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Indaial – 2019 Habilidades em língua espanHola iii Prof.a Mara Gonzalez Bezerra Prof.a Elaine Hoffmann Prof. Carlos Rodrigo de Oliveira 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof.a Mara Gonzalez Bezerra Prof.a Elaine Hoffmann Prof. Carlos Rodrigo de Oliveira Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: B574h Bezerra, Mara Gonzalez Habilidades em língua espanhola III. / Mara Gonzalez Bezerra; Elaine Hoffmann; Carlos Rodrigo de Oliveira. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 207 p.; il. ISBN 978-85-515-0363-8 1. Língua espanhola. - Brasil. I. Bezerra, Mara Gonzalez. II. Hoffmann, Elaine. III. Oliveira, Carlos Rodrigo de. IV. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 460 III apresentação Caro acadêmico, ao longo deste livro apresentamos algumas reflexões e contribuições para um licenciado em Letras Espanhol. A leitura e escrita em língua espanhola, e os diversos gêneros e suportes, assim como as tecnologias digitais tem o objetivo de aprimorar e acrescentar mais conhecimento sobre a língua, e colaborar com a prática docente na hora de organizar e priorizar materiais para a aula de LE. A maioria dos temas abordados são pistas que irão indicar caminhos para futuras pesquisas e enriquecimento do conhecimento. Esperamos que este material seja de bom proveito para você! Na Unidade 1 iremos estudar gêneros discursivos e seus suportes, assim como identificar atividades que requerem conhecimento digital e pesquisa em plataformas virtuais. Ao longo das unidades, e como reflexão, retomamos conceitos importantes para pensar leitura, escrita e atividades práticas para desenvolver habilidades próprias da língua espanhola. Na unidade 2, abordaremos a evolução das tecnologias e o seu lugar na sociedade atual. Além disso, faremos uma análise sobre a linguagem digital e o seu reflexo na educação e no ensino de língua espanhola. Finalizamos a unidade discutindo o conceito de letramento dentro dessa realidade tecnológica. Na unidade 3 fazemos uma apresentação sobre o que são metodologias ativas e quais as vantagens de utilizá-las no ensino da Língua Espanhola. Na sequência, apresentamos como se caracterizam algumas dessas metodologias, como: sala de aula invertida, gamificação, brainstorming e brainwriting, bem como trazemos exemplos de atividades práticas com essas metodologias. Tratamos também sobre o ensino a partir da resolução de problemas, aprendizagem colaborativa, avaliação formativa e o uso de ferramentas tecnológicas no ensino-aprendizagem de espanhol como língua estrangeira. Assim, a cada unidade, você saberá mais como desenvolver habilidades em língua espanhola e acompanha com as leituras e dicas durante a aprendizagem da língua, os aspectos de cunho social, cultural e políticos que são inerentes à uma língua estrangeira. Desejamos também o enriquecimento social e cultural com a contribuição do hispanismo nas diversas áreas do conhecimento que fazem parte da graduação de Letras – Língua Espanhola. Bons estudos! Mara Gonzalez Bezerra Elaine Hoffmann Carlos Rodrigo de Oliveira IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI VII UNIDADE 1 – A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA ................................................................ 1 TÓPICO 1 – A LEITURA E A INTERAÇÃO ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR .................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 O LEITOR E A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA ............................................................... 3 3 O PROFESSOR COMO CRÍTICO E FORMADOR DE OPINIÃO ............................................. 9 4 A PRÁTICA DA LEITURA COMO EXPERIÊNCIA DE APRENDIZAGEM ............................ 11 5 A PRÁTICA DE ENSINO DE LEITURA A PARTIR DE TEXTOS LITERÁRIOS.................... 13 5.1 PROPOSTA DE EXERCÍCIO DE COMPREENSÃO LEITORA ............................................... 15 5.1.1 Busca por Dicionário e Corpus ........................................................................................... 16 5.1.2 Busca por Verbete no Dicionário RAE ................................................................................. 17 5.1.3 Pesquisa de verbete em Corpus bilíngue e monolíngue ................................................... 18 5.1.4 Procurar por imagem em Periódicos .................................................................................. 23 5.1.5 Pesquisa de contexto social, histórico e cultural ................................................................ 24 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 29 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 30 TÓPICO 2 – A LEITURA COMO ATIVIDADE SOCIOCULTURAL ............................................ 33 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33 2 A CONTRIBUIÇÃO DA PRAGMÁTICA NA MEDIAÇÃO DA LEITURA ............................ 33 3 A CONSTRUÇÃO DA EXPERIÊNCIA LEITORA EM LÍNGUA ESPANHOLA ..................... 37 4 A LÍNGUA ESPANHOLA E SUAS VARIAÇÕES NAS HABILIDADES LEITORA, ESCRITA, FALA E AUDIÇÃO ....................................................................................... 41 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 48 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 49 TÓPICO 3 – A ESCRITA NA PERSPECTIVA DOS GÊNEROS DISCURSIVOS ....................... 