estudar as doenças ocupacionais respiratórias, as Lesões por Esforço Repetitivo (LER), o distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT), a Síndrome de Burnout e conhecer os acidentes de trabalho e quais são as regras de biossegurança.
DOENÇAS OCUPACIONAIS RESPIRATÓRIAS
As doenças ocupacionais respiratórias são consequências da exposição às substâncias nocivas no ambiente de trabalho, que podem agredir o sistema respiratório.
A função do sistema respiratório é permitir ao organismo a troca de gases com o ar atmosférico e assegurar a manutenção da concentração de oxigênio (O²) no sangue, necessário para as reações metabólicas e que durante o processo expiratório permite a eliminação de gases residuais, como o dióxido de carbono (CO²).
Podemos classificar as doenças ocupacionais respiratórias em agudas e crônicas. Elas acometem o trato respiratório superior como o trato respiratório inferior.
O trato respiratório superior é formado por órgãos localizados fora da caixa torácica, são eles:
· Nariz;
· Cavidade nasal;
· Faringe;
· Laringe;
· Parte superior da traqueia.
Já o trato inferior é composto pelos órgãos localizados dentro da cavidade torácica, são eles:
· Parte inferior da traqueia;
· Brônquios;
· Bronquíolos;
· Alvéolos;
· Pulmões.
As camadas das pleuras (parietal e visceral) fazem parte do trato respiratório inferior.
Sabemos que o sistema respiratório é a principal interface entre os meios interno e externo do corpo humano. Considerando o grande número de elementos dispersos no meio ambiente, e em especial nos locais de trabalho, a exposição a esses agentes por períodos prolongados pode ser a causa de doenças respiratórias relacionadas ao trabalho.
- E COMO SABER QUAIS SÃO OS LIMITES DE TOLERÂNCIA À EXPOSIÇÃO A DETERMINADOS AGENTES QUÍMICOS?
Bem, temos a Norma Regulamentadora expedida pelo Ministério do Trabalho, a NR-15, que define limite de tolerância como:
· ‘’A concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral.’’
O desenvolvimento de doenças relacionadas ao trabalho e ao ambiente laboral já é conhecido há muito tempo. Os efeitos maléficos de substâncias como chumbo, mercúrio e poeira de sílica foram descritos antes de Cristo. Já no início do século XVI d.C., podemos destacar a frase clássica de Paracelso (1493-1541):
· ‘’Todas as substâncias são venenos, não existe nada que não seja veneno. Somente a dose correta diferencia o veneno do remédio.’’
Essa assertiva de Paracelso faz refletir sobre como a quantidade da substância e o tempo de contato podem ser fatores decisivos para os malefícios. Sabemos que a classe trabalhadora tem maior exposição direta a esses agentes.
DOENÇAS RESPIRATÓRIAS E AGENTES QUÍMICOS
Quando falamos em doenças do sistema respiratório relacionadas ao trabalho, podemos associá-las com a exposição a agentes químicos.
Segundo a Norma Regulamentadora expedida pelo Ministério do Trabalho – NR-9, riscos químicos são substâncias compostas ou produtos que podem penetrar no organismo pela via respiratória ou que, pela natureza da atividade laboral, tenham contato com a pele ou sejam absorvidos por ingestão.
Os agentes químicos podem ter ação localizada, atuando somente na região de contato, ou sistêmica, quando os agentes são absorvidos pelo organismo e distribuídos por órgãos e sistemas.
Os agentes químicos podem estar:
· DISTRIBUÍDOS NO AR – Apresentam-se em estado gasoso, como os gases e vapores;
· DIVIDIDOS E SUSPENSOS NO AR – Formados por aerodispersoides sólidos (poeiras e fumos) ou aerodispersoides líquidos (névoas e neblinas);
O sistema respiratório é a principal via de absorção dos agentes químicos no organismo, principalmente pela grande superfície dos alvéolos pulmonares (80 a 90 metros quadrados no adulto), constituindo a maior interface entre o ser humano e o meio ambiente. As substâncias penetram pela via respiratória superior (boca e nariz), agindo nas regiões da faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões.
Exposições inalatórias significativas são passíveis de provocar danos a curto ou longo prazo, constituindo importante causa de sintomatologia respiratória no trabalhador, bem como de absentismo, incapacidade e morte.
