Buscar

Resenhas TGE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS
BACHARELADO EM DIREITO
Fernando Viana de Carvalho de Júnior
TEORIA GERAL DO ESTADO:
Resenhas
Vitória da Conquista – Ba
2013
Fernando Viana de Carvalho de Júnior
TEORIA GERAL DO ESTADO:
Resenhas
Resumo apresentado à disciplina de Teoria Geral do Estado e Ciência Política do curso de Bacharelado em Direito da Faculdade de Tecnologia e Ciências.
Orientador Prof.: Doutorando Fernando Brito
Vitória da Conquista – Ba
2013
SUMÁRIO
	1. O Contrato Social ..............................................................................................
	04
	2. O Leviatã ..........................................................................................................
	08
	3. Guerra do Fogo ................................................................................................
	12
	4. Instinto ..............................................................................................................
	15
	5. Julgamento de Cesare Battisti pelo Supremo Tribunal Federal ........................
	17
	Referências ...........................................................................................................
	27
O CONTRATO SOCIAL 
O Contrato social é visto como a obra prima de seu autor Jean Jacques Rousseau que também é autor obras como “Emilio, A nova Heloisa, Confissões e juiz de Jean-Jacques”. Nesta obra, o filosofo iluminista, romancista, teórico e compositor suíço, defende a ideia de que o poder político de uma sociedade provem do povo e apenas dele. Com este ensaio impactante Rousseau lança os conceitos de povo soberano e de igualdade de direitos entre os homens, isso em meio a uma Europa majoritariamente monarquista e defensora da legitimação sobrenatural dos governantes, o que fez com que sua obra fosse censurada em alguns países. Apesar das censuras e perseguições o contrato social influenciou diretamente a revolução francesa e nos rumos de toda a historia do direito da justiça e na política como em nenhuma outra. É importante ressaltar também que a visão de Rousseau em relação ao contrato social e completamente diferente da de Tomas Hobbes e Jon Locke, pois para Rousseau o homem é bom por natureza e é a sociedade quem o corrompe.
Para Rousseau a família é a mais natural e antiga instituição social, pois é ai que se encontram as primeiras relações sociais do individuo, segundo Rousseau os filhos só permanecem ligados ao pai de maneira natural enquanto tem necessidades a serem supridas. Seguindo este raciocínio Rousseau faz uma analogia entre família e estado dizendo que “É a família, portanto o primeiro modelo das sociedades políticas, o chefe é a imagem do pai, o povo a imagem dos filhos, e havendo nascido todos livres e iguais, ‘não alienam a liberdade a não ser em proveito próprio’. A diferença consiste em que, na família, o amor do pai pelos filhos o compensa dos cuidados que dispensa a eles, enquanto, no estado, o prazer de comandar substitui esse amor, que o chefe não tem por seu povo.” E é nisso que o contrato social se sustenta, pois Rousseau diz que em prol de um interesse coletivo e maior a liberdade deve ser alienada em parte para o estado trazendo igualdade a todos e fazendo do estado parte de cada pessoa e do estado um todo de muitas pessoas.
Para Rousseau o inicio do contrato social se deu quando os indivíduos se uniram, para superar obstáculos que não conseguiam vencer em seu estado natural. Portanto o ponto essencial para existência deste contrato é o fato das pessoas terem escolhido passar do estado natural para o estado civil, no intuito de preservar os direitos naturais de igualdade e liberdade, o maior motivo disso sem duvidas é a proteção do bem material. Sem isso hoje não teríamos a teoria de igualdade que consta na constituição federal brasileira, ao fundamentar este tratado Rousseau estava mudando todo o rumo da historia nos cinco continentes, apesar de à ideia ter sido excelente e de ter gerado inúmeras mudanças políticas e sociais no mundo as idéias expostas em o contrato social hoje não são seguidas na pratica pois a teoria de igualdade entre os homens defendida por Rousseau não vigorou na pratica infelizmente. 
Ao falar sobre a escravidão, inicia Rousseau dizendo o seguinte: “Se o homem não tem poder natural sobre seus iguais, se a força não produz direito, restam-nos as convenções, que são o esteio de toda a autoridade legítima entre os homens” trecho que mostra seu texto se formos analisá-lo de acordo com a situação contemporânea meio utópico pois hoje manda aquele que tem mais dinheiro ou poderio bélico e militar 
Acaba que todos nós estamos a mercê daqueles que possuem mais recursos financeiros, fazendo do convívio sócio globalizado uma plaga sem leis deixando completamente de lado a ideia de igualdade entre todos.
Conclui Rousseau também que o direito de escravidão é nulo e ilegítimo, nada significando. Isto porque escravidão e direito seriam palavras contraditórias e que se excluem. Ele sugere isso expondo o absurdo da seguinte hipótese: “Será sempre igualmente insensato o seguinte discurso de um homem a outro, ou de um homem a um povo: Faço contigo uma convenção totalmente em meu proveito, e totalmente em teu prejuízo, a qual hei de observar enquanto quiser, e tudo hás de observar enquanto for de meu agrado” Rousseau diz isso pois é impossível existir um tratado onde só um lado ganha e o outro apenas perde, algo relevante sobre este assunto nos tempos atuais é a relação contratual banco/cliente, pois neste tipo de contrato na maioria das vezes os ganhos do banco são 100% maiores do que os que o cliente leva pra casa . Para Rousseau a igualdade é a base do convívio em sociedade, porém, em nem um trecho de sua obra ele faz menção as classes sociais que sem duvida hoje é o que mais divide as pessoas criando meio que uma hierarquia psicológica. 
