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Teoria da Tributação Ótima e Teoremas do Bem-Estar

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Economia do Setor Público
Teoria da Tributação Ótima
objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de:
•	 entender como os tributos distorcivos influenciam o comportamento dos agentes econômicos; 
•	 identificar os quatro princípios gerais que deveriam nortear um sistema tributário ótimo;
•	 entender os Teoremas do Bem-Estar;
•	 identificar a curva de Laffer;
•	 entender o modelo de Ramsey.
Caros(as) alunos(as), dando continuidade ao nosso curso, 
vamos entender como os tributos podem ser distorcivos, 
influenciando o comportamento dos agentes econômicos. Para 
isso, vamos analisar a Teoria da Tributação ótima e os Teoremas 
do Bem-Estar. Vamos também nos aprofundar na chamada 
Curva de Laffer, que mostra a relação entre os diversos níveis 
de tributação com a receita arrecadada pelo governo.
Bons estudos!
3ºaula
21
Seções de estudo
1- Introdução
2- Teoria da Tributação Ótima
3- A curva de Laffer
4- A regra de Ramsey
1- introdução
Os sistemas tributários de todos os países são 
essencialmente compostos de instrumentos que introduzem 
distorções na economia como, por exemplo, os tributos 
sobre a renda e os tributos sobre venda de mercadorias. Esses 
tributos são distorcivos porque influenciam o comportamento 
dos agentes econômicos. A imposição de um tributo sobre a 
renda gera incentivos para que as pessoas modifiquem suas 
decisões quanto à participação no mercado de trabalho e ao 
número de horas trabalhadas. A tributação de mercadorias, 
por sua vez, distorce as escolhas dos agentes enquanto 
consumidores. Isso gera ineficiências e reduz o bem-estar da 
sociedade em relação a uma situação em que a tributação é 
não distorciva.
Por que, então, os governos não adotam tributos não 
distorcivos? Para responder a essa pergunta é importante 
ressaltar que, por definição, tributos não distorcivos não 
dependem do comportamento dos indivíduos. Em outras 
palavras, para que um tributo seja não distorcivo, não deve 
existir nada que os indivíduos possam fazer para alterar 
o montante do tributo que recai sobre eles. Exemplos de 
tributos desse tipo são um imposto per capita e qualquer 
imposto baseado em alguma característica inalterável dos 
indivíduos (tal como a cor dos olhos). O problema é que, 
como no caso desses exemplos, tributos não distorcivos que 
são tecnicamente viáveis têm consequências distributivas 
indesejáveis. Portanto, subjacente à opção dos governos 
por tributos distorcivos há uma preocupação com questões 
distributivas.
Com efeito, o conflito entre os objetivos de equidade 
e eficiência está no centro de toda questão tributária. Em 
particular, o problema de identificar o desenho tributário ótimo 
pode ser visto como equivalente ao de identificar a melhor 
combinação entre esses objetivos. Mais especificamente, 
o problema tratado pela teoria da tributação ótima é o de 
caracterizar a estrutura tributária que permite ao governo 
arrecadar uma dada receita e alcançar determinados objetivos 
distributivos ao menor custo em termos de perda de eficiência. 
2- Teoria da Tributação Ótima
Em A Riqueza das Nações, Adam Smith estabeleceu quatro 
princípios gerais que deveriam nortear um sistema tributário 
ótimo. São eles:
•	 Capacidade Contributiva: Os indivíduos devem 
contribuir para a receita do estado na proporção 
de suas capacidades de pagamento, ou seja, em 
proporção a seus rendimentos.
•	 Objetividade: O tributo a ser pago deve ser certo e 
não arbitrário, com o valor a ser pago e a forma do 
pagamento devendo ser claros e evidentes para o 
contribuinte.
•	 Simplicidade: Todo tributo deve ser arrecadado da 
maneira mais conveniente para o contribuinte.
•	 Otimização: Todo tributo deve ser arrecadado de 
forma que implique o menor custo possível para 
o contribuinte, além do montante arrecadado pelo 
Estado com o tributo.
A teoria da tributação ótima se relaciona explicitamente 
com o primeiro e o último princípios descritos anteriormente. 
Seu objetivo é analisar como uma dada receita tributária pode 
ser arrecadada pelo governo a um mínimo de custo para a 
sociedade, levando em consideração as diferenças existentes 
entre os indivíduos em termos de capacidade contributiva.
