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Imunologia Tumoral Vânia Maranhão/ Flávia Licia T-14 INTRODUÇÃO ✓ Para crescer, os cânceres têm que escapar da imunidade do hospedeiro ✓ Imunologia tumoral situações em que o sist. imune não está respondendo aos microrg., e sim às células não infecciosas que são percebidas como estranhas. O sistema imune usa o mesmo mecanismo principal – a ativação de linfócitos T citotóxicos para destruir células tumorais ✓ Imunovigilância tumoral controle e a eliminação de células malignas pelo sistema imune ⤷ O fato de tumores malignos comuns se desenvolverem em indivíduos imunocompetentes indica que a imunidade tumoral, muitas vezes, é incapaz de prevenir o crescimento tumoral ou é facilmente superada pelos tumores de crescimento rápido. ⤷ a capacidade de se evadir da destruição imunológica uma característica fundamental (“marca registrada”) dos cânceres. ANTÍGENOS TUMORAIS ✓ Os tumores malignos expressam vários tipos de moléculas que podem ser reconhecidas pelo sistema imune como antígenos estranhos ✓ Antígenos proteicos, que deflagram respostas de CTL CD8+, são os mais relevantes para a imunidade antitumoral. ⤷ Os antígenos devem estar presentes no citosol das células tumorais para serem reconhecidos pelos CTLs. CLASSIFICAÇÃO DOS ANTÍGENOS TUMORAIS QUE INDUZEM RESPOSTAS IMUNES: 1. NEOANTÍGENOS CODIFICADOS POR GENES ALEATORIAMENTE MUTADOS ✓ Tumores comuns abrigam um grande n° de mutações em diversos genes, refletindo a instabilidade genética das células malignas ⤷ Essas mutações não têm papel na tumorigênese mutações “passageiro” ⤷ Mutações resultam na expressão de proteínas mutantes - neoantígenos ⤷ Neoantígenos são chamados assim: ○ ○ Porque são recém-expressas nas células tumorais e estão ausentes nas células normais de origem do tumor). ✓ Como as células T reconhecem apenas peptídios ligados a moléculas do MHC, as proteínas mutantes tumorais podem ser reconhecidas somente se os peptídios portadores das sequências de aminoácidos mutantes conseguirem se ligar aos alelos do MHC dos pcts ✓ Neoantígenos tumorais não induzam tolerância, pois: ⤷ Estão ausentes nas células normais ⤷ São alvos + comuns de respostas imunes adaptativas tumor-específica ⤷ O n° destas mutações em cânceres está correlacionado com a força das respostas imunes antitumorais que os pacientes montam, e com a efetividade das imunoterapias que intensificam tais respostas. 2. PRODUTOS DE ONCOGENES OU GENES SUPRESSORES DE TUMOR MUTANTES ✓ Alguns antígenos tumorais são produtos de mutações – “mutações condutoras” em genes envolvidos no processo de transformação maligna. ⤷ As mutações condutoras que codificam antígenos tumorais consistem em substituições, deleções ou novas sequências de aminoácidos geradas por translocações gênicas, as quais podem ser, todas, reconhecidas como estranhas. 3. PROTEÍNAS ESTRUTURALMENTE NORMAIS EXPRESSAS DE MODO ABERRANTE OU EXAGERADO ✓ Embora esses antígenos não sejam inerentemente estranhos para o hospedeiro, mesmo assim estimulam respostas imunes. ✓ Os antígenos que desencadeiam as respostas imunes são proteínas normais (não mutantes) cuja expressão está desregulada nos tumores, em consequência de alterações epigenéticas como a: ⤷ Desmetilação dos promotores nos genes codificadores destas proteínas, ⤷ Ou, como resultado de amplificação gênica, caso da proteína Her2/Neu, altamente expressa em muitos carcinomas de mama. ✓ A expressão aberrante pode ser suficiente para torná-los imunogênicos. 4. ANTÍGENOS VIRAIS ✓ Tumores causados por vírus oncogênicos, os antígenos tumorais podem ser produtos dos vírus. 