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Disciplina de GESTÃO SUSTENTÁVEL GESTÃO AMBIENTAL João Roberto Mendes Todos os direitos desta edição reservados à Universidade Tuiuti do Paraná. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida e transmitida sem prévia autorização. Divisão Acadêmica: Marlei Gomes da Silva Malinoski Divisão Pedagógica: Analuce Barbosa Coelho Medeiros Margaret Maria Schroeder Divisão Tecnológica: Flávio Taniguchi Haydée Silva Guibor Neilor Pereira Stockler Junior Projeto Gráfico Neilor Pereira Stockler Junior Editoração Eletrônica Haydée Silva Guibor Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca “Sydnei Antonio Rangel Santos” Universidade Tuiuti do Paraná Material de uso didático. Universidade Tuiuti do Paraná Reitoria Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitoria de Planejamento e Avaliação Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-Reitoria Administrativa Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitoria Acadêmica Carmen Luiza da Silva Pró-Reitoria de Promoção Humana Ana Margarida de Leão Taborda Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Carmen Luiza da Silva Disciplina de GESTÃO SUSTENTÁVEL 1º Bimestre Unidade 1.2 GESTÃO AMBIENTAL João Roberto Mendes NOTAS SOBRE O AUTOR João Roberto Mendes – é graduado em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (1998). Participação como bolsista em projetos de extensão universitária relacionados às Tecnologias da Informação e da Comunicação - TICs durante a graduação. Especialização em Magistério Superior (1999). Mestre em Tecnologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR (2002). Doutorando em Geografia pela UFPR (2012). Professor das Faculdades OPET (Tutor AVA); e Professor Adjunto dos Cursso de Pedagogia e de Tecnologia em Logística da Universidade Tuiuti do Paraná - UTP. Trabalha com as disciplinas: Tecnologias de Comunicação e Informação, Sistemas de Informação, Interação Humano Computador, Tecnologia da Informação e Metodologia do Ensino de Geografia Autor de livros e materiais didáticos para a EAD; Ensino de Geografia e Educação Ambiental. ORIENTAÇÃO PARA LEITURA Citação Referencial Destaque Dica do Professor Explicação do Professor Material On-Line Para Reflexão 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO AO ESTUDO ...................................................... OBJETIVOS DO ESTUDO .......................................................... PROBLEMATIZAÇÃO ................................................................. CONCEITUAÇÃO DO TEMA ...................................................... GESTÃO AMBIENTAL ................................................................ 1 O conceito de Gestão Ambiental .............................................. 2 Planejamento ambiental ........................................................... 2.1 Normativas, documentos e diretrizes .................................... 3 Fases de um projeto ambiental ................................................ 4 Métodos de abordagem em projetos ambientais ..................... EXERCÍCIOS .............................................................................. REFERÊNCIAS ........................................................................... 9 10 11 12 12 12 15 17 21 23 26 27 9 INTRODUÇÃO AO ESTUDO Observa-se em nosso cotidiano uma maior preocupação da sociedade para com as questões ambientais. Um exemplo é o cuidado de certos consumidores em relação aos produtos, cujo processo produtivo ou o destino após o uso podem trazer danos ao meio ambiente. Assim, as organizações de forma geral, se deparam com o desafio de buscar formas produtivas que atendam às exigências determinadas pelas normativas ambientais e contribuam para uma melhor qualidade de vida. Nesta unidade, vamos estudar a evolução destas normativas e do comportamento social em busca da efetivação da Gestão Ambiental. 