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1 Obras em Solos Moles Profa. Andrea Sell Dyminski UFPR Histórico • O homem tenta vencer terrenos difícies, mais especificamente solos moles, ao longo dos séculos • No Brasil, obras pioneiras a desafiarem solos moles: início do século XX, Baixada Santista (Estradas de Ferro e de Rodagem): feitas com lançamento de aterro de ponta 2 Problemas envolvidos • Do ponto de vista técnico: – Estabilidade dos aterros logo após a construção: capacidade de suporte do solo – Recalques de aterros ao longo do tempo: adensamento (primário e secundário) Problemas envolvidos • Aterros de encontro com obras de arte(pontes e viadutos): – Estabilidade das fundações destas obras – Recalques diferenciais entre obras e arte – Efeitos colaterais no estaqueamento (empuxos de terra e atrito negativo) Fonte: http://ecow.engr.wisc.edu/cgi- bin/getbig/gle/171/1edil/notes/edil-gle-firstlecture-2005.pdf www.fhwa.dot.gov/.../pubs/03089/chapt3.cfm 3 Problemas envolvidos • Do ponto de vista construtivo: – Tráfego dos equipamentos de construção – Amolgamento da superfície do terreno, devido ao lançamento do aterro; – Riscos e ruptura durante a construção Fonte: www.panoramio.com/photo/4259934 Geodelft Fonte: http://www.tensar.co.uk/contents.asp?cont_id=91&con t_type=3&page_type=CT Difícil escavação Difícil manutenção de acessos 4 Características dos Solos Moles • Importância de se saber a sua origem, para compreendermos: – As propriedades dos solos moles – Suas condições de adensamento Formação das argilas moles quaternárias • Solos moles: – BAIXA resistência:SPT não superior a 4 golpes (porém, o SPT não é a melhor forma de se estudar a resistência de solos moles em campo!!!!) – Fração argila: solo coesivo e compressível – Argilas moles ou areias argilosas fofas, de deposição recente – Em geral com matéria orgânica: cor escura e cheiro característico 5 Exemplos de Boletins de sondagem SPT e CPT Campus central da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba e situado na bacia de inundação do Rio Belém (Fonte: Brandi e Nascimento, GEOSUL 2004) Sondagem SPT em solo mole: área do Porto de Navegantes – com escape de gás (decomposição de matéria orgânica) Fotos: Cortesia In Situ Geotecnia 6 Formação das argilas moles quaternárias • Ambientes de deposição: – Fluvial : várzeas dos rios (planícies de inundação) – Origem marinha: planícies costeiras – Lagunas e baías • Fatores que afetam a deposição ou sedimentação: – Velocidade das águas – Quantidade e composição da matéria em suspensão na água – Salinidade e floculação das partículas – Presença de matéria orgânica (húmus, detritos vegetais, conchas, etc.) Solos Moles de Origem Fluvial (ALUVIÕES) • Várzeas de rios • Podem estar intercaladas com camadas de areias finas: HETEROGENEIDADE VERTICAL • Heterogeneidade horizontal também presente devido ao curso irregular (sinuoso)dos rios Fonte: Massad, 2003 7 Solos Moles de Origem MARINHA • Planície litorânea brasileira – presentes praticamente em toda a costa • Formados em dois ciclos de sedimentação, devido a dois episódios de ingressão do mar, no Quaternário: – Pleistoceno: • há 120.000 anos • Nível marinho: +8m ± 2 m • Transgressão Cananéia, dando origem à Formação Cananéia • Em geral, são fortemente SOBREADENSADAS (devido ao abaixamento do nível do mar, em 130 m, há 15.000 anos) – Holoceno: • Há 7.000 anos • Nível marinho: + 4m ± 2 m • Transgressão Santos: sedimentos holocênicos • Solos levemente sobreadensados (com pressão de pré- adensamento muito pequena!!) Ciclos do Nível do Mar Há 15.000 anos: grande regressão Variações dos últimos 7.000 anos Fonte: Massad, 2003 8 Estágios de formação dos solos da Planície Litorânea Fonte: Massad, 2003 Seção Geológica – Litoral de SP Notar que há formações marinhas e fluviais (recentes) Fonte: Massad, 2003 9 Perfil esquemático: argila holocênica e transicional Argila Holocênica: levemente sobreadensada Argila transicional: fortemente sobreadensada Fonte: Massad, 2003 Propriedades geotécnicas • Grande