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FILARIOSE

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CASO CLÍNICO 
Paciente sexo feminino, 53 anos, 
procurou a Unidade Básica de Saúde 
da cidade em que reside, relatando 
dor em membro inferior direito e 
inchaço. Havia extravasamento de 
transudato no membro e dificuldade 
para deambular. 
Relatou que possuía diagnóstico de 
“elefantíase” (forma crônica da 
filariose) havia vinte e quatro anos. 
Devido ao edema e ao 
extravasamento de líquido foi feita 
drenagem no local. Após, a lesão se 
manteve e com o tempo aumentou, 
abrangendo toda a parte posterior da 
perna. Resultou em uma úlcera, além 
do linfedema. Do aparecimento da 
lesão até o momento apresentou 
infecções no local e utilizou 
antibióticos, por vezes, apresentando 
melhora. Atualmente, a ferida ainda 
está exposta. 
A doença crônica restringe seus 
movimentos, inclusive tem 
questionado sobre amputação de sua 
perna a fim de melhorar a mobilidade. 
Como comorbidades, apresenta 
obesidade, diabetes mellitus e 
hipotireoidismo controlados 
Paciente queixa febre, iniciada há 
aproximadamente 1 mês, de caráter 
intermitente, acompanhada de 
sudorese, calafrios, mialgia 
generalizada e cefaleia holocraniana. 
No exame, aumento do escroto 
acompanhado de linfadenopatia 
inguinal bilateral 
OBS: Caso agudo pode ser 
confundido com malária 
INTRODUÇÃO 
Dentre os helmintos Nematoda, a 
ordem Spirurida apresenta grande 
número de espécies de filarídeos que 
parasitam mamíferos (inclusive seres 
humanos), aves, anfíbios e répteis, 
com algumas características comuns: 
são todos vermes finos e delicados 
cujas fêmeas produzem embriões ou 
microfilárias, sendo encontrados nos 
vasos linfáticos, sanguíneos, tecido 
subcutâneo, cavidade peritoneal ou 
mesentério, e necessitam de um 
hospedeiro invertebrado. 
FILARIOSE LINFÁTICA: 
WUCHERERIA BANCROFTI 
A filariose linfática humana é 
considerada pela Organização Mundial 
de Saúde uma enfermidade 
negligenciada, causada por helmintos 
das espécies Wuchereri Bancrofti, 
Brugia malayi e B. timori. É endêmica 
em várias regiões com clima tropical 
ou subtropical, atingindo 73 países da 
Ásia, da África e das Américas, 
particularmente em áreas de muita 
pobreza, sendo sério problema de 
saúde pública na Índia, na Indonésia e 
partes leste, central e oeste da África 
A filariose linfática no continente 
americano e na África é causada 
exclusivamente pela W. bancrofti, 
sendo também denominada 
Bancroftose, e por causa de uma de 
suas manifestações na fase crônica é 
conhecida também como elefantíase. 
A W. bancrofti infecta exclusivamente 
seres humanos, que são as fontes da 
infecção para os mosquitos vetores, 
daí a filariose linfática ser considerada 
uma antroponose. 
No Brasil, seu foco é em Pernambuco 
MORFOLOGIA 
As formas evolutivas que parasitam os 
hospedeiros humanos são os vermes 
adultos e os embriões denominados 
microfilárias. O estágio larvário se 
desenvolve no mosquito vetor. 
VERME ADULTO MACHO 
Corpo delgado e branco-leitoso 
Extremidade anterior afilada e 
posterior enrolada ventralmente 
VERME ADULTO FÊMEA 
Corpo delgado e branco-leitoso 
Possui órgãos genitais duplos, com 
exceção da vagina, que é única e se 
exterioriza em uma vulva localizada 
próximo à extremidade anterior 
 
MICROFILÁRIA 
Esta forma também pode ser 
chamada de embrião. A fêmea 
grávida faz a postura de microfilárias, 
que possuem uma membrana de 
revestimento delicada e que funciona 
como uma “bainha flexível” 
A microfilária se movimenta 
ativamente na corrente sanguínea do 
hospedeiro. A bainha cuticular lisa é 
apoiada sobre numerosas células 
subcuticulares (que irão formar a 
hipoderme e a musculatura do 
helminto adulto) e células somáticas 
(que irão formar o tubo digestivo e os 
órgãos). A observação da bainha de 
revestimento é importante, pois 
alguns filarídeos encontrados no 
sangue não possuem tal estrutura, 
sendo este um dos critérios 
morfológicos para o diagnóstico 
diferencial 
 