10 OBJETIVOS DO ESTUDO Apresentar o conceito de Gestão Ambiental, a importância do planejamento ambiental e as etapas de um projeto de estudos ambientais tendo em vista a melhoria da qualidade de vida. 11 PROBLEMATIZAÇÃO A Gestão Ambiental representa uma estratégia importante para que as organizações busquem vencer tal desafio. Para refletir sobre esse tema, são pertinentes questões como: O que é Gestão Ambiental? Qual a importância dos estudos ambientais nesse processo? Por que a realização desse tipo de estudo envolve a participação de profissionais de diversas áreas do conhecimento? Quais exigências se colocam para a efetivação do processo de Gestão Ambiental? 12 CONCEITUAÇÃO DO TEMA GESTÃO AMBIENTAL 1 O conceito de Gestão Ambiental As mudanças nos hábitos de consumo da população, estimuladas pelo aumento das preocupações com as questões ambientais, vêm induzindo ao surgimento de novas formas de produção mais adequadas, aliadas aos cuidados das organizações quanto à sua imagem no contexto da qualidade de vida. Isso porque, produtos ou serviços identificados como ambientalmente inadequados, repercute de forma negativa em sua imagem. Nessa perspectiva, Seiffert (2010) destaca a mudança de hábitos do consumidor como uma questão-chave que desperta nas organizações o interesse pela Gestão Ambiental. Assim, ampliam-se as ações por parte das organizações para efetivação da Gestação Sustentável, tendo em vista um melhor entendimento 13 desse termo em seus aspectos conceituais. Apresenta-se a seguir, com base em alguns autores que vem debatendo sobre o tema, algumas de suas concepções. A gestão ambiental pode ser definida, conforme Griffith (2005), como a arte de buscar um alinhamento entre as ações humanas às resistências potenciais ou existentes da própria natureza, de forma a converter as ameaças ambientais em riscos gerenciáveis. Nessa perspectiva, por meio de intervenções na relação entre ser humano e natureza tendo em vista uma nova estabilidade benéfica, tendo como referência o equilíbrio original. Referindo-se à gestão ambiental, Sabbagh (2011) a define como um processo participativo, integrado e contínuo, que tem como objetivo promover a compatibilização das atividades humanas com a qualidade e a preservação do patrimônio ambiental. Esse processo, segundo Philippi Jr. e Bruna (2004), tem início quando se promovem adaptações ou modificações no ambiente natural, com a finalidade de adequá-lo às necessidades individuais ou coletivas, o que gera o ambiente urbano nas suas mais diversas variedades de conformação e escala. Ainda para Philippi Jr. e Bruna (2004, p. 700), a gestão ambiental é o ato de administrar, de dirigir ou reger os ecossistemas naturais e sociais em que se insere o homem, individual e socialmente, num processo de interação entre as atividades que exerce, buscando a preservação dos recursos naturais e das características essenciais do entorno, de acordo com o padrão de qualidade. Ecossistema É um sistema ecológico natural constituído por seres vivos (componente biótico) em interação com o ambiente (componente abiótico), onde existe claramente um fluxo de energia que conduz a uma estrutura, uma diversidade biológica e uma ciclagem da matéria, com uma interdependência entre os seus componentes. (GRISI, 2007, p. 85) 14 O que pode amenizar ou acentuar os impactos na utilização dos recursos naturais é a maneira como será gerido. Nesse sentido, o processo de gestão fundamenta-se, conforme Philippi Jr. e Bruna (2004), em três variáveis: • A diversidade dos recursos extraídos do ambiente natural; • A velocidade da extração de recursos, que permite ou não a sua reposição; • A forma de disposição e tratamento dos resíduos e efluentes. A relação entre essas três variáveis e maneira de geri-las é que define o grau de impacto sobre o ambiente natural. Também definindo Gestão Ambiental numa perspectiva de processo, Lanna (2000, p. 75) afirma que este envolve a Referindo-se à Gestão Ambiental, Krieger et al (2006, p. 49) a definem como um “conjunto de medidas organizacionais,responsabilidades práticas, procedimentos, processos e recursos de uma empresa ou de uma administração pública para execução de sua política ambiental”. Detecta-se nessa concepção o destaque aos tipos de organizações que podem direcionar ações de gestão ambiental, que podem ser tanto públicas quanto privadas. Conforme Assunção e Lima (2011), um processo de Gestão Ambiental só alcança resultados significativos, quando há apoio de todos os atores. Isso demanda a articulação de todos os envolvidos, pois não há como gerir o meio ambiente sem a implantação de diversas ações que visem recuperar áreas em processo de degradação ou minimizar impactos existentes. articulação dos diferentes agentes sociais que interagem em um dado espaço, com vistas a garantir a adequação dos meios de exploração dos recursos ambientais – naturais econômicos e socioculturais – às especificidades do meio ambiente, com base em princípios e diretrizes previamente acordados/ definidos. 