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ESTRUTURAS E LIGAÇÕES QUÍMICAS Química Orgânica Básica Profº Msc. Rodolfo Oliveira rodolfo_quim@hotmail.com Objetivos • Conhecer a estrutura atômica com um enfoque nos orbitais, de maneira a distinguir orbitais atômicos e moleculares. • Projetar estruturas de Lewis de substâncias orgânicas e inorgânicas com base na regra do octeto. Orbitais Atômicos • Um orbital é a região do espaço na qual a probabilidade de se encontrar um elétron é alta. • •Os orbitais atômicos são representações gráficas em três dimensões, que produzem os formatos familiares dos orbitais s, p e d. • Os volumes que mostramos são aqueles que conteriam o elétron durante 90% a 95% do tempo. Existe uma probabilidade finita, porém muito pequena, de se encontrar um elétron em distâncias maiores em relação ao núcleo que as mostradas nos gráficos. • Todos os orbitais s são esferas. O orbital 1s é uma esfera simples. O 2s é uma esfera com superfície nodal interna (ψ2 = 0). A parte interna do orbital 2s, ψ2s, tem o sinal da fase negativo. • A forma de um orbital p é a de duas esferas, ou lóbulos, que quase se tocam. O sinal da fase da função de onda 2p, ψ2p, é positivo em um dos lóbulos e negativo no outro. Um plano nodal separa os dois lóbulos de um orbital p, e os três orbitais p de determinado nível de energia são distribuídos no espaço ao longo dos eixos x, y e z no sistema de coordenadas cartesianas. • Os sinais + e – das funções de onda não significam cargas positiva e negativa ou maior e menor probabilidade de se encontrar um elétron. • Assim, a probabilidade de se encontrar um elétron em ambos os lóbulos de um orbital p é a mesma. Veremos os significados dos sinais + e – mais tarde, quando estudarmos como os orbitais atômicos se combinam para formar orbitais moleculares. Configurações Eletrônicas As energias relativas dos orbitais atômicos na primeira e na segunda camadas principais são: •Os elétrons nos orbitais 1s possuem a menor energia, pois estão mais próximos do núcleo positivo. •Os elétrons nos orbitais 2s vêm a seguir na ordem de energia crescente. •Os elétrons nos três orbitais 2p têm energias iguais, mas maiores que a do orbital 2s. •Os orbitais com mesma energia (como os três orbitais 2p) são chamados de orbitais degenerados. • Podemos utilizar essas energias relativas para chegar à configuração eletrônica de qualquer átomo dos dois primeiros períodos da tabela periódica. Precisamos apenas seguir algumas regras simples. 1. Princípio Aufbau (princípio da construção): Os orbitais são preenchidos de forma que os de mais baixa energia sejam preenchidos primeiro. 2. Princípio da exclusão de Pauli: No máximo dois elétrons podem ser colocados em cada orbital, mas somente quando os spins dos elétrons estiverem emparelhados. Um elétron gira ao redor do próprio eixo, movimento denominado spin. Por motivos que não serão vistos aqui, somente é permitido a um elétron ter uma ou outra de duas orientações de spin possíveis, geralmente indicadas por setas, ↿ ou ⇂. Desse modo, dois elétrons de spins emparelhados seriam representados por ⇃↾. Os elétrons desemparelhados, não permitidos em um mesmo orbital, são simbolizados por ↿↿ (ou ⇂⇂). 3. Regra de Hund: Quando obtemos orbitais de mesma energia (orbitais degenerados), como os três orbitais p, adicionamos um elétron a cada orbital com seus spins desemparelhados até que cada um dos orbitais degenerados contenha um elétron. (Isso permite que os elétrons, que se repelem mutuamente, fiquem bem afastados.) Então adicionamos um segundo elétron a cada orbital degenerado para que os spins fiquem emparelhados. Se aplicarmos essas regras a alguns dos elementos do segundo período da tabela periódica, chegaremos aos seguintes resultados: Orbitais Atômicos • Os orbitais atômicos fornecem meios para o entendimento de como os átomos formam ligações covalentes. Vamos considerar um caso muito simples – a formação da ligação entre dois átomos de hidrogênio para produzir uma molécula