O ponto de partida para entender os fundamentos da 
teoria da tributação ótima são os dois teoremas fundamentais 
do bem-estar. A economia do bem-estar é o ramo da 
economia que se preocupa com a eficiência econômica e com 
a distribuição de renda associada a ela. São dois os teoremas 
principais da economia do bem-estar:
PRIMEIRO TEOREMA DO BEM-ESTAR: O 
equilíbrio nos mercados competitivos, na ausência de 
externalidades, é eficiente de Pareto. Esse teorema garante 
que, em uma estrutura de mercado de concorrência perfeita, 
o ponto de equilíbrio do mercado possibilita aos agentes 
econômicos ganhar o máximo de eficiência. Na prática, isso 
quer dizer que os agentes irão realizar trocas até alcançar um 
ponto eficiente no qual não é possível melhorar a situação de 
um deles sem piorar a situação de outro (ótimo de Pareto). 
Necessário destacar que alguns pressupostos da estrutura 
de mercado de concorrência perfeita estão implícitos a esse 
modelo: os agentes estão em um mercado competitivo, logo, 
não há poder de mercado para nenhum deles, os agentes são 
tomadores de preço, não há assimetria de informações e cada 
agente se preocupa só com o seu próprio consumo (não há 
externalidades).
SEGUNDO TEOREMA DO BEM-ESTAR: Se 
os agentes tomarem suas decisões levando em conta a 
escassez dos bens (refletida no preço destes), toda alocação 
eficiente no sentido de Pareto pode ser alcançada como um 
equilíbrio competitivo. Esse teorema irá mostrar, ao menos 
na teoria, que é possível distinguir eficiência e equidade 
na distribuição de renda. Se a sociedade determina que 
a distribuição atual de recursos é injusta, ela não precisa 
interferir nos preços de mercado e comprometer a eficiência. 
Pelo contrário, a sociedade só deve transferir recursos entre 
pessoas de uma maneira considerada justa.
Para o entendimento da natureza da teoria da tributação 
ótima, o resultado do segundo teorema é crucial. De 
acordo com o primeiro teorema, os mercados competitivos 
geram alocações eficientes. Entretanto, pode existir uma 
multiplicidade de pontos eficientes, correspondendo a 
diferentes distribuições da dotação de recursos. O segundo 
teorema diz que, se por qualquer razão, uma dada alocação 
22Economia do Setor Público
eficiente não é considerada como socialmente justa, uma 
outra alocação eficiente de Pareto pode ser obtida através de 
mercados competitivos, desde que se faça uma redistribuição 
da dotação de recursos entre os indivíduos.
Entretanto, para se obter o resultado do segundo 
teorema é necessário que a redistribuição de recursos seja 
“adequada”, no sentido de não provocar distorções nas 
escolhas dos agentes econômicos, de forma que as condições 
de eficiência econômica continuem a ser satisfeitas. Para 
tanto, a redistribuição deve se realizar via impostos e 
transferências do tipo lump sum, que têm a propriedade de não 
afetar o comportamento dos agentes econômicos. Impostos e 
transferências do tipo lump sum são montantes fixos de dinheiro 
que os indivíduos pagam ou recebem independentemente de 
suas escolhas. É o caso, por exemplo, de um imposto per 
capita, ou de um imposto baseado em características pessoais 
inalteráveis, tais como idade, sexo, preferências, habilidades 
etc.
No entanto, impostos e transferências lump sum capazes 
de gerar uma distribuição ótima da renda não são factíveis, 
pois a informação necessária sobre características individuais 
relevantes para implementá-los, que devem estar associadas à 
capacidade contributiva (tal como habilidade), é privativa dos 
indivíduos, que não terão incentivo para revelá-la ao governo. 
Isso significa que o imposto tem de ser cobrado com base 
em elementos que, além de indicar capacidade contributiva, 
sejam observáveis, tais como renda e consumo. Nesse caso, 
os indivíduos terão incentivospara modificar suas ações 
relativas à obtenção de renda e realização de consumo, de 
forma a minimizar o imposto pago. Como consequência, o 
sistema tributário resultante é inevitavelmente diferente do 
tipo lump sum, ou seja, é distorcivo. Caso não existisse uma 
preocupação com redistribuição, os efeitos distorcivos da 
tributação poderiam ser evitados através da imposição de um 
tributo lump sum uniforme consistindo em pagamentos iguais 
por parte de todos os indivíduos, independentemente de suas 
características pessoais. Isso sugere que é a preocupação com 
a distribuição de recursos na sociedade que explica o uso de 
tributos distorcivos. Observa-se, então, que há um conflito 
básico entre equidade e eficiência na tributação, no sentido 
de que objetivos distributivos só podem ser alcançados a um 
certo custo em termos de eficiência econômica.