15 2 Planejamento ambiental Em termos gerais, o ato de planejar requer uma série de procedimentos que envolvem a busca de solução a um ou mais problemas ou atendimento a demandas específicas. Para isso, são delimitados os objetivos, os instrumentos e as bases para o alcance dos resultados. No contexto da Gestão Ambiental, o ato de planejar se apresenta como um instrumento essencial para amenizar os impactos e evitar ações que possam trazer danos ao ambiente e à organização1. Buscando aprofundar as reflexões sobre a importância do planejamento ambiental, apresenta-se a definição de Santos (2004, p. 24), que concebe esse ato como Essa perspectiva se alinha diretamente às características do processo de planejamento no contexto ambiental, pois sua execução torna necessária uma abordagem que leve em conta o conjunto de elementos que compõem o meio ambiente. O planejamento, segundo Fritzsons e Correa (2009), precisa ter caráter integrador, aborda os problemas humanos e ambientais, atuais e potenciais, com a visão de conjunto. Dessa forma, o conceito de planejamento ambiental envolve a organização do espaço territorial, considerando áreas adequadas aos diferentes usos e ocupações das terras de 1 Organização, nesse sentido, pode ser uma organização não governamental, um órgão do governo ou empresa privada com fins lucrativos, uma, ou qualquer outro conjunto de recursos. um processo contínuo que envolve a coleta, organização e análise sistematizadas das informações, por meio de procedimentos e métodos, para chegar a decisões ou escolhas acerca das melhores alternativa para o aproveitamento dos recursos disponíveis. Sua finalidade é atingir metas específicas no futuro, levando a melhoria de uma determinada situação e ao desenvolvimento das sociedades. 16 acordo com as diferentes atividades realizadas (urbano- industriais, energético-mineradoras, agropastoris, atuais ou futuras). Considera-se ainda, as necessidades de preservação e conservação do ambiente em seus aspectos bióticos, abióticos e a paisagem. Buscando uma definição mais específica, tem-se que o planejamento ambiental como aquele que privilegia as questões do meio ambiente, considerando os recursos naturais. Assim, conforme Godard (1997), Nesse sentido, há a necessidade de um diagnóstico da situação em estudo, o que compreende coleta, organização e análises sistematizadas de informações sobre a área ou fenômeno em questão, com o objetivo de detectar aspectos o conceito de recurso natural constitui um desses conceitos situados na interface entre processos sociais e processos naturais: ele resulta do olhar lançado pelos homens sobre seu meio biofísico, um olhar orientado por suas necessidades, seus conhecimentos e seu savoir faire. Preservação x Conservação da natureza Ressalta-se que há certa confusão entre os termos preservação e conservação, sendo que é comum serem empregados como sinônimos, porém, não são. De acordo com Meneguzzo e Chaicouski (2010, p. 184), o termo conservação deve ser adotado para se referir-se à exploração racional da natureza, ou seja, que considera a legislação ambiental, os preceitos éticos e as características recursos naturais de forma a mantê-los em condições adequadas para o uso das atuais e futuras gerações. O termo preservação da natureza, conforme Diegues (2000), pressupõe áreas protegidas sem ocupação ou intervenção humana. 17 como: recursos renováveis e não renováveis, as características da matéria-prima, ar, água, solo, fauna e flora. Esse processo exige a relação desses elementos naturais com aspectos socioeconômicos e culturais na interação ser humano e ambiente. Permite-se assim, por meio desse diagnóstico, a elaboração de propostas de Gestão Ambiental às organizações ou à comunidade interessada. Esse processo envolve também aspectos jurídicos e administrativos, ou seja, envolvendo, obrigatoriamente, governo e sociedade. 