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APG 06 - Parasitoses 1. Compreender a fisiopatologia, ciclo de vida, manifestações clínicas, diagnóstico, epidemiologia, etiologia, tratamento e transmissão da ascaridíase, teníase, enterobíase e esquistossomose. Ascaridíase Provocada pelo helminto Ascaris lumbricoides, pertencente ao filo Nematoda, a qual acomete o intestino delgado humano As principais características que definem esse helminto são: corpo alongado, cilíndrico, fino e com extremidades afiladas; cobertura de cutícula lisa, brilhante e que contém duas linhas claras distribuídas longitudinalmente; ausência de segmentação e de ventosas; coloração que geralmente admite um branco-marfim ou um leve rosado, quando localizado no lúmen intestinal do hospedeiro; e duas extremidades, uma anterior e outra posterior Ademais, há dimorfismo sexual na espécie, com a fêmea exibindo sua extremidade posterior cônica e retilínea e o macho apresentando-a um pouco mais afunilada e encurvada para a superfície ventral Os ovos férteis são postos com o envoltório mais espesso, apresentam formato ovoide e são relativamente menores que os inférteis, que apresentam formato mais alongado O hábitat preferencial do A. lumbricoides é o lúmen do intestino delgado. Apesar de se concentrarem no jejuno e no íleo, os metazoários também podem ser encontrados, em menor quantidade, no duodeno e no estômago. Entretanto, em infecções intensas, todo o intestino delgado pode estar acometido. Nessas circunstâncias, a ocupação pelo helminto também pode ocorrer em lugares menos comuns, como: vias biliares, ducto pancreático, apêndice cecal, vias do trato urinário, laringe, traqueia e aparelho lacrimal. Desse modo, pode acontecer a eliminação do metazoário pelos olhos, pelo nariz, pela boca e pelo ânus. O A. lumbricoides pode permanecer fixo, aderido à mucosa graças aos seus fortes lábios, causando a espoliação do hospedeiro, ou pode se movimentar livremente por toda a extensão do intestino, migrando de um local para outro O patógeno se alimenta dos macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios) já digeridos em sua forma monomérica no lúmen intestinal do hospedeiro; mas, igualmente possuem, caso necessário, as enzimas específicas para a digestão dessas substâncias. Outrossim, eles também se nutrem de vitaminas, principalmente A e C Ciclo de vida O ciclo evolutivo do A. lumbricoides é monoxênico, isto é, envolve apenas um hospedeiro. Os ovos, ainda não embrionados, são liberados através das fezes para o ambiente, onde se tornam embrionados caso este ofereça condições favoráveis. Os ovos embrionados dão origem ao primeiro estágio larval (L1) em cerca de 15 dias; após mais 7 dias, acontece a evolução para o segundo estágio larval (L2). Nessas duas primeiras etapas, as larvas são rabditoides e ainda não são infectantes. Somente após a evolução para o terceiro estágio (L3), que é filarioide, as estruturas larvares tornam-se infectantes, podendo permanecer no solo por até sete anos. Após a ingestão, os ovos atravessam o tubo gastrintestinal, para eclodir ao chegarem no intestino delgado. O rompimento do ovo ocorre devido às condições ambientais encontradas no local. As larvas L3, após saírem do ovo, migram para o intestino grosso e alcançam as correntes linfática e sanguínea após atravessarem a parede intestinal na altura do ceco. Em seguida, migram na direção dos pulmões, ao passarem, sequencialmente, pela circulação porta, pelo fígado, pela veia cava inferior, pelo coração e pela artéria pulmonar. Nos pulmões, essas larvas sofrem nova mudança e evoluem para L4, estágio que é alcançado em média cerca de 8 dias após a ingestão dos ovos. As larvas L4 então rompem os capilares pulmonares, ganhando acesso aos alvéolos, local onde elas amadurecem de L4 para L5. Dos alvéolos, as larvas L5 migram, sequencialmente, em direção à faringe, passando pela árvore brônquica, traqueia e laringe. Nesse ponto, elas são envolvidas pelo muco ali existente, o que lhes confere resistência ao ambiente ácido do estômago. Podem, então, ser expelidas do hospedeiro, a partir do reflexo da tosse, ou deglutidas. Nesse caso, quando chegam ao intestino delgado, se fixam e amadurecem dando lugar às formas adultas, concluindo seu ciclo biológico Fisiopatologia Envolve os danos teciduais, a resposta imunológica desencadeada pelo hospedeiro e a obstrução mecânica provocada pelo parasito. A migração das larvas descrita no ciclo evolutivo do A. lumbricoides pode provocar lesões teciduais. Se o enfermo está imunodeprimido ou a infestação tem maior magnitude, lesões mais graves podem ser observadas nos locais de passagem e instalação do metazoário. Nesse contexto, são destacadas micro-hemorragias e reações de hipersensibilidade do tipo I, desencadeadas pelo sistema imune em resposta à presença do helminto no organismo Os danos teciduais no pulmão – causados