LARVAS 
São encontradas no inseto vetor 
A larva de primeiro estágio (L1) é 
originária da transformação da 
microfilária. Essa larva se diferencia em 
larva de segundo estágio (L2), duas a 
três vezes maior, e sofre nova muda 
originando a larva infectante (L3). 
BIOLOGIA 
HABITAT 
Vermes adultos machos e fêmeas 
permanecem juntos nos vasos e 
gânglios linfáticos humanos, vivendo, 
em média, 8 a 10 anos. As regiões do 
corpo humano que normalmente 
abrigam as formas adultas são: pélvica 
(atingindo pernas e escroto), braços e 
mamas (mais raramente). São 
frequentemente localizados nos vasos 
linfáticos do cordão espermático. As 
microfilárias eliminadas pelas fêmeas 
saem dos ductos linfáticos e ganham 
a circulação sanguínea do hospedeiro. 
PERIODICIDADE 
Uma característica deste parasito, 
verificada na maioria das regiões onde 
é encontrado, é a periodicidade 
noturna de suas microfilárias no 
sangue periférico do hospedeiro 
humano: durante o dia, essas formas 
se localizam nos capilares profundos, 
principalmente nos pulmões e, 
durante a noite, aparecem no sangue 
periférico, com pico da microfilaremia 
em torno da meia-noite, decrescendo 
novamente até o final da madrugada 
Essa variação na concentração das 
microfilárias sanguíneas ao longo de 
24 horas obedece a distribuição 
normal (curva de Gauss) e independe 
do gênero ou da carga parasitária do 
hospedeiro 
O pico da microfilaremia periférica 
coincide, na maioria das regiões 
endêmicas, com o horário preferencial 
de hematofagismo do principal inseto 
transmissor, o Culex quinquefasciatus 
 
CICLO BIOLÓGICO 
É do tipo heteroxênico. A fêmea do 
Culex quinquefasciatus, ao sugar o 
sangue de pessoas parasitadas, ingere 
microfilárias que, no estômago do 
mosquito, após poucas horas, perdem 
a bainha, atravessam a parede do 
estômago do inseto, caem na 
cavidade geral, alojam-se nos 
músculos torácicos e transformam -se 
em uma larva, denominada LI ou larva 
de primeiro estádio. Seis a 10 dias após 
o repasto infectante, ocorre a 
primeira muda originando a L2 ou 
larva de segundo estádio. Esta cresce 
muito e, 10-15 dias depois, sofre a 
segunda muda transformando-se em 
larva infectante (L3) ou larva de 
terceiro estádio, que migra pelo inseto 
até alcançar a probóscida (aparelho 
picador), concentrando-se no lábio do 
mosquito 
Quando o inseto vetor faz novo 
repasto sanguíneo, as larvas L3 
escapam do lábio, penetram pela 
solução de continuidade da pele do 
hospedeiro (não são inoculadas pelos 
mosquitos) e migram para os vasos 
linfáticos. Meses depois as larvas 
amadurecem e se transformam em 
vermes adultos com sexos distintos. 
As fêmeas grávidas, após fecundadas, 
produzem microfilárias que migram 
para o sangue do hospedeiro 
vertebrado. 
O período pré-patente, que vai desde 
a infecção humana (penetração de 
larva infectante) até o encontro de 
microfilárias no sangue do hospedeiro, 
é longo e varia em tomo de 7 a 9 
meses 
 
TRANSMISSÃO 
Unicamente pela picada do inseto 
vetor infectado (fêmea de C. 
quinquefasciatus nas Américas) e 
deposição das larvas infectantes na 
pele lesada do hospedeiro. 
Aparentemente, o estímulo que 
provoca a saída das larvas da 
probóscida do mosquito é o calor 
emanado do corpo humano. A pele, 
estando úmida (suor e alta umidade 
do ar), permite a progressão e 
penetração das larvas. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Considera-se um largo espectro de 
manifestações clínicas na filariose 
linfática, desde o indivíduo 
microfilarêmico sem sintomas 
aparentes até o desenvolvimento de 
formas irreversíveis como a 
elefantíase. As manifestações clínicas 
podem ser devidas aos vermes 
adultos no sistema linfático ou à 
resposta imune do hospedeiro contra 
as microfilárias e antígenos do 
parasito. Os pacientes assintomáticos 
ou com manifestações discretas 
podem apresentar alta microfilaremia, 
e os pacientes com elefantíase ou 
outras manifestações crônicas não 
apresentam microfilaremia periféricaou esta é bastante reduzida. 
O período de incubação, que vai 
desde a penetração da larva 
infectante até o aparecimento dos 
primeiros sintomas da doença no 
hospedeiro, é longo e pode durar de 
meses a alguns anos. 
As principais formas clínicas da 
filariose linfática são: doença subclínica 
ou assintomática, formas agudas, 
formas crônicas e eosinofilia pulmonar 
tropical (EPT). 
 