Rousseau ao expor a ideia de que um povo dar a si próprio a um rei, ou ao seu poder, afirma que este povo é, acima de tudo, povo. E ser povo é um ato civil, ou seja, supõe decisão, definição ou determinação, algo que o povo de hoje parece não ter ciência. Rousseau se mostra um visionário a frente do seu tempo em sua obra, talvez por isso ele em alguns momentos pareça tão utópico, um trecho que deixa isso muito evidente é quando ele diz: “Cumpre notar ainda que a deliberação pública, que pode obrigar todos os súditos ao soberano, por causa de duas relações diferentes, sob as quais se olha cada um deles, não pode, pelo motivo oposto, obrigar a si mesmo o soberano; e é, por conseguinte, contra a natureza do corpo político impor-se o soberano uma lei que não possa infringir; não se podendo considerar que, sob uma e mesma relação, fica então no caso de um particular contratando consigo mesmo; daqui se infere que não há nem pode haver alguma espécie de lei fundamental obrigatória para o corpo do povo, nem mesmo o contrato social; o que não significa não poder esse corpo empenhar-se com outro, no que não derroga o contrato, pois, a respeito do estrangeiro, ele se torna um ente simples, ou um indivíduo”.
Além disso, esquecer o ato que dá existência ao corpo político seria destruir-se. O dever e o interesse obrigariam, desta forma, as duas partes contratantes a mutuamente se ajudarem, cuidando os mesmos em alcançar as vantagens que dessa relação dupla dependem.
O soberano, sendo formado por seus interesses, não tem e nem teria interesses contrários aos deles. Deste modo, o poder soberano não teria necessidade de sofrer nenhuma garantia por parte da população.
Este pensamento de Rousseau é interessante, no entanto esta muito distante da realidade atual. Isto seria algo como o seguinte: O Brasil é uma república que possui um governo democrático. Por esta razão, os seus governantes só agem em favor do povo e do interesse público. Destaforma, seguindo este raciocínio, por exemplo, os direitos e as garantias fundamentais da população brasileira não precisariam ser expressos no texto da constituição federal. 
 	Em sua obra Rousseau também expõe a diferença que existe entre estado e governo segundo ele o primeiro só existe por meio de um governo e o governo só pode ter por vontade o que esta na lei e a sua força só pode ser na esfera publica e o seu interesse é o mesmo do interesse geral, com isso podemos notar que para Rousseau a lei tem estrema importância na esfera social, tanto no que diz respeito às relações povo e estado como no que diz respeito ao pessoa a pessoa. 
Outro ponto, do pensamento de Rousseau que chama atenção é o fato de ele entender que seria interessante se o Estado fosse passivo com todas as religiões e crenças e que essas fossem tolerantes umas com as outras, isto é, Rousseau já vislumbrava uma liberdade de crença mesmo que de maneira parcial em relação ao que é previsto hoje no artigo quinto da nossa constituição. Essa liberdade de religião se faz parcial em Rousseau, devido sua crença de que o Estado deveria usar a lei para banir qualquer religião que fosse socialmente prejudicial, desta forma, tolhendo essa liberdade de religião aos interesses do Estado, já que as doutrinas de uma religião não poderiam estar em nenhum momento de encontro aos ideais do próprio Estado.
Mediante a leitura, eu pude inferir que o contrato social é um livro cheio de idéias revolucionarias que vieram para marcar época mudando o rumo de toda a história, foi uma das obras que marcou os ideais da Revolução Francesa podendo ser estendida até os dias atuais, pois firma a construção da noção de Estado moderno. Muitas das idéias expostas no livro se fossem realmente aplicadas no estado moderno tanto pelo povo quanto pelo governo sem duvidas nos viveríamos de maneira muito mais harmônica e favorável a todos.
O LEVIATÃ
O capitulo em questão trata sobre o interior do homem, voltando-se para natureza, dizendo que o a natureza fez o homem igual quanto às faculdades do corpo e do espírito, podendo até encontrar um homem mais forte de corpo do que outro ou de espírito mais vivo, mas quando olhamos para o conjunto não conseguimos ver que a diferença não é considerável.
 Nas faculdades do espírito encontram-se igualdades maiores ainda, podemos ver essa igualdade na concepção presunçosa da própria sabedoria, onde o homem acha que nem um homem é mais elevado do que a dele própria. Frase interessantíssima pra entendermos essa igualdade é que “não há, em geral, maior sinal de distribuição igual de alguma coisa do que o fato de um homem estar contente com a sua parte.
Quando dois homens não conseguem atingir metas que ambos desejam eles se tornam inimigos. Isso faz com que o homem se defenda, e não há melhor maneira de se defender se não for pela força e pela astúcia, dominar as pessoas e a quantidade de homens que poder.
Isso cria no homem a empatia pelo outro, tornando assim impossível o prazer na companhia um do outro quando não existe nem um poder que inspire respeito um ou outro.
A análise não é outro, se não encontrar no homem causa principais de discórdia que seria a competição, a desconfiança e a glória, fazendo o homem atacar por lucro, por segurança, por reputação. Necessariamente se faz o direito no meio da sociedade. Em uma situação de atrito entre os homens constante não se tem como existir comercio, mão de obra pro trabalho, navegações, não teríamos como sub-existir dentro de um estado constante de guerra entre si.
A condição de manter os pactos que foram feitos, e passar de geração em geração é importantíssimo, se não fosse esses pactos ainda viveríamos em estado de guerra.
 O direito chega com grande significado nesse ponto de fazer cumpri esses pactos, se não os existindo não é injusto quebrá-los, mas a partir do momento de sua existência torna-se injusto não cumprir.
Para que exista a denominação do justo e do injusto é necessário uma força coercitiva capaz de obrigar ambas as partes a fazer cumprir os pactos que foram feitos entre eles.
A denominação do injusto e do justo atribuída ao homem significa conformidade ou desacordo entre os costumes e a razão, já atribuindo a ações significa conformidade e desacordo em relação a razão, não dos costumes ou do modo de viver, mas de ações específicas. Fazendo o homem justo aquele que toma todo o cuidado com suas ações, para que elas sejam sempre justas.
O Lucro que o homem vê em viver e cuidar do Estado são o amor a liberdade e o domínio sobre os outros, é nada mais do que cuidar da sua própria preservação, já que não se vive mais naquele estado de guerra, e claro que com a vida mais satisfeita. Quem dá essa condição agora é o direito, que faz cumprir por meio de punição os pactos celebrados pelos próprios.
Se encontra a maneira ideal para instituir tal poder comum, capaz de defendê-los da invasão de estrangeiros e das injurias uns dos outros, garantindo por meio da sua própria industria e dos frutos da terra, possam nutri-se e viver satisfeitos, conferir todo o seu poder e força a um homem ou assembléia de homens, que possam reduzir todas as suas vontades, deixando assim o ímpeto de seu interior se julgado por aquele que não vê interesse de nem uma das partes.