pela migração larval – ativam as respostas imunológicas inata, celular e humoral. Nesse processo, um intenso processo inflamatório eosinofílico se desenvolve no local da migração. A degranulação dessas células, com a liberação de mediadores inflamatórios e com a consequente reação inflamatória, caracteriza uma pneumonite no hospedeiro, expressa clinicamente como síndrome de Löffler O Ascaris lumbricoides adulto, ao se fixar à mucosa da parede intestinal, pode causar úlceras ou erosões, que justificam a espoliação por meio de perda de sangue e de proteínas. Manifestações clínicas Fases larvária (infecção aguda) e adulta (infecção crônica) do verme no hospedeiro A migração do Ascaris para sítios não habituais pode ser desencadeada pela administração de medicamentos anti-helmínticos. São descritos casos de pancreatite aguda (relacionados com a migração do verme para o ducto de Wirsung), colecistite aguda e colangite aguda (relacionados com a migração para o canal colédoco) A ação tóxica proveniente das reações antígenos-anticorpos no hospedeiro pode desencadear urticária e edema. Outras manifestações clínicas, como sono intranquilo, ranger de dentes e quadros de mudança comportamental (irritação) Em crianças, é comum a apresentação de alterações cutâneas como manchas esbranquiçadas e circulares no corpo, conhecidas popularmente como “pano branco” Diagnóstico É obtido encontrando-se ovos do helminto no exame parasitológico de fezes, o que é relativamente fácil de executar qualquer que seja a técnica de exame empregada, devido à grande capacidade de oviposição da fêmea do A. lumbridoides, de cerca de 200.000 ovos por dia Os quantitativos oferecem uma pesquisa mais precisa, pois é possível correlacionar a produção de ovos à carga parasitária. Os ensaios qualitativos mais utilizados são: método do esfregaço espesso de celofane, desenvolvido por Kato e Miurae, e as técnicas de Lutz ou de Hoffman, Pons e Janer. O método Kato-Katz é o procedimento que a OMS recomenda tanto para diagnóstico individual como para a quantificação do parasito e a produção de dados epidemiológicos, por se tratar de um exame simples e eficiente na detecção dos ovos no material fecal. Nos casos de infecção do hospedeiro apenas por A. lumbricoides macho, ou no período larval desse helminto, não haverá presença de ovos nas fezes, e o exame parasitológico será sempre negativo. As técnicas de sorologia não são indicadas para o diagnóstico de Ascaris, pois esses testes ainda são pouco sensíveis para essa parasitose No hemograma, é possível detectar eosinofilia, principalmente na fase larvária da doença, em geral não ultrapassando 20% na contagem diferencial. Esse é um traço comum das parasitoses que têm em seu ciclo evolutivo a fase pulmonar A radiografia abdominal – simples ou contrastada – pode detectar a presença do A. lumbricoides em sua fase adulta no hospedeiro, principalmente nos casos de obstrução intestinal. Nas infecções unissexuadas (macho), ela é uma alternativa para o diagnóstico dessa helmintíase. Na imagem, é possível perceber o “novelo” de parasitos nas alças intestinais, por vezes repletas de gás. Em alguns casos, em imagem obtida pelo contraste, verifica-se até mesmoa anatomia característica desse helminto. No entanto, a sensibilidade desse método no diagnóstico da ascaridíase é baixa Tratamento O tratamento da ascaridíase deve incluir, além dos medicamentos anti-helmínticos, medidas de educação e melhoria das condições de acesso à saúde, sem as quais as taxas de reinfecção permanecerão elevadas, anulando a médio prazo os efeitos do tratamento farmacológico. Epidemiologia Concentra-se principalmente em regiões tropicais e subtropicais, onde o clima quente e úmido confere melhores condições de sobrevivência no ambiente para o ovo do helminto. As condições de higiene da população também são importantes para propagação dessa helmintíase. Nessa lógica, os locais que têm saneamento básico ineficiente apresentam maior facilidade de transmissão do metazoário, já que a fonte de infecção é o próprio ser humano, que deposita os ovos larvados no ambiente por meio da defecação Embora a ascaridíase seja simples de ser tratada, ela é descrita como uma doença tropical negligenciada. Por essa razão, estima-se que aproximadamente 300 milhões de pessoas sejam intensamente infectadas, com a mortalidade aproximando-se de 60.000 óbitos por ano, cifra mais expressiva do que aquela observada em moléstias como as leishmanioses e a doença do sono No Brasil, a infecção por A. lumbricoides é um dos grandes problemas de saúde e está diretamente relacionada com fatores sociais, econômicos, culturais e ambientais. Há notificações de pessoas infectadas por toda a extensão territorial do país, com maior prevalência no Norte e no Centro-Oeste, seguidos pelo Nordeste, pelo Sudeste e pelo Sul, nessa ordem. Enterobíase A enterobíase – também conhecida como