Buscar

apostila 2 de direitos humanos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

2
 	 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL
Unidade Universitária de Naviraí
Curso de Direito
DIREITOS HUMANOS
Prof. Me. Ricardo Guilherme S. Corrêa Silva
E-mail: prof.ricardoguilherme@gmail.com/ ricardoguilherme@uems.br
APOSTILA Nº 2
SISTEMA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS
1. Internacionalização dos Direitos Humanos
O objetivo primordial dos Direitos Humanos é a proteção da vida e da dignidade do homem. A proteção aos Direitos Humanos é requisito para que o indivíduo possa construir sua vida em liberdade, igualdade e dignidade.
O Direito Internacional, que tradicionalmente disciplinava as relações entre Estados, assumiu após a Segunda Guerra um novo posicionamento: o da afirmação e proteção dos direitos humanos.
Até a Segunda Guerra Mundial, os direitos humanos eram assunto interno dos Estados. Os direitos dos indivíduos eram internacionalmente relevantes somente quando um país desejava proteger seu cidadão em outro país ou quando queria enviar um diplomata a outro país.
Em geral, supõe-se que até a Segunda Guerra Mundial não houvesse uma proteção sistemática dos direitos humanos pelo Direito Internacional Público. Apenas a proteção de alguns grupos teve uma dimensão internacional.
Após a Primeira Guerra Mundial, outra grande área de regulação foi a proteção internacional das minorias, equipada como uma proteção de grupo, mas que beneficiou também o indivíduo. A proteção das minorias se fez necessária porque, após a Primeira Guerra, muitos novos Estados surgiram a partir do colapso dos Impérios multiétnicos Austro-Húngaro, Otomano e Russo. A autodeterminação proclamada por Woodrow Wilson em seus 14 pontos não pôde ser completamente realizada. Faltou unidade a muitos habitantes dos novos Estados, assim foram confrontados com inúmeros conflitos étnicos. A proteção às minorias foi usada para permitir a coexistência dessa mistura colorida de povos.
Como resposta às atrocidades e aos horrores cometidos durante o nazismo houve um movimento de internacionalização dos direitos humanos. Esse novo posicionamento ditou, por um lado, a afirmação internacional dos direitos humanos e, por outro, o desenvolvimento de sistemas de proteção internacional de tais direitos.
Com a internacionalização dos direitos humanos surge a pessoa humana como sujeito de direitos no plano internacional, o que implica na primazia ou prevalência destes direitos e a suavização do conceito de soberania nacional absoluta.
A partir deste momento pode-se pleitear internacional e individualmente quanto a direitos humanos, porque outros assuntos, outras temáticas, como o direito comercial, p. ex., na esfera internacional a discussão se dá por organismos, por Estados e não pode por pessoas físicas.
Como se trata de direitos que são inerentes à pessoa humana o indivíduo passa a ser sujeito de direitos no plano internacional, porque se ficasse dependendo do Estado que eventualmente violou este direito não teria acesso às cortes internacionais.
Esta classificação subdivide o direito internacional dos direitos humanos em duas espécies:
Direito internacional humanitário e dos refugiados: refere-se aos direitos humanos pertinentes a uma situação de guerra. É o direito que se aplica na hipótese de conflito bélico com o fim de estabelecer limites à atuação dos Estados e assegurar a observância dos direitos humanos.
		Destina-se aos militares presos ou colocados fora de combate e também às populações civis atingidas, impondo regulamentação jurídica ao emprego da violência em âmbito internacional.
Direito internacional dos direitos humanos propriamente ditos: decorre da necessidade de dar concretude aos direitos humanos e liberdades fundamentais da Carta da ONU para todos os seres humanos sem distinção de raça, sexo, língua ou religião. Portanto, direitos humanos não se relacionam somente com situações de guerra.
Obs.: a ONU não existe apenas para tutelar de direitos humanos, pois também cuida de outros assuntos como, p. ex., das relações comerciais entre países.
