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1  
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O AMBIENTE E AS DOENÇAS LABORAIS 
 Marcella Ferreira e Silva 
Zulmira Rosa de Sousa Silva Duque 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2014 
 
2  
  
O AMBIENTE E AS DOENÇAS LABORAIS 
Há muito tempo se sabe que o trabalho, quando executado sob determinadas 
condições, pode causar doenças, encurtar a vida ou matar, sem rodeios, os trabalhadores. (8) 
O desgaste do corpo durante o processo produtivo gera patologias específicas para 
cada tipo de atividade ocupacional, além das diferentes modalidades de acidentes do trabalho, 
cujas características encontram-se também diretamente relacionadas com o tipo de trabalho 
executado. (18) 
Em relação às condições de trabalho, os riscos ambientais estão divididos em 
cinco categorias: 
• Riscos Biológicos: são diretamente relacionados com micro-organismos, podendo 
provocar doenças; 
• Riscos Químicos: são substâncias ou produtos que podem contaminar o ambiente de 
trabalho e, consequentemente, o organismo humano; 
• Riscos Físicos: São resultantes da troca de energia entre o organismo e o ambiente de 
trabalho, em quantidade que pode causar o desconforto, acidentes ou doenças do 
trabalho; 
• Riscos Ergonômicos: são as condições de trabalho que não são adaptadas às 
características físicas e psicofisiológicas das pessoas; 
• Riscos Mecânicos ou de Acidentes: são agentes relacionados com os processos de 
trabalho e as condições físicas do ambiente. (1) 
É importante observar que a nocividade do trabalho pode não ser dele próprio, ou 
das atividades que o conformam, mas determinada ou agravada por 2 considerações sobre o 
“tempo de trabalho”, sendo elas pela “duração” ou pela “configuração”, entendido como 
“tempo de trabalho” nas mais distintas acepções, que vão desde o tempo na vida em que se 
começa a trabalhar; o tempo na vida em que se para de trabalhar; o tempo ou duração do 
trabalho numa jornada de trabalho (jornada, do francês jour = dia), nas semanas, nos meses, 
nos anos e, enfim, na vida. “Duração”, no sentido de tempo acumulado, e “configuração”, no 
sentido de sua distribuição, ou forma como a duração está organizada ou distribuída no 
próprio referencial de periodização do tempo: vida, época da vida, ano, estação do ano, mês, 
semana, dia, hora, minuto... (8) 
3  
  
O grau de sucesso ou insucesso dos mecanismos de “agressão” irá depender não 
apenas da natureza e intensidade da “agressão”, e do grau de “vulnerabilidade” aos patógenos 
do trabalho, mas também da eficiência ou eficácia dos mecanismos de “defesa” do 
trabalhador. (8) 
Sobre a ideia de saúde a Organização Mundial da Saúde conceitua da seguinte 
forma: 
“condição em que um indivíduo ou grupo de indivíduos é capaz de realizar suas 
aspirações, satisfazer suas necessidades e mudar ou enfrentar o ambiente. A saúde é um 
recurso para a vida diária, e não um objetivo de vida; é um conceito positivo, enfatizando 
recursos sociais e pessoais, tanto quanto as aspirações físicas.” (OMS, 1984 apud Rey, 1999. 
Grifo introduzido). (8) 
Dito em outras palavras: 
“saúde é o estado caracterizado pela integridade anatômica, fisiológica e 
psicológica; pela capacidade de desempenhar pessoalmente funções familiares, profissionais 
ou sociais; pela habilidade para tratar com tensões físicas, biológicas, psicológicas ou 
sociais.” (Rey, 1999. Grifo introduzido). (8) 
Podemos concluir que, o trabalhador ao ser exposto a um agente agressor, seu 
organismo irá reagir com um tipo de mecanismo de defesa, seu resultado pode ser uma 
adaptação ou uma lesão. Por exemplo, o trabalhador exposto a uma natureza 
predominantemente biológica, seu mecanismo de defesa poderá dar resposta imunológica 
competente e adequada, caso não seja adequada irá surgir doenças decorrentes desta 
exposição. 
Antes de iniciarmos nossos estudos sobre as doenças ocupacionais, precisamos ter 
claro algumas definições: 
• Acidente de trabalho 
• Doença do trabalho 
• Doença profissional 
 A Lei 8.213/91 conceitua o acidente de trabalho, primeiro no sentido restrito, 
depois no sentido amplo ou por extensão. (10) 
4  
  
 Do acidente-tipo, ou também chamado de macrotrauma, cuida a lei no art. 19 e 
basicamente define como acidente do trabalho aquele que ocorre pelo exercício do trabalho 
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução 
da capacidade permanente ou temporária para o trabalho. Ou seja, trata-se de um evento 
único, subitâneo, imprevisto, bem configurado no espaço e no tempo e consequências 
geralmente imediatas. (10) 
 O acidente de trabalho representa uma interrupção súbita no processo de trabalho, 
traumática para o acidentado, diferente das doenças profissionais ou do trabalho que tem 
caráter progressivo e em boa parte dos casos irreversíveis, implicando um processo lento de 
degeneração orgânica do qual muitas vezes o próprio trabalhador não se dá conta. Pela 
ausência inicial de sintomatologia clínica, as patologias profissionais permitem – ao contrário 
dos acidentes – que o indivíduo prossiga trabalhando até que se torne inútil para a produção e 
seja substituído por outro. (18) 
 Deste modo o objetivo deste trabalho é tratar apenas das doenças laborais, das 
quais podemos analisar sob algumas características do ponto de vista de Ramazzini, Schilling 
e da própria Lei 8.213/91. 
 Bernardino Ramazzini (1633 – 1714) parece ter sido o primeiro a tentar classificar 
o que ele denominou de “doenças do trabalhador”, descrevia as doenças como, por exemplo: 
“doença dos mineiros”; “doença dos que trabalham em pé”; “doença dos pintores”, “doença 
dos que trabalham com enxofre”, etc. (8) 
 Da classificação empírica construída por Bernardino Ramazzini, há mais de 300 
anos, é possível pinçar os critérios para uma primeira sistematização da patologia do trabalho: 
• Num primeiro grupo estão aquelas doenças diretamente causadas pela “nocividade da 
matéria manipulada”, de natureza relativamente específica, e que vieram dar origem às 
“doenças profissionais” (8) 
• Num segundo grupo estão aquelas doenças produzidas pelas condições de trabalho: 
“posições forçadas e inadequadas”, “operários que passam o dia de pé, sentados, 
inclinados, encurvados etc.”. São as que mais tarde foram denominadas “doenças 
causadas pelas condições especiais em que o trabalho é realizado”. (8) 
 O professor Richard Schilling, da Inglaterra, desenvolveu uma classificação 
própria, que agrupa as “doenças relacionadas com o trabalho” em três categorias, resumidas 
na tabela 1.1. (8) 
5  
  
Categorias Exemplos 
 
I - Trabalho como causa necessária, exatamente, e pelas 
intoxicações agudas de origem ocupacional. 
* Intoxicação por chumbo 
* Silicose 
* "Doenças profissionais" legalmente prescritas 
* Outras 
 
II - Trabalho como fator de risco contributivo ou 
adicional, mas não necessário, exemplificadas pelas 
doenças comuns, mais frequentes ou mais precoces em 
determinados grupos ocupacionais e para as quais o 
nexo causal é de natureza eminentemente 
epidemiológica. 
* Doença coronariana 
* Doenças do aparelho locomotor 
* Câncer 
* Varizes dos membros inferiores 
* Outras 
 
III - Trabalho como provocador de um distúrbio 
latente, ou agravador de doença já estabelecida ou 
preexistente. 
* Bronquite crônica 
* Dermatite de contato alérgica 
* Asma 
* Doenças mentais 
* Outras 
 
 
A Lei 8.213/91 subdivide as doenças ocupacionais em doenças profissionais e 
doenças do trabalho, estando previstas no art. 20, I e II. 
 As primeiras, também conhecidas como “ergopatias”, “tecnopatias” ou “doenças 
profissionais típicas”, são as produzidas ou desencadeadas pelo exercício profissional peculiar 
a determinada atividade (corresponde à classificação Schilling I). Nessa situação, o trabalho é 
considerado causa direta do agravo, ou seja, se o agente for eliminado, o agravo poderá ser 
completamente prevenido. Dada a sua tipicidade,prescindem de comprovação do nexo de 
causalidade com o trabalho. Há uma presunção legal nesse sentido. Decorrem de 
microtraumas que cotidianamente agridem e vulneram as defesas orgânicas, e que, por efeito 
cumulativo, terminam por vencê-las, deflagrando o processo mórbido. Por exemplo, os 
trabalhadores da mineração, sabe-se de há muito que estão sujeitos à exposição do pó de 
sílica, e, portanto, com chances de contrair a silicose, sendo considerada uma doença 
profissional. (10) (20) 
 Por sua vez as doenças do trabalho, também chamadas de “mesopatias”, ou 
“moléstias profissionais atípicas”, são aquelas desencadeadas em função de condições 
especiais em que o trabalho é realizado (classificação Schilling II e III), ou seja, o trabalho é 
um dos fatores de risco para a ocorrência do agravo. Contudo, por serem atípicas, exigem a 
comprovação do nexo de causalidade com o trabalho, via de regra através de vistoria no 
ambiente laboral. A retirada do fator de risco reduzirá a incidência do agravo e/ou modificará 
Tabela 1.1 – Classificação das doenças segundo sua relação com o Trabalho 
Fonte: Adaptado de Schilling, 1984 
6  
  
a evolução da doença. Por exemplo, a ocorrência de problemas osteomusculares nos 
profissionais de enfermagem. (10) (20) 
 Enquanto as doenças profissionais resultam de risco específico direto 
(característica do ramo de atividade), as do trabalho tem como causa o risco específico 
indireto. Assim, por exemplo, uma bronquite asmática normalmente provém de um risco 
genérico e pode acometer qualquer pessoa. Mas se o trabalhador exercer sua atividade sob 
condições especiais, o risco genérico transforma-se em risco específico indireto. (10) 
 A Lei 8.213/91 ainda contempla uma terceira categoria de doença, disposto no 
parágrafo 2° do art. 20: “Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na 
relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o 
trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-
la acidente do trabalho”. Estamos diante de uma variante da doença do trabalho, pois há uma 
relação direta com as condições especiais em que é executado o trabalho, por exemplo, as 
doenças ligadas à voz presentes nos trabalhadores das empresas de telemarketing. (10) 
 
UNIDADE 1 – DOENÇAS RELACIONADAS AOS RISCOS BIOLÓGICOS 
 Consideram-se riscos biológicos os vírus, bactérias, parasitas, protozoários, 
fungos e bacilos. (12) 
Os riscos biológicos ocorrem por meio de micro-organismos que, quando entram 
em contato com o ser humano, podem causar diversas doenças. Muitas atividades 
profissionais favorecem o contato com tais riscos. É o caso das indústrias de alimentação, 
hospitais, limpeza pública (coleta de lixo), laboratórios etc. (12) 
 Dentre as inúmeras doenças profissionais provocadas por micro-organismos, 
destacam-se: tuberculose, brucelose, malária e febre amarela. (12) 
 Para que essas doenças possam ser consideradas doenças profissionais, deve haver 
exposição do empregado a tais micro-organismos. Alguns agentes infecciosos que podem ter 
relação com o trabalho são: 
7  
  
• Dos vírus: adenovírus; caxumba; citomegalovírus; ebola; hepatite B; hepatite C; 
Herpes simplex; HIV; influenza; parainfluenza; parvovirus B19; poliovirus; rotavirus; 
rubéola; sarampo; varicela-zoster; vírus respiratório sincicial. 
• Das bactérias: bordetella; campulobacter; corynebacyerium diphteriae; mycobacterium 
tuberculosis; neisseria meningitidis; salmonella; shigella; yersínia pestis. 
• Outros: chlamydia psittaci; coxiella burnetti; cryptosporidium; mycoplasma 
pneumonie; sarcoptes scabiei. (12) (8) 
 O conhecimento dos riscos biológicos nos ambientes de trabalho é crucial para a 
prevenção das doenças ocupacionais. A displicência e complacência podem resultar em 
graves e ameaçadoras consequências. Os micro-organismos encontrados nos ambientes de 
trabalho variam de vírus extremamente pequenos e bactérias unicelulares, até fungos e 
parasitas multicelulares. (8) 
 É preciso adotar medidas preventivas para que as condições de higiene e 
segurança nos diversos setores de trabalho sejam adequadas. (12) 
 As medidas de controle mais usualmente adotadas são: saneamento básico, 
controle médico permanente, uso de EPI, higiene rigorosa, higiene pessoal, uso de roupas 
adequadas, vacinação, treinamento, etc. (12) 
 Para que uma substância seja nociva ao homem, é preciso que ela entre em 
contato com o organismo. Há diferentes vias de penetração para os riscos biológicos: (12) 
Ingestão: a água, os alimentos em geral, mãos e objetos quando levados à boca constituem as 
principais maneiras pelas quais a maioria dos agentes infectantes por via oral é transportada e 
introduzida no organismo, por exemplo, ovos de helmintos (Ascaris lumbricoides, Enterobius 
vermicularis, Trichuris trichiura), cistos de protozoários (Entamoeba histolytica, Giardia 
lambia), bactérias entéricas (Salmonella sp., Shigella sp., Escherichia coli enteropatogênica) e 
enterovírus (vírus da poliomielite, rotavírus, e outros). (8) 
Inalação através das vias respiratórias superiores: gotículas expelidas pela boca e pelo 
nariz contendo vírus diversos (gripe, sarampo, etc.); população viável de Mycobacterium 
tuberculosis no escarro em dessecação, associada a micropartículas de poeira; esporos de 
fungos das espécies Histoplasma capsulatum e Paracoccidioides braziliensis, responsáveis, 
respectivamente, pela histoplasmose e pela paracoccidioidomicose; frações de muco nasal 
8  
  
contendo Mycobacterium leprae, agente da hanseníase, e diversos outros exemplos, compõem 
uma vasta lista de biopatógenos que podem estar presentes em suspensão no ar inalado. (8) 
Penetração através das mucosas: de forma geral, as mucosas expostas aos fatores 
ambientais – vagina, uretra, olhos, boca – dispõem de condições biofísico-químicas 
favoráveis à instalação de germes e consequente desenvolvimento de infecções específicas. O 
material chegado à mucosa sadia pode originar-se do contato direto com outra mucosa doente 
ou ser trasnportado por algum veículo ou vetor. A Neisseria gonorrhhoeae, responsável pela 
blenorragia e pela oftalmia neonatorum, e as clamídeas, responsáveis por alguns tipos de 
uretrites e pelo tracoma, são exemplos de micro-organismos que penetram pelas mucosas, aí 
permanecendo e desenvolvendo estado patológico. O Trypanosoma cruzi, agente da doença 
de Chagas, pode penetrar pela mucosa ocular e daí invadir a corrente sanguínea e outros 
tecidos. O Schistosoma mansoni é outro agente que penetra no hospedeiro pelas mucosas. (8) 
Penetração através de solução de continuidade: Feridas cirúrgicas, ferimentos acidentais, 
tecidos necrosados, queimaduras, escarificações, e, de forma geral, toda descontinuidade da 
pele pode servir de porta de entrada para agentes infecciosos. Esses podem ter sido 
depositados sobre a pele antes de ocorrido o seu rompimento naquele ponto e introduzidos 
durante o processo ou podem vir a ser aí depositados por vetores ou veículos após a 
ocorrência da lesão. São conhecidos casos de tétano produzidos por contaminação do coto 
umbilical pela deposição intencional de excremento animal, usado como curativo. No entanto, 
a penetração do Clostridium tetani não se dá, na maioria dos casos, de forma tão inusitada, 
sendo a penetração mais simples. Os esporos são veiculados por poeira e terra contaminadas 
com fezes humanas ou de animais. Em alguns casos, o ferimento que deu acesso ao esporo é 
tão insignificante que passa despercebido. O Trypanosoma cruzi pode ser levado à circulação 
com o rompimento da pele por ação da unha no ato de coçar locais onde o barbeiro defecou 
ao sugar sangue. (8) 
Deposição sobre a pele seguida de propagação localizada: os agentes etiológicos das 
dermatofitoses (fungos dos gêneros Microsporum e Trichophyton) tem acesso ao couro 
cabeludo, às unhas e à pele, por contatodireto com indivíduos infectados, ou indiretamente 
por contato com objetos, pisos úmidos, instrumentos de barbearia e manicure. (8) 
Introdução no organismo com auxílio de objetos e instrumentos: neste caso, o acesso 
pode se dar pelos orifícios naturais ou através de perfurações cirúrgicas ou acidentais. A 
9  
  
transmissão por transfusão de sangue poderia também ser enquadrada neste item, 
considerando que a penetração do bioagente se dá por intrusão no corpo, com auxílio de 
objeto mecânico. Uma grande parte das infecções hospitalares relaciona-se a este mecanismo. 
(8) 
Introdução em tecido muscular ou na corrente sanguínea, por picadas de inseto ou por 
mordedura de animais: através de sua probóscida introduzida na pele, fêmeas dos mosquitos 
anofelinos injetam cargas de plasmódios sob a forma de esporozoítas, que darão origem à 
malária. Mosquitos do gênero Culex são responsáveis pela introdução, no organismo do 
hospedeiro, de larvas infectantes de Wuchereria bancrofti, agente causal da filariose. Neste 
caso também a penetração se faz por inoculação através da probóscida do mosquito. Os 
agentes causais do calazar (leishmaniose visceral) e da úlcera de Bauru (leishmaniose 
tegumentar) são introduzidos no organismo suscetível através da picada da fêmea do 
mosquito flebótomo. O vírus rábico é introduzido no organismo de seres humanos por 
mordedura lacerante de cães e gatos infectados, e em bovinos, por mordedura de morcego. (8) 
Penetração ativa direta do bioagente patogênico: a transmissão da sarna ocorre quando 
indivíduos infectados com Sarcoptes scabiei entram em contato com susceptíveis. As fêmeas 
recém-fecundadas do agente infeccioso abandonam o seu hospedeiro atual e penetram 
ativamente o novo hospedeiro. Cercárias de Schistosoma mansoni saídas do seu hospedeiro 
intermediário, molusco do gênero Biomphalaria e vivendo em coleções de água doce, 
penetram ativamente pela pele de pessoas suscetíveis que estejam imersas na água durante o 
trabalho ou recreação. Larvas infectantes de Strongyloides stercoralis, agente da 
estrongiloidíase, Ancylostoma caninum e Ancylostoma braziliensis, agentes da dermtite 
serpiginosa (larva migrans), podem penetrar ativamente na pele de pessoas que caminham 
com os pés descalços, a partir do solo contaminado. (8) 
 
1.1 – RELAÇÃO ENTRE AS DOENÇAS INFECCIOSAS E TRABALHO 
 As doenças infecciosas e parasitárias relacionadas ao trabalho apresentam 
algumas características que as distinguem dos demais grupos: os agentes etiológicos não são 
de natureza ocupacional, e sim as condições ou circunstâncias em que o trabalho é executado 
é que são favorecedoras do contato, contágio ou transmissão. São causadas por agentes que 
estão disseminados no meio ambiente, dependentes de condições ambientais e de saneamento 
10  
  
e da prevalência dos agravos na população geral; vulneráveis às políticas gerais de vigilância 
e da qualidade dos serviços de saúde. A delimitação ambiente de trabalho/ambiente externo é 
frequentemente pouco precisa. (8) 
 As consequências para a saúde da exposição a fatores de risco biológico presentes 
em situações de trabalho, além dos quadros de infecção aguda e crônica, incluem as reações 
alérgicas e tóxicas. Um amplo espectro de planas e animais produz substâncias alergênicas, 
irritativas e tóxicas com as quais os trabalhadores entram em contato, diretamente, através de 
picadas ou mordeduras ou através de poeiras contendo pelos, pólen, esporos de fungos. (8) 
 A maioria das infecções resulta de exposição não ocupacional. Entretanto, alguns 
ambientes ou doenças específicas sugerem que sua origem foi proveniente da exposição 
ocupacional. Os trabalhadores da área de saúde, nos seus vários âmbitos, quer estejam em 
centros de saúde, hospitais, laboratórios, necrotérios, e os profissionais de saúde que realizam 
investigações de campo – vigilância da saúde, controle de vetores, e aqueles que lidam com 
animais, mantêm contato direto com pacientes ou vetores transmissores de moléstias 
infecciosas. Em se tratando de organismos cuja transmissão se faz através de aerossóis, o 
risco de contrair a doença é várias vezes maior para o trabalhador da área de saúde do que 
para a população geral. O risco também é grande no tocante à manipulação de material 
perfurocortante e no ato de procedimentos invasivos. Neste cenário, torna-se importante 
redobrar a atenção quanto às precauções universais, imunizações, manipulação de material 
contaminado e perfurocortante, e ao hábito de lavar as mãos antes e após cada exame. (8) 
 Os trabalhadores que mantêm contato ou manipulam animais também possuem 
risco aumentado para contrair certas infecções, principalmente os trabalhadores na 
agricultura, as pessoas que trabalham em habitat silvestre (silvicultura), em atividades de 
pesca, produção e manipulação de produtos animais – abatedouros, curtumes, frigoríficos, 
indústria alimentícia, de carnes, pescados, zoológicos e clínicas veterinárias, além dos que 
lidam com pesquisas científicas em espécies animais. (8) 
 É importante destacar que além das infecções propriamente ditas, algumas 
proteínas lideradas através da urina, pela e outros tecidos animais, podem ser carreadas como 
aerossóis, causando erupções, sintomas alérgicos ou até mesmo asma ocupacional. (8) 
11  
  
 Os trabalhadores que lidam com dejetos de esgoto ou lixo, principalmente onde 
não há condições de sanitarismo e proteção adequadas, estão também expostos a vários riscos 
biológicos. (8) 
 A suspeita clínica de possível doença ocupacional deve ser valorizada sempre que 
um paciente pertencer a um grupo onde o risco de exposição a patógenos biológicos é 
aumentado. A avaliação mais específica dependerá muito da apresentação clínica e dos 
diagnósticos diferenciais. Quando se cogitar em origem ocupacional, a história detalhada deve 
ser tomada no sentido de elucidar precisamente como a exposição ocorreu. A avaliação do 
local de trabalho através da visita/inspeção ao espaço físico é mandatória para se compreender 
o ambiente, as funções e as atividades cotidianas, determinando com mais clareza os riscos 
aos quais os trabalhadores estão expostos. Dependendo das circunstâncias e dos recursos 
disponíveis, uma equipe composta por médico e enfermeiro do trabalho, engenheiro e 
higienista industrial, e até um especialista em biossegurança, deverá determinar a necessidade 
de desencadear uma série de ações a nível individual e coletivo. Deve-se lembrar sempre da 
notificação compulsória de determinadas doenças para a vigilância sanitária local. (8) 
 Mesmo para doenças comuns na sociedade, não há um parâmetro limítrofe bem 
estabelecido de quando se deve iniciar uma investigação para explicar o surgimento 
simultâneo de alguns problemas médicos dentre uma comunidade de trabalhadores. A 
natureza da doença, sua prevalência na população de trabalhadores sob risco, e o padrão de 
desenvolvimento de surto são critérios importantes para avaliar tais situações. (8) 
Em síntese, a relação com o trabalho pode ser estabelecida através de: 
• Coleta criteriosa de história ocupacional completa; 
• Comparação com dados e estudos epidemiológicos e de literatura científica; 
• Solicitação de perfil profissiográfico do trabalhador à empresa; 
• Solicitação de dados e avaliações ambientais à empresa; 
• Inspeção na própria empresa/local de trabalho. 
Na tabela 1.2 alguns exemplos de ocupações e suas doenças infecciosas 
relacionadas. 
 
 
12  
  
OCUPAÇÃO PRINCIPAIS DOENÇAS OU AGENTES SELECIONADOS 
Açougueiro Antraz, Tularemia, Erisipelóide 
Explorador de cavernas Bartonella henselae, celulite por pasteurella, raiva, histoplasmose 
Construção civil em grandes 
áreas 
Paracoccidioidomicose, Histoplasmose, Leishmaniose, 
Malária 
Processamento de alimentos Tularemia, Salmonelose, Triquinose 
Engenho de algodão Pracoccidioidomicose 
Trabalho com gado leiteiro Brucelose, Febre Q, Tinea barbae 
Trabalhoem creches Hepatite A, Rubéola, Citomegalovirus e outras doenças da infância 
Dentistas Hepatites B e C, AIDS 
Cavador de fossas Larva migrans cutânea, Ascaridíase, Ancilostomíase 
Mergulhador ycobacterium marinum 
Operador de escavadora Paracoccidioidomicose, Histoplasmose 
Trabalho em lavoura 
Raiva, Antraz, Brucelose, Tétano, Leptospirose, Tularemia, 
Paracoccidioidomicose, Histoplasmose, Ascaridíase, 
Esporotricose, Ancilostomíase, Esquistossomose 
Pescador/Comerciante de 
peixes 
Erisipelóde (Erysipelothrix insidiosa), Esquistossomose, 
Mycobacterium marinum 
Jardineiro/Florista Esporotricose, larva migrans cutânea 
Trabalho com pele de animais Tularemia 
Trabalho em armazéns de 
grãos Tifo 
Trabalho em abatedouro Brucelose, Leptospirose, Febre Q, Salmonelose, Estafilococcias 
Médico/Enfermeiro Hepatites B e C, AIDS, Tuberculose, etc. 
Veterinário/Comércio de 
animais 
Antraz, Brucelose, Psitacose, Dermatofitoses, Erisipelóide, 
Raiva, Tularemia, Salmonelose 
Criador de pássaros Psitacose 
Trabalho em limpeza urbana Leptospirose, Ascaridíase, Ancilostomíase 
Lavadeira Dermatofitoses. 
 