A Portaria nº 2.309, de 28 de agosto de 2020, atualizou a lista de doenças relacionadas ao trabalho – LDRT. A seguir, veja agentes e/ou fatores de riscos físicos e as respectivas doenças respiratórias a eles relacionadas.
· ÁCIDO SULFÍDRICO (SULFETO DE HIDROGÊNIO): Afecções respiratórias crônicas por produtos químicos, gases, fumaças e vapores;
· ACRILATOS: Afecções respiratórias crônicas por produtos químicos, gases, fumaças e vapores;
· AMÔNIA: Faringite crônica / Bronquite crônica não especificada;
· BROMO: Sinusite crônica / Laringotraqueíte crônica;
· CARBONETOS DE METAIS DUROS: Pneumoconiose por outras poeiras inorgânicas especificadas. / Asma. / Faringite crônica. / Rinite crônica;
· POEIRA DE ALUMÍNIO: Aluminose (do pulmão);
· POEIRAS CONTENDO MICRO-ORGANISMOS E PARASITAS INFECCIOSOS VIVOS E SEUS PRODUTOS TÓXICOS: Pulmão de fazendeiro. / Pulmão dos criadores de pássaros. / Doença pulmonar por sistemas de ar condicionado e de umidificação do ar;
· POEIRAS DA INDÚSTRIA DO COURO: Neoplasia maligna da cavidade nasal. / Neoplasia maligna dos seios da face;
· EXPOSIÇÃO A ASBESTO OU AMIANTO; OU NÉVOAS ÁCIDAS; OU AGENTES QUÍMICOS USADOS NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DA BORRACHA, INCLUINDO PROCESSO DE VULCANIZAÇÃO: Neoplasia maligna de laringe;
· EXPOSIÇÃO A AGENTES QUÍMICOS PROVENIENTES DA PRODUÇÃO DE ALUMÍNIO; OU ARSÊNIO E SEUS COMPOSTOS; OU ASBESTO OU AMIANTO: Neoplasia maligna dos brônquios e dos pulmões;
· EXPOSIÇÃO A POEIRAS DE CARVÃO MINERAL; OU POEIRAS DE SÍLICA LIVRE CRISTALINA: Pneumoconiose dos mineiros de carvão.
Da extensa lista de doenças pulmonares relacionadas ao trabalho, destacamos as duas mais recorrentes: silicose e asbestose. Ambas são modalidades de pneumoconioses, as principais doenças respiratórias notificadas e que se originam principalmente por inalação de pequenas partículas de poeira causadoras de fibrose intersticial nos pulmões.
SILICOSE
Decorre da inalação da sílica, especialmente por trabalhadores da construção civil, da mineração, do garimpo e das indústrias químicas de cerâmica (na fabricação de pisos, azulejos e louças sanitárias, borracha e vidro ou no uso de areia para trabalhos de jateamento).
A sílica possui diversas aplicações comerciais e industriais, é a principal matéria dos componentes semicondutores e dos silicones, assim como dos cristais piezoelétricos. Na forma vítrea, é muito utilizada na indústria de vidros e como componentes óticos.
A exposiçãoocupacional se dá por meio da inalação de poeira, que significa toda partícula sólida formada por trituração, suspensa ou capaz de se manter suspensa no ar. Dependendo do tamanho da partícula, ela vai se depositar em diferentes locais do sistema respiratório. 
Assim, as partículas podem ser:
Inaláveis – partículas menores que 100чm
Torácicas – partículas menores que 25 чm
Respiráveis – partículas menores que 10 чm
Segundo dados do Ministério do Trabalho, as ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador relacionadas à silicose começaram, no Rio de Janeiro, no final da década de 1980, quando já existia mobilização dos sindicatos cobrando ações do poder público. 
No Brasil, a NR-15, que trata de atividades e operações insalubres, traz em seu anexo XII os limites de tolerância para poeiras minerais: 
‘’Fica proibido o processo de trabalho de jateamento que utilize areia seca ou úmida como abrasivo. ‘’
É necessária a interrupção da exposição à poeira de sílica tão logo seja feito o diagnóstico. Essa ação pode impactar positivamente e evitar a progressão da doença e da insuficiência respiratória. Também é importante cessar o tabagismo. 
O tratamento precoce e adequado para aliviar as complicações do cor pulmonale melhora a função pulmonar e, associado ao exercício físico bem orientado, é capaz de aliviar a insuficiência respiratória.
As atividades da construção civil em várias etapas da obra (fundações, acabamento, corte de azulejos e de pedras, mistura de cimento e areia) apresentam maior risco de exposição à sílica.
