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Economia do Setor Público Teoria da Tributação Ótima objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • entender como os tributos distorcivos influenciam o comportamento dos agentes econômicos; • identificar os quatro princípios gerais que deveriam nortear um sistema tributário ótimo; • entender os Teoremas do Bem-Estar; • identificar a curva de Laffer; • entender o modelo de Ramsey. Caros(as) alunos(as), dando continuidade ao nosso curso, vamos entender como os tributos podem ser distorcivos, influenciando o comportamento dos agentes econômicos. Para isso, vamos analisar a Teoria da Tributação ótima e os Teoremas do Bem-Estar. Vamos também nos aprofundar na chamada Curva de Laffer, que mostra a relação entre os diversos níveis de tributação com a receita arrecadada pelo governo. Bons estudos! 3ºaula 21 Seções de estudo 1- Introdução 2- Teoria da Tributação Ótima 3- A curva de Laffer 4- A regra de Ramsey 1- introdução Os sistemas tributários de todos os países são essencialmente compostos de instrumentos que introduzem distorções na economia como, por exemplo, os tributos sobre a renda e os tributos sobre venda de mercadorias. Esses tributos são distorcivos porque influenciam o comportamento dos agentes econômicos. A imposição de um tributo sobre a renda gera incentivos para que as pessoas modifiquem suas decisões quanto à participação no mercado de trabalho e ao número de horas trabalhadas. A tributação de mercadorias, por sua vez, distorce as escolhas dos agentes enquanto consumidores. Isso gera ineficiências e reduz o bem-estar da sociedade em relação a uma situação em que a tributação é não distorciva. Por que, então, os governos não adotam tributos não distorcivos? Para responder a essa pergunta é importante ressaltar que, por definição, tributos não distorcivos não dependem do comportamento dos indivíduos. Em outras palavras, para que um tributo seja não distorcivo, não deve existir nada que os indivíduos possam fazer para alterar o montante do tributo que recai sobre eles. Exemplos de tributos desse tipo são um imposto per capita e qualquer imposto baseado em alguma característica inalterável dos indivíduos (tal como a cor dos olhos). O problema é que, como no caso desses exemplos, tributos não distorcivos que são tecnicamente viáveis têm consequências distributivas indesejáveis. Portanto, subjacente à opção dos governos por tributos distorcivos há uma preocupação com questões distributivas. Com efeito, o conflito entre os objetivos de equidade e eficiência está no centro de toda questão tributária. Em particular, o problema de identificar o desenho tributário ótimo pode ser visto como equivalente ao de identificar a melhor combinação entre esses objetivos. Mais especificamente, o problema tratado pela teoria da tributação ótima é o de caracterizar a estrutura tributária que permite ao governo arrecadar uma dada receita e alcançar determinados objetivos distributivos ao menor custo em termos de perda de eficiência. 2- Teoria da Tributação Ótima Em A Riqueza das Nações, Adam Smith estabeleceu quatro princípios gerais que deveriam nortear um sistema tributário ótimo. São eles: • Capacidade Contributiva: Os indivíduos devem contribuir para a receita do estado na proporção de suas capacidades de pagamento, ou seja, em proporção a seus rendimentos. • Objetividade: O tributo a ser pago deve ser certo e não arbitrário, com o valor a ser pago e a forma do pagamento devendo ser claros e evidentes para o contribuinte. • Simplicidade: Todo tributo deve ser arrecadado da maneira mais conveniente para o contribuinte. • Otimização: Todo tributo deve ser arrecadado de forma que implique o menor custo possível para o contribuinte, além do montante arrecadado pelo Estado com o tributo. A teoria da tributação ótima se relaciona explicitamente com o primeiro e o último princípios descritos anteriormente. Seu objetivo é analisar como uma dada receita tributária pode ser arrecadada pelo governo a um mínimo de custo para a sociedade, levando em consideração