5. OUTROS ANTÍGENOS DE TUMORES Antígenos oncofetais ✓ Proteínas que são expressas em altos níveis em células cancerosas e tecidos fetais, mas em níveis baixos nos tecidos adultos. ✓ A expressão dessas proteínas em adultos não se limita aos tumores, mas está aumentada nos tecidos e na circulação em várias condições inflamatórias. ✓ Os dois antígenos oncofetais mais estudados são o antígeno carcinoembrionário (CEA) e a α- fetoproteína (AFP). ⤷ Ex: CEA (CD66) é uma proteína de membrana altamente glicosilada que atua como molécula de adesão intercelular. Sua expressão está aumentada em muitos carcinomas do cólon, pâncreas, estômago e mama. Por outro lado, o CEA sérico pode estar elevado no contexto de doenças não neoplásicas, como as condições inflamatórias crônicas do intestino ou fígado, daí sua utilidade clínica ser limitada. Antígenos glicoproteicos e glicolipídicos alterados. ✓ A maioria dos tumores humanos e experimentais expressam níveis acima do normal ou formas anormais desses antígenos. ⤷ incluindo gangliosídeos, antígenos de grupo sanguíneo e mucinas. ✓ Os tumores costumam apresentar expressão desregulada das enzimas que sintetizam as cadeias laterais de carboidrato das mucinas. ⤷ o que leva ao aparecimento de epítopos tumor-específicos. ✓ Uma dessas mucinas, chamada MUC-1, é uma proteína integral de membrana normalmente expressa apenas na superfície apical do epitélio ductal da mama. ⤷ Cujo têm sido o foco de estudos diagnósticos e terapêuticos. MECANISMOS DE RESPOSTAS IMUNES AOS TUMORES O principal mecanismo imune de erradicação tumoral é o killing das células tumorais por CTLs específicos para os antígenos tumorais. ✓ Neoantígenos tumorais, que induzem respostas imunes em indivíduos portadores de tumor, são proteínas citosólicas ou nucleares endogenamente sintetizadas, processadas por proteossomos e exibidas como peptídios associados ao MHC de classe I. ⤷ Estes antígenos são reconhecidos por CTLs CD8+ restritos ao MHC de classe I, cuja função é matar células produtoras de antígenos. ○ A infiltração abundante de CTLs é preditiva de um curso clínico mais favorável, em comparação aos tumores contendo poucos CTLs. ⤷ As respostas de CTL contra tumores são iniciadas pelo reconhecimento de antígenos tumorais nas células apresentadoras de antígeno (APCs) do hospedeiro. ⤷ As APCs ingerem as células tumorais ou seus antígenos e apresentam os antígenos para células T CD8+ naive nos linfonodos drenantes ○ A ativação de células T CD8+ naive para sua proliferação e diferenciação em CTLs exige o reconhecimento do antígeno (peptídio associado ao MHC de classe I) nas células dendríticas junto aos órgãos linfoides secundários, além de coestimulação e/ou auxílio de células T CD4+ restritas ao MHC de classe II. ⤷ Apresentação cruzada As células tumorais ou suas proteínas são ingeridas pelas células dendríticas do hospedeiro e transportadas para os linfonodos drenantes do sítio tumoral, e que os antígenos proteicos das células tumorais são, então, processados e exibidos por moléculas do MHC de classe I nas células dendríticas do hospedeiro ⤷ As células dendríticas também podem apresentar peptídios derivados de antígenos tumorais, ingeridos em moléculas do MHC de classe II. ○ Portanto, os antígenos tumorais podem ser reconhecidos por células T CD8+ e por células T CD4+. ⤷ Ao mesmo tempo que as células dendríticas apresentam os antígenos tumorais, também expressam coestimuladores que fornecem sinais para a ativação das células T ○ como os tumores induzem a expressão de coestimuladores nas APCs? Em outros casos, através dos microorg, mas os tumores são estéreis. - Possibilidade é que as células tumorais morram se o seu crescimento ultrapassar seu suprimento de sangue e nutrientes, e que as células teciduais normais possam ser lesadas e morrer devido ao tumor invasivo. - Essas células que estão