2. Carta das Nações Unidas e Direitos Humanos
Após a Segunda Guerra Mundial, a comunidade internacional traçou a meta de “preservar as gerações vindouras dos flagelos da guerra”, que deveria ser alcançada por meio de um sistema de segurança coletiva.
A Carta das Nações Unidas ou Carta de São Francisco (assinada em São Francisco em 26 de junho de 1945) deu surgimento à Organização das Nações Unidas (ONU), cuja finalidade precípua era de implementar a paz mundial e para tanto deveria ser difundida a amizade entre os povos e a busca de solução amigável aos conflitos.
A ONU foi criada com o objetivo de (art. 1º):
Manter a paz e a segurança internacionais;
Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio de igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos;
Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; e
Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses objetivos.
Com o estipulado na Carta da ONU, os Direitos Humanos foram, pela primeira vez, matéria do Direito Internacional Público. A inclusão da obrigação de se respeitarem os direitos humanos na Carta da ONU foi um marco histórico no Direito Internacional Público, pois pela primeira vez os Estados comprometiam-se perante outros Estados a adotar um comportamento determinado ante os não sujeitos do Direito Internacional, ou seja, seus habitantes desprovidos de direitos.
A Carta da ONU é um documento bastante amplo. É um tratado constitutivo de uma organização internacional e contém os princípios básicos do Direito Internacional. 
A ONU é uma organização de coexistência, ou seja, as disposições devem permitir que tanto países ocidentais e comunistas como países desenvolvidos e subdesenvolvidos concordem. Portanto, não se encontram na Carta da ONU, por exemplo, comentários sobre a democracia, pois, em 1945, nem a União Soviética nem a Arábia Saudita (ambos membros fundadores) teriam concordado. No entanto, os Estados-Membros da ONU comprometeram-se a cooperar entre si e cada um para a promoção dos direitos humanos.
3. Declaração Universal dos Direitos Humanos
A partir de 1945 (final da 2ª Guerra Mundial) foi criada uma comissão com a finalidade de elaborar um documento que efetivamente trouxesse os direitos fundamentais da pessoa humana.
Esta Declaração Universal de Direitos Humanos possui natureza jurídica de Resolução (Resolução da ONU ou Resolução das Nações Unidas) e detalha o conteúdo de direitos humanos da Carta de Constituição da ONU.
Não tem natureza jurídica de tratado internacional e não vincula a ação dos Estados partes em termos jurídicos. Trata-se de uma carta política que tem natureza jurídica de Resolução (não tem obrigatoriedade).
Tem duas características:
Amplitude: estabelece um rol mínimo de direitos sem os quais uma pessoa não pode viver dignamente em sociedade.
É o mesmo princípio dos direitos fundamentais que estão na CF/88: estabelece-se um rol mínimo, sendo possível acrescentar direitos fundamentais, mas não é possível suprimi-los (são cláusulas pétreas).
Universalidade: esta declaração é destinada à proteção de qualquer ser humano sem qualquer discriminação.
A declaração universal de direitos humanos não é considerada um tratado internacional, porque não foi elaborada para ser ratificada, mas sim para servir de paradigma de direitos fundamentais da pessoa humana (não foi feita para ser ratificada por Estados, nasceu como direito costumeiro internacional, ou seja, como parâmetro para os Estados implementarem em suas legislações os principais direitos da pessoa humana).
A declaração universal de 1948 é um verdadeiro direito costumeiro internacional. É um documento de força ético-moral ou, ainda, pode ser chamadade arrolamento de princípios e direitos fundamentais.
Com a Declaração Universal de Direitos Humanos, de 10/12/1948, a Assembleia Geral da ONU esclareceu o que esta organização e seus Estados-Membros compreendiam por direitos humanos e liberdades fundamentais.
No preâmbulo da Declaração, são conhecidos a dignidade inerente e os direitos inalienáveis de todos os membros da sociedade como condição para liberdade, justiça e paz no mundo. Em seus trinta artigos, são listados direitos políticos e liberdades civis (arts. 1–22), bem como direitos econômicos, sociais e culturais (arts. 23–27).
