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1 PRÁTICAS DE LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL EM LÍNGUA INGLESA II Danielle Barbosa Lins de Almeida Caros alunos, Sejam todos muito bem-vindos à disciplina Práticas de Leitura e Produção Textual em Língua Inglesa II. Antes de começarmos a conversar sobre o que vimos no semestre anterior em Práticas de Leitura e Produção Textual em Língua Inglesa I, queria propor duas perguntas iniciais para ‘aquecer’ nossa conversa: Sobre o que você acha que esse novo curso vai tratar? Que habilidades você pretende desenvolver ao longo do curso? Vou logo adiantando as respostas. Agora, além de consolidar o que aprendemos em Práticas de Leitura e Produção Textual em Língua Inglesa I, vamos tentarrever os desafios nos processos de leitura e produção textual, revisar o que já sabemos sobre gêneros textuais, introduziros conceitos de letramento e multimodalidade, abordar criticamente a leitura dos textos visuais epor fim, discutir os mecanismos de uma leitura e produção textual crítica, sobretudo dos gêneros que sãoincorporados ao nosso dia-a-dia. Ao término dessa disciplina, esperamos não somente termos desenvolvido nossa capacidade de olhar os textos de nosso cotidiano de maneira mais reflexiva, como também produziresses textos de maneira 2 mais consciente, repensando e observando atentamente os contextos de produção e circulação desses textos. Para tanto, organizei o curso da seguinte maneira: Na Unidade 1, pretendo extrapolar o conceito de gênero textual da perspectiva bakhtiniana, abordada em Práticas de Leitura e Produção Textual em Língua Inglesa I, para entender o que propõe ateoria de gêneros de Swales (1990). Na Unidade 2, vamos abordar o conceito de letramento, articulando-o com a habilidade de se ler e interpretar as imagens. Para tanto, na Unidade 3, dispomos de uma teoria chamada Gramática Visual (GV) que aborda a multimodalidade dos textos visuais (Kress & van Leeuwen, 2006). Finalmente, na Unidade 4, recuperamos nosso papel de leitores e produtores textuais e buscamos refletir sobre como melhorar nossas habilidades de leitura e pensamento crítico. Espero realmente que vocês se beneficiem da experiência de mergulhar nas Práticas de Leitura e Produção Textual em Língua Inglesa II, e ao final da disciplina, possam se revelar tanto melhores leitores, quanto mais eficientes e reflexivos produtores textuais! Meu forte e caloroso abraço! Danielle Almeida 3 UNIDADE 1 LEITURA E ESCRITA CRÍTICA E GÊNEROS TEXTUAIS Em Práticas de Leitura e Produção Textual em Língua Inglesa I, abordamos a teoria de gêneros textuais a partir da perspectiva bakhtiniana onde aprendemos que “nossos enunciados dispõem de uma forma padrão e relativamente estável de estruturação, o que, na prática, nos permite usar um rico repertório de gêneros do discurso orais e escritos”. Em Práticas de Leitura e Produção Textual em Língua Inglesa II abordaremos os estudos de gênero a partir da perspectiva de Swales (1990), que, como vimos anteriormente, a partir dos anos 90 começa a associar “gênero às práticas de falantes em uma comunidade, com ênfase nos propósitos comunicativos e nas ações sociais”.O termo ‘gênero’ foi definido por Swales (1990) como uma “classe de eventos comunicativos cujos membros compartilham um conjunto de propósitos comunicativos”. No contexto acadêmico, a teoria de gêneros textuais tem sido aplicada predominantemente no campo de Inglês para Fins Específicos (English for Specific Purposes - ESP). A teoria de gêneros pode ser considerada uma ferramenta importante na análise da interação humana, porque membros de profissões comuns ou comunidades discursivas compartilharão propósitos comuns de comunicação, ou seja, dos mesmos gêneros. São esses gêneros textuais que professores de comunicação professional devem ensinar aos seus alunos. 4 O projeto social, pedagógico e político por trás da teoria de gêneros envolve a habilidade de participar em uma gama de gêneros. Isso significa que alguém que trabalha na área de relações públicas precisa ser competente na produção de gêneros relacionados ao interação consumidor-cliente como entrevistas, conferência de mídia, apresentações orais, divulgação de mídia, panfletos publicitários, relatório de negócios, etc. Em outras palavras, os gêneros podem ter a forma de diferentes tipos de textos:um artigo em uma revista, um email, um SMS, uma mensagem via Whatsapp ou Facebook para um namorado/uma namorada, um anúncio em um jornal, revista ou outdoor, uma carta submetendo-se a um emprego, um CV (curriculum vitae), uma receita, uma entrevista, uma interação solicitando um favor. Assim, um gênero textual pode ser definido como um tipo especifico de texto – oral ou escrito, formal ou informal – reconhecido de acordo com sua função, ou seja, o que as pessoas podem fazer com ele em determinados contextos. A teoria de gêneros textuais tem se preocupado descrever o maior número e nível de organização estrutural de textos orais e escritos. Em termos pedagógicos, a teoria de gêneros vem sendo aplicada para tornar osalunos mais conscientes sobre como diferenciar os gêneros e como aprender os parâmetros que constroem determinados gêneros e as formas através das quais esses parâmetros afetam a estrutura discursiva e a codificação linguística. Sabe-se que quando alguém utiliza um determinado gênero, ele/ela está fazendo pelo menos três coisas simultaneamente(Martin, 1984): Criando uma representação de realidade; Estabelecendo um tipo de relacionamento social; 5 O que é um gênero? Como a noção de gênero influencia a nossa produção textual? Quais gêneros textuais você mais usa em seu dia-a-dia? Você utiliza alguma estratégia para aprimorá-lo ou apenas segue sua intuição? Reforçando ou desafiando identidades Essas são as perguntas que você deve começar a se fazer a partir de agora: A teoria de gêneros permite a interação humana devido ao fato de que todo gênero textual tem um ou mais propósitos inerentes ao próprio texto e em cada gênero os indivíduos se representam de uma maneira ou outra, de forma a estabelecer diferentes identidades e diferentes relações sociais. Sua representação do mundo irá, então, depender fundamentalmente de sua identidade individual e suas relações. Martin (1984) identificou seis tipos básicos de gêneros: relatório, explicação, procedimento, discussão, descrição e narrativa, todos importantes ao estudo dos gêneros. 6 Pensemos em nosso papel como produtores textuais: Caso você não saiba bem por onde começar ao iniciar um texto, David Gauntlett (2001) propõe que você (1) leia e pense criticamente a respeito do que você sabe sobre o assunto que vai abordar; (2) pense em uma boa estrutura textual. Mas o que seria uma boa estrutura? De acordo com Gaunlett (ibid.), uma boa estrutura textual requer (1) uma introdução/apresentação ‘sólida’ contendo a sua interpretação dos Como você geralmente começa a escrever um texto? Como você planeja a estrutura do texto? Você pensa antes para quem está escrevendo? 7 fatos e seu argumento/hipótese; (2) uma conclusão ‘poderosa’contendo a consequência lógica dos componentes do seu texto. É logico que essa estrutura ‘padrão’ proposta por Gauntlett só faz sentido de acordo com o tipo de texto que você irá desenvolver, ou seja,ogênero escolhido. Gauntlett dá dicas mais objetivas que podem ser aplicadas a qualquer tipo de produção textual. São elas: Pegue um pedaço de papel e escreva: Frases e reflexões acerca do assunto (=brainstorming); Perguntas e ideias que você tenha em mente; Problemas e indagações sobre o tema: no que você concorda ou discorda? (Não subestime suas percepções!) Isso feito, comece a escrever seu texto. Leia e releia o que escreveu, parágrafo a parágrafo. Observe seu estilo. Lembre-se: Menos é mais. Seja econômico com as palavras. Na maioria das vezes é possível expressar boas ideias sem soar repetitivo, monótono ou prolixo. 