ASSINTOMÁTICO 
Indivíduos assintomáticos são aqueles 
com microfilárias no sangue e sem 
sintomatologia aparente. Com o uso 
da linfocintigrafia e ultrassonografia, 
verifica-se que estes assintomáticos, 
na realidade, podem apresentar 
doença subclínica com danos nos 
vasos linfáticos (dilatação e 
proliferação do endotélio sem reação 
inflamatória) ou no sistema renal 
(hematúria microscópica), merecendo 
atenção médica precoce. 
MANIFESTAÇÕES AGUDAS 
As manifestações agudas são: 
linfangite (inflamação dos linfáticos) 
retrógrada localizada principalmente 
nos membros e linfadenite (inflamação 
dos gânglios linfáticos), associadas a 
febre e mal-estar, fúniculite 
(inflamação do funículo espermático) 
e orquiepididimite (processo 
inflamatório do epidídimo e do 
testículo adjacente) 
 
OBS: As linfangites agudas têm curta 
duração e evoluem no sentido 
centrífugo, ou seja, da raiz do 
membro para a extremidade 
(linfangite retrógrada), ao contrário das 
linfangites de etiologia bacteriana, que 
evoluem das extremidades (porta de 
entrada) para os membros 
 
MANIFESTAÇÕES CRÔNICAS 
São mais comuns no Brasil 
As manifestações crônicas são 
caracterizadas por linfedema (edema 
linfático), hidrocele, quilúria (urina com 
aspecto leitoso ou urina quilosa) e 
elefantíase, e iniciam-se. em geral, 
alguns anos após o início dos ataques 
agudos em moradores de áreas 
endêmicas. A hidrocele é a mais 
comum destas manifestações crônicas 
e frequentemente se desenvolve na 
ausência de reações inflamatórias 
prévias. Pacientes com hidrocele 
podem apresentar microfilárias no 
sangue periférico e também no fluido 
obtido do saco escrotal. A hidrocele 
pode progredir para elefantíase da 
região escrotal. No caso de linfedema 
ou hidrocele, se o diagnóstico for 
precoce, o tratamento com 
dietilcarbamazina pode provocar a 
regressão parcial ou total da 
sintomatologia. A elefantíase 
geralmente acomete os membros 
inferiores e a região escrotal. 
Em geral, a sequência dos eventos 
nos casos de elefantíase é: linfangite, 
linfadenite, linfangiectasia (dilatação e 
hipertrofia dos vasos linfáticos), 
linforragia (extravasamento de linfa), 
linfedema, esclerose da derme, 
hipertrofia da epiderme e aumento do 
volume do órgão (principalmente 
pernas, escroto ou mamas). Infecções 
externas bacterianas ou fúngicas 
secundárias agravam o quadro de 
elefantíase. A gravidade das 
manifestações aumenta com a idade 
e lesões crônicas como elefantíase 
Elas podem tornar-se irreversíveis, 
provocando incapacidade e expondo 
seus portadores ao preconceito social. 
Alguns pacientes também podem 
apresentar comprometimento renal 
com quilúria. 
 