Chama-se aquele que retém todo o poder do povo de soberano, conseguindo esse poder através do costume, que passa de pai pra filho, ou então, impondo através da guerra o poder, concedendo-lhe a vida com essa condição.
O estado é instituído quando uma multidão de homens concorda e pactua, deixando um homem ou assembléia ser aquele que o representa, tanto aquele que votou a favor quanto aquele que votou contra.
Sendo eu aquele que já pactuou um estado existente não tenho legitimidade pra fazer um novo pacto entre si para obedecer qualquer outro.
Varias regras são impostas para o soberano e o súdito, fazendo assim a ordem, descrevendo formas de agir, condutas próprias de uma monarquia que se instaura devidamente e legitimamente.
São as leis que os homens são obrigados a observar porque são membros, não destes ou daquele Estado em particular, mas de um Estado. Se um súdito tem uma controvérsia com seu soberano, sobre dívida, ou direito de posse de terras ou bens, relativo a qualquer serviço exigido de suas mãos.
É evidente que a lei em geral não é conselho, mas sim ordem; tampouco é uma ordem de qualquer um para qualquer um, mas apenas daquele cuja ordem é dirigida a alguém obrigado anteriormente.
 Direito civil, são para todos súditos, aquelas regras que o estado ordenou-lhe, oralmente, por escrito, ou por sinal suficiente da vontade, fazer uso para distinguir entre o certo e o errado, isto é, aquilo que é contrário e não é contrário à regra.
 O que cria a lei não é o juiz soberano ou a jurisprudência, mas a razão desse nosso homem superficial
Fazendo assim aparecer o papel do legislador, que é um papel totalmente distinto do que governa e do que faz cumprir o pacto acertado entre os homens.
Para manter um reino o homem se contenta com menos poder do que se é necessário para a paz e a defesa do estado, o exercício do poder renunciado deve ser retomado para a segurança pública. As doenças do estado que provem do veneno das doutrinas sediciosas, isso é verdade na condição de simples natureza, quando não existem leis civis, e também sob o governo civil nos casos que não são decididos pela lei. Mas, do contrario é evidente que a medidas das boas e más ações é o direito civil; e o juiz é o legislador, que é sempre representante do estado, os homens ficam inclinados a debater uns com os outros e discutir as ordens do estado, e depois obedecê-las ou desobedecê-las, como acharem adequado em juízos particulares.
A lei é feita pelo poder soberano, e tudo que é feito por tal poder e garantido e pertencer a cada um do povo; e aquilo que, dessa forma, cada homem tiver ninguém pode dizer que é justiça.
Pois o objetivo das leis (que nada mais são que regras autorizadas) coibir o povode todas as ações voluntárias, mas sim dirigi-lo e mantê-lo num movimento tal que não se fira, uma lei que não é necessária, não tendo o verdadeiro fim de uma lei, não é boa.
Porque todas as palavras estão sujeitas á ambigüidade e, por conseguinte, a multiplicação de palavras no texto da lei é uma multiplicação de ambigüidade. Além disso, parece implicar (por demasiada diligência) que quem puder esquivar-se das palavras estará fora do alcance da lei. É essa a causa de muitos processos.
É cargo e dever do soberano distribuir suas recompensas sempre que delas poder surgir um benefício para o estado, no que consiste seu fim e objetivo. E isso é feito então, quando aqueles que bem serviram ao estado são tão bem recompensados, com o mínimo possível de despesas para o tesouro comum, que outros possam sentir-se encorajados por isso tanto para servi-lo com a maior fidelidade possível.
Apesar do autor se basear no direito natural, hoje visto como elementar, construiu uma base sólida para o direito de dever ser, criando nexos verdadeiros, e enraizando princípios básicos até para a instituição e nomenclatura do estado que se apresenta como legítimo, nos dias atuas.
 Baseando-se muitas vezes no agir do homem, percebe que somente com a força coercitiva para regular o mantimento do pacto firmado pode realmente exterminar o estado constante de guerra do homem entre si.
 Dando uma contribuição significativa para o direito civil, colocando súdito e o governante em seus devidos lugares, ordenando também pela necessidade, o papel do legislador, aquele que é nada mais do que a voz do povo dentro do próprio pacto que foi feito e que é repassado de geração pela força coerciva do próprio estado ou pela força da intuição natural que é passada de pai pra filho.
Obra enriquecedora para os que manuseiam o direito, dando um esclarecimento profundo sobre a raiz do dever ser.
3. GUERRA DO FOGO
Aos mais desatentos: é óbvio que por se passar na pré-história, o filme não apresenta uma linha sequer de diálogos. Toda a história é
movimentada somente pelas ações dos personagens e pela linguagem corporal dos mesmos.
Há 80 mil anos atrás, uma tribo de ancestrais humanos que depende do fogo para proteção e aquecimento acidentalmente tem sua chama extinta. Assim, três membros da tribo se separam do restante do grupo e partem em busca de uma nova chama. No caminho eles passam pelos mais variados problemas e parecem ganhar mais consciência e razão a cada novo obstáculo superado. Há inclusive o envolvimento de um deles com uma fêmea de outro bando.
Os atores que interpretam os primatas dão shows de atuações. A linguagem corporal das tribos, desenvolvida por Desmond Morris, é a única ferramenta da qual os atores dispõem para se expressarem. O resultado é altamente verossímil e digno de aplausos. 
“A Guerra do Fogo” é quase um documentário de antropologia. Apesar de haver uma história concreta e bem-estruturada, Annaud também abre espaço para o estudo do comportamento dos homens pré-históricos. São notáveis, por exemplo, as diferenças entre as dois tribos principais. Uma parece ter uma linguagem oral mais desenvolvida, com sons mais articulados, além de dominar a criação do fogo. A outra é marcada por seus grunhidos e gritos e pela ignorância com relação às técnicas de criação do fogo.