8 Revejaos pontos gramática e ortografia. Quando necessário, faça as devidas referências. Pergunte-se: o Devo ser mais formal ou informal? o Posso usar o recurso da Internet? o Como deve ser a macro estrutura do meu texto? o Como devo concluir o meu texto? o Como revisar o meu texto no final? o Eu sei o que significa ‘plagiar’? Todas essas reflexões levam a uma compreensão textual diferente daquela que já conhecemos através da gramática tradicional. Começando com a questão do propósito: a análise dos textos em uma perspectiva teórica de gêneros começa na investigação da estrutura do texto completo, diferente da gramática tradicional, que começa investigando as palavras e as classes gramaticais e raramente vai além disso. Por outro lado,a teoria de gêneros está preocupada em compreender os textos completos e sua função social. Nesse sentido, a teoria de gênero é inovadora por usar a diferença cultural e linguística como pontos de acesso. Além disso, através da teoria de gêneros os discursos marginalizados se tornam capazes de influenciar os discursos da maioria, valorizando a diversidade. É por isso que a teoria de gêneros assume que o acesso aos benefícios sociais, econômicos e culturais tem a ver com as habilidades de letramento da população. Mas o que é mesmo letramento? Refletiremos sobre isso em nossa próxima unidade. 9 UNIDADE 2 LETRAMENTO E MULTIMODALIDADE Repensar o termo ‘letramento’ requer olhar em várias direçõesao consideraro que o termo letramento propõe (Bearne 2003, p. 98). Com a emergência de novas tecnologias como Internet, emails, imagens digitais, etc – as crianças agora se familiarizamdesde muito cedo com novas formas de representação e comunicaçãoque constantemente nos lembram que os aprendizes contemporâneos sãodiferentes dos adultos que nasceram em um mundo dominado pelo universo impresso. Todavia, o letramento envolve sobretudo as práticas que o circundam epara além do mundo impresso convencional, em que o velho conceito de letramento era usado como referência para práticas de alfabetização. As possibilidades que esse novo tipo de prática de letramento propõem são introduzidas predominantemente por recursos retóricos advindos da própria sociedade, como notícias da mídia, osanúncios publicitários, e as várias dimensões do mundo televisivo– todas as quais contribuem para estruturar o pensamento e resultamem diferentes maneiras de representar o conhecimento e a experiência. Essa transição de paradigmas também assume que a integração de imagens e linguagem verbal é de suma importância para o desenvolvimento de uma abordagem pedagógica mais crítica e complexa em relação ao letramento. Uma pedagogia transformadora 10 consegue combinar teoria e prática e conta com a inclusão de estudos em multimodalidade ao incluir textos multimodais em atividades propostas nas quais alunos e professores podem contar com seu capital cultural(Bourdieu, 1977) ao adotarem uma postura mais reflexiva acerca dos textos e analisarem os contextos culturais nos quais esses textos ocorrem. Em termos gerais, a nossa prática escolar tradicional não costuma levar a multimodalidade dos textos em consideração. Como Bearne aponta, “nenhum texto é construído isolado de seu contexto social, econômico e político [...], então o letramento engloba uma série de práticas desenvolvidas dentro desses espaços culturais”. A primeira parte dessa grande transição para uma prática mais crítica começa pelo foco na retórica de representação dos textos e inclui seu design, aspectos visuais, verbais, multimodais. Convencionou-se chamar de ‘alfabetizados’ aqueles que fazem uso da escrita como seu único meio de comunicação visual, o que não é verdade. Este velho conceito dominante de letramento desvaloriza os Você sabe o que significa multimodal? Pesquise o significado de multimodalidade. 11 significados advindos das imagens e de outros recursos semióticos. O que uma nova abordagem ao letramento busca oferecer é uma forma complementar de entender as imagens como textos, tirando apenas do texto escrito a capacidadede veicular mensagens e significados. Pela forma como aprendemos tradicionalmente na escola, somos inábeis em traduzir por escrito aquilo que vemos nas imagens; quando nos pedem para escrever em palavras nossas representações imagéticas, não raramente nossas narrativas fazem pouco sentido para aquele não está as vendo ou ouvindo-as (Bearne, 2003, p. 99). Isso claramente reflete a nossa falta de treino em traduzir a multimodalidade dos textos em estruturas e comunicações coerentes. Dessa forma, repensar o termo letramento envolve reconsiderar o que deve ser ensinado em cursos de leitura e escrita nos contextos educacionais. Mais que isso, repensar letramento inclui revisitar o conceito e adaptá-lo a uma nova ordem semiótica que capacite os aprendizes a produzir e interpretar ativae eficientemente o que por equívocoaté hoje tem sido destinado apenas a pessoas com dons especiais de produzir e interpretar textos visuais. Ao ampliar o ensino e o estudo de novos códigos de comunicação como as imagens, abriremosas possibilidades de acesso culturaldestinadas até então a apenas aqueles envolvidos com artes visuais (Kress & van Leeuwen, p. 3). Seja como for, uma prática multimodal que reconhece o capital textual e crítico dos aprendizes ajuda a introduzir novas formas de textos particularmente úteis em relacionar a experiência textual oriunda do universo da comunicação e relacioná-la asjá consolidadas práticas educacionais de letramento. 12 Seja sincero: você já considerou a quantidade de textos visuais com a qual nos deparamos em nosso dia-a-dia? São outdoors publicitários nas ruas que nos chamam atenção, anúncios publicitários impressos, televisionados ou virtuais, capas de revistas, jornais, emoticonse emojis nas mensagens que enviamos, imagens no Whatsapp, no Facebook e emails, fontes tipográficas diferentes que usamos para compor nossos textos, escolhas que fazemos muitas vezes sem nos darmos conta de que elas são motivadas por representações de mundo que queremos comunicaratravés dos códigos das imagens. Tome um anúncio qualquer como exemplo e se faça as seguintes perguntas: O que querem dizer as cores utilizadas em um anúncio? Esse anúncio tem participantes representados? São seres humanos ou objetos? Eles estão estáticos ou em movimento? O que eles estão fazendo? O tal anúncio vem acompanhado de um slogan ou de um texto? Onde ele está localizado, na parte de cima ou embaixo, no anúncio? O que existe do lado esquerdo do anúncio? E do lado direito? 