A manifestação da silicose é insidiosa, ou seja, a doença surge de maneira lenta, sem apresentar sinais ou sintomas mais graves e, geralmente, quando os sintomas surgem, manifestam-se em quadros de dispneia. O diagnóstico pode ser feito por radiografia do tórax ou tomografia computadorizada. 
A espirometria, exame pulmonar que permite avaliar distúrbios ventilatórios, mensurando a capacidade dos pulmões de reterem ar, bem como a velocidade e volume expirado, pode mostrar a magnitude do acometimento da doença.
A silicose está relacionada com o desenvolvimento de outras doenças, como tuberculose, câncer de pulmão, doenças reumatológicas e pneumotórax.
 
ASBESTOSE
A asbestose é considerada uma pneumoconiose, ou seja, doença do sistema respiratório relacionada ao trabalho. Ela gera a formação de tecido cicatricial no pulmão, o que reduz a elasticidade e a capacidade de expansão pulmonar. A causa é atribuída à inalação de poeiras de amianto, que leva ao desenvolvimento de fibrose pulmonar crônica e irreversível.
O asbesto, conhecido comercialmente como amianto, é uma fibra mineral utilizada principalmente na fabricação de produtos como telhas, caixas d’água, placas, tubulações, pastilhas de freio e embreagens.
Em 11 de setembro de 2001, a cidade de Nova York sofreu um atentado terrorista que incidiu sobre as Torres Gêmeas. A destruição dos edifícios expôs a população à poeira do amianto, que gerou um pico de incidência de asbestose. Atualmente, esses casos estão associados ao desenvolvimento de câncer.
O quadro clínico da asbestose é semelhante ao da silicose: provoca falta de ar e redução da capacidade para as atividades diárias. O diagnóstico geralmente é feito por radiografia e tomografia computadorizada. Quando inconclusivo, o diagnóstico pode ser confirmado pelo exame lavado broncoalveolar com a contagem de corpos asbestóticos.
OBS: Importante destacar que, para o diagnóstico das doenças respiratórias relacionadas ao trabalho, é necessário coletar a história clínica ocupacional completa do paciente, explorando os sintomas respiratórios, os sinais clínicos e os exames complementares, o estabelecimento de relação temporal adequada entre o evento e as exposições a que foi submetido o trabalhador, traçando assim o nexo de causalidade. Também devem ser consideradas na anamnese as manipulações de resinas epóxi, massas plásticas, soldas, entre outros, em atividades, hobbies ou trabalho extra que podem esclarecer certos achados que não se explicam pela história ocupacional.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a inalação da fibra de amianto pode ainda causar câncer de pulmão, ovário e laringe. O emprego de asbesto já foi proibido em mais de 60 países, porém ainda é utilizado no Brasil. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) recomenda fortemente o banimento total do uso dessa substância em território nacional. Embora o Supremo Tribunal Federal (STF) já tenha se manifestado contra a utilização dessa matéria-prima, leis têm se oposto a tal determinação.
Já foi organizado o Programa de Vigilância à Saúde do Trabalhador Exposto ao Amianto com o objetivo de estruturar a intervenção da Vigilância Sanitária (Anvisa) e dos Centros Regionais de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest Regionais) nessas situações de trabalho, considerando o potencial do amianto em afetar a saúde de forma negativa (SANTOS, 2016). 
Todos os casos suspeitos devem passar por inspeção nos ambientes de trabalho para correção e/ou eliminação da fonte geradora de riscos à saúde dos trabalhadores. 
Atenção: As pneumoconioses não têm cura. Medidas de prevenção são necessárias, portanto, para o controle de situações de risco inalatório e de geração e disseminação de aerossóis nos ambientes de trabalho. Também é importante que o controle de emissão de névoas e poeiras se estenda ao meio ambiente, para evitar danos à população vizinha.
Entre as medidas de controle coletivo, podemos destacar a aspersão de água nos pontos de produção de poeira, sistema de exaustão localizado, umidificação do ambiente de trabalho para evitar o levantamento secundário de poeira já sedimentada, enclausuramento do processo produtor de poeiras e, principalmente, a substituição de matérias-primas.
A proteção respiratória individual deve ser utilizada nas operações em que as medidas de proteção respiratória coletivas são insuficientes para o controle de exposição inalatória, como o uso de filtros mecânicos individuais.

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