Assim, a teoria da tributação ótima trata da caracterização 
da melhor estrutura tributária em um mundo onde tributos 
lump sum não são factíveis. Portanto, o termo “ótimo” nessa 
teoria deve ser entendido como um ótimo de segundo 
melhor, ou seja, o melhor resultado possível dado que 
impostos distorcivos devem ser inevitavelmente utilizados 
em razão da impossibilidade de se recorrer a impostos lump 
sum. Isso significa que a teoria da tributação ótima deve estar 
inerentemente preocupada com questões de equidade e 
eficiência, simultaneamente.
Note-se ainda que essa teoria tem natureza normativa, 
pois investiga como o sistema tributário “deve ser” 
estruturado para que certos objetivos sejam atingidos. As 
distorções e os efeitos distributivos decorrentes da tributação 
são fenômenos objetivos e não dependem da opinião de quem 
está analisando o sistema tributário. No entanto, a escolha 
da combinação apropriada entre equidade e eficiência e, de 
fato, a própria opção de utilizar esses critérios para avaliar 
o sistema tributário, é uma questão subjetiva, que envolve 
julgamentos éticos. As implicações de diferentes julgamentos 
para o desenho tributário ótimo ficarão evidentes nas seções 
que seguem.
3- A curva de Laffer
Nem sempre altos impostos significam necessariamente 
aumento da arrecadação para o governo. A chamada Curva de 
Laffer, desenvolvida pelo economista norte-americano Arthur 
Laffer, mostra a relação entre os diversos níveis possíveis de 
tributação de um determinado imposto (qualquer) com a 
respectiva receita arrecadada pelo governo. A representação 
dessa curva é dada pelo gráfico abaixo.
O eixo horizontal x representa a carga de tributos (em 
alíquotas) e o eixo vertical y representa a arrecadação do 
governo. Vamos entender a razão para esse formato da curva.
•	 Se a carga tributária for igual a 0, o governo nada 
arrecadará (ponto de origem);
•	 Com o aumento do tributo, aumenta também 
a arrecadação. Na primeira metade da curva a 
arrecadação cresce sempre a taxas decrescentes;
•	 No ponto II, o governo atinge sua arrecadação 
máxima. É considerado o ponto ótimo;
•	 Na segunda metade da curva, a arrecadação do 
governo, ao invés de aumentar, começa a diminuir. 
E tanto mais diminui quanto mais se aumentam as 
alíquotas dos tributos.
•	 Se a carga for igual a 100%, não há estímulo algum 
para a produção e nem para o trabalho já que toda 
a renda seria tributada e arrecadada pelo Governo. 
Nesse ponto a arrecadação também é nula.
No início da curva (ponto 0 a I), os impostos ainda 
possuem alíquotas reduzidas, e a arrecadação tende a 
aumentar uma vez que a classe produtora está estimulada a 
investir mais, pois acredita que vale a pena trabalhar, já que 
apenas uma pequena parcela dos lucros será repassada aos 
cofres públicos sob a forma de tributos. Ao mesmo tempo, 
os consumidores não sentem o preço onerado por conta de 
excessivos impostos, e consomem normalmente. O governo, 
por sua vez, com a arrecadação crescente, sente-se estimulado 
23
a assumir novos gastos públicos.
Do ponto I a II, como o governo está expandindo os 
seus gastos, precisa arrecadar cada vez mais criando novos 
impostos ou aumentando a alíquota daqueles já existentes. 
Isso ocorre até o ponto ótimo. A partir do ponto II, ocorre 
que a carga tributária ultrapassa o limite da capacidade de 
contribuição da sociedade, ou seja, para consumidor, o 
aumento da tributação é repassado aos preços dos produtos, 
onerando-os. Esses preços elevados desestimulam a demanda, 
que se retrai. Com isso, menos mercadorias é vendida, 
traduzindo em menos impostos arrecadados pelo Setor 
Público. Já sob a ótica do empresário, há um desestímulo ao 
aumento da produção, tendo em vista que, em seu cálculo 
de custo x benefício, produzir passa a não valer mais tanto a 
pena (pois uma fatia generosa de sua lucratividade terá que ser 
repassada ao governo).