2.1 Normativas, documentos e diretrizes Evidencia-se assim, a necessidade de considerar a legislação ambiental, diretrizes, normas, recomendações, estatutos e decretos. Nesse sentido, existem vários documentos jurídicos de alcance internacional na área ambiental, produzidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde a Conferência de Estocolmo, em 1972. Como resultado dos debates em nível internacional que vem ocorrendo entre os países participantes dessas conferências, entre eles o Brasil, também em nível nacional são elaboradas leis, resoluções e outras formas de legislar que devem instruir projetos e ações de gestão ambiental. 2.1.1 Leis, Resoluções e Decretos Federais Dessa maneira, qualquer projeto envolvendo planejamento ambiental deve ter como base a legislação ambiental que no Brasil apresenta significativa consistência. A seguir, para exemplificar, apresenta-se em tabela um breve resumo da evolução da legislação ambiental no Brasil, que teve início no século XVI. 18 Evolução da Legislação Ambiental no Brasil (continua) Ano Leis, decretos, resoluções, etc. Estabelece 1605 Primeira lei de cunho ambiental Regimento do Pau-Brasil, voltado à proteção das florestas. 1797 Carta Régia Necessidade de proteção a rios, nascentes e encostas declarados como propriedade da coroa. 1799 Regimento de Corte de Madeiras Regras rigorosas para derrubada de árvores. 1850 Lei nº 601/1850 – Primeira Lei de Terras A ocupação do solo e sanções para atividades predatórias. 1911 Decreto nº 8.843 A primeira reserva florestal do Brasil, no antigo Território do Acre. 1916 Código Civil Brasileiro Várias disposições de natureza ecológica. A maioria, no entanto, reflete uma visão patrimonial, de cunho individualista. 1934 Código Florestal Limites ao exercício do direito de propriedade. 1934 Código de Águas O embrião do que viria a constituir, décadas depois, a atual legislação ambiental brasileira. 1964 Lei nº 4.504/64 Estatuto da Terra. A lei surge como resposta a reivindicações de movimentos sociais, que exigiam mudanças estruturais na propriedade e no uso da terra no Brasil. 1965 Nova versão do Código Florestal A ampliação das políticas de proteção e conservação da flora e proteção das áreas de preservação permanente (APP). 1967 Códigos de Caça e Pesca e de Mineração – Lei de Proteção à Fauna Atribui à União competência para legislar sobre jazidas, florestas, caça, pesca e águas, cabendo aos Estados tratar de matéria florestal. 1975 Decreto-Lei 4.513/75 O controle da poluição por atividades industriais. Empresas poluidoras ficam obrigadas a prevenir e corrigir os prejuízos da contaminação do meio ambiente. 1977 Lei 6.453/77 A responsabilidade civil em casos de danos provenientes de atividades nucleares. 19 Por toda essa evolução notadamente, sempre existiu uma grande demanda na busca de soluções para os problemas ambientais que são essenciais para a manutenção e conservação da vida, em todas as suas características.Fonte de Pesquisa: Superior Tribunal de Justiça. Fonte: elaborado peloautor com base em Evolução da Legislação Ambiental Brasileira. Disponível em: < http://www.jurisway.org.br/v2/ dhall.asp?id_dh=6921 > Aceso 16 jul. 2014. 1981 Lei 6.938/81 A Política Nacional de Meio Ambiente. A lei inova ao apresentar o meio ambiente como objeto especifico de proteção. 1985 Lei 7.347/85 A ação civil pública como instrumento processual especifico para a defesa do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. 1988 Constituição Federativa do Republica do Brasil A primeira a dedicar capítulo especifico ao meio ambiente. 1991 Lei 8.171/91 A Política Agrícola com um capítulo especialmente dedicado à proteção ambiental 1998 Lei 9.605/98 Dispõe sobre crimes ambientais. A lei prevê sanções penais e administrativas para condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. 2000 Lei nº 9.985/00 A Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, que prevê mecanismos para a defesa dos ecossistemas naturais e de preservação dos recursos naturais neles contidos. 2001 Lei 10.257/01 O Estatuto das Cidades que dota o ente municipal de mecanismos visando permitir que seu desenvolvimento não ocorra em detrimento do meio ambiente. 