oxiuríase – é uma enfermidade parasitária causada pelo nematoide Enterobius vermicularis e tem ocorrência comum em crianças na faixa etária de 5 a 10 anos, mas raramente acomete infantes antes do segundo ano de vida. O agente etiológico, um parasito monóxeno, costuma habitar o lúmen intestinal humano, e a infecção, quando sintomática, é responsável por causar prurido anal de caráter intenso e produzir complicações locais e/ou em sítios ectópicos Os parasitos adultos são encontrados aderidos à mucosa ou livre e comumente na região cecal, no íleo e no cólon. Alimentam-se de microrganismos e materiais existentes nestes locais. A fêmea do nematoide migra para o ânus do hospedeiro, geralmente no período noturno, para depositar seus ovos Ciclo de vida O metazoário E. vermicularis apresenta ciclo biológico monoxênico. Quando grávidas, as fêmeas liberam seus ovos na região perianal do hospedeiro. Estes são maturados em 4 a 6 horas, na temperatura da superfície do corpo (cerca de 30°C). O intenso prurido perianal causado faz com que o paciente coce a região, facilitando a transferência dos ovos infectantes para a boca, através das mãos contaminadas (autoinfecção). Ao serem ingeridos, os ovos eclodem no intestino delgado, liberando larvas que irão se desenvolver até a forma adulta, enquanto se movem para o ceco. Por fim, os vermes copulam e dão início a um novo ciclo Fisiopatologia Os parasitos aderem à mucosa intestinal, causando um leve processo inflamatório, do tipo catarral, com possíveis pontos hemorrágicos. Geralmente, não há lesão anatômica, uma vez que não há penetração do verme na mucosa A infecção pelos enteroparasitos, normalmente, gera uma resposta imunológica complexa e múltipla, apesar de a maioria dos humanos ter um sistema imunológico capaz de combater a infecção. Quando essa ocorre, pode provocar eosinofilia. Tal condição deve-se à resposta imunológica Th2 provocada, na qual a interleucina-4 (IL-4) e a interleucina-5 (IL-5) são produzidas, estimulando também a produção de imunoglobulina E (IgE) pelos linfócitos B Manifestações clínicas Costuma ser assintomática, tendo como sintoma mais comum o prurido na região perianal com periodicidade regular, que pode se tornar muito intenso, principalmente durante a noite – o que pode originar significativa dificuldade para dormir –, devido à migração dos parasitos fêmeas Tal situação pode levar a uma irritação na região anal com proctite e vulvovaginite, pelo deslocamento das larvas para a região genital feminina, o que ocasiona prurido vulvar, desconforto vaginal e granulomas no útero, nos ovários e nas tubas uterinas. Pode ocorrer corrimento vaginal com características semelhantes a nata, além de os lábios se apresentarem eritematosos e edemaciados A região anal pode tornar-se recoberta de muco, pelo processo inflamatório provocado, às vezes sanguinolento, causando pontos hemorrágicos também no reto. Em consequência, principalmente, do prurido anal, poderá haver perturbações no sono e irritabilidade Pode ocorrer colite crônica, a qual causa fezes amolecidas ou diarreicas, emagrecimento e alterações do apetite. A participação do helminto em distúrbios do apêndice – apendicite e cólicas apendiculares – tem sido descrita mais recentemente Diagnóstico O exame de rotina de fezes não se mostra eficaz, em muitas situações, para a investigação da enterobíase. O diagnóstico é clínico, para a maioria dos casos, considerando o prurido anal como principal manifestação da enfermidade (quando esta é sintomática). Entretanto, o diagnóstico laboratorial pode ser realizado pelo método da fita transparente, ou celofane, conhecido também como método de Graham, sendo este o mais recomendado. O método de Graham deve ser realizado durante a manhã, antes da higiene na região anal. Quando presentes, os ovos irão aderir-se à fita gomada. Depois de descolada da pele, a fita será preparada em uma lâmina para análise microscópica Além da abordagem laboratorial, pode-se também realizar: a inspeção (1) do introito anal, a fim de identificar os vermes móveis – as fêmeas são finas e brancas, semelhantes a pedaços de fios de algodão –, ou ainda (2) das roupas íntimas e de cama, nas quais os helmintos móveis às vezes são visíveis Tratamento Epidemiologia Estima-se que aproximadamente 208 milhões de pessoas estejam infectadas pelo E. vermicularis. A doença tem altas taxas de prevalência em locais com significativa aglomeração de crianças, especialmente em faixa etária escolar, como em creches, orfanatos e instituições de ensino. A prevalência global infantil aumenta em 50% quando está associada a fatores socioculturais e ambientais A doença é mais frequente em climas temperados e frios, em comparação com os climas quentes. Tal fator pode estar relacionado com fatores culturais, como banhos e trocas de roupas íntimas menos frequentes Esquistossomose Os trematódeos Schistosoma mansoni passam