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Apresentação MÓDULO I O Segundo Reinado (1840-1889); A Proclamação da República. MÓDULO II A República Velha e a Política Café com Leite; As crises do café; A industrialização do Brasil. MÓDULO III A Era Vargas; Governo Provisório (1930-1934); Período Constitucionalista (1934-1937); Estado Novo (1937-1945). Definição Estudaremos o período histórico situado entre o �m do Segundo Reinado até a Era Vargas a �m de investigarmos os processos históricos responsáveis pela formação da economia brasileira. Objetivos MÓDULO I Avaliar a prosperidade econômica do Brasil no Segundo Reinado; Explicar as razões para a queda da monarquia brasileira; Narrar o início das primeiras atividades industriais no Brasil. MÓDULO II Resumir as principais realizações dos presidentes brasileiros durante a República Velha; Identi�car as políticas econômicas adotadas no período; Apontar os efeitos da crise de 1929 para a economia cafeeira no Brasil. MÓDULO III Identi�car os principais problemas da economia brasileira durante o Governo Provisório; Traçar as principais preocupações de Getúlio Vargas durante o período constitucionalista; Analisar o papel do Estado como impulsionador do desenvolvimento da indústria brasileira durante o Estado Novo. Módulos (Fonte: Wikipédia) O Segundo Reinado (1840-1889) D. Pedro II (Fonte: Wikipedia). Este período é conhecido como uma época de relativa paz no Brasil e de prosperidade econômica, que se devia principalmente a dois motivos: 1. Atividade cafeeira do país, a base da sua economia; 2. Término dos privilégios �scais que os produtos ingleses possuíam. Já o ligeiro sossego no âmbito político deveu-se especialmente ao per�l de D. Pedro II. Mostrando-se bem mais preparado que o seu pai na arte da diplomacia, ele conseguiu conciliar os interesses da elite agrária conservadora com os das demais classes liberais que defendiam a descentralização do poder. Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Podemos ordenar uma série de fatos históricos responsáveis pelo pico da produção cafeeira na economia do Brasil durante o Segundo Reinado: As tropas napoleônicas invadiram Portugal Napoleão Bonaparte (Fonte: Wikipédia). A Família Real portuguesa veio ao Brasil D. Pedro II e sua família (Fonte: Wikipédia). D. João VI incentivou a cultura do café (Fonte: Cândido Portinari / Wikipédia) Esta cultura foi bene�ciada pelos recursos remanescentes dos ciclos do ouro e do açúcar (Fonte: Jean-Baptiste Debret / Wikipédia). Analisando a nossa balança comercial de 1840 a 1899 (cujos números estão expressos em contos de réis, a moeda corrente da época), podemos perceber a evolução da economia brasileira no período: Período Exportações (+) Importações (-) Saldo 1840-49 48.000 54.000 -6.000 1850-59 84.000 96.000 -12.000 1860-69 145.000 130.000 15.000 1870-79 195.000 160.000 35.000 1880-89 215.000 185.000 30.000 1890-99 790.000 720.000 70.000 Contudo, o reinado de D. Pedro II teve de enfrentar três graves crises entre 1848 e 1852: I O enfrentamento do trá�co ilegal de escravos oriundos da África. Johann Moritz Rugendas (Fonte: Wikipédia). II A Revolta Praieira (6 de novembro de 1848), um con�ito entre facções políticas locais em Pernambuco. Philippoteaux (Fonte: Wikipédia). III A Guerra do Paraguai (ou Guerra da Tríplice Aliança). Guerra do Paraguai (Fonte: Wikipédia). Das três crises enfrentadas durante o Segundo Reinado, as que mais se destacaram foram aquelas ligadas ao �m do trá�co negreiro e à Guerra do Paraguai. Apesar de alguns historiadores apontarem a ruptura com a Igreja Católica e a alta in�ação ocorrida na época como elementos que propiciaram a Proclamação da República, a abolição da escravatura e o con�ito paraguaio foram, sem dúvida, os fatores que mais contribuíram para a queda da monarquia. Por isso, precisamos analisar os dois de forma minuciosa: Luiz Eduardo Geoffroy Clique nos botões para ver as informações. O �m da escravidão no Brasil O �m da escravidão no Brasil Percebendo que a Lei de Feijó não era realmente cumprida no país, os ingleses passaram a bloquear os navios que vinham com escravos para o Brasil, afetando a oferta de mão de obra para os setores agrícolas. Em virtude da importância da Inglaterra nas exportações do café brasileiro, o resultado da ação dos ingleses foi a proclamação da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, que de fato colocava um �m no trá�co de escravos. De acordo com Furtado (2007), neste período, seu contingente variava de 1,5 milhão a 2 milhões de pessoas para um total de 7 milhões de habitantes. A extinção do trá�co escravista provocou um grande impacto na economia brasileira. Capitais antes destinados à aquisição de escravos africanos (basicamente, a totalidade das importações do país na época) passaram a ser usados em outras atividades empresariais, fazendo surgir bancos, indústrias, navegações a vapor etc. Outra consequência da Lei Eusébio de Queirós foi a transferência da mão de obra escrava dos falidos engenhos nordestinos para os cafezais em ascensão do sudeste brasileiro. Aqueles que permaneceram nos canaviais foram, aos poucos, sendo libertados pelos seus donos cujos negócios já estavam em crise. Nos cafezais, por sua vez, a mão de obra escrava foi paulatinamente substituída pela dos imigrantes. O movimento abolicionista foi crescendo, sendo inserido na legislação brasileira por intermédio de duas leis: a do Ventre Livre (1871) e a dos Sexagenários (1885). No entanto, apenas em 1888, com a assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel, houve o �m de�nitivo da escravidão no Brasil. Embora a abolição da escravatura tenha sido uma boa notícia para alguns, outros acabaram se sentindo prejudicados. Apesar de alguns escravos terem sido libertos antes de 1888, a elite agrária brasileira, a principal apoiadora de D. Pedro II, ainda utilizava esse tipo de mão de obra, sendo ela, inclusive, considerada como um ativo contábil de seu balanço patrimonial. Assim, com a o�cialização do abolicionismo, esta classe se sentiu lesada, passando a reivindicar de D. Pedro II uma indenização pela perda sofrida. (BRAGA; SILVA, 2016) O imperador, porém, não tinha como indenizá-los, pois havia exaurido muitos recursos da Coroa com a Guerra do Paraguai, outro dissabor do Segundo Reinado que seria o corresponsável por seu �m. A Guerra do Paraguai Durante a guerra do Uruguai, que terminou em 1864, o Império do Brasil destituiu o governo do ditador Atanasio Aguirre, que era aliado de Francisco Solano López no Paraguai. Por discordar da invasão brasileira