morrendo liberam produtos - DAMPs estimulam respostas inatas. ○ Uma vez que as células T CD8+ naive se diferenciaram em CTLsefetores, tornam-se capazes de migrar de volta para qualquer sítio onde haja crescimento tumoral, e então matar as células tumorais que expressem os antígenos relevantes, sem necessidade de coestimulação nem auxílio das células T. ✓ Respostas antitumorais de células T CD4+ foram detectadas em pcts e n° aumentados de células T efetoras CD4+ (em especial células Th1), em infiltrados tumorais, estão associados a um prognóstico favorável. Anticorpos ✓ Hospedeiros portadores de tumor muitas vezes produzem anticorpos contra vários tipos de antígenos tumorais, porém a proteção contra cânceres é indeterminada. ⤷ Os anticorpos podem matar células tumorais ao ativarem o complemento ou inibirem a citotoxicidade celular dependente de anticorpos, em que células natural killer (NK) ou macrófagos com receptores Fc medeiam o killing. Células Natural Killer ✓ As células NK são capazes de destruir muitos tipos de células tumorais e podem contribuir para a imunovigilância contra os cânceres. ⤷ As células tumorais se tornam suscetíveis ao killing pelas células NK quando regulam negativamente a expressão do MHC de classe I ou quando regulam positivamente a expressão de ligantes que ativam receptores da célula NK. ⤷ As células NK expressam receptores inibidores que se ligam a moléculas de MHC de classe I expressas em células sadias. ⤷ Alguns tumores perdem a expressão de moléculas de MHC de classe I como resultado ⤷ Essa perda de moléculas de MHC de classe I transforma os tumores em alvos particularmente bons para as células NK. Macrófagos ✓ Os macrófagos são capazes tanto de inibir como de promover o crescimento e disseminação dos cânceres, dependendo de seu estado de ativação. ⤷ Os macrófagos M1 podem matar células tumorais via mecanismos que também são usados para destruir organismos infecciosos. ⤷ Ex: produção de óxido nítrico, que comprovadamente mata tumores in vitro e em modelos murinos in vivo. ✓ Outro possível mecanismo é o reconhecimento de padrões moleculares associados ao dano, originados por células tumorais em processo de morte, pelos receptores imunes inatos dos macrófagos. ⤷ Os macrófagos presentes em tumores também podem ser ativados para matar celular tumorais via IFN-γ produzido por CTLs ou células Th1 tumor-específicas. O PAPEL DA IMUNIDADE INATA E ADAPTATIVA NA PROMOÇÃO DO CRESCIMENTO TUMORAL Imunidade inata: ✓ Os macrófagos tumor-associados (M2), bem como outras células, são fontes de VEGF, um fator de crescimento promotor de angiogênese, e de metaloproteinases, enzimas modificadoras do tecido extracelular ⤷ Sendo assim, a ativação crônica de algumas células imunes inatas é caracterizada por angiogênese e remodelamento tecidual, que favorecem o crescimento e a disseminação tumorais. ✓ Alguns dados sugerem que as células do sistema imune inato, incluindo mastócitos, neutrófilos e macrófagos, secretam fatores solúveis promotores da progressão do ciclo celular e sobrevivência de células tumorais. ⤷ O fator de transcrição NF-κB, um mediador- chave das respostas imunes inatas, pode exercer um papel importante na progressão do câncer associada à inflamação. Imunidade adaptativa: ✓ Em resposta aos tumores, as células dendríticas podem ser condicionadas a dirigirem a diferenciação T CD4+ para células Th2 anti-inflamatórias ou células T reguladoras (Tregs). ⤷ Ambas supressoras das respostas imunes que destroem os tumores, além de intensificar o desenvolvimento de macrófagos M2 e outros tipos celulares pró-tumorigênicos. EVASÃO DAS RESPOSTAS IMUNES POR TUMORES ✓ A maioria dos mecanismos de evasão podem ser classificados como inibição ativa de respostas