HETEROGENEIDADE: muita dispersão nos valores das propriedades geotécnicas • Observar a diferença dos valores entre as diferentes formações argilosas 10 Parâmetros de Projeto • Coesão (em geral, resistência não drenada) deve ser obtida com o solo local usando geralmente: – Em laboratório: ensaio de compressão simples (valor menor) ou ainda triaxial não drenado – Em campo: Vane Test (ensaio de palheta) (valor maior) • Pode-se dizer que o valor “real”da coesão estaria entre o resultado da CS e do Vane Ensaio de Compressão Simples e Vane Test 11 Parâmetros de Projeto • Sugestão de Bjerrum (1973): c projeto = µ . cVT Onde: – µ = 0,6 a 1,0, depenendo do IP do solo – cVT = coesão do Vane Test • Ex: Baixada Santista, com IP médio de 60%, µ = 0,7 • Mesri (1975), baseado nos estudos de Bjerrum, propôs estimar a coesão através da pressão de pré-adensamento (σa): cprojeto = 0,22 . σa cprojeto = 0,15 . σa (Baixada Santista) • Skempton (em Souza Pinto, 2000), coesão de ensaios: c/ σa = 0,11 + 0,37 . IP Parâmetros de Projeto • Quanto ao coeficiente de adensamento: – Cv (primário) e Cαε (secundário) de laboratório é diferente do Cv de campo (ou real) 12 Estabilidade de Aterros após a construção • Análise de estabilidade feita usando métodos de equilíbrio limite, considerando resistência ao cisalhamento igual `a coesão: su = c Solução de Fellenius • Carga distribuída na superfície de um solo mole, com coesão constante e de grande espessura • Com Carreg. Unif. Distrib. e flexível, a carga que leva à ruptura é: qr = 5,5 . c • Círculo crítico passa pela borda da área carregada Fonte: Massad, 2003 13 Solução de Fellenius • Para carregamento flexível qualquer: Qr = 5,5 . 2b . C • Círculo crítico tem centro AB Fonte: Massad, 2003 Solução de Fellenius • Observações importantes: – Altura crítica de aterros (H c): máxima altura de aterro que pode ser lançada sem que haja ruptura do solo mole de fundação Hc = 5,5 .c/γat onde γat = peso esp. do aterro – Influência da espessura da camada de solo mole (D): se esta espessura for D<b/0,758, o círculo de ruptura associado ao coef. de seg. mínimo pode não se desenvolver, podendo-se lançar aterros com alturas maiores que Hc. 14 Bermas de equilíbrio • Se a altura de aterro a ser lançado for maior que Hc, pode-se utilizar as bermas de equilíbrio, onde os aterros laterais funcionam como contrapeso. Assim: H1 – H2 = (5,5 . c)/(F. γat ) , onde F = coef. de segurança • Determinação de b2: ábacos de Jakobson (1948) Fonte: Massad, 2003 Caso com coesão lin. crescente com a profundidade • Sousa Pinto (1966): – aterros com altura H – projeção d do talude no eixo horizontal – c0 coesão na superfície do terreno – Nco fator de carga Fonte: Massad, 2003 qr = Nco . co Pressão de Ruptura: Nco Nco 15 Consideração da Resistência do Aterro • A ruptura dos aterros pode acontecer com a formação de trincas (solos coesivos) ou sem elas (solos granulares). • Formas usuais de melhorar a estabilidade dos aterros: bermas ou geossintéticos Fonte: Massad, 2003 Fonte: www.maccaferri.com.br A força de tração no geossintético deve ser pequena, para que as deformações da mesma também o sejam (da ordem de 2 a 3%), evitando-se assim a formação de trincas no aterro. 16 Recalques • Vão acontecer principalmente devido ao adensamento da argila mole (porém a mesma vai ficando mais rija). • Assim: – Estabilidade do aterro: em geral é um problema na fase de construção – Recalque: problema na fase operacional da obra • Deve-se determinar: – Recalques finais – Tempo necessário para que uma parte significativa dos mesmos ocorram • Em geral: utiliza-se a teoria do Adensamento para tal estimativas Estimativa dos recalques • Cálculo do recalque por adensamento: • Recalque imediato (Teoria da Elasticidade): Onde: Cr=Índice de recompressão,Cc= Índice de Compressão (primário), Cαε = Índice de Compressão (secundário) σ0 = pressão unif. distr. na superfície B = Largura da área carregada Solo confinado – result. de ensaios de adensamento - OK Considerar efeitos 2D 17 Estimativa da Velocidade