À primeira categoria pertencem, entre outros, o direito à vida e à integridade física, a proibição da tortura, da escravatura e de discriminação (racial), o direito de propriedade, o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião, o direito à liberdade de opinião e de expressão e à liberdade de reunião. A segunda categoria inclui, entre outros, o direito à segurança social, o direito ao trabalho, o direito à livre escolha da profissão e o direito à educação.
Essa compreensão de direitos humanos difere fundamentalmente da visão ocidental clássica, que compreende os direitos humanos no sentido da Revolução Francesa e suas reivindicações de igualdade, liberdade e fraternidade, sobretudo como direitos civis, para defender-se de intervenções do governo nos assuntos particulares das pessoas.
A compreensão ocidental de direitos humanos remete-se à Convenção Europeia de Direitos Humanos, que foi criada praticamente na mesma época (1950). Ela limita-se aos clássicos direitos civis e liberdades civis.
 A Declaração Universal foi o ponto de partida para a construção do sistema de direitos humanos das Nações Unidas e é o ponto de referência para todos os outros tratados internacionais.
3.1. Vantagens e desvantagens da Declaração Universal dos Direitos Humanos
Uma vantagem é que a Declaração Universal dos Direitos Humanos considera todos os direitos humanos em sua unidade, pois os direitos humanos econômicos, sociais e culturais não são de maneira alguma de segunda classe. Mais do que isso, o direito à educação ou à alimentação é considerado um pré-requisito para a percepção dos direitos políticos. Por conseguinte, não se podem separar dos Direitos Humanos.
Uma desvantagem é que a Declaração Universal dos Direitos Humanos não se refere à autodeterminação dos povos, pois esta é vista frequentemente como requisito para a percepção dos direitos humanos em sua totalidade. O exemplo dos palestinos, a quem a realização do seu direito à autodeterminação ainda é negada, mostra que eles não podem também exercer outros direitos humanos, como os de liberdade de locomoção, trabalho e saúde.
Outra desvantagem é o fato de que a Declaração Universal dos Direitos Humanos é uma resolução da Assembleia Geral. Porém, esses documentos não são fontes do Direito Internacional juridicamente vinculativas, mas declarações políticas. Elas têm uma grande importância moral – especialmente quando aprovadas por unanimidade –, mas não são exequíveis. Devido à sua abordagem política, são muitas vezes semelhantes a proclamações, que, no entanto, necessitam de aplicação legal.
Isso se aplica, por exemplo, ao art. 14 da Declaração, segundo o qual todos têm o direito de procurar e de gozar de asilo em outros países.
3.2. Consequências
A prática mostra que aqui se trata de uma proclamação geral. Ela requer a transformação em lei nacional, o que significa uma modificação em seu conteúdo. Em última análise, não se pode assumir sem reservas o fato de que qualquer um tem o direito de gozar de asilo em outros países. 
No entanto, todos os países estão mais ou menos empenhados nos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos – pelo menos não falam abertamente contra –, de maneira que na literatura é frequentemente afirmado que esse documento constitui direito internacional consuetudinário .
No contexto de natureza proclamatória da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é compreensível que a exigência de uma codificação dos direitos humanos venha sob a forma de um tratado de direitos humanos.
Com isso, uma outra desvantagem deve ser compensada, pois a Declaração não tem um mecanismo de aplicação. Esse mecanismo é necessário porque os direitos humanos não são conferidos aos Estados, mas aos indivíduos que estão sujeitos às leis estaduais, o que significa que os Estados assumem obrigações perante outros Estados, que têm de “transmiti-las” ao povo. Isso explica a necessidade de controle da aplicação.
Rua Emilio Mascoli, 275 – Navirai MS
Tel. (67) 3924-4300 – E-mail: navirai@uems.br Home Page http://www.uems.br