por diferentes etapas de evolução, desde o hospedeiro invertebrado até o vertebrado (vermes adultos, ovos, miracídios, esporocistos, cercárias e esquistossômulos). Os metazoários adultos habitam o sistema porta hepático, com destaque para a veia mesentérica inferior. A fêmea, em fase adulta, tem característica mais alongada e pode ser encontrada em uma fenda do corpo do macho, denominada canal ginecóforo. Ciclo de vida O ciclo biológico do S. mansoni é complexo, sendo composto por duas fases parasitárias: uma no hospedeiro definitivo (vertebrado/humano) e outra no intermediário (invertebrado/caramujo). Em condições favoráveis se completa em torno de 80 dias. Há, ainda, duas passagens de larvas de vida livre no meio aquático, que se alternam com as fases parasitárias. No H. sapiens, o ciclo mostra-se sexuado, e o período decorrido entre a penetração das cercárias e o encontro de ovos nas fezes é de cerca de 40 dias. No molusco, o ciclo é assexuado e também dura, aproximadamente, 40 dias Os vermes adultos vivem nos vasos do sistema porta hepático do hospedeiro vertebrado. A cópula resulta da justaposição dos orifícios genitais masculino e feminino, quando a fêmea está alojada no canal ginecóforo (fenda longitudinal, no macho, para albergar a fêmea e fecundá-la). De fato, após a postura, cerca da metade destes ovos é eliminada pelas fezes, a partir de um processo de ulceração dos tecidos do hospedeiro definitivo, com vistasa alcançar o lúmen intestinal. A outra metade tem uma parte retida na parede do intestino e outra que retorna para a circulação sanguínea e aloja-se em diferentes tecidos, em especial no fígado. Ao entrar em contato com a água, os ovos maduros “incham”, eclodem e liberam larvas ciliadas, denominadas miracídios Eles ocorrem em locais onde não há rede de esgotos tratados e as fezes contaminadas são lançadas indevidamente em rios e lagos, tendo a chance de nadar ao encontro do hospedeiro intermediário, o caramujo (gênero Biomphalaria, no caso do S. mansoni). Essa forma apresenta grande capacidade de locomoção e afinidade quimiotática para moluscos, sendo que sua garantia de sobrevida depende diretamente do encontro com o hospedeiro intermediário. Assim, dá continuidade ao ciclo evolutivo do parasito. Ao penetrar nas partes moles do molusco, o miracídio perde parte de suas estruturas. As células remanescentes reorganizam-se e, em 48 horas, transformam-se em um saco alongado repleto de células germinativas. Esse saco é o esporocisto. Os esporocistos primários geram os secundários ou esporocistos-filhos e as células germinativas, destes últimos, são transformadas em cercárias As cercárias são atraídas pelo calor do corpo e pelos lipídios da pele humana; a penetração na cútis é consumada entre os folículos pilosos, com o auxílio das secreções histolíticas das glândulas de penetração e pela ação mecânica devido aos movimentos intensos da larva. Os esquistossômulos aclimatam-se às características orgânicas do meio interno humano, passando pelo tecido subcutâneo. Ao entrarem em um vaso, grande parte deles é alcançada pelo sistema imunológico do hospedeiro. Aqueles que conseguem escapar são transportados de maneira passiva até o coração direito, os pulmões, as veias pulmonares, o coração esquerdo, o sistema porta e as veias mesentéricas, até chegarem às alças intestinais, principalmente do sigmoide e do reto. Os esquistossômulos alcançam o sistema porta, seja por via sanguínea seja por meio transtissular. Uma vez aí alojados, são nutridos e desenvolvem-se, evoluindo para formas unissexuadas, machos e fêmeas, 28 a 30 dias após a penetração. Em seguida, migram, acasalados, pelo sistema porta, até a área de abrangência da artéria mesentérica inferior, local onde farão a oviposição. Quarenta dias após a infecção do hospedeiro, em média, os ovos podem ser notados no material fecal. Fisiopatologia A penetração ativa da pele ou da mucosa, executada pelas cercárias, independentemente da integridade dessas estruturas, pode desencadear variadas alterações locais. Do ponto de vista imunológico, a resposta do hospedeiro é ativada, com a consequente inflamação, por vezes significativa, caracterizada por um aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias, como fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina-1 (IL-1) e interferona gama (IFN-γ), o que expressa um tipo de resposta Th1 ao helminto. Assim, muitos pacientes apresentam lesões de urticária e prurido nas partes do corpo que entram em contato com a água contendo cercárias No que diz respeito à regulação da resposta imune inata ao esquistossômulo na pele, um aspecto importante é a produção local de citocinas – interleucinas 6, 10 e 12 (IL-6, IL-10 e IL-12) – e de quimiocinas CCL3, CCL4 e CCL11. O período pré-patente, ainda na fase aguda, completa-se com a produção de ovos – isto é, a oviposição. Mais tarde, acontece a migração dos