51 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................51 2 AS CARACTERÍSTICAS DOS GÊNEROS DISCURSIVOS EM LÍNGUA ESPANHOLA ... 51 3 A PRÁTICA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA (SD) COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO .......... 56 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 67 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 68 UNIDADE 2 – A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA NA ERA DA TECNOLOGIA ........... 71 TÓPICO 1 – TECNOLOGIA E SOCIEDADE ..................................................................................... 73 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 73 2 DE QUE TECNOLOGIA ESTAMOS FALANDO? ......................................................................... 73 2.1 O COMPUTADOR ........................................................................................................................... 75 2.2 A INTERNET .................................................................................................................................... 76 2.3 O CELULAR ..................................................................................................................................... 77 3 TECNOLOGIAS DIGITAIS E SOCIEDADE CAMINHAM JUNTAS ....................................... 78 4 A PRÁTICA DE LEITURA E ESCRITA NA ERA TECNOLÓGICA ........................................... 80 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 84 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 85 sumário VIII TÓPICO 2 – OS TEXTOS DIGITAIS .................................................................................................89 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................89 2 NOVOS GÊNEROS TEXTUAIS E FORMAS DE COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA ....89 3 A MULTIMODALIDADE DISCURSIVA ......................................................................................91 4 HIPERTEXTO ......................................................................................................................................93 5 USANDO A INTERNET A FAVOR DA APRENDIZAGEM ......................................................96 5.1 REDES SOCIAIS .............................................................................................................................97 5.2 BLOGS ............................................................................................................................................99 6 FERRAMENTAS DIGITAIS PARA LEITURA ..............................................................................100 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................102 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................103 TÓPICO 3 – LETRAMENTO: LER E COMPREENDER PARA ALÉM DOS TEXTOS DIGITAIS ........................................................................................................107 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................107 2 O CONCEITO DE LETRAMENTO .................................................................................................107 3 LETRAMENTO DIGITAL .................................................................................................................110 4 O LETRAMENTO VISUAL ..............................................................................................................113 5 LETRAMENTO CRÍTICO .................................................................................................................114 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................117 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................118 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................119 UNIDADE 3 – METODOLOGIAS ATIVAS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESPANHOLA ................................123 TÓPICO 1 – METODOLOGIAS ATIVAS NO ENSINO DE E/LE ................................................125 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................125 2 ASPECTOS HISTÓRICOS................................................................................................................126 3 METODOLOGIAS ATIVAS: O QUE SÃO? ..................................................................................128 4 MOTIVOS PARA USAR METODOLOGIAS ATIVAS NO ENSINO DE E/LE ......................132 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................137 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................138 TÓPICO 2 – ESTRATÉGIAS E METODOLOGIAS ATIVAS PARA O ENSINO DE E/LE .......................................................................................................141 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................141 2 ENSINO HÍBRIDO.............................................................................................................................142 3 LITERATURA, LEITURA E EXPRESSÃO ORAL ATRAVÉS DO ENSINO HÍBRIDO ........146 4 SALA DE AULA INVERTIDA .........................................................................................................153 5 GAMIFICAÇÃO .................................................................................................................................159 5.1 CARACTERÍSTICAS