as diferenças existentes entre os indivíduos em termos de capacidade contributiva. O ponto de partida para entender os fundamentos da teoria da tributação ótima são os dois teoremas fundamentais do bem-estar. A economia do bem-estar é o ramo da economia que se preocupa com a eficiência econômica e com a distribuição de renda associada a ela. São dois os teoremas principais da economia do bem-estar: PRIMEIRO TEOREMA DO BEM-ESTAR: O equilíbrio nos mercados competitivos, na ausência de externalidades, é eficiente de Pareto. Esse teorema garante que, em uma estrutura de mercado de concorrência perfeita, o ponto de equilíbrio do mercado possibilita aos agentes econômicos ganhar o máximo de eficiência. Na prática, isso quer dizer que os agentes irão realizar trocas até alcançar um ponto eficiente no qual não é possível melhorar a situação de um deles sem piorar a situação de outro (ótimo de Pareto). Necessário destacar que alguns pressupostos da estrutura de mercado de concorrência perfeita estão implícitos a esse modelo: os agentes estão em um mercado competitivo, logo, não há poder de mercado para nenhum deles, os agentes são tomadores de preço, não há assimetria de informações e cada agente se preocupa só com o seu próprio consumo (não há externalidades). SEGUNDO TEOREMA DO BEM-ESTAR: Se os agentes tomarem suas decisões levando em conta a escassez dos bens (refletida no preço destes), toda alocação eficiente no sentido de Pareto pode ser alcançada como um equilíbrio competitivo. Esse teorema irá mostrar, ao menos na teoria, que é possível distinguir eficiência e equidade na distribuição de renda. Se a sociedade determina que a distribuição atual de recursos é injusta, ela não precisa interferir nos preços de mercado e comprometer a eficiência. Pelo contrário, a sociedade só deve transferir recursos entre pessoas de uma maneira considerada justa. Para o entendimento da natureza da teoria da tributação ótima, o resultado do segundo teorema é crucial. De acordo com o primeiro teorema, os mercados competitivos geram alocações eficientes. Entretanto, pode existir uma multiplicidade de pontos eficientes, correspondendo a diferentes distribuições da dotação de recursos. O segundo teorema diz que, se por qualquer razão, uma dada alocação 22Economia do Setor Público eficiente não é considerada como socialmente justa, uma outra alocação eficiente de Pareto pode ser obtida através de mercados competitivos, desde que se faça uma redistribuição da dotação de recursos entre os indivíduos. Entretanto, para se obter o resultado do segundo teorema é necessário que a redistribuição de recursos seja “adequada”, no sentido de não provocar distorções nas escolhas dos agentes econômicos, de forma que as condições de eficiência econômica continuem a ser satisfeitas. Para tanto, a redistribuição deve se realizar via impostos e transferências do tipo lump sum, que têm a propriedade de não afetar o comportamento dos agentes econômicos. Impostos e transferências do tipo lump sum são montantes fixos de dinheiro que os indivíduos pagam ou recebem independentemente de suas escolhas. É o caso, por exemplo, de um imposto per capita, ou de um imposto baseado em características pessoais inalteráveis, tais como idade, sexo, preferências, habilidades etc. No entanto, impostos e transferências lump sum capazes de gerar uma distribuição ótima da renda não são factíveis, pois a informação necessária sobre características individuais relevantes para implementá-los, que devem estar associadas à capacidade contributiva (tal como habilidade), é privativa dos indivíduos, que não terão incentivo para revelá-la ao governo. Isso significa que o imposto tem de ser cobrado com base em elementos que, além de indicar capacidade contributiva, sejam observáveis, tais como renda e consumo. Nesse caso, os indivíduos terão incentivospara modificar suas ações relativas à obtenção de renda e realização de consumo, de forma a minimizar o imposto pago. Como consequência, o sistema tributário resultante é inevitavelmente diferente do tipo lump sum, ou