São notáveis também a violência e a hostilidade existente entre uma tribo e seus inimigos e a curiosidade com relação ao sexo, que é mais acentuada na tribo mais desenvolvida. Não se sinta estranho se você perceber que, mesmo após 80 mil anos, pouca coisa mudou.
O filme também acerta ao mostrar os membros da tribo menos complexa adquirindo conhecimento e razão com o passar do tempo. No final, inclusive, há até uma cena que sugere a “descoberta do amor” entre um macho e uma fêmea. Além de tudo isso, o filme de Annaud também permite várias analogias com o mundo atual, mas só vendo mesmo para se tirar alguma conclusão.
Sem dúvida, “A Guerra do Fogo” é um filme original e peculiar, que merece ser visto por aqueles que estiverem a fim de ver algo realmente diferente de tudo o que já foi feito no cinema. 
Embora o filme se concentre em torno da descoberta do fogo, não se limita a apresentar enfaticamente somente esse aspecto. Nesse sentido é indubitável dizer, portanto, que é ele uma forma imprescindível de sugestão para uma possível analise da relação que se processa entre o ser e o meio.
Tratando-se, por sua natureza, de dois grupos hominídeos distintos, fica evidente que embora havendo certo desenvolvimento mais avançado para o tratamento do fogo – pois um dos grupos citados dominava a técnica de fazê-lo e o outro o cultuava desencadeando um intenso conflito para a sua aquisição – não havia o que erroneamente se chama de superioridade cultural de um com relação ao outro.
O que havia de fato eram, em absoluto, formas culturais diferentes num processo vivo de desenvolvimento. No que se refere à linguagem, por exemplo, é perfeitamente visível a emissão de gritos e grunhidos vocálicos tanto de um grupo quanto do outro, com maior destaque para o primeiro uma vez que usava uma articulação mais ostensiva. As construções de moradias e a manifestação de ritos podem seguir essa mesma evidenciação.
De qualquer forma, é a partir de um processo de desenvolvimento vocálico e gestual que começou a fortalecer uma comunicação mais plena em sua circunstancias próprias no interior de cada grupo.
Outro aspecto no filme que deve ter um merecido destaque e que para muitos serve de ponto de partida é um sentimento amoroso e, sobretudo, o espanto presente na aquisição do saber.
O filme “a Guerra do Fogo” é, portanto, imprescindível para que possamos entender e a partir disso cogitar sobre as formas mais antigas de um processo evolutivo presente na historia do ser humano.
	Embora o filme se concentre em torno da descoberta do fogo não se limita em apresentar enfaticamente somente esse aspecto. Nesse sentido é indubitável dizer, portanto, que é ele uma forma imprescindível de sugestão para uma possível análise da relação que se processa entre o ser e o meio. 
Tratando-se, por sua natureza, de dois grupos hominídeos distintos, fica evidente que embora havendo certo desenvolvimento mais avançado para o tratamento do fogo – pois um dos grupos citados dominava a técnica de fazê-lo e o outro o cultuava desencadeando um intenso conflito para a sua aquisição não havia o que erroneamente se chama de superioridade cultural de um com relação ao outro. O que havia de fato eram, em absoluto, formas culturais diferentes num processo vivo de desenvolvimento. No que se refere à linguagem, por exemplo, é perfeitamente visível a emissão de gritos e grunhidos vocálicos tanto de um grupo quanto do outro, com maior destaque para o primeiro uma vez que usava uma articulação mais ostensiva. As construções de moradias e a manifestação de ritos podem seguir essa mesma evidencia. De qualquer forma, é a partir de um processo de desenvolvimento vocálico e gestual que começou a fortalecer uma comunicação mais plena em suas circunstancias próprias no interior de cada grupo. Outro aspecto no filme que deve ter um merecido destaque e que para muitos serve de ponto de partida é um sentimento amoroso e, sobretudo, o espanto presente na aquisição do saber. O filme “A Guerra do Fogo” é, portanto, imprescindível para que possamos entender e a partir disso cogitar sobre as formas mais antigas de um processo evolutivo presente na história do ser humano.
4.	INSTINTO
 	
 O filme “Instinto” nos conta a estória de um famoso antropólogo que desaparece numa de suas viagens para a África. Ele é localizado em Ruanda dois anos depois, mas antes de ser detido ele mata três homens e fere outros, embora isso não fique claro durante os primeiros minutos do filme. Após um tempo, o governo americano consegue sua custódia e ele passa a ser analisado pelo Dr. Theo Calder, um psiquiatra que considera este caso uma oportunidade rara parase destacar em sua carreira, mas ele é orientado a não pensar em sua carreira, mas sim no paciente. O psiquiatra assume a missão de analisar a sanidade desse famoso antropólogo que passou anos convivendo com gorilas e é acusado de ser autor do assassinato de guardas florestais.
Dr. Theo, no inicio das terapias, encontra-se com algumas dificuldades pois seu paciente não fala uma única palavra. Embora aos poucos essa barreira é quebrada e o médico aprende muito da vida com o antropólogo, que muitos consideram louco. O psiquiatra faz a avaliação do paciente e de si próprio. Ele diagnostica o antropólogo para compreender adequadamente o estado do paciente e seu sofrimento, ou seja, a partir do momento que o profissional conhece o entrevistado, ele desenvolve um trabalho adequado para o seu tratamento.
Opta-se em primeiro momento do método da entrevista, para que estabeleça uma relação ao mesmo tempo empática e tecnicamente útil. Tem paciência, respeita-o e estabelece limites. Estabelece também um vinculo com a filha do antropólogo, para que o psiquiatra consiga mais informações sobre o desaparecimento do pesquisador e sobre as agressões físicas.
Num segundo momento Dr. Theo muda algumas regras da prisão – sobre o uso de sorteio de cartas de baralho para escolher não aleatoriamente um paciente que tomara sol naquele dia-, na qual o mesmo é criticado por desrespeitar ordens da autoridade, por este motivo o psiquiatra é suspenso do caso.