imunes antitumorais ou perda dos antígenos que dirigem essas respostas. ✓ As respostas imunes geralmente falham em detectar o crescimento tumoral, porque os cânceres evadem-se ao imunorreconhecimento ou resistem aos mecanismos efetores imunes. ✓ Alguns tumores param de expressar moléculas do MHC de classe I, ou moléculas envolvidas no processamento antigênico ou na montagem do MHC, por isso não podem exibir antígenos para as células T CD8+. ⤷ Mutações que afetam a apresentação de antígeno associado ao MHC de classe I tendem a ser mais efetivas na imunoevasão do que a perda de neoantígenos tumorais, porque qualquer tumor pode expressar muitos antígenos imunogênicos, e todos teriam que sofrer mutações ou serem perdidos, enquanto a mutação, envolvendo qualquer componente da apresentação antigênica, levará à falha em apresentar todos os antígenos ✓ Os tumores engajam vias que inibem a ativação das células T. ⤷ Ex: muitos tumores expressam PD-L1, um ligante do receptor inibitório das células T para a proteína de morte celular programada 1 (PD- 1). ⤷ Além disso, por serem persistentes, os tumores causam estimulação repetida de células T específicas para antígenos tumorais. ○ O resultado é que as células T desenvolvem um estado de exaustão, em que expressam altos níveis de PD-1, antígeno associado ao linfócito T citotóxico 4 (CTLA-4) e outras moléculas inibitórias, e se tornam irresponsivas ao antígeno. ✓ Fatores presentes no microambiente tumoral podem comprometer a capacidade das células dendríticas de induzir respostas antitumorais fortes. ⤷ Por exemplo, as células dendríticas que capturam antígenos tumorais, muitas vezes, expressam apenas baixos níveis de coestimuladores B7, resultando no engajamento preferencial do receptor inibitório de CTLA-4 existente nas células T naive nos linfonodos drenantes, em vez do receptor estimulatório CD28. ⤷ Alguns tumores podem induzir células T reguladoras, as quais também suprimem as respostas imunes antitumorais. As células supressoras derivadas de mieloide que, estão associadas aos neutrófilos e monócitos apesar de terem funções principalmente anti-inflamatórias, são abundantes em tumores e parecem contribuir para a imunossupressão. ✓ Produtos secretados de células tumorais podem suprimir as respostas imunes antitumorais. ⤷ Um exemplo de produto tumoral imunossupressor é o TGF-β, que é secretado por muitos tumores e inibe a proliferação e as funções efetoras de linfócitos e macrófagos. ✓ As Tregs podem suprimir as respostas de célula T aos tumores. ⤷ Evidências fornecidas por estudos realizados com tumores murinos e pacientes com câncer indicam que os números de Tregs estão aumentados em indivíduos portadores de tumores ⤷ e ainda que essas células podem ser encontradas em infiltrados celulares em determinados tumores. ✓ As células supressoras mieloide-derivadas (MDSCs) suprimem as respostas imunes antitumorais mediadas por célula T e inatas. ⤷ Há relatos de que as MDSCs suprimem as respostas imunes por meio da secreção de citocinas imunossupressoras, como IL-10 e TGF-β, e de prostaglandinas, além de promoverem a diferenciação de Tregs. EVASÃO DA APOPTOSE POR TUMORES No câncer, ocorrem mutações nos genes que regulam a apoptose, pois, neste cenário, a apoptose é uma barreira que deve ser sobreposta. Vias da apoptose Extrínseca (por meio do receptor FAS) e intrínseca (por meio do dano ao DNA) Extrínseca: Fas se liga ao FasL, levando à trimerização do receptor e de seus domínios de morte citoplasmáticos, que atraem a proteína adaptadora intracelular FADD. Essa proteína recruta a pró-caspase 8 para formar o complexo de sinalização indutor de morte. A pró-caspase 8 é ativada pela clivagem em subunidades menores, gerando a caspase 