 
 
 
 
Tabela 1.2 - Exemplos de Doenças Infecciosas Selecionadas por Ocupação 
Fonte: Mendes, René - 2007 
13  
  
1.2 – PRINCIPAIS DOENÇAS 
 Através da Portaria 1.339 de 18 de novembro de 1.999, é instituído a Lista de 
Doenças Relacionadas ao Trabalho, onde também há uma lista de Doenças Infecciosas e 
Parasitárias Relacionadas ao Trabalho, como segue abaixo. 
DOENÇAS AGENTES ETIOLÓGICOS OU FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL 
Tuberculose (A15-
A19.-) 
Exposição ocupacional ao Mycobacterium tuberculosis (Bacilo de Koch) ou 
Mycobacterium bovis, em atividades em laboratórios de biologia, e atividades 
realizadas por pessoal de saúde, que propiciam contato direto com produtos 
contaminados ou com doentes cujos exames bacteriológicos são positivos 
(Z57.8)(Quadro 25) 
Hipersuscetibilidade do trabalhador exposto a poeiras de sílica (Sílico-
tuberculose)(J65.-) 
Carbúnculo (A22.-) 
Zoonose causada pela exposição ocupacional ao Bacillus anthracis, em atividades 
suscetíveis de colocar os trabalhadores em contato direto com animais infectados ou 
com cadáveres desses animais; trabalhos artesanais ou industriais com pelos, pele, 
couro ou lã. (Z57.8) (Quadro 25) 
Brucelose (A23.-) 
Zoonose causada pela exposição ocupacional a Brucella melitensis, B. abortus, B. 
suis, B. canis, etc., em atividades em abatedouros, frigoríficos, manipulação de 
produtos de carne; ordenha e fabricação de laticínios e atividades assemelhadas. 
(Z57.8) (Quadro 25) 
Leptospirose (A27.-) 
Exposição ocupacional a Leptospira icterohaemorrhagiae (e outras espécies), em 
trabalhos expondo ao contato direto com águas sujas, ou efetuado em locais 
suscetíveis de serem sujos por dejetos de animais portadores de germes; trabalhos 
efetuados dentro de minas, túneis, galerias, esgotos em locais subterrâneos; trabalhos 
em cursos d’água; trabalhos de drenagem; contato com roedores; trabalhos com 
animais domésticos, e com gado; preparação de alimentos de origem animal, de 
peixes, de laticínios, etc.. (Z57.8) (Quadro 25) 
Tétano (A35.-) 
Exposição ao Clostridium tetani, em circunstâncias de acidentes do trabalho na 
agricultura, na construção civil, na indústria, ou em acidentes de trajeto (Z57.8) 
(Quadro 25) 
Psitacose, Ornitose, 
Doença dos Tratadores 
de Aves (A70.-) 
Zoonoses causadas pela exposição ocupacional a Chlamydia psittaci ou Chlamydia 
pneumoniae, em trabalhos em criadouros de aves ou pássaros, atividades de 
Veterinária, em zoológicos, e em laboratórios biológicos, etc.(Z57.8) (Quadro 25) 
Dengue [Dengue 
Clássico] (A90.-) 
Exposição ocupacional ao mosquito (Aedes aegypti), transmissor do arbovírus da 
Dengue, principalmente em atividades em zonas endêmicas, em trabalhos de saúde 
pública, e em trabalhos de laboratórios de pesquisa, entre outros. (Z57.8) (Quadro 25) 
Febre Amarela (A95.-) 
Exposição ocupacional ao mosquito (Aedes aegypti), transmissor do arbovírus da 
Febre Amarela, principalmente em atividades em zonas endêmicas, em trabalhos de 
saúde pública, e em trabalhos de laboratórios de pesquisa, entre outros. (Z57.8) 
(Quadro 25) 
Hepatites Virais (B15-
B19.-) 
Exposição ocupacional ao Vírus da Hepatite A (HAV); Vírus da Hepatite B (HBV); 
Vírus da Hepatite C (HCV); Vírus da Hepatite D (HDV); Vírus da Hepatite E (HEV), 
em trabalhos envolvendo manipulação, condicionamento ou emprego de sangue 
humano ou de seus derivados; trabalho com “águas usadas” e esgotos; trabalhos em 
contato com materiais provenientes de doentes ou objetos contaminados por eles. 
(Z57.8) (Quadro 25) 
14  
  
Doença pelo Vírus da 
Imunodeficiência 
Humana (HIV) (B20-
B24.-) 
Exposição ocupacional ao Vírus da Imuno-deficiência Humana (HIV), 
principalmente em trabalhadores da saúde, em decorrência de acidentes 
pérfurocortantes com agulhas ou material cirúrgico contaminado, e na manipulação, 
acondicionamento ou emprego de sangue ou de seus derivados, e contato com 
materiais provenientes de pacientes infectados. (Z57.8) (Quadro 25) 
Dermatofitose (B35.-) 
e Outras Micoses 
Superficiais (B36.-) 
Exposição ocupacional a fungos do gênero Epidermophyton, Microsporum e 
Trichophyton, em trabalhos em condições de temperatura elevada e umidade 
(cozinhas, ginásios, piscinas) e outras situações específicas de exposição ocupacional. 
(Z57.8) (Quadro 25) 
Candidíase (B37.-) 
Exposição ocupacional a Candida albicans, Candida glabrata, etc., em trabalhos que 
requerem longas imersões das mãos em água e irritação mecânica das mãos, tais como 
trabalhadores de limpeza, lavadeiras, cozinheiras, entre outros. (Z57.8) (Quadro 25) 
Paracoccidioidomicose 
(Blastomicose Sul 
Americana, 
Blastomicose 
Brasileira, Doença de 
Lutz) (B41.-) 
Exposição ocupacional ao Paracoccidioides brasiliensis, principalmente em 
trabalhos agrícolas ou florestais e em zonas endêmicas. (Z57.8) (Quadro 25) 
Malária (B50 – B54.-) 
Exposição ocupacional ao Plasmodium malariae; Plasmodium vivax; Plasmodium 
falciparum ou outros protozoários, principalmente em atividades de mineração, 
construção de barragens ou rodovias, em extração de petróleo e outras atividades que 
obrigam a entrada dos trabalhadores em zonas endêmicas (Z57.8) (Quadro 25) 
Leishmaniose Cutânea 
(B55.1) ou 
Leishmaniose 
Cutâneo-Mucosa 
(B55.2) 
Exposição ocupacional à Leishmania braziliensis, principalmente em trabalhos 
agrícolas ou florestais e em zonas endêmicas, e outras situações específicas de 
exposição ocupacional. (Z57.8) (Quadro 25) 
 
 
Tuberculose 
É a doença mais comum da humanidade, e representa a principal doença 
infecciosa responsável pela mortalidade de jovens e adultos. Ainda é importante problema de 
saúde pública mundial. Em relatório da Organização Mundial de Saúde estima-se que um 
terço da população mundial está infectada pelo Mycobacterium tuberculosis, com oito 
milhões de novos casos de três milhões de mortes devidas à doença, por ano. (8) 
 No Brasil havia 35 a 45 milhões de pessoas infectadas no início da década de 
1990, sendo esperados 100.000 novos casos e certa de 6.000 mortes por ano (incidência de 
aproximadamente 54/100.000 habitantes). (8) 
 O micro-organismo responsável pela tuberculose humana é o Mycobacterium 
tuberculosis, descoberto por Robert Koch, em 1882. Por ser um aeróbio estrito, infecta os 
pulmões e aí se localiza preferencialmente. A presença de oxigênio facilita sua multiplicação, 
Tabela 1.3 - Doenças infecciosas e parasitárias relacionadas com o trabalho (grupo I da CID-10) 
Fonte: Portaria nº 1.339, de 18 de novembro de 1999 
15  
  
e a ligação do órgão com o meio externo favorece sua transmissão. Como não há resposta 
imediata do hospedeiro, ele cresce no interior do organismo, durante certo tempo, sem 
nenhum obstáculo. A transmissão é aerógena através da eliminação de partículas com bacilos 
em suspensão por perdigotos favorecidos pela tosse, fala ou espirro. (8) 
 O conceito quedominou a medicina até o início do século XX foi o de ausência 
de risco de infecção para profissionais de saúde e para outras pessoas em contato com 
pacientes tuberculosos. A partir da década de 1920, vários estudos demonstraram maior 
incidência de tuberculose entre enfermeiras, médicos e estudantes de medicina. Aos poucos, 
foram surgindo relatos de tuberculose em outros membros da equipe de saúde, como técnicos 
de laboratório e de anatomia patológica, mostrando que o risco de infecção é diretamente 
proporcional ao contato do profissional com o paciente. (8) 
 Em determinados trabalhadores, a tuberculose pode ser considerada “doença 
relacionada com o trabalho”, do Grupo II da Classificação de Schilling, posto que as 
condições de trabalho podem favorecer a exposição a Mycobacterium tuberculosis ou a 
Mycobacterium bovis, como no caso de trabalhadores em laboratórios de biologia, e em 
atividades que propiciam contato direto com produtos contaminados ou com doentes 
bacilíferos.(9) 
 Em trabalhadores expostos a poeiras de sílica ou portadores de silicose, a 
tuberculose e a sílico-tuberculose deverão ser consideradas como “doenças relacionadas com 
o trabalho”, do Grupo III da Classificação de Schilling, uma vez que a exposição à sílica pode 
favorecer a reativação da infecção tuberculosa latente, pois os cristais de sílica no interior dos 
macrófagos alveolares deprimem sua função fagocitária e aumentam sua destruição. (9) 
 A tuberculose representa também risco ocupacional para trabalhadores em 
laboratórios e salas de necropsia. Os riscos para pessoal de laboratório incluem a manipulação 
de recipientes contaminados, escarros mal fixados, geração de aerossol. Durante a realização 
de exames. Para os trabalhadores em sala de necropsia, o exame em cadáveres de pacientes 
com tuberculose não diagnosticada em vida constitui o principal risco. O risco estimado 
destes profissionais adquirirem tuberculose é de 100 a 200 vezes maior do que o da população 
geral na Inglaterra (Collins & Grange, 1999). (8) 
 O risco de dentistas contraírem tuberculose de SUS pacientes é relativo ao 
ambiente de trabalho, e mais diretamente relacionado ao perfil sócio econômico dos seus 
16  
  
pacientes. Este risco pode ser reduzido através de vigilância, educação e atenção ao perfil do 
paciente atendido (Anders e cols., 1998). (8) 
 
Carbúnculo 
É uma zoonose causada pelo Bacillus anthracis, microrganismo gram-positivo, 
manifestando-se, no ser humano, em três formas clínicas: cutânea, pulmonar e gastrintestinal. 
A meningite e a septicemia podem ser complicações de todas essas formas. (9) 
A doença tem distribuição mundial e ocorre em casos isolados no decorrer do ano, 
ocasionalmente na forma de epidemias. Decorre da exposição humana ao bacilo, em 
atividades industriais, artesanais, na agricultura ou em laboratórios, estando, portanto, 
associada ao trabalho, como, por exemplo, pelo contato direto das pessoas com pelos de 
carneiro, lã, couro, pele e ossos, em especial de animais originários da África e Ásia. Nas 
atividades agrícolas, ocorre no contato do homem com gato, porco, cavalo doente ou com 
partes, derivados e produtos de animais contaminados. (9) 
Os principais grupos de risco são os tratadores de animais, pecuaristas, trabalhadores em 
matadouros, curtumes, moagem de ossos, tosa de ovinos, manipuladores de lã crua, 
veterinários e seus auxiliares. Por sua raridade e quase especificidade em determinados 
trabalhadores, pode ser considerada doença profissional ou doença relacionada ao trabalho, do 
Grupo I da Classificação de Schilling. (9) 
 
Leptospirose 
É uma zoonose ubiquitária causada por uma espiroqueta patogênica do grupo 
Leptospiracea. A apresentação clínica é variável, com formas assintomáticas ou leves até 
quadros graves, que se manifestam com icterícia, hemorragias, anemia, insuficiência renal, 
comprometimento hepático e meningite. A recuperação é, geralmente, total em 3 a 6 semanas. 
A gravidade da infecção depende da dose infectante, da variedade sorológica da Leptospira e 
das condições do paciente. O período de incubação é variável, de 3 a 13 dias, podendo chegar 
a 24 dias. (9) 
17  
  
As leptospiroses constituem verdadeiras zoonoses. Os roedores são os principais 
reservatórios da doença, principalmente os domésticos. Atuam como portadores os bovinos, 
ovinos e caprinos. A transmissão é realizada pelo contato com água ou solo contaminados 
pela urina dos animais portadores, mais raramente pelo contato direto com sangue, tecido, 
órgão e urina destes animais. Não há transmissão inter-humana, exceto a intrauterina para o 
feto. (9) 
A leptospirose relacionada ao trabalho tem sido descrita em trabalhadores que 
exercem atividades em contato direto com águas contaminadas ou em locais com dejetos de 
animais portadores de germes, como nos trabalhos efetuados dentro de minas, túneis, galerias 
e esgoto; em cursos d’água e drenagem; contato com roedores e com animais domésticos; 
preparação de alimentos de origem animal, de peixes, de laticínios e em outras atividades 
assemelhadas. (9) 
Em determinados trabalhadores, a leptospirose pode ser considerada como doença 
relacionada ao trabalho, do Grupo II da Classificação de Schilling, posto que as circunstâncias 
ocupacionais da exposição à Leptospira podem ser consideradas como contribuintes, no 
conjunto de fatores associados com a etiologia desta doença infecciosa. (9) 
 
Tétano 
É uma doença aguda produzida pela potente neurotoxina (tetanospasmina) do 
Clostridium tetani. A toxina tetânica impede a inibição do arco reflexo da medula espinhal, 
promovendo reflexos excitatórios tônicos típicos, em múltiplas regiões do organismo. (9) 
O C. tetani é um bacilo anaeróbio, encontrado na natureza em ampla distribuição 
geográfica sob a forma de esporos, no solo, principalmente quando tratado com adubo animal, 
em espinhos de arbustos e pequenos galhos de árvores, em águas putrefatas, em pregos 
enferrujados sujos, em instrumentos de trabalho ou latas contaminadas com poeira da rua ou 
terra, em fezes de animais ou humanas, em fios de sutura e agulhas de injeção não 
convenientemente esterilizados. (9) 
É disseminado pelas fezes de equinos e outros animais e infecta o homem quando 
seus esporos penetram através de lesões contaminadas, em geral de tipo perfurante, mas 
também de dilacerações, queimaduras, coto umbilical não tratado convenientemente, etc. A 
18  
  
presença de tecido necrosado, pus ou corpos estranhos facilita a reprodução local do bacilo, 
que não é invasivo e age à distância por sua toxina. (9) 
A exposição ocupacional em trabalhadores é relativamente comum e dá-se, 
principalmente, em acidentes de trabalho (agricultura, construção civil, mineração, 
saneamento e coleta de lixo) ou em acidentes de trajeto. A doença em trabalhadores 
decorrente de acidente de trabalho poderá ser considerada como doença relacionada ao 
trabalho, do Grupo I da Classificação de Schilling. (9) 
A psitacose ou ornitose é uma doença infecciosa aguda produzida por clamídias 
(C. psittaci e C. pneumoniae). A enfermidade, em geral, é leve ou moderada, podendo ser 
grave em idosos sem tratamento adequado. (9) 
A psitacose é quase sempre transmitida aos seres humanos por via respiratória. 
Em raras ocasiões a doença pode ser contraída através da bicada de um pássaro. O contato 
prolongado não é essencial para a transmissão da doença. Alguns minutos passados no 
ambiente previamente ocupado por uma ave infectada tem resultado em infecção humana. (8) 
O período de incubação varia de uma a quatro semanas, e a transmissibilidade 
dura semanas ou meses. (8) 
As fontes mais frequentes de infecção da C. psittaci são periquitos, papagaios, 
pombos, patos, perus, canários, entre outros, que transmitem a infecção por meio de suas 
fezes dessecadas e disseminadas com a poeira, sendo aspiradas pelos pacientes. Apesar de 
rara, é possível a transmissãovia respiratória, de pessoa a pessoa, na fase aguda da doença. É 
uma zoonose que acomete trabalhadores de criadouros de aves, clínicas veterinárias, 
zoológicos e de laboratórios biológicos. A C. pneumoniae infecta somente seres humanos, 
sendo transmitida de pessoa a pessoa. Por sua raridade e relativa especificidade, a 
psitacose/ornitose poderá ser considerada como doença profissional ou doença relacionada ao 
trabalho, do Grupo I da Classificação de Schilling, nos trabalhadores de granjas e criadores de 
aves (patos, gansos, periquitos, pombos, etc.), empregados de casas de comércio desses 
animais, veterinários, guardas florestais e outros em que se confirme as circunstâncias de 
exposição ocupacional. (9) 
 
 
19  
  
Dengue 
É uma doença aguda febril, endemo-epidêmica, causada por um dos Flavivírus do 
dengue (família Togaviridae), com quatro tipos sorológicos (1, 2, 3 e 4). Os seres humanos 
são reservatórios e a transmissão ocorre pela picada dos mosquitos Aedes aegypti, A. 
albopictus e o A. scutellaris. Após repasto de sangue infectado, o mosquito estará apto a 
transmitir o vírus após 8 a 12 dias de incubação extrínseca. A transmissão mecânica também é 
possível, quando o repasto é interrompido e o mosquito, imediatamente, alimenta-se num 
hospedeiro suscetível próximo. Não há transmissão por contato direto de um doente ou de 
suas secreções para uma pessoa sadia, nem por fontes de água ou alimento. (9) 
O período de incubação da doença é de 3 a 15 dias, em média de 5 a 6 dias. O 
período de transmissibilidade ocorre durante o período de viremia, que começa um dia antes 
da febre até o sexto dia da doença. Quando o agente etiológico for conhecido, o nome 
completo da doença será dengue por vírus tipo 1 ou dengue por vírus tipo 2, etc. (9) 
O dengue pode ser considerado como doença relacionada ao trabalho, do Grupo II 
da Classificação de Schilling, uma vez que as circunstâncias ocupacionais da exposição aos 
mosquitos vetores (Aedes) e/ou aos agentes infecciosos (Flavivírus) podem ser consideradas 
como fatores de risco, no conjunto de fatores associados com a etiologia desta doença 
infecciosa. (9) 
O dengue relacionado ao trabalho tem sido descrito em trabalhadores que exercem 
atividades em zonas endêmicas, em trabalhos de saúde pública e em laboratórios de pesquisa, 
entre outras atividades em que a exposição ocupacional pode ser identificada. (9) 
 
Febre amarela 
É uma doença febril aguda causada pelo Flavivírus da febre amarela (família 
Togaviridae), com quadro clínico variável, desde formas inaparentes até as graves e fatais. A 
transmissão se faz pela picada dos mosquitos infectados A. aegypti na febre amarela urbana 
(FAU) e Haemagogus na febre amarela silvestre (FAS). O período de incubação é de 3 a 6 
dias, após a picada do mosquito infectado, e o período de transmissibilidade é de 24 a 48 
horas, antes do aparecimento dos sintomas de 3 a 5 dias após. (9) 
20  
  
A febre amarela persiste na América do Sul apenas como enzootia de macacos, 
tendo por transmissores mosquitos dos gêneros Haemagogus e Aedes. Os casos humanos, 
pouco numerosos, incidem entre as pessoas que trabalham ou mantêm contato com as 
florestas. A febre amarela urbana teve o homem como único reservatório e o A. aegypti como 
transmissor, na América do Sul. Outros trabalhadores eventualmente expostos, por acidente, 
incluem os que exercem atividades de saúde pública e que trabalham em laboratórios de 
pesquisa, agricultores, trabalhadores florestais, em extração de madeira, em áreas e regiões 
afetadas. (9) 
Por sua raridade e por sua relativa especificidade, a febre amarela em 
determinados trabalhadores poderá ser considerada como doença profissional ou doença 
relacionada ao trabalho, do Grupo I da Classificação de Schilling. (9) 
 
Hepatite 
É termo genérico para inflamação do fígado que, convencionalmente, designa 
alterações degenerativas ou necróticas dos hepatócitos. Pode ser aguda ou crônica e ter como 
causa uma variedade de agentes infecciosos ou de outra natureza. O processo inflamatório do 
fígado é caracterizado pela necrose hepatocelular difusa ou irregular, afetando todos os 
ácinos. Suas causas principais são as viroses devidas ao vírus da hepatite A (HAV), ao vírus 
da hepatite B (HBV), ao vírus da hepatite C (HCV), ao vírus da hepatite D (HDV) e ao vírus 
da hepatite E (HEV). (9) 
Na hepatite viral A, a fonte de infecção é o próprio homem (raramente os 
macacos) e a transmissão é direta, por mãos sujas (circuito fecal-oral) ou por água (hepatite 
dos trabalhadores por águas usadas) ou por alimentos contaminados. Vários surtos têm sido 
descritos em creches, escolas, enfermarias e unidades de pediatria e neonatologia, com taxas 
de transmissão que giram em torno de 20% em trabalhadores suscetíveis. Nos EUA, a 
prevalência em trabalhadores da saúde varia de 35 a 54% (comparado com 38% da população 
geral). (9) 
A maioria dos dados estatísticos que se referem à hepatite A em trabalhadores da 
saúde aponta os enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem como principal grupo 
21  
  
acometido ou em risco. Dentre os médicos e dentistas, aqueles que lidam com crianças estão 
mais expostos. (8) 
Os trabalhadores do setor de lavanderia hospitalar, especialmente os 
manipuladores de tecidos antes de serem lavados, apresentam taxa elevada de anticorpos IgC 
para o VHA (Borg & Portelli 1999). (8) 
Os trabalhadores responsáveis pela coleta de lixo estão entre os grupos 
ocupacionais de risco, na dependência direta de suas condições de trabalho. (8) 
Na hepatite viral B o vírus é encontrado em todas as secreções e excreções do 
corpo, mas, aparentemente, apenas o sangue, o esperma e a saliva são capazes de transmiti-lo. 
A infecção é adquirida, em geral, por ocasião de transfusões, de injeções percutâneas com 
derivados de sangue ou uso de agulhas e seringas contaminadas ou, ainda, por relações 
sexuais, homossexuais masculinas ou heterossexuais. Nos trabalhadores da saúde, a 
soroprevalência de HBV é de 2 a 4 vezes maior e a incidência anual é de 5 a 10 vezes maior 
do que na população em geral. (9) 
Na hepatite viral C a soroprevalência em trabalhadores da saúde parece ser similar 
à da população geral. A soroconversão dos trabalhadores que se acidentam com material 
contaminado ocorre em 1,2 a 10% dos trabalhadores acidentados. Estima-se que 2% dos casos 
devem-se à exposição ocupacional. (9) 
A hepatite viral D é endêmica na Amazônia Ocidental, onde, em associação com o 
vírus da hepatite B, é o agente etiológico da chamada febre negra de Lábrea, de evolução 
fulminante. (9) 
Portanto, em determinados trabalhadores, as hepatites virais podem ser 
consideradas como doenças relacionadas ao trabalho, do Grupo II da Classificação de 
Schilling, posto que as circunstâncias ocupacionais da exposição aos vírus podem ser 
consideradas como fatores de risco, no conjunto de fatores de risco associados com a etiologia 
desta doença infecciosa. (9) 
 
 
 
22  
  
HIV 
Vírus da imunodeficiência humana (HIV) é um distúrbio da imunidade mediada 
por célula, causado por um vírus da subfamília Lentivirinae (família Retroviridae), 
caracterizada por infecções oportunistas, doenças malignas (como o sarcoma de Kaposi e o 
linfoma não-Hodgkin), disfunções neurológicas e uma variedade de outras síndromes. A 
síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS ou SIDA) é a mais grave manifestação de um 
espectro de condições HIV-relacionadas. O risco de que pessoas infectadas, não tratadas, 
desenvolvam a AIDS é de 1 a 2% por ano nos primeiros anos após a infecção e cerca de 5% 
nos anos seguintes. O risco acumulado de desenvolvimento da síndrome em infectados não 
tratados é de cerca de 50%. (9) 
Os profissionais de saúde constituem um grupo com características especiais de 
exposição ao HIV, devido às suas possibilidades de infectar-se durante as atividades do 
trabalho cotidiano. O número desituações de contato com sangue, secreções e fluidos 
orgânicos no trabalho, na área da saúde, é muito grande. (8) 
Desde o início da epidemia, a possibilidade de contaminação dos profissionais de 
saúde motivou investigações dirigidas à quantificação deste risco, e despertou os órgãos 
oficiais para a necessidade de medidas voltadas a sua redução. (8) 
O primeiro caso confirmado de contaminação ocupacional pelo vírus HIV ocorreu 
em 1984, na Inglaterra. Uma enfermeira sofreu acidente pefurocortante por agulha contendo 
sangue de uma paciente que se encontrava internada com pneumonia e era portadora do vírus 
HIV. Duas semanas após o acidente, a enfermeira apresentou os sintomas de infecção aguda 
pelo HIV (febre, cefaleia, mialgia etc.). No segundo mês o seu soro revelava positividade para 
o vírus. Houve confirmação da transmissão ocupacional do HIV da paciente para a 
enfermeira. (8) 
A taxa de soroconversão pós-exposição ocupacional por ferimento percutâneo tem 
variado entre 0,1 e 0,4%, sendo maior em função do tamanho do inóculo, da duração do 
contato e da extensão do ferimento. A literatura científica internacional registra cerca de 55 
casos, confirmados até 1999, decorrentes de exposição ocupacional em trabalhadores de 
saúde, em decorrência de acidentes perfurocortantes com agulhas ou material cirúrgico 
contaminado, manipulação, acondicionamento ou emprego de sangue ou de seus derivados e 
contato com materiais provenientes de pacientes infectados. (9) 
23  
  
Assim, em determinados trabalhadores, a doença pelo vírus da imunodeficiência 
humana (HIV) pode ser considerada como doença relacionada ao trabalho, do Grupo I da 
Classificação de Schilling, posto que as circunstâncias ocupacionais da exposição ao vírus são 
acidentais ou ocorrem em condições específicas de trabalho, se bem documentadas e 
excluídos outros fatores de risco. (9) 
 
Dermatofitose 
É o termo geral para infecções micóticas que afetam a superfície epidérmica, 
devido a fungos dermatófitos. Atacam tecidos queratinizados (unhas, pelos e estrato córneo da 
epiderme). As principais dermatofitoses são: Tinea capitis (Tinha tonsurante); Tinea favosa 
(Favo); Tinea barbae (Sicose); Tinea corporis; Tinea manuum; Tinea cruris; Tinea imbricata 
(Tinha escamosa); Tinea pedis e Tinea unguium, causadas por espécies dos gêneros 
Epidermophyton, Microsporum e Trichophyton. (9) 
Em determinados trabalhadores, a dermatofitose e outras micoses superficiais 
podem ser consideradas como doenças relacionadas ao trabalho, do Grupo II da Classificação 
de Schilling, posto que as circunstâncias ocupacionais da exposição aos fungos dermatófitos 
podem ser consideradas como fatores de risco, no conjunto de fatores de risco associados com 
a etiologia desta doença infecciosa. (9) 
A dermatofitose relacionada ao trabalho tem sido descrita em trabalhadores que 
exercem atividades em condições de temperatura elevada e umidade (cozinhas, ginásios, 
piscinas, etc.) e em outras situações específicas. (9) 
 
Candidíase 
Infecção provocada por fungo da classe Saccharomycetes leveduriformes do 
gênero Candida, sobretudo pela Candida albicans. A transmissão é feita pelo contato com 
secreções originadas da boca, pele, vagina e dejetos de portadores ou doentes. A transmissão 
vertical se dá da mãe para o recém-nascido, durante o parto. Pode ocorrer disseminação 
endógena. O período de transmissibilidade dura enquanto houver lesões. (9) 
24  
  
A candidíase relacionada ao trabalho poderá ser verificada em trabalhadores que 
exercem atividades que requerem longas imersões das mãos em água e irritação mecânica das 
mãos, tais como trabalhadores de limpeza, lavadeiras, cozinheiras, entre outros, com 
exposição ocupacional claramente caracterizada por meio de história laborativa e de inspeção 
em ambiente de trabalho. Nesses casos, a candidíase poderá ser considerada como doença 
relacionada ao trabalho, do Grupo II da Classificação de Schilling. (9) 
 
Paracoccidioidomicose 
Infecção fúngica sistêmica, micose causada pelo fungo Paracoccidioides 
brasiliensis. A infecção dá-se por inalação de conídios em poeiras, em ambientes quentes e 
úmidos, com formação de foco primário pulmonar (assintomático) e posterior disseminação. 
Em pacientes com grande resistência imunológica, as formas são localizadas, com reação 
granulomatosa e poucos parasitos. Nos demais, os parasitos são abundantes, os processos são 
predominantemente exsudativos e as formas disseminadas predominam, com variados graus 
clínicos. (9) 
 O trabalho com o solo e vegetais em área rural, a exemplo dos lavradores e 
operadores de máquinas agrícolas, é fator predisponente importante da 
paracoccidioidomicose. Inquérito epidemiológico realizado em 417 trabalhadores da mina 
Morro Velho em Nova Lima – MG detectou 13,4% de positividade em teste cutâneo para 
paracoccidioidomicose. (8) 
 Portanto, em determinados trabalhadores, a paracoccidiodomicose pode ser 
considerada como doença relacionada ao trabalho, do Grupo II da Classificação de Schilling, 
posto que as circunstâncias ocupacionais da exposição ao fungo podem ser consideradas 
como fatores de risco, no conjunto de fatores de risco associados com a etiologia desta grave 
doença infecciosa. (9) 
 