O filme deixou claro que a reabilitação antes de tudo é uma necessidade ética, é uma exigência ética. E que a transferência e a contratransferência são inerentes no processo de envolvimento do terapeuta com o paciente. E, portanto, a reabilitação deve ser assumida por um grupo de profissionais que tem como prioridade a abordagem ética do problema da saúde mental, e que estejam longe de visar apenas seu interesse pessoal /profissional. Todos têm o direito e o dever de estar envolvidos nesta discussão. Por isso, a reabilitação engloba a todos nós profissionais terapeutas e a todos os atores do processo de saúde-doença, ou seja, todos os pacientes, todos os familiares do paciente e aqueles que estejam relacionados de alguma forma com ele.
5. Julgamento de Cesare Battisti pelo Supremo Tribunal Federal
O caso “Battisti” refere-se a uma reclamação feita pelo governo italiano para o STF, a respeito de um pedido de extradição deferido pelo Supremo tribunal Federal do acusado criminoso político italiano Cesare Battisti e do pedido de soltura por parte do seu advogado. 
A prisão preventiva de Cesare Battisti foi decretada pelo Ministro Celso de Mello, então relator do processo, no dia 1º de março de 2007, com base na Lei 6.815/80 e no Tratado bilateral de Extradição firmado entre Brasil e Itália. Cesare Battisti foi preso pela Polícia Criminal Internacional, em 18 de março de 2007, e logo transferido para custódia. Posteriormente, por decisão do Min. Cezar Peluso, que assumiu como relator do processo, o extraditando foi transferido, para aguardar preso o desfecho do processo de extradição. Extradição foi julgada definitivamente dia 16 de dezembro 2009 com a seguinte decisão: 
I – preliminarmente, homologar o pedido de desistência do recurso de agravo regimental na Extradição n.° 1.085 e indeferir o pedido de sustentação oral em dobro, tendo em vista o julgamento conjunto;
II – rejeitar questão de ordem suscitada pela Senhora Ministra Cármen Lúcia no sentido de julgar o Mandado de Segurança n.° 27.875 antes do pedido de extradição;
III – por maioria, julgar prejudicado o pedido de mandado de segurança, por reconhecer nos autos da extradição a ilegalidade do ato de concessão de status de refugiado concedido pelo Ministro de Estado da Justiça ao extraditando;
IV – rejeitar as questões de ordem suscitadas pelo Senhor Ministro Marco Aurélio da necessidade de quórum constitucional e da conclusão do julgamento sobre a
prejudicialidade do mandado de segurança;
V – por maioria, deferir o pedido de extradição;
VI – rejeitar a questão de ordem suscitada pelo advogado do extraditando, no sentido da aplicação do art. 146 do Regimento Interno, e reconhecer a necessidade do voto do
Presidente, tendo em vista a matéria constitucional;
VII – suscitada a questão de ordem pelo Relator, o Tribunal deliberou pela permanência de Sua Excelência na relatoria do acórdão;
VIII – por maioria, reconhecer que a decisão de deferimento da extradição não vincula o Presidente da República, nos termos dos votos proferidos pelos Senhores Ministros Joaquim Barbosa, Cármen Lúcia, Carlos Britto, Marco Aurélio e Eros Grau”.
	Sendo assim portando, já indicado no caso pelo ministro Gilmar Mendes, a decisão do STF não vincula o Presidente da Republica a sua decisão. Sendo essa decisão resumidas pelas ementas de 1 a 8 de extradição do acórdão do primeiro julgamento.
	De primeiro momento o Presidente da Republica não tomou nenhuma decisão segundo o resultado do caso, justificando-se com a necessidade de analise mais profunda e cautela sobre sua decisão. Posteriormente o presidente deu seu parecer a respeito de sua análise baseando-se no Tratado Bilateral entre Brasil e Italia alegando a existência de “ponderáveis razões para se supor que o extraditando seja submetido a agravamento de sua situação, por motivo de condição pessoal, dado seu passado, marcado por atividade política de intensidade relevante” (fl. 4.325)
 A extradição foi negada pela Presidência da Republica, fundamentado na cláusula do Tratado Bilateral citado, que permite a recusa por parte do Presidente Brasileiro da extradição de crimes políticos. Ou seja, o presidente, por meio de razões aceitáveis, interpretou que no caso se o reclamado for extraditado para o país que pediu sua extradição ele pode sofrer perseguição política ou sofrer violações ao tratado dos refugiados.
 Em virtude de este parecer um pedido de soltura foi apresentado pelo advogado do acusado ao STF no dia 03 de janeiro de 2011 e o esgotamento da jurisdição deste mesmo tribunal para com o processo, com fins de facilitar a decisão do poder executivo no processo.
No dia seguinte a Republica Italiana protocolou nos autos do processo o pedido de impugnação do pedido de soltura. Alegando que a decisão de soltura do condenado depende exclusivamente do SFT, o qual devera analisar preliminarmente a decisão do Presidente e sua compatibilidade com o acórdão proferido. Alertando também que como o acusado fugiu da Itália para se livrar dos processos e acusações em seu nome e depois ter fugido para o Brasil quando já em liberdade condicional em face das decisões “das duas mais altas instancias judiciárias daquele país que haviam deferido sua extradição para a Itália” (relato, Gilmar Mendes, pag 16).
No dia 6 de janeiro do mesmo ano Ministro Presidente do STF, Cesar Peluso, negou o pedido feito por Cesare Batista. Alega que como o tribunal negou qualquer clausula de refúgio e declarando a “Absoluta ausência de prova de risco atual de perseguição política” (caso Battisti 2, pag 17). Na mesma situação declarou também que apesar da negativa para com a extradição do acusado pela presidência, negou o pedido de soltura do acusado.
Após segundo pedido de Habeas corpus, seguido de pedido de relaxamento de prisão, dizendo que não havia causa justa para a manutenção da prisão, isso já tendo se passado 19 dias desde a ultima decisão citada, sendo também procedido pelo fato de que o acusado já esteve preso por 4 anos na Itália.
Assim chegando ao dia do julgamento deste caso.
O caso tendo Gilmar Mendes como Ministro relator, remete a ele grande parte da análise apresentada, começando pelas considerações iniciais do caso e por uma analise histórica do papel do STF no processo de extradição:
Logo em seguida o Ministro Relator, retorna a decisão do tribunal e a analise da mesma para assim realizar seu voto final. O principal dilema da situação do caso atual é a discricionariedade do Presidente da Republica, como chefe de Estado, quantocom a decisão de deferimento da extradição pelo STF. 