EOSINOFILIA PULMONAR TROPICAL 
A eosinofilia pulmonar tropical (EPT) é 
uma síndrome decorrente da hiper-
resposta imunológica do paciente a 
antígenos filariais, caracterizada por 
sintomas de asma brônquica, como 
tosse e falta de ar, sendo 
manifestação relativamente rara 
PATOGENIA 
A resposta imune do hospedeiro e a 
reação inflamatória provocada pela 
presença do parasito aparentemente 
são fatores determinantes na 
patogenia da filariose linfática 
A evolução da doença é lenta e os 
sinais, quando presentes, são 
decorrentes principalmente da 
dilatação dos vasos linfáticos. 
A maior parte dos infectados 
apresenta doença subclínica com 
danos nos vasos linfáticos (ectasia - 
dilatação e proliferação do endotélio), 
sem reação inflamatória, ou dano no 
sistema renal (hematúria 
microscópica). 
Alguns pacientes permanecem 
assintomáticos por anos, mesmo após 
a morte dos vermes adultos. Em 
outros, com a morte dos parasitos, 
tem início a fase inflamatória do 
processo. Como consequência, há o 
desencadeamento de episódios de 
linfangite aguda e linfadenite, 
acompanhadas de sintomas como 
febre, dor de cabeça, mal-estar e dor 
local e vermelhidão na região atingida. 
Quando há ruptura dos vasos 
linfáticos dilatados, ocorre 
derramamento de linfa que se 
acumula na parte afetada do 
organismo. A disfunção linfática pode 
provocar o extravasamento de líquido 
com acúmulo de fluido, entre o 
testículo e a membrana que o 
envolve, denominada túnica vaginal, 
causando a hidrocele quando o líquido 
é amarelo claro, e quilocele, quando 
tem aspecto leitoso pela presença de 
quilomícrons. 
Alguns pacientes também podem 
apresentar comprometimento renal 
com derramamento de linfa no trato 
urinário que induz a quilúria. 
Outra complicação é o linfedema, que 
ocorre pelo extravasamento da linfa 
de vasos linfáticos que drenam a pele. 
A recorrência de infecções 
bacterianas ou fúngicas secundárias na 
pele é um importante fator que 
contribui para a cronificação do 
processo, predispondo ao linfedema 
crônico que pode evoluir para 
elefantíase em cerca de 10 a 15 anos. 
A elefantíase geralmente acomete os 
membros inferiores e a região 
escrotal, e está associada a episódios 
inflamatórios recorrentes com 
hipertrofia do tecido conjuntivo e 
fibrose crônica do órgão atingido. A 
depender do gênero do infectado, a 
elefantíase compromete diferentes 
partes do corpo. Nas mulheres, ocorre 
mais frequentemente nos membros 
inferiores, provocando deformações 
em uma ou ambas as pernas, 
raramente afetando as mamas e a 
região genital. Nos homens, pela 
localização preferencial dos parasitos 
nos linfáticos que drenam a região 
genital, a hidrocele testicular é mais 
prevalente, e, se tornando crônica, 
progride para elefantíase da região 
escrotal, podendo também acometer 
o pênis. Inicialmente, há hipertrofia da 
derme, porém a epiderme é normal. 
Com a progressão da doença, há 
esclerose da derme e hipertrofia da 
epiderme, dando a aparência típica da 
elefantíase: aumento exagerado do 
volume do órgão com queratinização 
e rugosidade da pele. 
 
O linfoescroto é uma forma rara e 
ocorre quando os vasos linfáticos 
superficiais da pele da bolsa escrotal 
se rompem, com exsudação de linfa, 
deixando a região genital do paciente 
constantemente úmida. É um quadro 
que provoca grande desconforto e 
constrangimento, além de tomar o 
ambiente propício a infecções 
bacterianas de repetição. A partir daí, 
pode haver progressão para um 
quadro de elefantíase escrotal. 
Em pacientes com o quadro 
conhecido como eosinofilia pulmonar 
tropical (EPT), ocorre aumento de IgE 
total e marcante elevação do número 
de células inflamatórias em infiltrados 
pulmonares, principalmente 
hipereosinofilia 
Ainda, há infiltração pulmonar de 
macrófagos nos espaços alveolares e 
interstícios, acompanhada de 
broncopneumonia e abscessos 
eosinofilicos com microfilárias. 
Posteriormente, na fase crônica, há o 
aparecimento de fibrose intersticial 
crônica nos pulmões, que altera a 
função do órgão 
 
 
DIAGNÓSTICO 
CLÍNICO 
Como na filariose linfática os quadros 
variam de ausência de manifestações 
no início da infecção, até o 
aparecimento de alterações que 
podem ser comuns a outras 
enfermidades, o diagnóstico clínico é 
particularmente difícil, não conclusivo 
primariamente, e deve ser confirmado 
com recursos auxiliares que 
complementem a suspeita clínica. 
A história clínica e epidemiológica, 
além de exames laboratoriais e por 
imagem, são recursos que auxiliam o 
diagnóstico diferencial. 
Em áreas endêmicas, pacientes com 
história de febre recorrente associada 
à adenolinfangite e posterior 
linfedema pode ser indicativa de 
infecção filarial. 
Alteração pulmonar, eosinofilia 
sanguínea e níveis elevados de IgE 
total no soro levanta a suspeitade 
EPT. 
 
