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Independentemente da área escolhida, todo conhecimento científico, se baseia em teorias Básicas e princípios, que dão suporte á suas variadas direções, isso também ocorre com a auditoria, mas é preciso que aquele que “mergulha” na auditoria como prática tenha um sentido de qual é o seu “lugar no mundo” no que diz respeito a essa prática. Logo vem a necessidade de uma teoria da auditoria e junto o questionamento do porque. Pode-se argumentar que o problema das relações políticas entre o poder local e o poder nacional não será resolvido por meio de discussões conceituais. O que seria necessário é mais pesquisa de campo. Historiadores, sem dúvida, tenderiam a apoiar esse ponto de vista. Há momentos, no entanto, em que o acúmulo de pesquisas passa a ter rendimento decrescente porque as ideias começam a girar em roda, sem conseguir avançar devido a confusões ou imprecisões conceituais. Nesses momentos, convém parar para revisão e tentar esclarecer conceitos e teorias. (CARVALHO, 1997, p. 229) Diante disso a necessidade de existência de Normas de auditoria que são as regras ditadas pelos órgãos reguladores da profissão contábil e tem por objetivo a regulação da profissão e atividades bem como estabelecer diretrizes a serem seguidas pelos profissionais no desenvolver de seus trabalhos. As normas atualmente em vigor no Brasil são emitidas em conjunto pelo CFC, IBRACON, Banco Central do Brasil, a CVM e a Superintendência de Seguros Privados. Uma teoria da auditoria, contendo conceitos e princípios comuns que unem os diversos aspectos dessa área do conhecimento, possibilita aos profissionais que dela se utilizam, a compreensão mais apurada do universo teórico no qual estão inseridos. Pois existem traços comuns em todas as modalidades e atividades de auditoria, é provável que exista também uma lógica comum a todas elas, um conjunto de fundamentos que preside a organização de todas. Na teoria da auditoria, é estudado um conjunto ordenado de conceitos que representam características comuns a todos os ramos da auditoria, possibilitando uma maior compreensão e aprendizado por parte dos profissionais que as utilizam. Por este motivo a importância em descobrir a lógica compartilhada por todas as práticas de auditoria é um recurso útil para boa compreensão. A auditoria pode ser considerada um dos mecanismos mais importante no controle público, e os órgãos de controle externo e interno da administração pública são bastante beneficiados ao aprofundar seus conhecimentos nas modalidades e técnicas de auditoria. As interpretações sobre auditoria são variadas, e a auditoria cotidianamente costuma ser interpretada ou associada a ideias de fiscalização, ou busca de irregularidades e ilicitudes. No âmbito técnico ou empresarial, a auditoria é ligada a ideia de verificação contábil. Isso pode ser atribuído ao fato de que no mundo ocidental os primeiros passos da auditoria se originaram nas verificações de contas financeiras devidas a tesouros nacionais ou proprietários privados. A auditoria surgiu como consequência da necessidade de confirmação dos registros contábeis, em virtude do aparecimento das grandes empresas, baseado no lucro expresso nas demonstrações contábeis. Sua evolução ocorreu em paralelo ao desenvolvimento econômico e com as grandes empresas formadas por capital de muitas pessoas. A auditoria tem por objetivo averiguar a exatidão dos registros contábeis e das demonstrações contábeis no que se refere aos eventos que alteram o patrimônio e a representação desse patrimônio. No entanto, atualmente a atuação da auditoria é bem mais ampla, conseguindo alcançar com maior qualidade na prestação de serviços, ou, por exemplo, á existência de fraudes e ou correções nas declarações tributárias e contas médicas. Quanto à demanda social, constatamos que a moderna sociedade ocidental tem vivido, na opinião de alguns autores, uma “explosão da auditoria”. Desde o final da década de 80, e início da década de 90 é possível observar um crescimento considerável na demanda social pela auditoria, principalmente na sociedade ocidental. “Além da regulação da contabilidade da empresa privada pela auditoria financeira, práticas de auditoria ambiental, auditoria de desempenho, auditoria de gestão, auditoria forense, auditoria de sistemas de informação, auditorias de propriedade intelectual, auditoria médica e auditoria da tecnologia emergiram e, em graus variados, adquiriram um certo patamar de aceitação e estabilidade institucional.”