ovos para diferentes tecidos, o que resulta em reações de hipersensibilidade de tipo IV, caracterizada pela formação do granuloma esquistossomótico. As manifestações cutâneas provocadas pelo esquistossômulo são, principalmente, fenômenos de hipersensibilidade tipo III Os esquistossômulos que sobrevivem à resposta imune inata à penetração cutânea, eventualmente, podem atingir os vasos linfáticos, provocando sua obstrução, além de ruptura e infiltração eosinofílica transitória. Manifestações clínicas Coincidindo com a oviposição (fase postural), 2 a 6 semanas após a infecção, surge, abruptamente, febre elevada que pode chegar a 40°C, de característica irregular e remitente, acompanhada de calafrios e sudorese profusa, mal-estar geral, lassidão, astenia, queixas respiratórias – tosse não produtiva (eventualmente com crise asmatiforme), broncospasmo e raramente dispneia –, anorexia, náuseas e vômitos (que podem ser intensos), mialgias e cefaleia. Ao lado desses sinais e sintomas, costuma sobrevir diarreia, precedida de cólicas, com numerosas evacuações, que podem conter muco. Podem ser encontrados fenômenos alérgicos como urticária e edema de Quinck. Ao exame físico, notam-se emagrecimento, desidratação, abdome distendido e doloroso à palpação, hepatoesplenomegalia dolorosa, linfonodomegalia, taquicardia e hipotensão arterial sistêmica. Em geral, a icterícia aparece, somente, nas formas clínicas mais graves. Na maioria dos pacientes, a forma aguda dura, em média, 4 a 8 semanas, podendo a hepatoesplenomegalia persistir por 2 a 3 anos após a terapêutica específica, mesmo que esta tenha sido bem sucedida. Leucocitose com eosinofilia intensa e discreta elevação de aminotranferases e de bilirrubinas podem ser observadas nos exames laboratoriais. Coceira do nadador Esta é uma reação inflamatória local, dificilmente visível na área de penetração cercarial, composta de edema e capilares dilatados, atribuída à liberação local de citocinas. A duração e a gravidade desta reação dependem da duração da “estadia” esquistossomular na derme. Uma reação de hipersensibilidade tipo III na pele foi descrita em expatriados, ao contraírem a infecção em áreas endêmicas Dermatite cercarial A erupção cutânea maculopapular pruriginosa temporária, de discretas dimensões, entre 1 e 3 cm, de apresentação maculoeritematosa, é consequente à penetração cutânea das cercárias. Embora patogeneticamente semelhante à coceira do nadador, esta reação visível desenvolve-se, de maneira mais branda, em pessoas sensibilizadas quando elas são reinfectadas por espécies esquistossomóticas não patogênicas para o ser humano Síndrome de katayama Esta é uma ocorrência tardia que pode surgir 4 a 8 semanas após a infecção, coincidindo com o amadurecimento do verme. O perfil de resposta imune superveniente é Th1 dominante. A síndrome caracteriza-se por febre, artralgia e vasculite cutânea. Eosinofilia e presença de IgM, em consideráveis concentrações no soro, são típicas. A maioria dos enfermos costuma recuperar-se espontaneamente após 2 a 10 semanas, mas alguns desenvolvem doença persistente e mais grave com perda de peso, dispneia e diarreia, dor abdominal difusa, toxemia, hepatoesplenomegalia e erupções cutâneas generalizadas. Ela pode evoluir rapidamente para fibrose hepática, esplenomegalia e hipertensão portal Broncopneumonia Pode ocorrer hiper-reatividade brônquica – com infiltrados pulmonares radiologicamente demonstráveis – durante a migração de esquistossômulos através dos capilares pulmonares. É atribuída, especialmente, às citocinas do padrão Th1. Descreve-se sua ocorrência em casos de superinfecção, em pessoas previamente infectadas Esquistossomose mansônica crônica Findada a fase aguda, o quadro clínico regride, permanecendo a maioria dos pacientes assintomáticos. As manifestações clínicas podem retornar futuramente, sobretudo (1) em razão de repetidas exposições do indivíduo a reinfecções – nos focos endêmicos, com aumento da carga parasitária – e (2) da história natural da doença, a qual pode progredir para quadros de evolução crônica Formas intestinal e hepatointestinal São consideradas formas brandas e são estudadas em conjunto, pois a hepatointestinal é caracterizada pela intestinal, acrescida de hepatomegalia. Deve-se destacar que a observação da forma intestinal isolada é evento raro Com maior frequência, podem ser encontrados sintomas dispépticos, caracterizados por anorexia, sensação de plenitude gástrica, náuseas, vômitos, pirose e flatulência. A apresentação clínica geral pode associar-se a dor abdominal em cólica, difusa ou localizada na fossailíaca direita, acompanhada por pontuais episódios diarreicos – fezes líquidas ou pastosas, frequentemente de três a cinco evacuações por dia, ou disentéricas (fezes líquidas, com a presença de muco e sangue) – associados a tenesmo. As cólicas abdominais têm por característica, precederem a