CURVA DE LAFFER SOB A ÓTICA BRASILEIRA!
os autores Renan Henrique luquini, André Diego Souza da cruz e 
Gustavo Henrique leite de castro, publicaram um estudo empírico para 
verificar a curva de Laffer para o Brasil entre os anos de 1996 a 2014. O 
resultado foi que a taxa ótima da carga tributária que propicia o máximo 
de arrecadação possível ficou em 40,73%, ou seja, taxas menores que 
esta não estaria proporcionando o máximo de arrecadação, podendo 
assim ser elevada a carga tributária a fim de aumentar a mesma. A partir 
deste ponto (40,73%), ter-se-á uma queda na arrecadação a cada taxa 
acima do ponto crítico. o resultado deste estudo foi apresentado na 
forma do gráfico.
 Fonte: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/ecoreg/article/view/28090.
os autores concluíram que:
A simulação da Curva de Laffer nos permitiu 
chegar ao resultado de 40,73% de carga 
tributária. O valor expressa o ponto máximo o 
qual segundo a teoria elevações na alíquota de 
tributos farão com que o montante de receitas 
arrecadado seja menor. Em virtude do Brasil no 
ano de 2014, último ano de análise do presente 
estudo, estar com um nível de carga tributária 
de 34,56% do PIB, fica evidente que ainda 
exista uma margem de elevação desta carga 
com o intuito de gerar maior arrecadação aos 
cofres públicos, a fim de financiar as atividades 
do governo. Tendo em vista as grandes áreas 
de finanças públicas e política fiscal, as quais 
englobam os assuntos abordados neste 
trabalho, cremos ter acrescentado mais um 
ponto importante a esses arcabouços teórico e 
empírico. Evidenciando a que nível de tributação 
o país estaria apto a atingir sua arrecadação 
máxima, salvo não existindo falhas no sistema 
tributário, que no caso brasileiro tem-se notado 
grandes lacunas no sistema adotado.
4- A regra de Ramsey
O modelo de Ramsey descreve o problema de tributação 
ótima em uma economia com um único consumidor. Esse 
modelo é basicamente o seguinte: se o único instrumento 
tributário à disposição do governo é um imposto sobre o 
consumo de bens e serviços, qual é a estrutura de alíquotas 
consistente com a geração de uma dada receita para o governo 
ao menor custo em termos de eficiência?
Isso nos diz que, se o governo busca a eficiência 
econômica (neutralidade), de forma a intervir o mínimo 
possível na alocação de recursos, sem causar ineficiências, ele 
procurará tributar bens de demanda/oferta inelástica, pois o 
peso morto será menor.
Podemos expressar a regra de Ramsey segundo a equação 
abaixo, também chamada de regra da ‘‘elasticidade invertida’’:
Onde seria a alíquota ótima de imposto sobre um 
determinado bem, seria a elasticidade preço da demanda 
do bem, e seria o valor da receita governamental adicional 
conseguida com um (possível) aumento de alíquota do 
imposto.
Portanto, a alíquota ótima ( ) é inversamente relacionada 
com à elasticidade preço da demanda do bem. Isto é, bens 
de demanda elástica (valor alto de ) devem sofrer uma 
tributação menor e bens com demanda inelástica devem ser 
tributados mais pesadamente.
Para arrematar o raciocínio, podemos entender que 
quanto mais o imposto muda o comportamento de consumo 
e produção, menos eficiente ele será e maior será o peso 
morto. A formulaçãode Ramsey indica que duas regras 
devem ser levadas em conta na fixação de um imposto ótimo 
(mais eficiente) sobre mercadorias:
1.	 Regra da elasticidade invertida: bens com alta 
devem ser tributados a uma alíquota mais baixa; 
bens com baixa devem ser tributados a alíquotas 
mais altas.
2.	 Regra da base ampla (suavização da tributação): 
é melhor tributar uma grande variedade de bens a 
uma alíquota moderada do que tributar poucos bens 
a uma alíquota elevada. Quanto maior a alíquota, 
maior é o acréscimo de peso morto decorrente de 
mais aumentos da alíquota.