Malária 
Doença infecciosa febril aguda, causada por parasitas do gênero Plasmodium 
(vivax, malariae, falciparum, ovale), caracterizada por febre alta acompanhada de calafrios, 
25  
  
sudorese e cefaleia, que ocorre em padrões cíclicos, a depender da espécie do parasito 
infectante. (9) 
A transmissão da doença é realizada por intermédio dos esporozoítas, formas 
infectantes do parasita, inoculados no homem pela saliva da fêmea anofelina infectante. (9) 
Esses mosquitos, ao se alimentarem em indivíduos infectados, ingerem as formas 
sexuadas do parasita – gametócitos – que se reproduzem no interior do hospedeiro 
invertebrado, durante 8 a 35 dias, eliminando esporozoítas, durante a picada. A transmissão 
também ocorre por meio de transfusões sanguíneas, compartilhamento de seringas, 
contaminação de soluções de continuidade da pele e, mais raramente, por via congênita. (9) 
A transmissibilidade da infecção ocorre do homem para o mosquito enquanto 
houver gametócitos em seu sangue. O homem, quando não tratado, poderá ser fonte de 
infecção durante mais de 3 anos da malária por P. malariae, de 1 a 3 anos da malária por P. 
vivax e menos de 1 ano da malária por P. falciparum. (9) 
O período de incubação é, em média, de 7 a 14 dias para o P. falciparum, de 8 a 
14 dias para o P. vivax e de 7 a 30 dias para o P. malariae. (9) 
A malária tem sido descrita em garimpeiros, agricultores, lenhadores, motoristas 
de caminhão, em trabalhadores que exercem atividades em mineração, construção de 
barragens ou rodovias, extração de petróleo, e em outras atividades que obrigam a presença 
em zonas endêmica. (8) 
A malária pode ser considerada como doença relacionada ao trabalho, do Grupo II 
da Classificação de Schilling, posto que as circunstâncias ocupacionais da exposição aos 
anofelinos transmissores podem ser consideradas como fatores de risco, no conjunto de 
fatores de risco associados com a etiologia da doença. (9) 
A malária relacionada ao trabalho tem sido descrita em trabalhadores que exercem 
atividades em mineração, construção de barragens ou rodovias, em extração de petróleo e 
outras atividades que obrigam à presença dos trabalhadores em zonas endêmicas. (9) 
Leishmaniose 
Leishmaniose ou leshmaníase por Leishmania braziliensis é zoonose do 
continente americano que apresenta, nos seres humanos, duas formas clínicas: a leishmaniose 
26  
  
cutânea, relativamente benigna, e a leishmaniose cutaneomucosa, mais grave. É uma doença 
parasitária da pele e mucosas, de caráter pleomórfico, transmitida pela picada de insetos 
flebotomíneos do gênero Lutzomia. Período de incubação: pode variar de 2 semanas a 12 
meses, com médiade um mês. (9) 
A leishmaniose comporta-se geralmente como doença profissional, ocorrendo em 
áreas onde se processam desmatamentos para a colonização de novas terras, construção de 
estradas e instalação de frentes de trabalho para garimpo, mineração, extração de madeira e 
carvão vegetal. Também estão expostos os profissionais que trabalham sob as matas nas 
plantações de cacau, extração de látex da seringueira. Outras atividades de risco são o 
treinamento militar nas selvas, as expedições científicas e incursões de caçadores em áreas 
florestais. (8) 
Em determinados trabalhadores, a leishmaniose cutânea ou a cutaneomucosa pode 
ser considerada como doença relacionada ao trabalho, do Grupo II da Classificação de 
Schilling, posto que as circunstâncias ocupacionais da exposição ao mosquito transmissor 
podem ser consideradas como fatores de risco, no conjunto de fatores de risco associados com 
a etiologia desta doença infecciosa. (9) 
1.3 – PREVENÇÃO 
 A prevenção de doenças infecciosas e parasitárias relacionadas com o trabalho 
inclui medidas de educação e informação sobre os efeitos e riscos à saúde, sobre os modos de 
transmissão e controle, pelo reconhecimento prévio das atividades e locais de trabalho onde 
existam agentes biológicos. (8) 
 São medidas preventivas muito eficazes para ambientes onde há exposição 
prolongada ou potencialmente grave. O controle do ambiente visa conter os riscos biológicos 
em sua fonte, reduzir a concentração de aerossóis e limitar seu movimento pela atmosfera do 
trabalho. Sistemas de ventilação, ar condicionado e aquecimento devem ser adequadamente 
projetados e periodicamente vistoriados para prevenir a contaminação por fungos ou 
bactérias. Para ambientes fechados, tais como hospitais e laboratórios de pesquisa, a 
ventilação deve ser projetada de modo a proporcionar fluxo unidirecional e dirigido. O ar 
proveniente de áreas com alto risco de contaminação por agentes infecciosos tais como 
enfermarias de pacientes isolados, pode ser descontaminado através de filtração. (8) 
27  
  
 O uso de equipamentos de proteção individual está indicado toda vez que os 
riscos não forem totalmente eliminados através das medidas anteriores. Deve-se sempre calçar 
luvas quando em contato com secreções biológicas de qualquer tipo. O uso de aventais ou 
capotes, gorros, óculos especiais de proteção, devem sempre fazer parte dos cuidados dos que 
lidam com materiais, animais ou indivíduos potencialmente infectados. Deve-se salientar que 
máscaras cirúrgicas ordinárias somente protegem o paciente, o animal ou o produto, da 
exposição de organismos exalados pelo trabalhador. Para que o trabalhador seja protegido de 
patógenos provenientes do ambiente é necessário que ele utilize máscaras especiais ou até 
respiradores específicos. (8) 
 A manipulação, descontaminação ou armazenamento apropriados dos dejetos 
biológicos são importantes medidas de controle de infecção em qualquer ambiente de 
trabalho. Em hospitais e laboratórios, os dejetos potencialmente infectados devem ser 
inicialmente segregados dos outros dejetos e adequadamente identificados em embalagens 
próprias para resíduos biológicos. Todas as lâminas e agulhas devem ser colocadas em 
contêineres seguros e à prova de furos. Agulhas nunca devem ser encapadas ou cortadas antes 
de serem desprezadas. A descontaminação pode ser alcançada através da esterilização, 
desinfecção ou antissepsia. (8) 
 Para exposição a atentes patógenos de transmissão sanguínea estão prescritas 
numa série de normas conhecidas como “Normas de Biossegurança ou Prescrições 
Universais”, detalhadas na tabela 1.4. (8) 
Precauções Universais 
 1. Evitar contato direto com fluidos orgânicos: sangue, fluido cérebro-espinhal, sêmen, secreções 
vaginais, leite materno. Os demais como saliva, lágrima, suor, urina e líquido amniótico não são 
considerados meios de transmissão. 
 
* Colocar luva quando da presença de qualquer desses fluidos. A utilização de luvas é 
obrigatória quando da execução de punções venosas, em razão do extravasamento de sangue ser 
muito grande. 
 
* Se houver contato da boca com esses fluidos, lavar e fazer bochechos com água oxigenada a 
3%. 
 
* Se houver contato com a pele, remover os fluidos cuidadosamente, lavar com água e sabão 
degermante; não usar escovinhas devido à escarifação da pele, a fim de evitar porta de entrada. 
A pele deve estar íntegra, sem abrasão ou cortes. 
 
* Usar máscaras durante os procedimentos em que exista a possibilidade de sangue e outros 
fluidos corpóreos atingirem as mucosas da boca e nariz. 
28  
  
 
* Usar óculos durante os procedimentos em que houver a possibilidade de que sangue e fluidos 
corpóreos atinjam os olhos, principalmente em procedimentos cirúrgicos, endoscópicos e em 
hemodiálise. 
 
* Usar aventais protetores durante procedimentos em que exista a possibilidade de 
contaminação das roupas dos trabalhadores de saúde com sangue ou fluidos corpóreos. 
 2. Quando o profissional tiver alguma lesão de pele, tampá-la bem com curativo impermeável. 
 3. Evitar picada de agulhas e lesões que provoquem solução de continuidade. 
 * Não recapar as agulhas, pois esse é procedimento de risco. 
 
* Recolher as agulhas em local apropriado com solução de Hipoclorito de Sódio a 0,5%, e só 
depois colocá-las no lixo. 
 
* Caso haja picada de agulhas, pressionar imediatamente para expelir o sangue, lavar com água 
e sabão degermante e fazer curativo oclusivo. 
 
* Sempre usar luvas para procedimentos invasivos: injeção endovenosa, intramuscular, colher 
sangue, passar sonda vesical, nasogástrica e traqueostomia. 
 4. Lavar sempre as mãos com água e sabão e secá-las após atendimentos de cada paciente, 
inclusive ao se administrar cuidados no leito. 
 5. Cuidados com o lixo e seu destino. 
 
* O lixo hospitalar deve ser coletado em saco plástico, amarrado e acondicionado em um novo 
saco mais resistente, amarrado e encaminhado para incineração. 
 * A pessoa que coleta o lixo deve estar paramentada com luvas, avental e botas. 
 6. Cuidados na limpeza com a unidade, utensílios e roupas de cama. 
 
* Fluido corpóreo no chão, bancada, mesa: jogar Hipoclorito de Sódio a 1% no local, por 30 
minutos. 
 * Manipular as roupas sem agitação. Recolhê-las e rotular "contaminado". 
 
* Para lavar as roupas com fluidos contaminantes: detergente mais água a 71°C por 25 minutos; 
com temperatura inferior: deixar e molho em Hipoclorito de Sódio a 0,5% por 30 minutos. 
 
A vacinação nos ambientes de trabalho é realizada de acordo com indicações 
específicas. Existem algumas indicações gerais: 
Os trabalhadores podem ser vacinados visando à proteção a organismos infecciosos tais como 
agentes do tétano e hepatite B; 
Os profissionais de saúde podem ser vacinados, por exemplo, contra Influenza para evitar que 
contaminem inadvertidamente algum paciente; 
Algumas vacinas como a da febre amarela são recomendadas para trabalhadores em viagens a 
áreas endêmicas. 
Tabela 1.4 – Precauções Universais 
Fonte: Normas de Biossegurança ou Prescrições Universais 
29  
  
UNIDADE 2 – DOENÇAS RELACIONADAS AOS RISCOS QUÍMICOS 
 Os riscos químicos presentes nos locais de trabalho encontram-se na forma sólida, 
líquida e gasosa e classificam-se em: poeiras, fumos, névoas, gases, vapores, neblinas, 
substâncias compostas e produtos químicos em geral. Poeiras, fumaças, névoas, gases e 
vapores estão dispersos no ar; trata-se dos aerodispersóides. (12) 
 Poeira: as poeiras são partículas sólidas geradas mecanicamente por ruptura de 
partículas menores. São classificadas em: 
• Poeiras minerais: sílica, asbesto e carvão mineral, por exemplo. As consequências são: 
silicose (quartzo), asbestose (amianto), penumoconiose dos minérios de carvão 
(mineral). 
• Poeiras vegetais: algodão e bagaço de cana-de-açúcar, por exemplo. As consequências 
são: bissinose (algodão), bagaçose (cana-de-açúcar) etc.• Poeiras alcalinas: calcário, por exemplo. As consequências incluem: doenças 
pulmonares obstrutivas crônicas, enfisema pulmonar. 
• Poeiras incômodas: incluem consequências como interação com outros agentes 
nocivos presentes no ambiente de trabalho, potencializando sua nocividade. 
 Fumos: Trata-se de partículas sólidas produzidas a partir da condensação de 
vapores metálicos. Por exemplo: fumos de óxido de zinco nas operações de sondagem de 
ferro. As consequências são: doença pulmonar obstrutiva, intoxicação específica de acordo 
com o metal. 
 Névoas: as névoas são partículas líquidas que resultam da condensação de vapores 
ou da dispersão mecânica de líquidos. São exemplos: névoa resultante do processo de pintura 
a revólver, monóxido de carbono liberado pelos escapamentos dos carros. 
 Gases: diz respeito ao estado natural das substâncias em condições normais de 
temperatura e pressão. Exemplos: GLP, hidrogênio, ácido nítrico, butano, ozona etc. 
 Vapores: os vapores consistem em dispersões de moléculas no ar que podem se 
condensar para formar líquidos ou sólidos em condições normais de temperatura e pressão. 
Por exemplo: gasolina, naftalina etc. 
 Névoas, gases e vapores podem ser classificados em: 
30  
  
• Irritantes: causam irritação das vias aéreas superiores. Exemplo: ácido clorídrico, 
ácido sulfúrico, soda caustica, cloro, etc. 
• Asfixiantes: produzem dor de cabeça, náuseas, sonolência, convulsões, coma e morte. 
Por exemplo: hidrogênio, nitrogênio, hélio, metano, acetileno, dióxido de carbono, 
monóxido de carbono etc. 
• Anestésicos: em sua maioria, incluem solventes orgânicos, promovendo ação 
depressiva sobre o sistema nervoso, danos a diversos órgãos, ao sistema formador de 
sangue (benzeno) etc. São exemplos: butano, propano, aldeídos, cetonas, cloreto de 
carbono, tricloroetileno, benzeno, tolueno, álcoois, percloritileno, xileno, etc. 
 As vias de penetração dos agentes químicos são: via cutânea (pele); via digestiva 
(boca) e via respiratória (nariz). 
 A penetração dos agentes químicos no organismo depende de seu modo de 
utilização. 
 Para avaliar o potencial tóxico das substâncias químicas, alguns fatores devem ser 
levados em consideração: 
• Concentração: quanto maior for a concentração, mais rapidamente seus efeitos nocivos 
irão se manifestar no organismo. 
• Índice respiratório: a quantidade de ar inalado pelo trabalhador durante a jornada de 
trabalho. 
• Sensibilidade individual: o nível de resistência varia de indivíduo para indivíduo. 
• Toxicidade: o potencial de ação tóxica da substância no organismo. 
• Tempo de exposição: o tempo de exposição do organismo à substância contaminante. 
 
2.1 DOENÇAS RELACIONADAS À EXPOSIÇÃO AO RISCO QUÍMICO 
2.1.1 DOENÇA RESPIRATÓRIA 
Há diversas formas de classificação das doenças ocupacionais pulmonares, 
baseadas na reação tecidual, nos tipos de agentes envolvidos ou no quadro clínico 
predominante. A tabela 2.1 mostra uma classificação destas doenças. (8) 
 
31  
  
Doenças Agudas 
 1 Trato respiratório alto 
 
• Irritação/inflamação de cavidades nasais e seios 
da face, faringe e laringe, por inalação de gases 
ou particulados irritantes e/ou tóxicos. 
 • Rinite alérgica 
2 Trato respiratório baixo 
 
• Asma ocupacional (incluindo bissinose e 
síndrome de disfunção reativa das vias aéreas) 
3 Doenças do parênquima pulmonar 
 • Pneumonites por hipersensibilidade 
 • Pneumonites tóxicas 
4 Doenças pleurais 
 • Derrame pleural 
 Doenças Crônicas 
 1 Trato respiratório alto 
 • Úlcera de septo nasal 
2 Trato respiratório baixo 
 • Bronquite crônica ao fluxo aéreo 
 • Enfisema pulmonar 
 • Limitação crônica ao fluxo aéreo 
3 Doenças do parênquima pulmonar 
 • Silicose 
 • Asbestose 
 • Pneumoconiose dos trabalhadores do carvão 
 
• Outras pneumoconioses (incluindo reações 
granulomatosas) 
4 Doenças pleurais 
 • Fibrose pleural (em placas ou difusa) 
5 Carcinomas do trato respiratório 
 • Adenocarcinomas dos seios da face 
 • Carcinoma broncogênico 
 • Mesotelioma 
 
 
Doenças do trato respiratório alto 
Podem ser classificadas conforme sua localização e etiologia em: 
Tabela 2.1 - Classificação Clínica das Doenças Pulmonares 
Fonte: Mendes, René - 2007 
32  
  
1. Ulcerações e perfurações de septo nasal por ação direta devidas a metais pesados 
como cromo hexavalente e níquel, antimônio, arsênico e cobre (Newman, 1996) (8). 
2. Rinites irritativas e/ou alérgicas secundárias à inalação crônica de substâncias de alto e 
baixo peso molecular com potencial alergênico, como material proteico animal, 
enzimas, isocianatos, anidridos ácidos e outros. Nesse tipo de situação pode ocorrer 
lesão de conjuntiva ocular e de outras mucosas de via aérea como orofaringe, e 
traqueia e eventuais sinusites secundárias ao processo obstrutivo alto. (8) 
3. Rinolitíase formação de concreções na cavidade nasal secundárias à presença de 
substâncias higroscópicas como o cimento (calcário calcinado, desidratado), podendo 
produzir desde apenas incômodo local até sangramentos (Parker, 1994) (8). 
4. Carcinoma da cavidade nasal e laringe secundários à exposição a metais pesados como 
o cromo hexavalente e níquel e poeiras diversas contendo hidrocarbonetos aromáticos 
absorvidos nas mesmas, ou poeiras de madeiras (Doll, Morgan & Speizer, 1970; 
Spiegel & Sataloff, 1996; Vieren & Imbus, 1989). (8) 
 
Asma ocupacional 
A definição mais citada é “a obstrução reversível ao fluxo aéreo e/ou 
hiperresponsividade brônquica devido a causas e condições atribuíveis a um determinado 
ambiente de trabalho e não a estímulos externos” (Bernstein e cols., 1999). Esta definição é 
problemática, pois, com frequência, nota-se o desencadeamento de crises por estímulos 
inespecíficos tais como exercício físicos, infecções e outros (Burge & Moscato, 1999). (8) 
Trabalhadores com asma preexistente podem ter o quadro agravado por estímulos 
inespecíficos no ambiente de trabalho, assim como desenvolver sensibilização a agentes 
específicos. Esta primeira condição pode não ser considerada como AO, e sim como asma 
agravada pelas condições de trabalho (Chan-Yeung & Malo, 1995), mas, do ponto de vista 
prático deve ser investigada, orientada e encaminhada da mesma forma que a AO. (8) 
Os mesmos mecanismos que levam um agente ocupacional a causar asma são 
semelhantes aos mecanismos da asma brônquica (Gandevia, 1970) e, pode ser assim 
sumarizados por ordem de importância: (8). 
33  
  
1. Broncocosntrição imunológica: é o tipo de reação mais comum em AO. A maior parte 
das respostas orgânicas é media por IgE específica, porém há casos em que também 
anticorpos da classe IgG estão envolvidos. (8) 
2. Broncoconstrição inflamatória: exposições a gases ou particulados irritantes, em altas 
concentrações, podem levar à inflamação das vias aéreas, atingindo ocasionalmente, a 
zona de trocas gasosas. (8) 
3. Broncoconstrição reflexa: causada pela ação direta de particulados, gases e mesmo ar 
frio sobre os receptores da parede brônquica, levando a uma quebra do equilíbrio 
adrenérgico. (8) 
4. Broncoconstrição farmacológica: alguns agentes ocupacionais têm o potencial de atuar 
como agonistas farmacológicos, apresentando uma ação semelhante a drogas, com 
relações dose-efeito. (8) 
Pneumonite por hipersensibilidade (PH) 
Manifestação clínica característica de um grupo de doenças pulmonares, 
resultantes da sensibilização por exposições recorrentes a inalações de partículas antigênicas 
derivadas de material orgânico e de algumas poucas substâncias químicas sintéticas. Na tabela 
2.2 apresenta-se uma listagem de algumas denominações específicas da PH conforme o 
antígeno ou o ambiente de trabalho causador da mesma, o tipo de aerossol veiculador do 
antígeno e o antígeno específico. (8) 
Doença / Exposição Aerossol Antígeno 
 Pulmão do fazendeiro (ou 
agricultor) Feno/palha/grãos mofados Actinomycetestermophilico 
Pulmão dos criadores de aves Excremento e penas de aves Proteínas de aves 
Bagaçose Cana mofada Thermoactinomyces viridis T. sacharii 
Pulmão dos trabalhadores de 
malte, cogumelos, cortiça e 
boldo. 
Cascas e córtex mofados 
Thermoactinomyces vulgaris. 
Aspergillus clavatus. Penicillium 
frequentans. Cryptostoma 
corticale 
Sequoiose Poeira mofada Pullulania sp 
Trabalhadores em serrarias, 
carpintarias e marcenarias 
Madeiras e poeira de 
madeira mofadas Alternania sp 
Pulmão dos manipuladores 
de animais e peixe 
Epitélio animal, proteínas 
de peixe 
Proteína animal e de peixes. 
Fungos saprófitos 
Exposição a isocianatos MDI/TDI Hapteno inorgânico 
 Tabela 2.2 - Pneumotinte por Hipersensibilidade 
Fonte: Mendes, René – 2007 
34  
  
Pneumonite tóxica ou edema pulmonar 
 Resultantes a exposição de altas concentrações de gases irritantes, como amônia, 
cloro e dióxido de nitrogênio, a poeiras e fumos metálicos de berílio, cádmio, mercúrio, 
níquel, vanádio e zinco, a produtos químicos de pH extremo ou fortemente reagentes, como o 
metilisocianato. Sua patogenia envolve diretamente a citotoxicidade das células mucosas, com 
liberação de proteínas séricas e mediadores da reação inflamatória. (8) 
 
Derrame pleural benigno 
Acometimento de diagnóstico retrospectivo, pois é necessário que o paciente seja 
acompanhado durante algum tempo para afastar outras possibilidades diagnósticas, como a 
tuberculose e o câncer de pulmão. Outros acometimentos pleurais como espessamento pleural 
em placas e espessamento pleural difuso, são mais prevalentes, associadas a exposição ao 
asbesto. (8) 
 
Bronquite crônica (BC) 
Limitação crônica ao fluxo aéreo (LCFA) são duas entidades distinta, podendo ou 
não estar relacionadas. A principal causa de ambas é, sem dúvida, o tabagismo, que agride 
tanto grandes vias aéreas, preferencialmente acometidas na BC, como nas pequenas vias 
aéreas, preferencialmente acometidas na LCFA. (8) 
 Há um consenso de que a exposição a poeiras na mineração de carvão leva a um 
aumento na prevalência de BC, assim como as poeiras orgânicas, exemplo a poeira de 
algodão, também leva a um aumento de prevalência de BC e LCFA. Assim, podemos dizer 
que o tabagismo, as exposições ocupacionais e a poluição ambiental têm em ordem 
decrescente de grandeza, direta influência em relação às doenças de vias aéreas. (8) 
 
Enfisema 
Estado de irritação respiratória crônica, de lenta evolução, quase sempre causada 
pelo fumo, mas também por outros agentes (poeira, poluentes, vapores químicos). No 
35  
  
enfisema, os alvéolos transformam-se em grandes sacos cheios de ar que dificultam o contato 
do ar com o sangue, uma vez que foram destruídos os septos alveolares por onde passavam os 
vasos. (22) 
Pneumoconioses 
São divididas em não-fribogênicas (ou “benignas”) e fibrogênicas de acordo com 
o potencial da poeira em produzir fibrose reacional. Apesar de existirem tipos bastante polares 
de pneumoconioses fibrogênicas e não fibrogênicas, como a silicose e a asbestose, de um 
lado, e a baritose, de outro, existe a possibilidade fisiopatogênica de poeiras tidas como não 
fibrogênicas produzirem algum grau de fibrose dependendo da dose, das condições de 
exposição e da origem geológica do material. (4) 
O Quadro 1, abaixo, apresenta uma lista de pneumoconioses com denominações 
mais específicas, seus agentes etiológicos e sua apresentação anatomopatológica. Ressalte-se 
que a lista não é exaustiva, não excluindo outras possibilidades etiológicas mais raras, ou 
ainda não contempladas pela literatura científica. (4) 
Pneumoconiose Agente(s) Etiológico(s) Processo Anatomopatológico 
Silicose Sílica livre Fibrose nodular 
Asbestose Todas as fibras de asbesto ou amianto Fibrose difusa 
Pneumoconiose do 
trabalhador do 
carvão (PTC) 
Poeiras contendo carvão 
mineral ou vegetal 
Decomposição macular sem fibrose ou 
com diferenciados graus de fibrose 
Silicatose Silicatos variados Fibrose difusa ou mista 
Talcose Talco mineral (silicato) Fibrose nodular e/ou difusa 
Pneumoconiose 
por poeira mista 
Poeiras variadas contendo 
menos que 7,5% de sília livre 
Fibrose nodular estrelada e/ou fibrose 
difusa 
Siderose Óxidos de ferro 
Deposição macular de óxido de ferro 
associado ou não com fibrose nodular 
e/ou difusa 
Estanose Óxidos de estanho Deposição macular sem fibrose 
Baritose Sulfato de bário (barita) Deposição macular sem fibrose 
Antimoniose Óxidos de antimônio ou Sb metálico Deposição macular sem fibrose 
Pneumoconiose 
por rocha fosfática Poeira de rocha fosfática Deposição macular sem fibrose 
Pnemoconiose por 
abrasivos 
Carbeto de silício (SiC) / 
Óxido de alumínio (Al2O3) Fibrose nodular e/ou difusa 
36  
  
Berilliose Berílio Granulomatose tipo sarcóide. Fibrose durante evolução crônica 
Pneumopatia por 
metais duros 
Poeiras de metais duros (ligas 
de W, Ti, Ta contendo Co) 
Pneumonia intersticial de células 
gigantes. Fibrose durante evolução 
Pneumonites por 
hipersensibilidade 
(alveolite alérgica 
extrínseca) 
Poeiras orgânicas contendo 
fungos, proteínas de penas, 
pelos e fezes de animais 
Pneumonia intersticial por 
hipersensibilidade (infiltração 
linfocitária, eosinofilica e neutrofilica na 
fase aguda e neutrofilica na fase aguda e 
fibrose difusa na fase crônica) 
	
  
	
  
 
Silicose 
Doença respiratória causada pela inalação de poeira de sílica que produz 
inflamação, seguida de cicatrização do tecido pulmonar. A silicose decorre da exposição à 
sílica livre (quartzo), especialmente na mineração subterrânea de ouro, nas indústrias 
extrativas de minerais, no beneficiamento de minerais (corte de pedras, britagem, moagem, 
lapidação), nas indústrias de transformação (cerâmicas, marmorarias, abrasivos, fundições), 
na fabricação do vidro e de sabões, na construção civil e, em algumas atividades como 
protéticos, jateadores de areia, trabalhos com rebolos ou esmeril de pedra, escavação de 
túneis, cavadores de poços e artistas plásticos. É uma das mais antigas doenças provocadas 
pelo trabalho, sendo que atualmente, no Brasil, é a principal doença pulmonar de origem 
ocupacional. (22) 
 
Asbestose 
Doença pulmonar causada por depósitos de asbesto ou amianto, que é um silicato 
que ocorre na natureza sob a forma de fibras que podem ser fiadas e tecidas. A sua grande 
resistência à abrasão e ao calor, a alta resistência à tração e a grande flexibilidade das fibras, 
dão aos asbestos propriedades ainda não conseguidas por fibras artificiais. Assim, mais de mil 
usos industriais para o amianto têm sido descritos: misturado ao cimento, dá origem às placas 
e telhas de cimento-amianto, muito utilizadas para coberturas de edificações, e a tubulações 
de vários diâmetros e de baixo preço; é utilizado nas lonas de freio de automóveis, na 
fabricação de equipamentos individuais de proteção (luvas, aventais, capuzes, etc.) resistentes 
ao calor e ao fogo, na isolação térmica de caldeiras, tubulações de vapor e na isolação elétrica 
Tabela 2.3 - Pneumoconioses, poeiras causadoras e processos anatomopatológicos subjacentes 
Fonte: Mendes, René - 2007 
37  
  
e térmica de equipamentos elétricos. Sob forma de pó, atinge os pulmões de indivíduos que 
estão expostos, tais como: mecânicos, operários de indústria de cimento-amianto etc. (22) 
 