O julgamento inicial da extradição levantou já algumas dúvidas a respeito da aplicabilidade de acordos internacionais perante o direito brasileiro entre outras, tais como o conceito de crime político. Também talvez a mais controvérsia de todas sobre a vinculação da presidência ao voto.
O tribunal começou julgando primeiramente a participação do poder executivo (no caso da presidência da republica) na decisão final de extradição, decidindo pela vinculação ou não vinculação do Presidência no deferimento da extradição pelo STF. Sobre o tema formaram-se duas linhas interpretativas. Ficando os ministros Gilmar Mendes, Ellen Gracie, Ricardo Lewandowski e Cesar Peluso considerando a papel do executivo apenas de observar e proceder o processo de extradição expedido pelo STF e do outro lado os ministros Marco Aurélio, Carmen Lúcia, Joaquim Barbosa e Ayres Britto posicionando- se no sentido de que esse julgamento não vincula o Presidente da Republica, sendo só uma apreciação do processo de extradição, cabendo ao chefe do executivo após a decisão do tribunal julgar a validação da extradição. Ficando assim com o ministro Eros Grau o voto de decisão, optando assim por não vincular o Presidente à decisão do STF, seguindo as normas do direito convencional.
Portanto assim o STF decidindo assim “o Tribunal reconheceu que a decisão de deferimento da extradição não vincula o Presidente da República, nos termos dos votos referidos pelos Ministros Joaquim Barbosa, Carmen Lúcia, Ayres Britto, Marco Aurélio e Eros Grau” “A análise dos votos permite concluir que, embora tenha reconhecido certo grau de discricionariedade ao Presidente da República quanto à execução da decisão que deferiu a extradição, este Tribunal deixou claro que essa discricionariedade está delimitada pelos termos do acordo celebrado entre o Brasil e a República da Itália”
Decidindo assim os ministros que o cumprimento da extradição de Cesare Battista deve ser deferida ou revogada pela Presidência da Republica de acordo com as normas vigentes do contrato Brasil/Itália. Apesar de uma confusão a respeito do voto do ministro Eros Grau e um requerimento do governo italiano essa decisão foi mantida como final e reconhecida pro acórdão pelo Ministro Relator.
Prosseguido com o voto, as questões fundamentais a respeito do tratado internacional são expostas. A análise do caso trouxe questões fundamentais a respeito do status jurídico do tratado firmado entre Brasil e Itália quanto a extradição. Essas são: principalmente o significado do tratado na ordem jurídica interna, o papel do STF e sua jurisprudência a respeito deste tratado, a sua estatura perante o ordenamento jurídico interno e a veiculação de autoridades nacionais em seu processo final.
Assim começa uma análise do significado de acordos internacionais, perante as leis do direito interno brasileiro, a respeito do tratado bilateral entre Brasil e Itália recorrentes a este processo. Uma análise histórica das decisões a respeito de situações como a observada no caso é realizada pelo Ministro Relator. Começando por abranger acordos internacionais que iam de encontro com leis internas e as respectivas decisões perante esses dilemas do STF e do governo da republica ao longo dos anos. E utilizando desses resultados para contextualizar o caso e deferir o seu voto.
Em certos momentos no inicio de julgamentos como este o STF se pronunciava a favor de certa impossibilidade de reforma de leis criadas a partir de tratados internacionais por leis internas posteriormente criadas, colocando assim esse tipo de lei apenas submetida a constituição. Posteriormente o STF modifica sua visão tradicional sobre os tratados internacionais como é posto como exemplo a decisão do julgamento do RE 80.004/SE (Red. p/acórdão Min. Cunha Peixoto, Pleno, DJ 29.12.1977) onde é colocado “não há nenhum artigo [na Constituição] que declare irrevogável uma lei positiva brasileira pelo fato ter sua origem em um tratado”. ( Caso Battisti 2, pag 63). Nesse entendimento problemas entre tratados internacionais e leis internas seriam tratados apenas por critérios de cronologia e de especialidade. Assim uma lei criada a partir de um tratado internacional é pariada em sua instancia no direito interno, sendo assim em caso de formulação posterior de uma lei interna contrastando com a anterior, vale-se os critérios anteriormente citados. Entretanto posteriormente o STF decidiu diferenciar leis de tradados no âmbito dos direitos humanos, que segundo análise do Ministro Redator e decisão do tribunal foram consideradas supralegais, ou seja prevalecendo sobre a legislação interna, submetendo-se apenas a constituição federal.
Ao longo do voto o Ministro conclui sua análise a partir da exposição de diversos documentos e artigos teóricos sobre o lugar de uma lei derivada de tratado internacional na ordem do direito brasileiro, inclusive valendo-se de uma análise constitucional a respeito do direito internacional e suas leis no âmbito brasileiro. Baseando-se também nessa análise começa a discorrer a respeito da importância da ratificação presidencial para a validade das normas do direito internacional e interno. Também começa uma análise contraria a observada nas decisões do STF segundo a constituição e a paridade das leis internacionais e internas, apesar de que na análise constitucional não havia delimitações sobre a especialidade das leis referentes a tratados internacionais comparadas a leis internas, mas também não definindo a maneira de realizar a sobreposição, caso necessária. 
A partir dessa análise jurídica o Ministro inicia uma linha do tempo com exemplos de tratados de extradição onde o Brasil atuou ao longo dos anos, inclusive dando ênfase na relação Brasil e Itália. Parte dos tratados bilaterais de extradição entre o Brasil e a Itália já assinados, são expostas para melhor entendimento desse processo e de suas normas, como o atual vigente assinado em 1989 que ressalta: “O Tratado de Extradição, firmado entre a República Federativa do Brasil e a República Italiana, em 17 de outubro de 1989 apenso por cópia ao presente decreto, será executado e cumprido tão inteiramente como ele se contém”. (Tratado Bilateral Brasil e Itália, 1989/ Caso Battisti 2 pag. 79) e do tratado firmado em 1939 onde “as Altas Partes contratantes concederão a extradição de seus próprios cidadãos, nos casos previstos no presente Tratado”.