Assim, para equilibrar as duas regras, o governo deve 
tributar os bens de demanda inelástica com alíquotas maiores, 
mas ele não deve tentar arrecadar todos os seus impostos a 
partir desses bens inelásticos. Seguindo a regra da base ampla, 
o governo deve procurar tributar o maior número de bens 
possível. Ou seja, embora o governo deva tributar os bens 
24Economia do Setor Público
de demanda inelástica mais pesadamente, ele também deve 
tributar outros bens.
Se o governo se preocupasse somente com a regra da 
elasticidade, ele poderia simplesmente identificar os bens 
inelásticos e procurar extrair toda a sua receita tributária a 
partir desses bens, deixando de tributar os bens de demanda 
elástica. No entanto, a regra da base ampla acaba servindo 
para compensar a aplicação da regra da elasticidade.
Portanto, eficiência não implica necessariamente 
equidade e vice-versa. A regra de Ramsey da alíquota ótima 
(mais eficiente) dos tributos só leva em conta aspectos de 
eficiência. Simplesmente ignora os aspectos de equidade.
A regra da elasticidade invertida tem implicações cruéis 
em termos de equidade. Imagine, por exemplo, que, se 
houvesse apenas dois bens na economia: leite e um bom uísque 
12 anos. A elasticidade preço da demanda de uísque é muito 
mais elevada do que a de leite. Isto significaria a imposição de 
uma alíquota muito menor a um bem consumido por pessoas 
de renda mais alta. Já a alíquota do leite (bem de demanda 
inelástica) seria bem maior. Isso, por sua vez, significaria a 
imposição de alíquotas maiores a um bem consumido por 
pessoas de renda mais baixa.
Observe que esse resultado da regra de Ramsey, embora 
mais eficiente, violaria a equidade tributária (equidade vertical). 
Pessoas mais ricas estariam pagando alíquotas menores 
de imposto.
Um determinado governo pode querer equilibrar 
objetivos de tributação ótima (busca da eficiência) com 
objetivos de equidade. Nesse caso, na hora de fixar a alíquota 
do bem, o governo poderia levar em conta não somente a 
elasticidade preço da demanda de cada mercadoria, mas 
também a renda de seus consumidores. Os bens que 
fossem consumidos predominantemente por indivíduos 
com rendas mais altas poderiam ter uma alíquota superior 
àquela determinada pela regra da elasticidade. E bens que são 
predominantemente consumidos por indivíduos com rendas 
mais baixas teriam alíquotas inferiores àquela da regra da 
elasticidade.
Fazendo isso, o governo compensaria um pouco a falta 
de justiça decorrente da aplicação da regra de Ramsey, que 
leva em conta somente aspectos de eficiência econômica. 
Mas, obviamente, essa compensação, considerando questões 
de equidade, faria o sistema tributário perder um pouco de 
eficiência, mas o tornaria mais justo (ou equânime).
Observe, então, que o governo geralmente enfrenta um 
trade-off (dilema de escolha) na hora de organizar seu sistema 
tributário. Um sistema eficiente não implica necessariamente 
um sistema justo. E, quando o governo tenta tornar o sistema 
mais justo, tendo em vista questões de equidade, ele acaba 
tendo que tolerar uma perda de eficiência econômica.
Questão de Concurso: 
(FCC/2013 – SEFAZ/SP) Considere as afirmativas e classifique-as como 
VERDADEiRA oU FAlSA:
I. O formato da curva de Laffer sugere que, quando a carga tributária 
está elevada, se o Governo reduzir as alíquotas de um imposto, poderá 
aumentar sua arrecadação em vez de diminuí-la.
ii. Admitindo-se a hipótese keynesiana de que o consumo das pessoas 
é função decrescente da sua renda disponível, um imposto geral sobre 
vendas com alíquotas fixas será provavelmente progressivo.
iii. o imposto sobre a renda progressivo atua como um estabilizador 
automático da economia, já que quando ela está apresentando altas 
taxas de crescimento e pressionando o índice geral de preços em virtude 
de inexistência de capacidade ociosa, o imposto diminui o crescimento 
da renda disponível, amenizando as referidas pressões.
iV. Um corolário da regra de Ramsey sobre a tributação é de que as taxas 
de imposto devem ser fixadas de forma proporcional à elasticidade-
preço da procura.
RESOLUÇÃO:
A assertiva I é verdadeira. Foi exatamente isso que vimos nesta aula. 