seja, é distorcivo. Caso não existisse uma preocupação com redistribuição, os efeitos distorcivos da tributação poderiam ser evitados através da imposição de um tributo lump sum uniforme consistindo em pagamentos iguais por parte de todos os indivíduos, independentemente de suas características pessoais. Isso sugere que é a preocupação com a distribuição de recursos na sociedade que explica o uso de tributos distorcivos. Observa-se, então, que há um conflito básico entre equidade e eficiência na tributação, no sentido de que objetivos distributivos só podem ser alcançados a um certo custo em termos de eficiência econômica. Assim, a teoria da tributação ótima trata da caracterização da melhor estrutura tributária em um mundo onde tributos lump sum não são factíveis. Portanto, o termo “ótimo” nessa teoria deve ser entendido como um ótimo de segundo melhor, ou seja, o melhor resultado possível dado que impostos distorcivos devem ser inevitavelmente utilizados em razão da impossibilidade de se recorrer a impostos lump sum. Isso significa que a teoria da tributação ótima deve estar inerentemente preocupada com questões de equidade e eficiência, simultaneamente. Note-se ainda que essa teoria tem natureza normativa, pois investiga como o sistema tributário “deve ser” estruturado para que certos objetivos sejam atingidos. As distorções e os efeitos distributivos decorrentes da tributação são fenômenos objetivos e não dependem da opinião de quem está analisando o sistema tributário. No entanto, a escolha da combinação apropriada entre equidade e eficiência e, de fato, a própria opção de utilizar esses critérios para avaliar o sistema tributário, é uma questão subjetiva, que envolve julgamentos éticos. As implicações de diferentes julgamentos para o desenho tributário ótimo ficarão evidentes nas seções que seguem. 3- A curva de Laffer Nem sempre altos impostos significam necessariamente aumento da arrecadação para o governo. A chamada Curva de Laffer, desenvolvida pelo economista norte-americano Arthur Laffer, mostra a relação entre os diversos níveis possíveis de tributação de um determinado imposto (qualquer) com a respectiva receita arrecadada pelo governo. A representação dessa curva é dada pelo gráfico abaixo. O eixo horizontal x representa a carga de tributos (em alíquotas) e o eixo vertical y representa a arrecadação do governo. Vamos entender a razão para esse formato da curva. • Se a carga tributária for igual a 0, o governo nada arrecadará (ponto de origem); • Com o aumento do tributo, aumenta também a arrecadação. Na primeira metade da curva a arrecadação cresce sempre a taxas decrescentes; • No ponto II, o governo atinge sua arrecadação máxima. É considerado o ponto ótimo; • Na segunda metade da curva, a arrecadação do governo, ao invés de aumentar, começa a diminuir. E tanto mais diminui quanto mais se aumentam as alíquotas dos tributos. • Se a carga for igual a 100%, não há estímulo algum para a produção e nem para o trabalho já que toda a renda seria tributada e arrecadada pelo Governo. Nesse ponto a arrecadação também é nula. No início da curva (ponto 0 a I), os impostos ainda possuem alíquotas reduzidas, e a arrecadação tende a aumentar uma vez que a classe produtora está estimulada a investir mais, pois acredita que vale a pena trabalhar, já que apenas uma pequena parcela dos lucros será repassada aos cofres públicos sob a forma de tributos. Ao mesmo tempo, os consumidores não sentem o preço onerado por conta de excessivos impostos, e consomem normalmente. O governo, por sua vez, com a arrecadação crescente, sente-se estimulado 23 a assumir novos gastos públicos. Do ponto I a II, como o governo está expandindo os seus gastos, precisa arrecadar cada vez mais criando novos impostos ou aumentando a alíquota daqueles já existentes. Isso ocorre até o ponto ótimo. A partir do ponto II, ocorre que a carga tributária ultrapassa o limite da capacidade de contribuição da sociedade, ou seja, para consumidor, o aumento da tributação é repassado aos preços dos produtos, onerando-os. Esses preços elevados