13 O mais importante: você sabia que cada uma dessas escolhas, no caso dapublicidade, é minuciosamente pensada para te convencer, consumidor, a comprar o produto? Veja o exemplo de um anúncio de uma conhecida loja de departamento brasileira, veiculada no período do Dia das Crianças, em 12 de outubro: Fonte: Anúncio impresso retirado de revista de circulação nacional Nesse anúncio, somos inicialmente impactados pelas cores vibrantes: O fundo amarelo do chão de madeira que contrasta com as cores vermelho e azul dos carrinhos artesanais feitos do mesmo material e que 14 parecem estar em movimento em direção a algo ou alguém do lado esquerdo da imagem. Na base, o logotipo da empresa em cor verde também contrasta com os outros tons e nos chama atenção como um elemento saliente.Nele, um pequeno coração em movimento com traços humanos acompanha o texto: Dia das Crianças – Tok seu coração, fazendo uma clara alusão ao nome da empresa, a loja de móveis e utensílios domésticos Tok &Stok. Em um nível mais profundo de análise dos componentes dessa imagem, poderíamos argumentar que a cor verde da caixa onde o logo da empresa e o texto estão localizados remete ao verde das florestas, o qual, junto com a madeira que compõe o piso e os carrinhos em movimento, leva o consumidor a uma representação mais orgânica e artesanal de mundo, associando a empresa a valores de preocupação ambiental e social. Isso é reforçado pelo texto que está localizado no lado esquerdo da base da imagem, que além de avigorar esses valores, passa ao leitor as informações práticas– número telefônico, website – sobre como se engajar no projeto social da empresa: De 1 a 12 de outubro, todo valor de qualquer brinquedo que você comprar na Tok & Stok será revertido para instituições que cuidam das crianças de sua cidade. Dê esse presente para quem precisa. Participe: www.tokstok.com.br. 0800 70 10 161 Por fim, a essência generalizada da informação, isto é, a preocupação social da empresa com as crianças carentes, com os valores de infância, de reciclagem e de reaproveitamento de objetos está contida na ideologia dessa representação imagética, comunicada no topo da imagem através de umpequeno texto, destacado sobre um plano de fundo branco, desconectado do piso de madeira: 15 Para seu filho, é um brinquedo. Para outras crianças, pode ser algo mais precioso. Você já havia observado os componentes de um anúncio publicitário de maneira tão cuidadosa e atenta? Fazer isso, de maneira a buscar analisar separadamente os elementos textuais e visuais de uma representação imagética nos revela a multimodalidade de um texto, isto é, o efeito que dois ou mais elementos semióticos causam quando aparecem juntos. No caso do anúncio analisado, temos a combinação de texto verbal e imagem, mas poderíamos ter imagens e sons se fosse uma propaganda televisionada. Ainda assim, teríamos um texto multimodal. Entender isso nos ajuda a compreender melhor a natureza os textos com os quais nos deparamos todos os dias. Na Internet, por exemplo, mensagens combinam textos verbais, sons, imagens e outros códigos semióticos. O que são códigos semióticos, você sabe? Pesquise o significado da palavra ‘semiótica’. 16 Ao lançamos um olhar mais apurado e reflexivo acerca do papel das imagens em nosso cotidiano, refletimos também sobre as imagens incluídas no material didático adotado em nível primário, secundário e/ou universitário em nossas instituições de ensino. Como essas imagens são abordadas (se o são) pelos professores de nossas escolas e universidades? Que tratamento é destinado às imagens em sala de aula? De que forma as imagens poderiam ser abordadas de maneira a explorar todo o seu potencial semiótico a ponto de auxiliar a compreensão de seus significados? De acordo com Kress & van Leeuwen (2006), tradicionalmente as imagens vão perdendo o seu “valor” à medida que avançamos em nível de instrução, como se aquilo que nos estivesse sendo comunicado através das imagens tivesse menor “valor” quando comparado ao que nos é comunicado em termos verbais. Em outras palavras, crescemos acreditando que imagens não são textos, mas adornos de textos, suportes que complementam o que nos é comunicado por meio das palavras. Agora sabemos que isso não é verdade. É justamente por isso que as instituições de ensino vem formando uma comunidade de “analfabetos visuais” segundo Kress & van Leeuwen (ibid.) especialmente porque vamos perdendo, ao longo dos anos, a capacidade de observar as imagens com olhos críticos de quem as compreende enquanto textos. Surge, então, a necessidade de desenvolvermos um olhar mais cuidadoso em relação aos recursos imagéticos de nosso dia-a-dia, a fim de formarmos desde cedo aprendizes autônomos, capazes de se posicionarem criticamente diante de um texto – sobretudo ovisual – e questionar aquilo que está sendo comunicado nas “entrelinhas” de uma dada imagem. 17 Segundo Stokes (2002), o letramento visual reside na habilidade de ler, interpretar e compreender a informação apresentada em imagens, bem como a sua produção. Para Muffoletto, o letramento visual está além da produção e compreensão do recurso imagético, pois envolve “a conscientização acerca de si próprio e das representações, no tempo e no espaço, dentro de um contexto social, cultural, histórico e político (...)”. (Muffoletto, 2001, apud Oliveira, 2006, p. 10). Dentre tantas assertivas que envolvem o conceito de letramento visual, deduzimos que algo em comum perpassa por todas elas: a ideia de que o letramento visual é algo aprendido, assim como a leitura e a escrita também o são. Isso quer dizer que as experiências visuais são adquiridas através de práticas sociais nas quais o leitor/observador está inserido dentro de seu contexto sócio-cultural específico, uma vez que suas interpretações são construídas a partir desses referenciais. Agora que sabemos que as imagens não se constituem em suportes para textos verbais, mas que são tão carregadas de sentido quanto o texto escrito (Almeida, 2008), partiremos para um modelo de análise de imagens chamado Gramática do Design Visual, elaborado por Kress & van Leeuwen (2006) que visa apresentar elementos de investigação imagética como ponto de partida para a formação de professores em suas práticas de letramento visual. 18 UNIDADE 3 PRÁTICAS DE LEITURA E DE PRODUÇÃO DO TEXTO VISUAL Como vimos na unidade anterior, vivemos cercados por uma profusão de imagens que ‘desfilam’ seus aspectos semióticos, imbuídos de significados sócio-culturais, valores, crenças e relações de poder, seja em textos publicitários, nas artes, em textos digitais ou em livros didáticos.Além disso, testemunhamos através de pesquisas, uma notada carência didático-metodológica no que diz respeito ao preparo do professor para o ensino multimodal. Elaborada em 1996 pelos Professores Doutores Gunther Kress, do Departamento de Aprendizagem, Currículo e Comunicação da Universidade de Londres, Inglaterra, e Theo van Leeuwen, Decano da Faculdade de Humanidades e Ciências Sociais, da Universidade de Tecnologia, em Sydney, na Austrália, a Gramática do Design Visual (Kress & van Leeuwen, 2006) surge então como forma de estender a compreensão e leitura das imagens sistematizando seu estudo, já que seus autores encontram pontos consonantes entre o texto visual e o texto escrito. Para tanto, eles se apoiam na teoria do linguista inglês Michael Halliday, denominadaLingüística Sistêmico-Funcional (LSF) cujo foco é estudar a 19 língua enquanto escolha, com ênfase em seu uso como forma de interação entre os falantes (Cunha e Souza, 2007). Fonte: http://www.ioe.ac.uk/staff/lccn_51.html Fonte: http://www.uts.edu.au/staff/theo.vanleeuwen Dr. Gunther Kress Professor de Educação no Departamento de Aprendizagem, Currículo e Comunicação da Faculdade de Cultura e Pedagogia do Departamento de Aprendizagem, Currículo e Comunicação do Centro para Pesquisas Multimodais, Instituto de Educação da Universidade de Londres, Inglaterra. Dr. Theo van Leeuwen Professor Decano da Faculdade de Letras e Ciências Sociais, na Universidade de Tecnologia de Sydney (UTS). Antes de tornar-se um acadêmico, van Leeuwen trabalhou como produtor de cinema e televisão, roteirista e diretor em seu país, Holanda, e é um dos principais teóricos no campo da semiótica social, tendo escrito inúmeros livros e artigos sobre análise do discurso, comunicação visual e multimodalidade. 