de hidrogênio • Quando dois átomos de hidrogênio estão relativamente distantes, a energia total é simplesmente a dos dois átomos de hidrogênio isolados (I). Entretanto, a formação de uma ligação covalente reduz a energia total do sistema. À medida que os dois átomos de hidrogênio se aproximam (II), cada núcleo atrai cada vez mais o elétron do outro. Essa atração mais do que compensa a força repulsiva entre os dois núcleos (ou entre os dois elétrons). O resultado é uma ligação covalente (III), de tal forma que a distância internuclear é o balanço ideal que permite que os dois elétrons sejam compartilhados por ambos os átomos, enquanto, ao mesmo tempo, evita interações repulsivas entre seus núcleos. A distância internuclear ideal entre os átomos de hidrogênio é de 0,74 Å, e a chamamos de comprimento de ligação da molécula de hidrogênio. Se os núcleos se aproximam (IV), a repulsão entre os dois núcleos carregados positivamente predomina, e a energia do sistema aumenta. •Um orbital atômico representa a região do espaço na qual é provável encontrar um ou dois elétrons de um átomo isolado. No caso do modelo anterior para o hidrogênio, as esferas sombreadas representam os orbitais 1s de cada átomo de hidrogênio. À medida que os átomos de hidrogênio se aproximam, seus orbitais 1s começam a se sobrepor, até que seus orbitais atômicos se combinam para formar orbitais moleculares. •Um orbital molecular (OM) representa a região do espaço na qual é provável encontrar um ou dois elétrons de uma molécula. •Um orbital (atômico ou molecular) pode conter no máximo dois elétrons emparelhados (princípio da exclusão de Pauli). •Quando orbitais atômicos se combinam para formar orbitais moleculares, o número de orbitais moleculares resultantes é sempre igual ao número de orbitais atômicos que se combinam. • Portanto, na formação da molécula de hidrogênio, os dois orbitais atômicos se combinam para produzir dois orbitais moleculares Orbitais Moleculares Lembra do sinal dos orbitais? • Um orbital molecular ligante é o resultado da sobreposição de dois orbitais com a mesma fase. • Um orbital molecular antiligante é o resultado da sobreposição de dois orbitais com fases opostas • O orbital molecular ligante da molécula de hidrogênio, em seu estado de mais baixa energia (fundamental), contém ambos os elétrons dos átomos de hidrogênio individuais. • O orbital molecular antiligante da molécula de hidrogênio no estado fundamental não contém elétrons. O orbital antiligante não contribui para a densidade eletrônica entre os átomos e, portanto, não está envolvido na ligação. Hibridização sp³ • A hibridização de orbitais, em termos mais simples, nada mais é que uma abordagem matemática que envolve a combinação de funções de onda individuais dos orbitais s e p para obter funções de onda para novos orbitais. Os novos orbitais têm, em proporções variadas, as propriedades dos orbitais originais considerados separadamente e são chamados de orbitais atômicos híbridos. • De acordo com a mecânica quântica, a configuração eletrônica de um átomo de carbono em seu estado de mais baixa energia é: • O símbolo sp3 significa que o orbital híbrido possui uma parte do caráter do orbital s e três partes do caráter do orbital p. • O resultado matemático é que os quatro orbitais 2sp3 são orientados em ângulos de 109,5° entre si. Essa é precisamente a orientação espacial dos quatro átomos de hidrogênio do metano. Cada um dos ângulos de ligação H—C—H é de 109,5° • Todas as ligações inteiramente simples são ligações sigma. Elas são caracterizadas pela superposição dos orbitais sp³ do carbono com o s do hidrogênio. Hibridização sp² • Os átomos de carbono de muitas das moléculas que consideramos até aqui utilizaram seus quatro elétrons de valência para formar quatro ligações covalentes simples (sigma) com outros quatro átomos. Entretanto, descobrimos que existem muitos compostos orgânicos importantes nos quais os átomos de carbono partilham mais que dois elétrons com outro átomo. Nas