DA GAMIFICAÇÃO ...............................................................................161 5.2 USO DO KAHOOT EM SALA DE AULA ..................................................................................162 5.3 JOGOS NARRATIVOS NO DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE ................................163 6 BRAINSTORMING E BRAINWRITING ......................................................................................164 6.1 ALGUNS CUIDADOS PARA UM BRAINSTORMING DE SUCESSO..................................166 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................171 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................172 TÓPICO 3 – PROBLEMATIZAÇÃO, APRENDIZAGEM COLABORATIVA E FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS .......................................................................175 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................175 IX 2 ENSINO-APRENDIZAGEM A PARTIR DA PROBLEMATIZAÇÃO E AVALIAÇÃO FORMATIVA .............................................................................................................176 3 APRENDIZAGEM COLABORATIVA ............................................................................................180 3.1 APRENDIZAGEM VIA WHATSAPP E SKYPE .......................................................................183 3.2 APRENDIZAGEM EM TANDEM ...............................................................................................189LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................194 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................197 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................198 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................201 X 1 UNIDADE 1 A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • entender a importância da mediação do professor para as escolhas de atividades de leitura; • valorizar a leitura como uma atividade social; • identificar os diversos gêneros discursivos e textuais e as tecnologias que dão suporte; • analisar a proposta de uma Sequência Didática – SD; • comparar atividades que desenvolvem habilidade oral e escrita em língua espanhola. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – A LEITURA E A INTERAÇÃO ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR TÓPICO 2 – A LEITURA COMO ATIVIDADE SOCIOCULTURAL TÓPICO 3 – A ESCRITA NA PERSPECTIVA DOS GÊNEROS DISCURSIVOS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 A LEITURA E A INTERAÇÃO ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, abordaremos a discussão sobre a compreensão da língua espanhola além de uma compreensão lexical ou gramatical. O convite é para incentivar a prática. A partir de atividades sugeridas, esperamos o aprofundamento de duas habilidades essenciais para o aprendiz de LE, a prática da compreensão leitora e oral, assim como aprimorar a escrita. Sabemos da importância de incentivar a prática oral, pois saber ouvir e falar exige dedicação quando se trata da língua estrangeira. O estudo não se esgota aqui e desejamos que, a partir das pistas oferecidas, você possa desenvolver e aprofundar suas pesquisas e habilidades em língua espanhola. 2 O LEITOR E A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA Neste subtópico será discutida a leitura como um fator importante para desenvolver em conjunto diversas habilidades na aprendizagem da língua espanhola. O curso está desenhado, principalmente, para futuros licenciados em Letras, mas também abre um leque para outras profissões que a cada dia crescem no mercado de trabalho. Entre elas a de revisor de textos, tradutor, editor de livros e revistas, curadoria de produtos artísticos, entre outras opções que vão além do magistério para as quais a aprendizagem da língua se torna um fator essencial. Mas, nesta unidade, iremos destacar um ponto em comum aos profissionais das Letras, a importância da compreensão leitora. No ensino e aprendizagem, o desenvolvimento da capacidade de ler e entender os diversos gêneros textuais e suportes são importantes para o sucesso do letrólogo. Aprender lendo, além de divertido e do prazer que proporciona, é um excelente caminho para cada um ampliar a sua competência leitora. Independentemente do estágio linguístico, ou nível que a pessoa se encontre, sempre se agregará maior conhecimento, tanto para estudos como para o lazer. O leitor precisa se dar conta do protagonismo que exerce quando realiza uma leitura e quando seleciona um texto para sua própria leitura ou para outros. UNIDADE 1 | A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA 4 A leitura sempre esteve nos planos de desenvolvimento educacional do Ministério de Educação e Cultura do Brasil – MEC – até recentemente eram os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira (PCNLE) que orientavam os temas destinados especialmente para a escola básica. Em 2018, se substituem os PCN pela BNCC – a Base Nacional Curricular Comum, porém continua com a mesma preocupação de afirmar a necessidade da competência leitora como prioridade para o ensino de uma língua materna e/ou estrangeira. A BNCC ainda evidencia a importância de aplicar as tecnologias na aprendizagem. Saber usar as novas tecnologias digitais traz um resultado inovador para as aulas, além de envolver os estudantes. DICAS Você pode conhecer a