8. A caspase 8 então ativa as caspases efetoras, como a caspase 3, que cliva o DNA para causar a morte celular. Além disso, a caspase 8 cliva/ativa a BID, ativando também a via intrínseca. Intrínseca: A retirada de fatores de sobrevivência, estresse e injúria levam a permeabilização da membrana mitocondrial externa, resultando em liberação do citocromo c que se liga ao APAF1, ativando a caspase 9, que cliva/ativa as caspases efetoras. A integridade da membrana mitocondrial externa é regulada por membros pró e anti- apoptóticos da família BCL2 de proteínas. As proteínas pró-apoptóticas BAX e BAK promovem diretamente a permeabilização da membrana. Sua ação é inibida pelas proteínas anti-apoptóticas BCL2 e BCL-XL. - As caspases podem ser inibidas por Inibidores de Proteínas da Apoptose (IAP). Alguns tumores evitam a apoptose por meio do aumento da regulação dessas proteínas. Mecanismos As células tumorais conseguem evadir o mecanismo da apoptose através da mutação, amplificação e alteração na expressão desses genes. As mutações que levam a evasão da apoptose são: ✓ Redução da expressão de Fas. ✓ Aumento de FLIP (proteína que se liga ao complexo de sinalização indutor de morte e evitar a ativação da caspase 8). ✓ Superexpressão da proteína BCL2/BCL-XL. ✓ Deleção de p53 (p53 é um importante gene pró- apoptótico que induz a apoptose em células que não são capazes de reparar o dano ao DNA). ⤷ A p53 promove transcrição de BAX (proteína pró- apoptotica). ✓ Perda de função de BAX e BAK. Qual processo está relacionado a proteína FAS? ✓ Qual a implicação da redução da sua expressão para o tumor? ⤷ A proteína Fas liga no ligante de Fas (FasL) que é expresso pelas células T CD8 e isso faz com que seja ativada a via extrínseca da apoptose. ⤷ Se a célula tumoral reduz a expressão dessa proteína, ela sobrevive e escapa dos mecanismos de apoptose. ⤷ Portanto, este é um dos mecanismos de evasão da apoptose. Então, um desses mecanismos é a redução da expressão de Fas e, com isso, o bloqueio da apoptose pela via extrínseca. Qual a função da proteína BCL2? ✓ Qual relação entre a amplificação e o desenvolvimento tumoral? ⤷ A família do BCL2 tem proteínas que são pró e que são anti-apoptóticas. ⤷ As pró-apoptóticas são BAX e BAK e as anti- apoptóticas são as proteínas BCL2 e BCL-XL. ⤷ Como a proteína BCL2 é anti-apoptótica e está amplificada, o desenvolvimento tumoral está aumentado ⤷ Isso, consequentemente, inibe BAX e BAK, favorecendo o lado anti-apoptótico. IMUNOTERAPIA DO CÂNCER ✓ As principais estratégias para imunoterapia do câncer, na prática vigente, incluem: ⤷ A introdução de anticorpos antitumorais e células T autólogas que reconhecem antígenos tumorais, ⤷ intensificação das respostas imunes antitumorais do próprio paciente usando anticorpos que bloqueiam os pontos de controle imunológicos ⤷ Vacinação. ✓ A maioria dos protocolos de tratamento para cânceres disseminados, que não podem ser curados com cirurgia, baseava-se em quimioterapia e irradiação que causam, ambas, danos aos tecidos não tumorais normais e estão associadas a toxicidades graves. ✓ Somente recentemente, surgiu a promessa da imunoterapia do câncer realizada em pacientes. IMUNOTERAPIA PASSIVA COM ANTICORPOS MONOCLONAIS ✓ Terapia para um n° limitado de tumores ⤷ injeção de anticorpos monoclonais dirigidos contra as células cancerosas, com o objetivo de causar imunodestruição ou inibição do crescimento ✓ Os anticorpos monoclonais dirigidos contra vários antígenos tumorais ligam-se a antígenos presentes na superfície dos tumores (mas não aos neoantígenos produzidos dentro das células) e ativam os mecanismos efetores do hospedeiro, como fagócitos, células NK ou o sistema complemento, que então destroem as células