do Uruguai, Solano López aprisionou o barco a vapor brasileiro Marquês de Olinda no porto de Assunção em 11 de novembro de 1864. Viajava nele o presidente da Província de Mato Grosso, Frederico Carneiro de Campos – que apesar de estar a caminho de Cuiabá, ele nunca chegou ao seu destino, pois foi morto em uma prisão paraguaia. Algumas semanas depois, as tropas paraguaias invadiram o território atualmente ocupado pelo Mato Grosso do Sul, dando início ao maior con�ito armado internacional dentro da América do Sul. Em maio de 1865, o Paraguai também realizou algumas invasões armadas no território argentino para chegar até o Rio Grande do Sul. Isso levou o Brasil, a Argentina e o Uruguai a �rmarem um acordo militar chamado de Tríplice Aliança. Após mais de cinco anos de lutas e baixas que alcançaram os 60 mil mortos (entre militares e civis) no Brasil, a guerra foi encerrada com a morte de Solano López por militares brasileiros. A Guerra do Paraguai Luiz Eduardo Geoffroy A Proclamação da República Em termos gerais, os principais resultados da Guerra do Paraguai foram a perda de recursos �nanceiros e o fortalecimento da classe militar. Seus combatentes, por sua vez, eram oriundos de todas as classes da sociedade brasileira: ricos, pobres, negros, brancos, mestiços etc. Eles se uniram para enfrentar não apenas o inimigo, mas tambémoutras adversidades, como as doenças, a fome e a distância de seus familiares. Isso gerou um sentimento de unidade nunca experimentado entre os brasileiros. Neste momento, o país não era mais o mesmo, estando dividido em diferentes classes sociais: Representantes dos centros urbanos; Militares; Novos capitalistas. Mesmo assim, ele não conseguiu conciliar interesses tão diferentes. Seu comportamento com os militares demonstrava inclusive que o próprio regime poderia constituir um risco para as Forças Armadas. In�uenciado por uma falsa notícia espalhada pelo major Solon Ribeiro de que D. Pedro II havia ordenado a sua prisão, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu a frente das tropas da Proclamação da República; assim, em 15 de novembro de 1889, ele destituiu D. Pedro II, assumindo o poder por meio de um governo provisório republicano: a primeira república brasileira. D. Pedro II precisava agradar a todos sem deixar descontente a elite agrária clássica; afinal, ela era sua principal apoiadora. Mas ele não conseguiu isso. Comentário Primeiro-Ministro do Império, Visconde de Ouro Preto se posicionava contra o militarismo. Luiz Eduardo Geoffroy A Proclamação da República (Fonte: Wikipédia). Por volta de 1850, alguns brasileiros ricos tentaram exercer algumas atividades fabris no país. Eles ainda não podiam ser considerados capitalistas, pois, no geral, eram utilizados equipamentos primitivos e mão de obra escrava. Em 1850, havia 74 empresas – 50 delas na capital e na província do Rio de Janeiro, que era então a capital do próprio país – produzindo os seguintes itens e artigos: Chapéus; Círios; Sabão; Cerveja; Cigarros; Tecidos de Algodão. Entre esses embriões industriais, houve algumas raras exceções de grande sucesso, como o estaleiro instalado pelo Visconde de Mauá em Niterói em 1850. Já apontamos algumas consequências do �m do trá�co negreiro neste ano, como o direcionamento de seus capitais para outras iniciativas empresariais. A abolição da escravatura foi um forte elemento impulsionador na formação da indústria no Brasil. De forma geral, os esforços empreendidos pelo Império não conseguiram consolidar a indústria brasileira entre as décadas de 1840 e 1870. Somente sobreviveram ao período: Fábricas bene�ciadas com privilégios de exploração; Subvenções governamentais; Isenções de imposto de importação, já que, de acordo com Rego e Marques (2011, p. 87), “a supremacia dos interesses agrários, com a proeminência do café, impedia o uso de tarifas de importação efetivamente protecionistas”. Para Rego e Marques (2010), somente a partir de 1885 houve o início dos primeiros focos de produção industrial brasileira. Contribuíram para isso os seguintes fatores: Leitura Conheça um pouco sobre a história e o legado de um dos maiores empreendedores que impulsionou o Brasil rumo à industrialização: Visconde de Mauá. Interessava mais à classe política a manutenção da antiga base agrária que o incentivo à indústria nascente no país; portanto, ela permaneceu inerte na sua condição de periferia do sistema capitalista. javascript:void(0); Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Surgimento da mão de obra assalariada; Abolição da escravatura; Intensi�cação da deterioração das estruturas pré-capitalistas. Verificando o aprendizado Atividade 1. A que se devia a prosperidade econômica experimentada durante o período do Segundo Reinado no Brasil? a) Às riquezas acumuladas durante o ciclo do ouro, que Portugal teve de devolver aos cofres brasileiros após a independência do Brasil. b) Aos superavits ocorridos na balança comercial brasileira logo após a declaração da independência. c) Ao grande volume de exportação do látex, originário das seringueiras da Amazônia. d) Ao tratado realizado entre Portugal e Inglaterra, gerando grandes benefícios para o Brasil. e) Ao ápice da atividade cafeeira no país e ao término dos privilégios comerciais para os produtos ingleses. 2. Apesar dos aspectos positivos vivenciados na economia brasileira durante o reinado de D. Pedro II, algumas crises ocorridas na época acabaram contribuindo para o �m da monarquia. Quais foram elas? a) A praga da vassoura de bruxa nos cafezais e a ausência de investimentos estrangeiros. b) A falta de infraestrutura para o escoamento da produção do café e a inexperiência dos brasileiros na manipulação do produto. c) A abolição da escravatura e a Guerra do Paraguai. d) A ausência de um herdeiro do sexo masculino para suceder D. Pedro II. e) A promulgação da Lei de Feijó e a chegada dos imigrantes ao Brasil. Luiz Eduardo Geoffroy 3. Uma das consequências da abolição da escravatura para a economia brasileira foi: a) O início de uma mão de obra assalariada proveniente exclusivamente dos antigos escravos. b) O deslocamento do capital antes investido na atividade escravagista para outras atividades empresariais, como a abertura de bancos e indústrias. c) A conscientização da população brasileira acerca do respeito aos direitos humanos e a extinção do racismo. d) A melhoria nos índices de distribuição de renda no país. e) A falta de mão de obra necessária tanto nos cafezais quanto na nascente atividade industrial da época do Império. (Fonte: Wikipédia) A República Velha e