desestimulam a demanda, que se retrai. Com isso, menos mercadorias é vendida, traduzindo em menos impostos arrecadados pelo Setor Público. Já sob a ótica do empresário, há um desestímulo ao aumento da produção, tendo em vista que, em seu cálculo de custo x benefício, produzir passa a não valer mais tanto a pena (pois uma fatia generosa de sua lucratividade terá que ser repassada ao governo). CURVA DE LAFFER SOB A ÓTICA BRASILEIRA! os autores Renan Henrique luquini, André Diego Souza da cruz e Gustavo Henrique leite de castro, publicaram um estudo empírico para verificar a curva de Laffer para o Brasil entre os anos de 1996 a 2014. O resultado foi que a taxa ótima da carga tributária que propicia o máximo de arrecadação possível ficou em 40,73%, ou seja, taxas menores que esta não estaria proporcionando o máximo de arrecadação, podendo assim ser elevada a carga tributária a fim de aumentar a mesma. A partir deste ponto (40,73%), ter-se-á uma queda na arrecadação a cada taxa acima do ponto crítico. o resultado deste estudo foi apresentado na forma do gráfico. Fonte: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/ecoreg/article/view/28090. os autores concluíram que: A simulação da Curva de Laffer nos permitiu chegar ao resultado de 40,73% de carga tributária. O valor expressa o ponto máximo o qual segundo a teoria elevações na alíquota de tributos farão com que o montante de receitas arrecadado seja menor. Em virtude do Brasil no ano de 2014, último ano de análise do presente estudo, estar com um nível de carga tributária de 34,56% do PIB, fica evidente que ainda exista uma margem de elevação desta carga com o intuito de gerar maior arrecadação aos cofres públicos, a fim de financiar as atividades do governo. Tendo em vista as grandes áreas de finanças públicas e política fiscal, as quais englobam os assuntos abordados neste trabalho, cremos ter acrescentado mais um ponto importante a esses arcabouços teórico e empírico. Evidenciando a que nível de tributação o país estaria apto a atingir sua arrecadação máxima, salvo não existindo falhas no sistema tributário, que no caso brasileiro tem-se notado grandes lacunas no sistema adotado. 4- A regra de Ramsey O modelo de Ramsey descreve o problema de tributação ótima em uma economia com um único consumidor. Esse modelo é basicamente o seguinte: se o único instrumento tributário à disposição do governo é um imposto sobre o consumo de bens e serviços, qual é a estrutura de alíquotas consistente com a geração de uma dada receita para o governo ao menor custo em termos de eficiência? Isso nos diz que, se o governo busca a eficiência econômica (neutralidade), de forma a intervir o mínimo possível na alocação de recursos, sem causar ineficiências, ele procurará tributar bens de demanda/oferta inelástica, pois o peso morto será menor. Podemos expressar a regra de Ramsey segundo a equação abaixo, também chamada de regra da ‘‘elasticidade invertida’’: Onde seria a alíquota ótima de imposto sobre um determinado bem, seria a elasticidade preço da demanda do bem, e seria o valor da receita governamental adicional conseguida com um (possível) aumento de alíquota do imposto. Portanto, a alíquota ótima ( ) é inversamente relacionada com à elasticidade preço da demanda do bem. Isto é, bens de demanda elástica (valor alto de ) devem sofrer uma tributação menor e bens com demanda inelástica devem ser tributados mais pesadamente. Para arrematar o raciocínio, podemos entender que quanto mais o imposto muda o comportamento de consumo e produção, menos eficiente ele será e maior será o peso morto. A formulaçãode Ramsey indica que duas regras devem ser levadas em conta na fixação de um imposto ótimo (mais eficiente) sobre mercadorias: 1. Regra da elasticidade invertida: bens com alta devem ser tributados a uma alíquota mais baixa; bens com baixa devem ser tributados a alíquotas mais altas. 