20 Em outras palavras, o trabalho de Kress e van Leewen (1996) em Semiótica Visual parte do pressuposto de que, assim como a linguagem verbal, a linguagem visual é dotada de uma sintaxe própria, na qual elementos se organizam em estruturas visuais para comunicar um todo coerente. Essas estruturas podem incluir pessoas, lugares ou objetos inanimados na forma de participantes representados, e podem estar organizadas em diferentes níveis de complexidade. Outro aspecto interessante da Gramática Visual: assim como a Gramática Sistêmico-Funcional de Halliday (1994), ela entende que a compreensão e análise das escolhas léxico-gramaticais de um determinado texto está diretamente relacionada ao contexto cultural e ao contexto situacional no qual esse texto está inserido. Então, a Gramática Visual (GV) busca apoiar-se em dimensões contextuais de referência para dar conta da discussão dos dados em nível macro-analítico. Originalmente escrita em língua inglesa, a Gramática do Design Visual de Kress & van Leeuwen nunca foi totalmente traduzida para o nosso idioma, o português. Contudo, em 2008, lançamos, através da Editora da Universidade Federal da Paraíba, o livro Perspectivas em Análise Visual: Do Fotojornalismo ao Blog, que buscou explicar, em língua portuguesa, as metafunções visuais básicas dessa teoria, a fim de torná-la acessível ao maior número de pessoas possível. O resultado exitoso dessa publicação, confirmado tanto pela receptividade do público acadêmico, quanto pela ampla demanda pelo livro, nos mostrou o quanto se faz necessário se produzir mais conhecimento sobre a aplicabilidade da teoria sócio-semiótica da Gramática Visual no Brasil. 21 Fonte: Arquivo pessoal Vamos então tentar entender como a Gramática Visual funciona na prática? Kress e van Leeuwen apresentam três funções básicas– que eles chamam de metafunções – as quais servem para entender o que está sendo representado através da imagem em termos de: representação ideológica de mundo (metafunção representacional ou “ideacional”); tipo de interação que está sendo estabelecida com quem observa a imagem ou seja, o leitor (interativa ou “interpessoal”); como os elementos da imagem se articulam e se integram para compor o texto visual (metafunção composicional ou “textual”). 22 Mas o que devemos observar em cada metafunção? Na primeira delas, a representacional, é fundamental que observemos quem são os participantes representados na imagem. Eles são humanos? São objetos? Estão estáticos, fazendo pose, ou em movimento? Eles estão interagindo entre si? Como? Através de um movimento (recíproco?) ou através de um olhar? Qual a relação estabelecia entre eles? Existem balões de fala ou de pensamento na imagem? É essencial nesse momento da análise observar a ação ou inação do participante representado na imagem. Para que? Primeiro, para entender como isso poderia ser representado através de um texto escrito, uma frase, por exemplo. Que verbo eu utilizaria para descrever o que está sendo dito através de uma imagem? No caso das imagens, chamamos os verbos de processos. Se a imagem não contem movimento, dizemos se tratar de uma imagem conceitual, já que claro, ela transmite um conceito e não uma ação. São tipicamente imagens conceituais aquelas imagens que encontramos em catálogos de moda. Elas transmitem conceitos relacionados a estética, beleza, juventude a as modelos representam essa ideologia através de suas poses. 23 Fonte: Anúncio retirado de Goldstein, Ben. Framework Level 2 – Pre- Intermediate. London: Richmond Publishing, 2006, p 68. Se, ao contrário, percebemos uma ação sendo feita através do participante na imagem, dizemos que essa imagem contém um processo narrativo, porque ela conta uma história por meio de um movimento. 24 Fonte: Anúncio impresso retirado de revista de circulação nacional Na campanha publicitária da revista Bons Fluidos, da Editora Abril, podemos perceber que a representação do mundo da revista, associada ao bem-estar, é transmitida através de um processo narrativo, em que a imagem do participante espreguiçando-se ocupa a maior parte da composição imagética. É uma questão de escolha: quem produziu essa imagem (provavelmente, um publicitário) quis dar ênfase ao movimento de livrar-se das tensões do dia-a-dia, para tirar, mesmo que no ambiente de trabalho, alguns minutos para relaxar. Podemos inferir que o participante ainda está no trabalho, pela roupa mais formal que ele veste e pelo plano de fundo da imagem, que 25 remete a pessoas dentro de uma empresa, ambiente onde ele está. Esses são os encaixes da imagem. Todos os dias nos deparamos com imagens narrativas ou conceituais, sem nos darmos conta. Quando vamos ao supermercado, por exemplo, e buscamos um panfleto com os produtos em promoção, é um processo conceitual do tipo classificatório que temos em mão. Porque isso? Conceitual, porque os produtos comumente estão representados de forma estática, sem movimento. Classificatório, porque esses mesmos produtos estão classificados de maneira seccionada e hierárquica a partir de taxonomias, seja implícita ou explicitamente. Em outras palavras: se há no panfleto o título Laticínios, com imagens dos produtos relacionados abaixo, dizemos se tratar de um processo conceitual classificatório com taxonomia explícita. Se não há o título claramente exposto, mas ainda assim conseguimos inferir a seção a qual ele pertence, temos, por outro lado, um processo conceitual classificatório com taxonomia implícita. Simples assim. Resumindo: durante a análise do texto visual em sua metafunção representacional, buscamos inicialmente perceber se os participantes representados nas imagens estão ou não desempenhando ações. Em caso afirmativo, dizemos se tratar de uma imagem cujo processo é narrativo, ou seja, suas ações são codificadas visualmente sob a forma de vetores. Em caso negativo, ou seja, quando as ações realizadas pelos participantes de uma imagem caracterizam-se como inações, não envolvendo, portanto, a presença de vetores, dizemos se tratar de um processo conceitual, que serve para representar, definir e/ou classificar de forma taxonômica os elementos constituintes de uma imagem. 26 Importante: no processo de análise dos significados representacionais de uma imagem, estamos mais interessados em observar a relação que se estabelece entre os participantes internosde uma composição pictórica, e para isso, é preciso ausentar-se do papel de participante interativo, externo à imagem, para focalizar no papel desempenhado pelos seus participantes internos, aqueles que estão sendo representados. Vamos, agora, tentar entender do que trata a segunda metafunção da Gramática Visual, a interacional. Nesta metafunção, estamos interessados em perceber como os elementos estabelecem uma relação com o leitor/observador da imagem. Aqui, devemos fazer as seguintes perguntas: os participantes internos interagem diretamente com o leitor através do olhar ou apenas se ‘oferecem’ como objetos de contemplação? O participante é representado em plano aberto, médio ou fechado (close-up)? Eles são METAFUNÇÃO REPRESENTACIONAL QUEM ESTÁ REPRESENTADO NA IMAGEM? HÁ AÇÕES, MOVIMENTOS? ONDE ESTÃO LOCALIZADOS OS PARTICIPANTES? SE ESTÃO ESTÁTICOS, QUAL É O CONCEITO? HÁ ALGUMA SIMBOLOGIA OU CLASSIFICAÇÃO NA REPRESENTAÇÃO? 