a Política Café com Leite Após a queda da monarquia no Brasil, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu o poder, dando início à República Velha, o primeiro regime republicano brasileiro. Nos anos seguintes, a atividade cafeeira, base da economia brasileira na época, passa a enfrentar sucessivas crises. Abordaremos as medidas tomadas pelos governantes para proteger a economia brasileira. A�nal, um evento de escopo internacional provocava, no início dos anos 1930, mudanças profundas na história econômica do mundo capitalista: a crise de 1929. Relacionando-a ao início do processo de substituição de importações no Brasil, avaliaremos os efeitos das políticas de valorização do café para a economia brasileira. A República Velha (1889-1930) A primeira fase da república brasileira se estendeu de 15 de novembro de 1889 até a Revolução de 1930, que foi liderada por Getúlio Vargas. A análise deste período é realizada em duas etapas: Até 1891: República da Espada; 1891-1930: República Oligárquica ou do Café com Leite. A�nal, a presidência do país nesta fase só tinha representantes de dois estados: São Paulo (grande produtor de café) e Minas Gerais (onde há muita fabricação de leite). Os presidentes da República Velha, além de suas principais realizações, estão descritos a seguir em ordem cronológica: 1. República da Espada 1889 - 1891 Manuel Deodoro da Fonseca O governo deste marechal foi dividido em duas etapas: Governo Provisório (1889-1891); Governo Constitucional (alguns meses de 1891). Eleito por voto indireto, ele chegou ao poder com o uso da força militar. Para resolver o problema de liquidez na economia brasileira, optou pelo uso da moeda �duciária, o que gerou o chamado encilhamento . 1891 - 1894 https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0258/tema4.html Floriano Peixoto Vice-presidente no governo anterior, Floriano Peixoto contrariou a Constituição Federal de 1891 ao assumir o poder após a renúncia de Deodoro. Ele reprimiu com mão de ferro quem fosse contrário ao seu governo. Na Região Sul, foram mais de 10 mil mortos com a Revolta Federalista. 2. República Oligárquica (ou do café com Leite) 1894 - 1898 Prudente José de Moraes e Barros Trata-se do primeiro presidente civil da República Velha eleito por voto direto. Apesar de dar um �m à Revolta Federalista, precisou lidar com a famosa Guerra dos Canudos. Prudente José gerenciou diplomaticamente as crises de invasões estrangeiras no território brasileiro. 1898 - 1902 Manuel Ferraz de Campos Sales Renegociou a dívida do Brasil com o exterior, se comprometendo a aplicar políticas mais ortodoxas. Para implementar ações impopulares, Manuel Ferraz utilizou a denominada políticados governadores, realizando um acordo com as oligarquias agrárias. O período de seu governo é demarcado pelo apogeu do coronelismo, dando início à República do Café com Leite. 1902 - 1906 Francisco de Paula Rodrigues Alves Trabalhou na reurbanização e no saneamento do Rio de Janeiro, combatendo agentes propagadores de doenças. Por causa disso, Alves enfrentou protestos da população conhecidos como a Revolta da Vacina. Além da questão sanitária, outros tópicos tratados pelo governo geraram celeuma na época. Destacaremos dois deles a seguir: Compra do Acre; Primeira crise de superprodução de café do século XX (ela só seria resolvida com o convênio de Taubaté , executado no governo de Afonso Pena). 1906 - 1909 https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0258/tema4.html Luiz Eduardo Geoffroy Afonso Augusto Moreira Pena Como frisamos, seu governo foi o responsável peal execução do convênio de Taubaté, protegendo os cafeicultores da baixa no preço do café. Veio a falecer antes de completar o seu mandato e poder indicar um sucessor paulista. 1909 - 1910 Nilo Procópio Peçanha Vice-presidente de Afonso Pena, Nilo Peçanha deu continuidade à política econômica do governo anterior. Entre seus feitos, destacam- se: Impulsionamento do ensino técnico- pro�ssional; Reorganização do Ministério da Agricultura; Criação do Serviço de Proteção ao Índio (órgão mais tarde renomeado como Funai). Além disso, Peçanha gerenciou a instabilidade política relativa à escolha de um sucessor, deixando em seu lugar o militar Hermes da Fonseca, exógeno à Política Café com Leite. 1910 - 1914 Hermes Rodrigues da Fonseca Sobrinho de Deodoro da Fonseca, enfrentou várias revoltas, como a da chibata e a dos coronéis. Tentou abolir o coronelismo, principalmente no Norte e no Nordeste, o que acabou minando sua base de aliados. Além disso, contraiu novos empréstimos para controlar o preço do café e realizar investimentos em infraestrutura, como as linhas telegrá�cas e férreas. Ao término do seu governo, a máquina eleitoral do café com leite voltou a funcionar. Dessa forma, seu sucessor teve de ser um mineiro: Wenceslau Braz. 1914 - 1918 Wenceslau Braz Pereira Gomes Enfrentou os impactos econômicos de con�itos internos e externos, como a Guerra do Contestado e a Primeira Guerra Mundial. O con�ito internacional estimulou a indústria brasileira graças às limitações impostas às importações no período. A industrialização no Brasil aumentou a sua população urbana, fazendo surgir movimentos sindicalistas. Braz indicou como sucessor o paulista Rodrigues Alves. 1918 - 1919 Luiz Eduardo Geoffroy Francisco de Paula Rodrigues Alves Dessa vez, não tomou posse devido a problemas de saúde, vindo a falecer em janeiro de 1919. 1918 - 1919 Delfim Moreira da Costa Ribeiro Vice de Rodrigues Alves, teve de tomar posse em seu lugar. No entanto, obedecendo à Constituição de 1891, Del�m Moreira precisou convocar novas eleições. Até a posse do novo presidente, teve de gerenciar greves de operários iniciadas ainda na gestão anterior. 1919 - 1922 Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa Apesar de paraibano, Epitácio Pessoa teve sua candidatura apoiada por mineiros e paulistas. Ele iniciou seu governo enfrentando manifestações generalizadas contra as estruturas institucionais. Gerou ainda mal- estar entre os militares por escolher dois civis para che�arem os ministérios da Guerra e da Marinha, tendo de lidar com a revolta conhecida como Levante do Forte de Copacabana, que tentou tirá-lo do poder e evitar a posse do seu sucessor. Pessoa criou a Lei da Repressão ao Anarquismo, realizou prisões e deportações dos líderes operários e considerou ilegal a criação do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Apesar da pressão exercida pelos movimentos do Modernismo com a Semana da Arte Moderna de 1922 e pelos líderes da Política Café com Leite que o apoiaram nas eleições, conseguiu obter alguns êxitos em sua gestão, como a diminuição dos gastos públicos, o investimento em infraestrutura e o combate à seca do Nordeste. Manteve ainda a política de preço do café, estocando o excedente com o auxílio do endividamento externo. 