Pneumoconiose dos trabalhadores de carvão (PTC) 
Na pneumoconiose dos trabalhadores de carvão a deposição de poeiras 
desencadeia um processo inflamatório orquestrado inicialmente pelos macrófagos alveolares, 
de menor intensidade do que a gerada pelas partículas de sílica, mas suficiente para promover 
lesão do epitélio alveolar. Em decorrência, ocorre a passagem de partículas para o interstício e 
tem início a formação de acúmulos de carvão e de macrófagos com partículas fagocitadas, ao 
redor dos bronquíolos respiratórios, com presença de fibras de reticulina e deposição de 
pequena quantidade de colágeno. Estas lesões,conhecidas como mácula de carvão, medem 
cerca de 1 a 6mm. São intralobulares, pouco ou não visíveis à radiografia e geralmente 
acompanhadas de enfisema focal adjacente às áreas das máculas . Com a progressão da 
doença, decorrente da continuada inalação ou mesmo após o afastamento da exposição, pode 
ocorrer a formação de nódulos maiores, de cerca de 7 a 20mm, com presença de macrófagos 
com pigmento no seu interior, presença de reticulina e aumento da quantidade de colágeno. 
Com a exposição crônica, os nódulos podem coalescer dando origem à forma de fibrose 
maciça progressiva (FMP). A FMP costuma ser bilateral, predomina nos lobos superiores, 
lobo médio e segmentos superiores dos lobos inferiores. Geralmente são assimétricas, 
apresentando às vezes características de lesão maligna, podendo cavitar, com o paciente 
expectorando material enegrecido, conhecido como melanoptise. As lesões distinguem-se da 
FMP pela sílica por apresentar, na análise histopatológica, maior relação reticulina/colágeno, 
grande quantidade de poeira de carvão, feixes densos de reticulina e colágeno e ausência de 
nódulos silicóticos. A FMP cursa mais frequentemente com dispneia, distúrbio ventilatório 
misto, hipertensão pulmonar e cor pulmonale. (4) 
O câncer de pulmão representa o principal câncer diagnosticado no mundo. Vários 
fatores, como raça, idade, sexo, localização geográfica e condição socioeconômica, 
influenciam as taxas nos diversos grupos. Os principais agentes etiológicos são o tabagismo, 
exposições ocupacionais, infecções virais e a presença de outras doenças pulmonares, 
especialmente as que causam fibrose pulmonar. 
38  
  
Na tabela 2.4 traz a lista das principais substâncias consideradas carcinogênicas 
para o trato respiratório, pela Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Câncer – IARC, 
da Organização Mundial da Saúde (IARC, 2000). A lista completa pode ser analisada no link: 
http://monographs.iarc.fr/ENG/Classification/ 
Exposição Órgão Afetado Uso do Produto 
 Carcinogênicos Reconhecidos: Grupo 1 
 Agente individuais 
 Arsênico Pulmão Vidros, metais, pesticidas 
Asbesto Pulmão, pleura 
Mineração de asbesto, cimento-
amianto, materiais de fricção e 
vedação, têxteis 
Berílio e seus compostos Pulmão Indústria aeroespacial e de metais, rebolos especiais 
Éter bis-clorometílico Pulmão Produtos intermediários/subprodutos 
Cádmio e compostos Pulmão Tintas e pigmentos 
Cromo hexavalente e compostos Cavidade nasal, pulmão Galvanoplastias, tintas e pigmentos 
Gás mostarda Faringe, pulmão Gases bélicos 
Talco contendo fibras 
asbestiformes Pulmão Papel, tintas, massa plástica 
Cloreto de vinila Pulmão Plásticos, monômeros 
Sílica cristalina Pulmão Mineração, cerâmica, pedreiras, fundições 
Poeira de madeira Cavidade nasal Indústria da madeira 
Níquel e compostos Cavidade nasal, pulmão Metalurgia, ligas, catalisador 
Radônio Pulmão Mineração de urânio, nióbio e fluoretos 
 Misturas 
 Alcatrão Pulmão Combustíveis 
Piche Pulmão Material de construção/eletrodos 
Fulinges Pulmão Pigmentos 
 Carcinogênicos Prováveis: Grupo 2A 
 Formaldeído Nasofaringe Plásticos, têxteis, laboratório 
 Carcinogênicos Prováveis: Grupo 2B 
 
Acrilonitrila Pulmão Plásticos, borracha, têxteis, monômeros 
39  
  
Aldeído acético Pulmão Operações de soldagem em superfícies pintadas 
Fumos de solda Pulmão Solda de aço 
Fibras cerâmicas Pulmão Plásticos, têxteis, indústria aerospacial 
 
 
2.1.2 DOENÇAS DA PELE 
Agentes químicos provocadores de dermatoses ocupacionais, os principais são: 
1. Irritantes → cimento, solventes, óleos de corte, detergentes, ácidos e álcalis. 
2. Alérgenos → aditivos da borracha, níquel, cromo e cobalto como contaminantes do 
cimento, resinas, tópicos usados no tratamento de dermatoses. (3) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura  2.1.  Fonte:  Mendes,  René  -­‐  2007   Figura  2.2.  Fonte:  Mendes,  René  -­‐  2007  
Figura  2.3.  Fonte:  Mendes,  René  -­‐  2007  
Figura  2.4.  Fonte:  Mendes,  René  -­‐  2007  
Nas  figuras  2.1,  2.2,  2.3  e  2.4  observamos  respectivamente:  dermatite  de  contato;  
micropapuloeritematosas;  dermatite  alérgica  cronificada  e  dermatite  de  contato  irritativa  
forte.  Todas  por  algum  tipo  de  contato  por  cimento.  
Tabela 2.4 - Exposições Ocupacionais Associadas ao Câncer Respiratório 
Fonte: Segundo Critérios da IARC (2000) 
40  
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura  2.5.  Fonte:  Mendes,  René  -­‐  2007  
Figura  2.6.  Fonte:  Mendes,  René  -­‐  2007  
Nas  figuras  2.5  e  2.6  dermatite  alérgica  de  contato  por  bota  de  borracha.  
Figura  2.9.  Fonte:  Mendes,  René  -­‐  2007  
Figura  2.10.  Fonte:  Mendes,  René  -­‐  2007  
Figura  2.7.  Fonte:  Mendes,  René  -­‐  2007  
Figura  2.8.  Fonte:  Mendes,  René  -­‐  2007  
Na  figura  2.7  Radiodermite  crônica.  
Operador  de  gamagrafia  industrial  tocou  
acidentalmente  na  cápsula  de  irídio  192.   Na  figura  2.8  Dermatite  irritativa  de  contato  
folicular.  Elaioconiose  em  trabalhador  de  
indústria  metalúrgica.  
Na  figura  2.9  Miliária  rubra.  Polidor  em  
galvanoplastia.  Polidor  de  peças  
metálicas  com  rodas  de  tiras  de  couro.  
Na  figura  2.10  Dermatite  irritativa  de  
contato  acneiforme  causada  pela  
exposição  a  fumos  metálicos  de  estanho.  
41  
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.1.3 DOENÇAS DO OLHO 
Ceratite 
Inflamação da córnea, aquelas provocadas pela exposição a agentes físicos e químicos no 
ambiente de trabalho podem ser agrupadas em tóxicas e alérgicas. O arsênico e o berílio 
podem ser responsáveis por quadros de natureza alérgica. A seiva ou suco de algumas plantas 
podem ser tóxicos. Entre os agentes listados como capazes de produzir ceratoconjuntivite 
estão: 
1. Arsênico e seus compostos arsenicais; 
2. Ácido sulfídrico (sulfeto de hidrogênio) em exposições muito altas. (8) 
 
Inflamação coriorretiniana 
Inflamação da retina e do trato uveal, pode ser classificado como agudo ou 
crônico. Tem sido descrita em trabalhadores expostos ao manganês. (8) 
Figura  2.11.  Fonte:  Mendes,  René  -­‐  2007   Figura  2.12.  Fonte:  Mendes,  René  -­‐  2007  
Na  figura  2.12  Dermatite  alérgica  de  
contato  em  marceneiro  que  fazia  
polimento  de  madeira  pau-­‐ferro.  
Na  figura  2.11  Perfuração  do  septo  nasal  em  
trabalhador  no  processo  de  cromação.  
42  
  
 
Neurite óptica 
Inflamação, degeneração ou desmielinização do nervo óptico. Entre as substâncias 
químicas tóxicas potencialmente causadores de neurite óptica estão: 
• Brometo de metila; 
• Cloreto de metileno (diclorometano) e outros solventes clorados neurotóxicos; 
• Metanol; 
• Sulfeto de carbono; 
• Tetracloreto de carbono. (8) 
 
Queimaduras químicas do olho 
São causas importantes de acidentes oculares no trabalho, podem ser produzidas 
por ácidos e bases fortes, ocorrendo frequentemente, quando essas substâncias espirram ou 
derramam no olho. (8) 
 O epitélio corneano intacto é resistente a alterações do pH, variando entre 4 e 10. 
Exposto a pH fora desse intervalo, o epitélio é rapidamente destruído, permitindo que a 
substância atinja níveis profundos dos tecidos subjacentes. (8) 
 Os ácidos fortes tendem a precipitar as proteínas, como foto x. As proteínas 
precipitadas formam uma barreira tampão, limitando a penetração do ácido no olho. Já as 
bases fortes saponificam os ácidos graxos, que rompem as membranas celulares e não 
formam, portanto, nenhuma barreira, permitindo a penetração contínua para todo o segmento 
anterior do olho, levando à sua destruição. Portanto, as queimaduras químicas por álcalis são 
mais devastadoras do que as causadas por ácidos. (8) 
 
Figura  2.13.    
Fonte:  Mendes,  René  –  2007  
Na  figura  2.13  Queimadura  
química  por  ácido  sulfúrico  
resultando  em  córnea  edemaciada  
e  leucomatosa,  conjuntiva  
avascularjusta-­‐líndrica  na  posição  
entre  12  e  2hs  e  vasos  de  grossos  
calibres  e  hiperemia  no  restante  
da  conjuntiva.  
43  
  
 
2.1.4 DOENÇAS DO OUVIDO 
Há um certo número de medicamentos e produtos químicos que, por si só, podem 
lesar as estruturas da orelha interna, sejam cocleares ou vestibulares, seja temporária ou 
permanente. Entre os medicamentos, destacam-se os antibióticos aminoglicosídeos, os 
salicilatos, alguns diuréticos, alguns oncoterápicos e o quinino. Hoje em dia existe evidência 
de propriedades ototóxicas de vários produtos químicos industriais, como certos fumos 
metálicos (chumbo, mercúrio, manganês, cobalto, arsênio), alguns gases asfixiantes 
(monóxido de carbono, nitrato de butila, tetracloreto de carbono e muitos solventes orgânicos, 
tolueno, xileno, estireno, n-hexano, tetracloroetileno e dissulfeto de carbono). (8) 
Vários produtos químicos são reconhecidamente neurotóxicos e podem afetar a 
audição ou equilíbrio agindo primeiramente no tronco encefálico ou nas vias 
auditivas/vestibulares centrais. (apud, Thomas-1985) A indicação de que alguns produtos 
químicos industriais podem alterar a função auditiva através de um processo ototóxico ou 
neurotóxico, ou da combinação destes dois processos, deve ser considerada, especialmente 
quando se selecionam testes diagnósticos. (8) 
 
2.1.4 DOENÇAS DO SANGUE 
 As alterações do sangue provocadas por substâncias tóxicas agressoras ao sistema 
sanguíneo são conhecidas desde o século XIX, quando foi descrito o primeiro caso de anemia 
aplástica pelo benzeno, em 1897, mas os conhecimentos tiveram impulso após a I Guerra 
Mundial, quando se verificou a ação de gases tóxicos sobre o sangue (Simpósio 
“Leucopenia”, 1987; Rugo & Damon, 1990). (8) 
 O sistema sanguíneo, pela ação das substâncias tóxicas de origem ocupacional, 
pode apresentar alterações desde leves até graves e mesmo letais. Alguns tóxicos tem ação 
prevalente sobre a medula óssea e menor sobre o sangue periférico, enquanto outros 
apresentam ação inversa e outros, ainda, agem sobre o sangue e medula óssea 
concomitantemente. (8) 
 As hemopatias profissionais podem ser consideradas segundo a sua patogenia 
relacionada com o agente tóxico ou ocupação. Ver tabela 2.5. 
44  
  
Hemopatias Profissionais Segundo Mecanismos e Tipos de Alterações e Possíveis Agentes Etiológicos de 
Origem Ocupacional 
 
Alterações Tipos de 
Alterações 
Mecanismos Possíveis Agentes Etiológicos ou Ocupações* 
 
Alterações do 
glóbulo 
vermelho 
Por diminuição Hemólise numérica Arsina, chumbo, trinitrotolueno, substâncias 
oxidantes, oxigênio, mercúrio, cobre, nitro e amino-
derivados do benzeno 
 Hipoprodução Chumbo, arsênio, benzeno, óxido nitroso 
Por alteração no 
metabolismo do 
heme 
Porfiria Hexaclorobenzeno; 2,4-D; 2,4,5-T; 2,3,7,8-
tetraclorodibenzo-p-dioxina; o-benzil-p-clorofenol; 2-
benzil-4-6-diclorofenol; cloreto de vinila; chumbo; 
alumínio 
Por alteração no 
transporte 
Meta-
hemoglobinemia 
do oxigênio 
Anilina, nitroanilina, toluenodiamina, 
fenilenodiaminatoluidina, p-cloroanilina, naftaleno, 
pradiclorobenzeno, gases nitrosos, nitratos nitritos, 
nitrobenzeno, trinitrotolueno, quinona, paraquat 
 Sulfo-
hemoglobinemia 
Agentes oxidantes iguais aos da meta-hemoglocinemia 
 Carboxi-
hemoglobinemia 
Monóxido de carbono 
 
Alteração do 
glóbulo branco 
Por diminuição 
dos 
granulócitos 
(neutropenia) 
Fase inicial da 
toxicidade ao 
sistema 
hematopoético 
Benzeno, radiação ionizante, inseticidas 
organoclorados 
 
Alteração da 
plaqueta 
Por diminuição 
numérica 
Imune, hipoplasia 
megacariocítyica, 
insuficiência 
hepática com 
hiperesplenismo 
Tolueno diisocianato, terebintina, 2,2-
diclorovinildimetilfosfato, benzeno, radiações 
ionizantes, inseticidas organoclorados, piretrina, 
cloreto de vinila 
 
Alterações dos 
órgãos 
hematopoéticos 
Por diminuição 
numérica das 
células da 
medula óssea 
(aplasia) 
Lesão de células 
primitivas ou 
jovens da medula 
óssea 
Benzeno, trinitrotolueno, hexaclorociclhexano, DDT, 
pentaclorofenol, arsênio, éter monometílico de 
etilenoglicol, éter monobutílico de etilenoglicol, 
tetracloreto de carbono 
Alteração 
qualitativa das 
células da 
medula óssea 
(displasias, pré-
leucemia, 
leucemias 
mielóides 
agudas e 
crônicas, 
mielofibrose) 
Lesão da estrutura 
molecular de 
células da medula 
óssea 
Benzeno, radiações ionizantes, butadieno, campos 
eletromagnéticos, gases de exaustão de motores, 
fluidos de motores, óxido de etileno, inseticidas e 
herbicidas, solventes orgânicos, produtos de petróleo 
(inclusive gasolina) e estireno. Motoristas, eletricistas, 
engenheiros eletrônicos, agricultores, jardineiros, 
mecânicos, soldadores, trabalhadores das indústrias 
metalúrgicas, têxtil, do papel e do petróleo e 
trabalhadores de distribuidoras de petróleo. 
45  
  
Proliferação 
linfóide 
(leucemias 
linfóides agudas 
e crônicas, 
linfomas, 
mieloma 
múltiplo) 
Lesão da estrutura 
molecular de 
células da medula 
óssea 
Benzeno, radiações ionizantes, herbicidas derivados 
do ácido fenoxiacético, asbestos, hidrocarbonetos 
clorados, poeiras de madeira, produtos químicos 
utilizados na indústria do couro e da borracha, óxido 
de etileno, clorofenóis, fertilizantes, inseticidas, 
tinturas de cabelo, solventes orgânicos, praguicidas, 
2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina, estireno, cloreto 
de vinila, poeiras de madeira, gases de exaustão de 
motores. Indústria da madeira, agricultores, 
trabalhadores de refinarias de petróleo e da indústria 
química, manipuladores de grãos, metalúrgicos, 
fornecedores de praguicidas, trabalhadores expostos a 
fungicidas e fumigantes, pintores e motoristas de 
caminhão 
 
*Para alguns agentes e ocupações, a evidência é ainda limitada. 
 
 
2.1.5 DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO 
Estado confusional agudo 
Também chamado de delirium, caracteriza-se por um distúrbio mental orgânico, 
com alteração da consciência, desatenção e pensamento incoerente. Classicamente, tem um 
início súbito, de horas a dias, um curso breve e flutuante, observando-se melhora rápida, 
quando o fator causal é identificado e removido. Entre as principais causas do estado 
confusional agudo estão doenças do SNC, doenças sistêmicas, abstinência de drogas e 
intoxicação por substâncias neurotóxicas, que podem estar presentes no ambiente de trabalho. 
Faz parte deste rol de substâncias os metais (chumbo, mercúrio, arsênio, manganês e tálio), os 
solventes (tolueno, dissulfeto de carbono, estireno, xileno, tricloroetileno brometo de metila, 
cloreto de metila, metanol e tetracloreto de carbono), os pesticidas (organofosforados, 
carvamatos, organoclorados e paraquat) e os gases (monóxido de carbono e óxido de etileno). 
(8) 
 
Encefalopatia tóxica crônica 
Também denominada “síndrome psico-orgânica”, “síndrome neurastênica” ou 
“síndrome do pintor”, caracteriza-se por um quadro neuropsiquiátrico com alterações de 
personalidade, perda de memória, fadiga, depressão, e perda de interesse pelas atividades 
diárias. Considerando-se que a maioria dos quadros de demência seja irreversível, tornam-se 
Tabela 2.5 - Hemopatias Profissionais Segundo Mecanismos e Tipos de Alterações e Possíveis Agentes 
Etiológicos de Origem Ocupacional 
Fonte: Mendes, René 2007 
46  
  
imprescindíveis a identificação e o tratamento daqueles possivelmente reversíveis (Sandoval-
Orellana & Sallato, 1995). (8) 
 Desde a década de 1970, inúmeros estudos têm demonstrado os efeitos 
neurocomportamentais da exposição a solventes orgânicos. Contudo, com métodos de 
avaliação e análise epidemiológica mais sofisticados, verificou-se que a correlação entre a 
exposição no local de trabalho e os distúrbios neurocomportamentais não é tão óbvia (apud 
Axelson, 2000). Como os solventes utilizados são geralmente misturas, é difícil identificar a 
substância química específica e estabelecer a relação dose-resposta. Também é difícil 
estabelecer a intensidadee a duração da exposição, dada à variabilidade das condições de 
trabalho. (8) 
 
Epilepsia 
A epilepsia designa uma ampla variedade de distúrbios neurológicos 
caracterizados por crise epiléticas recorrentes. Entre as causas de epilepsia no adulto estão: 
tumores, trauma cranioencefálico, acidente vascular cerebral, porém, a maioria dos distúrbios 
epiléticos permanece sem etiologia definida. (8) 
 Na avaliação do trabalhador que desenvolve epilepsia deve ser considerado, o que 
é pouco frequente, que fatores presentes no trabalho sejam a causa da epilepsia. Como 
existem muitas etiologias associadas ao início de epilepsia, a história neurológica e exames de 
imagem devem ser solicitados para afastar anormalidades intracranianas. Mesmo assim, pode 
ser difícil distinguir convulsões relacionadas à exposição ocupacional de outras causas não 
relacionadas ao trabalho.(8) 
 Quadros agudos de intoxicação por substâncias químicas de origem ocupacional 
podem produzir convulsões. Algumas dessas substâncias são (metais como alumínio, 
chumbo, mercúrio, solventes, benzeno, metanol, etc., e os gases como monóxido de carbono, 
sulfeto de hidrogênio, cloreto de metila, etc.). Nestes casos, algumas dessas substâncias 
podem ser detectadas no sangue ou na urina. A exposição ao agente tóxico, com 
manifestações agudas, produz, frequentemente, sinais e sintomas sistêmicos, facilitando o 
nexo causal. (8) 
 
47  
  
Cefaleia 
A cefaleia primária abrange a maioria dos quadros observados em trabalhadores. 
Nos casos em que cefaleia está relacionada à exposição a certas substâncias neurotóxicas, 
como no caso da exposição a nitratos, a descrição cuidadosa das condições de aparecimento 
do sintoma pode auxiliar o estabelecimento do nexo. Devem ser exploradas as informações 
relativas ao momento de início da cefaleia, se após chegar ao local de trabalho, ou ao seu 
término, a ausência de cefaleia quando não está trabalhando e presença de níveis elevados de 
substâncias químicas no local de trabalho, ou ainda a presença da cefaleia nos períodos de 
suspensão do trabalho, como nas folgas ou nas férias. (8) 
 
Parkinsonismo secundários 
É uma síndrome clínica caracterizada pela combinação de tremor em repouso, 
rigidez, bradicinesia e instabilidade postural, que se apresentam em vários graus de gravidade. 
(8) 
 No Brasil, é clássica a descrição de parkinsonismo secundário à exposição ao 
manganês em trabalhadores de uma fundição de ferro-manganês feita por Antonio de 
Almeida, Jorge da Rocha Gomes e Pedro Augusto Zaia (Almeida e cols., 1970), seguida pelos 
estudos realizados em Minas Gerais, por Chrysóstomo Rocha de Oliveira, Elizabeth Costa 
Dias e Eduardo Henrique Lauar (Oliveira e cols., 1974). (8) 
 As principais substâncias neurotóxicas presentes em situações de trabalho 
capazes de causar a Doença de Parkinson secundária são classificadas de acordo com o grau 
de associação já estabelecida, possível ou potencial, e estão mostradas na tabela 2.5. (8) 
 O parkinsonismo secundário decorrente da exposição a substâncias neurotóxicas 
pode assemelhar-se, clinicamente, à forma clássica da doença de Parkinson idiopática, além 
das doenças neuro e heredodegenerativas chamadas de parkinsonismo plus, e além das outras 
causas de parkinsonismo secundário, dificultando o diagnóstico diferencial. (8) 
 
 
48  
  
Principais Substâncias Neurotóxicas Presentes em Situações de Trabalho Capazes de 
Causar a Doença de Parkinson Secundária 
 Associação Definida Associação Possível Associação Potencial 
Dissulfeto de carbono Monóxido de carbono Cianeto 
Manganês Tetracloreto de carbono Metanol 
MPTP 
 
 
Ataxia cerebelar 
Síndrome clínica caracterizada pela incapacidade de coordenar os movimentos 
voluntários, devido à lesão cerebelar. Pode manifestar-se quando o paciente está de pé, 
quando se põe a andar, ou, ainda, quando quer executar um movimento. As ataxias podem se 
classificadas em agudas e crônicas e em hereditárias e adquiridas. As ataxias de evolução 
crônica e progressiva tem usualmente natureza hereditária. A ataxia aguda é geralmente de 
etiologia infecciosa, pós infecciosa ou tóxica. (8) 
 A intoxicação crônica por mercúrio pode causar uma ataxia cerebelar, coreia e 
incefalopatia grave caracterizada por déficit cognitivo e alterações psicológicas. Também 
pode estar associada a polineuropatia periférica do tipo axonal (sensitiva e motora). O tremor 
é postural, cinético, de alta frequência, baixa amplitude, piora com as atividades e se 
assemelha ao do hipertireoidismo. Há também perda de sensibilidade vibratória e posicional 
nos membros inferiores. A exposição prolongada ao agente tóxico pode levar à ataxia 
permanente, decorrente da neuropatia periférica e/ou encefalopatia com comprometimento 
cerebelar, dependendo da idade do paciente, grau de exposição e a forma atômica do 
mercúrio. (8) 
 Transtornos do nervo olfatório caracterizam-se por queixas de alterações 
quantitativas, manifestadas por redução, ausência ou, ainda, perversão do olfato, também 
denominada de parosmia, que decorre de alterações corticais. A anosmia, ou perda da 
acuidade olfatória, é um achado relativamente comum que resulta da desmielinização das 
fibras do nervo olfatório. (8) 
 Na literatura, são escassas as informações sobre a epidemiologia e os fatores de 
risco ocupacional referentes aos transtornos olfatórios na população geral. Entretanto, certos 
grupos de trabalhadores expostos a substâncias irritantes podem apresentar problemas 
Tabela 2.5 - Principais Substâncias Neurotóxicas Presentes em Situações de Trabalho Capazes de Causar a 
Doença de Parkinson Secundária 
Fonte: adaptado de Rosenberg, 1995 
49  
  
olfatórios em uma proporção 15 vezes maior do que os não expostos. Entre as substâncias 
químicas reconhecidas como potencialmente capazes de produzir efeitos tóxicos estão o 
cádmio; sulfeto de hidrogênio, poeira de cimento; ácido sulfúrico; formaldeído; acrilatos; 
solventes como tricloroetileno, benzeno, etilacetato, dissulfeto de carbono, tolueno; chumbo; 
cromo; níquel. (8) 
 
Transtornos do nervo trigêmeo 
Síndrome clinica caracterizada pela perda da sensibilidade cutânea da face, 
geralmente bilateral, acompanhada de parestesia, com formigamento e queimação, além de 
prurido leve. A anestesia facial pode ocasionar ferimentos em volta das narinas, decorrente de 
traumatismos repetidos. O déficit motor do nervo trigêmeo não tem sido observado. Quando 
ocorre pode ser verificado pela fraqueza dos músculos mastigatórios. (8) 
 Sobre a epidemiologia e os fatores de risco ocupacional, observa-se que a 
intoxicação ou a exposição crônica aos derivados halogenados dos hidrocarbonetos alifáticos, 
particularmente o tricloroetileno, é importante causa da neuropatia do trigêmeo. O 
tricloroetileno e outros derivados halogenados dos hidrocarbonetos alifáticos são utilizados 
como matéria-prima ou produtos finais em indústrias químicas; como solventes, na limpeza 
de peças e componentes; na indústria eletro eletrônica; como solventes em vernizes, tintas, 
adesivos, na indústria da construção; ou como desengraxantes em limpeza a seco de roupas e 
similares. (8) 
 
Polineuropatia 
Geralmente se apresenta de forma simétrica, afetando inicialmente os pés e 
posteriormente as mãos. Estas neuropatias podem comprometer fibras nervosas sensitivas, 
motoras ou autonômicas, isoladas ou em associação. (8) 
 As manifestações mais comuns são fraqueza muscular, hiporreflexia, cãibras, 
mialgia, distúrbios sensitivos, como parestesias, disestesias, anestesias; distúrbios motores, 
com alteração da marcha; distúrbios tróficos, manifestados por queda de pelos e atrofia de 
pele, e distúrbios neurovegetativos, como, por exemplo, bexiga neurogênica, diarreia e 
impotência sexual. (8) 
50  
  
 Sobre a epidemiologia e os fatores de risco ocupacional relacionados à ocorrência 
de polineuropatias, as substâncias neurotóxicasmais frequentemente associadas à produção 
desses quadros são os metais chumbo, mercúrio, arsênio, estanho, tálio, cromo, manganês, 
ouro, zinco e antimônio; os solventes n-Hexano, metil-butil-cetona, tetracloreto de carbono, 
matanol, benzeno, dissulfeto de carbono e tricloroetileno; os pesticidas organofostorados, 
carbamatos, organoclorados; os gases monóxido de carbono, óxido de etileno. (8) 
 
