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A materia de formação da econima brasileira

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historiadores) nas capitanias do Norte em detrimento da pobreza no Sul.
2) Em 1600, havia 100.000 habitantes no Brasil, sendo 30.000 de raça branca.
3) Em 1700, a população de colonos e homens livres não somava 200.000 habitantes. Nunca houve em qualquer país maior produção e exportação per capita.
4) Da renda auferida pela Coroa Portuguesa, cerca de 25% deviam-se às exportações.
5) Término do período deficitário da Terra de Santa Cruz.
Entretanto, como nem tudo são flores, durante o ciclo do açúcar, Portugal também sofreu com as invasões holandesas na Região Nordeste. Elas foram consideradas o maior conflito político-militar da colônia. Foi uma luta não só pelo controle do açúcar, mas também pelo abastecimento da mão de obra escrava africana, base da economia açucareira. E o que motivou essas invasões? No século XVII, período em que houve a União Ibérica, (Foi a união das dinastias de Portugal e Espanha ocorrida no período de 1580-1640 após a Guerra da Sucessão Portuguesa, ficando Portugal sob o controle da monarquia espanhola durante a dinastia filipina.) a Holanda, antes financiadora dos engenhos brasileiros, dada a sua luta pela emancipação em relação à Espanha, havia sido proibida de comercializar com os portos espanhóis. A reação deles foi invadir a costa brasileira (primeiramente, a cidade de Salvador, em 1624; mais tarde, a região de Pernambuco), conseguindo se estabelecer em 1637 com o governo do príncipe Maurício de Nassau. Somente após muitas guerras e conflitos, em 1654, os portugueses, com o auxílio dos ingleses, conseguiram expulsar totalmente os holandeses da costa brasileira. No entanto, as consequências disso eclodiriam mais tarde, culminando no declínio de uma economia que havia trazido tanta prosperidade à colônia. 
O DECLÍNIO DA ECONOMIA AÇUCAREIRA: Dentre os principais motivos que levaram à decadência da produção açucareira no Brasil Colônia, Rego e Marques (2010) citam: 1) - A proibição do tráfico negreiro no século XIX. 2) - As invasões holandesas ocorridas no Nordeste. 3) - A produção concorrente dos holandeses nas Antilhas, que conseguiam produzir um açúcar de melhor qualidade e mais barato que o produto brasileiro.
Ao final, mesmo com a crise da economia do açúcar, podemos citar como resultado positivo o alargamento do território brasileiro, haja vista que, com a União Ibérica, os portugueses, especificamente os bandeirantes (Os bandeirantes eram os sertanistas do período colonial que, a partir do século XIV, penetraram no interior da América do Sul em busca de riquezas minerais – sobretudo ouro e prata, abundantes na América espanhola – e de indígenas para a escravização ou o extermínio de quilombolas.) foram incentivados a adentrar o território que ficava além dos limites do Tratado de Tordesilhas em busca das drogas do sertão, um produto alternativo ao açúcar. Tais expedições geraram o povoamento de outras faixas de terras, incluindo a região amazônica, além de levarem à descoberta do ouro, dando início a um novo ciclo econômico no país. 
O CICLO DO OURO: Na segunda metade do século XVII, logo após a expulsão dos holandeses da costa brasileira, a economia açucareira começou a declinar. A crise se aprofundou em meados do século XVIII, quando a economia da colônia buscou uma nova atividade para obter riquezas: A extração do ouro. Mesmo atualmente, ele é um metal que atrai a atenção de muitas pessoas devido ao seu valor de mercado. Naquela época, isso não era diferente. O ouro atraiu milhares de pessoas para o Brasil, principalmente devido à facilidade de sua exploração. Afinal, o tipo aluvião era extraído dos rios. Portugal, por sua vez, com sérios problemas financeiros decorrentes principalmente da queda do preço do açúcar no comércio internacional e dos gastos com a expulsão dos invasores holandeses, também viu na extração do metal a possibilidade de obter recursos a partir de sua tributação, salvando, assim, a sua economia. Neste módulo, falaremos sobre essa fascinante parte da história econômica do Brasil, que, além de proporcionar riquezas, transformou profundamente a sociedade na colônia, deslocou o centro econômico do Nordeste para o Sudeste e possibilitou um avanço no território brasileiro até a chegada à Amazônia. A DESCOBERTA DO OURO NO BRASIL: Desde o episódio do descobrimento das terras brasileiras, ou melhor, desde a chegada dos portugueses à terra que hoje chamamos de Brasil, a busca pelo ouro era marcadamente o principal motivador das expedições exploradoras. Os espanhóis tiveram mais sorte, pois logo encontram o metal nas terras hoje pertencentes ao México e ao Peru. Tratava-se dos tesouros guardados das antigas civilizações que lá viviam. Já os portugueses tiveram de esperar mais um pouco até que fossem encontrados sinais da presença de ouro na parte que lhes cabia no Tratado de Tordesilhas. Segundo Prado Junior (2012), somente por volta de 1696, quase dois séculos depois, as bandeiras paulistas começaram a topar com os primeiros indícios do metal: suas primeiras descobertas ocorreram no centro do que hoje é o estado de Minas Gerais, atualmente Ouro Preto. Com certeza, você já ouviu a expressão O mundo dá voltas! Lembra quando falamos que a ocupação da Terra de Santa Cruz era uma difícil tarefa para Portugal, pois os portugueses não tinham interesse em morar em lugares tão distantes e desprovidos do conforto da metrópole? A notícia da descoberta do ouro chamou a atenção tanto no cenário nacional quanto no internacional, atraindo para o Brasil um contingente populacional com o deslumbramento de um rápido enriquecimento. A nova atividade, então, tornara-se o centro das atenções no Brasil Colonial, fazendo declinar totalmente a primeira fase do açúcar e provocando grandes mudanças na economia e na sociedade. No entanto, de acordo com Rego e Marques (2010), a atividade em torno do metal não superou, em cifras de produção global, o montante de recursos que o açúcar forneceu ao longo da história colonial. O fluxo emigratório de Portugal para a sua colônia neste período era tão grande que precisou ser controlado via lei, criada por D. João V em 1720. Assim, enquanto, em 1690, estimava-se uma população de 300.000 habitantes no Brasil Colônia, este número, em fins do século XVIII, já era dez vezes maior: 3.000.000. Isso acabou substituindo o tupi pelo português como língua oficial, fazendo surgir a necessidade de uma produção interna de alimentos que suprisse as necessidades dos novos habitantes, consolidando, assim, o mercado interno no Brasil Colonial. Atenção: Essa explosão demográfica acabou por alterar o perfil populacional, fazendo surgir uma classe média, composta por artesãos, profissionais das minas, comerciantes, militares, artistas, músicos, poetas e intelectuais, que contribuiu para o desenvolvimento cultural do Brasil na época. A nova sociedade emergida em torno da febre do ouro, segundo Narloch (2011) apud Braga e Silva (2016), era bem mais complexa que a açucareira. Nela, existiriam tanto brancos ricos e pobres quanto negros escravos e livres (e, neste grupo, também havia pobres e ricos. Alguns deles até tinham escravos negros) quem primeiramente descobriu o ouro no Brasil foram as bandeiras paulistas; por isso, os bandeirantes achavam-se no direito de explorá-lo com exclusividade. No entanto, mais tarde, um contingente composto principalmente por portugueses e nordestinos – chamados emboabas pejorativamente de emboabas pelos paulistas –foi atraído para as áreas de exploração, iniciando uma série de conflitos armados que só tiveram fim em 1709. Eles deixaram como consequências: Regularização da distribuição das áreas de exploração entre bandeirantes e emboabas; Regulamentação da cobrança de imposto sobre o ouro (quinto); Cisão das capitanias de São Vicente, São Paulo, Minas de Ouro e Rio de Janeiro, ligadas diretamente à Coroa; Elevação de São Paulo à categoria de cidade; Descoberta do ouro em Mato Grosso e Goiás. 
A ECONOMIA AURÍFERA: 1. As Formas De Exploração: Figueirôa (2006), Braga e Silva (2016) sintetizam a estrutura colonial do cicloaurífero da seguinte forma:
Inicialmente, o ouro brasileiro foi extraído em aluviões, atividade que necessitava de pouco capital. Isso atraiu homens livres tanto de Portugal quanto de outras partes do território para as áreas onde o metal estava sendo explorado (Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso). Produzindo isoladamente, eles eram chamados de faiscadores. Mais tarde, surgiram as lavras, uma forma de extração de ouro em larga escala com o auxílio de máquinas e um grande volume de trabalhadores, sendo a maioria escrava. Apesar da grande riqueza gerada pela extração do metal, a renda era extremamente concentrada, principalmente devido à alta inflação em
torno das regiões de mineração (Geralmente, em áreas de mineração todas as atividades acabam voltando-se exclusivamente para a extração do metal, fazendo com que a região ficasse dependente de outras para a compra de produtos, como alimentos e vestuário. A diminuição da oferta desses itens e a desvalorização do ouro, já que ele é tido como abundante na região, ocasionavam a alta inflação. (BRAGA & SILVA, 2016)) Desse modo, conseguiam auferir grandes quantidades de recursos somente aqueles que encontravam muito ouro ou comercializavam produtos a preços altíssimos para a população. Outra particularidade da atividade aurífera era que ela exigia um controle maior da Coroa em virtude da sua importância como fonte de riqueza. Dessa forma, inicialmente ela estabeleceu a cobrança do quinto, um imposto de 20% em cima de todo ouro extraído na colônia. Mais tarde, foram instituídas a capitação, quando o imposto passou a se estender sobre escravos e pessoas livres que trabalhassem com as próprias mãos, e, por último, a derrama, cobrada de forma espontânea ou compulsória por meio do confisco de bens quando o quinto não era pago integralmente. Credita-se à derrama a principal responsabilidade pela eclosão da Inconfidência Mineira, que, segundo Marques e Rego (2010), apesar de todos os percalços, conseguiu pôr um fim nesses atos predatórios para a colônia. 