1922 - 1926 Arthur da Silva Bernardes Deu continuidade à crise política estabelecida no governo anterior, decretando estado de sítio em todo o seu governo. Ainda ordenou o bombardeio da cidade de São Paulo para conter a revolta dos militares contra o governo. Seu governo enfrentou revoltas, tanto de militares quanto de operários, do início ao �m do mandato. Arthur Bernardes indicou como sucessor Washington Luís; do Rio de Janeiro, ele era um defensor da economia cafeeira. https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0258/tema4.html 1926-1930 Washington Luís Pereira de Sousa Pouco depois de Washington Luís assumir, as revoltas de militares e operários cessaram. No entanto, temendo o retorno dos problemas, ele decretou a censura da imprensa e, novamente, a ilegalidade do PCB. Luís ainda precisou enfrentar a crise mundial de 1929 e as sequências de supersafras de café no Brasil. Com a crise �nanceira nos Estados Unidos, os cafeicultores queriam que ele desvalorizasse o câmbio, mas ele não concordou com essa estratégia, fazendo com que ele perdesse o apoio da elite agrária. Contrapondo-se à vontade dos mineiros, escolheu o paulista Júlio Prestes para ser seu sucessor. A decisão de Washington Luís levou ao golpe de 1930, que pôs um �m à República Velha faltando apenas 21 dias para o término de seu mandado. Vejamos, no texto a seguir, algumas importantes considerações sobre a República Velha Clique nos botões para ver as informações. Considerações sobre a República Velha Vimos que a Velha República já teve início com os atropelos de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, que, segundo Braga e Silva (2016), desrespeitaram a Constituição de 1891 ao forçarem sua tomada do poder durante a época da República da Espada. Já em sua segunda fase, a da República Oligárquica, apesar de serem respeitados os princípios constitucionais do voto direto, a chamada política dos governadores se utilizava do “voto de cabresto” ou dos “currais eleitorais” para fazer com que seus candidatos escolhidos vencessem as eleições conforme os interesses das oligarquias agrárias. Ao não usar a máquina eleitoral para apoiar o candidato escolhido pelos mineiros como seu sucessor, Washington Luís causou a aproximação da elite mineira com os movimentos do Rio Grande do Sul contrários ao governo. Dessa forma, juntos, estes dois setores apoiaram Getúlio Vargas. Apesar de a máquina eleitoral ter garantido a eleição de Júlio Prestes, as fraudes eleitorais foram tão evidentes que a população se revoltou. Assim, antes de haver a posse do presidente eleito, os partícipes da Revolução de 1930 depuseram Washington Luís, revogaram a Constituição de 1891 e impediram Júlio Prestes de assumir o poder. Getúlio Vargas, portanto, assumia a che�a do Governo Provisório, dando início à Era Vargas. Sobre a Política Café com Leite, Braga e Silva (2016) a�rmam que os governantes escolhidos no período da República Velha defenderam amplamente a produção do café no Brasil. Eles realizavam a chamada socialização do prejuízo, na qual o governo endividava-se externamente para estocar o seu excesso de produção, fazendo com que os preços do produto não baixassem. As crises do café Origens da crise Como vimos, o governo de Rodrigues Alves enfrentou a primeira crise de superprodução do café. No início do século XX, a demanda internacional pelo produto acabou estimulando consideravelmente o aumento de sua produção. De acordo com Rego e Marques (2011) a produtividade do Brasil era responsável por aproximadamente três quartos da registrada em todo o planeta! Mas havia problemas. As características naturais do Brasil, como o seu vasto território, o solo e o clima favoráveis ao plantio do produto, além das altas receitas oriundasda atividade cafeeira, constituíam um constante estímulo à produção. Dessa forma, a oferta passou a superar a demanda no mercado internacional, acarretando a redução no preço do produto. Dessa forma, com o objetivo de salvar a economia cafeeira, políticas de valorização do café foram empreendidas. No entanto, o efeito alcançado foi justamente o oposto: a longo prazo, tais políticas apenas agravaram a situação. Talvez você esteja se perguntando: por que a baixa nos preços era interpretada como algo muito ruim para os produtores? A resposta está no conceito de elasticidade-preço: como o café é um produto de demanda inelástica, isso signi�ca que, mesmo com preços menores, a quantidade demandada continuava a mesma, afetando negativamente as receitas e, consequentemente, os lucros dos cafeicultores. Conforme expomos, a solução encontrada foi uma política de valorização realizada por meio do Convênio de Taubaté. Este acordo foi firmado entre os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, consistindo, basicamente, em: Exemplo O crescimento da oferta de café ocasionou uma queda de aproximadamente 38% nos preços internacionais no período de 1807 a 1901. I Compra do café excedente com empréstimos estrangeiros. Os resultados dessa política começaram a surgir em 1909, quando os preços das sacas de café começaram a subir. Entretanto, os próprios governadores não �zeram o seu dever de casa, pois eles não desencorajaram a produção cafeeira conforme o previsto. Os preços arti�cialmente altos acabaram por incentivar ainda mais a produção, já que a atividade proporcionava lucros elevados. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o cenário mudaria um pouco: tendo o ciclo migratório se reduzido (lembre-se de que grande parte da mão de obra utilizada nos cafezais era de imigrantes), a produção também acabaria diminuindo. No entanto, com o término do con�ito, a produção voltou a crescer, tendo um ápice na segunda metade dos anos 1920 (1925-1929), período em que não houve crescimento das exportações. II Pagamento dos juros com um imposto �xadio sobre a saca de café exportada III Desencorajamento à produção. Candido Portinari (Fonte: Wikipédia) / (fonte: REGO; MARQUES, 2011). Podemos resumir da seguinte forma a sequência de fatos que levou à maior crise de superprodução experimentada no ciclo do café: I A POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO ELEVA OS PREÇOS DO CAFÉ II OS ALTOS LUCROS COM A ATIVIDADE ATRAEM NOVOS PRODUTORES III AUMENTO DA PRODUÇÃO CAFEEIRA EM 1927-1928 PARA PRATICAMENTE O DOBRO DO QUE ERA EXPORTADO Crise de 1929 Crise de 1929 (Fonte: Wikipédia). Em 24 de outubro de 1929, os valores das ações comercializadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque caíram drasticamente, fazendo com que muitos investidores perdessem grandes somas de dinheiro. Conhecido como “quinta-feira negra” (ou black thursday), o evento agravou fortemente a recessão econômica que os Estados Unidos já vinham experimentando desde julho do mesmo ano. Também conhecida como Grande Depressão, a crise de 1929 causou o fechamento de muitas empresas comerciais e industriais e elevou violentamente as taxas de desemprego. Seus efeitos foram sentidos no mundo inteiro. O Brasil obviamente foi afetado: houve ainda mais redução no preço do café; além disso, mesmo com os preços baixos, era difícil achar compradores, já que o mundo estava em crise. Como veremos, no módulo seguinte, a postura do governo brasileiro permaneceu a mesma: defesa da renda dos cafeicultores, mesmo que, segundo Rego e Marques (2010), suas ações prejudicassem o conjunto da sociedade. Antes, porém, precisamos falar sobre o que aconteceu com a indústria no Brasil no período. A industrialização do Brasil Rego e Marques (2010) defendem que as políticas de estado – especialmente nos governos de Campos Salles e Rodrigues Alves – durante o período da República Velha possuem duas características fundamentais: pró-oligárquica e anti-industrial. A�nal, houve muitos incentivos para o café, mas quase nenhum para a indústria. Somente após uma nova crise de superprodução cafeeira (1880-1886) e a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a indústria pôde receber um incentivo ao seu desenvolvimento. Como as importações passaram a ser escassas e caras, a produção nacional precisava ser capaz de atender a essa demanda interna. No entanto, o setor voltaria a �car estagnado já na década seguinte (1923-1929), tendo as revoltas sindicais sua parcela de contribuição para isso. Industria no Brasil (Fonte: Wikipédia). A crise de 1929, contudo, foi um novo �el dessa balança, causando uma grande queda nas exportações brasileiras. Isso afetou negativamente a balança comercial e reduziu drasticamente a entrada de capitais estrangeiros no país. Sem �nanciamento externo, o governo teve de aumentar a emissão de sua moeda, provocando a in�ação. Com ela desvalorizada, as importações encareceram, oferecendo uma oportunidade para a indústria nacional poder atender à demanda interna. Luiz Eduardo Geoffroy Luiz Eduardo Geoffroy Dessa forma, o crescimento industrial do Brasil finalmente ganhou um grande impulso, se diversificando e iniciando o chamado processo de substituição de importações (PSI), que durou até o final da década de 1970. Indústria têxtil (Fonte: Wikipédia). Capitais antes investidos na economia cafeeira passaram a ter novos destinos. Parte deles continuou no setor agrário – só que na produção de algodão. Outro quinhão, porém, encontrou seu destino na indústria. Primeiramente, voltou a ser utilizada a capacidade ociosa do país: máquinas, equipamentos e instalações até então parados. Em seguida, foi a vez dos equipamentos de segunda mão das fábricas fechadas no exterior (mais uma consequência da Grande Depressão), que passaram a ser importados. Por sua vez, o crescimento da demanda por bens de capital e o aumento do custo da importação em virtude da desvalorização cambial acabaram incentivando a instalação da indústria de bens de capital no país. Segundo Rego e Marques (2010, p. 76), a indústria “passou a ser o fator dinâmico principal de criação de renda interna”. Dados coletados entre 1929 e 1937 apontam os seguintes números: Produção agrícola: Redução da exportação de 70% para 57%; Produção industrial: Crescimento de 50%; Renda nacional: Aumento de 20%; Renda per capita: Incremento de 7%. Verificando o aprendizado Atividade 1. No que diz respeito ao período da República Velha (1889-1930), é incorreto a�rmar: a) A análise do período é feita em duas partes: República da Espada e República Oligárquica. b) O período da República Oligárquica é também conhecido por Política Café com Leite, já que se alternavam no cargo da Presidência da República representantes de São Paulo e Minas Gerais. c) Os governos da República da Espada foram marcados principalmente por atropelos e desrespeitos à Constituição de 1891. d) Os governantes eleitos pela Política Café com Leite defenderam amplamente a indústria em detrimento da atividade cafeeira. e) O descontentamento da elite agrária com o presidente Washington Luís gerou a Revolução de 1930 que pôs fim a República Velha. 2. O Convênio de Taubaté foi um acordo realizado entre os governantes de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais para valorizar o café. Com a sua execução, os preços do produto voltaram a subir; no entanto, essa política acabaria mais tarde agravando a crise, pois... a) Os recursos emprestados para a compra da produção excedente logo deveriam ser pagos. b) Não houve o desestímulo à produção de café por parte dos governantes. c) A demanda por café passou a ser maior que a sua oferta. d) Os cafeicultores tiveram de arcar com todos os custos da política. e) O presidente Afonso Pena, executor do Convênio de Taubaté, entrou em conflito com os grandes cafeicultores de São Paulo e Rio de Janeiro, o que impediu a implementação eficaz da política. 3. Qual foi o principal efeito da crise de 1929 para a indústria brasileira? a) Desestímuloàs atividades industriais e consequente declínio na renda per capita brasileira. b) Estabilização da quantidade de máquinas e equipamentos no Brasil, promovendo um declínio na produção do setor. c) Estímulo as exportações de café, base da economia brasileira na época, em detrimento da indústria brasileira. d) Redução dos impostos sobre importação pelo governo brasileiro a fim de incentivar a compra de produtos estrangeiros, prejudicando a indústria brasileira. e) Incentivo ao aumento da indústria brasileira para suprir as necessidades da demanda interna, que importava menos por conta da desvalorização cambial. (Fonte: Wikipédia) A Era Vargas No módulo anterior, vimos como a crise de 1929 foi um marco para a mudança do antigo modelo primário-exportador brasileiro para um de desenvolvimento baseado no mercado interno. Em outras palavras, a grande depressão despertou na indústria do país a missão de suprir a demanda nacional de produtos até então importados, iniciando efetivamente o processo de substituição de importações (PSI) e tornando-se a principal responsável pela dinâmica da economia. O