27 retratados de frente para câmera ou em perfil? E a distância, ela favorece uma relação de proximidade ou de afastamento entre os participantes representados e os que observam, ou seja, os interativos? Mais importante ainda: o que tais escolhas sugerem? Ao olhar diretamente nos olhos do leitor/observador, o participante representado o ‘convida’ para participar da interação. Trata-se de um contato de ‘demanda’. Esse olhar de demanda pode ser sedutor, agressivo, triste, imperativo. Observe um claro olhar de demanda em uma campanha publicitária do celular da Motorola: Fonte: Anúncio impresso retirado de revista de circulação nacional 28 Como você interpretaria esse contato de demanda? Qual a natureza desse olhar? Ele é sedutor, convidativo, agressivo, carente? Se, ao contrário, o participante ‘se oferece’ como objeto de contemplação e/ou análise, ele estabelece com o leitor um contato de oferta. Neste caso, imaginamos que o mundo representado na imagem pertence apenas a quem participa da interação, e não nos inclui. Assumimos a postura de observadores ao analisar quem participa e como, incluindo os aspectos contidos na metafunção anterior, a representacional, se isso for relevante. Observe como um contato de oferta se dá: Fonte: Anúncio impresso retirado de revista de circulação nacional 29 Existem, claro, outros aspectos a serem observados nesta imagem. Um deles é a distância social estabelecida entre os participantes de uma imagem e o leitor. Ela aponta para uma relação de proximidade ou de distanciamento entre eles? Segundo Kress & van Leeuwen (2006), quando o participante é retratado em plano fechado – em inglês, close-up - sua expressão facial é capturada, nos tornamos mais familiarizados com ele. Isso não acontece quando o participante é retratado em plano aberto, o que inclui sua imagem distanciada, de corpo inteiro, como se este fosse um tipo e não um indivíduo (JEWITT e OYAMA, 2001). Isso costuma ser o caso típico de reportagens que tratam de manifestações coletivas nos jornais, onde não interessa capturar o rosto específico de uma única pessoa, senão dos indivíduos na coletividade. Fonte: Great Photographs of the 20th Century. Brazil. Revista National Geographic online. 30 Quando, ao contrário, um jornal quer demonstrar quem fez algo e revelar o rosto dessa pessoa, um plano fechado é utilizado. Já o plano médio é o nível intermediário entre o plano fechado e o plano aberto e inclui o participante representado até a cintura ou o joelho, indicando que a sua relação com o leitor é do tipo social. Agora o que acontece quando um participante é representado em ângulo frontal, isto é, de frente. Como você se sente em relação a ele? Dizem Kress & van Leeuwen (ibid) que um ângulo frontal estabelece uma atitude de envolvimento entre o leitor e o participante representado na imagem, na qual somos convidados a fazer parte do mundo retratado na imagem. Quem não lembra dessa imagem lendária? Fonte: Sharbat Gula on National Geographic cover. Revista National Geographic online. 31 Se o participante, por outro lado, está representado de perfil, através de um ângulo oblíquo, por sua vez, um sentido de desligamento entre o leitor da imagem e o participante representado é criado, como se aquilo que víssemos não pertencesse ao nosso mundo. Várias relações de poder também podem ser estabelecidas entre participante representado e leitor/observador da imagem. Quando um participante é retratado em ângulo alto, que o capta de cima para baixo, o vemos pela perspectiva do poder do observador da imagem. Quando, todavia, a imagem do participante representado é capturada de baixo para cima, em ângulo baixo, o participante na imagem é quem detém o poder em relação ao seu observador. E se a imagem se posiciona em nível ocular em relação ao seu leitor/observador, dizemos tratar-se de uma relação de poder igualitária, na qual cada parte envolvida possui um nível de poder equivalente (KRESS e VAN LEEUWEN, 2006). Fonte: Great Photographs of the 20th Century. Brazil. Revista National Geographic online. 32 Há outro ponto interessante para analisarmos sob a ótica da metafunção interativa. O que acontece quando abrimos uma revista e vemos o anúncio de um novo chocolate que está sendo lançado no mercado? A imagem apresentada é tão vívida e real, que podemos até sentir o gosto daquela calda que cai sobre o pote. Significa dizer que essa imagem é representada em alta modalidade, ou seja, existe congruência entre o objeto de uma imagem e aquilo que se vê a olho nu. Quanto maior a correspondência entre o imagético e o real, maior será a modalidade da imagem. A contextualização da imagem, ou seja, seu plano de fundo também aumenta o valor de modalidade de uma imagem, ao passo que sua ausência a diminui. Fonte: Great Photographs of the 20th Century. Around the world. Revista National Geographic online. O que também diminui a modalidade de uma imagem é a chamada modalidade sensorial, ou seja, quando uma imagem é retratada de forma a produzir algum tipo de impacto sensorial, ou um 33 efeito mais-que-real, evocando sentimentos subjetivos no leitor/observador. Existem, ainda, outros tipos de modalidade, como a científica e a abstrata. São elas que apontam para o fato de outros códigos semióticos como gráficos e diagramas também estabelecerem inter-relações de equivalência com o objeto a que se referem. Por isso dizemos que mesmo uma linha técnica sem cor, perspectiva ou contextualização pode possuir um nível de modalidade bem maior do que uma fotografia, do ponto de vista científico ou tecnológico. Concluímos, portanto, que esses dois tipos de modalidade, a científica e a abstrata, são normalmente desprovidos de plano de fundo, contextualização, cor e/ou iluminação. Volte à campanha publicitária do Martini que vimos no início dessa explicação.Quais tipos de representações interativas são usadas? Para isso, você deve se fazer as seguintes perguntas: METAFUNÇÃO INTERATIVA O PARTICIPANTE OLHA PARA O LEITOR OU SE OFERECE? COMO É ESSE OLHAR? ELE ESTÁ LONGE, PERTO? ESTÁ DE FRENTE, DE LADO, DE COSTAS? O NÍVEL DE REPRESENTAÇÃO É ALTO OU BAIXO? QUEM DETÉM O PODER NESTA IMAGEM? 34 Fonte: Arquivo pessoal E quanto à metafunçãocomposicional e seus elementos?Neste ponto da análise, estamos mais focados nessas questões: Você pode se fazer essas perguntas ao analisar sua imagem de perfil nas redes sociais (Facebook, Whatsapp, Twitter). Que tipo de representação você quis passar para o seu leitor? METAFUNÇÃO COMPOSICIONAL COMO OS ELEMENTOS ESTÃO DISTRIBUÍDOS DENTRO DA IMAGEM? ALGUM ELEMENTO SE SOBRESSAI? COMO? O QUE HÁ NO TOPO E NA BASE DA IMAGEM? E À ESQUERDA E À DIREITA? NO MEIO? ESSAS INFORMAÇÕES SE COMUNICAM? OS ELEMENTOS DA IMAGEM ESTÃO INTERLIGADOS OU DESCONECTADOS? 35 Contamos com três recursos básicos nas estruturas composicionais: valor de informação, saliência e estruturação. O valor de informação se refere à posição dos elementos dentro da composição visual: esquerda/direita; topo/base; centro/margem. Os autores acreditam que cada uma dessas zonas carrega em si valores de informação distintos: no lado direito da imagem se situa o elemento novo, aquilo que ainda não é conhecido pelo observador. Já no lado esquerdo¸ encontramos o elemento dado, com o qual o leitor já está familiarizado. No topo da imagem localiza-se a informação ideal, a ‘promessa do produto’, aquela que apela para os nossos sentidos emotivos, enquanto que na base da imagem encontram-se as informações práticas sobre o mesmo (KRESS & VAN LEEUWEN, 2006). A ênfase que o produtor da imagem quis atribuir aquilo que merece maior destaque dentro da composição pictórica leva o nome de saliência. Quanto à estruturação, esse recurso visual se refere às linhas divisórias que servem para conectar ou desconectar os seus elementos internos de uma imagem. Quando dizemos que uma imagem possui uma estruturação fraca, percebemos que seus elementos estão interligados em um fluxo contínuo através de cores e formas semelhantes. Todavia, se a estruturação da imagem for forte, haverá diferenciação entre os seus elementos, marcada por contrastes de cores e de formas. Vejamos a seguinte campanha publicitária do produto Sedex dos Correios como exemplo: 36 Fonte: Anúncio impresso retirado de revista de circulação nacional Na imagem apresentada, vemos claramente que três elementos se destacam mais que os demais: (1) a caixa do produto Sedex, de onde saem os (2) dois golfinhos e o (3) logotipo do Sedex, localizado no lado direito do topo da imagem. Esse tipo de configuração imagética conecta esses três elementos no que chamamos um tríptico, os seja, uma articulação de três elementos distintos que são apresentados ao leitor em sequência dentro da imagem. Também podemos argumentar que os dois golfinhos são os elementos salientes, já que o movimento que fazem ao sair dentro da caixa de Sedex em direção ao mar, confere a eles destaque no centro da imagem. 