2005 Resolução nº 357 Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. 2010 Lei nº 12.305/10 A Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. 20 2.1.2 A Agenda 21 Firmada na Rio-92, é um documento com mais de 2.500 recomendações práticas, com o objetivo de preparar as sociedades de todo o mundo para os desafios do século XXI. Caracteriza-se como um programa de ação tendo em vista a viabilização de medidas, considerando o desenvolvimento sustentável. A partir desse documento cada país tem elaborado sua agenda de acordo com suas necessidades e urgências. No Brasil, ele vem sendo referência para projetos ambientais, principalmente em nível municipal. Porém, seus resultados somente serão visíveis em médio e longo prazo, pois sua efetivação depende da consonância com as diretrizes e normas estabelecidas pelos documentos da Agenda 21. 2.1.3 O Estatuto da Cidade Com o objetivo de regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição Federal que se refere à política urbana, foram estabelecidas as diretrizes gerais pela Lei 10.257, de 10/07/2001, que são conhecidas como o Estatuto da Cidade. Esta legislação tem como propósito normatizar as ações quanto ao uso da propriedade urbana, tendo em vista o bem coletivo, a segurança, o bem estar da população e o equilíbrio ambiental. Diversos capítulos desse estatuto abordam aspectos referentes ao meio ambiente, com destaque para os Instrumentos de Política Urbana (Capítulo II) e o do Plano Diretor (Capítulo III) que enfatiza a questão da qualidade de vida do cidadão. 2.1.4 A ISO 14.000 O objetivo principal da série ISO 14.000, que será abordada com mais detalhes da próxima unidade desse material, 21 é a implantação do Sistema de Gestão Ambiental como busca de redução do desperdício, tanto em relação à matéria-prima, como a água e energia utilizadas e aos resíduos gerados no decorrer do processo produtivo, de acordo com a legislação ambiental. Conforme Reis e Queiroz (2002), a ISO 14.000 pode ser aplicada em todos os países e visa promover a harmonia entre os interesses públicos e os usuários. No entanto, não há uma obrigatoriedade em relação à certificação, embora possa contribuir de forma significativa para uma melhor aceitação dos produtos produzidos pela empresa, principalmente no mercado internacional. 3 Fases de um projeto ambiental O planejamento ambiental objetiva detectar e resolver problemas por meio de procedimentos que exigem a adoção de metodologias e procedimentos para buscar soluções para situações criadas pela intervenção humana no ambiente natural. Busca-se, nesse contexto, o Desenvolvimento Sustentável. No Brasil, há a instrução normativa que dirige os estudos de impacto ambiental, atendendo à Resolução CONAMA 001/86, com o objetivo de licenciar os estudos ou projetos ambientais, que é denominado Termo de Referência. Quaisquer metodologias de abordagem podem ser utilizadas, desde que de acordo com a literatura nacional e/ou internacional sobre o assunto. Assim sendo, o projeto é submetido à apreciação do órgão empreendedor que avaliará as interações entre as diversas atividades e o cronograma físico de execução dos trabalhos. Conforme Farias (2013), esse termo precisa conter: • O dimensionamento do problema a ser estudado: refere-se às características da atividade a ser implantada destacando sua localização, os recursos tecnológicos e financeiros a serem empregados. Deve destacar como serão controlados os seus efeitos, de contexto socioeconômicos, os objetivos da política de uso e ocupação do solo e a legislação em vigor. 