moléculas dessescompostos, algumas ligações formadas são covalentes múltiplas. Quando dois átomos de carbono compartilham dois pares de elétrons, por exemplo, o resultado é uma ligação dupla carbono– carbono: • O arranjo espacial dos átomos dos alquenos é diferente daquele dos alcanos. Os seis átomos do eteno são coplanares, e o arranjo dos átomos ao redor de cada átomo de carbono é triangular. • As ligações duplas carbono–carbono são constituídas de átomos de carbono com hibridização sp2 • A mistura matemática de orbitais que fornece os orbitais sp2 para nosso modelo pode ser visualizada na figura abaixo. O orbital 2s é ou hibridizado com dois dos orbitais 2p. Um orbital 2p é mantido sem hibridização. Um elétron é, então, colocado em cada um dos orbitais híbridos sp2, e um elétron permanece no orbital 2p. • Os três orbitais sp2 que resultam da hibridização estão direcionados para os vértices de um triângulo regular (com ângulos de 120° entre eles). O orbital p não hibridizado do carbono fica perpendicular ao plano do triângulo formado pelos orbitais híbridos sp2. • Os dois átomos de carbono com hibridização sp2 formam uma ligação sigma (σ) entre eles por meio da sobreposição de um orbital sp2 de cada carbono. Os orbitais sp2 restantes dos átomos de carbono formam ligações σ com os quatro átomos de hidrogênio por meio da sobreposição com os orbitais 1s dos hidrogênios. • Os dois elétrons ligantes restantes estão localizados nos orbitais p não hibridizados de cada carbono. A sobreposição lateral desses orbitais p e o compartilhamento de dois elétrons entre os carbonos levam à formação de uma ligação pi (π) • Em resumo, uma ligação dupla carbono–carbono consiste em uma ligação σ e uma ligação π. • A ligação σ é o resultado da sobreposição frontal de dois orbitais sp2 e é simétrica em torno do eixo de ligação entre os dois átomos de carbono. A ligação π é o resultado da sobreposição lateral de dois orbitais p e tem um plano nodal semelhante a um orbital p. No estado fundamental, os elétrons da ligação π estão localizados entre os dois átomos de carbono, mas geralmente acima ou abaixo do plano do esqueleto de ligações σ. • Os elétrons da ligação π possuem energia maior que os da ligação σ. As energias relativas entre os orbitais moleculares σ e π (com os elétrons no estado fundamental) são mostradas no diagrama abaixo. Estrutura de Lewis Diversas regras simples nos permitem desenhar estruturas de Lewis apropriadas: 1. As estruturas de Lewis mostram as ligações entre os átomos em uma molécula ou íon utilizando apenas os elétrons de valência dos átomos envolvidos. (Os elétrons de valência são aqueles da camada mais externa de um átomo) 2. Para elementos representativos (das famílias “A”), o número de elétrons de valência com o qual um átomo neutro contribui para uma estrutura de Lewis é o mesmo número de seu grupo na tabela periódica. O carbono, por exemplo, está no grupo IVA e tem, portanto, quatro elétrons de valência; 3. Se a estrutura desenhada for um íon negativo (um ânion), adicionamos um elétron para cada carga negativa à contagem original de elétrons de valência. Se a estrutura for um íon positivo (um cátion), subtraímos um elétron para cada carga positiva. 4. Ao desenharmos as estruturas de Lewis, tentamos dar a cada átomo a configuração eletrônica de um gás nobre. Para isso, desenhamos estruturas nas quais os átomos compartilhem elétrons para formar ligações covalentes ou transfiram elétrons para formar íons. a. O hidrogênio forma uma ligação covalente pelo compartilhamento de seu elétron com um elétron de outro átomo, de tal forma que possa ter dois elétrons de valência, o mesmo número do gás nobre hélio. b. O carbono forma quatro ligações covalentes pelo compartilhamento de seus quatro elétrons de valência com quatro elétrons de valência de outros átomos, de tal forma que possa ter oito elétrons (o mesmo número da configuração eletrônica do neônio, satisfazendo à regra do octeto). c. Para alcançar um octeto de elétrons de valência, elementos como o nitrogênio, o oxigênio e os halogênios normalmente compartilham apenas alguns de seus elétrons de valência por meio de ligações covalentes, mantendo os outros como pares de elétrons não compartilhados (isolados). O nitrogênio normalmente compartilha três elétrons, o oxigênio dois e os halogênios um. Estrutura de Lewis Exemplo • Escreva a estrutura de Lewis do (a) CH2F2 (difluorometano) e do (b) CHCl3 (clorofórmio). 