2. Declínio E Resultados Da Economia Aurífera: Vejamos alguns fatores que contribuíram para o declínio do ouro:
1) - Excessiva tributação da Coroa; 2) -Baixo nível de tecnologia empregado na produção; 3) - Baixos investimentos; 
4) - Rápido esgotamento do ouro encontrado às margens dos rios. 
ATENÇÃO: Durante o século XVIII, a produção brasileira chegou a representar cerca de 40% do volume de ouro no mundo. No entanto, de acordo com Braga e Silva (2016), grande parte dessa riqueza não ficou no Brasil nem em Portugal, indo parar na Inglaterra devido às transações entre portugueses e ingleses. A Inglaterra, que já produzia produtos manufaturados, encontrou no ouro brasileiro, recebido como pagamento pelos produtos comprados pelos portugueses, um grande financiador da Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra.
DECADÊNCIA DA MINERAÇÃO BRASILEIRA NO SÉCULO XVIII: Vejamos algumas consequências:
A) A exploração de diamantes (O Brasil tomou o lugar antes ocupado pela Índia como o principal produtor de diamante, perdendo-o depois para a África do Sul. (REGO; MARQUES, 2010)) , que ocorreu de forma paralela ao ouro;
B) A ocupação do Centro-Oeste brasileiro com a mudança do eixo econômico antes localizado na região açucareira;
C) O desenvolvimento de atividades acessórias, como a agricultura e a pecuária, e a transferência da capital, em 1763, da Bahia para o Rio de Janeiro, mais próximo das regiões mineradoras. 
A OCUPAÇÃO DA AMAZÔNIA: 1. A Chegada Dos Portugueses À Bacia Amazônica: Um capítulo paralelo na descoberta e corrida do ouro no Brasil é a colonização do Vale Amazônico. Se você parou para analisar o Tratado de Tordesilhas no mapa, possivelmente já se perguntou: Se a Portugal pertencia somente a área do Nordeste e Sudeste brasileiro, além de pequenas faixas do Norte e Centro-Oeste, como os portugueses conseguiram dominar as demais partes que atualmente pertencem ao território brasileiro? Isso ocorreu no século XVII: favorecidos pela União Ibérica, os portugueses adentraram o território considerado espanhol pelo Tratado de Tordesilhas. Esse movimento de expansão foi incentivado pela: Busca de metais preciosos; Captura de índios a serem utilizados como mão de obra escrava nos canaviais; Procura pelas drogas do sertão (cacau, cravo, castanha, salsaparrilha, guaraná etc.), isto é, especiarias do novo continente que tinham um valor crescente no mercado europeu. Na verdade, é na extração destes produtos que se formará a base econômica que tornará viável a colonização da Amazônia. A ocupação da maior parte da Bacia Amazônica nos séculos XVII e XVIII, segundo Simonsen (2005), representa uma das páginas mais impressionantes da história da expansão lusitana ( A afirmação é oriunda da frase de Joaquim Nabuco: “Nada, nas conquistas de Portugal, é mais extraordinário que a conquista do Amazonas” (A Bacia do Amazonas, 1ª Memória sobre o Litígio Anglo-Brasileiro). Os espanhóis, até o final do século XVI, já haviam se empossado da maior parte das áreas que lhes caberiam, desde a Venezuela até o Rio da Prata. No entanto, ainda não haviam adentrado a Bacia Amazônica, nos sertões mato-grossenses e nas regiões à esquerda do Prata e do Paraguai, provavelmente porque se interessavam por civilizações mais avançadas que detinham alguma reserva de ouro. De fato, os primeiros espanhóis a chegarem à região eram mais conquistadores que colonos. Nesta região, a mão de obra indígena viria a ser mais adequada, pois o índio já possuía habilidades na caça, na pesca e no remo, além de conhecer os produtos da floresta e os seus rios muito mais que o homem branco. Os jesuítas foram os primeiros a extrair as drogas do sertão com o auxílio da mão de obra indígena a fim de arcar com os custos das missões empreendidas no interior do território. Os carmelitas, além de outras ordens religiosas, também ali chegaram. Quanto aos seus objetivos, especula-se que, principalmente no caso dos jesuítas, havia um plano de assentar na América um grande império da Igreja Católica sob a sua direção. Dessa forma, segundo Prado Junior (2012), em vez de buscarem um estreitamento das relações entre os indígenas e os colonos europeus, eles tentaram afastá-los, usando a força para manter sua hegemonia. De qualquer forma, os padres possuem grande importância para o Vale Amazônico, pois tiveram a iniciativa do desbravamento do extenso território. Tais missões constituíram importantes empresas comerciais. Eles conseguiam realizar com os índios o que os colonos foram incapazes de fazer, submetendo os nativos, com seu poder de persuasão, a um regime de vida e de trabalho disciplinado e rigoroso. Com a mão de obra indígena, os jesuítas conseguiram construir as instalações da missão, colocando-os depois para trabalhar no cultivo de alimentos necessários à subsistência da comunidade e na coleta das drogas do sertão a serem exportadas. Isso pagava não somente a manutenção das missões, mas também gerava grandes lucros que enriqueceriam as ordens religiosas, dando-lhes grande poder e importância financeira na primeira metade do século XVIII. 2. As Reformas Pombalinas: Vejamos algumas reformas efetuadas sob o comando do Marquês de Pombal: 1) Reforma na Administração da Coroa Portuguesa: No entanto, na segunda metade do século XVIII, Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, tornou-se Secretário de Estado no reino de D. José I. Com a influência dos princípios iluministas, empreendeu diversas reformas na administração pública portuguesa para modernizá-la, maximizando os lucros obtidos com as colônias, sobretudo com o Brasil. 2) Expulsão dos Jesuítas e Abolição dos Eclesiásticos: Uma das medidas adotadas por Pombal foi a expulsão dos jesuítas de Portugal e de suas colônias. Assim, em 1755, o poder eclesiástico foi abolido das missões indígenas, ficando os leigos responsáveis pela administração das aldeias. Os padres permaneceram no local apenas com sua autoridade espiritual. Mais tarde, em 1759, os jesuítas tentaram resistir, mas acabaram sendo expulsos dos domínios portugueses,à exceção dos carmelitas e das outras ordens que se mostravam mais conformadas com a situação. 3. Resultados Da Conquista Do Território Amazônico: Em suma, a principal característica da colonização do Vale Amazônico foi sua base na coleta de produtos naturais, constituindo mais uma aventura que a formação de uma sociedade estável e organizada. Contrariando as expectativas dos europeus, os resultados econômicos da exploração do território foram ínfimos; além disso, ao longo da sua história, produtos nativos com os maiores potenciais ser-lhe-iam subtraídos: Primeiramente, o cacau, cuja hegemonia foi transferida para a Bahia; em seguida, a borracha. A borracha trouxe grande prosperidade para a região, especialmente durante o período de 1879 a 1912, proporcionando expansão da colonização, atração de riqueza e grandes transformações culturais, além de dar um impulso ao crescimento das cidades de Manaus, Belém e Porto Velho e possibilitar os recursos financeiros para a aquisição de parte da Bolívia, território onde atualmente fica o Acre. As sementes da Hevea brasiliensis (nome científico da seringueira) foram levadas para a Malásia pelos ingleses, que passaram a realizar uma produção racional (e não extrativa, como a realizada na Amazônia), o que levou ao fim da economia gomífera brasileira. Para Prado Junior (2012), a colonização do Vale Amazônico ainda hoje é uma incógnita. 
O CICLO DO CAFÉ: Mesmo não sendo natural do Brasil, o café se adaptou ao nosso clima e ao nosso solo, transformando o país em referência na produção cafeeira internacional desde o século XIX até os dias de hoje. Atualmente, ele está apenas entre nossos dez produtos mais exportados, porém, no período do Segundo Reinado, ele constituía o principal item das exportações brasileiras, tornando-se a base de toda a nossa economia. Estudaremos o período em que o café finalmente atingiu seu apogeu, bem como seus sistemas de financiamento e comércio, cujos pontos fracos foram evidenciados já no início de sua crise de superprodução. Além disso, destacaremos um ponto relevante da produção cafeeira: a mão de obra. Inicialmente escrava, ela se tornou assalariada, embora não contasse com trabalhadores brasileiros, e sim com imigrantes. HISTÓRIA DO CAFÉ: 1. Origem: Apesar de nosso país possuir uma forte tradição na produção do café, ele, conforme destacamos, não é um de nossos produtos naturais. Por isso, a história de sua chegada às terras brasileiras é bastante interessante. Vamos conferi-la! O produto, na verdade, origina-se da Etiópia (antiga Abissínia), ganhando sua fama ainda no século XII, quando passou a ser transportado pelos mouros para o Egito e a Europa. Diz a lenda que um pastor observara que suas cabras ficavam mais espertas ao se alimentarem dos frutos do cafeeiro. Então ele mesmo os experimentou e sentiu uma maior vivacidade. Sabendo disso, um monge decidiu fazer uma infusão dos frutos a fim de se manter acordado para fazer suas orações. Não importa se a história é verídica ou não: o fato é que a fama do café como bebida energética definitivamente se espalhou por toda a Europa. Inicialmente proibido para os cristãos por ser considerado uma bebida maometana (Proveniente do Islamismo, faz referência a Maomé.), o café foi liberado pelo papa Clemente VIII depois de experimentá-lo. Chegando aos Países Baixos, os holandeses o introduziram no Novo Mundo, trazendo suas sementes para serem plantadas em suas colônias: Guianas, Martinica, São Domingos, Porto Rico e Cuba. Conhecendo a fama e a importância econômica do produto, o sargento-mor Francisco de Melo Palheta, em 1727, foi incumbido pelo então governador do Estado do Grão-Pará a viajar até a Guiana Francesa a fim de trazer clandestinamente as sementes para o Brasil. Isso pôde ser realizado após ele se aproximar da esposa do governador de Caiena, ganhando a sua confiança. 