defecação e depois desaparecerem. Ao exame físico, podem ser encontrados alguns achados, como emagrecimento e hepatomegalia, com o fígado palpável de 2 a 6 cm abaixo do rebordo costal direito e a alguns centímetros abaixo do apêndice xifoide, tipicamente indolor e com superfície irregular, em que é possível palpar uma borda fina e de consistência aumentada muito característica. O baço não é percutível e, tampouco, palpável. A palpação abdominal costuma, ainda, permitir a identificação de alterações na fossa ilíaca esquerda, com dor e “endurecimento” do sigmoide, achado semiológico denominado “corda cólica sigmoidiana”. Forma hepatoesplênica Caracteriza-se pelo envolvimento do fígado e do baço no processo patológico, bem como pela existência de sinais de hipertensão porta. Costuma ocorrer em pacientes crônicos e com cargas parasitárias importantes, a partir da segunda ou da terceira década de vida. Os pacientes podem manter-se estáveis, oligossintomáticos, apresentando – contudo – algum grau de disfunção orgânica, quando submetidos a determinados fatores desencadeantes, tais como esforços físicos extenuantes, excessos alimentares ou trabalhos exaustivos. A forma hepatoesplênica pode ser classificada como compensada ou descompensada Na forma hepatoesplênica compensada, junto dos sintomas digestivos e gerais já relatados nas formas intestinal e hepatointestinal – como sensação de plenitude gástrica pós-prandial, azia, dor abdominal vaga e difusa – associam-se a hipertensão portal e a esplenomegalia, podendo evoluir com fenômenos hemorrágicos, como hematêmese e melena, sem manifestação de doença hepatocelular e, portanto, sem a presença de lesão significativa do parênquima hepático. Na forma hepatoesplênica descompensada, também denominada avançada, encontra-se o quadro correspondente à falência hepática crônica grave – como “hálito hepático”, volumosa ascite, edema dos membros inferiores, icterícia, telangiectasias (aranhas vasculares), eritema palmar, ginecomastia e queda de pelos (sobretudo torácicos, axilares e pubianos) – e esplenomegalia mais acentuada que hepatomegalia, com baço palpável, que pode ser percebido ao nível da cicatriz umbilical ou ultrapassá-la. Forma vascular pulmonar O acometimento está associado à forma hepatoesplênica da parasitose. Acredita-se que, pela hipertensão portal encontrada nesta última forma, um desvio portossistêmico permita a entrada de ovos do helminto na circulação pulmonar, o que resulta em inflamação granulomatosa. A partir deste processo, instaurado por antígenos esquistossômicos, uma cascata iniciada pelas interleucinas IL-4 e IL-13, que produzem fator de transformação do crescimento beta (TGF-β), contribua para um remodelamento da vasculatura pulmonar Clinicamente, são encontradas duas principais formas de apresentação da doença vascular pulmonar: a hipertensiva e a cianótica. A hipertensiva, a mais prevalente, manifesta-se por dispneia associada aos esforços, bem como tosse seca, ou com secreção viscosa, por vezes com hemoptoicos. No entanto, em outros casos pode apresentar-se com dor torácica constritiva, febre, sinais de bronquite ou broncopneumonia. Manifestações alérgicas com crises asmatiformes podem estar presentes. Além disso, astenia ou fadiga extrema, rápida perda ponderal, anorexia e sinais de insuficiência cardíaca podem ser observados. Ao exame físico, encontra-se um comprometimento do estado geral, dedos em baqueta de tambor, turgência jugular, congestão hepática e pulmonar, hepatomegalia dolorosa, ausculta respiratória com roncos, sibilos e frêmito toracovocal aumentado e áreas de submacicez, além de edema de membros inferiores, ausculta cardíaca com hiperfonese e desdobramento de B2. A dilatação da artéria pulmonar pode propiciar o aparecimento de sopro diastólico. A evolução dos casos segue um curso usual até a progressão para o cor pulmonale. Também há casos sem sintomas de localização pulmonar, evoluindo silenciosamente, até que se instale um quadro súbito de insuficiência circulatória com dispneia, a qual se torna progressivamente mais grave, associada a palpitações, tonturas e tosse com escarros hemoptoicos. A forma cianótica é mais observada em indivíduos do sexo feminino (proporção de 2:1) e em portadores de esplenomegalias ou pacientes já esplenectomizados. Apresenta-se com cianose geralmente discreta – atribuída a microfístulas arteriovenosas –, sobretudo nas extremidades, e dedos em baqueta de tambor Forma pseudoneoplásica A forma tumoral, ou pseudoneoplásica, é bastante rara, podendo simular adenocarcinoma de cólon, por apresentar-se como pólipos únicos ou múltiplos, estenoses ou vegetações de origem tumoral, as quais crescem para o lúmen intestinal. As manifestações clínicas, nesses casos, abrangem a anorexia, a dor abdominal, intensa e difusa (forma polipoide) e a enterorragia, além de obstrução intestinal, emagrecimento