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Hormônios das Suprarrenais · Cada glândula suprarrenal, assim como a hipófise, é constituída de dois tecidos embriologicamente distintos que se juntam durante o desenvolvimento. 1) A medula da glândula suprarrenal ocupa um pouco mais de um quarto da massa interna e é composta por um gânglio simpático modificado que secreta catecolaminas (principalmente adrenalina) para mediar respostas rápidas em situações de luta ou fuga. 2) O córtex da glândula suprarrenal forma os três-quartos exteriores da glândula e secreta uma variedade de hormônios esteroides: mineralocorticoides (principalmente aldosterona), glicocorticoides (principalmente cortisol) e hormônios sexuais (os andrógenos androstenediona, testosterona e di-hidro-testosterona (DHT) – que podem ser convertidos em estrógenos estrona e estradiol pela enzima aromatase). · A síntese de todos os hormônios esteroides inicia com o colesterol, que é modificado por diversas enzimas para formar aldosterona, glicocorticoides ou hormônios sexuais (androgênios ou ainda estrogênios ou progesterona, os hormônios sexuais dominantes nas mulheres). Distribuição das enzimas · As vias são as mesmas no córtex da glândula suprarrenal, nas gônadas e na placenta; o que difere de tecido para tecido é a distribuição das enzimas que catalisam as diferentes reações. Por exemplo, a enzima que sintetiza a aldosterona é encontrada apenas na zona glomerulosa do córtex da glândula suprarrenal. · A androstenediona é pró-hormônio da testosterona e da DHT e, por isso, é usada como anabolizante por atletas que pretendem aumentar desempenho. A DHEA – percussora da androstenediona – também é usada como suplemento alimentar. Semelhança e Efeito Cruzado · A grande semelhança estrutural entre os hormônios esteroides faz os sítios de ligação nos seus receptores também serem similares, levando a efeitos cruzados quando um esteroide se liga ao receptor de uma molécula similar. Por exemplo, os receptores de mineralocorticoides (MRs) para a aldosterona são encontrados no néfron distal. Os MRs também se ligam e respondem ao cortisol, que pode ser cem vezes mais concentrado no sangue que a aldosterona. · Como evitar que o cortisol se ligue ao MR e influencie a excreção de sódio e de potássio? - As células do túbulo renal que apresentam MRs possuem uma enzima (11-hidroxiesteroide desidrogenase) que converte o cortisol em uma forma menos ativa com menor especificidade ao MR. Pela inativação do cortisol, as células renais normalmente previnem os efeitos cruzados do cortisol. · Eixo de secreção do Cortisol · O eixo HPA inicia com o hormônio liberador de corticotrofinas (CRH), que é secretado no sistema porta hipotalâmico-hipofisário e transportado até a adeno-hipófise. · O CRH estimula a secreção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) ou corticotrofina, pelos corticotrofos da adeno-hipófise. · O ACTH, por sua vez, atua no córtex da glândula suprarrenal para promover a síntese e a liberação de cortisol. O cortisol, então, atua como um sinal de retroalimentação negativa, inibindo a secreção de ACTH e de CRH. · A secreção de cortisol é contínua e possui um forte ritmo diurno. O pico da secreção geralmente ocorre pela manhã e diminui durante a noite. A secreção de cortisol também aumenta com o estresse. · Uma vez sintetizado, ele difunde-se das células suprarrenais para o plasma, onde grande parte desse hormônio é transportada por uma proteína de transporte, a globulina ligadora de corticosteroides (CBG), também conhecida como transcortina. O hormônio não ligado está livre para se difundir para dentro das células-alvo. · Todas as células nucleadas do corpo possuem receptores glicocorticoides citoplasmáticos. O complexo hormônio-receptor entra no núcleo, liga-se ao DNA e altera a expressão gênica, a transcrição e a tradução. · Função dos hormônios suprarrenais · As catecolaminas suprarrenais, particularmente a adrenalina, são responsáveis por respostas metabólicas rápidas necessárias em situações de luta ou fuga. · O cortisol: Todos os efeitos metabólicos do cortisol têm o objetivo de prevenir a hipoglicemia. Globalmente, o