2. O Início Do Cultivo Do Café No Brasil: A primeira tentativa de plantio das mudas foi no Pará. Depois, foi a vez do Maranhão e da Região Nordeste. No entanto, ele não conseguiu obter êxito nestes lugares em virtude de suas condições climáticas. Somente na primeira metade do século XIX as sementes foram levadas para a Região Sudeste, sendo plantadas primeiramente no Rio de Janeiro e, em seguida, em São Paulo e Minas Gerais, locais onde seu plantio enfim obteve um grande sucesso. Contudo, a região do Vale do Paraíba foi a que mais se destacou nessa produção em virtude de: Clima; Qualidade do solo; Mão de obra; Recursos financeiros disponíveis para que fosse dado um início à plantação. Além das sementes contrabandeadas da Guiana Francesa, vale comentar que a transferência da corte real portuguesa para o Brasil também foi um elemento incentivador da economia cafeeira, já que D. João VI, sabendo da potencialidade do produto, mandou trazer da África sementes de novas espécies de café, distribuindo-as entre os fazendeiros próximos à corte. Entretanto, apenas no reinado de D. Pedro II (1840-1889), o café se torna a principal fonte de riqueza do país, constituindo seu produto de exportação mais proeminente durante quase cem anos. Em 1830, ele já havia desbancado o ouro e o açúcar. 
A ECONOMIA CAFEEIRA: O gráfico a seguir pode nos ajudar a entender a importância da produção cafeeira no montante dos principais produtos brasileiros (café, açúcar, algodão, borracha couro e peles) exportados em três períodos diferentes do século XIX:
Nota-se que, em 1820, o café figurava em terceiro lugar nesta lista. Mais tarde, em 1841, ele passa para a primeira posição, se tornando responsável por 48,1% das exportações dos principais produtos brasileiros. Em seguida, em 1889, sua produção corresponde a 61,50% do montante. 1. Os Tipos De Produção: Segundo Braga e Silva (2016), na época do reinado de D. Pedro II, havia dois segmentos distintos de produção cafeeira no Brasil: o da região fluminense e o do oeste paulista. 
 Vale destacar que os cafeicultores do oeste paulista, muitas décadas depois, foram os responsáveis pelos surtos de industrialização ocorridos no fim do Império e na Velha República.
2. O Sistema De Financiamento: Rego e Marques (2010) fazem uma breve análise da economia cafeeira no Brasil, abordando dois importantes aspectos a ela inerentes: Sistemas de financiamento e de comércio do café; Questão da mão de obra. Primeiramente, para o fazendeiro o cultivar, havia a necessidade de dois tipos de capital: um fixo inicial e outro de giro. Afinal, era necessário um período relativamente longo para a sua lavoura operar em plena produção, algo que ocorria cinco ou seis anos após o início do plantio. Além disso, havia o pagamento da mão de obra (em princípio, escrava; depois, assalariada), tópico fundamental para a manutenção dos cafezais e a colheita do café. Como não havia bancos voltados para a produção cafeeira, quem acabou assumindo esse papel foi o próprio comerciante do produto, também conhecido como comissário. Assim, criou-se uma interessante relação entre o fazendeiro e o comerciante de café na qual um precisava do outro: COMERCIANTES: Dependiam, em grande medida, dos fazendeiros de café para realizar seus lucros com a venda do produto. FAZENDEIROS: Precisavam dos comerciantes de café para obter recursos financeiros necessários à produção. Vemos então que este comerciante funcionava como um banqueiro da lavoura, fornecendo recursos necessários à produção. Em contrapartida, ele exigia uma reciprocidade do fazendeiro, devendo a produção ser entregue aos seus cuidados. Ele preparava e vendia o produto com uma comissão de 3% sobre o valor da venda. Por ser informal, tal sistema de crédito revelava-se flexível e adequado ao fazendeiro, apresentando vantagens para as duas partes. Para o fazendeiro, elas residiam no acesso a um crédito com juros razoáveis (9% a 12% ao ano) e na flexibilidade nos prazos de pagamento. Já o comissário, mesmo não auferindo lucros com o empréstimo, conseguia assegurar a colheita do fazendeiro responsável pelos lucros da sua atividade. Um ponto fraco desse sistema consistia no caráter pessoal do crédito,pois, com a expansão da lavoura e o aumento do volume de negócios, as somas emprestadas cresceram, passando a exigir garantias mais sólidas. Entretanto, uma solução para tal questão surgiu com o aumento do número de casas comissárias, fazendo com que os riscos fossem diluídos. 3. O Sistema De Comércio: No período anterior à República, havia três classes distintas no sistema de comércio do café: Comissário; Ensacador; Exportador.
Apesar da compatibilidade de interesses inicial entre os elementos desse sistema, alguns detalhes foram fundamentais para ele finalmente entrar em colapso: Nacionalidade dos Envolvidos: Geralmente, os comissários e ensacadores eram brasileiros ou portugueses, enquanto os exportadores eram estrangeiros. Isso era comum tanto em Santos como no Rio de Janeiro: os maiores exportadores de café eram de outros países. Dessa forma, uma parcela considerável da renda gerada pela economia cafeeira era apropriada pelo capital estrangeiro e canalizada para o exterior. Dinâmica do Preço do Produto: Para comissários e fazendeiros, havia o interesse por preços altos, pois seus lucros e comissões dependiam do valor da venda. Os exportadores, por outro lado, desejavam justamente o contrário: se os valores internos fossem baixos, eles ganhariam na diferença entre os preços cobrados em solo brasileiro e os usados para a exportação. Dessa maneira, “à medida que crescia a área de atuação das casas exportadoras em detrimento das casas comissárias, maior era capacidade baixista do exportador e, portanto, maior a importância da renda apropriada e transferida para o estrangeiro”. (REGO; MARQUES, 2010, p. 40, grifos nossos) O funcionamento da dinâmica do preço do café está ilustrado na figura a seguir:
Problemas entre Fazendeiros e Comissários: Embora, em princípio, a relação entre ambos fosse amistosa e gerasse benefícios mútuos, havia algumas práticas comissárias que desagradavam os proprietários dos cafezais. Uma delas era a manipulação do produto feita por eles para empurrar todo o café consignado com os fazendeiros, misturando o de baixa e alta qualidade. Isso fazia com que, no final, o preço dele caísse. Conta de Venda: Outro motivo de queixa entre os fazendeiros, a conta de venda era feita quando o café era vendido do comissário para o exportador. O produto vinha com esta conta do comissário em que eram demonstradas as condições de venda e o crédito que o fazendeiro possuía junto à casa comissionada. Em alguns casos, a conta de venda era emitida com a data da transação posterior à de sua realização. No entanto, a reação de descontentamento com essa prática só eclodiu no momento mais difícil da economia cafeeira, com a oferta do produto alta e os seus preços em baixa. É exatamente neste momento que o mecanismo de comercialização e financiamento do café não se mostra mais conveniente. A insuficiência de um sistema de financiamento baseado no comissário acabou gerando reflexos na mão de obra utilizada nas lavouras: com o início do trabalho livre, ela se expandiu como nunca, faltando-lhe o financiamento necessário para isso.
A MÃO DE OBRA NO CICLO DO CAFÉ: Os trabalhadores assalariados empregados na produção do café representaram a primeira fase do desenvolvimento do Capitalismo no Brasil. A maior parte da mão de obra recrutada para o trabalho nos cafezais era composta por imigrantes e brasileiros natos. Composto por um total de 5 milhões de pessoas com idades entre 13 e 45 anos, o perfil da mão de obra das maiores províncias do país (Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Pernambuco e Ceará) em 1882 está descrito no gráfico a seguir:
Alguns eventos ocasionaram um aumento no número de pessoas sem renda ou teto, gerando o surgimento das primeiras favelas no Rio de Janeiro e em outras cidades. Vimos, ainda no período pré-colonial, a exploração do primeiro produto considerado pelos portugueses com grande potencial para o comércio europeu: o Pau-brasil. Abordamos um ciclo econômico que trouxe muita prosperidade ao Brasil, colocando fim ao seu histórico deficitário enquanto colônia: o
ciclo do açúcar. Estudamos também a descoberta do ouro no Brasil, a economia aurífera, as formas de exploração do ouro, o declínio e os resultados dessa atividade econômica, observando a ocupação da Amazônia e a chegada dos portugueses à sua Bacia, além das reformas pombalinas e dos resultados da conquista do território amazônico. Vimos como o período cafeeiro atingiu seu apogeu, bem como seus sistemas de financiamento e comércio, cujos pontos fracos foram evidenciados já no início de sua crise de superprodução. Além disso, destacamos um ponto relevante da produção cafeeira: a mão de obra. Inicialmente escrava, ela se tornou assalariada, embora não contasse com trabalhadores brasileiros, e sim com imigrantes.
O Ressurgimento Da Agricultura E O Estabelecimento 
Apesar das grandes riquezas geradas pela exploração do ouro no Brasil, isso evidentemente gerou consequências negativas para o setor agrícola do país, pois grande parte dos colonos havia abandonado essas atividades para se dedicar apenas a trabalhos em torno do metal. Com o esgotamento das minas e o consequente declínio da economia aurífera – ao mesmo tempo em que a Revolução Industrial desponta na Inglaterra –, surge uma nova oportunidade para os produtores brasileiros. Apesar de diversos países da Europa estarem envolvidos em conflitos, a posição neutra de Portugal colocou o Brasil numa situação vantajosa enquanto fornecedor de matérias-primas para o mercado internacional. A agricultura refloresce no país nesse contexto, fazendo suas atividades econômicas retornarem do centro para o litoral brasileiro. No sentido inverso, a pecuária contribui para a expansão do território português até o centro do país, auxiliando, inclusive, na conquista da Região Sul. Estudaremos o período transitório entre o fim do ciclo do ouro e o início do referente ao café, eras nas quais foram registrados importantes eventos para a formação econômica do Brasil. 