22 • A descrição geral do empreendimento: identificação do empreendedor; objetivos e justificativas do empreendimento; identificação do local preferencial para a instalação. • A descrição técnica do empreendimento: detalhamento dos recursos tecnológicos de implementação do empreendimento; operações e alternativas tecnológicas; área ocupada pela implantação; alternativas locacionais; insumos; descartáveis e infraestrutura necessária para implantação. • Os planos governamentais co-localizados: deve apresentar uma relação geral dos planos e programas governamentais que se desenvolvem ou estão propostos para a região, identificando a ação proposta pelo empreendedor. • A legislação referente aos recursos naturais, ambientais, ao uso e ocupação do solo: refere-se à legislação atualizada aplicada ao projeto. • A área de estudo em relação às áreas de influência direta e indireta: refere-se às áreas de estudo ou abrangência direta e indireta, destacando aspectos naturais, sociais e econômicas. • O diagnóstico ambiental dos meios físico, biótico e socioeconômico: refere-se a uma caracterização detalhada e atualizada da situação ambiental dos sistemas físicos, biológicos e socioeconômicos das áreas de influência, previamente delimitadas, antes da implantação do projeto. • A identificação e avaliação dos impactos ambientais decorrentes da implantação e operação do projeto: os impactos precisam ser identificados e avaliados de acordo com a(s) metodologia(s) da literatura nacional e/ou internacional adotada(s) pelo grupo responsável pelos estudos. Deverá incluir prognósticos realizados nas áreas de influência e estudos quanto à viabilidade do empreendimento. Deverão ainda, ser mencionados, as alterações ambientais decorrentes das diferentes alternativas locacionais previstas e os estudos dos custos ambientais e benefícios socioeconômicos decorrentes da implantação e operação do projeto. • Os programas e planos ambientais: refere-se aos programas e planos de gerenciamento/monitoramento das ações 23 voltadas para a proteção ambiental e de minimização dos impactos negativos provocados pelas diferentes fases do empreendimento (incluindo programas para situações emergenciais e de acidentes e programas e planos estratégicos para incrementar os impactos positivos identificados). Destaca-se que um Termo de Referência bem elaborado é uma das etapas fundamentais para que um estudo ou projeto ambiental alcance a qualidade esperada. 4 Métodos de abordagem em projetos ambientais No que diz respeito aos projetos ambientais, há diversas formas de se alcançar os objetivos e todos passam pela adoção do método científico, que de acordo com Lakatos e Marconi (1991, p. 40), consiste “num conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, commaior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando” as decisões dos estudiosos. Sem a adoção de um método, não há conhecimento científico, que é definido por Lakatos e Marconi (1991, p. 40) como aquele que é “contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm a veracidade ou falsidade conhecida por meio de experimentação [...] é sistemático”. Dessa forma, evidencia-se a necessidade de se considerar métodos e técnicas de pesquisas relacionados à temática ambiental com o fim de se obter informações precisas e confiáveis sobre a problemática em questão. Além de se considerar a abordagem científica, os problemas ambientais e sua solução necessitam de uma abordagem inter e multidisciplinar, envolvendo diversas áreas do conhecimento, tais como a das engenharias, geografia, geologia, biologia, medicina veterinária, pedagogia, entre outras. 24 Diversos são os métodos e as técnicas de abordagem dos estudos ambientais, que se constituem em mecanismos estruturados para a coleta, análise, comparação e organização de dados e informações, de forma a construir conhecimentos sobre a problemática ambiental em questão. Apresenta-se a seguir alguns métodos e técnicas que, conforme Carvalho e Lima (2010), são os mais utilizados. • Método ad hoc: baseia-se no conhecimento de especialistas no assunto em questão. São mais adequados para casos que exigem pareceres ou resultados em curto prazo. • Método de listagens de controle ou check list: São listas padronizadas onde se identificam e enumeram os impactos ambientais, a partir do diagnóstico dos especialistas em aspectos dos meios físico, social e econômico. • Método de matrizes de correlação: são matrizes difundidas internacionalmente a partir da proposta de Leopold (1971). Permitem a análise qualitativa e uma fácil compreensão dos resultados, porém apresenta como limitação a alta subjetividade e a falta de avaliação da frequência das interações. • Método de redes de interações (Networks): objetiva estabelecer as relações de precedência entre ações praticadas pelo empreendimento e os impactos