Assim o ministro começa sua análise final do Tratado Bilateral e das questões cruciais a respeito do caso. No tratado é instituído que ambas as partes possuem a obrigação de extraditar, quando preenchido os requerimentos do tratado. No mesmo, dita-se situação as quais não é necessário a extradição dos referidos julgados, caso esses de condenação a pena de morte, problemas processuais entre outros. Não preenchendo nenhum desses casos a extradição deve ocorrer. Uma das situações de caráter excepcional deve ser destacada que seria a letra “f” só numero 1 do artigo 3° que fala da não extradição em caso de “se a Parte requerida tiver razões ponderáveis para supor que a pessoa reclamada será submetida a atos de perseguição e discriminação por motivo de raça, religião, sexo, nacionalidade, língua, opinião política, condição social ou pessoal; ou que sua situação possa ser agravada por um dos elementos antes mencionados”. Essa norma presente no tratado prevê uma grande disponibilidade para o governo requente para a recusa do extraditado. Mas mesmo que a parte requerida entenda que essa situação excepcional ocorre, ele depende de razões ponderáveis para provar sua negativa. Gilmar Mendes discorre a respeito do que foi dito anteriormente, do significado do termo “razões ponderáveis”, falando sobre como entender esse termo e tratá-lo no âmbito da extradição, chegando em uma conclusão de que as razões não podem se limitar a preocupação ou suspeita mas sim razões concretas que provem a perseguição ou discriminação por parte de uma da partes para com o requerido. Essa constataçãosegundo o Ministro não pode ser retirada da atual situação do país vigente, assim a imprensa, o clamor popular e a reação seriam apenas respostas democráticas da população do Estado, devendo o governo zelar pelo controle dessas manifestações e manter a integridade do acusado. Também enfatiza a presença de em ambas as partes opiniões favoráveis e contras o processo assim, sendo isso apenas uma demonstração democrática e não de violência. Nesses conformes o Presidente da Republica negou o pedido de extradição. 
	A respeito do pedido de extradição, no voto presente, discorre-se sobre o porque da validação segundo os preceitos apresentados anteriormente. Onde o Presidente analisando segundo seus critérios denominou valida a situação de caráter excepcional. É valido ressaltar que essa decisão do presidente tem mesmo motivo da decisão do ministro da justiça de reconhecer Cesare Battisti como exilado político. Isso foi concedido segundo o Ministro da Justiça, pois apesar do envolvimento em situações ilegais do acusado, isso foi por motivação política, por esse motivo é presumível a possibilidade de perseguição política no país, assim estaria dentre os conformes de exilado. Porém o supremo em julgamento inicial, não considerou os crimes do acusa com político e tornou insubsistente a concessão de refugio por não perceber nenhum temor de perseguição política ou perigo para com a integridade do acusado em seu país de origem. Assim como todas as noticias e provas da preocupação da defesa contra a perseguição de Cesare não seriam direcionas da eles e sim a reação do publico as decisões do governo brasileiro, portanto também desqualificando as mesmas, segundo a opinião do Ministro Relator. Entretanto o parecer do Presidente se formula na base de que, apesar da recusa do STF da aceitação, que o acusado no contexto de crimes políticos e que sua extradição acirraria paixões e que assim haveria temores de que a situação de Cesare Battisti fosse agravada. Mais uma vez Gilmar Mendes ressalta que isso tudo foi negado pelo STF, que considerou seus crimes normais e deferiu o pedido de extradição. O Ministro relator também comenta o fato de que a rejeição do pedido de extradição foi motivada muito parecidamente com o pedido de refugio e portando sendo este recusado pelo STF, não existe cabimento a não aceitação da extradição principalmente pelos motivos apresentados.
	Toda essa análise realizada pelo Ministro combinada com o fato a aceitação do tratado pela presidência e pelo congresso, impõe ao poder judiciário julgar a procedência das ações reclamadas pelo governo Italiano, ou seja, a decisão presidencial de negar o pedido de extradição, assim como o pedido de soltura e a eventual nova extradição de Cesare Battisti. Assim começa a decisão final do Ministro onde ele coloca que não existe obstáculo no qual o Presidente se apóie para negar os termos do tratado convencionado, sendo que não tem sentido negar o pedido de refugio e negar a extradição, considerando a extrema similaridade dos termos referidos em cada decisão e sua negativa em uma e aceitação em outra. Nem deve-se falar em diferença entre os padrões de controle, considerando a similaridade, sendo que ambos possuem “real e atual força normativa” (caso Battisti 2, pag 92) ou diferenças entre as entidades que proferiram o resultado visto que o Ministro da Justiça é um auxiliar do Presidente da Republica. A partir de toda essa análise e vendo o quão grave foram os crimes cometidos pelo acusado (quatro homicídios) e baseando-se na “imperiosa”, como é colocado pelo Ministro, necessidade de cumprimento do tratado e em vigor do deferimento primeiro da extradição pelo STF, e a relevância juridica do interesse do Estado requerente para com o acusado. O Ministro Relator do caso Gilmar Mendes vota “no sentido de se julgar procedente a reclamação e resolver o incidente de execução na extradição, para desconstituir o ato do Sr. Presidente da República e determinar a imediata entrega do extraditando ao país requerente, restando, em conseqüência, prejudicados os exames da ADI 4538 e da ACO 1722.”
	Assim se inicia o debate entre os outros Ministros do tribunal. O ministro Marco Aurélio pede para que não seja tomadas decisões fora do que o Direito direciona, nem com o objetivo de se tomar medidas especiais a deliberação do colegiado.