A curva de Laffer estabeleceu uma relação aritmética entre as receitas 
tributárias da economia e as taxas praticadas, numa curva em formato 
de U invertidoVimos que, até certo ponto, a receita tributária total da 
economia cresce juntamente com alíquota média praticada e após um 
nível ótimo, a receita tributária obtida decresce à medida que a alíquota 
se aproxima do nível máximo. 
A assertiva II é falsa. Vocês já viram em disciplinas anteriores que, na 
concepção keynesiana, a função consumo é uma função cREScENTE 
da renda disponível, pois a propensão marginal a consumir é um 
número entre zero e um. Além disso, impostos sobre vendas tem 
como características ou serem não cumulativos ou serem cumulativos. 
Regressividade, progressividade ou neutralidade são características 
atreladas às características dos impostos que incidem sobre a renda.
 A assertiva III é verdadeira. De acordo com a teoria macroeconômica, 
um estabilizador automático é qualquer mecanismo na economia que 
reduz o volume pelo qual a produção varia em resposta a uma alteração 
na demanda autônoma. Nessa concepção, o imposto de renda atua 
como um estabilizador automático uma vez que ele reduz o multiplicador 
do modelo keynesiano de determinação da renda. 
A assertiva IV é falsa. Vimos que, de acordo com Ramsey, o imposto 
sobre um bem deve ser inversamente proporcional à elasticidade preço 
da demanda pelo bem. Assim, a Regra de Ramsey propõe que, para o 
sistema tributário ser eficiente, ele deve onerar mais pesadamente os 
bens mais essenciais (inelásticos) e menos os bens não essenciais o que 
gera uma estrutura tributária regressiva, por onerar mais aqueles que 
dependem do consumo de bens essenciais, mas reduz a geração de 
peso morto (perda de ineficiência) na economia.
Chegamos, assim, ao final da terceira aula. Espero que 
vocês saibam compreender os teoremas do bem-
estar e o modelo de tributação ótima.
retomando a aula
1- Introdução
Na primeira seção, conhecemos um dilema: por que 
os governos não adotam tributos não distorcivos e as 
consequências econômicas para tal problema. 
2- Teoria da Tributação ótima
Na segunda seção, iniciamos com os quatro princípios 
gerais que deveriam nortear um sistema tributário ótimo: 
25
capacidade tributiva, objetividade, simplicidade e otimização. 
Vimos também qual é o objetivo da tributação ótima e os 
teoremas do bem-estar social.
3- A curva de Laffer
A curva de Laffer mostra a relação entre os diversos 
níveis possíveis de tributação de um determinado imposto 
(qualquer) com a respectiva receita arrecadada pelo governo. 
Nesta seção, vimos um exemplo da aplicação de tal modelo 
sob a ótica brasileira.
4- Regra de Ramsey
Nesta seção, vimos como identificar qual é a estrutura de 
alíquotas consistentes com a geração de uma dada receita para 
o governo ao menor custo em termos de eficiência, através da 
regra de Ramsey.
BECkER, Howard Saul. Sociological work. Transaction 
publishers, 1971.
BIDERMAN, Ciro; ARVATE, Paulo 
Roberto. Economia do setor público no Brasil. Elsevier, 2004.
GIAMBIAGI, Fabio; ALEM, Ana; PINTO, Sol 
Garson Braule. Finanças públicas. Elsevier Brasil, 2017.
LUQUINI, Renan Henrique; DA CRUZ, André Diego 
Souza; DE CASTRO, Gustavo Henrique Leite.Verificação 
émpírica da curva de Laffer para o Brasil entre os anos de 
1996 a 2014. Economia & Região, v. 5, n. 1, p. 31-52.
MANkIw, N. Gregory. Introdução à economia. Cengage 
Learning, 2009. 
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. Instituições, bom 
estado e Reforma da Gestão Pública. Revista eletrônica sobre a 
reforma do Estado, v. 1, n. 1, p. 1-17, 2005.
REZENDE, Fernando et al. Finanças públicas. São 
Paulo: Atlas, 2001.
RIANI, Flávio. Economia Do Setor Público: Uma 
Abordagem Introdutória. Grupo Gen-LTC, 2000.
SMITH, Adam. A Riqueza das Nações-Adam Smith: Vol. 
I. LeBooks Editora, 2020.
Vale a pena ler
Vale a pena
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