O RESSURGIMENTO DA AGRICULTURA NO BRASIL: Uma triste consequência da brilhante ascensão do ouro no Brasil foi a decadência da agricultura, fazendo com que a primeira metade do século XVII se tornasse “um período sombrio para a agricultura brasileira”. (PRADO JÚNIOR, 2012, p. 79) Um grande motivador para o seu renascimento foi a Revolução Industrial. Nesta época, Portugal já era considerado uma potência de segunda ordem entre os países coloniais da Europa, ficando sob a sombra da Inglaterra. No contexto dos conflitos europeus, os lusitanos sempre permaneceram neutros, e essa neutralidade se estendia inclusive sobre o Brasil e seu comércio. Enquanto as nações concorrentes tinham suas produções afetadas pelas agitações políticas e sociais, nosso país produzia livremente sem esse tipo de empecilho. Produtos agrícolas em destaque para exportação: Listaremos os sete produtos agrícolas que ganharam destaque no volume de exportações brasileiras deste período: Algodão, Açúcar, Arroz, Anil, Café, Drogas do Sertão, Cacau. Precisamos entender o funcionamento das principais culturas agrícolas da época. Por isso, falaremos sobre elas a seguir: 
Algodão: Na segunda metade do século XVII, ele desponta como um produto relevante no comércio internacional. Isso ocorre graças a alguns importantes fatos históricos, segundo Prado Júnior (2012):
Com as novas tecnologias criadas pela indústria, a Inglaterra passa a depender cada vez mais do algodão, a principal matéria-prima da sua indústria têxtil. Devido ao aumento da produção, o Oriente não consegue suportar tal demanda, restando ao Brasil a oportuna tarefa de produzi-lo em todo o seu território. A produção algodoeira teve início no Maranhão. Pernambuco e Bahia também passaram a produzi-lo, obtendo volumes maiores do produto, já que possuíam mais pessoas e capitais disponíveis para essa produção. Nos anos seguintes, seu cultivo se espalha pelo país, se estendendo do Pará ao Paraná, além de passar por Goiás. Nativo da América, o algodão já era utilizado pelos povos indígenas, servindo paraa feitura de panos usados nas vestimentas de escravos e pessoas das classes mais pobres da população. Mas ele só ganha importância no mercado internacional quando passa a ser exportado regularmente, tornando-se, assim, uma das principais riquezas da colônia. O produto, contudo, passa a ter uma contínua queda em seus preços graças ao aumento de sua oferta, já que ele também é produzido pelas colônias norte-americanas com uma técnica aperfeiçoada que o Brasil não consegue acompanhar.
Arroz, Açúcar e Anil: Além do algodão, favorecido pelo movimento da Revolução Industrial na Inglaterra, outros produtos agrícolas também compunham a leva de exportações brasileiras do período: a) Açúcar: Ressurge na Bahia e em Pernambuco, não ficando atrás do algodão. Novas regiões passam a produzi-lo, como Campos de Goitacazes e a capitania de São Vicente (que, no início do século XVIII, muda seu nome para São Paulo). Assim, segundo Rego e Marques (2010), a região paulista começa a demarcar sua futura posição na economia nacional. b) Arroz: Ocupa o segundo lugar nas exportações da colônia, embora ainda esteja muito atrás da produção açucareira. O arroz é cultivado principalmente no Maranhão e, em menor escala, no Pará e no Rio de Janeiro. c) Anil: Ele é cultivado principalmente em duas colônias norte-americanas: Carolina e Geórgia. A produção brasileira, no entanto, logo se vê frustrada: por volta de 1769, há a tentativa de introduzir o indigoeiro – também conhecido como anileira –, que é desenvolvido, sobretudo, no Rio de Janeiro. Todavia, a produção nacional logo entra em decadência ao perder espaço para a da Índia, pois “o produto brasileiro era mal preparado, fraudado e tinha péssima aceitação nos mercados”. (PRADO JÚNIOR, 2012, p. 85) Além disso, segundo Rego e Marques (2010), ao perderem suas colônias americanas, os ingleses voltaram a investir na Índia, o que estimulou o declínio da produção brasileira.
Cacau, Drogas do Sertão e Café: A) Cacau E Drogas Do Sertão: Originário da Amazônia, o cacau passa a ser cultivado na Bahia e no Pará ainda no século XVIII. Também é observada na região paraense a exportação das drogas do sertão: Baunilha; Cravo; Canela; Resinas aromáticas (também conhecidas como especiarias do Novo Mundo). b) Café: Ele começa a ser produzido em larga escala na última parte do século XVIII. Deve-se a ele o início de um novo ciclo econômico no país que devolverá à agricultura a base da economia local, colocando um fim definitivo na era da mineração. De acordo com Rego e Marques (2010, p. 23), “o renascimento agrícola colonial marcou a superação da era da mineração. Definitivamente, a agricultura retomou a sua importância e foi reconhecida como a base da economia local. Novamente, o Brasil voltou-se do interior para a costa, cumprindo um papel de colônia de exploração”.
O ESTABELECIMENTO DA PECUÁRIA NO RIO GRANDE DO SUL: Nas regiões antes mineradoras, a pecuária começa a adquirir importância. Minas Gerais torna-se o maior centro criador da colônia, desenvolvendo a indústria de laticínios. No sul do estado, também é formada a cultura do tabaco, porém em escala bem menor que a da Bahia. O renascimento da agricultura faz com que as atividades no país voltassem para o litoral; afinal, graças à mineração e, em seguida, à pecuária, as atividades avançam para o centro. Ocorre, portanto, a conquista de mais uma parte do território brasileiro. No final do século XVII, a parte sul do Brasil era apenas um território disputado arduamente entre portugueses e espanhóis, possuindo uma ocupação de cunho meramente militar. Não havia grandes interesses pela área; por isso, ninguém se preocupou em fixar-se nelas. Não obstante, o fim da União Ibérica fez com que o rei de Portugal planejasse fixar as fronteiras portuguesas no Brasil, especialmente na Região Sul. Após a separação dos dois reinos, Portugal havia expandido o território nacional até o Paraná, enquanto a Espanha tinha se estabelecido em Buenos Aires, às margens do Rio da Prata. Existia, então, um grande espaço – a despeito de ser percorrido pelas bandeiras paulistas desde o início do século XVII – sem nenhum domínio a separar as duas nações. Dessa forma, em 1680, os portugueses, comandados pelo então governador do Rio de Janeiro, Manuel Lobo, saem em expedição com uma forte guarnição militar. O objetivo é fixar sua bandeira na margem setentrional do Rio da Prata, bem em frente a Buenos Aires, onde foi fundada a Colônia de Sacramento, que, mais tarde, seria a causa de várias disputas entre portugueses e espanhóis – e, décadas depois, entre brasileiros e argentinos. Embora Portugal tenha posteriormente perdido esta colônia pelo Tratado de Madri 1750 (O Tratado de Madri foi um acordo assinado na capital espanhola entre os reis de Portugal, D. João VI, e da Espanha, Fernando VI, em 13 de janeiro de 1750, para definir limites entre suas respectivas colônias, substituindo o Tratado de Tordesilhas, pois ele já não era mais respeitado. Em consequência do tratado, a região dos Sete Povos das Missões passou a pertencer a Portugal, a Colônia do Sacramento ficou sob o domínio espanhol e o Rio Uruguai foi definido como a fronteira oeste entre o Brasil e a Argentina.) a ação empreendida permitiu a conquista do território ao norte dela, o qual, em seguida, foi incorporado ao Brasil. 
No princípio do século XVIII, a ocupação do território ao sul do Brasil é comandada por dois núcleos: Tropas enviadas para defesa e Povoadores de São Paulo (estabelecidos no território atualmente conhecido como Rio Grande do Sul). A colonização ocorre ali de forma ímpar, como jamais havia sido feita em qualquer outra parte do país. Por não se tratar de uma região apta para o cultivo de gêneros tropicais de grande valor comercial, Portugal precisa conceder benefícios (Segundo Prado Júnior (2012), foram fornecidos gratuitamente e a longo prazo vários auxílios, como instrumentos agrários, sementes, animais de trabalho etc.) que incentivem o estabelecimento de colonos, garantindo, perante os espanhóis, a posse da terra. Formam-se na região grandes fazendas de gado conhecidas como estâncias. Com o fim das guerras pelo território em 1777, são estabelecidas as primeiras delas nas fronteiras. Para consolidar a posse de seu território, Portugal passa a distribuir grandes lotes de terras, as sesmarias, onde a pecuária rapidamente se organiza e é solidificada. Ela é a base econômica do território em virtude de sua vegetação herbosa. Comentário: Prado Júnior (2012) destaca o início de um problema fundiário que, mais tarde, viria à tona no país (como já havia acontecido antes no sertão nordestino): pessoas protegidas pelo governo colocavam os lotes em seus nomes e nos de seus filhos ainda menores de idade, fazendo com que, ao final, as terras ficassem nas mãos de uns poucos privilegiados. Inicialmente, a produção que se destaca é a do couro. A carne advinda da atividade pecuária não é totalmente aproveitada, pois não há como conservá-la e enviá-la para outras partes do país. Em 1793, a capitania passa a exportar o produto por dois motivos: 1) - O aparecimento da indústria do charque; 2) - A pecuária do Nordeste não consegue mais atender à demanda de mercado. A indústria de laticínios não se desenvolve como a de Minas Gerais. Além do couro, outros subprodutos são aproveitados, como os chifres, as unhas e o sebo. Com o desenvolvimento da criação do gado bovino, também passa a haver na capitania a de bestas e, principalmente, a de cavalos. Vimos que a Revolução Industrial potencializou o renascimento da agricultura no Brasil. A partir disso, vimos quais produtos se avolumaram em produção para exportação, movimentando a economia brasileira a partir da segunda metade do século XVII. Depois, no princípio do século XVIII, vimos a ocupação do território ao sul do Brasil, que se deu de forma diferente das outras regiões do país, uma vez que, no Sul, Portugal concedeu benefícios aos colonos para que estes marcassem a posse das terras perante a Espanha.