2.1.6 DOENÇAS DO SISTEMA REPRODUTIVO 
 Reprodução é um processo complexo e vulnerável. A reprodução normal exige 
uma grande interação entre os processos anatômico e fisiológico. Os mecanismos hormonais 
envolvidos na reprodução exigem interações precisas entre o hipotálamo, a pituitária, e o 
ovário ou testículo. (8) 
 Exposições ocupacionais não são a causa da maioria dos distúrbios reprodutivos, 
mas a exposição ocupacional pode causar sérios problemas reprodutivos, que são inteiramente 
evitáveis. A exposição a determinado agente no local de trabalho pode manifestar seus efeitos 
reprodutivos tanto em homens como em mulheres. Exposições tóxicas podem reduzir a 
fertilidade prejudicando os espermatozoides ou os óvulos. Podem ocorrer abortos se um 
embrião é afetado ou se complexas interações hormonais são bloqueadas. A exposição tóxica 
durante a gravidez pode causar malformação ou morte do feto. Atribuem-se a algumas 
exposições, problemas neuropsiquiátricos ou cânceres descobertos mais tarde na infância. 
Outras exposições podem levar a problemas de saúde que não são detectados antes da idade 
adulta. (8) 
 Efeitos adversos causados pela exposição a toxicantes reprodutivos podem se 
manifestar em várias etapas do complexo processo da função reprodutiva, iniciando com a 
gametogênese e continuando na interação de gametas (fertilização), desenvolvimento e 
crescimento embrionário e fetal, nascimento e maturação sexual da prole. (8) 
 
Efeitos da exposição tóxica na gametogênese 
 A produção de óvulos e espermatozoides e o processo de ovulação dependem 
todos da estimulação hormonal. Uma maneira pela qual agentes ocupacionais e ambientais 
51  
  
podem ser prejudiciais à reprodução é através do bloqueio das vias hormonais no nível do 
hipotálamo, pituitária ou gônadas. A exposição ambiental a praguicidas que agem como 
estrogênios ou antiestrogênios demonstrou exercer efeitos tóxicos na reprodução em animais, 
através desse mecanismo.8 
 Exposições a substâncias perigosas podem também exercer um efeito direto nos 
gametas e suas células precursoras. A exposição ao dibromocloropropano (DBCP) causa lesão 
das células germinativas em homens. Exposição a éteres de glicóis entre pintores de estaleiros 
foi associada à redução da contagem de espermatozoides. Efeitos gametotóxicos entre 
mulheres são difíceis de medir porque a obtenção de uma amostra folicular envolve um 
procedimento invasivo, uma biopsia ovariana. (8) 
 Como a gametogênese começa durante a vida fetal, exposições ocupacionais e 
ambientais durante a gravidez poderiam teoricamente causar efeitos transgeracionais. Danos 
às células germinativas primárias de um feto podem ser manifestados mais tarde, quando esse 
feto torna-se um adulto e sua reprodução se mostra alterada. Um efeito tóxico pode ser 
manifestado pela redução da fertilidade quando o filho da mulher trabalhadora tenta ter filhos. 
O mecanismo desse efeito traduz-se em danos às células germinativas que se desenvolvem no 
feto da trabalhadora. (8) 
 Teoricamente, o filho ou neto de um trabalhador pode ser afetado por alteração 
subletal do material genético na célula germinativa primordial. Uma preocupação é que as 
alterações no DNA dos gametas podem causar câncer nos filhos de pais expostos. (8) 
 Em mulheres adultas, leva-se cerca de duas semanas para que oócitos primários se 
desenvolvam em óvulos maduros. Em homens, leva-se cerca de dois meses para que células 
germinativas primárias se desenvolvam em espermatozoides. Exposições tóxicas durante 
esses períodos de diferenciação das células germinativas podem resultar em morte dos 
gametas em maturação. Esse quadro seria manifestado clinicamente como uma incapacidade 
temporária de conceber uma criança. Se as células germinativas imaturas (células tronco) 
forem afetadas, o período de infertilidade será maior. (8) 
 Se a gravidez é alcançada, apesar de um curto período de exposição tóxica durante 
a maturação dos gametas, não se estabelecem claramente as relações de causa com os defeitos 
congênitos. Suspeita-se que os gametas e embriões que não tenham iniciado o organogênese 
sejam relativamente resistentes à ação teratogênica, caso sobrevivam à exposição tóxica. (8) 
52  
  
Redução da fertilidade 
 Os estudos epidemiológicos dirigidos à saúde reprodutiva do homem estão, via 
de regra, centrados em parâmetros do esperma, tais como morfologia, motilidade, viabilidade 
e concentração. Estes parâmetros, combinados com parâmetros de exposição ocupacional, 
foram a base dos estudos epidemiológicos que enfocam a relação entre a ocupação e o 
potencial de dano reprodutivo do homem. (8) 
 Embora a infertilidade seja o efeito sobre a reprodução frequentemente 
investigado, também outros efeitos adversos, mediados pelo pai, tem sido estudados, tais 
como a perda fetal, os defeitos congênitos e o câncer na infância. (8) 
 O mais notável exemplo é o dibromocloropropano (DBCP), um fumigante de solo 
que foi utilizado por mais de 20 anos em aplicações agrícolas. Um pequeno grupo de homens 
empregados na produção de DBCP relatou problemas de esterilidade, sendo constatadas a 
azospermia ou oligospermia. Levantamentos adicionais, realizados junto a outros 
trabalhadores expostos ao DBCP, revelaram haver contagens diminuídas de espermatozóides, 
sendo estas geralmente relacionadas à exposição ao DBCP (Whorton, Krauss & Marshall, 
1977; Milby & Whorton, 1980). A exposição ocupacional na produção de um pesticida 
semelhante, o dibrometo de etileno, também tem sido associada à diminuição da fertilidade e 
decréscimo nas contagens de espermatozóides (Dobbins, 1987). Assim como foram 
verificados decréscimos nas contagens de espermatozóides em trabalhadores de fundições, e 
pintores expostos a 2-etoxietanol, também conhecido como cellosolve (Welch e cols., 1988; 
Ratchleffe e cols., 1989). (8) 
 
Alterações menstruais 
Existem diversos exemplos de estudos que sugerem alterações menstruais 
associadas à exposição ocupacional a vários solventes. Assim, tem sido demonstrado que a 
exposição ocupacional ao benzeno, tolueno e xileno está associada a anormalidades 
menstruais, principalmente ao aumento do sangramento e dos intervalos do ciclo (Michon, 
1965ª; Michon, 1965b; Syrovadko, Skromin & Pronkova, 1973). Mulheres que trabalharam 
com percloroetileno em tinturarias de lavagem a seco tiveram uma prevalência aumentada de 
problemas, como alteração da duração do ciclo, menorragia e dismenorréia, quando 
53  
  
comparadas a mulheres que trabalham em lavanderias que utilizam água e sabão (Zielhuis, 
Gijsen & Van Der Gulden, 1989). (8) 
 Outros grupos ocupacionais estudados incluem trabalhadores da indústria do 
petróleo, onde foi encontrada uma elevada prevalência (50%) de alterações menstruais em 
mulheres com idade acima de 40 anos, em comparação com controles emparelhados por 
idade, cuja prevalência foi de apenas 19%. A alteração mais frequente e que apresentou 
diferença significativa foi a menorragia: 21% contra 8,3% (Panova, 1976). (8) 
 
Abortamentos espontâneos 
Estudos epidemiológicos tem sugerido um risco aumentado para abortamentos 
espontâneos em grupos específicos de mulheres trabalhadoras da indústria química e de 
semicondutores (microeletrônica). Um estudo caso-controle em enfermeiras finlandesas 
mostrou uma associação significativa entre perdas fetais e o trabalho com quimioterápicos 
durante o primeiro trimestre de gestação (Selevan e cols., 1985). (8) 
 Já há muitos séculos sabe-se que o chumbo tem provocado abortamentosespontâneos em gestantes exposta a altos níveis, tendo chegado, por este motivo, a ser 
utilizado intencionalmente para este fim (Miller &Bellinger, 1993). (8) 
 Tem sido investigada a relação entre exposições ocupacionais paternas ao DBCP 
e a gases anestésicos com a incidência de abortamentos espontâneos. As evidências mostram 
claramente uma relação positiva entre a exposição masculina ao DBCP e a maior incidência 
de abortamentos espontâneos em suas esposas (Bostofte, Serup & Rebbe, 1984). 
Possivelmente este fato seja devido a mutações relacionadas à exposição. No entanto, estudos 
sobre a exposição a anestésicos tem apresentado resultados conflitantes. Apesar de haver um 
aumento de 25% de malformações congênitas em filhos de anestesistas do sexo masculino, a 
incidência de abortamentos espontâneos aparentemente não é afetada (Cohen e cols., 1975; 
Knill-Jones, Newman & Spence, 1975). (8) 
 
 
 
54  
  
Malformações congênitas 
Nos estudos sobre a relação entre exposições ocupacionais e a presença de 
anomalias congênitas predominam aqueles que utilizam a metodologia de estudos 
epidemiológicos do tipo casos x controles. Embora este desenho seja o mais eficiente para o 
estudo de eventos relativamente raros, como as malformações congênitas, ele limita os 
resultados a serem levados em consideração àqueles que foram identificados como “casos” no 
início do estudo. (8) 
 Evidências para o estabelecimento de nexos entre exposições ocupacionais e 
malformações tem sido obtidas de estudos sobre a exposição dos pais a solventes. Dois 
estudos de caso-controle em filhos de pintores e outros trabalhadores expostos a solventes 
mostraram odds ratios elevados para defeitos do sistema nervoso central (Holmberg & 
Nurminen, 1980; Olsen, 1983). Outro estudo de caso-controle encontrou uma relação 
estatisticamente significativa entre a exposição a solventes, principalmente ao tolueno, e 
anomalias com predominância de defeitos renais, urinários e gastrintestinais em 301 crianças 
(McDonald e cols., 1987). A exposição ocupacional a solventes também tem sido relatada 
com mais elevada frequência em mães cujos filhos nasceram com fenda palatina (Holmberg 
& Nurminen, 1980) e defeitos do septo ventricular (Tikkanen & Heinonen, 1988), quando 
comparados aos seus respectivos grupos-controle. (8) 
 Os trabalhadores agrícolas representam outro grupo ocupacional para o qual um 
mais elevado risco de malformações tem sido relatado. A exposição aos praguicidas é que 
causa mais preocupação nessa população. As malformações mais consistentemente notadas 
são defeitos do sistema nervoso central, incluindo anencefalia (Polednak & Janerick, 1983), 
defeitos do tubo neural (White e cols., 1980), fendas faciais (Brogan, Brogan & Dadd, 1980; 
Gordon & Shy, 1981; White e cols., 1988) e atrofia de membros (Schwartz, Newsum & 
Heifetz, 1986; Schwartz & Logerfo, 1988). (8) 
 
 
 
 
 
55  
  
UNIDADE 3 – DOENÇAS RELACIONADAS AOS RISCOS FÍSICOS 
 Riscos físicos são os resultantes da troca de energia entre o organismo e o 
ambiente de trabalho, em quantidade que pode causar o desconforto, acidentes ou doenças do 
trabalho. (1) 
 Observa-se no quadro abaixo os possíveis danos provocados à saúde, decorrente 
da exposição aos agentes dos riscos físicos. 
AGENTES POSSÍVEIS DANOS À SAÚDE 
Ruído 
Cansaço, irritação, dores de cabeça, 
diminuição da audição, aumento da 
pressão arterial, taquicardia, etc. 
Calor Insolação, prostração térmica, câimbras, catarata. 
Radiação 
ionizante 
Alterações celulares, câncer, 
problemas nos olhos etc. 
Condições 
hiperbáricas 
Dores nas articulações, ruptura do 
tímpano, embolia gasosa, etc. 
Radiação não 
ionizante Queimaduras, lesões nos olhos, etc. 
Frio Necrose de pele, vaso constrição, amputação do membro lesado, etc. 
Umidade Doenças do aparelho circulatório e do respiratório, doenças de pele, etc. 
 
 
Nesta unidade serão apresentados os mais importantes efeitos colaterais da 
exposição aos agentes dos riscos físicos, tipos de prevenção e controle para preservação da 
saúde do empregado. 
 
3.1 RUÍDO 
Como som, compreende-se qualquer perturbação vibratória em um meio elástico, 
que produz uma sensação auditiva. (5) 
Os termos som e ruído são frequentemente utilizados indiferenciadamente mas, 
geralmente, som é utilizado para as sensações prazerosas como música ou fala, enquanto que 
Tabela 3.1 Exemplos de riscos existentes e os efeitos para a saúde 
Fonte: Araújo, Wellington - 2010 
56  
  
ruído é usado para descrever um som indesejável como buzina, explosão, barulho de trânsito e 
máquinas. (5) 
As máquinas e equipamentos utilizados pelas empresas emitem ruídos que podem 
atingir níveis excessivos, podendo, a curto, médio e longo prazos provocar sérios prejuízos à 
saúde dos empregados. Conforme o tempo de exposição, do nível sonoro e da sensibilidade 
individual, as alterações danosas podem manifestar-se imediata ou gradualmente. Quanto 
maior o nível de ruído, menor deverá ser o tempo de exposição ocupacional. (12) 
 Considerando que a audição humana é sensível para cada frequência de som, entre 
20 a 20.000Hz, é importante considerar esse fator que compõe o ruído, e não apenas sua 
intensidade em uma medição pura e simples. (8) 
Através da figura que mostra as curvas isofônicas, segundo Robinson e Dadson, 
observa-se que a mesma curva que passa por 40 dB a 1.000 Hz, passa 90 dB a 20 Hz e um 
pouco menos de 40 dB a 5.000 Hz. Conclui-se que um ruído de menor intensidade, mas de 
frequência muito alta, provoca sensação mais intensa em uma frequência baixa. (8) 
 
 
Pelo fato de o ouvido não responder linearmente ao espectro de frequências, o 
medido de nível de som possui circuitos de filtros de ponderação representados pelas letras A, 
B e C com o objetivo de reproduzir o comportamento do ouvido humano a níveis de 
intensidade, respectivamente, de 40, 70 e 100 dB a 1.000 Hz. Na prática, eles atenuam (o 
Figura 3.1 Curvas de isoaudibilidade, segundo Robinson e 
Dadson (1961) 
Fonte: Mendes, Rene - 2007 
57  
  
filtro A mais que o filtro Be, este, mais que o filtro C), as baixas frequências (inferiores a 
1.000 Hz) e as frequências superiores a 8.000-10.000 Hz. (5) 
 As duas ponderações mais relevantes na avaliação de ruído dão a “A” e a “C”. 
Outras são mencionadas na literatura como a “B” e a “D”. A primeira está em desuso, 
enquanto a segunda é mais aplicada para avaliação de ruído em aeroportos. As ponderações A 
e C são elaboradas de acordo com a resposta aproximada da orelha humana e estímulos 
sonoros, particularmente tons puros. A ponderação A é a mais empregada no campo de 
avaliação de ruído ocupacional e ambiental, pois é a que mais se aproxima da resposta da 
orelha humana e se correlaciona com o risco de dano à audição. A curva C é praticamente 
linear ao longo do campo de frequências de interesse. A seguir é apresentado o gráfico de 
ponderação referente às duas curvas A e C. (8) 
 
 
3.1.1 ANATOMIA DA ORELHA 
Orelha é o nome dado às estruturas que compõe os sistemas auditivo e vestibular 
periféricos. Localiza-se na região temporal do crânio, estando a maioria de suas porções 
incrustadas no osso temporal. Divide-se em orelha externa, média e interna (ou labirinto). (21) 
Figura 3.2 Curvas de ponderação normalizada A e C 
Fonte: http://dc358.4shared.com/doc/4tk8hSp9/preview.html 
58  
  
 
 
 A orelha externa é constituída pelo pavilhão e meato acústico externo. As 
vibrações sonoras do ar penetram no meato acústico externo e fazem vibrar a membrana do 
tímpano. (8) 
A orelha média é uma cavidade aerada no osso temporal também chamada 
de caixa do tímpano ou cavidade timpânica situada entre a orelha externa e a interna e 
revestida por uma mucosa. A membrana timpânica limita a orelha externa da média. Possui 
3 ossículos (martelo, bigorna e estribo) suspensos na caixa por ligamentos e 
2 músculos (estapediano e tensor do tímpano). Por ela atravessao nervo corda do tímpano, 
ramo do nervo facial. Comunica-se com o antro da mastóide pelo ádito do antro, com a 
rinofaringe pela tuba auditiva e com a orelha interna pelas janelas oval e redonda. (21) 
A parte anterior da orelha interna é constituída pela cóclea ou caracol, que 
responde pela audição e a posterior, pelo vestíbulo e canais semicirculares, que respondem 
pelo equilíbrio. A cóclea apresenta em seu interior espiralado três canais membranosos 
paralelos: a escala vestibular e a escala timpânica, que contêm perilinfa e se comunicam no 
ápice coclear através do helicotrema; e a escala média ou ducto coclear, que contém 
endolinfa. A perilinfa tem uma composição química semelhante à dos líquidos extracelulares, 
ricos em sódio, enquanto que a endolinfa assemelha-se aos líquidos intracelulares, ricos em 
potássio. No interior do ducto coclear, desde a base até o ápice, está situado o órgão de Corti, 
que contém as células ciliadas sensoriais, incumbidas de transformar as vibrações sonoras em 
Figura 3.3 Corte frontal do órgão periférico (orelhas externa, 
média e interna) 
Fonte: http://centrootorrinodf.com.br/anatomia/ouvido.php 
59  
  
estímulos elétricos, que são transmitidos pelas fibras do nervo estatoacústico para o sistema 
nervoso central. No extremo lateral do ducto coclear situa-se a estria vascular. (8) 
 
3.1.2 FISIOLOGIA DA AUDIÇÃO 
Por via aérea: a orelha externa capta os sons ambientes e os dirige para a 
membrana timpânica que vibrando junto com a cadeia ossicular transmite e amplifica os sons 
para a janela oval. A vibração do estribo faz vibrar a perilinfa desencadeando uma onda de 
vibração na membrana basilar da base para o ápice. Para frequências altas a onda é maior na 
base da cóclea (cada região ao longo da cóclea corresponde a uma frequência). O órgão de 
Corti que se encontra apoiado na membrana basilar acompanha seus movimentos e como as 
suas células ciliadas estão em contato com a membrana tectória os cílios são deslocados. Isso 
provoca a despolarização das células ciliadas aparecendo o impulso nervoso que é transmitido 
para o sistema nervoso central. A orelha possui portanto um segmento que transmite e 
amplifica o som para a o órgão de Corti (aparelho de transmissão ou condução) e um 
segmento que transforma a vibração em impulso nervoso e o transmite para SNC (aparelho de 
recepção ou neuro-sensorial). (8) 
Por via óssea: a vibração do crânio, por exemplo tocando-o com um diapasão, faz 
vibrar a perilinfa desencadeando o impulso nervoso. Por inércia a cadeia ossicular também 
vibra existindo um componente condutivo na audição por via óssea mas para facilitar o 
raciocínio clínico considera-se que a audição por via óssea estimula diretamente o aparelho de 
recepção. (21) 
 
3.1.3 DOENÇAS RELACIONADAS AO RUÍDO 
O ruído age diretamente sobre o sistema nervoso, causando fadiga nervosa e 
alterações mentais (perda de memória, irritabilidade, dificuldade para coordenar ideias, 
hipertensão, modificação do ritmo cardíaco, modificação do calibre dos vasos sanguíneos, 
modificação do ritmo respiratório, perturbações gastrintestinais, diminuição da visão noturna 
e dificuldade na percepção de cores). Além dessas consequências, o ruído atinge também o 
aparelho auditivo, causando a perda temporária ou definitiva da audição. (12) 
60  
  
Entende-se como perda auditiva induzida por ruído – PAIR uma alteração dos 
limiares auditivos, do tipo neurossensorial, decorrente da exposição sistemática a ruído, que 
tem como características a irreversibilidade e a progressão com o tempo de exposição. 
(Resolução SS-317, de 24-5-1994) 
 Normalmente o processo de perda auditiva se inicia na frequência de 4.000 Hz, e 
aparece na audiometria como uma gota (chamada de gota acústica). Observar que se é exposto 
a ruído ambiental, a perda se dá biliteralmente de forma equilibrada. (14) 
O dano auditivo produzido pela exposição a níveis elevados de pressão sonora 
pode ser classificado em três tipos: o trauma acústico, a perda auditiva temporária e a perda 
auditiva permanente. (8) 
 
Trauma acústico 
Provocado por uma grande intensidade de ruído repentino, e pode provocar lesões 
graves na orelha média e/ou interna. Há possibilidade de tratamento com medicações, nos 
casos de rompimento da membrana timpânica pode ser corrigida com tratamento cirúrgico. 
 
Perda auditiva temporária 
Ocorre logo após a exposição a ruído intenso, por um curto período de tempo, e 
tende a regredir espontaneamente após minutos, horas ou, às vezes, até dias de repouso 
auditivo. A figura x mostra audiogramas realizados antes e depois da exposição de um 
indivíduo com audição normal a um rido de 103 dB(A) durante duas horas contínuas. As 
audiometrias realizadas 30s, 15min, 5h e 24h após o término da exposição estão registradas 
no esquema e mostram a melhoria progressiva da perda auditiva instalada após aquela 
exposição, ao longo das 24 horas subsequentes. (8) 
61  
  
 
 
 
Perda auditiva permanente 
Consequência da exposição repetida ao ruído excessivo, se dá de forma lenta e 
progressiva. 
 A perda auditiva relaciona-se a um grau de destruição menor ou maior de setores 
do órgão de Corti. Por conseguinte, ela é sempre do tipo sensorioneural. Como a maior 
concentração das lesões situa-se na espira basal da cóclea, ela compromete primeiro e 
predominantemente as frequências altas e, somente em fases mais avançadas, o entalhe 
audiométrico se alarga, em direção às frequências médias e baixas. Por isso, os traçados 
audiométricos da PAIR têm sempre um formato característico, de entalhe nas frequências 
altas, similar bilateralmente, embora sejam comuns as assimetrias nos agudos. Outra 
importante característica da doença é que, cessada a exposição ao ruído, a perda auditiva 
deixa de progredir. (8) 
 Além do desconforto e do perigo de surdez profissional, o ruído prejudica a 
comunicação, dificultando a emissão e compreensão de ordens, o que influi no rendimento do 
trabalhador como no número de acidentes. 
 
 
 
Figura 3.4 Níveis de audição de um indivíduo normal 
exposto a um ruído de 103 dB(A) (perda auditiva 
temporária) 
Fonte: Mendes, Rene - 2007 
62  
  
3.1.4 MEDIDAS DE CONTROLE DO RUÍDO 
 Com o intuito de evitar ou diminuir os danos provocados pelo ruído no local de 
trabalho, costumam-se adotar as seguintes medidas: 
 As medidas de proteção coletiva incluem: enclausuramento da máquina produtora 
de ruído; isolamento de ruído. 
 Quanto à medida de proteção individual, esta consiste no fornecimento de 
equipamento de proteção individual (EPI) (no caso, protetor auricular). O EPI deve ser 
fornecido na impossibilidade de eliminar o ruído ou como medida complementar. 
 As medidas médicas, por sua vez, incluem: exames audiométricos periódicos, 
afastamento do local de trabalho e revezamento. 
 Há também as medidas educacionais. São elas: orientação para o uso correto do 
EPI; campanha de conscientização. 
 E, por fim, as medidas administrativas: tornar obrigatório o uso do EPI; controlar 
o uso. (12) 
3.2 CALOR 
 Podemos definir “calor” como sendo um risco físico que se apresenta de forma 
frequente nas mais diversas atividades profissionais, onde existe liberação de grandes 
quantidades de energia térmica, podendo estar presente tanto em atividades internas quanto 
em atividades ao ar livre, sujeitando o homem a dar ou receber esta energia. (14) 
 Os mecanismos de troca térmica que importam para a Higiene do Trabalho são: 
Condução, Convecção, Evaporação e Irradiação. Estes mecanismos físicos são responsáveis 
pela sensação de conforto ambiental num ambiente qualquer, já que são o principal meio de 
perda ou ganho de energia térmica pelo organismo humano. (14) 
 Para que o homem mantenha sua temperatura constante, existem vários 
mecanismos automáticos que lhe possibilitam regular a perda de calor, mantendo a 
temperatura do corpo em torno de 36 graus centígrados. Taismecanismos automáticos fazem 
com que o organismo perca mais ou menos calor para o ambiente, dependendo da sobrecarga 
que recebe, de calor ou frio, respectivamente. (16) 
63  
  
 Deste modo, um indivíduo nu pode ficar exposto a temperatura de 13°C a 70°C, 
em ambientes secos, e manter a temperatura central constante. Entretanto, esta mesma pessoa 
não tolera um aumento de 4°C na sua temperatura interna (central) sem que ocorra 
comprometimento da capacidade física e mental e até mesmo risco de vida. (8) 
 Quando a soma do calor recebido e do calor produzido pelo metabolismo é maior 
que o calor cedido pelo o organismo ao meio ambiente, o organismo lança mão de 
mecanismos de defesa (vasodilatação periférica e ativação de glândulas sudoríparas) para 
evitar a hipertermia. (8) 
 A vasodilatação periférica permite uma maior troca de calor entre o organismo e o 
meio ambiente e a ativação das glândulas sudoríparas permite uma maior perda de calor 
através da evaporação do suor. (8) 
 Entretanto, a quantidade de calor que o organismo pode perder pela evaporação do 
suor pode ser limitada por fatores fisiológicos e ambientais. (8) 
 As limitações fisiológicas são resultantes de problemas no funcionamento das 
glândulas sudoríparas e as ambientais são, principalmente, a umidade relativa do ar e a 
velocidade do ar. (8) 
 A sensação de desconforto causada pelo calor está diretamente ligada a estes 
fatores ambientais (velocidade e umidade relativa do ar). (8) 
 
3.2.1 DOENÇAS DECORRENTES DE EXPOSIÇÃO AO CALOR 
A temperatura constitui um dos fatores mais importantes no ambiente de trabalho. 
A alteração de sua normalidade ocasiona desde certas perturbações de conforto, até 
determinados processos graves. (16) 
 
Choque térmico 
Também denominado hipertemia ou intermanção, ocorre por uma falha do centro 
termorregulador que leva a uma redução da sudorese e, consequentemente, da perda de calor 
por evaporação, resultando numa elevação acelerada e descontrolada da temperatura interna 
64  
  
do corpo. É uma emergência médica e os sinais clínicos são pele seca, quente, avermelhada, 
manchada ou cianótica. A temperatura central do corpo pode atingir 40,5°C ou mais. Podem 
aparecer confusão mental, perda da consciência, convulsões e até ser fatal ou deixar sequelas 
neurológicas se o trabalhador não é retirado do ambiente e o tratamento não for imediato. O 
reconhecimento e o tratamento precoce do choque térmico são as únicas medidas que podem 
prevenir a lesão cerebral permanente e a morte. (8) 
 
Exaustão por calor 
A exaustão pelo calor é causada pela perda excessiva de líquidos pelo suor 
associada a uma perda excessiva de sal. O trabalhador com exaustão pelo calor ainda 
apresenta dudorese e experimenta uma sensação de fadiga e fraqueza extremas, além de 
tonturas, náuseas e cefaleia. Casos mais sintomáticos podem apresentar vômitos e evoluir para 
o coma. A pele é úmida, pálida ou ruborizada e a temperatura corporal é normal ou levemente 
elevada. O tratamento é feito pela retirada do ambiente quente e pela administração de 
líquidos e eletrólitos. Não há efeitos permanentes (sequelas). A exaustão pelo calor pode 
preceder o choque térmico. (8) 
 
Desidratação pelo calor 
Ocorre quando a ingestão de líquidos é insuficiente para compensar as perdas pela 
sudorese excessiva. É um dos mecanismos presentes na fisiopatologia da exaustão pelo calor. 
(8) 
Câimbras e espasmos pelo calor 
São contrações ou espasmos musculares dolorosos, motivados pela diluição de 
eletrólitos no sangue, decorrentes da perda de sal pela sudorese excessiva e da ingestão de 
grandes quantidades de água. Os músculos utilizados para a execução do trabalho são os mais 
susceptíveis. As câimbras e os espasmos podem ocorrer durante ou horas após o trabalho e 
podem ser tratadas com reposição eletrolítica através de soro por via oral. (8) 
 
 
65  
  
Síncope pelo calor 
Também denominada colapso pelo calor, ocorre quando um trabalhador não 
acostumado com ambientes quentes permanece de pé e parado nestes ambientes. A dilatação 
dos vasos da pele (principalmente de membros inferiores) diminui o retorno venoso e débito 
cardíaco com consequente baixo fluxo cerebral e síncope. Geralmente a síncope é precedida 
de palidez cutânea, visão borrada, náuseas e tonturas. A colocação do paciente em decúbito 
leva a recuperação do estado de consciência. (8) 
 
Edema pelo calor 
Ocorre por mecanismo semelhante ao da síncope pelo calor, ou seja, acúmulo de 
sangue nos vasos dilatados da pele dos membros inferiores, resultando em edema, 
principalmente quando a pessoa permanece de pé parada em ambientes quentes. 
 