setor agrícola, por sua vez, passou a �car num segundo plano. No entanto, o processo de industrialização do Brasil ainda estava incompleto, pois os setores responsáveis pela produção dos bens de produção ainda eram pouco desenvolvidos. Este, aliás, foi um dos pontos atacados pela política da chamada Era Vargas. Partiremos do instante em que Vargas assumiu o poder com o golpe da Revolução de 1930. Em seguida, explicaremos como ele conseguiu se manter por 15 anos no poder, conduzindo a economia brasileira durante o seu governo tanto no que diz respeito às políticas adotadas para a atividade cafeeira quanto àquelas voltadas à indústria. https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0258/tema4.html Governo Provisório (1930–1934) Getúlio Vargas chega ao poder em 1930 (Fonte: Wikipédia). De acordo com Braga (2016), com a Revolução de 1930, Getúlio Vargas deu início ao seu governo querendo mostrar aos brasileiros que o movimento revolucionário conduzido pela Aliança Liberal era diferente do ocorrido na Proclamação da República de 1889, feito à revelia da vontade popular. Seu desejo era mostrar que tudo seria novo. Por isso, Vargas dissolveu o Congresso Nacional, a Assembleia Legislativa e as Câmaras Municipais, as quais, segundo ele, representavam os interesses da antiga estrutura. O primeiro objetivo do Governo Provisório era combater os dois principais problemas que afetavam o Brasil: Superprodução do café; Revoltas das diferentes classes sociais. https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0258/tema4.html Clique nos botões para ver as informações. Ações em defesa da economia cafeeira Ações em defesa da economia cafeeira Com relação ao café, vimos na última aula que os governos da República Velha empreenderam diversas políticas de valorização do produto, mesmo elas não sendo bené�cas a toda a sociedade. Durante o Governo Provisório, houve uma continuidade dessa política, embora algumas diferenças nela tenham colocado um �m ao ciclo vicioso de incentivos estabelecido pela socialização dos custos da Política Café com Leite. De acordo com Rego e Marques (2011), os estoques cada vez mais se avolumavam: em 1930, o volume alcançava impressionantes 18 milhões de sacas estocadas. Além disso, a previsão para a safra do ano seguinte tampouco era animadora, já que seus 17,5 milhões superavam – e muito – a demanda do mercado externo: 9,5 milhões. Para tentar combater isso, o governo inicialmente criou impostos sobre: Café exportado a �m de criar um fundo para comprar o excedente do produto; Cada novo cafeeiro plantado no estado de São Paulo. Outra importante medida foi a destruição dos estoques de café. Entre 1931 e 1938, mais de 70 milhões de sacas foram queimadas, o que, segundo alguns historiadores, equivalia a três anos do consumo mundial do produto! Esta foi a única saída encontrada para forçar o aumento dos preços do produto no mercado internacional. Na verdade, a ideia já era defendida desde o início do século, quando Vicente de Carvalho, um poeta e político de Santos, sugeriu que os grãos de café de má qualidade fossem queimados a �m de diminuir a oferta do produto no mercado internacional e elevar o seu padrão. Ações de combate aos con�itos sociais Ações de combate aos con�itos sociais Getúlio Vargas procurou harmonizar os interesses dos que haviam apoiado o golpe de 1930 com as elites e os novos movimentos que haviam surgido no período, como trabalhadores da indústria, militares e a oligarquia agrária. A �gura a seguir ilustra as principais medidas tomadas por Vargas para superar os dois principais problemas do Brasil durante o Governo Provisório: Como detinha poderes quase ilimitados, Getúlio Vargas tomou várias medidas de modernização do país, como a criação dos ministérios do Trabalho, da Indústria e Comércio, da Educação e da Saúde, além de nomear alguns interventores federais. No entanto, ao não deixar claro à população quando o Brasil voltaria ao regime de república presidencialista, acabou incentivando a ocorrência de novos con�itos, como o da Revolução de 1932 . A revolução paulista exigia o �m do Governo Provisório de Vargas. O con�ito armado com as forças federalistas foi responsável pela morte de 900 brasileiros. Superprodução do Café 1 Aumentou o tributo para as áreas cultivadas e a exportação. 2 Comprou o excedente da produção a preço de custo. 3 Queimou os estoques de café. Embates Sociais 1 Fomentou a industrialização e estabeleceu direitos trabalhistas. 2 Nomeou tenentes como interventores regionais. 3 Não estendeu os direitos trabalhistas aos trabalhadores do campo. Fonte: (BRAGA; SILVA, 2016) Houve ainda diversas propostas para o aproveitamento do produto. Somente em 1934, com a promulgação de uma nova Constituição, foi realizada a primeira eleição após o golpe realizado quatro anos antes. O documento trazia algumas novidades, como a instituição do voto secreto, do ensino primário obrigatório e do sufrágio feminino, além de várias leis trabalhistas. Entretanto, Getúlio Vargas também determinou, pela nova Constituição, que a primeira eleição para presidente deveria ocorrer por voto indireto dos membros da Assembleia Constituinte. De acordo com Braga e Silva (2016), isso favoreceu a candidatura do próprio Vargas por conta do seu prestígio político. Comentário Talvez você esteja lamentando tamanho desperdício do café ou até mesmo se perguntando: por que não o distribuíam aos necessitados em vez de queimá-lo? A resposta não é muito alentadora: se fosse distribuído, o café perderia ainda mais o seu valor, não atendendo aos objetivos do governo sobre a elevação do seu preço. Comentário Em 3 de janeiro de 1932, o jornal Folha da Manhã anunciava a experiência de aproveitamento do café como combustível nas locomotivas da Central do Brasil: “Partiu um trem de carga com 610 toneladas de peso, utilizando a locomotiva café como combustível. O percurso foi vencido em duas horas e dez minutos, sem quebra de pressão, gastando 2.912 quilos de café”. (GERODETTI; CORNEJO, 2001, p. 77) Segundo Rego e Marques (2011), diferentemente das ações realizadas pela Política Café com Leite durante a República Velha, as adotadas pelo Governo Provisório (a tributação de exportações e novas plantações de café aliada às desvalorizações cambiais) seguraram parte do preço do produto sem estimular sua oferta ao mesmo tempo em que contribuíram para que o café perdesse espaço entre as exportações brasileiras. Consequentemente, isso aumentou a variedade de itens exportados. Período Constitucionalista (1934–1937) Ao �m do Governo Provisório, teve