BRASIL : SEGUNDO REINADO ATÉ HOJE. 
Estudaremos o períodohistórico situado entre o fim do Segundo Reinado até a Era Vargas a fim de investigarmos os processos históricos responsáveis pela formação da economia brasileira. 
O SEGUNDO REINADO (1840-1889): Este período é conhecido como uma época de relativa paz no Brasil e de prosperidade econômica, que se devia principalmente a dois motivos: 1. Atividade cafeeira do país, a base da sua economia; 2. Término dos privilégios fiscais que os produtos ingleses possuíam. Já o ligeiro sossego no âmbito político deveu-se especialmente ao perfil de D. Pedro II. Mostrando-se bem mais preparado que o seu pai na arte da diplomacia, ele conseguiu conciliar os interesses da elite agrária conservadora com os das demais classes liberais que defendiam a descentralização do poder. Podemos ordenar uma série de fatos históricos responsáveis pelo pico da produção cafeeira na economia do Brasil durante o Segundo Reinado: A) - As tropas napoleônicas invadiram Portugal, B) - A Família Real portuguesa veio ao Brasil, C) - D. João VI incentivou a cultura do café, D) - Esta cultura foi beneficiada pelos recursos remanescentes dos ciclos do ouro e do açúcar. Analisando a nossa balança comercial de 1840 a 1899 (cujos números estão expressos em contos de réis, a moeda corrente da época), podemos perceber a evolução da economia brasileira no período:
Contudo, o reinado de D. Pedro II teve de enfrentar três graves crises entre 1848 e 1852: 1 - O enfrentamento do tráfico ilegal de escravos oriundos da África. 2 - A Revolta Praieira (6 de novembro de 1848), um conflito entre facções políticas locais em Pernambuco. 3 - A Guerra do Paraguai (ou Guerra da Tríplice Aliança). Das três crises enfrentadas durante o Segundo Reinado, as que mais se destacaram foram aquelas ligadas ao fim do tráfico negreiro e à Guerra do Paraguai. Apesar de alguns historiadores apontarem a ruptura com a Igreja Católica e a alta inflação ocorrida na época como elementos que propiciaram a Proclamação da República, a abolição da escravatura e o conflito paraguaio foram, sem dúvida, os fatores que mais contribuíram para a queda da monarquia. Por isso, precisamos analisar os dois de forma minuciosa: O Fim Da Escravidão No Brasil: Percebendo que a Lei de Feijó não era realmente cumprida no país, os ingleses passaram a bloquear os navios que vinham com escravos para o Brasil, afetando a oferta de mão de obra para os setores agrícolas. Em virtude da importância da Inglaterra nas exportações do café brasileiro, o resultado da ação dos ingleses foi a proclamação da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, que de fato colocava um fim no tráfico de escravos. De acordo com Furtado (2007), neste período, seu contingente variava de 1,5 milhão a 2 milhões de pessoas para um total de 7 milhões de habitantes. A extinção do tráfico escravista provocou um grande impacto na economia brasileira. Capitais antes destinados à aquisição de escravos africanos (basicamente, a totalidade das importações do país na época) passaram a ser usados em outras atividades empresariais, fazendo surgir bancos, indústrias, navegações a vapor etc. Outra consequência da Lei Eusébio de Queirós foi a transferência da mão de obra escrava dos falidos engenhos nordestinos para os cafezais em ascensão do sudeste brasileiro. Aqueles que permaneceram nos canaviais foram, aos poucos, sendo libertados pelos seus donos cujos negócios já estavam em crise. Nos cafezais, por sua vez, a mão de obra escrava foi paulatinamente substituída pela dos imigrantes. O movimento abolicionista foi crescendo, sendo inserido na legislação brasileira por intermédio de duas leis: a do Ventre Livre (1871) e a dos Sexagenários (1885). No entanto, apenas em 1888, com a assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel, houve o fim definitivo da escravidão no Brasil. Embora a abolição da escravatura tenha sido uma boa notícia para alguns, outros acabaram se sentindo prejudicados. Apesar de alguns escravos terem sido libertos antes de 1888, a elite agrária brasileira, a principal apoiadora de D. Pedro II, ainda utilizava esse tipo de mão de obra, sendo ela, inclusive, considerada como um ativo contábil de seu balanço patrimonial. Assim, com a oficialização do abolicionismo, esta classe se sentiu lesada, passando a reivindicar de D. Pedro II uma indenização pela perda sofrida. (BRAGA; SILVA, 2016) O imperador, porém, não tinha como indenizá-los, pois, havia exaurido muitos recursos da Coroa com a Guerra do Paraguai, outro dissabor do Segundo Reinado que seria o corresponsável por seu fim. A Guerra Do Paraguai: Durante a guerra do Uruguai, que terminou em 1864, o Império do Brasil destituiu o governo do ditador Atanasio Aguirre, que era aliado de Francisco Solano López no Paraguai. Por discordar da invasão brasileira do Uruguai, Solano López aprisionou o barco a vapor brasileiro Marquês de Olinda no porto de Assunção em 11 de novembro de 1864. Viajava nele o presidente da Província de Mato Grosso, Frederico Carneiro de Campos – que apesar de estar a caminho de Cuiabá, ele nunca chegou ao seu destino, pois foi morto em uma prisão paraguaia. Algumas semanas depois, as tropas paraguaias invadiram o território atualmente ocupado pelo Mato Grosso do Sul, dando início ao maior conflito armado internacional dentro da América do Sul. Em maio de 1865, o Paraguai também realizou algumas invasões armadas no território argentino para chegar até o Rio Grande do Sul. Isso levou o Brasil, a Argentina e o Uruguai a firmarem um acordo militar chamado de Tríplice Aliança. Após mais de cinco anos de lutas e baixas que alcançaram os 60 mil mortos (entre militares e civis) no Brasil, a guerra foi encerrada com a morte de Solano López por militares brasileiros.
A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA: Em termos gerais, os principais resultados da Guerra do Paraguai foram a perda de recursos financeiros e o fortalecimento da classe militar. Seus combatentes, por sua vez, eram oriundos de todas as classes da sociedade brasileira: ricos, pobres, negros, brancos, mestiços etc. Eles se uniram para enfrentar não apenas o inimigo, mas também outras adversidades, como as doenças, a fome e a distância de seus familiares. Isso gerou um sentimento de unidade nunca experimentado entre os brasileiros. Neste momento, o país não era mais o mesmo, estando dividido em diferentes classes sociais: Representantes dos centros urbanos; Militares; Novos capitalistas. D. Pedro II precisava agradar a todos sem deixar descontente a elite agrária clássica; afinal, ela era sua principal apoiadora. Mas ele não conseguiu isso. Mesmo assim, ele não conseguiu conciliar interesses tão diferentes. Seu comportamento com os militares demonstrava inclusive que o próprio regime poderia constituir um risco para as Forças Armadas. Comentário: Primeiro-Ministro do Império, Visconde de Ouro Preto se posicionava contra o militarismo. Influenciado por uma falsa notícia espalhada pelo major Solon Ribeiro de que D. Pedro II havia ordenado a sua prisão, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu a frente das tropas da Proclamação da República; assim, em 15 de novembro de 1889, ele destituiu D. Pedro II, assumindo o poder por meio de um governo provisório republicano: a primeira república brasileira. Por volta de 1850, alguns brasileiros ricos tentaram exercer algumas atividades fabris no país. Eles ainda não podiam ser considerados capitalistas, pois, no geral, eram utilizados equipamentos primitivos e mão de obra escrava. Em 1850, havia 74 empresas – 50 delas na capital e na província do Rio de Janeiro, que era então a capital do próprio país – produzindo os seguintes itens e artigos: Chapéus; Círios; Sabão; Cerveja; Cigarros; Tecidos de Algodão. Entre esses embriões industriais, houve algumas raras exceções de grande sucesso, como o estaleiro instalado pelo Visconde de Mauá em Niterói em 1850. Já apontamos algumas consequências do fim do tráfico negreiro neste ano, como o direcionamento de seus capitais para outras iniciativas empresariais. A abolição da escravatura foi um forte elemento impulsionador na formação da indústria no Brasil.De forma geral, os esforços empreendidos pelo Império não conseguiram consolidar a indústria brasileira entre as décadas de 1840 e 1870. Somente sobreviveram ao período: Fábricas beneficiadas com privilégios de exploração; Subvenções governamentais; Isenções de imposto de importação, já que, de acordo com Rego e Marques (2011, p. 87), “a supremacia dos interesses agrários, com a proeminência do café, impedia o uso de tarifas de importação efetivamente protecionistas”. Interessava mais à classe política a manutenção da antiga base agrária que o incentivo à indústria nascente no país; portanto, ela permaneceu inerte na sua condição de periferia do sistema capitalista. Para Rego e Marques (2010), somente a partir de 1885 houve o início dos primeiros focos de produção industrial brasileira. Contribuíram para isso os seguintes fatores: Surgimento da mão de obra assalariada; Abolição da escravatura; Intensificação da deterioração das estruturas pré-capitalistas. 
A REPÚBLICA VELHA E A POLÍTICA CAFÉ COM LEITE: Após a queda da monarquia no Brasil, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu o poder, dando início à República Velha, o primeiro regime republicano brasileiro. Nos anos seguintes, a atividade cafeeira, base da economia brasileira na época, passa a enfrentar sucessivas crises. Abordaremos as medidas tomadas pelos governantes para proteger a economia brasileira. Afinal, um evento de escopo internacional provocava, no início dos anos 1930, mudanças profundas na história econômica do mundo capitalista: a crise de 1929. Relacionando-a ao início do processo de substituição de importações no Brasil, avaliaremos os efeitos das políticas de valorização do café para a economia brasileira.