Fadiga transitória pelo calor 
Este termo refere-se a um estado transitório de desconforto e de tensão causado 
pela exposição prolongada ao calor. Trabalhadores não aclimatizados são particularmente 
sensíveis e podem apresentar, em graus variados, diminuição de performace no trabalho, da 
coordenação motora e do estado de alerta e vigilância. (8) 
 
Insolação 
É um estado patológico causado pela exposição ao calor tendo o sol como a fonte 
de calor. (8) 
 
Reações dermatológicas 
As reações dermatológicas ao calor mais comuns são chamadas de miliária e 
podem ser de três tipos: cristalina, rubra e profunda. A miliária ocorre mais frequentemente 
em ambientes quentes e úmidos e com trabalhadores expostos ao calor que usam roupas 
66  
  
impermeáveis ao suor. Nestes casos o suor não é facilmente removido da pele pela 
evaporação e ocorre obstrução dos ductos das glândulas sudoríparas, causando retenção do 
suor. (8) 
 
Queimaduras 
As queimaduras resultam de acidentes que são facilitados pela sudorese, que torna 
a pega de objetos mais difícil, que pode tornar o chão escorregadio e que pode causar irritação 
ocular e interferência na visão, associada a uma diminuição da performance no trabalho e do 
estado de alerta causada pelo desconforto térmico. O aumento da temperatura corporal e o 
desconforto físico provocam irritabilidade e outros estados emocionais que podem levar o 
trabalhador a negligenciar procedimentos de segurança ou a distrair a atenção na realização de 
tarefas perigosas. (8) 
 Sobrecarga do sistema circulatório: Ocorre por competição pelo fluxo sanguíneo 
entre a pele, para resfriamento, e os músculos ativos, para suprimento de energia. (8) 
 
Infertilidade masculina e feminina 
Há possibilidade de ocorrência quando a temperatura interna do corpo ultrapassa 
38°C. (8) 
 
Má-formação fetal 
Há possibilidade de ocorrência quando a temperatura interna do corpo da mulher 
ultrapassa 39°C por períodos estendidos, no primeiro trimestre da gravidez. (8) 
 
Catarata 
É uma opacificação do cristalino, parcial ou completa, em um ou ambos os olhos, 
que interfere na visão, podendo causar cegueira. A exposição prolongada à radiação 
infravermelho (calor radiante) é reconhecida como uma das causas de catarata. (8) 
67  
  
3.2.2 MEDIDAS DE CONTROLE DO CALOR 
 As medidas relativas ao ambiente, podemos considerar: 
• Diminuição do calor metabólico com a automatização de processos de trabalho em 
ambiente quentes, minimizando o esforço físico do trabalhador e, consequentemente, a 
produção de calor metabólico. 
• Diminuição do calor radiante pode ser conseguida pela interposição de barreiras 
refletoras entre a fonte de calor e o trabalhador. A barreira de calor mais utilizada é a 
de alumínio polido. 
• Redução da temperatura do ar pode ser conseguida através da insuflação de ar fresco. 
• Redução da umidade relativa do ar pode ser conseguida pela instalação de 
desumidificadores ou ventilação local exaustora onde há fontes localizadas de vapor 
d’água. 
• Aumento da movimentação do ar, através da ventilação local favorece a evaporação 
do suor, desde que o ar esteja em temperatura inferior à temperatura corporal. (8) 
 As medidas relativas ao homem são: 
• Aclimatização constitui umaadaptação fisiológica, onde três fenômenos básicos 
ocorrem no indivíduo: aumento da capacidade de sudorese, diminuição da 
concentração de sódio no suor e diminuição da frequência cardíaca diante de uma 
mesma carga de calor ambiental e de trabalho. Essa aclimatização é conseguida em 
seis dias e será completa após duas/três semanas. Recomenda-se que se inicie o 
trabalho com 50% da carga de trabalho no primeiro dia, aumentando 10% por dia, até 
atingir 100% no sexto dia. Esta medida é considerada de fundamental importância na 
prevenção dos efeitos do calor sobre o organismo. 
• Limitação do tempo de exposição ao calor pode ser conseguida pela otimização de 
ciclos na realização das tarefas, pelo revezamento de pessoas ou tarefas. 
• Reposição Hidroeletrolítica se dá pela reposição de água que deve ser individualizada, 
conforme intensidade da perda. Recomenda-se que o trabalhador seja encorajado a 
beber 150ml de água a cada 15-20min. 
• Utilização de roupas de proteção deve ser de tecido leve, que absorva pouco calor 
radiante e que permita a evaporação do suor. 
68  
  
• Utilização de óculos com filtro infravermelho para evitar o desenvolvimento de 
catarata em trabalhadores expostos a calor radiante intenso. (8) 
 
3.3 FRIO 
 Por não ser muito comum no nosso país, o estudo da exposição ao frio não é 
muito divulgado, nem claramente coberto pela legislação. A NR 15 anexo 9, se limita a dizer 
que trabalhos em locais frios sem a proteção adequada são consideradas insalubres mediante 
laudo de inspeção no local de trabalho. Entretanto devemos considerar que muitos 
trabalhadores exercem suas atividades em câmaras frias, na indústria alimentícia, na 
agricultura, ou ainda em ambientes externos em localidades frias. (14) 
 
1.3.1 DOENÇAS DECORRENTES DE EXPOSIÇÃO AO FRIO 
 Na exposição do indivíduo ao frio intenso, deve-se considerar o esfriamento do 
interior do corpo, através da superfície da pele e pela respiração, e o congelamento de 
extremidades. A tabela 3.2 a seguir mostra os efeitos clínicos da vítima de hipotermia, de 
forma progressiva. (14) 
 A permanência num ambiente frio, por exemplo, determina a atividade de 
distintos mecanismos de termorregulação do organismo. Assim, para evitar as perdas 
calóricas, o organismo produz uma vasoconstrição na periferia do corpo. (16) 
 Alguns tipos de alterações podem ocorrer, apesar de existirem mecanismos 
automáticos de regulação de temperatura do corpo. Muitas vezes, a ação do frio se faz notar 
em locais ou modos onde tais mecanismos se tornam ineficazes. É o caso das queimaduras 
pelo frio ocasionadas pelo contato da pele com o agente causador do frio. Algumas alterações, 
por outro lado, são desencadeadas pelo frio em indivíduos previamente ‘marcados’. São os 
indivíduos mais sensíveis que outros ao frio e que podem desenvolver urticárias ou alterações 
alérgicas de pele. Varas outras doenças podem ser desencadeadas ou agravadas pelo frio. 16 
 As doenças causadas pelo frio são classicamente divididas em dois grupos: 
aquelas onde não há congelamento (hipotermia, eritema pérnio) e aquelas causadas por 
congelamento (geladura ou frostbite). (8) 
69  
  
Hipotermia 
É definida pela queda da temperatura central do corpo a níveis inferiores a 35°C. 
Pessoas hipotérmicas podem apresentar uma gama de sinais e sintomas, conforme tabela 3.2. 
(8) 
TEMPERATURA 
INTERNA (ºC) SINAIS CLÍNICOS 
37,6 Temperatura retal normal 
37 Temperatura oral normal 
36 Aumento da taxa metabólica para compensar a perda de calor 
35 Tremor máximo 
34 Vítima consciente e respondendo com pressão sanguínea normal 
33 Severa hipotermia abaixo desta temperatura 
32 Consciência nublada, dificuldade de obter a pressão, pupilas dilatadas mas 
reagindo à luz, cessação dos tremores 31 
30 Progressiva perda da consciência, aumento da rigidez muscular, pulso e 
pressão difíceis de obter, decréscimo da taxa respiratória 29 
28 Possível fibrilação ventricular com irritação miocardial 
27 Cessam os movimentos voluntários, pupilas não reativas à luz, reflexos de tendões e superficiais ausentes 
26 Vítima raramente consciente 
25 Fibrilação ventricular pode ocorrer espontaneamente 
24 Edema pulmonar 
22 Risco máximo de fibrilação ventricular 21 
20 Parada cardíaca 
18 Vítima de hipotermia acidental mais baixa 
17 Eletroencefalograma isoelétrico 
9 Paciente de hipotermia induzida artificialmente mais baixa 
 
 
Eritema Pérnio 
O eritema pérnio ou perniose é uma condição inflamatória da pele dos membros 
induzida pelo frio e caracterizada por eritema, prurido e ulceração. São reconhecidas uma 
forma aguda e uma forma crônica da doença. Nos casos agudos percebe-se uma descoloração 
vermelho-azulada e edema da pele nos membros inferiores associados à sensação de 
queimação e calor, além de prurido. As lesões geralmente persistem por sete a dez dias e após 
regridem, deixando algumas vezes uma pigmentação residual na pele. A lesão histopatológica 
consiste de angeíte com proliferação da íntima, espessamento da parede arterial e infiltração 
perivascular por linfócitos e leucócitos polimorfonucleares. Nos casos graves as lesões podem 
Tabela 3.2 – Efeitos clínicos da vítima de hipotermia 
Fonte: American Family Phvsician – AAFP 
70  
  
tornar-se hemorrágicas ou podem surgir bolhas. Infecções podem sobrevir. Com a exposição 
repetida ao frio, os trabalhadores susceptíveis podem desenvolver lesões crônicas que são 
caracterizadas por eritema e úlcera. Pode haver também, nestes casos, formação de bolhas e 
hemorragia. (8) 
 
Geladura (Frostbite) 
Geladura ou frostbite ou queimadura pelo frio é a lesão que atinge as 
extremidades, decorrentes de exposição prolongada a temperaturas extremamente baixas, com 
consequente congelamento dos tecidos e lesão vascular. São lesões que ocorrem devido à 
intensa vasoconstrição e à deposição de micro cristais nos tecidos. No Brasil não se espera 
que seja uma doença comum. Inicialmente ocorre uma sensação de picada seguida de 
dormência. A pele torna-se exangue e mostra-se branca e fria. Posteriormente há vermelhidão, 
edema e temperatura aumentada. Bolhas com conteúdo seroso amarelo ou hemorrágico 
podem se formar 24-48h após o descongelamento. Pode haver hemorragia sob os leitos 
ungueais. O curso subsequente pode ser semelhante àquele da oclusão arterial aguda, 
inclusive com isquemia, necrose e gangrena. Pode haver amputação espontânea em semanas 
ou meses. As geladuras podem ser classificadas em de primeiro grau: lesões com hiperemia e 
edema; de segundo grau: lesões com hiperemia, edema e vesículas ou bolhas; de terceiro grau: 
lesões com necrose da epiderme, derme ou subcutâneo e de quarto grau: lesões necróticas 
profundas, perda de extremidades. (8) 
 
Urticária pelo frio 
É caracterizada pelo aparecimento de urticas, que são pápulas edematosas, de 
duração efêmera e extremamente pruriginosas, em expostos ao frio. As pápulas podem 
confluir formando extensas placas. A lesão é uma reação alérgica que ocorre em consequência 
da liberação de histamina dos mastócitos localizados em torno dos vasos da derme, em 
resposta ao frio. (8) 
 Irritação de vias aéreas: A inalação de ar frio pode causar desconforto respiratório, 
especialmente se a respiração for nasal. Grandes volumes respirados de ar muito frio podem 
ocasionar micro inflamação da mucosa de vias aéreas superiores. (8) 
71  
  
3.3.2 MEDIDAS DE CONTROLE DO FRIO 
 A ACGIH (American Conference of Governamental Industrial Hygienists) faz as 
seguintes recomendações para o trabalho com exposição ao frio: 
• Trabalhadores que realizam seus trabalhos expostos a temperaturas inferiores a 4°C 
devem estar sempre paramentados com roupas isolantes secas; 
• A temperaturas de 2°C ou menos é imperativo que se permita aos trabalhadores que 
entram na água ou tenham suas roupas molhadas trocar as mesmas de imediato e que 
se faça o tratamento da hipotermia; 
• Para trabalhos de precisão,com as mãos descobertas por mais de 10-20min em um 
ambiente com temperatura abaixo de 16°C, devem ser adotadas medidas especiais 
para manter as mãos dos trabalhadores aquecidas (jatos de ar quente, aquecedores ou 
placas de contato aquecidas); 
• Os trabalhadores devem usar luvas sempre que a temperatura do ar cair abaixo de 
16°C para trabalho sedentário, 4°C para trabalho leve e 7°C negativos para trabalho 
moderado, se não for necessária destreza manual; 
• A temperaturas inferiores a 1°C negativo as partes metálicas das ferramentas e as 
barras de controle devem ser cobertas com material isolante térmico; 
• O trabalhador deve ser avisado para evitar qualquer contato com a pele em superfícies 
com temperaturas inferiores a 7°C negativos; 
• Se a temperatura do ar for menor que 17,5°C negativos as mãos devem estar 
protegidas por luvas especiais; 
• Não deve se permitida a exposição contínua da pele descoberta quando a temperatura 
e a velocidade do ar resultem em uma temperatura equivalente de 32°C negativos; 
• O manuseio de líquidos voláteis a temperaturas inferiores a 4°C deve merecer 
cuidados especiais para evitar molhar as roupas ou luvas em função do resfriamento 
adicional por evaporação; 
• Se não for possível proteger suficientemente as áreas expostas do corpo, de forma a 
prevenir a sensação de frio excessivo, devem ser fornecidos artigos de proteção que 
auxiliem no aquecimento. 
 
 
72  
  
3.4 PRESSÕES ANORMAIS 
 Há uma série de atividades cuja realização faz com que os trabalhadores fiquem 
sujeitos a pressões ambientais acima ou abaixo das pressões normais, isto é, da pressão 
atmosférica a que normalmente se expõem. (12) 
• Baixas pressões: situam-se abaixo da pressão atmosférica normal e ocorrem com 
trabalhadores que realizam tarefas em grandes altitudes. No Brasil, são raros os 
trabalhadores expostos a esse risco. (12) 
• Altas pressões: situam-se acima da pressão atmosférica normal, sendo comuns em 
trabalhos realizados em tubulações de ar comprimido, máquinas de perfuração, 
caixões pneumáticos e trabalhos executados por mergulhadores, como por exemplo: 
caixões pneumáticos, compartimentos estanques instalados nos fundos dos mares, rios 
e em represas onde é injetado ar comprimido que expulsa a água do interior do caixão, 
possibilitando o trabalho. São usados na construção de pontes e barragens. (12) 
 
3.4.1 DOENÇAS DECORRENTES DE EXPOSIÇÃO ÀS PRESSÕES ANORMAIS 
Barotrauma 
É definido como uma síndrome ocasionada pela dificuldade de equilibrar a 
pressão no interior de uma cavidade pneumática do organismo com a pressão do meio 
ambiente em variação. Além dos espaços aéreos naturais, eventualmente podem ser criados 
outros por equipamentos, como, por exemplo, um capacete ou uma máscara de mergulho. A 
gênese do barotrauma está relacionada com a lei da física que regula o comportamento entre 
as pressões e os volumes (Lei de Boyle). É um efeito direto da pressão sobre o organismo do 
trabalhador. (8) 
 O barotrauma pode assumir as seguintes formas clínicas: 
• Do ouvido externo: dor local, abaulamento da membrana timpânica para fora, edema e 
congestão do conduto auditivo externo e hemorragia. Eventualmente o rompimento da 
membrana timpânica; 
• Do ouvido médio: dor, zumbido, hipoacusia e vertigem. Se a membrana timpânica se 
romper, a dor cessa e, no mergulho, a penetração de água fria no ouvido médio, a 
73  
  
irritação das estruturas do labirinto leva à desorientação espacial, vertigem, náuseas e 
vômitos, que cessam logo que a temperatura da água atinja a temperatura corporal; 
• Do ouvido interno: dificuldade de equilibrar as pressões e diminuição súbita e 
progressiva da audição, zumbido e vertigem. Estas lesões podem se tornar 
permanentes; 
• Sinusal: edema e congestão da mucosa sinusal, evoluindo para extravasamento de 
sangue; 
• Pulmonar: congestão pulmonar, edema e hemorragia; 
• Facial: máscaras e óculos de mergulho podem atuar como ventosas diante as variações 
de pressão, podendo sugar os tecidos da face, acarretando uma sensação de 
repuxamento, edema, equimose facial, manchas hemorrágicas nas escleróticas ou 
hemorragia no globo ocular e da conjuntiva e sangramento pelo nariz; 
• Dental: presença de pequenas bolhas gasosas no interior da polpa dentária ou em 
tecidos moles adjacentes; 
• Gastrointestinal: produção de gases no intestino aumentando o conteúdo aéreo no 
estômago, que durante a descompressão pode causar desconforto e distensão 
abdominais e cólicas; 
• Cutâneo: manchas equimóticas causadas por espaços entre a roupa de mergulho e o 
corpo, como pequenas ventosas; 
• Corporal: o esvaziamento brusco de equipamento de mergulho pesado, pode ocasionar 
pressão em toda superfície corporal do trabalhador. (8) 
 
Embolia Traumática 
A embolia traumática é uma das ocorrências mais sérias da atividade hiperbárica. 
Pode acontecer em qualquer modalidade de trabalho sob pressão, quando durante a 
descompressão havendo retenção da mistura respiratória, em expansão nos pulmões, a pressão 
intrapulmonar fica aumentada em relação ao meio ambiente, provocando diversos fenômenos 
que podem variar desde o choque pleural, que é a hiperdistensão sem rotura de estruturas 
pulmonares enfisema intersticial com pneumomediastino ou enfisema subcutâneo, 
pneumotórax, até a embolia gasosa propriamente dita, que pode atingir toda a circulação com 
grandes quantidades de mistura respiratória, afetando, com frequência, a circulação cerebral e 
as artérias coronárias. (8) 
74  
  
Doença descompresssiva 
Esta doença é frequentemente confundida com a embolia traumática. Quando o 
trabalhador respira uma mistura respiratória pressurizada, o oxigênio vai sendo utilizado 
normalmente no metabolismo e a fração do gás inerte é absorvida no organismo, de acordo 
com a Le de Henry. Portanto, o gás inerte vai se acumulando nos tecidos em função da 
pressão, do tempo de exposição e de outros fatores como a temperatura e a solubilidade do 
gás nos tecidos. No caso do nitrogênio, a solubilidade é cinco vezes maior nas gorduras do 
que na água. Quando a pressão ambiente diminui, a soma das tensões do gás inerte nos 
diversos tecidos pode levar o gás que estava dissolvido ao estado físico de gás livre e dar 
início à doença descompressiva. A liberação de gás inerte livre causa distúrbios orgânicos 
bloqueando artérias, veias e vasos linfáticos, podendo romper ou comprimir tecidos. Quando 
o gás atua num espaço limitado, como um músculo contido por fáscia, pode provocar uma 
síndrome compartimental. A formação de bolhas pode se dar também intracelularmente, 
causando a rotura da membrana celular, com liberação de substâncias tóxicas ou vasoativas. 
As reações na interface gás/sangue podem ativar mecanismos de coagulação. (8) 
 
3.4.2 MEDIDAS DE CONTROLE DAS PRESSÕES ANORMAIS 
 Pelo fato de se tratar de uma atividade de alto risco, exige legislação específica 
(NR15) a ser obedecida. 
 
3.5 VIBRAÇÕES 
 Nas indústrias é comum a utilização de máquinas e equipamentos que produzem 
vibrações, as quais podem ser nocivas ao trabalhador. Estas podem ser: 
• Localizadas (em certas partes do corpo): são causadas por ferramentas manuais, 
elétricas e pneumáticas. 
• Generalizadas (ou do corpo inteiro): as lesões ocorrem com os operadores de grandes 
máquinas, como os motoristas de caminhão, ônibus e tratores. (12) 
75  
  
 As vibrações como o ruído, podem ser estudadas tanto no domínio do tempo 
como no da frequência, expressando-se a amplitude em termos de deslocamento (metros), 
velocidade (m/s) ou aceleração (m/s²). (8) 
 
3.5.1 DOENÇAS DECORRENTES DE EXPOSIÇÃO À VIBRAÇÃO 
 A vibração de corpo inteiro ocorre em diversas situações do cotidiano, expondo o 
trabalhador a danos físicos permanentes ou distúrbios no sistema nervoso. A exposição diária 
à vibração de corpo inteiro poderá resultar em danos na região espinhal, podendo também 
afetar o sistema circulatórioe/ou urológico, além do sistema nervoso central. Sintomas de 
distúrbios frequentemente aparecem durante ou logo após a exposição sob a forma de fadiga, 
insônia, dor de cabeça e tremor. No entanto, esses sintomas geralmente desaparecem após um 
período de descanso. (6) 
Os efeitos observados em grupos expostos a condições graves de vibração foram: 
problemas na região dorsal e lombar, gastrointestinais, sistema reprodutivo, desordens no 
sistema visual, problemas nos discos intervertebrais e degeneração na coluna vertebral. 6 
Alguns sinais e sintomas, provocados pela exposição à vibração de corpo inteiro 
como, náuseas, palidez, suores, calor, salivação, dores de cabeça, tonturas, respiração 
irregular, sonolência, vômitos, recebem a denominação de Mal dos Transportes, uma vez que 
está associada a veículos em geral, tais como navios, caminhões, trens, plataformas, entre 
outros. (6) 
De acordo com a norma ISO 5349, os principais efeitos devidos à exposição à 
vibração no sistema mão-braço podem se de ordem vascular, neurológica, ósteo-articular e 
muscular. Entre esses efeitos, destacam-se as perturbações ósteo-articulares, características de 
vibrações de frequência menores que 30 Hz e que atingem o punho, cotovelo e o ombro, e as 
perturbações vasculares, que são identificadas como Doença de Raynaud, características de 
vibrações de frequência entre 40 e 125 Hz e que provocam sintomas como: formigamento, 
entorpecimento, palidez, picada, queimadura, cianose e grangrena. (6) 
Em estudo empreendido em laboratório, Zhu, Sakakibara e Yamada (1997) 
observaram que a exposição combinada entre vibração segmentar e ruído pode apresentar um 
efeito sinérgico sobre a audição. Os voluntários expostos a vibração e ao ruído de 90dB(A) 
76  
  
apresentaram elevações significantes nas mudanças temporárias de limiar (TTS – Temporary 
Threshold Shift) nas frequências de 4 e 6kHz, comparando-se com o grupo somente exposto 
ao ruído de igual intensidade. Provavelmente, segundo aos autores, apenas a exposição à 
vibração não é capaz de produzir tais alterações. (8) 
 
3.6.2 MEDIDAS DE CONTROLE DA VIBRAÇÃO 
 A transmissão da vibração pode ser atenuada por técnicas de isolamento e de 
amortecimento. A manutenção preventiva constitui-se como método importante no controle 
da vibração de ferramentas portáteis motorizadas. 
 Conhecer a magnitude da vibração produzida pela ferramenta é o princípio 
fundamental que tanto o usuário como o fabricante devem obedecer. 
• A vibração deve ser medida; 
• Ferramentas manuais vibratórias devem ser selecionadas de modo adequado para a 
atividade; 
• A ferramenta ou o processo com o nível mais baixo de magnitude de vibração deve ser 
o selecionado para a execução da atividade, se possível; 
• Equipamentos devem ser mantidos de acordo com as boas práticas de trabalho e com 
as orientações dadas pelo fabricante; 
• A gerência deve ser advertida sobre ferramentas ou processo ou práticas de trabalho 
que gerem exposições de risco à vibração localizada; 
• O corpo técnico deve ser capacitado para a medição e a avaliação de vibração 
localizada e para a manutenção apropriada do equipamento responsável pela produção 
da vibração. (8) 
 
3.6 RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES 
As radiações são formas de energia que se transmitem por ondas 
eletromagnéticas. A absorção das radiações por parte do organismo é responsável pelo 
aparecimento de diversas lesões. Elas podem ser classificadas em dois grupos: radiações 
ionizantes e as radiações não ionizantes, esta última trata-se de radiações infravermelha, a 
77  
  
proveniente de operação em fornos, ou de solda oxiacetilênica, a radiação ultravioleta, como 
aquela que é gerada por operações em solda elétrica, ou, ainda, raios laser, micro-ondas etc. 
(12) 
 Seus efeitos incluem: 
• Catarata: por sua exposição superficial, o cristalino do olho fica especialmente 
sujeito à ação das ondas eletromagnéticas. 
• Esterilidade masculina: os testículos estão também especialmente sujeitos às 
radiações eletromagnéticas devido à localização superficial em relação ao corpo e a 
grande sensibilidade ao calor por parte das células germinativas. 
• Estresse do calor apresenta os mesmos sintomas da insolação, caracteriza-se por 
astenia e sudorese na fase inicial e na fase final, aumento de temperatura, sede, 
taquicardia e outros sinais de desidratação como câimbras musculares e excitação, 
seguidas de sonolência e sinais de depressão do sistema nervoso central. 
• Convulsões: a exposição a doses extremamente altas, podem, mesmo em períodos 
curtos, produzir fenômenos de aquecimento da massa encefálica com manifestações de 
convulsão de tipo “grande mal”, seguida de morte. 
• Queimaduras ocorrem em nível do tecido subcutâneo e derme. Os sintomas como 
calor, rubor, edema, aparecem após um período de latência de 4 a 12 horas. O edema é 
duro, levando a um engrossamento da pele. A repetição de exposições leva a uma 
precipitação de mielina com o escurecimento da pele. 
 
3.6.1 MEDIDAS DE CONTROLE DA RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE 
• Planejamento de equipamentos: respeitando os limites de tolerância; 
• Enclausuramento da fonte: aplicação de anteparos metálicos adequados; 
• Afastamento da fonte: distanciamento entre a fonte da radiação e o operador. 
• Proteção individual: óculos, vestimenta adequada, capacete metálico. 
 