	No debate seguir ao voto os Ministros colocam em pauta o fato de que antes de qualquer decisão segundo a discricionariedade ou a validação da decisão presidencial deve-se colocar em pauta a validação da reclamação expedida pela republica italiana. Considerando que antes de qualquer decisão deve-se saber se existe necessidade da mesma, além de paralelamente o pedido de soltura de Cesare Battisti, a qual também se pauta na reclamação, mas que paralelamente deve ser votada como decisão interna apesar do tribunal normalmente deixar a caso do relator a decisão do encaminhamento do processo, onde ele indica a maneira de análise do caso, mas questionado o plenário pelo Ministro Luis Fux segundo normas que indicam q necessidade de votação de uma questão preeliminar antes do mérito em si Continuando dessa discussão o Ministro Luis Fux aponta pontos de admitem a necessidade de uma votação referente a admissibilidade da petição tanto como da reclamação. Portanto o Plenário estaria votando dali em diante a validação de uma reclamação de um Estado estrangeiro perante a decisão do presidente da republica, segundo o Ministro o Presidente tem o dever de seguir com a extradição segundo o tratado assim, não seria muito cabível a continuação da análise prévia, se por acaso for ferido o tradado os devidos resultados serão validados. O Ministro Gilmar Mendes entende que a petição do advogado de Cesare, pedindo a soltura imediata, liga-se ao caso, portanto votando a reclamação também se desprenderia o resultado da soltura, enquanto outros Ministros, como o Luis Fux não se atém a essa decisão que ele considera como efeito acessório da primeira. Segundo Luis Fux, antes no primeiro julgamento, estavam por julgar o passado e o futuro de um homem, mas nessa situação estão julgando a soberania nacional do Estado Brasileiro, assim não sendo tão simples deferir um voto que nega a soberania de um país. Assim o Ministro declara que não conhece d reclamação, dando inicio ao voto da preliminar da admissibilidade da reclamação.
Segundo os Ministros Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski é ilegítima a reclamação da Republica italiana por ser um caso de Estado contra Estado sendo votado pelo Supremo Tribunal Federal da Republica brasileira, seno clara a inadmissibilidade da reclamação. Sendo assim o ato segundo o Ministro Marco Aurélio competente somente ao poder executivo e dele responsável e não cabendo ao judiciário julgar ou não um ato internacional, muito menos a conduta presidencial, assim se remetendo ao voto do Ministro Eros Grau que cita a separação do voto do tribunal quanto a decisão da extradição pelo Presidente, sendo papel do STF apenas julgar procedente o ato, mas vale-se do Presidente da Republica o ato de conceder ou não após julgada. Dando seguimento ao voto o Ministro Joaquim Barbosa contextualiza a votação com o fato ocorrido em Honduras onde foi concedido refúgio ao presidente deposto na embaixada brasileiro e o quão incabível seria esse pais recorrer ao supremo brasileiro quanto a decisão do executivo, uma decisão pautada nas relações internacionais. Concordando com ele o Ministro Ayres Brito.
Assim o tribunal volta-se para a decisão do voto tendo como relator o Ministro Ayres Britto, começando por uma recapitulação do processo inicial de extradição destacando as decisões cruciais do tribunal, como a não vinculação do presidente à decisão e o deferimento da extradição por parte do STF. Sendo assim a respeito da análise o ministro considera que “o trâmite do processo de extradição é questão interna corporis da nação requerida, no caso, da República Federativa do Brasil” (Ayres Britto, relato do voto quanto a admissibilidade, pag 127) e que é fatoque o Estado brasileiro é representado internacionalmente apenas pelo Presidente da Republica e negando esse ato nega-se a soberania do Presidente da Republica e sua representação soberana, tanto quanto o Estado. Utilizando da constituição o voto segue para assegurar esses pontos tratados anteriormente, comenta que o fato do STF julgar a extradição serve apenas no âmbito do indivíduo para assegurar seus direitos fundamentais e não deixar que duas republicas esmaguem esses, segundo as própria palavras do relator. Sedo assim o supremo tribunal nada defere ou indefere na decisão de extradição, sendo ela responsabilidade internacional do poder executivo, valendo dos preceitos básicos do julgamento do STF, ou seja a manutenção dos direitos o indivíduo, se compete ao ato soberano do Presidente d republica o deferimento da extradição, sendo o pronunciamento do STF apenas um rito de passagem, apesar de obrigatório, para a decisão do executivo. Nesse sentido relembra-se que a decisão do Presidente da República compete ao executivo e que responderá ao Estado brasileiro por eventual deslize internacional. Dentro dessas premissas não cabe ao supremo julgar o presidente nem seus atos iniciais, assim o STF não é tutor do Presidente da Republica em termos de soberania estatal. Portanto não é dever o STF indeferir a decisão presidencial muito menos determinar expressa determinação ao Poder Executivo quanto a sua soberania. Sendo que se o tribunal entender que a decisão presidencial foi desrespeito ao acórdão anteriormente proferido, deve o tribunal apenas pedir por outra decisão, o contrário disso seria admitir a vinculação do Presidente da Republica para com a decisão do STF o que já foi expressamente mostrado o contrário e assim também já votada. Não havendo violação ao acórdão tratado nada pode o STF fazer, mesmo por vias a Republica italiana tendo entrado com reclamação pelos motivos dessa decisão do executivo, assim isso remete a validação ou não da reclamação não a vinculação do presidente ao tribunal e sendo a decisão baseada no tratado não cabe um reexame por parte do tribunal até porque não foi analisa todas as cláusulas, assim não cabe ao judiciário alterar a decisão que foi cabível no tratado após análise. Considerando tudo anteriormente citado, o Ministro relata não conhecimento da reclamação e sendo assim ligado diretamente a petição de soltura e determina a expedição imediata o alvará de soltura do extraditando.
Assim o tribunal por maioria, tem como decisão :
“Decisão: O Tribunal, por maioria, não conheceu da reclamação,contra os votos dos Senhores Ministros Gilmar Mendes (Relator),Ellen Gracie e Cezar Peluso (Presidente). Redigirá o acórdão o Senhor Ministro Luiz Fux. Ausentes, justificadamente, os Senhores Ministros Celso de Mello e Dias Toffoli. Falaram, pela reclamante, o Dr. Antônio Nabor Areias Bulhões, pela Advocacia-Geral da União, o Ministro Luís Inácio Lucena Adams, Advogado-Geral da União, pelo interessado, o Professor Luís Roberto Barroso e, pelo Ministério Público Federal, o Dr. Roberto Monteiro Gurgel Santos, Procurador Geral da República. Plenário, 08.06.2011.”

Continue navegando