BNCC, suas orientações e as diretrizes do MEC, sobre a área de Linguagens e sua aprendizagem, esperadas para o Ensino Fundamental e Médio, em que são descritas as competências específicas e habilidades para os níveis de ensino. As diretrizes sobre leitura são amplas e incluem os mais diversos gêneros e estratégias de aprendizagem, mas perceba que a BNCC contempla como língua estrangeira apenas o inglês, porém a escola que desejar terá a opção de oferecer o espanhol também como língua estrangeira em sua grade curricular. Basta realizar o download pelo endereço: http:// basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. O aprendiz de língua estrangeira que objetiva se tornar um docente de língua espanhola se preocupará em desenvolver um conhecimento teórico e ao mesmo tempo prático sobre aquisição de língua e, neste caso, desenvolver competência leitora em níveis mais avançados. A BNCC ratifica e complementa os PCNEM de 1999 (Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio) sobre o que importa na aprendizagem do aluno a respeito da língua estrangeira: O caráter prático do ensino da língua estrangeira permite a produção de informação e o acesso a ela, o fazer e o buscar autônomos, o diálogo e a partilha com semelhantes e diferentes. Para isso, o foco do aprendizado deve centrar-se na função comunicativa por excelência, visando prioritariamente a leitura e a compreensão de textos verbais orais e escritos – portanto, a comunicação em diferentes situações da vida cotidiana (BRASIL, 1999, p. 93). Ao utilizar um texto em língua estrangeira apenas como pretexto para conhecimento gramatical, especialmente as categorias morfológicas, se despreza as muitas oportunidades de ampliar para o estudante o conhecimento em outras áreas de saberes. TÓPICO 1 | A LEITURA E A INTERAÇÃO ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR 5 DICAS Leia as diretrizes sobre Língua Estrangeira Moderna do PCNEM de 1999 (Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio) disponível no site: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/pcn/linguagens02.pdf Um curso de Letras, seja de qualquer língua, oferece diversas áreas de conhecimento, e, por conseguinte, um texto se situa nestas diversas áreas: • Tradução. • Linguística. • Literatura. Assim, na formação docente se procura apresentar atividades que façam pontes entre a teoria e a prática. Isso se torna um constante desafio para o professor. Durante um curso de Letras se fala muito de teoria e da importância da prática. De forma simples, significa dizer que, o que se sabe sobre a língua, como se organiza e como se utiliza o conhecimento alcançado, adquire um distanciamento relevante do que se aprende teoricamente. FIGURA 1 – TEORIA E PRÁTICA TEORIA PRÁTICA FONTE: <https://demonstre.com/wp-content/uploads/2018/07/immagine_teoria-pratica1.png>. Acesso em: 20 mar. 2019 Assim, apresentar atividades que façam pontes entre a teoria e a prática é o constante desafio para o professor. Estimular um estudante a entender como pressupostos teóricos se aplicam em uma resolução de tarefa ou são relacionados ao estudo de uma língua estrangeira o aproxima do seu objeto de estudo e dão sentido ao que ele estuda e realiza como aprendiz. UNIDADE 1 | A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA 6 Por isso, não basta saber uma regra gramatical ou ter um vasto vocabulário, para falar a língua estrangeira é necessário saber mais. A estrutura e vocabulário se adquire com uma prática assentada sobre o que aprendemos teoricamente também. Em primeiro lugar é preciso se referir àquilo que configura a prática. Os processos educativos são suficientemente complexos para que não seja fácil reconhecer todosos fatores que os definem. A estrutura da prática obedece a múltiplos determinantes, tem sua justificação em parâmetros institucionais, organizativos, tradições metodológicas, possibilidades reais dos professores, dos meios e condições físicas existentes, etc. Mas a prática é algo fluido, fugidio, difícil de limitar com coordenadas simples e, além do mais, complexa, já que nela se expressam múltiplos fatores, ideias, valores, hábitos pedagógicos etc. (ZABALA, 2010, p. 16). Uma reflexão, nem sempre consciente, para a maioria das pessoas é sobre como se processa uma aprendizagem e como se planeja uma prática pedagógica do ensino de língua estrangeira. É essencial que os docentes entendam a importância de criar situações reais para incentivar a proficiência dos alunos em experiências de aprendizagem que façam sentido. De acordo com Gómez (1988), não existe apenas um caminho a ser seguido, e sim a busca casada de pesquisa e prática, com o objetivo de refletir sobre o processo de aprendizagem da língua estrangeira. O professor, ao desenvolver a reflexão sobre o fazer em sala de aula, adquire uma visão mais precisa sobre as atividades a serem desenvolvidas para a construção da aprendizagem. A reflexão também permite uma avaliação sobre o que foi realizado. O aluno também participa do processo de reflexão ao avaliar o conjunto de seus estudos e seus resultados próprio e comum. Quando se fala em prática de uma língua, deve-se observar sob que perspectiva teórica, quais objetivos a ser implementados, a metodologia e os resultados esperados. Planejar e implementar são tarefas complexas na prática, por isso uma sugestão é refazer e avaliar quantas vezes seja necessário. Agora