A República Velha (1889-1930): A primeira fase da república brasileira se estendeu de 15 de novembro de 1889 até a Revolução de 1930, que foi liderada por Getúlio Vargas. A análise deste período é realizada em duas etapas: Até 1891: República da Espada; 1891-1930: República Oligárquica ou do Café com Leite. Afinal, a presidência do país nesta fase só tinha representantes de dois estados: São Paulo (grande produtor de café) e Minas Gerais (onde há muita fabricação de leite). Os presidentes da República Velha, além de suas principais realizações, estão descritos a seguir em ordem cronológica: 
1. República da Espada: Manuel Deodoro da Fonseca 1889 – 1891 = O governo deste marechal foi dividido em duas etapas: Governo Provisório (1889-1891); Governo Constitucional (alguns meses de 1891). Eleito por voto indireto, ele chegou ao poder com o uso da força militar. Para resolver o problema de liquidez na economia brasileira, optou pelo uso da moeda fiduciária, o que gerou o chamado encilhamento ( Ocorrida no Brasil no período entre o final da monarquia e o início da república, a crise do encilhamento foi uma bolha de crédito em que o então ministro da Fazenda Ruy Barbosa optou pela emissão de papel-moeda para estimular a industrialização no país.) Floriano Peixoto 1891 – 1894 = Vice-presidente no governo anterior, Floriano Peixoto contrariou a Constituição Federal de 1891 ao assumir o poder após a renúncia de Deodoro. Ele reprimiu com mão de ferro quem fosse contrário ao seu governo. Na Região Sul, foram mais de 10 mil mortos com a Revolta Federalista. 
2. República Oligárquica (ou do café com Leite): Prudente José de Moraes e Barros 1894 -1898 = Trata-se do primeiro presidente civil da República Velha eleito por voto direto. Apesar de dar um fim à Revolta Federalista, precisou lidar com a famosa Guerra dos Canudos. Prudente José gerenciou diplomaticamente as crises de invasões estrangeiras no território brasileiro. Manuel Ferraz de Campos Sales 1898 – 1902 = Renegociou a dívida do Brasil com o exterior, se comprometendo a aplicar políticas mais ortodoxas. Para implementar ações impopulares, Manuel Ferraz utilizou a denominada política dos governadores, realizando um acordo com as oligarquias agrárias. O período de seu governo é demarcado pelo apogeu do coronelismo, dando início à República do Café com Leite. Francisco de Paula Rodrigues Alves 1902 – 1906 = Trabalhou na reurbanização e no saneamento do Rio de Janeiro, combatendo agentes propagadores de doenças. Por causa disso, Alves enfrentou protestos da população conhecidos como a Revolta da Vacina. Além da questão sanitária, outros tópicos tratados pelo governo geraram celeuma na época. Destacaremos dois deles a seguir: Compra do Acre; Primeira crise de superprodução de café do século XX (ela só seria resolvida com o convênio de Taubaté ( Acordo firmado com os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro no qual o governo federal se comprometia a intervir em benefício da classe de cafeicultores de determinadas regiões do país.) executado no governo de Afonso Pena). Afonso Augusto Moreira Pena 1906 – 1909 = Como frisamos, seu governo foi o responsável peal execução do convênio de Taubaté, protegendo os cafeicultores da baixa no preço do café. Veio a falecer antes de completar o seu mandato e poder indicar um sucessor paulista. Nilo Procópio Peçanha 1909 – 1910 = Impulsionamento do ensino técnico profissional; Reorganização do Ministério da Agricultura; Criação do Serviço de Proteção ao Índio (órgão mais tarde renomeado como Funai). Além disso, Peçanha gerenciou a instabilidade política relativa à escolha de um sucessor, deixando em seu lugar o militar Hermes da Fonseca, exógeno à Política Café com Leite. Hermes Rodrigues da Fonseca 1910 -1914 = Sobrinho de Deodoro da Fonseca, enfrentou várias revoltas, como a da chibata e a dos coronéis. Tentou abolir o coronelismo, principalmente no Norte e no Nordeste, o que acabou minando sua base de aliados. Além disso, contraiu novos empréstimos para controlar o preço do café e realizar investimentos em infraestrutura, como as linhas telegráficas e férreas. Ao término do seu governo, máquina eleitoral do café com leite voltou a funcionar. Dessa forma, seu sucessor teve de ser um mineiro: Wenceslau Braz. Wenceslau Braz Pereira Gomes 1914 – 1918 = Enfrentou os impactos econômicos de conflitos internos e externos, como a Guerra do Contestado e a Primeira Guerra Mundial. O conflito internacional estimulou a indústria brasileira graças às limitações impostas às importações no período. A industrialização no Brasil aumentou a sua população urbana, fazendo surgir movimentos sindicalistas. Braz indicou como sucessor o paulista Rodrigues Alves. Francisco de Paula Rodrigues Alves 1918 – 1919 = Dessa vez, não tomou posse devido a problemas de saúde, vindo a falecer em janeiro de 1919. Delfim Moreira da Costa Ribeiro 1918 – 1919 = Vice de Rodrigues Alves, teve de tomar posse em seu lugar. No entanto, obedecendo à Constituição de 1891, Delfim Moreira precisou convocar novas eleições. Até a posse do novo presidente, teve de gerenciar greves de operários iniciadas ainda na gestão anterior. Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa 1919 – 1922 = Apesar de paraibano, Epitácio Pessoa teve sua candidatura apoiada por mineiros e paulistas. Ele iniciou seu governo enfrentando manifestações generalizadas contra as estruturas institucionais. Gerou ainda mal estar entre os militares por escolher dois civis para chefiarem os ministérios da Guerra e da Marinha, tendo de lidar com a revolta conhecida como Levante do Forte de Copacabana, que tentou tirá-lo do poder e evitar a posse do seu sucessor. Pessoa criou a Lei da Repressão ao Anarquismo, realizou prisões e deportações dos líderes operários e considerou ilegal a criação do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Apesar da pressão exercida pelos movimentos do Modernismo com a Semana da Arte Moderna de 1922 e pelos líderes da Política Café com Leite que o apoiaram nas eleições, conseguiu obter alguns êxitos em sua gestão, como a diminuição dos gastos públicos, o investimento em infraestrutura e o combate à seca do Nordeste. Manteve ainda a política de preço do café, estocando o excedente com o auxílio do endividamento externo. Arthur da Silva Bernardes 1922 – 1926 = Deu continuidade à crise política estabelecidano governo anterior, decretando estado de sítio (Estado em exceção que gera a suspensão dos direitos, liberdades e garantias. Trata-se de uma medida de proteção do Estado quando se vê ameaçado por guerra ou calamidade pública.) em todo o seu governo. Ainda ordenou o bombardeio da cidade de São Paulo para conter a revolta dos militares contra o governo. Seu governo enfrentou revoltas, tanto de militares quanto de operários, do início ao fim do mandato. Arthur Bernardes indicou como sucessor Washington Luís; do Rio de Janeiro, ele era um defensor da economia cafeeira. Washington Luís Pereira de Sousa 1926-1930 = Pouco depois de Washington Luís assumir, as revoltas de militares e operários cessaram. No entanto, temendo o retorno dos problemas, ele decretou a censura da imprensa e, novamente, a ilegalidade do PCB. Luís ainda precisou enfrentar a crise mundial de 1929 e as sequências de supersafras de café no Brasil. Com a crise financeira nos Estados Unidos, os cafeicultores queriam que ele desvalorizasse o câmbio, mas ele não concordou com essa estratégia, fazendo com que ele perdesse o apoio da elite agrária. Contrapondo-se à vontade dos mineiros, escolheu o paulista Júlio Prestes para ser seu sucessor. A decisão de Washington Luís levou ao golpe de 1930, que pôs um fim à República Velha faltando apenas 21 dias para o término de seu mandado. Algumas Importantes Considerações Sobre A República Velha: Vimos que a Velha República já teve início com os atropelos de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, que, segundo Braga e Silva (2016), desrespeitaram a Constituição de 1891 ao forçarem sua tomada do poder durante a época da República da Espada. Já em sua segunda fase, a da República Oligárquica, apesar de serem respeitados os princípios constitucionais do voto direto, a chamada política dos governadores se utilizava do “voto de cabresto” ou dos “currais eleitorais” para fazer com que seus candidatos escolhidos vencessem as eleições conforme os interesses das oligarquias agrárias. Ao não usar a máquina eleitoral para apoiar o candidato escolhido pelos mineiros como seu sucessor, Washington Luís causou a aproximação da elite mineira com os movimentos do Rio Grande do Sul contrários ao governo. Dessa forma, juntos, estes dois setores apoiaram Getúlio Vargas. Apesar de a máquina eleitoral ter garantido a eleição de Júlio Prestes, as fraudes eleitorais foram tão evidentes que a população se revoltou. Assim, antes de haver a posse do presidente eleito, os partícipes da Revolução de 1930 depuseram Washington Luís, revogaram a Constituição de 1891 e impediram Júlio Prestes de assumir o poder. Getúlio Vargas, portanto, assumia a chefia do Governo Provisório, dando início à Era Vargas. Sobre a Política Café com Leite, Braga e Silva (2016) afirmam que os governantes escolhidos no período da República Velha defenderam amplamente a produção do café no Brasil. Eles realizavam a chamada socialização do prejuízo, na qual o governo endividava-se externamente para estocar o seu excesso de produção, fazendo com que os preços do produto não baixassem. 
