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INFANTIL| NICOLI MICAELLE Prevenção e Controle da Cárie e Doença Periodontal ❖ A prevenção conjunta dessas doenças se baseia em hipótese de etiologia integrativa ❖ As doenças carie e periodontal tem origens interrelacionadas, pois são mediadas por higiene e acúmulo de biofilme ❖ Ocorre devido a um desequilíbrio gerado pela disbiose do meio oral ETIOLOGIA • A tríade de Keys, que cita hospedeiro, dieta cariogênica e microrganismos como os fatores que determinam, já não é mais reconhecida como o modelo explicativo • Atualmente, se considera de extrema importância entender os níveis de risco de cárie de cada paciente (alto, moderado e baixo), os fatores confundidores e moduladores • Um fator em comum que aumenta o surgimento dessas doenças é a sacarose FATORES PATOLÓGICOS • Consumo frequente de açúcar • Nível de fluoreto inadequado • Higiene inadequada • Disfunção salivar • Desmineralização, onde ocorre uma progressão da lesão FATORES PROTETORES • Dieta saudável • Escovação com fluoreto, 2x ao dia • Aplicação tópica de fluoretos • Aplicação terapêutica e preventiva de selantes • Função salivar normal • Remineralização, onde há uma pausa da progressão ou erradicação da lesão CÁRIE NA PRIMEIRA INFÂNCIA • Já teve outras nomenclaturas, que não são mais utilizadas • Cárie de mamadeira: essa expressão não é mais utilizada, pois o problema da carie INFANTIL| NICOLI MICAELLE não é a mamadeira, visto que se a criança tomar água após beber leite, o risco é reduzido • Cárie rampante: era conhecida assim devido ao seu formato “em rampa” da lesão, que gerava uma destruição total da coroa • Cárie precoce na infância: a palavra “precoce” não se aplica a essa situação de lesão de cárie, pois por ter precoce implica que deve ocorrer em algum momento no futuro, mas a doença cárie não deve ocorrer • Sendo assim, a expressão cárie na primeira infância é amplamente utilizada atualmente para definir a lesão de carie que ocorre antes dos 4 anos AÇÕES INTEGRADAS CONTRA A CÁRIE NA PRIMEIRA INFÂNCIA CONSCIENTIZAR SOBRE CÁRIE NA PRIMEIRA INFÂNCIA • Envolve todos os profissionais da saúde e família/responsáveis pela criança LIMITAR O CONSUMO DE AÇUCAR • Limitar tanto em alimentos, como em bebidas • Evitar açucares livres para crianças com menos de 2 anos ESCOVAR OS DENTES DUAS VEZES POR DIA • Deve ser feita com dentifrício fluoretado (1000ppm de flúor) • Quantidade adequada, sendo um grão de ervilha FORNECER AS PRIMEIRAS ORIENTAÇÕES PREVENTIVAS • Devem ser dadas por um profissional da saúde ou agente comunitário • Referir para um dentista para manutenção e cuidados preventivos • Essencial fornecer essas informações já no primeiro contato com o paciente e seus responsáveis RISCO INDIVIDUAL DE CÁRIE • O risco pode ser baixo, moderado ou alto • É preciso conhecer o grau de risco (baixo, moderado ou alto) do paciente, pois ajudam na decisão clínica de tratamento INFANTIL| NICOLI MICAELLE • Um paciente que apresenta risco baixo ou moderado pode ser submetido a meios de remineralização dental, e, em casos de sucesso, a saúde oral deve ser monitorada • Um paciente que apresenta alto risco, deve ser submetido a procedimentos restauradores, pois a remineralização não é suficiente para reverter o quadro do paciente, e caso não seja restaurada irá progredir para um quadro endodôntico FATORES ETIOLÓGICOS DA CÁRIE • Bactérias, tempo, dente e substrato • Fator socioeconômico (local e ambiente onde a criança está inserida) • Higiene, medicamentos e flúor • Pacientes com necessidades especiais (dependência total ou parcial de terceiros) • Educação dos responsáveis e da criança NÍVEL PRIMÁRIO DE PREVENÇÃO • Quando a superfície do dente está hígida e se evita o surgimento de manchas brancas, através da aplicação tópica de flúor e selantes NÍVEL SECUNDÁRIO DE PREVENÇÃO • Se evita que a mancha branca evolua para uma cavidade NÍVEL TERCIÁRIO DE PREVENÇÃO • Se evita que a cavidade evolua para uma condição pulpar, perda do dente ou que afete os dentes vizinhos CICLO DE VIDA DA DOENÇA PERIODONTAL • A falta de higiene, independentemente da idade, faz com que ocorra a doença periodontal • Em relação ao tempo pode-se citar a maturação do biofilme dental, onde na fase inicial estão presentes microrganismos cocos, aeróbios e gram positivos no biofilme, que, com o tempo, passa