(POWER, 1999). “Os conceitos para compreender as possibilidades de solução e suas restrições não estão necessária e previamente dados. Às vezes, devem, também, ser criados pelo homem. A principal dificuldade para abordar, com eficácia, um problema quase estruturado consiste, justamente, em criar os conceitos para entendê-lo”. (MATUS 1989, P 108). Cotidianamente podemos nos deparar com o Alcance da “auditoria como demanda.” Toda prática social pode ser caracterizada por aspectos programáticos (normativos) e tecnológicos (operacionais). E também uma das concepções de auditoria com que nos deparamos no cotidiano: é a “auditoria como programa”. Como “demanda” a auditoria é, supostamente, toda forma de abertura das organizações a um escrutínio externo independente, que se destina a fornecer uma base de recursos de informação para o controle efetivo dessas organizações por todos aqueles que tenham direito a exercê-lo. Os aspectos programáticos ou Normativos, são as idéias a respeito da missão ou finalidade daquela prática, idéias que têm o (crítico) papel de vincular essa prática aos objetivos sociais mais amplos que circulam na esfera política. Nessa visão “programática” da auditoria, são formuladas demandas amplas aos auditores em geral, e de alguma maneira presume-se que a prática deles é capaz de atender a tais demandas. Já os aspectos tecnológicos ou operacionais da auditoria compõe-se das tarefas e rotinas mais ou menos concretas que são levadas a cabo pelos auditores, por exemplo amostragens, checklists, revisões analíticas, e a forma como se estruturam. Aí está, portanto, o papel estruturante dos critérios de auditoria dentro do processo de conhecimento que ela implica. A complexidade dos processos quase-estruturados exige a produção de conceitos que correspondam à sua natureza complexa; que sejam capazes de lidar com o difuso, o impreciso, o insuficiente, o relacional, as misturas de qualidade com quantidade, a ação criativa e imprevista, a subjetividade e os interesses dos atores sociais, e a incerteza daí resultante. Frente a natureza do problema quase-estruturado, o critério pode servir para cumprir a advertência de Matus: “A objetividade não é possível; deve-se, sempre, perseguir o rigor”. É importante identificar a dupla natureza do critério de auditoria como “critério princípio” e “critério padrão”. A primeira natureza é a especificação de uma parte da realidade auditada, seus contornos lógicos. Este conceito, sob o nome genérico de “indicadores” e algum viés quantitativo, tem vasta aplicação no trabalho científico strictu sensu voltado para as políticas públicas. Kells 1991 define-o como “sistemas de elementos quantificáveis ou relações numéricas para medir certos aspectos dos inputs das entidades públicas, de seu funcionamento e dos resultados” A segunda natureza representa a definição de um valor, que contém a posição normativa oriunda da equipe auditora, ou de outra fonte com autoridade para defini-la, acerca do que seria desejável ou esperado para os resultados da ação auditada. Assim, a cada percepção de fraude ou problemas em algum ramo de atividade, surge o clamor por “mais auditoria”, reforçando as expectativas sociais em torno de algum agente verificadorque, por procedimentos mais ou menos claros, possa “regularizar” ou “moralizar” esse setor. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS http://www.ibracon.com.br/ibracon/Portugues/ IBRACON (Acesso em 08 de maio de 2022). IBRACON, 1994 - Instituto Brasileiro de Contadores. Princípios Contábeis. São Paulo: Atlas, 1994 https://cfc.org.br/cia/auditoria/ CFC (Acesso em 08 de maio de 2022). IZIQUE, Cláudia. Rapinagem municipal. In: Razão Contábil, 1 (2), jun/2004. São Paulo: Edições Segmento, 2004. GARCIA, 2001 - Garcia, Ronaldo Coutinho. Subsídios para Organizar Avaliações da Ação Governamental. Brasília, IPEA , 2001. KELLS (1991, pág. 423) los define como: “sistemas de elementos cuantifiabes o relaciones numéricas para medir ciertos aspectos de los inputs de las entidades públicas, de su funcionamiento y de los resultados. (Valderrama & Cejas, 1996, p. 196 - tradução nossa no corpo do texto). MAUTZ, Robert. Princípios de auditoria. São Paulo: Atlas, 1976. MATUS, 1989 – Matus, Carlos. Adeus, senhor presidente: planejamento, antiplanejamento e governo. Recife: Litteris Editora, 1989. POWER, Michael. The audit society – rituals of verification. Oxford: Oxford University Press, 1999. SALVADOR, Ignacio Cabeza. El papel de la auditoría pública en la lucha contra la corrupción. In: Revista Técnica, XXXIII (17), 2000. Madrid: Instituto de Auditores- Censores Jurados de Cuentas de España. TCU, 1998A -Brasil. Tribunal de Contas da União. Manual de auditoria de desempenho do Tribunal de Contas da União. Brasília, 1998. TCU, 2000 – Brasil. Tribunal de Contas da União. Manual de auditoria de natureza operacional. Brasília, 2000. (também disponível no site www.tcu.gov.br) (Acesso em 10 de maio de 2022). Resolução CFC nº 1.019, de 18-02-05. Dispõe sobre o Cadastro Nacional de Auditores Independentes (CNAI) do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), e dá outras providências; (Revogado pela Resolução CFC Nº 1495 DE 20/11/2015).
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