início o mandato constitucional de um mesmo presidente: Getúlio Vargas, assim, �caria pelo menos mais quatro anos no poder. O período agora era marcado pela preocupação de Vargas com o surgimento de duas vertentes políticas extremistas que passaram a in�uenciar a sociedadebrasileira: Ação Integralista Brasileira (AIB); Aliança Nacional Libertadora (ANL), criada pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB). Suas características estão especi�cadas na �gura a seguir: AIB Corrente de direita liderada por Plínio Salgado; Contra o Comunismo e o Liberalismo; In�uenciada pelo Nazismo e pelo Fascismo. ANL Corrente de esquerda liderada por Luis Carlos Prestes e Olga Prestes; Defendia o �m dos latifúndios e a moratória da dívida externa; Patrocinada pelo regime comunista da União Soviética. Fonte: (BRAGA; SILVA, 2016) Comentário Braga e Silva (2016) destacam que, a despeito de suas ideias consideradas radicais, o partido da AIB chegou a ter mais de 1 milhão de a�liados, enquanto o da ANL reunia quase 400 mil adeptos! Em 1935, Luís Carlos Prestes, líder da ANL, tentou, com o apoio soviético, dar um golpe de estado conhecido como Intentona Comunista. No entanto, suas intenções logo foram frustradas: a tentativa acabou na sua prisão e na de outros membros do partido. De acordo com a Constituição de 1934, Vargas não poderia ser reeleito. Porém, com o �m de seu mandato se aproximando, ele conseguiu se aproveitar do temor da sociedade brasileira de que um regime comunista se instaurasse no Brasil. Para isso, engenhosamente forjou o “Plano Cohen”, segundo o qual os comunistas estariam preparando uma revolução maior e mais bem planejada que a de 1935. A Intentona Comunista. (Fonte: CPDOC | FGV • Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil). Após a experiência vivida com a Intentona Comunista, não foi difícil para a sociedade brasileira acreditar na veracidade do plano. Os militares e boa parte da classe média passaram a apoiar um estado mais forte e resistente à imposição de um governo comunista. Com esse espírito, Getúlio Vargas conseguiu derrubar a Constituição de 1934 e declarar o Estado Novo, um governo de caráter ditatorial. Estado Novo (1937–1945) Contexto Político Para conter movimentos contrários ao seu governo, Vargas criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), cujo objetivo era censurar as atividades de qualquer mídia e projetar a sua imagem como a do “pai dos pobres” e “salvador da pátria”. Ele também estabeleceu a repressão contra os seus opositores políticos, o que incluía prisão, tortura e assassinato. Do ponto de vista político, tudo parecia estar sob controle; entretanto, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) atrapalhou os planos de Vargas. Inicialmente neutro em virtude das relações comerciais do Brasil tanto com os Estados Unidos quanto com a Alemanha, ele precisou, por conta de pressões internacionais, se posicionar contra os países do eixo (Alemanha, Itália e Japão). A postura a favor dos aliados somente foi o�cializada em 1942, quando navios brasileiros teriam sido atacados por submarinos alemães. O governo ditatorial de Getúlio Vargas possuiu algumas características principais: Fonte: (BRAGA; SILVA, 2016) O envio de brasileiros a terras estrangeiras para enfrentar regimes autoritários manchou a popularidade do “ditador simpático”, provocando o início de movimentos internos contrários ao seu governo. Para se esquivar, Vargas tentava passar uma imagem de líder bondoso, concedendo anistias a presos políticos e permitindo e reorganização partidária, inclusive o restabelecimento do PCB, mas nada disso adiantou: com a pressão dos seus antigos aliados, Getúlio Vargas renunciou em 29 de outubro de 1945, pondo um �m aos 15 anos da Era Vargas (em 1951, ele ainda retornou ao posto da presidência do país por meio do voto popular). Contexto econômico O intervencionismo iniciado em 1930 foi intensi�cado durante o Estado Novo por conta das seguintes medidas: Plano industrializante do governo; Propósito em diversi�cação das exportações; Setor primário. Houve ainda a criação de uma série de órgãos administrativos, como o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), que era responsável por recrutar funcionários públicos por meio de concursos. Outros estavam ligados à indústria, às riquezas estratégias e à racionalização administrativa e de tomada de decisões. Contudo, mesmo com tais medidas, a economia brasileira desacelerou, especialmente entre 1939 e 1942. Para Rego e Marques (2011), o motivo provavelmente residia nas di�culdades de importações decorrentes da Segunda Guerra Mundial; dessa forma, o setor só voltou a crescer a partir de 1942. Soldados brasileiros na Segunda Guerra Mundial. (Fonte: Infoescola). https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0258/tema4.html O processo de industrialização no Brasil tampouco estava completo, já que as indústrias de bens de capital e de bens intermediários ainda era incipiente. O único caminho para a implantação de grandes projetos de indústrias de bens de produção no país era por meio da ação estatal – e este foi um dos propósitos do governo de Getúlio Vargas. Durante o Estado Novo, Vargas tentou incentivar a indústria nacional ao conceder incentivos �scais e proibir greves, além de outras medidas, o que favoreceu as indústrias de base, como a siderúrgica. De acordo com Rego e Marques (2010), a instauração deste período ditatorial concentrou no governo central a maior soma de poderes desde aindependência do Brasil. Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda, 1941 (Fonte: Wikipédia). Suas medidas eram, portanto, uma tentativa de a�rmação de um projeto nacional. Dessa maneira, o papel do Estado naturalmente era o de induzir o desenvolvimento industrial com: criação de agências governamentais reguladoras da atividade econômica; estabelecimento de nova legislação trabalhista; ação como produtor, como a construção da usina siderúrgica de Volta Redonda . Verificando o aprendizado https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0258/tema4.html Atividade 1. Ao iniciar o Governo Provisório, Getúlio Vargas atacou os dois principais problemas da economia brasileira na época. Quais eram eles? a) O declínio do ciclo do ouro e o final do tráfico negreiro. b) A superprodução do café e as revoltas das diferentes classes sociais. c) A alta do preço do café e o alto volume de importações. d) As pragas nos cafezais que comprometiam a oferta do produto e a falta de crédito para os cafeicultores. e) A quebra na bolsa de valores e as manifestações culturais. 