de Desenvolvimento dos Recalques • Teoria do Adensamento de Terzaghi • Fator tempo (T) relacionado com a taxa de adensamento (U) • T = Cv . t / Hd2 • Forma aproximada: T = (π/4) . U para U<60% T=-0,933 . log(1-U) - 0,085 para U>60% U x T 18 Observações • Em alguns casos, deve-se considerar o tempo de construção (carregamento gradual imposto ao solo) • No caso de se utilizarem drenos verticais (para aceleração de recalques), o fluxo será radial Processos Construtivos • Construção de aterros em solos moles: – Lançar aterros em ponta sobre o terreno natural: conviver com problemas de estabilidade (fase construtiva) e recalques (fase operacional) – Remover o solo mole: total ou parcialmente – Lançar os aterros e ponta após tratamento do solo mole (melhoramento do solo) 19 Lançamento de aterros em ponta • Lança-se o lastro inicial (de preferência de areia – material drenante) • Pode-se colocar uma manta geotêxtil (sobre o lastro inicial), ao longo do eixo do aterro, melhorando a resistência, tendo função drenante e evitando contaminação entre diferentes camadas de solos Remoção de Solos Moles • Possível para pequenas espessuras: 4 a 5 m (máx. 7m) • Pode ser feita por: – Dragas – Meio de explosivos : liquefazem o solo mole Fonte: http://www.ce2.ufjf.br 20 Tratamento do Solo Mole • Melhoramento de suas propriedades geotécnicas: resistência e deformabilidade • Algumas técnicas empregadas: – Construção por etapas – Aplicação de sobrecargas temporárias – Instalação de drenos verticais – Execução de colunas de pedra (colunas de brita) – Estacas de distribuição Fonte: http://www.revistatechne.com.br/engenharia- civil/145/fundacoes-metodo-recem-chegado-ao- brasil-estabiliza-solos-criando-colunas-131687- 1.asp 21 • Há um enrijecimento gradual do solo • OBS: Necessita-se de um prazo maior para a construção do aterro Construção por etapas Fonte: Massad, 2003 Aplicação de sobrecargas temporárias • Realizar uma pré-compressão do solo • Antecipação dos recalques com ganho de resistência • Pode ser feita com uma camada adicional • OBS: Cuidado para não ultrapassar a altura crítica de aterros! Fonte: http://www.ce2.ufjf.br/T07CE2_EXEC_ATERRO.htm 22 Período com sobrecarga Retirada da sobrecarga Aqui, atinge-se o recalque final (do aterro permanente) usando-se a sobrecarga Fonte: Massad, 2003 Aplicação de sobrecargas temporárias • Aplicação de vácuo sob membrana impermeável, ou em poços abertos • Gera diminuição de poro-pressão e consequente aumento de pressão efetiva, adensando a camada de solo Fonte: http://www.dgi- menard.com/vacuum%20308281.html 23 Instalação de drenos verticais Aceleração dos recalques Dimensionamento: escolha do diâmetro dos drenos (dw) e seu espaçamento (de) Em geral: drenos de areia com 20 a 60 cm de diâmetro e espaçamento de 2 a 6 m Colchão drenante Drenos verticais Fonte: http://www.ce2.ufjf.br/T07CE2_EXEC_ATERRO.htm Dreno Vertical (geodreno – fita) Fonte: http://www.emabrt.hu/tev _geo_a.html 24 Drenos verticais - Geodrenos Fonte: http://www.geomembranes.com/index_r esources.cfm?copyID=91&ID=geo&type =case Colunas de pedra • Funções: – Transferir a carga dos aterros para maiores profundidades – Dreno vertical: porém, se não tiver revestimento, após algum tempo há colmatação. Também pode haver “bulking” 25 Vibrosubstituição – Colunas de brita Fonte: http://www.revistatechne.com.br/engenharia- civil/145/fundacoes-metodo-recem-chegado-ao- brasil-estabiliza-solos-criando-colunas-131687- 1.asp Equipamento – Vibro-substituição Fonte: http://www.revistatechne.com.br/engenharia- civil/145/fundacoes-metodo-recem-chegado-ao- brasil-estabiliza-solos-criando-colunas-131687- 1.asp 26 Estacas de distribuição • Transferir a carga para camadas mais profundas do terreno (e com maior resistência) • Em geral, envolvem muitas estacas e, com isso, seu custo é elevado Bibliografia básica • Massad, F., 2003 “Obras de Terra: curso básico de geotecnia”Ed. Oficina de Textos, São Paulo. • Outras fontes: citadas nos slides
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