cortisol é catabólico. O cortisol promove gliconeogênese hepática como resultado, o cortisol aumenta a concentração de glicose no sangue. O cortisol causa a degradação de proteínas do músculo esquelético para fornecer substrato à gliconeogênese. O cortisol aumenta a lipólise disponibilizando ácidos graxos aos tecidos periféricos para a produção de energia. O glicerol pode ser usado para a gliconeogênese. O cortisol inibe o sistema imune evitando a liberação de citocinas e a produção de anticorpos pelos leucócitos e inibindo a resposta inflamatória pela diminuição da mobilidade e migração dos leucócitos. O cortisol causa equilíbrio negativo do cálcio O cortisol diminui a absorção intestinal de cálcio e aumenta a excreção renal desse íon, resultando na perda de cálcio pelo corpo. O cortisol é catabólico no tecido ósseo Causando reabsorção óssea - degradação da matriz óssea calcificada. Como consequência, as pessoas que tomam cortisol para tratamento por longos períodos têm uma incidência mais alta de fratura dos ossos. O cortisol influencia a função cerebral estados de excesso de cortisol ou de deficiência causam alterações no humor, assim como alterações de memória e de aprendizagem. · Aplicações Clínicas: · A administração exógena de glicocorticoides tem um efeito de retroalimentação negativa na adeno-hipófise e pode interromper a produção de ACTH . Sem a estimulação do ACTH, as células da glândula suprarrenal que produzem cortisol atrofiam. · Por essa razão, é essencial que os pacientes que tomam esteroides diminuam as suas doses gradualmente, dando à hipófise e à glândula suprarrenal uma chance de se recuperarem, em vez de interromper o tratamento abruptamente · Disfunções do cortisol: · Hipercortisolismo: excesso de cortisol no corpo. Ele pode ocorrer devido a hormônios secretados por tumores ou pela administração exógena do hormônio. O tratamento com altas doses de cortisol por mais de uma semana tem o potencial de causar hipercortisolismo, também conhecido como síndrome de Cushing. O excesso de gliconeogênese causa: 1) hiperglicemia, que imita o diabetes. 2) perda de tecido: ocasionada por degradação de proteínas musculares e lipólise. 3) deposição de gordura extra no tronco e na face: talvez em parte devido ao aumento do apetite e da ingestão alimentar. - A aparência clássica dos pacientes com hipercortisolismo é braços e pernas finos, obesidade no tronco e uma “face de lua cheia” com bochechas rechonchudas 4) Os efeitos no SNC do excesso de cortisol incluem: euforia inicial, seguida de depressão, bem como comprometimento da aprendizagem e da memória. -> O hipercortisolismo tem três causas comuns: 1. Um tumor suprarrenal que secreta cortisol de modo autônomo. - Esses tumores não estão sob controle do ACTH hipofisário. Essa condição é um exemplo do hipercortisolismo primário. 2. Um tumor na hipófise que secreta ACTH de modo autônomo. - O excesso de ACTH leva à supersecreção de cortisol pela glândula suprarrenal (hipercortisolismo secundário). O tumor não responde à retroalimentação negativa. Essa condição também é chamada de doença de Cushing. 3. O hipercortisolismo iatrogênico (“causado pelo médico”) - Ocorre secundariamente ao tratamento com cortisol para alguma outra condição clínica. · Hipocortisolismo: As disfunções por hipossecreção são menos comuns que a síndrome de Cushing. 1) Doença de Addison (insuficiência suprarrenal): é a hipossecreção de todos os hormônios esteroides suprarrenais, geralmente resultante de ação autoimune que destrói células no córtex da glândula suprarrenal. 2) Hiperplasia suprarrenal congênita: síndromes relacionadas coletivamente com deficiências hereditárias das enzimas necessárias para a síntese de esteroides suprarrenais. Em algumas destas doenças hereditárias, os androgênios em excesso são secretados pelo fato de que o substrato que não é convertidoem cortisol e aldosterona acaba sendo convertido em androgênios. Em meninas recém-nascidas, os androgênios em excesso causam a masculinização da genitália externa, levando a uma condição chamada de síndrome adrenogenital.
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