2. Regra da base ampla (suavização da tributação): é melhor tributar uma grande variedade de bens a uma alíquota moderada do que tributar poucos bens a uma alíquota elevada. Quanto maior a alíquota, maior é o acréscimo de peso morto decorrente de mais aumentos da alíquota. Assim, para equilibrar as duas regras, o governo deve tributar os bens de demanda inelástica com alíquotas maiores, mas ele não deve tentar arrecadar todos os seus impostos a partir desses bens inelásticos. Seguindo a regra da base ampla, o governo deve procurar tributar o maior número de bens possível. Ou seja, embora o governo deva tributar os bens 24Economia do Setor Público de demanda inelástica mais pesadamente, ele também deve tributar outros bens. Se o governo se preocupasse somente com a regra da elasticidade, ele poderia simplesmente identificar os bens inelásticos e procurar extrair toda a sua receita tributária a partir desses bens, deixando de tributar os bens de demanda elástica. No entanto, a regra da base ampla acaba servindo para compensar a aplicação da regra da elasticidade. Portanto, eficiência não implica necessariamente equidade e vice-versa. A regra de Ramsey da alíquota ótima (mais eficiente) dos tributos só leva em conta aspectos de eficiência. Simplesmente ignora os aspectos de equidade. A regra da elasticidade invertida tem implicações cruéis em termos de equidade. Imagine, por exemplo, que, se houvesse apenas dois bens na economia: leite e um bom uísque 12 anos. A elasticidade preço da demanda de uísque é muito mais elevada do que a de leite. Isto significaria a imposição de uma alíquota muito menor a um bem consumido por pessoas de renda mais alta. Já a alíquota do leite (bem de demanda inelástica) seria bem maior. Isso, por sua vez, significaria a imposição de alíquotas maiores a um bem consumido por pessoas de renda mais baixa. Observe que esse resultado da regra de Ramsey, embora mais eficiente, violaria a equidade tributária (equidade vertical). Pessoas mais ricas estariam pagando alíquotas menores de imposto. Um determinado governo pode querer equilibrar objetivos de tributação ótima (busca da eficiência) com objetivos de equidade. Nesse caso, na hora de fixar a alíquota do bem, o governo poderia levar em conta não somente a elasticidade preço da demanda de cada mercadoria, mas também a renda de seus consumidores. Os bens que fossem consumidos predominantemente por indivíduos com rendas mais altas poderiam ter uma alíquota superior àquela determinada pela regra da elasticidade. E bens que são predominantemente consumidos por indivíduos com rendas mais baixas teriam alíquotas inferiores àquela da regra da elasticidade. Fazendo isso, o governo compensaria um pouco a falta de justiça decorrente da aplicação da regra de Ramsey, que leva em conta somente aspectos de eficiência econômica. Mas, obviamente, essa compensação, considerando questões de equidade, faria o sistema tributário perder um pouco de eficiência, mas o tornaria mais justo (ou equânime). Observe, então, que o governo geralmente enfrenta um trade-off (dilema de escolha) na hora de organizar seu sistema tributário. Um sistema eficiente não implica necessariamente um sistema justo. E, quando o governo tenta tornar o sistema mais justo, tendo em vista questões de equidade, ele acaba tendo que tolerar uma perda de eficiência econômica. Questão de Concurso: (FCC/2013 – SEFAZ/SP) Considere as afirmativas e classifique-as como VERDADEiRA oU FAlSA: I. O formato da curva de Laffer sugere que, quando a carga tributária está elevada, se o Governo reduzir as alíquotas de um imposto, poderá aumentar sua arrecadação em vez de diminuí-la. ii. Admitindo-se a hipótese keynesiana de que o consumo das pessoas é função decrescente da sua renda disponível, um imposto geral sobre vendas com alíquotas fixas será provavelmente progressivo. iii. o imposto sobre a renda progressivo atua como um estabilizador automático da economia, já que quando ela está apresentando altas taxas de crescimento e pressionando o índice geral de preços em virtude de inexistência de capacidade ociosa, o imposto diminui o crescimento da renda disponível, amenizando as referidas pressões. iV. Um corolário da regra de Ramsey sobre a tributação é de que as taxas