tumorais. ✓ Outros anticorpos monoclonais, usados na terapia contra o câncer, podem atuar bloqueando a sinalização de fatores de crescimento, ou inibindo a angiogênese TERAPIA ADOTIVA COM CÉLULAS T TERAPIA ADOTIVA COM CÉLULAS T TUMOR- ESPECÍFICAS AUTÓLOGAS. ✓ Células T específicas para antígenos tumorais podem ser detectadas na circulação e entre os linfócitos infiltrantes do tumor em pcts com câncer. ✓ As células T podem ser isoladas do sangue ou a partir de biopsias de tumor do paciente, expandidas em cultura com fatores de crescimento, e reinjetadas de volta no mesmo paciente. ✓ Provavelmente, esta população de células T expandida contém CTLs tumor-específicos ativados que migram para o tumor e o destroem. ⤷ Esta abordagem, que foi combinada com a administração de citocinas estimuladoras de célula T como a interleucina-2 (IL-2) e quimioterapia tradicional, apresentou resultados inconsistentes entre diferentes pacientes e tumores. ⤷ Uma provável explicação é que a frequência de células T tumor-específicas é baixa demais para ser efetiva nessas populações de linfócitos CÉLULAS T QUE EXPRESSAM RECEPTOR ANTIGÊNICO QUIMÉRICO (CAR). ✓ Células T sanguíneas de pacientes com câncer são transduzidas com vetores virais que expressam CAR, o qual reconhece um antígeno tumoral e fornece sinais potentes para ativação das células T ⤷ A especificidade dos receptores de célula T endógenos das células T transduzidas é irrelevante para a efetividade ⤷ O uso desta estrutura de reconhecimento antigênico baseada em anticorpo evita as limitações da restrição ao MHC dos TCRs e permite que o mesmo CAR seja usado em muitos pacientes diferentes, independentemente dos alelos de antígeno leucocitário humano (HLA) que sejam expressos. ✓ Além disso, os tumores não conseguem escapar das células CAR-T diminuindo a expressão do MHC. ⤷ Para funcionarem nas células T, os CARs contam com domínios sinalizadores intracelulares de ambas as proteínas do complexo TCR e domínios sinalizadores de receptores coestimuladores, como CD28 e CD137. ⤷ Mediante a ligação do antígeno, estes receptores propiciam tanto o reconhecimento antigênico (via domínio de imunoglobulina [Ig] extracelular) como sinais de ativação (via domínios citoplasmáticos introduzidos). ⤷ As células T expressando CAR são expandidas ex vivo e transferidas de volta para o paciente, onde reconhecem o antígeno nas células tumorais e se tornam ativadas para matar estas células. ✓ A toxicidade mais grave associada à terapia com células CAR-T é uma síndrome de liberação de citocinas, mediada por quantidades superabundantes de citocinas inflamatórias, entre as quais a IL-6, interferon-γ e outras, que são liberadas porque todas as células T injetadas reconhecem e são ativadas pelas células tumorais do paciente. ⤷ citocinas causam febre alta, hipotensão, edema tecidual, desarranjos neurológicos e falência de múltiplos órgãos. BLOQUEIO DE PONTO DE CONTROLE IMUNOLÓGICO ✓ O bloqueio de receptores inibitórios nas células T ou de seus ligantes estimula as respostas imunes antitumorais. ⤷ O princípio desta estratégia é reforçar as respostas imunes do hospedeiro contra tumores através do bloqueio dos sinais de inibição normais destinados às células T, removendo assim os “freios” (pontos de controle) do sistema imune ✓ Isto tem sido feito usando anticorpos monoclonais bloqueadores específicos para CTLA-4 e PD-1, moléculas inibitórias da célula T ✓ Apesar da eficácia das terapias de bloqueio de ponto de controle para muitos tumores avançados seja superior a qualquer outra forma de terapia prévia, apenas uma subpopulação de pacientes (no máximo, 25 a 40%) responde a este tratamento. ⤷ Os tumores não responsivos podem: ○ Induzir expressão de moléculas de