AS CRISES DO CAFÉ: Origens Da Crise: Como vimos, o governo de Rodrigues Alves enfrentou a primeira crise de superprodução do café. No início do século XX, a demanda internacional pelo produto acabou estimulando consideravelmente o aumento de sua produção. De acordo com Rego e Marques (2011) a produtividade do Brasil era responsável por aproximadamente três quartos da registrada em todo o planeta! Mas havia problemas. As características naturais do Brasil, como o seu vasto território, o solo e o clima favoráveis ao plantio do produto, além das altas receitas oriundas da atividade cafeeira, constituíam um constante estímulo à produção. Dessa forma, a oferta passou a superar a demanda no mercado internacional, acarretando a redução no preço do produto. Exemplo: O crescimento da oferta de café ocasionou uma queda de aproximadamente 38% nos preços internacionais no período de 1807 a 1901. Dessa forma, com o objetivo de salvar a economia cafeeira, políticas de valorização do café foram empreendidas. No entanto, o efeito alcançado foi justamente o oposto: a longo prazo, tais políticas apenas agravaram a situação. Talvez você esteja se perguntando: por que a baixa nos preços era interpretada como algo muito ruim para os produtores? A resposta está no conceito de elasticidade-preço: como o café é um produto de demanda inelástica, isso significa que, mesmo com preços menores, a quantidade demandada continuava a mesma, afetando negativamente as receitas e, consequentemente, os lucros dos cafeicultores. Conforme expomos, a solução encontrada foi uma política de valorização realizada por meio do Convênio de Taubaté. Este acordo foi firmado entre os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, consistindo, basicamente, em: A) - Compra do café excedente com empréstimos estrangeiros. B) - Desencorajamento à produção C) Pagamento dos juros com um imposto fixado sobre a saca de café exportada. Os resultados dessa política começaram a surgir em 1909, quando os preços das sacas de café começaram a subir. Entretanto, os próprios governadores não fizeram o seu dever de casa, pois eles não desencorajaram a produção cafeeira conforme o previsto. Os preços artificialmente altos acabaram por incentivar ainda mais a produção, já que a atividade proporcionava lucros elevados. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o cenário mudaria um pouco: tendo o ciclo migratório se reduzido (lembre-se de que grande parte da mão de obra utilizada nos cafezais era de imigrantes), a produção também acabaria diminuindo. No entanto, com o término do conflito, a produção voltou a crescer, tendo um ápice na segunda metade dos anos 1920 (1925-1929), período em que não houve crescimento das exportações. Podemos resumir da seguinte forma a sequência de fatos que levou à maior crise de superprodução experimentada no ciclo do café: I) – A política de valorização eleva os preços do café II) - os altos lucros com a atividade atraem novos produtores III) - Aumento da produção cafeeira em 1927-1928 para praticamente o dobro do que era exportado.
CRISE DE 1929: Em 24 de outubro de 1929, os valores das ações comercializadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque caíram drasticamente, fazendo com que muitos investidores perdessem grandes somas de dinheiro. Conhecido como “quinta-feira negra” (ou black thursday), o evento agravou fortemente a recessão econômica que os Estados Unidos já vinham experimentando desde julho do mesmo ano. Também conhecida como Grande Depressão, a crise de 1929 causou o fechamento de muitas empresas comerciais e industriais e elevou violentamente as taxas de desemprego. Seus efeitos foram sentidos no mundo inteiro. O Brasil obviamente foi afetado: houve ainda mais redução no preço do café; além disso, mesmo com os preços baixos, era difícil achar compradores, já que o mundo estava em crise. Como veremos, no módulo seguinte, a postura do governo brasileiro permaneceu a mesma: defesa da renda dos cafeicultores, mesmo que, segundo Rego e Marques (2010), suas ações prejudicassem o conjunto da sociedade. Antes, porém, precisamos falar sobre o que aconteceu com a indústria no Brasil no período.
A INDUSTRIALIZAÇÃO DO BRASIL: Rego e Marques (2010) defendem que as políticas de estado – especialmente nos governos de Campos Salles e Rodrigues Alves – durante o período da República Velha possuem duas características fundamentais: pró-oligárquica e anti-industrial. Afinal, houve muitos incentivos para o café, mas quase nenhum para a indústria. Somente após uma nova crise de superprodução cafeeira (1880-1886) e a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a indústria pôde receber um incentivo ao seu desenvolvimento. Como as importações passaram a ser escassas e caras, a produção nacional precisava ser capaz de atender a essa demanda interna. No entanto, o setor voltaria a ficar estagnado já na década seguinte (1923-1929), tendo as revoltas sindicais sua parcela de contribuição para isso.A crise de 1929, contudo, foi um novo fiel dessa balança, causando uma grande queda nas exportações brasileiras. Isso afetou negativamente a balança comercial e reduziu drasticamente a entrada de capitais estrangeiros no país. Sem financiamento externo, o governo teve de aumentar a emissão de sua moeda, provocando a inflação. Com ela desvalorizada, as importações encareceram, oferecendo uma oportunidade para a indústria nacional poder atender à demanda interna. Dessa forma, o crescimento industrial do Brasil finalmente ganhou um grande impulso, se diversificando e iniciando o chamado processo de substituição de importações (PSI), que durou até o final da década de 1970. Capitais antes investidos na economia cafeeira passaram a ter novos destinos. Parte deles continuou no setor agrário – só que na produção de algodão. Outro quinhão, porém, encontrou seu destino na indústria. Primeiramente, voltou a ser utilizada a capacidade ociosa do país: máquinas, equipamentos e instalações até então parados. Em seguida, foi a vez dos equipamentos de segunda mão das fábricas fechadas no exterior (mais uma consequência da Grande Depressão), que passaram a ser importados. Por sua vez, o crescimento da demanda por bens de capital e o aumento do custo da importação em virtude da desvalorização cambial acabaram incentivando a instalação da indústria de bens de capital no país. Segundo Rego e Marques (2010, p. 76), a indústria “passou a ser o fator dinâmico principal de criação de renda interna”. Dados coletados entre 1929 e 1937 apontam os seguintes números: Produção agrícola: Redução da exportação de 70% para 57%; Produção industrial: Crescimento de 50%; Renda nacional: Aumento de 20%; Renda per capita: Incremento de 7%.
A Era Vargas: No módulo anterior, vimos como a crise de 1929 foi um marco para a mudança do antigo modelo primário-exportador brasileiro para um de desenvolvimento baseado no mercado interno. Em outras palavras, a grande depressão despertou na indústria do país a missão de suprir a demanda nacional de produtos até então importados, iniciando Efetivamente O Processo De Substituição De Importações (PSI) ( O PSI se trata do processo em que um país passa a produzir internamente o que antes era importado. No Brasil, fatores externos como as duas grandes guerras mundiais e a crise de 1929 – denominados “choques adversos” - contribuíram para o avanço do processo de industrialização e o início de um modelo de desenvolvimento “voltado para dentro”, rompendo com o outrora primário-exportador da economia brasileira. Essa foi a forma encontrada pelo Brasil para superar a crise: produzir aquilo que antes era comprado de outros países, pois o custo das importações estava muito mais alto. Tal processo também acarretou uma mudança qualitativa na pauta de importações brasileiras: tanto as de bens intermediários quanto as de bens de capitais necessários à produção aumentaram. Vale comentar que a Grande Depressão também favoreceu a industrialização de outros países latino-americanos, como a Argentina e o México.) e tornando-se a principal responsável pela dinâmica da economia. O setor agrícola, por sua vez, passou a ficar num segundo plano. No entanto, o processo de industrialização do Brasil ainda estava incompleto, pois os setores responsáveis pela produção dos bens de produção ainda eram pouco desenvolvidos. Este, aliás, foi um dos pontos atacados pela política da chamada Era Vargas. Partiremos do instante em que Vargas assumiu o poder com o golpe da Revolução de 1930. Em seguida, explicaremos como ele conseguiu se manter por 15 anos no poder, conduzindo a economia brasileira durante o seu governo tanto no que diz respeito às políticas adotadas para a atividade cafeeira quanto àquelas voltadas à indústria. Governo Provisório (1930–1934): De acordo com Braga (2016), com a Revolução de 1930, Getúlio Vargas deu início ao seu governo querendo mostrar aos brasileiros que o movimento revolucionário conduzido pela Aliança Liberal (Aliança política realizada em 1929 por líderes políticos do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais que se opunham ao jogo oligárquico da política do café com leite, apoiando as candidaturas de Getúlio Vargas e João Pessoa à presidência e à vice-presidência do país.) era diferente do ocorrido na Proclamação da República de 1889, feito à revelia da vontade popular. Seu desejo era mostrar que tudo seria novo. Por isso, Vargas dissolveu o Congresso Nacional, a Assembleia Legislativa e as Câmaras Municipais, as quais, segundo ele, representavam os interesses da antiga estrutura. O primeiro objetivo do Governo Provisório era combater os dois principais problemas que afetavam o Brasil: Superprodução do café e Revoltas das diferentes classes sociais. Ações Em Defesa Da Economia Cafeeira: Com relação ao café, vimos na última aula que os governos da República Velha empreenderam diversas políticas de valorização do produto, mesmo elas não sendo benéficas a toda a sociedade. Durante o Governo Provisório, houve uma continuidade dessa política, embora algumas diferenças nela tenham colocado um fim ao ciclo vicioso de incentivos estabelecido pela socialização dos custos da Política Café com Leite. De acordo com Rego e Marques (2011), os estoques cada vez mais se avolumavam: em 1930, o volume alcançava impressionantes 18 milhões de sacas estocadas. Além disso, a previsão para a safra do ano seguinte tampouco era animadora, já que seus 17,5 milhões superavam – e muito – a demanda do mercado externo: 9,5 milhões. Para tentar combater isso, o governo inicialmente criou impostos sobre: Café exportado a fim de criar um fundo para comprar o excedente do produto; Cada novo cafeeiro plantado no estado de São Paulo. Outra importante medida foi a destruição dos estoques de café. Entre 1931 e 1938, mais de 70 milhões de sacas foram queimadas, o que, segundo alguns historiadores, equivalia a três anos do consumo mundial do produto! Esta foi a única saída encontrada para forçar o aumento dos preços do produto no mercado internacional. Na verdade, a ideia já era defendida desde o início do século, quando Vicente de Carvalho, um poeta e político de Santos, sugeriu que os grãos de café de má qualidade fossem queimados a fim de diminuir a oferta do produto no mercado internacional e elevar o seu padrão. Ações De Combate Aos Conflitos Sociais: Getúlio Vargas procurou harmonizar os interesses dos que haviam apoiado o golpe de 1930 com as elites e os novos movimentos que haviam surgido no período, como trabalhadores da indústria, militares e a oligarquia agrária. A figura a seguir ilustra as principais medidas tomadas por Vargas para superar os dois principais problemas do Brasil durante o Governo Provisório: Superprodução do Café: 1) - Aumentou o tributo para as áreas cultivadas e a exportação. 