OBS: A elefantíase pode ter outras 
causas que não a infecção pela W. 
bancrofti, como, por exemplo, a 
hanseníase, a erisipela de repetição e 
cromoblastomicose, uma micose 
subcutânea causada por fungos. Má 
formação congênita dos vasos 
linfáticos ou outras causas que 
perturbem o fluxo linfático, inclusive 
choque mecânico (acidentes), podem 
gerar um quadro de linfedema, que 
em estágios mais avançados levam à 
elefantíase. Deve ficar claro que nem 
todo quadro de elefantíase é de 
etiologia filarial. 
LABORATORIAL: PARASITOLÓGICO 
PESQUISA DE MICROFILÁRIAS 
A pesquisa de microfilárias no sangue 
periférico pode ser feita por 
diferentes métodos parasitológicos. 
Entre os disponíveis, o mais utilizado é 
a gota espessa. Respeita-se o período 
noturno: 22 às 2 hrs. 
Também se utilizam técnicas de 
concentração de microfilárias (knott) 
Microfilárias podem estar ausentes no 
sangue, mas presentes na urina 
(quilúria e hematúria) ou líquidos da 
hidrocele. Nestes casos, o material 
obtido deve ser analisado usando 
técnicas de concentração. 
 
OBS: A biópsia é pouco utilizada, pois 
detecta verme adulto 
IMUNOLÓGICO E SOROLÓGICO 
Os testes sorológicos para pesquisa 
de anticorpos não são utilizados para 
o diagnóstico da filariose linfática, pela 
sua baixa especificidade e possibilidade 
de ocorrência de reações cruzadas 
com antígenos de outros helmintos, 
comuns em áreas endêmicas da 
parasitose. Outra limitação da pesquisa 
de anticorpos é a dificuldade em se 
distinguir indivíduos parasitados 
daqueles já curados, ou daqueles não 
infectados, mas constantemente 
expostos a antígenos do parasito na 
área endêmica. Devido a sua baixa 
sensibilidade e especificidade, a 
detecção de anticorpos não é 
utilizada, sendo substituída pela 
pesquisa de antígenos solúveis de W. 
bancrofti. 
A pesquisa de antígenos solúveis é 
feita pelo ensaio imunoenzimático 
(ELISA) com soro (resultado 
semiquantitativo), ou por 
imunocromatografia rápida em cartão 
(ICT) com resultado qualitativo 
(positivo/negativo) usando sangue total 
ou soro do paciente. 
MOLECULAR 
PESQUISA DE DNA DO PARASITO 
A reação em cadeia da polimerase 
(PCR) é bastante sensível para 
amplificar sequências específicas do 
DNA da W. bancrofti em diversos 
líquidos biológicos como sangue, urina 
e até saliva de pacientes. É capaz de 
amplificar DNA em amostras coletadas 
no período diurno, e diagnosticar 
especificamente infecções pela W. 
bancrofti em áreas onde coexistem 
outros filarídeos. A PCR também é 
utilizada em estudos epidemiológicos 
para o diagnóstico da infecção nos 
mosquitos vetores. 
EXAMES DE IMAGENS 
A ultrassonografia pode ser usada 
para detectar a presença e localizar 
vermes adultos vivos, principalmente 
nos vasos linfáticos escrotais de 
pacientes microfilarêmicos 
assintomáticos 
 