a apresentar microrganismos espiroquetas, anaeróbios, gram negativos, caracterizando o biofilme como agressivo FATORES DA DOENÇA PERIODONTAL • Fatores determinantes, modificadores e predisponentes INFANTIL| NICOLI MICAELLE • Estágio eruptivo: perturba o organismo, pois permite o acúmulo de biofilme abaixo do tecido gengival, na pseudobolsa, gerando uma zona para maturação do biofilme e irritação gengival • Uso de aparelho ortodôntico: promove a retenção de biofilme e faz com que haja associação com a doença periodontal • Diabetes tipo I: apresentam mais chances de ter um status de higiene oral pior devido ao acumulo de biofilme e particularidades, como o estado hiperglicêmico no sulco gengival NÍVEL PRIMÁRIO DE PREVENÇÃO • Tem como objetivo manter a gengiva saudável NÍVEL SECUNDÁRIO DE PREVENÇÃO • Tem como objetivo controlar a gengivite para que não avance para uma periodontite NÍVEL TERCIÁRIO DE PREVENÇÃO • Tem como objetivo frear a periodontite avançada para que não haja perda dentaria MÉTODOS DE PREVENÇÃO DA CÁRIE E DA DOENÇA PERIODONTAL • A prevenção das doenças ocorre pelo controle dos fatores etiológicos, controle da dieta, uso racional de sacarose e controle do biofilme por meios químicos e mecânicos CONTROLE DOS FATORES ETIOLÓGICOS • É importante informar ao paciente e responsáveis sobre o surgimento da lesão de carie e como preveni-la • Ensinar a escovar os dentes, avaliar o dentifrício que está sendo utilizado, explicar ao responsável que os dentes decíduos também merecem atenção CONTROLE DA DIETA • A dieta afeta o equilíbrio ou desequilíbrio de minerais na estrutura dental, o que pode levar a lesão de carie INFANTIL| NICOLI MICAELLE • Como dentistas, não estamos preparados o suficiente para intervir na dieta dos pacientes • Podemos educar os responsáveis e explicar os fatores dietéticos que influenciam na doença periodontal e lesão de cárie • Nunca exigir mudanças, devido a fatores socioeconômicos e culturais • Frequência: após cada refeição o paciente deve escovar os dentes • Oportunidade: as crianças não deixam de consumir açúcar, então a oportunidade de consumir deve ser frisada e seguida de escovação • Consistência: dependendo da consistência da alimentação, o açúcar fica por mais tempo na superfície dentária • Açúcares embutidos • Recordatórios de dieta: recordatórios de 3 a 7 dias CONTROLE MECÂNICO DO BIOFILME • Depende da frequência, tipo de escova, técnica utilizada e controle motor • De todos esses fatores, o único que apresenta evidencia cientifica é o controle motor • O controle de biofilme para dentes que estão erupcionando deve ser mais rigoroso, com modificações da técnica de escovação • Enquanto os dentes erupcionados tem sua superfície oclusal escovada em um movimento anteroposterior, a escovação dos dentes que ainda estão erupcionando ocorre de maneira horizontal em sentido laterolateral CONTROLE QUÍMICO DO BIOFILME • Pode ser controlado através da clorexidina 0,12% MANUTENÇÃO E CONTROLE • É a volta do paciente para a manutenção e controle de sua saúde • O retorno do paciente depende dos riscos individualizados de carie de cada um FLUORETOS • O flúor é o elemento mais eletronegativado da tabela periódica • Tem extrema facilidade de se unir a outro flúor, formando um gás • A substancia química que é aplicada nos dentes dos pacientes é o fluoreto (flúor, cálcioe outros elementos menos eletronegativos) INFANTIL| NICOLI MICAELLE • O mecanismo de ação do flúor diminui a desmineralização, ativa a remineralização e diminui o pH critico e produção acida, interferindo na adesão bacteriana DIMINUIÇÃO DA DESMINERALIZAÇÃO • Ocorre devido a precipitação da apatita fluoretada (FA) que precipita primeiro, sendo essa mais insolúvel que a hidroxiapatita (HA) • Quando ocorre uma desmineralização da superfície, a apatita fluoretada se precipita primeiro na lesão, trazendo consigo, do meio, o cálcio e o fosfato, evitando que ocorra mais desmineralização ATIVAÇÃO DA DESMINERALIZAÇÃO • Ocorre quando o pH volta a normalidade e o fluoreto de cálcio presente na saliva precipita a lesão, trazendo consigo, da saliva, cálcio, flúor e fosforo • Quando não há fluoretos presente na saliva, o esmalte passa a desmineralizar em um pH de 5,5 e a dentina em um pH de 6,7 • Se há fluoretos no meio, é necessário um pH mais acido para desmineralizar os tecidos MITOS DO FLUORETO • Mecanismo de ação sistêmica: o mecanismo é sempre por meio tópico, mesmo que seja engolido, retorna a cavidade oral através das glândulas salivares • Quantidade excessiva de fluoreto interfere na solubilidade: não interfere, pois apenas 10% do fluoreto é incorporado a apatita fluoretada • Os fluoretos possuem atividades antimicrobianas a nível clinico: isso não ocorre, a ação antimicrobiana é a nível experimental, numa concentração tão alta que seria tóxico ao ser humano • O fluoreto deixa o dente mais forte: um dente hígido continuará com os mesmos níveis de dureza com ou sem o fluoreto, ele só faz o processo de remineralização em dentes que já sofreram desmineralização, nunca superando a resistência de um dente hígido VERDADES DO FLUORETO • O paciente não precisa esperar 30 minutos para comer ou beber após aplicação tópica de flúor • Dentes com fluorose podem receber fluoretos sem aumentar o risco da lesão, pois é um defeito de esmalte que ocorreu na fase de odontogênese INFANTIL| NICOLI MICAELLE • Dentes com fluorose não são mais suscetíveis a carie • Fluoretos por si só não previvem o surgimento da cárie APLICAÇÃO DOS FLUORETOS POR MEIO COLETIVO • Há uma redução de 60% nos níveis de carie quando a água é fluoretada, numa concentração de 0,7-1ppmF • A fluoretação das águas é um processo que necessita de continuidade para que o flúor possa agir no meio oral • Os municípios mais pobres não têm água fluoretada disponível APLICAÇÃO DOS FLUORETOS POR MEIO INDIVIDUAL • A escovação com dentifrício fluoretado é considerada um meio mais racional de utilização de fluoretos • A quantidade de dentifrício utilizada para pacientes menores de 3 anos deve ser aproximadamente um grão de arroz, e para maiores de 3 anos deve ser um grão de ervilha APLICAÇÃO DOS FLUORETOS POR MEIO PROFISSIONAL • Aplicação tópica de géis de flúor neutro e flúor fosfatado acidulado (para o acidulado, não há necessidade de realizar profilaxia antes da aplicação) • O verniz fluoretado necessita de profilaxia previa a sua aplicação, devendo secar bem o dente, aplicar e esperar o produto secar e formar uma película • Em casos de alto risco de carie, é mais interessante aplicar um diamino de fluoreto de prata, um material nas concentrações de 12% ou 30% XYLITOL • É um açúcar invertido que promove a redução da quantidade do biofilme pela perturbação do metabolismo das bactérias • Há poucos estudos e evidencias de comprovação na literatura FOSFATO DE CÁLCIO ESTABILIZADO COM CASEÍNA • É um produto que reverte lesões de carie ativa pela deposição de fosfato e cálcio • Quando indicado, deve ser esfregado no dente e o excesso é removido sem água • Não pode ser administrado em pacientes com alergia a leite INFANTIL| NICOLI MICAELLE ARGININA • É uma enzima que transforma ácido em amônia • Conhecida como “neutraçucar” • Esta contida em alguns dentifrícios em uma concentração de 1,5% e deve ser utilizada 2x ao dia • Sua ação envolve o aumento do pH, favorecendo a remineralização SELANTES • Depende da pessoa, da técnica e do material utilizado PESSOAS • Risco individual do paciente: não é indicado para pacientes com baixo risco de carie • Motivação: o paciente precisa ter motivação para escovar os dentes • Tipo de dente: primeiros e segundos molares apresentam superfícies que precisam mais de selantes, já os decíduos apresentam sulcos menos profundos e por isso precisam de menos selantes • Morfologia/erupção dos dentes: o estado de erupção dita qual o selante utilizar, se for o resinoso precisa de isolamento absoluto ou relativo, já o ionomérico é utilizado geralmente em casos em que o isolamento não é possível de ser realizado TÉCNICA • Isolamento absoluto • Isolamento relativo em casos de impossibilidade de isolamento absoluto • Sonda exploradora deve ser utilizada para tentar remover o selante após a sua aplicação e para verificar a retenção do selante na superfície do dente MATERIAIS UTILIZADOS • Selante resinoso: deve ser aplicado com isolamento absoluto ou relativo, e nem sempre pode ser feito devido ao estado de erupção do dente • Selante ionomérico (CIV): é geralmente aplicado em casos em que o isolamento não é possível de ser realizado • Laser de baixa potência: pode selar a superfície do dente • Não há diferença de eficácia entre selantes resinosos e CIV
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