progressivo, tumoração palpável e distensão abdominal. Nefropatia esquistossomótica Os enfermos podem apresentar distintas alterações clínicas e laboratoriais, tais como proteinúría, hematúria, cilindrúria e, em algumas circunstâncias, hipertensão arterial sistêmica e insuficiência renal crônica Formas ectópicas A neuroesquistossomose advém da resposta inflamatória aos ovos que alcançam o sistema nervoso central (SNC), provavelmente por quatro mecanismos Tal forma clínica inclui sinais e sintomas de aumento da pressão intracraniana, mielopatia e radiculopatia. As lesões podem evoluir para cicatrizes gliais irreversíveis, se não tratadas. A neuroesquistossomose mansônica da medula espinal é mais frequentemente sintomática. Anteriormente vista como uma condição rara, o acometimento medular tem sido cada vez mais diagnosticado em pacientes de áreas endêmicas da EM. O espectro clínico varia de leve a formas muito graves e, até mesmo, as subclínicas ou assintomáticas. Tanto a intensidade quanto a gravidade dos sinais e dos sintomas podem variar em um mesmo enfermo durante a evolução da doença. De acordo com as manifestações clínicas, a neuroesquistossomose mansônica medular pode ser classificada em três modalidades distintas: síndrome equina espinal, mielorradiculopatia e cone-caudal. Na forma equina espinal, a medula espinal é predominantemente comprometida, sendo a mais grave entre as três e com o pior prognóstico. São sintomas da coluna a dor lombar, a dor radicular nos membros, a fraqueza muscular, a perda sensorial e a disfunção da bexiga. Diagnóstico Exames parasitológicos Entre elas, a mais utilizada é a técnica de Kato-Katz, a qual possibilita a visualização e a contagem dos ovos por grama de fezes, fornecendo um indicador quantitativo que permite avaliar a intensidade da infecção e a eficácia do tratamento. Há também a técnica de Lutz ou Hoffman, Pons e Janer (HPJ), que usa métodos de sedimentação espontânea. Em geral, observam-se ovos contendo miracídios bem formados e viáveis. Os ovos dos helmintos começam a ser eliminados nas fezes a partir da sexta semana após a infecção, ou seja, a partir de 40 dias após a entrada da cercária no organismo humano. A biopsia retal só é empregada em situações especiais. Utilizando-se um retossigmoidoscópio, retiram-se, com pinça de biopsia, fragmentos da mucosa intestinal em diferentes pontos das válvulas de Houston. Ao exame microscópico, é possível avaliar – perfeitamente – os ovos imaturos ou maduros, vivos ou mortos, e eventualmente a reação granulomatosa que os envolve, o que possibilita a classificação e a contagem dos ovos. Na forma crônica, sem hipertensão portal, apresenta 80% de positividade, contra 50% do exame parasitológico de fezes, mas, quando há hipertensão portal, tal exame apresenta rendimento inferior ao parasitológico de fezes. As biopsias tissulares(intestino, fígado) também fornecem o diagnóstico na avaliação histopatológica Métodos imunológicos As reações imunológicas são mais empregadas na fase crônica da doença (mostram-se positivas a partir do 25o dia). Sua importância aumenta com a progressão (cronicidade) da entidade nosológica. Os principais ensaios são: (1) a intradermorreação (apropriada para inquéritos epidemiológicos e para o diagnóstico dos doentes não oriundos de área endêmica, com quadro sugestivo de estarem apresentando alterações relacionadas à fase pré-postural), (2) as reações de fixação do complemento, (3) a imunofluorescência indireta, (4) a técnica imunoenzimática (enzyme-linked immunosorbent assay – ELISA) e (5) o ELISA de captura. Os testes sorológicos apresentam sensibilidade e especificidade suficientes e revelam-se úteis, principalmente, em áreas de baixa prevalência da doença, ou em pacientes com baixa parasitemia e imunodeprimidos – mormente os portadores do HIV. No entanto, não apresentam praticidade na rotina diária Pesquisa de antígenos A detecção da circulação antigênica oriunda dos vermes adultos ou dos ovos, com anticorpos monoclonais marcados ou anticorpos policlonais, no soro, na urina ou no escarro de indivíduos infectados, é outra técnica promissora que pode, eventualmente, suplantar os métodos tradicionais de diagnóstico. Métodos moleculares A reação em cadeia de polimerase (PCR) pode ser empregada para a identificação do ácido nucleico do trematódeo em diferentes espécimes biológicos – fezes e sangue –, demonstrando-se boa sensibilidade e boa especificidade Tratamento Epidemiologia A esquistossomose mansônica é uma doença de ocorrência tropical, registrada em 54 países, principalmente na África, ao leste do Mediterrâneo e nas Américas. Na América do Sul, destacam-se a região do Caribe, a Venezuela e o Brasil. Na África e ao leste do Mediterrâneo, atinge as regiões do Delta do Nilo, além de países como Egito e Sudão. No Brasil, é uma endemia que afeta 19 unidades federativas. Cerca de 99% dos casos estão concentrados