2)- Comprou o excedente da produção a preço de custo. 3)- Queimou os estoques de café. Embates Sociais: 1) - Fomentou a industrialização e estabeleceu direitos trabalhistas. 2)- Nomeou tenentes como interventores regionais.3) - Não estendeu os direitos trabalhistas aos trabalhadores do campo. Como detinha poderes quase ilimitados, Getúlio Vargas tomou várias medidas de modernização do país, como a criação dos ministérios do Trabalho, da Indústria e Comércio, da Educação e da Saúde, além de nomear alguns interventores federais. No entanto, ao não deixar claro à população quando o Brasil voltaria ao regime de república presidencialista, acabou incentivando a ocorrência de novos conflitos, como o da Revolução de 1932. A revolução paulista exigia o fim do Governo Provisório de Vargas. O conflito armado com as forças federalistas foi responsável pela morte de 900 brasileiros. Somente em 1934, com a promulgação de uma nova Constituição, foi realizada a primeira eleição após o golpe realizado quatro anos antes. O documento trazia algumas novidades, como a instituição do voto secreto, do ensino primário obrigatório e do sufrágio feminino, além de várias leis trabalhistas. Entretanto, Getúlio Vargas também determinou, pela nova Constituição, quea primeira eleição para presidente deveria ocorrer por voto indireto dos membros da Assembleia Constituinte. De acordo com Braga e Silva (2016), isso favoreceu a candidatura do próprio Vargas por conta do seu prestígio político. COMENTÁRIO: Talvez você esteja lamentando tamanho desperdício do café ou até mesmo se perguntando: por que não o distribuíam aos necessitados em vez de queimá-lo? A resposta não é muito alentadora: se fosse distribuído, o café perderia ainda mais o seu valor, não atendendo aos objetivos do governo sobre a elevação do seu preço. HOUVE AINDA DIVERSAS PROPOSTAS PARA O APROVEITAMENTO DO PRODUTO. COMENTÁRIO: Em 3 de janeiro de 1932, o jornal Folha da Manhã anunciava a experiência de aproveitamento do café como combustível nas locomotivas da Central do Brasil: “Partiu um trem de carga com 610 toneladas de peso, utilizando a locomotiva café como combustível. O percurso foi vencido em duas horas e dez minutos, sem quebra de pressão, gastando 2.912 quilos de café”. (GERODETTI; CORNEJO, 2001, p. 77) Segundo Rego e Marques (2011), diferentemente das ações realizadas pela Política Café com Leite durante a República Velha, as adotadas pelo Governo Provisório (a tributação de exportações e novas plantações de café aliada às desvalorizações cambiais) seguraram parte do preço do produto sem estimular sua oferta ao mesmo tempo em que contribuíram para que o café perdesse espaço entre as exportações brasileiras. Consequentemente, isso aumentou a variedade de itens exportados. Período Constitucionalista (1934–1937): Ao fim do Governo Provisório, teve início o mandato constitucional de um mesmo presidente: Getúlio Vargas, assim, ficaria pelo menos mais quatro anos no poder. O período agora era marcado pela preocupação de Vargas com o surgimento de duas vertentes políticas extremistas que passaram a influenciar a sociedade brasileira:
AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA (AIB): Corrente de direita liderada por Plínio Salgado; Contra o Comunismo e o Liberalismo; influenciada pelo Nazismo e pelo Fascismo.
ALIANÇA NACIONAL LIBERTADORA (ANL), CRIADA PELO PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB): Corrente de esquerda liderada por Luís Carlos Prestes e Olga Prestes; Defendia o fim dos latifúndios e a moratória da dívida externa; Patrocinada pelo regime comunista da União Soviética. 
Braga e Silva (2016) destacam que, a despeito de suas ideias consideradas radicais, o partido da AIB chegou a ter mais de 1 milhão de afiliados, enquanto o da ANL reunia quase 400 mil adeptos! Em 1935, Luís Carlos Prestes, líder da ANL, tentou, com o apoio soviético, dar um golpe de estado conhecido como Intentona Comunista. No entanto, suas intenções logo foram frustradas: a tentativa acabou na sua prisão e na de outros membros do partido. De acordo com a Constituição de 1934, Vargas não poderia ser reeleito. Porém, com o fim de seu mandato se aproximando, ele conseguiu se aproveitar do temor da sociedade brasileira de que um regime comunista se instaurasse no Brasil. Para isso, engenhosamente forjou o “Plano Cohen”, segundo o qual os comunistas estariam preparando uma revolução maior e mais bem planejada que a de 1935. Após a experiência vivida com a Intentona Comunista, não foi difícil para a sociedade brasileira acreditar na veracidade do plano. Os militares e boa parte da classe média passaram a apoiar um estado mais forte e resistente à imposição de um governo comunista. Com esse espírito, Getúlio Vargas conseguiu derrubar a Constituição de 1934 e declarar o Estado Novo, um governo de caráter ditatorial. Estado Novo (1937–1945): Contexto Político: O governo ditatorial de Getúlio Vargas possuiu algumas características principais: 1) – Censura e Repressão, 2) – Paternalismo e Nacionalismo 3) – Fomento à Industria 4) - Intervencionismo Estatal. 
Para conter movimentos contrários ao seu governo, Vargas criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), cujo objetivo era censurar as atividades de qualquer mídia e projetar a sua imagem como a do “pai dos pobres” e “salvador da pátria”. Ele também estabeleceu a repressão contra os seus opositores políticos, o que incluía prisão, tortura e assassinato. Do ponto de vista político, tudo parecia estar sob controle; entretanto, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) atrapalhou os planos de Vargas. Inicialmente neutro em virtude das relações comerciais do Brasil tanto com os Estados Unidos quanto com a Alemanha, ele precisou, por conta de pressões internacionais, se posicionar contra os países do eixo (Alemanha, Itália e Japão). A postura a favor dos aliados somente foi oficializada em 1942, quando navios brasileiros teriam sido atacados por submarinos alemães. O envio de brasileiros a terras estrangeiras para enfrentar regimes autoritários manchou a popularidade do “ditador simpático”, provocando o Início De Movimentos (O Manifesto dos Mineiros foi um documento de 1943 que continha a assinatura de 76 políticos, intelectuais e empresários de Minas Gerais exigindo a redemocratização do país.) internos contrários ao seu governo. Para se esquivar, Vargas tentava passar uma imagem de líder bondoso, concedendo anistias a presos políticos e permitindo e reorganização partidária, inclusive o restabelecimento do PCB, mas nada disso adiantou: com a pressão dos seus antigos aliados, Getúlio Vargas renunciou em 29 de outubro de 1945, pondo um fim aos 15 anos da Era Vargas (em 1951, ele ainda retornou ao posto da presidência do país por meio do voto popular). Contexto econômico; O intervencionismo iniciado em 1930 foi intensificado durante o Estado Novo por conta das seguintes medidas: Plano industrializante do governo; Propósito em diversificação das exportações; Setor primário. Houve ainda a criação de uma série de órgãos administrativos, como o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), que era responsável por recrutar funcionários públicos por meio de concursos. Outros estavam ligados à indústria, às riquezas estratégias e à racionalização administrativa e de tomada de decisões. Contudo, mesmo com tais medidas, a economia brasileira desacelerou, especialmente entre 1939 e 1942. Para Rego e Marques (2011), o motivo provavelmente residia nas dificuldades de importações decorrentes da Segunda Guerra Mundial; dessa forma, o setor só voltou a crescer a partir de 1942. O processo de industrialização no Brasil tampouco estava completo, já que as indústrias de bens de capital e de bens intermediários ainda era incipiente. O único caminho para a implantação de grandes projetos de indústrias de bens de produção no país era por meio da ação estatal – e este foi um dos propósitos do governo de Getúlio Vargas. Durante o Estado Novo, Vargas tentou incentivar a indústria nacional ao conceder incentivos fiscais e proibir greves, além de outras medidas, o que favoreceu as indústrias de base, como a siderúrgica. De acordo com Rego e Marques (2010), a instauração deste período ditatorial concentrou no governo central a maior soma de poderes desde a independência do Brasil. Suas medidas eram, portanto, uma tentativa de afirmação de um projeto nacional. Dessa maneira, o papel do Estado naturalmente era o de induzir o desenvolvimento industrial com: criação de agências governamentais reguladoras da atividade econômica; estabelecimento de nova legislação trabalhista; ação como produtor, como a construção da usina siderúrgica de Volta Redonda ( Sua construção foi um marco da época por haver inaugurado a tendência de forte presença do Estado na produção de matéria-prima básica. Trata-se, aliás, de uma das marcas importantes do processo de substituição de importações no Brasil.) Vimos os acontecimentos políticos que permearam o período do ciclo do café. Paralelamente, abordamos também outro ponto importante: com o fim dos incentivos tarifários concedidos às mercadorias inglesas, surgiria uma oportunidade para o nascimento da indústria no Brasil. Aprendemos como as crises do café, mais especificamente a da década de 1930, foram fundamentais para a industrialização do Brasil. Dessa forma, vimos que o crescimento

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