5. Se necessário, utilizamos ligações múltiplas para satisfazer à regra do octeto (isto é, fornecemos aos átomos a configuração de gás nobre). O íon carbonato (CO3 2–) ilustra esse caso: • As moléculas orgânicas do eteno (C2H4) e do etino (C2H2), como mencionamos antes, possuem uma ligação dupla e uma tripla, respectivamente: • 6. Antes que possamos escrever algumas estruturas de Lewis, temos de saber como os átomos estão interligados. Esse conhecimento vem fundamentalmente de experimentos. • Considere o ácido nítrico, por exemplo. Embora sua fórmula muitas vezes seja escrita como HNO3, o hidrogênio está na verdade ligado a um átomo de oxigênio, e não ao nitrogênio. A estrutura é HONO2, não HNO3. Assim, a estrutura de Lewis correta é: Exceções a Regra do Octeto • Os átomos compartilham elétrons não apenas para obter a configuração de um gás nobre, mas porque o compartilhamento de elétrons produz um aumento da densidade eletrônica entre os núcleos positivos. As forças atrativas resultantes – os núcleos atraem os elétrons – são a “cola” que mantém os átomos unidos • Os elementos do segundo período da tabela periódica podem ter, no máximo, quatro ligações (isto é, haver oito elétrons em torno deles), pois esses elementos têm apenas um orbital 2s e três orbitais 2p disponíveis para ligação. • Cada orbital pode conter dois elétrons, e um total de oito elétrons preenche esses orbitais. A regra do octeto, portanto, aplica-se apenas a esses elementos, e, mesmo aqui, como veremos nos compostos de berílio e boro, menos que oito elétrons são possíveis. • Os elementos do terceiro período em diante possuem orbitais d que podem ser utilizados para ligação. • Esses elementos podem acomodar mais de oito elétrons em seus níveis de valência e, consequentemente, formar mais de quatro ligações covalentes. • Exemplos: PCl5 e o SF6. • Algumas moléculas ou íons altamente reativos têm átomos com menos de oito elétrons em suas camadas mais externas. Um exemplo é o trifluoreto de boro (BF3). Em uma molécula de BF3, o átomo de boro central tem apenas seis elétrons ao seu redor: Exemplo • Escreva uma estrutura de Lewis para o íon sulfato (SO4 2−). (Observação: o átomo de enxofre está ligado aos quatro átomos de oxigênio.) Exemplo • Escreva uma estrutura de Lewis para o íon fosfato (PO4 3−). Carga Formal • Muitas das estruturas de Lewis estão incompletas até decidirmos se alguns de seus átomos possuem uma carga formal. O cálculo da carga formal de um átomo em uma estrutura de Lewis é simplesmente um método de contabilidade de seus elétrons de valência. • Primeiramente, examinamos cada átomo e, com o auxílio da tabela periódica, determinamos quantos elétrons de valência ele teria se fosse um átomo isolado. • Em seguida, examinamos o átomo na estrutura de Lewis e distribuímos seus elétrons de valência da seguinte forma: • Atribuímos a cada átomo a metade dos elétrons que ele partilha com outros átomos e todos os elétrons de pares não compartilhados (isolados). Então, fazemos o seguinte cálculo para o átomo: Carga formal = número de elétrons de valência – 1/2 do número de elétrons compartilhados – número de elétrons não compartilhados F = Z – (1/2)S – U em que F é a carga formal, Z é o número do grupo do elemento, S é igual ao número de elétrons compartilhados e U é o número de elétrons não compartilhados. É importante observar também que a soma aritmética de todas as cargas formais em uma molécula ou íon é igual à carga total da molécula ou íon. Exemplos Exemplo
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