nas regiões Nordeste e Sudeste. Está presente, de modo endêmico, do Maranhão até Minas Gerais, com focos no Pará, no Piauí, no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Paraná, em Santa Catarina, em Goiás, no Distrito Federal e no Rio Grande do Sul. Apresenta baixa letalidade, e as principais causas de óbito estão relacionadas às formas clínicas graves. Entre 2002 e 2011, registraram-se, em média, cerca de 500 mortes anuais pela doença no país Nos anos 1990, utilizou-se análise sorológica quantitativa para estudar a exposição a infecções em estágios adultos de Schistosoma em crianças pequenas. Tais estudos indicaram que 79% dos infantes com idade entre 4 meses e 6 anos, mostraram indícios de exposição à infecção esquistossomótica Teníase O verme adulto é grande, achatado e esbranquiçado, e consiste de três partes: a cabeça (escólex), o pescoço e um corpo segmentado, todas recobertas por um tegumento através do qual o patógeno absorve nutrientes e elimina suas excreções. O escólex é equipado com ganchos e/ou ventosas (dependendo da espécie), estruturas que possibilitam à tênia ligar-se ao intestino do hospedeiro. Cada segmento corporal, denominado proglote, tem um conjunto completo de órgãos reprodutores (as tênias são hermafroditas), o que viabiliza a produção local de ovos. Ciclo de vida O ser humano é o único hospedeiro definitivo de T. saginata, T. solium e T. asiatica. Ovos e/ou proglotes grávidas são eliminados nas fezes dos pacientes afetados, contaminando o meio ambiente (solo, pastagens, água), onde os ovos conseguem sobreviver por dias a meses. O gado bovino e os porcos se tornam infectados por suas respectivas espécies de Taenia, ao ingerirem vegetação contaminada com ovos ou proglotes grávidas. No intestino de tais animais, após ação do suco gástrico e da bile sobre os ovos, as oncosferas eclodem e invadem a parede intestinal, ganhando acesso à circulação sanguínea, através da qual chegam à musculatura esquelética e cardíaca. Nessa região, a forma larvária tecidual, o cisticerco, segue o seu desenvolvimento, adquire o protoescólex e torna-se infectante para o ser humano cerca de 60 dias depois. No organismo do hospedeiro intermediário, o cisticerco pode sobreviver por vários anos. Manifestações clínicas Em verdade, muitos pacientes são assintomáticos Quando presentes, os principais sintomas são: náuseas, vômitos, anorexia, diarreia, epigastralgia, cólicas abdominais, perda de peso, insônia e manifestações cutâneas de hipersensibilidade (prurido e urticária). Pode haver ainda constipação intestinal, irritabilidade, cefaleia e vertigens, além da possível oclusão de orifícios e ductos naturais do sistema digestório, ocasionando apendicite aguda, colangite ou pancreatite aguda. Por vezes, os pacientes (mesmo assintomáticos) relatam a eliminação intermitente de proglotes nas fezes ou, no caso da T. saginata, espontaneamente através do ânus, o que se constitui em pista diagnóstica importante. Raramente pode ocorrer regurgitação das proglotes ou sua aspiração para as vias respiratórias. Diagnóstico A pesquisa de ovos nas fezes pode ser realizada pelos métodos de sedimentação espontânea (Hoffman, Pons e Janer) e de centrífugo-flutuação (Faust). Como os ovos da T. saginata podem ser depositados nas áreas perianais, podem ser detectados por swab anal, assim como pela prova da fita adesiva (teste de Graham). De modo geral, métodos sorológicos, como a hemaglutinação indireta, a imunofluorescência indireta e o ELISA, têm sido indicados quando a pesquisa parasitológica se revela ineficaz. Tratamento De modo similar a todas as doenças por cestoide, o tratamento mais usado e eficaz para a teníase é realizado com a administração de dose única de praziquantel, um derivado sintético hetecocíclico da isoquinolina-pirazina O mecanismo de ação do praziquantel envolve a indução de alterações estruturais no tegumento da tênia, provocando aumento da permeabilidade ao cálcio. Em consequência, íons de cálcio se acumulam no citosol do verme adulto, provocando alteração de sua atividade muscular e posterior paralisia, o que causa o deslocamento de suas aderências no intestino e a subsequente expulsão por meio do peristaltismo intestinal. A ação terapêutica do praziquantel parece envolver também a participação do sistema imune do hospedeiro, considerando que a lesão da membrana tegumentar do patógeno provoca a exposição de antígenos do mesmo ao sistema imune Epidemiologia A teníase por T. saginata é descrita no mundo inteiro, com elevadas taxas endêmicas na África, no Oriente Médio, na Ásia Central e na América Latina. A forma decorrente da T. solium apresenta maiores taxas endêmicas na América Latina, com baixa prevalência nas comunidades judaicas em razão de questões de cunho religioso e dietético; afinal, judeus ortodoxos não consomem carne suína.
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