 
 
78  
  
3.7 RADIAÇÕES IONIZANTES 
As radiações ionizantes existem no Planeta Terra desde a sua origem, sendo 
portanto um fenômeno natural. No início, as taxas de exposição a estas radiações eram 
certamente incompatíveis com a vida. Com o passar do tempo, os átomos radioativos, 
instáveis, foram evoluindo para configurações cada vez mais estáveis, através da liberação do 
excesso de energia armazenada nos seus núcleos. Pelas suas propriedades esta energia é capaz 
de interagir com a matéria, arrancando elétrons de seus átomos (ionização) e modificando as 
moléculas. 
Considerando a evolução dos seres vivos, a modificação de moléculas levou a um 
aumento de sua diversidade, e provavelmente ao surgimento de novas estruturas que, 
devidamente associadas, ganharam características de ser vivo. As radiações ionizantes 
continuaram a trabalhar este material ao longo das eras, produzindo modificações que 
contribuíram para o surgimento da diversidade de seres vivos que povoaram e povoam a 
Terra. 
No final do século XIX, com a utilização das radiações ionizantes em benefício do 
homem, logo seus efeitos na saúde humana tornaram-se evidentes. Ao longo da história, estes 
efeitos foram identificados e descritos, principalmente, a partir de situações nas quais o 
homem encontrava-se exposto de forma aguda (acidentes e uso médico). 
Efeitos que porventura pudessem decorrer de exposições às radiações em 
condições naturais foram pouco estudados e pouco entendidos. Recentemente um esforço no 
sentido de melhor se entender o papel destas radiações junto à vida tem sido desenvolvido e a 
expectativa é que possam ser emitidos novos conceitos a respeito dos efeitos biológicos das 
radiações ionizantes. (11) 
 
3.7.1 EFEITO DAS RADIAÇÕES IONIZANTES NO HOMEM 
O efeito das radiações ionizantes em um indivíduo depende basicamente da dose 
absorvida (alta/baixa), da taxa de exposição (crônica/aguda) e da forma da exposição (corpo 
inteiro/localizada). 
Qualquer dose absorvida, inclusive das doses provenientes de radiação natural, 
pode induzir câncer ou matar células. A questão é de probabilidade de dano, probabilidade de 
79  
  
mutações precursoras de câncer e número de células mortas. Quanto maiores as taxas de dose 
e as doses absorvidas, maiores as probabilidades de dano, de mutações precursoras de câncer 
e de morte celular. Danos podem ser reparados; mutações podem tanto representar falhas nos 
mecanismos de reparo como mecanismos de eliminação de células inviabilizadas pelo dano. 
A morte celular, resultante de quebras na molécula de DNA,da mesma forma que a 
eliminação de células mutantes, pode ser encarada como um mecanismo de eliminação de 
produtos inviabilizados pela presença de danos. A questão passa a envolver o número de 
células destruídas, o momento em que a morte celular ocorre, (considerado o estágio de 
desenvolvimento do ser célula-ovo, embrião, feto, criança, adolescente, adulto, velhice), e o 
sexo do indivíduo irradiado. Nas tabelas 3.3 e 3.4 estão relacionados sintomas induzidos por 
exposições agudas localizadas e exposições de corpo inteiro. Em todos os casos de 
desenvolvimento de sintomatologia clínica o processo reflete a morte de um número 
significativo de células com comprometimento de órgão e/ou tecidos. A unidade de dose 
absorvida é o Gray (Gy). A dose média de radiação natural absorvida pela população mundial 
é de 2,6 Gy x 10-3 x ano 1 , isto é, 2,6 mGy por ano. (11) 
 
Tabela 3.3 – Efeitos de radioexposição aguda em adulto 
Fonte: APOSTILA EDUCATIVA CNEN Radiações Ionizantes e a Vida 
80  
  
 
 
 
3.7.2 MEDIDAS DE CONTROLE DA RADIAÇÃO IONIZANTE 
• Medida coletiva: isolamento da fonte de radiação, por exemplo, pisos e paredes 
revestidas de chumbo em salas para realização de exames radiográficos. 
• Medida individual: fornecimento de EPI adequado, por exemplo, protetores 
plúmbiferos como óculos, avental, protetor de tireoide e protetor de gônada. 
• Medida administrativa: dosímetro de bolso para monitoramento de dose absorvidas 
dos trabalhadores expostos. 
Tabela 3.4 – Exposições agudas localizadas 
Fonte: apostila educativa do CNEN Radiações Ionizantes e a Vida 
81  
  
UNIDADE 4 – DOENÇAS RELACIONADAS AOS RISCOS ERGONÔMICOS 
 Ciência par uns, tecnologia para outros, a Ergonomia é um campo de aplicação 
interdisciplinar das ciências, reconhecida oficialmente há pouco mais de meio século. Apesar 
disso, podemos dizer que há quatro milhões de anos, nossos ancestrais hominídeos, 
instintivamente, praticavam a Ergonomia quando escolhiam um seixo que melhor se adaptava 
às suas mãos para um determinado propósito ou quando lascavam o sílex, dando-lhe formato 
apropriado para o uso pretendido. A Ergonomia também esteve presente, embora anônima, na 
criação das primeiras armas, ferramentas, utensílios domésticos e na própria organização das 
tarefas diárias. Em busca do conforto, o homem procurou adaptar os materiais da natureza aos 
objetivos almejados, alterando sua forma com vistas à maior eficiência, praticidade e 
adequação às suas características individuais. Esse fato foi e continua a ser de grande 
importância na produção artesanal de roupas, cabos de armas de competição, sapatos, etc. (2) 
 A princípio, as atenções ergonômicas voltavam-se sobretudo às dimensões de 
objetos, ferramentas e componentes dos postos de trabalho, visando a facilitar as atividades 
dos operários. Posteriormente, ampliou-se o campo de ação da Ergonomia, que passou a 
preocupar-se também com os agentes agressivos do ambiente de trabalho, especialmente os 
físicos e químicos. Finalmente, a partir dos anos 80, passaram a ser enfocados os aspectos 
cognitivos, ou seja, os sistemas de informação e sua transmissão adequada às capacidades 
humanas. A psicopatologia e a análise coletiva do trabalho vem sendo estudadas mais 
recentemente, sobretudo pela escola francofônica, enriquecendo a psicologia industrial e a 
administração. (2) 
 A importância da Ergonomia faz-se sentir com o desenvolvimento tecnológico, 
pois este pode produzir efeitos nem sempre previsíveis. O homem pode ser submetido 
inadvertidamente a estressores por longos períodos de tempo, levando à perda da eficiência e 
mesmo a incapacidades; por outro lado, deficiências da capacidade do operador para 
cumprimento de requisitos de uma tarefa podem reduzir a produtividade, a qualidade do 
trabalho e mesmo acarretar acidentes de maior ou menor gravidade. Um exemplo disso, entre 
nós, ocorreu com a difusão dos microcomputadores e a verdadeira “epidemia” de problemas 
musculoesqueléticos e tendinosos relacionada ao trabalho de digitação, que resultou numa 
maior atenção pra os problemas decorrentes da não observância de princípios ergonômicos e 
culminou com o estabelecimento da Norma Regulamentadora 17 – Ergonomia (Portaria 
N°.3751 de 23 de novembro de 1990). Embora, por suas limitações, essa NR deva ser 
82  
  
considerada apenas como uma referência, seu mérito reside em ter chamado a atenção para as 
necessidades de humanização do trabalho, conforto e proteção da saúde dos nossos 
trabalhadores. (2) 
 Podemos descrever risco ergonômico como aqueles resultantes da falta de 
adaptação do trabalho ao homem, gerando sobrecarga nas estruturas musculoesqueléticas 
como esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigência de postura 
inadequadas, repetitividade, controle rígido de produtividade, imposição de ritmos excessivos, 
trabalho em turno e noturno, jornada de trabalho prolongada, e que geralmente dão origem à 
fadiga, à lombalgia, a doenças osteomusculares (como LER-DORT), etc. (20) 
 
4.1 ALGUMAS SÍNDROMES NEURÓTICAS 
Síndrome da fadiga crônica 
Fadiga patológica, fadiga industrial, seja qual for a denominação, diferentes 
autores descrevem um quadro que é interpretado como resultante da fadiga acumulada ao 
longo de períodos de duração variável – meses ou mesmo anos. Diz respeito a situações de 
trabalho e de vida em que as pessoas não tem oportunidade de obter a necessária superação da 
fadiga através do sono e repouso adequados. (8) 
 A característica mais marcante é a presença de uma fadiga constante. Por assim 
dizer, o indivíduo “acorda cansado”. Essa fadiga é mental e física, simultaneamente. Portanto, 
assume o caráter de uma fadiga geral. (8) 
 A má qualidade do sono é justamente outra manifestação importante: a pessoa não 
consegue aprofundar o sono, desperta frequentemente durante a noite e muitas vezes tem 
insônia. Para alguns, a dificuldade mais importante é para adormecer, quando o trabalho 
intelectual foi muito intensivo e “a cabeça continua trabalhando, não consegue desligar”, 
como referem muitos. Os próprios sonhos passam a ter o trabalho como conteúdo, às vezes de 
modo repetitivo e perturbador. (8) 
 A síndrome apresenta, além do cansaço e dos distúrbios de sono, outras 
manifestações. A irritabilidade e o desânimo são as alterações psicológicas principais no 
quadro. O indivíduo passa a irritar-se mesmo por pequenas coisas que anteriormente não o 
83  
  
perturbavam. Isto conduz a conflitos interpessoais no ambiente de trabalho e fora dele, 
atingindo negativamente o relacionamento familiar. (8) 
 O desânimo que se associa ao cansaço faz com que desapareça o interesse pela 
vida social e a disposição para atividades de lazer anteriormente praticadas. Deste modo, o 
trabalhador tende a se retrair e a se isolar socialmente. (8) 
 Outros sintomas que tem sido descritos nesta síndrome, com variações de 
presenças e de intensidade, são: dores de cabeça, dores no corpo (geralmente nos músculos 
mais utilizados no trabalho), perda de apetite e mal-estar geral. Graus variáveis de ansiedade 
podem ser notados. (8) 
 Inicialmente mencionada em correlação ao trabalho industrial e por isso então 
denominada “fadiga industrial”, a síndrome foi considerada, por alguns autores, como 
decorrente da monotonia do trabalho repetitivo. (8) 
 Atualmente, as pesquisas científicas vem dando grande atenção a uma outra 
síndrome que tem recebido a mesma denominação de “síndrome da fadiga crônica”, e que se 
desenvolve depois de infecções viróticas. Na CID-10, a mesma consta como G93.3 – 
síndrome de fadiga pós-virose. A análise do histórico de trabalho é de grande importância 
para o diagnóstico diferencial os antecedentes de virose (mononucleose tem sido uma das 
mais relacionadas com a síndrome) também precisam ser pesquisados. O grau de astenia e as 
dores musculares parecem ser mais intensas, em geral, na síndrome pós-virose.(8) 
 Acredita-se que a sensação de fadiga seja devida à ação da interleucina 1, 
substância secretada por monócitos e macrófagos durante processos infecciosos e pelos 
astrócitos, em decorrência de esforços prolongados, trabalho físico ou intelectual intenso. A 
interleucina seria o “hormônio da fadiga”, tendo como antagonistas as “endofinas”. (2) 
 Didaticamente, distinguem-se dois tipos básicos de fadiga: a fadiga física e a 
fadiga psíquica, mas diversas outras classificações podem ser encontradas na literatura. (2) 
 A fadiga física ou somatória seria caracterizada pelas seguintes alterações 
fisiológicas: (2) 
1. Alterações circulatórias e do equilíbrio hidro salino, como se observa nos trabalhos em 
ambientes de alta temperatura. 
2. Redução do aporte de oxigênio, observado no trabalho em grandes altitudes. 
84  
  
3. Aumento dos metabólitos ácidos no sangue, verificado no trabalho muscular pesado e 
exaustivo. 
4. Redução das reservas de combustível muscular e queda da glicemia, também 
observada no trabalho pesado. 
5. Alterações neurofisiológicas e hormonais decorrentes de trabalho mental atento e de 
trabalho muscular leve com repetição contínua de movimentos, envolvendo o uso 
contínuo dos mesmos trajetos nervosos. (2) 
 Com base na causa e no modo de manifestação, diversas formas de fadiga podem 
ser consideradas: (2) 
a) Fadiga muscular; 
b) Fadiga visual, resultante de sobrecarga ocular; 
c) Fadiga geral, consequente à sobrecarga de todo o organismo; 
d) Fadiga mental, induzida por trabalho mental ou intelectual; 
e) Fadiga nervosa, causada pela solicitação excessiva de uma parte do sistema 
psicomotor, como no trabalho aprendido e repetitivo; 
f) Fadiga por monotonia, da ocupação ou do ambiente; 
g) Fadiga crônica, um acúmulo de efeitos a longo prazo; 
h) Fadiga circadiana ou nictemeral, por quebra do biorritimo. (2) 
 Prevenção da fadiga, diversas são as medidas preconizadas para prevenção da 
fadiga dos trabalhadores: (2) 
a) Manutenção de um ambiente de trabalho agradável; 
b) Jornadas e pausas adequadas no trabalho; 
c) Treinamento e adaptação gradual ao trabalho; 
d) Ergonomia do posto de trabalho; 
e) Racionalização do trabalho e mecanização; 
f) Enriquecimento do trabalho; 
g) Seleção profissional adequada; 
h) Balanceamento nutricional adequado; 
i) Conscientização das chefias; 
j) Melhoria das relações humanas no trabalho; 
k) Música ambiente (orquestrada, em volume audível, ao final dos períodos de trabalho); 
85  
  
l) Participação dos trabalhadores na organização do trabalho, etc. (2) 
 Além disso, não esquecer que numerosos fatores extraprofissionais, ligados à 
Qualidade de vida dos trabalhadores, contribuem consideravelmente para a fadiga, tais como 
problemas socioeconômicos, de alimentação, de habitação, familiares, de transporte, abuso de 
drogas, assistência social, saúde pública, etc. Embora tais problemas sejam de alçada 
governamental, as empresas muito podem contribuir para atenuá-los através da instituição de 
planos de benefícios de diversos tipos. (2) 
 
Síndrome do esgotamento profissional – burn-out 
É tema central do livro de Herbert J. Freudenberger, BURN OUT, publicado em 
1980. O autor coloca uma representação de um incêndio devastador, um “incêndio interno” 
que reduz a cinzas a energia, as expectativas e a autoimagem de alguém antes profundamente 
entusiasta e dedicado ao trabalho. Essa representação corresponde à síndrome que 
Freudenberger denominou burn-out ou “esgotamento profissional”, e às vezes ao que 
popularmente tem sido designado como estafa. Este último termo, entretanto, tem sido 
utilizado muito frequentemente como um eufemismo – isto é, como uma designação 
destinada a amenizar e encobrir diferentes diagnósticos psiquiátricos, sob a aparente 
justificativa de evitar que tais diagnósticos causem choque em paciente ou em familiares dos 
mesmos. Por isto, adotar tal termo para tradução em português de burn-out parece pouco 
indicado. Outro motivo para preferir esgotamento profissional é também porque a palavra 
estafa, originada do italiano staffare (cansar), embora corresponda a cansaço e esgotamento 
nervoso, possui também outros significados – trabalho enfadonho, por exemplo – o que pode 
levar a confusões de entendimento. (8) 
 Baseando-se em seus numerosos estudos de caso, Freudenberger identifica que 
especialmente dois tipos de pessoas estão expostos ao burn-out: pessoas particularmente 
dinâmicas e propensas a assumir papéis de liderança ou de grande responsabilidade, e 
idealistas que colocam grande empenho em alcançar metas frequentemente impossíveis de 
serem atingidas, exigindo muito de si mesmos. 
 O esgotamento profissional tem sido descrito principalmente em profissionais que 
trabalham na prestação de cuidados a pessoas doentes, grupos sociais carente e crianças. 
86  
  
Assim, vários estudos a respeito do tema foram realizados com enfermeiras, médicos, 
assistentes sociais e professores. Freudenberger também relata uma situação de burn-out 
coletivo em executivos. Mas a maior parte dos estudos diz respeito a pessoas que, ao longo de 
anos de profissão, persistiram em tentar a solução de problemas humanos (dor, sofrimento em 
geral, miséria, injustiça), atuando com grande empenho, de forma geralmente intensiva e auto 
exigente, sacrificando a vida pessoal, férias, etc. Estas pessoas teriam geralmente altas 
expectativas de sucesso em seus objetivos e, também, de obter reconhecimento. 
 O desencadeante mais frequente seria uma situação de sobrecarga ou de frustração 
no trabalho. Freudenbeger aponta para a existência de uma fase prévia a este 
desencadeamento, na qual o entusiasmo é substituído pó uma vivência de tédio, surgindo 
irritabilidade e mau humor. Em geral, existe uma tendência a negar essas primeiras 
manifestações de desgaste por parte da pessoa afetada. Depois, eclode o quadro clínico: 
Perda do autocontrole emocional; 
Aumento da irritação; 
Manifestações de agressividade; 
Perturbações do sono; 
Manifestações depressivas marcadas pela decepção e pela perda de disposição e interesse pelo 
trabalho. 
 A evolução do esgotamento profissional pode ser favorecida pelo acesso à 
psicoterapia e ao apoio social; à compreensão por parte dos colegas e chefias; à possibilidade 
de se integrar em comissões de saúde ou grupos voltados para humanizar a situação de 
trabalho; à variação de atividade e ao apoio familiar. Se o esgotamento profissional não for 
reconhecido, e interpretações equivocadas aumentarem o sentimento de fracasso, a evolução 
pode ser para agravamento do quadro depressivo, havendo risco, em casos mais graves, de 
tentativa de suicídio. É importante que os gerentes sejam preparados para atuar de modo 
adequado, saibam que há hipersensibilidade nesta situação clínica, de modo que qualquer 
crítica ou ironia pode precipitar conflitos e/ou piorar o quadro clínico. 
 
 
87  
  
4.2 DOENÇAS DA COLUNA VERTEBRAL RELACIONADAS AO TRABALHO 
 A coluna vertebral constitui o eixo longitudinal do corpo, tendo que conciliar dois 
imperativos mecânicos aparentemente contraditórios: a rigidez e a flexibilidade, atingidos 
graças a sua arquitetura. (2) 
 
 
 
 Essa estrutura é formada por 24 vértebras livres, empilhadas sobre o sacro. Este, 
por sua vez, é constituído por 5 vértebras soldadas entre si e aos ossos do quadril e ligado 
inferiormente a outras 3 ou 4 pequenas vértebras que compõem o cóccix. (2) 
 A vértebra é a unidade básica da coluna. Uma vértebra “tipo” é formada de várias 
partes, conforme figura. 
Figura 4.1 – Coluna vertebral 
Fonte: http://luzquantica.com.br/2013/08/ 
88  
  
 
 
 O disco intervertebral é uma estrutura formada por várias camadas concêntricas de 
tecido fibroso – o anel fibroso – envolvendo um núcleo gelatinoso central – o núcleo pulposo. 
Os discos funcionam como coxins que amortecem os choques e facilitam a mobilidade da 
coluna. (2) 
 Tantoos discos como as demais articulações da coluna são sensíveis a pressões e 
movimentos exagerados do corpo, estando sujeitos ao desgaste pelo envelhecimento e a 
diversas condições patológicas. (2) 
 Dores na coluna dorsal não são comuns, posto que tal região seja menos sujeita a 
sobrecargas mecânicas, suportando menor peso e tendo menor mobilidade que a coluna 
lombar. Em geral, dores tóraco-dorsais decorrem mais comumente de vícios posturais, de 
tensão muscular (sobretudo devida ao estresse), nevralgias e de outras condições patológicas 
que não as da coluna vertebral. (2) 
 A doença mais comum é a lombalgia, que pode ser classificada em sete tipos: 
A. De origem muscular e ligamentar: 
1. Lombalgia/dorsalgia por fadiga da musculatura paravertebral; e 
2. Lombalgia por distensão músculo-ligamentar. 
B. De origem no sistema de mobilidade e estabilidade da coluna: 
3. Lombalgia por torção da coluna lombar (ou por ritmo lombopélvico inadequado); 
e 
Figura 4.2 – Vértebra tipo 
Fonte: Bauk, Douglas A. – 2008 
89  
  
4. Lombalgia por instabilidade articular. 
C. De origem no disco intervertebral: 
5. Protrusão intradiscal do núcleo pulposo; e 
6. Hérnia de disco intervertebral. 
D. Predominantemente psíquica: 
7. Lombalgia como uma forma de conversão psicossomática. (8) 
Lombalgia por fadiga da musculatura paravertebral, aparece no trabalho: 
1. Quando o plano de trabalho está baixo (mesa baixa, bancada baixa, comandos de 
máquinas baixos, ponto de realização de tarefa baixo); quando a pessoa é muito alta, 
mesmo os planos de trabalho adequados para pessoas medianas, serão percebidos 
como muito baixos; (8) 
2. Quando o indivíduo trabalha sentado encurvado excessivamente para a frente. Esse 
encurvamento excessivo pode ser devido: 
• A uma impossibilidade de aproximar o tronco à mesa de trabalho por 
obstrução à entrada das pernas (mesas de trabalho que, no espaço das pernas, 
possuem gavetas ou não possuem o espaço para elas); 
• A ausência de apoio para o dorso, o que impossibilita o relaxamento periódico 
da musculatura; e 
• A uma impossibilidade de apoiar o corpo com os cotovelos ou mãos, 
normalmente, quando o tronco fica inclinado excessivamente sobre a mesa de 
trabalho, a fadiga fica compensada pelo apoio intermitente sobre os cotovelos 
ou as mãos. No entanto, quando os instrumentos exigem a ação das duas mãos, 
o apoio do corpo por estas partes fica impossível. (8) 
3. Quando o indivíduo tem que aliar a posição citada em 1 ao carregamento ou 
sustentação de um peso, como no caso de um operador que vai posicionar uma carga 
pesada na máquina, e esta não lhe permite aproximar totalmente o corpo; (8) 
4. Quando o indivíduo tem que trabalhar de pé ou sentado e a mesa de trabalho é 
excessivamente alta, nesta situação, a coluna fica retificada, originando esforço 
estático da musculatura do dorso para ser mantida nesta situação; (8) 
5. Quando o indivíduo tem que trabalhar sentado num assento muito baixo, sem apoio 
para o dorso, nesse caso, o indivíduo fica com as coxofemurais muito fletidas e seu 
90  
  
corpo é impulsionado para trás, para compensar, a musculatura do dorso tem que 
desenvolver esforço estático prolongado, vindo a fadiga, e com ela, a dor; e (8) 
6. Quando o indivíduo tem que trabalhar com a mão atingindo o chão, sem poder 
agachar-se. (8) 
Embora em si seja um quadro pouco grave, a situação de fadiga, se repetitiva, 
pode ocasionar uma tensão muscular crônica, acompanhada de hipoxia e miosite, com a 
consequente reação fibrosa intramuscular, aderências e uma situação de dor crônica, aos 
menores movimentos, e refratária à volta à posição de repouso. Além disso, a tensão muscular 
crônica age comprimindo os discos intervertebrais, prejudicando sua nutrição e contribuindo 
para a sua degeneração. (8) 
Lombalgia por torção da coluna ou por ritmo lombopélvico incorreto, é uma das 
mais frequentes no trabalho, e geralmente acontece quando: 
1. O trabalhador escorrega enquanto caminha, e na tentativa de se manter em pé, torce o 
corpo; 
2. Um objeto cai no chão, a pessoa se esforça por segurá-lo e, na tentativa, tem um 
brusco movimento de rotação lateral; 
3. O trabalhador vai pegar uma carga e o local está inacessível; isto obriga o indivíduo a 
pegar a carga posicionando-se ao lado da mesma, o que faz a coluna lombar a torcer e 
girar; 
4. O trabalhador vai pegar uma carga mais pesada ou de conformação assimétrica, 
aproximando as mãos do chão, com os joelhos eretos; devido ao excesso de peso ou à 
conformação assimétrica, o movimento que deveria ser absolutamente simétrico torna-
se assimétrico, podendo ocorrer a lombalgia; e 
5. O trabalhador, portador de escoliose, diferença de comprimento dos membros 
inferiores, rigidez dos músculos isquiotibiais ou da musculatura paravertebral, rigidez 
das coxofemorais ou alterações das sacroilíacas, realiza levantamento ou 
movimentação de cargas com o dorso encurvado; nesse caso, por mais que o indivíduo 
se esforce por fazer a flexão do tronco em ritmo lombopélvico adequado (simétrico, 
fácil e harmônico), não o conseguirá, pois as afecções citadas o impedem. (8) 
91  
  
 Embora não seja grave, esta forma de lombalgia costuma ser bastante recorrente. 
Manifesta-se como um dor forte e intensa na região lombar, geralmente unilateral, que se 
prolonga por dois a quatro dias e espasmo muscular de intensidade relativa. (8) 
 
Lombalgia por distensão músculo-ligamentar 
Ocorre principalmente quando a musculatura paravertebral tem que desenvolver o 
esforço de elevação de uma carga com o tronco fletido e o valor da carga é excessivamente 
pesado, acima dos limites dos músculos, ligamentos e fáscias antes citados. (8) 
 Geralmente ocorre ao se levantar pesos excessivos, mas frequentemente em 
pessoas cuja compleição física não as habilitaria a desenvolver esforços mais pesados; uma 
causa frequente deste tipo de lombalgia é quando duas pessoas estão carregando uma carga e 
uma delas deixa seu lado cair e a outra tem que fazer um grande esforço no sentido de mantê-
la. Também ocorre quando a pessoa vai fazer o esforço sem enrijecer os músculos do dorso. 
Ocorre também entre indivíduos que realizam manuseio de cargas com flexão e/ou rotação do 
tronco com frequência, mesmo que as cargas manuseadas não sejam muito pesadas. E, ainda, 
é uma forma frequente de lombalgias entre trabalhadores habituados a atividades de manuseio 
de cargas após a idade de 40 anos. (8) 
 Clinicamente, é uma dorsolombalgia forte, que piora à tentativa de flexão do 
tronco, sem sinais neurológicos. Esta forma de lombalgia pode ser considerada de média 
gravidade, por ser recorrente, podendo ocasionar também hipertonia crônica dos músculos, 
com compressão dos discos intervertebrais e a consequente degeneração dos discos. (8) 
 
Lombalgia por instabilidade articular na coluna vertebral 
 Provoca dor decorrente da instabilidade na junção lombossacra, e pode ocorrer 
nas seguintes situações de trabalho: 
1. Em trabalhadores que tenham algum defeito no fechamento do arco vertebral ou nas 
articulações intervertebrais e que permaneçam parados, de pé, durante grande período 
de tempo em posição de lordose forçada na coluna lombar, e 
92  
  
2. Em trabalhadores que tenham alguma das deficiências citadas e que carreguem cargas 
e suportem pesos, mesmo sem curvar o tronco. (8) 
 A lombalgia, nesse caso, pode ser forte ou não, dependendo da intensidade do 
deslocamento anterior de L5 sobre S1 e dependendo também do tempo de evolução do 
distúrbio. (8) 
 
Lombalgia por protrusão intradiscal do núcleo pulposo 
Surge com o envelhecimento prematuro do disco, ocorrem alterações nas fibras do 
mesmo (alterações estas conhecidas como discoartrose), caracterizadas essencialmente por: 
(a) as fibras que antes eram elásticas, vão se tornando colágenas e friáveis; e (b) a capacidade 
de amortecimento de cargas vai se reduzindo gradativamente. (8) 
 Mas,à medida que vai ocorrendo a colagenização das fibras do disco, os 
aumentos de pressão, principalmente por esforços assimétricos, tendem a empurrar o núcleo 
pulposo para o lado oposto. (8) 
 Geralmente, no ambiente de trabalho, o esforço que causa a protrusão intradiscal 
do núcleo pulposo é pegar ou manusear uma carga pesada aproximando o tronco do chão, sem 
dobrar os joelhos. Nesse caso, o núcleo pulposo é arremessado para trás, abrindo caminho 
entre as fibras agora friáveis, e pode chegar até as porções mais periféricas do disco (quase 
herniando-se no forame intervertebral ou no canal vertebral). (8) 
 As atividades que precipitam este tipo de lombalgia são: 
• Pegar ou manusear uma carga mais pesada, com o tronco em flexão; 
• Pegar ou manusear uma carga com o tronco em flexão lateral ou rotação; e 
• Pegar ou manusear uma carga longe do corpo. (8) 
 Clinicamente, a dor é fortíssima, acompanhado de espasmo muscular muito 
acentuado (que teria a função de ser um mecanismo de proteção e evitar novamente o esforço 
excêntrico, no sentido de não haver uma hérnia de disco). A lombalgia aumenta quando o 
indivíduo tosse ou espirra, fenômenos que ampliam a pressão no disco. (8) 
 