37 Também podemos perceber que as informações no topo e na base da imagem contém informações que conferem com a teoria da Gramática Visual: no topo, do lado esquerdo da imagem, encontramos o texto verbal, no lugar do elemento dado, familiar ao leitor, que contém a promessa do produto: Se você está mandando uma encomenda para alguém, é porque seja o que for, é muito importante e precisa chegar logo. Se tiver que chegar hoje, então nem se fala. E por saber disso, e por tratar cada encomenda com muito cuidado e atenção, que, há tanto tempo, os Correios conquistaram a confiança dos brasileiros. Por isso, quem usa o SEDEX Hoje sempre manda mais que uma encomenda. Manda agilidade, eficiência, compromisso. Se é de hoje para hoje, lembre- se: PRA TUDO NA VIDA TEM SEDEX. Já na base da imagem, podemos conferir os detalhes práticos de como ter acesso ao produto, informações específicas de como funciona o serviço, etc: Movimento = ação = vetores, lembra? Caberia aqui uma análise da metafunção representacional da imagem, porque ela se sobressai. 38 Garantia de entrega de até às 18h do mesmo dia da postagem. Seguro automático. Entrega porta a porta. Disque coleta, que vai até o seu endereço pegar a encomenda. Mediando essas duas informações – a ideal e a real – temos uma espécie de logo do produto, uma frase que diz: Com SEDEX hoje, você manda muito mais que uma encomenda. De hoje para hoje. Essa frase resume o conceito do produto e conecta o texto verbal com o texto visual. Podemos perceber, assim, que todos os elementos da imagem estão integrados em um todo coerente: o azul do mar que se integra ao tom azulado do pôr-do-sol, o amarelo vivo da caixa do SEDEX, que ilumina a paisagem junto com o sol, a água dos golfinhos que respinga de volta no mar. Tudo isso serve para conectar os elementos da imagem através de uma fraca estruturação, um dispositivo imagético que, como já dissemos antes, interliga os elementos da imagem em um fluxo contínuo por meio de cores e formas semelhantes. Como pudemos perceber através dessa unidade, um texto vai muito além de uma mensagem escrita; as imagens também podem ser consideradas textos visuais, que nos falam através de seus elementos, integrados ou desconectados. É preciso estuda-los e buscar entender a ideologia desses códigos semióticos para poder desvendar as mensagens que muitas vezes nos passam despercebidas em nosso dia-a-dia, tão repleto de textos visuais. 39 UNIDADE 4 MAS AFINAL, O QUE É LEITURA CRÍTICA? Chegamos, finalmente, à nossa última unidade. Recapitulemos o que estudamos em termos de teorias nas unidades anteriores. Na Unidade 1, aprendemos que o conceito de gênero textual extrapola o estudo de um único tipo de texto, para abarcar a importância de se gerar competência e habilidade para participar em uma gama de gêneros, sobretudo os incorporados ao nosso dia-a-dia. Para isso, abordamos o projeto social, pedagógico e político por trás da teoria de gêneros de Swales (1990). Já na Unidade 2, fomos estimulados a repensar sobre o termo letramento, sobretudo no que diz respeito ao que deve ser ensinado em cursos de leitura e escrita nos contextos educacionais. Articulando com o conceito de gênero estudado na Unidade 1, entendemos que o conceito de texto vai muito além de uma mensagem escrita, e isso tem sido tradicionalmente pouco valorizado em nossas escolas: geralmente negligenciamos os significados advindos de outras formas de texto, como o texto visual, tão carregado de ideologias e valores. Daí a necessidade de se pensar em uma teoria que aborde a multimodalidade dos textos visuais, o que fizemos na Unidade 3, onde estudamos os significados advindos da Gramática Visual (GV) de Kress & van Leeuwen (2006). Então chegamos à Unidade 4 com a ‘missão’ de repensar nosso papel de leitores e produtores de textos – verbais e visuais – e observar 40 cuidadosamente como podemos melhorar nossas habilidades em ambas as práticas. Em geral, pensamos que nossas dificuldades em abordar a leitura e a escrita de forma adequada, se dá, essencialmente pelo crença de que “se lemos pouco, escrevemos mal”. Será verdade, isso? O fato é que nosso comportamento naturalizado em relação à leitura, está diretamente associado a forma como aprendemos a ler, muitas vezes sem questionar o que lemos, nem desafiar os conceitos ali postos. Adotamos, na maioria das vezes, uma atitude de reverência diante dos textos que lemos, como se quem os escrevesse soubesse mais do que nós. E sabe mesmo? O que quero dizeré que deveríamos ser mais desafiados a estimular habilidades como ler nas entrelinhas e fazer inferências, encorajando a chamada e tão valorizada leitura crítica. Mas, afinal, o que é leitura crítica? Primeiro, precisamos entender que essa tal falta de assertividade na leitura é um processo socialmente construído. Ao avaliarmos nosso passado como leitores, somos levados a concluir que, de forma geral, nosso sistema educacional brasileiro não costuma formar leitores verdadeiramente assertivos. Wallace (1992) afirma que quando isso ocorre, ou seja, quando nós não vemos a assertividade como opção, a submissão na leitura nos é quase imposta. Triste, não? 41 Vamos então pensar em quando éramos crianças ou nos primeiros anos de escola: raramente nos é dada a opção de questionar os textos que lemos ou desafiar os valores ideológicos ali presentes. Eles são apresentados como óbvios e nunca somos encorajados a nos posicionarmos criticamente em relação a eles, o que acaba por estimular o que Wallace (1992) chama de uma atitude de reverência diante desses textos e seus autores. Algumas vezes, no entanto, a própria natureza do material que nos é apresentado em sala de aula não é provocativa, e nos serve apenas de meros veículos de estruturas linguísticas. São textos desprovidos de história, autoria e fonte (Wallace 1992, p. 67), ou seja, absolutamente descontextualizados. Desconfie! Embora nos classifiquemos como comunidades de leitores muito mais do que como indivíduos com limitações individuais, nossas experiências pessoais de leitura também estão bastante relacionadas a aspectos como nosso histórico familiar, social e político, uma vez que entendemos que nossas interpretações de textos são socialmente determinadas e parcialmente dependentes de nossas experiências sociais prévias do contexto social no qual estamos inseridos enquanto lemos. É por isso que as crianças tendem a ser tremendamente influenciadas pelos eventos literários que ocorrem no interior das comunidades em que crescem e se desenvolvem, predominantemente, a família e a escola. Em outras palavras, ler pode sim, ser considerado um processo social, o que nos leva a concluir que o que lemos em uma segunda língua (L2) está diretamente relacionado a como lemos em nossa língua mãe (L1). Neste sentido, é possível afirmar que aprendizes de uma segunda língua (L2) tem vantagens e relação aos falantes de L1, já que aprendizes de L2 são capazes de explorar textos desde uma perspectiva mais 42 assertiva, uma vez que na posição de outsiders – ou ‘estrangeiros’ – podem contribuir com interpretações mais frescas e legítimas Além disso, alunos