Exames complementares como a 
linfocintigrafia são recomendados para 
a análise de vasos linfáticos dos 
membros do paciente 
A radiologia é um recurso para 
evidenciar lesões pulmonares e que 
pode auxiliar no diagnóstico da 
eosinofilia pulmonar tropical (EPT) na 
infecção filarial. 
DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO NO 
VETOR 
O diagnóstico da infecção dos insetos 
vetores é uma ferramenta 
complementar importante em áreas 
onde programas de eliminação da 
bancroftose estão sendo 
implementados, pois permite, 
juntamente com a determinação das 
taxas de prevalência da infecção 
humana, monitorar a eficácia das 
estratégias de controle adotadas. 
A pesquisa de larvas de W. bancrofti 
no vetor pode ser feita pelo método 
tradicional de dissecção individual dos 
insetos e pela identificação 
microscópica do parasita. Esta técnica 
permite a identificação específica das 
larvas 
TRATAMENTO 
ESPECÍFICO – QUIMIOTERÁPICO 
O tratamento da filariose linfática é 
indicado para todos os individuos com 
infecção ativa, independente de 
apresentarem ou não manifestações 
clínicas relacionadas com a presença 
do parasito. Visa prevenir a morbidade, 
corrigir as alterações provenientes do 
parasitismo, e interromper a 
transmissão para novos hospedeiros. 
Contra o parasito, o medicamento 
utilizado é o citrato de 
dietilcarbamazina (DEC). O fármaco 
induz um rápido e marcante 
desaparecimento das microfilárias da 
circulação sanguínea, e o efeito é 
observado já nas primeiras horas após 
o início do tratamento. 
A DEC também possui considerável 
ação sobre os vermes adultos. e é o 
medicamento de escolha para os 
casos de eosinofilia pulmonar tropical 
(EPT), na qual acentuada melhora 
clínica ocorre poucos dias após o 
início do tratamento e a função 
pulmonar retorna ao normal se os 
danos no órgão não foram extensos. 
O uso da DEC diminui 
significativamente os quadros agudos 
e reduz o desenvolvimento de lesões 
linfáticas (quando em fase inicial), mas 
pacientes com intensa hidrocele ou 
elefantíase não apresentam melhora 
após o tratamento. 
Têm-se tentado novos fármacos e 
esquemas terapêuticos alternativos 
para o tratamento da parasitose, 
principalmente pelo uso combinado de 
DEC com ivermectina ou albendazol. 
A ivermectina, um fármaco 
semissintético de largo espectro, tem 
sido utilizado em diferentes regiões 
endêmicas para a filariose linfática. 
Esse medicamento é muito eficaz na 
redução da microfilaremia em dose 
única, mas não atua sobre os vermes 
adultos, não eliminando 
completamente a infecção 
Outro medicamento que tem sido 
estudado, o albendazol, não tem 
efeito microfilaricida em curto prazo 
quando administrado em dose única. 
Independente do efeito sobre a W. 
bancrofti, o uso do albendazol 
associado à DEC é recomendado pelo 
seu largo espectro anti-helmíntico, 
uma vez que pacientes com filariose 
linfática frequentemente apresentam 
coinfecção com parasitos intestinais, 
presentes nas áreas onde 
predominam baixo nível 
socioeconômico e carência em 
saneamento. A OMS recomenda o 
tratamento do hospedeiro com duas 
drogas simultaneamente (DEC + 
ivermectina ou albendazol) 
INESPECÍFICO: CONTROLE DA 
MORBIDADE 
Para o tratamento do linfedema, 
recomenda-se a higiene local com uso 
de água, sabão e, quando necessário, 
administração de antimicrobianos e 
antifungicos tópicos ou 
antimicrobianos sistêmicos, para 
combater infecções secundárias 
bacterianas e/ou fúngicas que 
agravam o quadro. 
A higiene do membro afetado, o uso 
de compressas frias, fisioterapia ativa, 
drenagem postural e repouso, 
diminuem o edema linfático, mesmo 
aqueles avançados, reduzindo as 
chances de evolução para elefantíase. 
Deve-se regularmente exercitar o 
membro afetado pelo linfedema, para 
promover o fluxo da linfa, e melhorar 
o retorno linfático e venoso. O uso de 
meias elásticas, por compressão 
externa, auxilia na redução do edema. 
MONITORIZAÇÃO DE LONGO 
PRAZO (12 MESES) 
I: Assegurar a adesão ao tratamento 
II: Avaliação do sangue periférico à 
pesquisa de microfilárias 
III: Monitorar possível infecção com 
outras parasitoses 
 
 
PROFILAXIA 
I: Tratamento de indivíduos 
parasitados (DEC ou DEC + 
Ivermectina) 
II: Combate ao inseto vetor 
III: Saneamento básico 
IV: Áreas endêmicas: Tratamento em 
massa (DEC: 6/6 meses) 
V: Áreas de baixa endemicidade: 
busca ativa e tratamento seletivo 
VI: Eliminação de criadouros 
peridomiciliares e combate às larvas 
VII: Medidas de proteção individual 
VIII: Educação em saúde e 
saneamento ambiental 
IX: OMS: Eliminação da filariose 
linfática no Brasil (Alagoas, Bahia, Pará, 
Rio Grande do Sul e Santa Catarina já 
eliminado) 
X: Quimioterapia preventiva; controle 
de vetor; manejo da morbidade; 
prevenção da incapacidade

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