2. Para combater a baixa no preço do café no mercado internacional, quais medidas foram adotadas por Getúlio Vargas? a) Distribuição de sementes para aumentar a produção e queima dos grãos de baixa qualidade. b) Valorização cambial e cobrança de impostos sobre as importações. c) Estabelecimento de impostos sobre as sacas exportadas e cada nova muda de café plantada em São Paulo, além da queima dos estoques. d) Criação de taxas para os compradores de café no mercado internacional e destruição das mudas. e) Desvalorização cambial e embargo às exportações de produtos que não tivessem o selo de qualidade criado pelo governo. 3. Diferentemente da Inglaterra e da França, onde a industrialização ocorreu de forma espontânea, isto é, pelo próprio mecanismo do mercado, no Brasil o desenvolvimento da indústria aconteceu graças ao forte estímulo do Estado. Um grande exemplo de incentivo às indústrias de base no país realizado no período do Estado Novo foi: a) A construção da usina siderúrgica de Volta Redonda. b) O estabelecimento de um estaleiro em Niterói. c) O endividamento externo para a compra dos estoques de café excedentes. d) A instalação de iluminação pública na cidade do Rio de Janeiro. e) A construção da primeira ferrovia brasileira. Considerações finais Vimos os acontecimentos políticos que permearam o período do ciclo do café. Paralelamente, abordamos também outro ponto importante: com o �m dos incentivos tarifários concedidos às mercadorias inglesas, surgiria uma oportunidade para o nascimento da indústria no Brasil. Aprendemos como as crises do café, mais especi�camente a da década de 1930, foram fundamentais para a industrializaçãodo Brasil. Dessa forma, vimos que o crescimento industrial do Brasil �nalmente ganhou um grande impulso, se diversi�cando e iniciando o chamado processo de substituição de importações (PSI). Identi�camos os principais problemas da economia brasileira durante o Governo Provisório e analisamos como o Estado exerceu um papel impulsionador para o desenvolvimento da indústria brasileira durante o Estado Novo. Fazenda Santa Genebra, na província de São Paulo, em 1880 (Fonte: Wikipédia). Conquistas adquiridas Entender os fatores responsáveis pela prosperidade econômica experimentada durante o período do Segundo Reinado no Brasil; Situar rumos que a economia brasileira tomaria após a abolição. Conhecer as medidas tomadas pelos governantes para proteger a economia brasileira e analisou o início do processo de substituição de importações no Brasil, em que avaliamos os efeitos das políticas de valorização do café para a economia brasileira. Conhecer os principais problemas econômicos do Governo Provisório, bem como as medidas adotadas por Getúlio Vargas para conduzir o processo de industrialização no Brasil. (Fonte: Wikipédia) Referências BRAGA, B. P. M.; SILVA, E. J. Uma re�exão introdutória sobre o Brasil e sua formação econômica. Curitiba: Intersaberes, 2016. FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. 34. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. GERODETTI, J. E.; CORNEJO, C. Lembranças de São Paulo: o litoral paulista nos cartões postais e álbuns de lembranças. São Paulo. Solaris, 2001. LIMA, H. F. História político-econômica e industrial do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1976. NOVO MILÊNIO. Queima de café em 1931. Disponível em: www.novomilenio.inf.br/santos/fotos081.htm. REGO, J. M.; MARQUES, R. M. (Org.). Economia brasileira. 4. ed. são Paulo: Saraiva, 2010. REGO, J. M.; MARQUES, Rosa M. (Org.). Formação econômica do Brasil. 2ª Edição. São Paulo. Editora Saraiva, 2011. SODRÉ, N. W. Formação Histórica do Brasil. 12. ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 1987. Próxima aula javascript:void(0); Próxima aula Explore mais Assista ao vídeo As consequências da revolução Industrial e re�ita sobre esse importante evento. Clique aqui e con�ra. Leia o artigo A controvérsia sobre a industrialização na Primeira República, clique aqui e con�ra. Encilhamento: Ocorrida no Brasil no período entre o �nal da monarquia e o início da república, a crise do encilhamento foi uma bolha de crédito em que o então ministro da Fazenda Ruy Barbosa optou pela emissão de papel-moeda para estimular a industrialização no país. Convênio de Taubaté: Acordo �rmado com os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro no qual o governo federal se comprometia a intervir em benefício da classe de cafeicultores de determinadas regiões do país. Estado de sítio: Estado em exceção que gera a suspensão dos direitos, liberdades e garantias. Trata-se de uma medida de proteção do Estado quando se vê ameaçado por guerra ou calamidade pública. Processo de substituição de importações (PSI): O PSI se trata do processo em que um país passa a produzir internamente o que antes era importado. No Brasil, fatores externos como as duas grandes guerras mundiais e a crise de 1929 – denominados “choques adversos” - contribuíram para o avanço do processo de industrialização e o início de um modelo de desenvolvimento “voltado para dentro”, rompendo com o outrora primário-exportador da economia brasileira. Essa foi a forma encontrada pelo Brasil para superar a crise: produzir aquilo que antes era comprado de outros países, pois o custo das importações estava muito mais alto. Tal processo também acarretou uma mudança qualitativa na pauta de importações brasileiras: tanto as de bens intermediários quanto as de bens de capitais necessários à produção aumentaram. Vale comentar que a Grande Depressão também favoreceu a industrialização de outros países latino-americanos, como a Argentina e o México. (Fonte: REGO; MARQUES, 2010, 2011) javascript:void(0); javascript:void(0); Luiz Eduardo Geoffroy Aliança Liberal: Aliança política realizada em 1929 por líderes políticos do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais que se opunham ao jogo oligárquico da política do café com leite, apoiando as candidaturas de Getúlio Vargas e João Pessoa à presidência e à vice-presidência do país. Início de movimentos internos: O Manifesto dos Mineiros foi um documento de 1943 que continha a assinatura de 76 políticos, intelectuais e empresários de Minas Gerais exigindo a redemocratização do país. Usina Siderúrgica de Volta Redonda Sua construção foi um marco da época por haver inaugurado a tendência de forte presença do Estado na produção de matéria-prima básica. Trata-se, aliás, de uma das marcas importantes do processo de substituição de importações no Brasil.
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