consequentes, sejam eles de primeira ou demais ordens. Interdisciplinar Perspectiva de articulação interativa entre as diversas disciplinas científicas com o fim de enriquecê-las por meio de relações dialógicas entre os métodos e conteúdos que as constituem. (MENEZES e SANTOS, 2002) Multidisciplinar Forma de abordagem em que se recorre a conceitos e técnicas de diversas disciplinas científicas para estudar um determinado elemento, porém não há preocupação de interligar as disciplinas entre si. (MENEZES e SANTOS, 2002) 25 • Métodos quantitativos: buscam associar valores aos aspectos qualitativos que possam ser formulados durante a avaliação de impactos de um projeto. É viável para empreendimentos que envolvem a utilização de recursos hídricos, com a intenção de promover uma abordagem sistemática. • Modelos de simulação: são modelos matemáticos destinados a representar tanto quanto possível os parâmetros ambientais ou as relações de causa e efeito de determinadas ações. (CARVALHO e LIMA, 2010). Ressalta-se, no entanto, que os métodos e técnicas não possibilitam um tratamento efetivo de todos os aspectos envolvidos numa determinada problemática ambiental. Isso porque, são muitos os fatores que precisam ser considerados num estudo, porém a aplicação de um método auxilia na análise das condições particulares do meio ambiente em cada estudos. 26 EXERCÍCIOS Todos os exercícios estão disponíveis na página da disciplina no Ambiente Virtual de Aprendizagem em http://ead.utp.edu.br, para respondê-los é necessário fazer login. 27 REFERÊNCIAS ASSUNÇÃO, F. N.; LIMA, LIMA, L. Gestão Ambiental no Brasil. XIV Encontro da Rede Luso-Brasileira de Estudos Ambientais Vulnerabilidade Socioambiental na África, Brasil e Portugal: dilemas e desafios. Universidade Federal de Pernambuco. Refice – PE, 2011. CARVALHO, D. ; LIMA, A. V. Metodologias para Avaliação de Impactos Ambientais de Aproveitamentos Hidrelétricos. Anais do XVI Encontro Nacional dos Geógrafos Crise, práxis e autonomia: espaços de resistência e de esperanças, espaços de diálogos e práticas. Porto Alegre, 2010. CREA-PR. Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Paraná. Estatuto das Cidades. Curitiba, 2002. FARIAS, T. Licenciamento ambiental: aspectos teóricos e práticos. Belo Horizonte: Fórum, 2007. FRITZSONS, E. ; CORREA, A. P. A. O Zoneamento Ecológico- Econômico como Instrumento de Gestão Territorial. Colombo: Embrapa Florestas, 2009. 28 GODARD, O. A gestão integrada dos recursos naturais e do meio ambiente: conceitos, instituições e desafios de legitimação. In: VIEIRA, P. F.; WEBER, J. (Orgs.). Gestão de recursos naturais renováveis e desenvolvimentos: novos desafios para a pesquisa ambiental. São Paulo: Cortez, 1997. GRIFFITH, J. J. Gestão Ambiental: Uma Visão Sistêmica. Viçosa, Departamento de Engenharia Florestal, Universidade Federal de Viçosa, 2005. GRISI, B. M. Glossário de Ecologia e Ciência Ambientais. João Pessoa, 2007. Disponível em: < http://www.em.ufop.br/ceamb/ petamb/cariboost_files/glossario_20de_20ecologia_20e_20cien cias_20ambientais.pdf>. Acesso em 10 jun. 2014. KRIEGER, M. G. ; MACIEL, A. M. B.; BEVILACQUA, C. R.; FINATTO, M. J.; REUILLARD, P. C. R. Glossário de Gestão Ambiental. São Paulo: Disal, 2006. LAKATOS, E. ; MARCONI, M. A. Metodologia científica. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1991. LANNA, A. E. L. A inserção da gestão das águas na gestão ambiental. In: (Org.) MUNÕZ, Héctor Raúl. Interfaces da gestão de recursos hídricos: desafio da lei das águas de 1997. 2a. ed. Brasília: Secretaria de Recursos Hídricos/MMA, 2000. LEOPOLD, L.B.; CLARKE, F.S.; HANSHAW, B. et al. A procedure for evaluating environmental impact. Washington: U. S. Geological Survey, 1971. MENEGUSSO, I. CHAICOUSKI, A. Reflexões acerca dos conceitos de degradação ambiental, impacto ambiental e conservação da natureza. 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São Paulo: Atlas, 2010. 30 Disciplina de GESTÃO SUSTENTÁVEL Coordenadoria de Educação a Distância Coordenação Marlei Gomes da Silva Malinoski Divisão Pedagógica Analuce Barbosa Coelho Medeiros Margaret Maria Schroeder Editoração Haydée Silva Guibor Neilor Pereira Stockler Junior
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