ponto de controle na célula T quesão diferentes daquelas escolhidas para terapia, ○ Ou, depender de outros mecanismos de evasão que não envolvam o engajamento destes receptores inibitório ✓ Um dos indicadores mais confiáveis de que um tumor irá responder à terapia de bloqueio de ponto de controle é quando este tumor apresenta um alto número de mutações, o que está correlacionado com um alto número de neoantígenos e células T hospedeiras capazes de responder a estes antígenos. ✓ As toxicidades mais comuns associadas ao bloqueio de ponto de controle são o dano aos órgãos. ESTIMULAÇÃO DAS RESPOSTAS IMUNES ANTITUMORAIS DO HOSPEDEIRO PELA VACINAÇÃO COM ANTÍGENOS TUMORAIS ✓ Um modo de estimular a imunidade ativa contra tumores consiste em vacinar os pacientes com as células de seus próprios tumores ou com antígenos destas células. ✓ Diferente das vacinas antimicrobianas padrão, que são profiláticas e previnem infecções, as vacinas tumorais são projetadas para serem terapêuticas, no sentido de estimular respostas imunes que ataquem cânceres já desenvolvidos. ✓ A maioria das vacinas tumorais experimentadas usaram antígenos compartilhados por cânceres do mesmo tipo em diferentes pcts. Geralmente são antígenos de diferenciação que identificam células de uma linhagem específica, tanto normal como neoplásica. ⤷ As vacinas que incorporam tais antígenos alcançam pouco êxito ○ Os antígenos são expressos em certo nível nas células normais e tendem a induzir uma tolerância que deve ser superada para haver indução de uma imunidade antitumoral efetiva. ✓ Desenvolvimento de vacinas personalizadas para o câncer, ajustadas para o tumor de cada paciente. ⤷ Um dos enfoques atuais do campo da vacinação tumoral é o uso de tecnologias de sequenciamento de DNA, para determinar todas as mutações nas sequências de DNA codificadoras de proteína (exossomos) do genoma de uma célula cancerosa de um indivíduo. Algoritmos preditivos da ligação de HLA são então aplicados para identificar os peptídios mutantes mais propensos a se ligar aos alelos HLA do paciente. Uma vez definidos estes peptídios, vacinas tumorais personalizadas são criadas usando vários peptídios dos neoantígenos; a vacinação tem que gerar CTLs efetivos , existe a possibilidade de os tumores evoluírem sob a pressão seletiva da resposta imune induzida pela vacina e, assim, perderem moléculas de MHC ou os antígenos-alvo; ⤷ Por serem vacinas terapêuticas administradas a pacientes portadores de tumor, devem superar os mecanismos de imunoevasão que os tumores possam ter estabelecido no paciente. ✓ As vacinas tumor-específicas podem ser administradas como uma mistura de antígenos com adjuvantes, de modo semelhante às vacinas antimicrobianas. ⤷ Em outra abordagem, as células dendríticas do tumor de um paciente são expandidas in vitro a partir de precursores sanguíneos, expostas às células tumorais ou aos antígenos tumorais e, então, como células dendríticas pulsadas com antígeno, são usadas como vacinas. ⤷ As células dendríticas portadoras de antígenos tumorais teoricamente irão mimetizar a via normal de apresentação cruzada e, assim, gerar CTLs contra as células tumorais. ✓ Os tumores causados por vírus oncogênicos podem ser prevenidos pela vacinação contra estes vírus. ⤷ Duas vacinas deste tipo que estão se mostrando notavelmente efetivas são a vacina contra o vírus da hepatite B (causador de uma forma de câncer hepático) e a vacina contra o papilomavírus humano (causador de câncer cervical e de alguns tipos de câncer orofaríngeo). ⤷ Estas são vacinas profiláticas administradas antes de os indivíduos serem infectados e, por isso, previnem as infecções pelos vírus causadores de tumor.
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