93  
  
Hérnia de disco intervertebral 
Ocorre por trauma cumulativo, o núcleo pulposo fora de seu lugar dentro do disco 
irá sair e poderá comprimir a raiz nervosa daquela região dando uma dor fortíssima, que se 
irradia ao longo do trajeto do nervo. Na maioria das vezes o disco que se hérnia é o situado 
entre L5-S1. (8) 
 A hérnia de disco é rara quando o indivíduo pega uma carga do chão fletindo o 
tronco simetricamente, ela pode ocorrer quando o trabalhador vai pegar uma carga e flete o 
tronco assimetricamente. Nessa situação, o núcleo pulposo pode se herniar nas laterais. Outro 
movimento que precipita a hérnia de disco é fazer um esforço de levanta uma carga longe do 
corpo, pois nesta situação, para poder conseguir realizar a tarefa, os músculos da coluna tem 
que fazer um esforço muitíssimo alto, com possibilidade de comprimir os discos da coluna e 
promover a sua herniação; é claro, se o esforço for feito de forma assimétrica e, além disso, 
longe do corpo, a chance da hérnia de disco fica muito aumentada. (8) 
Na tabela 4.1 observamos o quadro clínico de acordo com a área da coluna 
atingida pela hérnia de disco. 
Local de Ruptura Quadro Clínico 
 
Compressão da raiz espinhal de L4 
(indicativa de hérnia de disco L3-
L4 ou condição patológica 
localizada ao nível do forame de 
L4) 
* Deficiência sensitiva: parte póstero-lateral da coxa, anterior do joelho e 
medial da perna 
* Debilidade motora: quadríceps (variável), adutores do quadril 
(variável) 
* Alterações nos reflexos: tendão patelar, tendão do tibial anterior 
(variável) 
 
Compressão da raiz espinhal de L5 
(indicativa de hérnia de disco L4-
L5 ou condição patológica 
localizada ao nível do forame de 
L5) 
* Deficiência sensitiva: parte ântero-lateral da perna, dorso do pé e do 
hálux 
* Debilidade motora: extensor longo do hálux, glúteo médio, extensores 
longo e curto dos dedos do pé 
* Alterações nos reflexos: comumente nenhuma, tibial posterior (de 
difícil promoção) 
 
Compressão da raiz espinhal de S1 
(indicativa de hérnia de disco L5-
S1 ou condição patológica 
localicada ao nível do forame de 
S1) 
* Deficiência sensitiva: maléolo lateral, parte lateral do pé, calcanhar e 
membrana do quarto e quinto dedos do pé 
* Debilidade motora: dibulares longo e curto, complexo gastrocnêmio-
sóleo, grande glúteo 
* Alterações nos reflexos: tendão de Aquiles (complexo gastrocnêmio-
sóleo) 
 
Extrusão maciça de discos lombares 
na linha mediana (em geral entre L4 
e L5) 
* Dor - linha média do dorso, face posterior de ambas as coxas e pernas 
* Hipoestesia - no dorso de ambas as coxas, pernas, planta dos pés e 
períneo 
* Fraqueza - paralisia dos pés de dos esfíncteres 
 * Reflexo aquileu ausente 
94  
  
 
 
 Lombalgia por conversão psicossomática, apresenta como principal característica: 
• Queixa de dor desproporcional à lesão encontrada; 
• Recorrência frequente; 
• Não há uma definição clara do movimento que provoca a dor; 
• Há desajustamentos psíquicos importantes do indivíduo a algum aspecto de sua 
realidade de vida. Pode haver insatisfação com o trabalho; 
• Esse desajustamento manifesta-se, frequentemente, sob a forma de melancolia, 
incapacidade de enfrentar ou superar os obstáculos e tônus vital diminuído. 
• À medida que o paciente dirige sua atenção para outros fatores, a dor tende a diminuir 
de intensidade; 
• As situações de ansiedade geram tensão muscular e dor; 
• As situações de depressão geram alterações posturais e dor; 
• O paciente pressente que suas costas vão doer à medida que percebe um problema 
psíquico iminente; 
• Há um condicionamento do estado doloroso, o indivíduo aprende que, à medida que 
tem o problema, é alvo de atenção e carinho; 
• Dorme mal, o que agrava a dor. (8) 
 
Visão geral sobre o risco para a coluna 
 Se dá qualitativamente, pois pode ser identificado ao se observar a tarefa, os pesos 
levantados, a intensidade dos esforços realizados, o ambiente de trabalho, a capacidade das 
pessoas e o grau de instrução e treinamento. 
 Um check-list eficaz na identificação do risco é o que se segue (a partir de 
MacDonald & Haslock, 2000) 
As tarefas manuais envolvem: 
• Manusear cargas longe do tronco? 
Tabela 4.1 – Clínica da Hérnia de Disco, segundo os níveis de acometimento 
Fonte: adaptado de Crenshaw, 1997 
95  
  
• Torcer ou inclinar o tronco anteriormente? 
• Alcançar e pegar objetos acima da cabeça? 
• Mover um a carga por um longo trajeto na vertical? 
• Carregar cargas por longas distâncias? 
• Empurrar ou puxar carrinhos, pateleiras em grande exigência? 
• Movimentos imprevisíveis de cargas? 
• Levantamento e manuseio repetitivo de cargas? 
• Um ritmo de trabalho muito rápido imposto pelo processo coexistindo com esforços 
pesados? 
• Tempo insuficiente de recuperação? 
• Levantar e manusear pacientes? 
As cargas são: 
• Pesadas, volumosas ou de difícil manejo? 
• De pega difícil? 
• Instáveis, imprevisíveis? 
• Intrinsecamente perigosas, por exemplo, quinas vivas, quentes? 
• O trabalho em escritório é caracterizado por: 
• Cadeiras sem regulagem da altura ou inclinadas para trás? 
• Suporte inadequado na coluna vertebral? 
• Pés sem apoio? 
• Rodízios muito duros ou excessivamente deslizantes? 
• Cadeiras instáveis? 
• Posto de trabalho (mesa, mesa do computador, teclado) sem regulagem quando isso 
seria necessário? 
• Monito de vídeo muito alto ou muito baixo? 
• Falta de espaço para as pernas? 
Existem no ambiente de trabalho: 
• Postura constrita, estática? 
• Piso de má qualidade, excessivamente liso ou irregular? 
• Variações nos níveis do piso? 
96  
  
• Calor, frio ou umidade? 
• Fortes corrente de ar? 
• Iluminação deficiente? 
Quanto à capacidade individual. O trabalho: 
• Exige uma capacidade física especial? 
• Coloca em maior risco aqueles com um problema de saúde (por exemplo, distúrbio na 
coluna)? 
• Coloca em maior risco as gestantes? 
• Exige informação especial ou treinamento especial sobre como executá-lo? 
• Requer roupas especiais? 
Instrução e treinamento. As condições atuais de trabalho poderiam ser melhoradas com: 
• Uso de utensílios mecânicos? 
• Princípios de métodos adequados? 
• Boas técnicas de manuseio de cargas? 
 A prevenção das lombalgias passa por cinco grupos de medidas, cuja 
importância é colocada a seguir, na sua ordem decrescente: 
1. Medidas de melhoria dos postos de trabalho visando à ergonomia; 
2. Reabilitação precoce; 
3. Programas de condicionamento físico; 
4. Seleção de pessoas; e 
5. Técnicas de manuseio de cargas. 
 
4.3 LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER) / DISTÚRBIOS 
OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO (DORT) 
 Lesões por esforços repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares 
Relacionadosao Trabalho (DORT) não são uma doença. Esse título engloba um grupo 
heterogêneo de quadros clínicos que acometem tendões, sinóvias, músculos, nervos, fáscias, 
ligamentos, isolada ou associadamente, com ou sem degeneração tissular, atingindo 
97  
  
principalmente os membros superiores, mas também, a região escapular, a coluna vertebral e 
os membros inferiores, em decorrência de fatores ligados ao trabalho. (2) 
 Diversas foram as designações dadas a esse grupo de doenças em outros países, 
entre nós, os termos mais empregados foram: Lesões por Esforços Repetitivos (LER), Lesões 
por Traumas Cumulativos (LTC) e Doença Cervicobraquial Ocupacional (DCO). (2) 
 A pluralidade de nomes é explicada pelas várias entidades que compõem esse 
conjunto de doenças e as diversas teorias aventadas sobre sua fisiopatologia. No Brasil, o 
termo LER teve seu uso consagrado, apesar dos quadros nem sempre implicarem em lesões. 
A introdução da denominação DORT, mais apropriada, não conseguiu abolir o uso da LER e 
ambas foram adotadas oficialmente pelo Ministério da Saúde e da Previdência Social, sendo 
grafadas: LER/Dort. (2) 
 Ramazzini, em 1713, descreveu com muita propriedade uma doença “típica” dos 
escreventes: 
 ... “Três são as causas das afecções dos escreventes: primeira, 
contínua vida sedentária; segunda, contínuo e sempre o mesmo movimento da 
mão; e terceira, atenção mental para não mancharem os livros e não prejudicarem 
seus empregadores nas somas, restos ou outras operações aritméticas... A 
necessária posição da mão para fazer correr a pena sobre o papel ocasiona não 
leve dano que se comunica a todo o braço, devido à constante tensão tônica dos 
músculos e tendões e, com o andar do tempo, diminui o vigor da mão. 
Conheci um home, notário de profissão,... o qual dedicou toda sua vida a escrever, 
lucrando bastante com isso. Primeiro, começou a sentir grande lassidão em todo o 
braço e não pode melhorar com remédio algum e, finalmente, contraiu uma 
completa paralisia do braço direito. A fim de reparar o dano, tentou escrever com 
a mão esquerda, porém, ao cabo de um tempo, esta também apresentou a mesma 
doença”... 
 Relatos isolados foram publicados desde meados do século XIX sobre a cãibra do 
escrivão (1830), a cãibra do telegrafista (1875) e a entrose das lavadeiras (Doença de 
DeQuervain) (1891). Já no início do século XX, Hammer (1934) estudou tendinites entre 
empacotadores. (2) 
98  
  
 Apesar disso, esses quadros só começaram a adquirir relevância a partir de 
meados do século XX, com a crescente utilização do computador no trabalho. No Japão, 
Maeda descreveu problemas musculoesqueléticos entre perfuradores de cartões (1958), caixas 
registradoras e datilógrafos (1971) e montadores (1982). (2) 
 Entre nós, a primeira descrição de casos de tenossinovites ocupacionais entre 
lavadeiras, limpadoras e engomadeiras, foi apresentada no XII Congresso Nacional de 
Prevenção de Acidentes do Trabalho, em 1973. Entretanto, o problema acomete profissionais 
de várias áreas, como açougueiros, datilógrafos, motoristas, professores, empacotadores, 
britadores, músicos, dentistas, etc. (2) 
 A incidência de LER/DORT em membros superiores aumentou dramaticamente 
ao longo das últimas décadas em todo o mundo. Estudos realizados nos EUA apontam que 
cerca de 65% de todas as patologias registradas como ocupacionais são de LER/DORT, 
observando-se que, nas empresas com mais de 11 empregados do setor privado daquele país, 
a incidência estimada dessas patologias é de 10 por 10.000 homens. A relação horas 
trabalhadas/ano pode determinar incidência mais alta em alguns setores, como, por exemplo, 
em atividades que exigem do trabalhador uso de força e de repetição comum em linhas de 
produção de frigoríficos, em bancos, em videoterminais, em caixas de supermercado, em 
seções de empacotamento, entre outras. (9) 
No Brasil, o aumento na incidência de LER/DORT pode ser observado nas 
estatísticas do INSS de concessão de benefícios por doenças profissionais. Segundo os dados 
disponíveis, respondem por mais de 80% dos diagnósticos que resultaram em concessão de 
auxílio-acidente e aposentadoria por invalidez pela Previdência Social em 1998. (9) 
Diante do aumento da frequência de LER/DORT, estudiosos têm tentado explicar 
sua gênese por meio de várias teorias. Serão apresentadas, a seguir, características de algumas 
delas. Apesar das dificuldades decorrentes da falta de um conhecimento sedimentado sobre o 
tema, parece estar se formando o consenso de que LER/DORT resultam do entrelaçamento de 
três conjuntos de fatores envolvidos na dor musculoesquelética: 
• fatores biomecânicos presentes na atividade; 
• fatores psicossociais relacionados à organização do trabalho; 
99  
  
• fatores ligados à psicodinâmica do trabalho ou aos desequilíbrios psíquicos 
gerados em certas situações especiais de trabalho na gênese do processo de adoecimento. (9) 
 De acordo com Bauk, Douglas – 2008, podemos sintetizar os fatores de risco da 
seguinte forma: 
Fatores individuais: são representados pelas características físicas e psicológicas, estilo de 
vida, hábitos etc. As mulheres teriam uma maior predisposição às LER/Dort em virtude de 
maior fragilidade orgânica, de ações hormonais e das próprias condições de trabalho em 
relação aos homens, entretanto, alguns autores contestam isso alegando falhas em estudos 
estatísticos. Tamanho do pulso, fraturas pregressas, deformidades, práticas esportivas, 
carências vitamínicas (B-6) e tabagismo são outros aspectos a considerar. 
Fatores Biomecânicos: tarefas envolvendo força e repetitividade de movimentos, posturas 
viciosas, uso prolongado de ferramentas manuais de má empunhadura, golpeamento repetitivo 
de ferramentas com a base das mãos, constrição do punho por luvas apertadas ou 
munhequeiras etc., são de grande importância na gênese das LER/Dort. Equipamento e 
mobiliário não ergonômico, bem como precárias condições de visibilidade, contribuem para a 
ocorrência de posturas viciosas, trabalho estático e suas consequências. 
Fatores organizacionais: pressão excessiva no trabalho, baixo grau de autonomia, 
monotonia, jornadas prolongadas, pausas inadequadas, falha de treinamento, gerenciamento 
inadequado, política empresarial etc., estão entre as causas mais comuns de insatisfação no 
trabalho, potencializando manifestações psicossomáticas e agravamento dos quadros de 
LER/Dort. 
Fatores psicossociais: tempo de serviço, insatisfação no trabalho, medo de perder o emprego, 
ausência de atividades alternativas, aspectos econômicos, falta de suporte social etc., também 
influem no problema das LER/Dort de foram marcante. 
Fatores ambientais: o frio, pela vasoconstrição, prejudica o aporte de nutrientes e a remoção 
de metabólitos dos tecidos musculares, enquanto que as vibrações afetam as estruturas 
corporais provocando traumas mecânicos. Ambos contribuem para a instalação e o 
agravamento de problemas musculoesqueléticos, vasculares e neurológicos. 
 Na tabela 4.2 estão relacionadas diversas doenças passíveis de enquadramento 
entre as LER/Dort. 
100  
  
Patologia Atividade 
 
 
 
TENDINITES E TENOSSINOVITES 
 Tenossinovites dos 
extensores 
Comuns entre digitadores, resultando provavelmente mais do trabalho 
estático desses músculos para manter a posição contra a gravidade. 
 Doença de DeQuervain Originalmente descrita em lavadeiras, ocorre em atividades que exigem 
fixação do polegar com aplicação de força de torção ou desvio ulnar do 
carpo. 
 Dedo em gatilho Uso repetido de ferramentas manuais de empunhadura grande, com bordas 
vivas ou que exijam flexão da falange distal antes da proximal. 
 Tendinite do supra-
espinhoso ou síndrome do 
impacto 
Atividades que implicam em movimentos com cotovelos elevados e 
braços elevados ou abduzidos acima de 45° por longos períodos. 
 Tendinite bicipital Ocorre em atividades onde o braço é mantido em elevação porlongos 
períodos. 
 
 
 
EPICONDILITES 
 Epicondilite lateral ou 
"cotovelo de tenista" 
Esforços repetitivos combinados com rotação contínua do cotovelo, como 
no uso de chave de fenda, chave inglesa, corte de carne, etc. 
 Epicondilite medial, 
epitrocleite ou "cotovelo de 
golfista" 
Tarefas repetitivas com esforço excessivo, implicando em flexão brusca 
do punho, como descascar fios elétricos. 
 
 
 
BURSITES Provocada pelo apoio do cotovelo sobre uma superfície rígida por tempo 
prolongado. 
 
 
 
NEUROPATIAS 
COMPRESSIVAS 
 Síndrome do túnel do 
carpo 
Movimentos repetitivos com extensão, flexão ou desvio ulnar e radial do 
punho; vibrações, compressão mecânica da base da mão associada a força 
e movimentos de pinça. 
 Síndrome do túnel e do 
canal cubital 
Posturas viciosas e repetitivas em pronação, supinação, flexão e estensão, 
ou o apoio do cotovelo em flexão sobre uma superfície rígida, como 
carimbadores ou motoristas que dirigem com o cotovelo apoiado na janela 
do veículo. 
 Síndrome do canal de 
Guyon 
Traumas repetitivos sobre a borda ulnar do punho, em carimbadores e 
escrivães. 
 Síndrome do supinador Movimentos repetitivos de pronossupinação, como apertar parafusos. 
 Síndrome do interósseo 
anterior Acomete indivíduos que carregam objetos pesados. 
 Síndrome cérvico-braquial Traumatismos e manutenção de posturas viciosas que provoquem 
estiramento ou compressão dos troncos nervosos do plexo cervical. 
 
 
 
DISTÚRBIOS NEUROVASCULARES 
 Síndrome do desfiladeiro 
torácico 
Atividades por longos períodos com os braços elevados ou que 
comprimem o ombro contra objetos, por exemplo, telefone preso entre o 
ombro e a orelha. 
 Fenômeno de Raynaud Exposição a baixas temperaturas, uso prolongado de ferramentas 
vibratórias, etc. 
 Síndrome do martelo 
hipotenar 
Bater objetos repetidamente com a região hipotenar lesiona as artérias 
acima dos ossos carpais. 
 
 
Tabela 4.2 – Doenças enquadradas como LER/Dort relacionadas com possíveis atividades como causa 
Fonte: adaptado de Bauk, 2008 
101  
  
A prevenção das LER/DORT baseia-se na capacitação técnica e definição política para: 
• avaliação dos fatores de risco para a saúde dos trabalhadores, a partir da 
inspeção aos locais de trabalho e entrevistas com trabalhadores, reconhecendo 
situações que podem demandar avaliação ergonômica; 
• identificação dos problemas ou danos potenciais para a saúde, decorrentes da 
exposição aos fatores de risco; 
• proposição das medidas a serem adotadas para eliminação ou controle da 
exposição aos fatores de risco e proteção dos trabalhadores; 
• utilização dos recursos de vigilância em saúde e de fiscalização do trabalho, 
para verificar a obediência, pelo empregador, de suas obrigações em relação à 
identificação, avaliação e documentação dos fatores de risco existentes no 
processo de trabalho e à adoção de medidas corretivas de controle ambiental e 
de saúde do trabalhador. 
A intervenção sobre os ambientes e condições de trabalho deve basear-se em análise criteriosa 
e global da organização do trabalho, que inclui a análise ergonômica do trabalho (real), da 
atividade, do conteúdo das tarefas, dos modos operatórios, dos postos de trabalho; do ritmo e 
da intensidade do trabalho; dos fatores mecânicos e condições físicas dos postos de trabalho; 
das normas de produção; dos sistemas de turnos, dos sistemas de premiação, dos incentivos, 
dos fatores psicossociais, individuais e das relações de trabalho entre colegas e chefias. 
Interessa conhecer, também, as medidas de proteção coletiva e individual implementadas 
pelas empresas e as estratégias de defesa, individuais e coletivas, adotadas pelos 
trabalhadores. Devem ser buscadas estratégias para garantir a participação dos trabalhadores e 
a sensibilização dos níveis gerenciais para a implementação das medidas a serem adotadas, 
que envolvem modificações na organização do trabalho. 
 
 
 
 
 
 
102  
  
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
1. Araújo, Wellington T.: Manual de segurança do trabalho – São Paulo: DCL, 2010 
 
2. Bauk, Douglas A.: Temas de ergonomia para médicos do trabalho. 2ªEd. – Niterói, RJ: 
Nitpress, 2008 
 
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Programáticas Estratégicas.: Dermatoses ocupacionais / Ministério da Saúde, 
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 
Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. 
 
4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações 
Programáticas Estratégicas.: Pneumoconioses / Ministério da Saúde, Secretaria de 
Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: 
Editora do Ministério da Saúde, 2006. 
 
5. Costa, Danilo F.: Programa de Saúde dos Trabalhadores (A experiência da Zona 
Norte: Uma Alternativa em Saúde Pública) / Danilo Fernandes Costa, José Carlos do 
Carmo, Maria Maeno Settimi, Ubiratan de Paula Santos. – São Paulo: Editora Hicitec, 
1989 
 
6. I Workshop de vibrações e acústica – Agosto/2011 
 
7. LEI Nº 8.213, de 24 de julho de 1991 
 
8. Mendes, René: Patologia do Trabalho.Vol.1, Vol.2. 2ª edição – São Paulo: Atheneu, 
2007 
 
9. Ministério da Saúde do Brasil. Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil.: 
Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde 
/ Ministério da Saúde do Brasil, Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil; 
organizado por Elizabeth Costa Dias; colaboradores Idelberto Muniz Almeida et al. – 
Brasília: Ministério da Saúde do Brasil, 2001. 
 
10. Monteiro, Antonio L.: Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais: (conceito, 
processos de conhecimento e de execução e suas questões polêmicas) / Antonio Lopes 
Monteiro, Roberto Fleury de Souza Bertagni. – 4ª ed. atual – São Paulo: Saraiva, 2007 
 
11. Nouailhetas, Yannick.: (Apostila Educativa) Radiações Ionizantes e a Vida / Yannick 
Nouailhetas, Carlos Eduardo Bonacossa de Almeida, Sonia Pestana. Rio de Janeiro: 
CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear. 
 
103  
  
12. Oliveira, Claudio A. D.: Segurança e Medicina do Trabalho (Guia de Prevenção de 
Riscos) – São Paulo: Yendis Editora Ltda., 2011 
 
13. Opitz, Oswaldo.: Acidentes do Trabalho e Doenças Profissionais / Oswaldo Optiz, 
Silvia C. B. Optiz. – 3ª ed. atual – São Paulo: Saraiva, 1988 
 
14. Paumgartten, Luiz C.R.: Risco Físico. – Edição 2011 
 
15. Paumgartten, Luiz C.R.: Risco Químico. – Edição 2010 
 
16. Pedrotti, Irineu A.: Doenças Profissionais ou do Trabalho. Vol. 1 – São Paulo: 
Livraria e Editora Universitária de Direito, 1988 
 
17. PORTARIA Nº 1.339, DE 18 DE NOVEMBRO DE 1999 
 
18. Possas, Cristina A.: Saúde e Trabalho (A crise da Previdência Social). 2ª ed. – São 
Paulo: Editora Hucitec, 1989 
 
19. Ramazzini, Bernardino: As doenças dos Trabalhadores. 2ª edição – Tradução pelo Dr. 
Raimundo Estrela – São Paulo: Fundacentro, 1985 
 
20. Ribeiro, Maria C. S. R.: Enfermagem e Trabalho: fundamentos para a atenção à saúde 
dos trabalhadores. 2ª ed. – São Paulo: Martinari, 2012 
 
21. Souza, Décio G.: Anatomia e Fisiologia do Ouvido – São Paulo, 2007. Disponível em: 
http://www.dgsotorrinolaringologia.med.br/apost_ouvido.htm 
 
22. Unifesp. Laboratório de Mediadores Inflamatórios - Universidade Federal de São 
Paulo (UNIFESP): Pulmão / Itamar Souza de Oliveira Junior, Rafael de Lima, Janaína 
Passos de Oliveira, Sâmia Santos Cavassani, Ricardo Santos Simões, Lidiane Lopes 
Reis, Carla Cristina Maganhin, Adriana Aparecida Ferraz Carbonel, Juliana Halley 
Hatty , Luiz Fernando Portugal Fuchs, Márcio Alexandre Custódio, Joilson Moura dos 
Santos, Wagner Rogério Souza de Oliveira, Pâmela Vieira de Andrade. Disponível 
em: http://www.unifesp.br/dmorfo/histologia/ensino/pulmao/patologias.htm 
 
 
 
 
104  
  
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 2.1. Dermatite de contato / Fonte: Mendes, René - 2007 
Figura 2.10. Dermatite irritativa de contato acneiforme/ Fonte: Mendes, René – 2007 
Figura 2.11. Perfuração do septo nasal / Fonte: Mendes, René – 2007 
Figura 2.12. Dermatite alérgica de contato / Fonte: Mendes, René - 2007 
Figura 2.13. Queimadura química por ácido sulfúrico / Fonte: Mendes, René – 2007 
Figura 2.2. Micropapuloeritematosas / Fonte: Mendes, René - 2007 
Figura 2.3. dermatite alérgica cronificada / Fonte: Mendes, René - 2007 
Figura 2.4. dermatite de contato irritativa forte / Fonte: Mendes, René – 2007 
Figura 2.5. dermatite alérgica de contato por bota de borracha / Fonte: Mendes, René - 2007 
Figura 2.6. dermatite alérgica de contato por bota de borracha / Fonte: Mendes, René - 2007 
Figura 2.7. Radiodermite crônica / Fonte: Mendes, René – 2007 
Figura 2.8. Dermatite irritativa de contato folicular / Fonte: Mendes, René – 2007 
Figura 2.9. Miliária rubra / Fonte: Mendes, René – 2007 
Figura 3.1 Curvas de isoaudibilidade, segundo Robinson e Dadson (1961) / Fonte: Mendes, 
René – 2007 
Figura 3.2 Curvas de ponderação normalizada A e C / Fonte: 
http://dc358.4shared.com/doc/4tk8hSp9/preview.html 
Figura 3.3 Corte frontal do órgão periférico (orelhas externa, média e interna) / Fonte: 
http://centrootorrinodf.com.br/anatomia/ouvido.php 
Figura 3.4 Níveis de audição de um indivíduo normal exposto a um ruído de 103 dB(A) 
(perda auditiva temporária) / Fonte: Mendes, René – 2007 
Figura 4.1 – Coluna vertebral / Fonte: http://luzquantica.com.br/2013/08/ 
Figura 4.2 – Vértebra tipo / Fonte: Bauk, Douglas A. – 2008 
 
 
 
 
 
 
105  
  
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1.1 – Classificação das doenças segundo sua relação com o Trabalho / Fonte: 
Adaptado de Schilling, 1984 
Tabela 1.2 - Exemplos de Doenças Infecciosas Selecionadas por Ocupação / Fonte: Mendes, 
René – 2007 
Tabela 1.3 - Doenças infecciosas e parasitárias relacionadas com o trabalho (grupo I da CID-
10) / Fonte: Portaria nº 1.339, de 18 de novembro de 1999 
Tabela 1.4 – Precauções Universais / Fonte: Normas de Biossegurança ou Prescrições 
Universais 
Tabela 2.1 - Classificação Clínica das Doenças Pulmonares / Fonte: Mendes, René – 2007 
Tabela 2.2 - Pneumotinte por Hipersensibilidade / Fonte: Mendes, René – 2007 
Tabela 2.3 - Pneumoconioses, poeiras causadoras e processos anatomopatológicos subjacentes 
/ Fonte: Mendes, René – 2007 
Tabela 2.4 - Exposições Ocupacionais Associadas ao Câncer Respiratório / Fonte: Segundo 
Critérios da IARC (2000) 
Tabela 2.5 - Hemopatias Profissionais Segundo Mecanismos e Tipos de Alterações e 
Possíveis Agentes Etiológicos de Origem Ocupacional / Fonte: Mendes, René – 2007 
Tabela 2.5 - Principais Substâncias Neurotóxicas Presentes em Situações de Trabalho 
Capazes de Causar a Doença de Parkinson Secundária / Fonte: adaptado de Rosenberg, 1995 
Tabela 3.1 Exemplos de riscos existentes e os efeitos para a saúde / Fonte: Araújo, Wellington 
- 2010 
Tabela 3.2 – Efeitos clínicos da vítima de hipotermia / Fonte: American Family Phvsician – 
AAFP 
Tabela 3.3 – Efeitos de radioexposição aguda em adulto / Fonte: APOSTILA EDUCATIVA 
CNEN 
Tabela 3.4 – Exposições agudas localizadas / Fonte: apostila educativa do CNEN 
Tabela 4.1 – Clínica da Hérnia de Disco, segundo os níveis de acometimento / Fonte: 
adaptado de Crenshaw, 1997