de imposto devem ser fixadas de forma proporcional à elasticidade- preço da procura. RESOLUÇÃO: A assertiva I é verdadeira. Foi exatamente isso que vimos nesta aula. A curva de Laffer estabeleceu uma relação aritmética entre as receitas tributárias da economia e as taxas praticadas, numa curva em formato de U invertidoVimos que, até certo ponto, a receita tributária total da economia cresce juntamente com alíquota média praticada e após um nível ótimo, a receita tributária obtida decresce à medida que a alíquota se aproxima do nível máximo. A assertiva II é falsa. Vocês já viram em disciplinas anteriores que, na concepção keynesiana, a função consumo é uma função cREScENTE da renda disponível, pois a propensão marginal a consumir é um número entre zero e um. Além disso, impostos sobre vendas tem como características ou serem não cumulativos ou serem cumulativos. Regressividade, progressividade ou neutralidade são características atreladas às características dos impostos que incidem sobre a renda. A assertiva III é verdadeira. De acordo com a teoria macroeconômica, um estabilizador automático é qualquer mecanismo na economia que reduz o volume pelo qual a produção varia em resposta a uma alteração na demanda autônoma. Nessa concepção, o imposto de renda atua como um estabilizador automático uma vez que ele reduz o multiplicador do modelo keynesiano de determinação da renda. A assertiva IV é falsa. Vimos que, de acordo com Ramsey, o imposto sobre um bem deve ser inversamente proporcional à elasticidade preço da demanda pelo bem. Assim, a Regra de Ramsey propõe que, para o sistema tributário ser eficiente, ele deve onerar mais pesadamente os bens mais essenciais (inelásticos) e menos os bens não essenciais o que gera uma estrutura tributária regressiva, por onerar mais aqueles que dependem do consumo de bens essenciais, mas reduz a geração de peso morto (perda de ineficiência) na economia. Chegamos, assim, ao final da terceira aula. Espero que vocês saibam compreender os teoremas do bem- estar e o modelo de tributação ótima. retomando a aula 1- Introdução Na primeira seção, conhecemos um dilema: por que os governos não adotam tributos não distorcivos e as consequências econômicas para tal problema. 2- Teoria da Tributação ótima Na segunda seção, iniciamos com os quatro princípios gerais que deveriam nortear um sistema tributário ótimo: 25 capacidade tributiva, objetividade, simplicidade e otimização. Vimos também qual é o objetivo da tributação ótima e os teoremas do bem-estar social. 3- A curva de Laffer A curva de Laffer mostra a relação entre os diversos níveis possíveis de tributação de um determinado imposto (qualquer) com a respectiva receita arrecadada pelo governo. Nesta seção, vimos um exemplo da aplicação de tal modelo sob a ótica brasileira. 4- Regra de Ramsey Nesta seção, vimos como identificar qual é a estrutura de alíquotas consistentes com a geração de uma dada receita para o governo ao menor custo em termos de eficiência, através da regra de Ramsey. BECkER, Howard Saul. Sociological work. Transaction publishers, 1971. BIDERMAN, Ciro; ARVATE, Paulo Roberto. Economia do setor público no Brasil. Elsevier, 2004. GIAMBIAGI, Fabio; ALEM, Ana; PINTO, Sol Garson Braule. Finanças públicas. Elsevier Brasil, 2017. LUQUINI, Renan Henrique; DA CRUZ, André Diego Souza; DE CASTRO, Gustavo Henrique Leite.Verificação émpírica da curva de Laffer para o Brasil entre os anos de 1996 a 2014. Economia & Região, v. 5, n. 1, p. 31-52. MANkIw, N. Gregory. Introdução à economia. Cengage Learning, 2009. PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. Instituições, bom estado e Reforma da Gestão Pública. Revista eletrônica sobre a reforma do Estado, v. 1, n. 1, p. 1-17, 2005. REZENDE, Fernando et al. Finanças públicas. São Paulo: Atlas, 2001. RIANI, Flávio. Economia Do Setor Público: Uma Abordagem Introdutória. Grupo Gen-LTC, 2000. SMITH, Adam. A Riqueza das Nações-Adam Smith: Vol. I. LeBooks Editora, 2020. Vale a pena ler Vale a pena minhas anotações
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