de L2 costumam saber mais de gramática do que os próprios falantes de L1, e ao dominarem o conhecimento da metalinguagem, geralmente conseguem falar sobre textos de uma maneira que os nativos falantes de uma determinada língua não sabem. Em outras palavras: aprendizes de L2 tema vantagem de usar a forma para evidenciar os aspectos ideológicos de um dado texto. Isso nos leva ao nosso próximo ponto, a noção de intertextualidade, já ouviu falar nela? É quando um texto é colocado no contexto de um ou mais textos e isso é considerado parte do sistema intertextual que culmina na escrita do aluno. Quem disse isso foi o autor Norman Fairclough, em seu livro Linguagem e Poder, de 1989. É por isso que quando somos desafiados a escrever em uma segunda língua, temos que confiar em nosso conhecimento prévio acerca do assunto que nos é proposto, pensar em quem vai ler o texto, planejar bem o que vamos escrever, organizar o texto em partes, rascunhá-lo, e mais importante, revisá-lo, antes de submetê-lo a qualquer avaliação ou leitura. Para a chamada escrita processual, Strauch (2000) propõe que sigamos algumas etapas circulares que nos lembram uma casa com seis portas, as quais devemos atravessar uma a uma, até que nossa escrita esteja completa pronta para ser entregue, lida ou finalizada. 43 A primeira porta, que Strauch (2000) chama de Preparação, diz respeito as ferramentas que você precisa para começar o processo: você vai usar o computador? Escrever à mão? Na segunda porta, a de Planejamento, pense antes de começar a rascunhar seu texto: Quem vai lê-lo? Como deve ser a linguagem utilizada? Mais formal ou informal? Qual a mensagem principal que deve ser passada? Onde ela deve entrar? Em que parágrafo? Quantos parágrafos deve ter meu texto? Qual o tamanho ideal? Na terceira porta, já começamos esboçando nosso texto, separando, conscientemente, nossas ideias em parágrafos distintos. Importante: embora se chame Escrita Processual, cada uma das etapas propostas por Strauch (ibid.) é flexível, o que nos dá a chance se voltar e revisitar cada um dos passos, caso isso seja necessário. Na quarta porta, de Revisão, revisamos cuidadosamente o que escrevemos, observando os erros de forma (gramática, ortografia) e de conteúdo. É aqui que devemos nos perguntar: Fomos claros o suficiente? 44 Podemos localizar a essência da informação no texto? Soubemos conclui- lo satisfatoriamente? É o momento de sermos críticos com nós mesmos. Já na quinta porta, de Edição, Strauch propõe darmos nosso texto para alguém ler, antes de prosseguirmos com a correção. É quando vamos deixá-lo prontinho e observar quais mecanismos devemos ativar para melhorá-lo. Na última e sexta porta, finalmente reescrevemos nosso texto, conscientemente, observando cada detalhe melhorado, comparando esta versão coma anterior. GÊNERO 1 – Writing about a Person Observe o seguinte texto, escrito por um aluno de Inglês como Língua Estrangeira (English as a Foreign Language – EFL), sobre um colega de sala de aula. Que aspectos você consegue observar na escrita desse aluno? Que frases ou expressões marcam o início, o meio e o final do texto? 45 Thuy Pham: My Artistic Classmate I met and interviewed Thuy Pham in my ESL writing class the second week of the semester. She’s about twenty-five years old. She came to the United States from Vietnam with her family two years ago. Now she lives in Torrance with her parents and two brothers. To earn money, she does sewing at home, which she enjoys because she likes creating useful and attractive clothing. In order to get a better-paying job in the future, she is attending two ESL classes this semester. Thuy likes the United States more than her home country because the living standard is higher here. For example, there are more opportunities for education, and transportation is easier. All in all, she feels more comfortable in this country. In her free time, Thuy likes to watch TV, read novels in Vietnamese, design dresses, and visit her friends. These four activities keep her satisfied. From my conversations with Thuy, I concluded that she is artistic and a little introverted. She looked very serious when she was reading my first draft. After she finished reading, she asked me what the word “introverted” meant. I told her that it meant “quiet”, and she nodded in agreement. When I asked her if she liked my first draft, she gave me a big smile. It felt wonderful to see Thuy’s smile; it told me that she was happy and approved of what I had written about her. I am really glad I had the chance to talk to Thuy Pham. Adapted from a composition by Hsi-Tai Chan FromStrauch, A. Bridges to Academic Writing. Cambridge University Press. 2000. Observe na composição sobre Thuy Pham que a primeira frase do parágrafo comumente contéma ideia principal, enquanto o corpo do textoinclui informação prévia sobre o entrevistado, seu país de origem, 1 2 3 46 informação sobre sua família, sua educação, seus interesses e opiniões. No parágrafo final, encontramos a reação do escritor em relação ao entrevistado através da frase conclusiva: From my conversations with Thuy, I concluded that she is artistic (...). O outline do seu texto pode, então, conter: Main idea (Who? Where? When?) Body (Basic background information, Personal information (interests and opinions) Conclusion (Writer’s reaction, conclusions) Adapted from Strauch, A. Bridges to Academic Writing. Cambridge University Press. 2000 Compare agora a primeira composição sobre Thuy Pham com a seguinte, de um outro aluno, chamado Takejiro Hirayama. A New Friend with a Playful Sense of Humor Victor Carrasco is in my ESL writing class this semester. He’s from Veracruz, Mexico, and he has been here for two years. His major is electronics, and when I asked him why, he responded that he has always enjoyed learning about how things work. When he was a child, he would take radios and clocks apart, just to see how they worked. He added with a smile, though, that his mother did not like his hobby. Victor said he really likes this country. I asked him why and he said that it is easier to get an education here than in Mexico. At the time he arrived, he could not speak English very well, so he had some trouble 1 2 47 communicating. Luckily, people were friendly, and he was able to learn English at an adult school. When I asked him what his dreams were for the future, he smiled, pointed upwards, and said that he dreams of being up in the sky. His answer surprised me. I did not understand what he meant, so I asked him if he wanted to be in heaven. Then he laughed and said that he wanted to fly in a jet to faraway countries, such as Spain and Japan to see how other people live. His eyes sparkled when he spoke of travelling and seeing other places. Victor impressed me as a kind and funny guy. He told several jokes during our interview, and I laughed a lot. With his friendly personality and natural sense of humor, he will be successful in his new country and in his travels to other places. I am glad to have a new friend like him. Adapted from a composition by Takejiro Hirayama FromStrauch, A. Bridges to Academic Writing. Cambridge University Press. 2000. Observe atentamente como cada parágrafo é iniciado e como se dão os pontos de transição entre as ideias nos parágrafos. Quais os elementos coesivos de coesão) são usados? Você consegue identifica-los? A função desses elementos é promover uma ligação entre as ideias e eles são realmente bastante úteis. Localize-os na escrita de Takejiro Hirayama e utilize-os também no seu texto. GÊNERO2 – Narrating a Personal Experience Ao narrar uma experiência pessoal, também nos fazemos valer de um estilo mais informal e despojado, dependendo de nosso público-leitor. Em geral, uma ideia clara envolve um tópico e um comentário. O tópico se refere a experiência do autor, e o comentário, a sua opinião, emoção, ou 3 4 48 qualquer outra ideia sobre essa experiência. Identifique o tópico e comentário no texto a seguir, que narra uma experiência pessoal. The Most Terrifying Day of My Life The most terrifying day of my life started when my daughter had a terrible accident with hot cooking oil. It was June 17, 1991. I had gone to school to register for classes. By the time I got home, I was very hungry and tired. I started preparing some enchiladas, and just when the oil had gotten hot, my daughter come to ask me for water. As I turned to give her the water, I bumped the handle of the pan, spilling the hot oil all over her legs. I still remember her terrible screaming from the pain. I looked at her legs, and the skin looked like hot melted wax. In horror, I rushed her to the hospital. At the hospital, a doctor treated her burns, while I walked back and forth in the waiting room, crying and paying. To make matters worse, though, an administrator at the hospital accused me of child abuse. She refused to believe that it was an accident. This only added to my anguish. My daughter and I did not get home until the next day after the social worker had cleared me. Although I was finally able to go home with my daughter, the scars on her legs will always remind me of that terrible day. Adapted from a composition by Gema Martinez FromStrauch, A. Bridges to Academic Writing. Cambridge University Press. 2000. Observe que a conclusão de um texto desse tipo deve reunir as partes e conter um resumo ou um pensamento que conclui o que foi dito, o que se aprendeu da experiência, e/ou apontar para algo no futuro. Veja se você consegue identificar a emoção ou opinião de Masaki Takada na composição a seguir: Tópico Comentário 49 The Fugitive About two years ago I had an embarrassing incident when my family and I went out to a Korean barbecue restaurant. The food and service were excellent, and we had a great time. While we were relaxing after dinner, my mom got change for the tip. Then we paid our bill and left. On our way to the car, we talked about how good the restaurant was, and how we should come back here again. When I got into the car, I made my belt loose so I could sit comfortably. I started to drive away when the headwaiter approached the car and asked, “Was anything wrong with our service?” “No, no!”, I told him. “Everything was terrific!” “Why do you ask?”. “You didn’t leave any tip”, he explained. I paused for a second and then looked at my mom and asked “Mom, did you leave the tip?” With a puzzled look on her face she said “I think I did. No, maybe I didn’t. I don’t know!”. Then I said to her, “Check your pocket. Maybe you didn’t leave it on the table”. When she reached into her pocket, she found the tip. “Oh, I’m so sorry”, she said with an embarrassed look on her face. I was ashamed, too, because I felt like a fugitive. Immediately, I apologized to the headwaiter and handed him the tip. Now we always double-check to make sure that we leave a tip for the waiters. Adapted from a composition by Masaki Takada From Strauch, A. Bridges to Academic Writing. Cambridge University Press. 2000. E você, já passou por uma experiência semelhante? Será que aconteceria o mesmo em nosso país? GÊNERO 3 – A Formal Letter Emoção/ Opinião Emoção/ 50 Outros gêneros, mais formais, como uma carta para se submeter a um emprego, pedem um determinado padrão em sua forma e conteúdo. Cartas formais em inglês seguem um estilo no qual se tenta evitar ao máximo o uso de contrações e se busca fazer uso de frases típicas de abertura e fechamento de parágrafos, como I am writing to ask for information about ou I am writing to ask about (...) e I would be very grateful if you could send me further information (about...). Veja este exemplo: 24 King Street London W1A 3LF February 18th 2015 The Cambridge Language School 11 Swallow Street Cambridge CB5 6UJ England Dear Sir/Madam, I am writing to ask for information about your language courses. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ I look forwardto hearing from you. Yours faithfully Carlos Perez CARLOS PEREZ Address only. Don’t write your name Write the name of the person and address you’re writing to Concluding sentences. Don’t use contractions 51 Adapted from Oxenden, C. & Latham-Koenig C. English File Intermediate Student’s Book. Oxford University Press, 1999. Compare a carta formal que acabamos de ver com outro gênero bem mais informal em termos de forma e conteúdo, como uma carta a um amigo: GÊNERO 4 – An Informal Letter 24 King Street London W1A 3LF 18th February 2015 Dear Bill, How are you? I hope you’re well. ______________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Write soon, Best wishes Carlos PS. I’ll be away from 10th till the 25th. Address only. Don’t write your name Write the date Use P.S. (Post Script) to add something you forgot to write in your letter Finish your letter informally 52 Adapted from Oxenden, C. & Latham-Koenig C. English File Intermediate Student’s Book. Oxford University Press, 1999. Resumindo o que vimos nesta unidade: Ler criticamente é essencialmente fazer julgamentos sobre como um texto é construído. Isso envolve distanciar-se do texto, lê-lo mais de uma vez, buscando não apenas observar a informação contida ali, como também conciliar sua opinião com a do autor; Ajuda, e muito: ler, reler, sublinhar, tomar notas, anotar os fatos e evidências. Pergunte-se: Como esse texto foi construído pelo autor? Qual o propósito do texto? Como os exemplos são usados para ilustrar/argumentar o que é apresentado? Outras perguntas também podem ser feitas: em que contexto esse texto está inserido? A que público ele está destinado? Com quem ele dialoga? Lembre-se: ler criticamente também requer ouvir e escrever criticamente. Esteja aberto a novas formas de pensar e dialogue com elas de forma ponderada e respeitosa. 53 REFERÊNCIAS BEARNE, E. (2003) Rethinking literacy: communication, representation and text. Oxford: Blackwell. BOURDIEU, P., & Passeron, J. C. (1977). Reproduction: In Education, Society and Culture. London: Sage. CUNHA, M.A.F.; SOUZA, M.M. Situando o Funcionalismo. In: Transitividade e seus contextos de uso. Rio de Janeiro, Lucerna, 2007, p. 17-28. FAIRCLOUGH, Norman.. Language and Power. London: Longman. 1989. GAUNTLETT, D. (2001). Essay Writing: The Essential Guide. Institute of Communication Studies – Study Skills. GOLDSTEIN, Ben. Framework Level 2 – Pre-Intermediate. London: Richmond Publishing, 2006. KRESS, G. & VAN LEEUWEN, T. Reading images: The Grammar of Visual Design. London: Routledge. 2006. 54 MARTIN, J.R. Language, register and genre. In: Children writing: Reader ECT412 Children writing,pp.21-30. Victoria: Deakin University. 1984. OLIVEIRA, S. Texto Visual e Leitura Crítica: o dito, o omitido, o sugerido. Linguagem & Ensino, v. 9, n.1, p. 15-39. 2006. SWALES, J.M. Genre analysis: English in academic and research settings Cambridge: Cambridge University Press. 1990. STOKES, S. Visual Literacy in teaching and learning: A literature perspective. Eletronic Journal for the Integration of Technology in Education, v.1, n.1, 2002, p. 10-19. Disponível em: http://ejite.isu.edu/Volume1No1/pdfs/stokes.pdf. Acesso em: 06/05/2010. STRAUCH, A. Bridges to Academic Writing. Cambridge University Press. 2000. WALLACE, C. Critical Literacy Awareness in the EFL Classroom. In: Critical Language Awareness ed. by Norman Fairclough, pp. 59 - 92.London: Longman. 1992.
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