que você leu sobre a importância do saber fazer iremos falar de outro conceito importante: O que é leitura, porque definir o tema também é complexo e amplo, até controverso. Para estabelecer um ponto de partida comum: Al tratar de delimitar el concepto de lectura, no hay acuerdo en una definición aceptada por la mayoría de los investigadores, y en la que se especifiquen las conductas incluidas en el término. En cualquier caso, a partir del análisis de un gran número de definiciones dadas por expertos, puede asegurarse que la comprensión de lo leído es una condición indispensable de la lectura. Una vez alcanzada esa comprensión del texto, pueden existir diferencias en los objetivos de la lectura: en el contexto académico, lo más frecuente es el TÓPICO 1 | A LEITURA E A INTERAÇÃO ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR 7 aprendizaje a partir de textos, puesto que la lectura suele ir seguida de alguna modalidad de evaluación; fuera del ámbito escolar, tiende a prevalecer la lectura como diversión o como búsqueda de información (GONZÁLEZ FERNÁNDEZ, 2004, p. 15). Consideramos que um estudante de língua espanhola, a partir da leitura em língua materna, desenvolverá uma habilidade para compreender um texto em língua estrangeira, mas deverá contar também com ferramentas ao seu alcance. Para uma aprendizagem mais eficaz é importante a inclusão das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), e que nas próximas unidades serão mais bem comentadas, pois hoje encontramos na sala de aula o nativo digital diante de um professor, muitas vezes, analógico. Os papéis desenvolvidos no processo de ensino-aprendizagem são em mão dupla, pois ao mesmo tempo que se é falante, também se escreve, se escuta e se lê em uma interlocução em que existe uma atividade complexa e uma interpretação por parte de cada interlocutor envolvido na ação. As tecnologias têm um papel fundamental para mediar experiências de aprendizagem e de ensino de aproximação para estudantes e professores. No Brasil, a pesquisa TIC Educação, cuja última versão, referente ao ano de 2014, foi publicada no início de 2015, indica que 96% dos 1.770 professores entrevistados utilizam recursos digitais para preparar suas aulas e para produzir atividades para os estudantes, a maioria por motivação própria. Porém, mais da metade desses professores afirma que falta preparação para a utilização das TDIC como recursos pedagógicos (BACICH; MORAN, 2018, s.p.) Assim, a ideia de que se ensina à medida que se aprende, nem sempre acontece. Um dos motivos é porque, com as tecnologias a que o aluno digital tem acesso, qualquer discussão textual pode se concentrar em textos e interesses desconhecidos por qualquer docente. Muitos professores ainda são analógicos, salvo poucas exceções, e isto não deve ser causa de desânimo, mas motivação para um professor desenvolver pesquisas sobre novas metodologias e tecnologias de ensino. As pesquisas recentes têm demonstrado que os professores recém- formados (pelas universidades, centros universitários e faculdades isoladas) rendem-se facilmente à cultura da escola, na maioria das vezes abandonando os referenciais da ciência que os formou. Supõe-se que isso seja consequência do fato de que os processos formativos não conseguem ser estruturantes dos processos cognitivos e perceptivos dos docentes (GHEDIN, 2015, p. 36, grifo do original). A recomendação é perceber cada situação nova como uma oportunidade e não um problema. Um momento de troca de experiências entre professor e alunos. Vale relembrar que o texto está sujeito a inúmeras apreciações por parte de cada leitor. UNIDADE 1 | A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA 8 Nas propostas para leitura, destacamos a importância que tem para o leitor o reconhecimento das características de um gênero textual, seja um de ficção ou não, técnico entre outros. Veja quantas variedades de gêneros textuais oferece um jornal: “artigos, editoriais, cartas de leitores, receitas, horóscopo, anúncios de vendas de carros, ofertas de emprego, anúncios publicitários, coluna social, anúncios fúnebres, reportagens etc.” (AZEREDO, 2018, p. 135). Dessa forma, a escolha pressupõe um fim, um objetivo de aprendizagem. Observe a seguir os gêneros textuais e a forma que você encontra um texto literário: • Lírico – Verso. • Narrativa – Prosa. • Dramático Teatro – Prosa e verso. NOTA Aspectos básicos de como reconhecer quais são os tipos e a estrutura do gênero são adquiridos principalmente com a prática leitora. Neste caso é bom lembrar que Marcuschi (2010, p. 31) já alerta que “quando dominamos um gênero textual, não dominamos uma forma linguística e sim uma forma de realizar linguisticamente objetivos específicos em situações sociais particulares”. Ao selecionar textos de língua espanhola para aprendizes é indicado que se tenha alguns critérios, como: • Público-alvo. • Nível de aprendizagem do grupo. • Facilidade de acesso ao texto. • Destreza linguística e sociocultural do aprendiz. Algumas vezes o professor, ao preparar uma atividade que exija habilidades de leitura, orais ou escritas, esquece da importância de adequar a atividade ao nível de língua em que o aprendiz está situado e acaba criando situações frustrantes no processo de ensino aprendizagem. TÓPICO 1 | A LEITURA E A INTERAÇÃO ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR 9 DICAS Leia a obra Aportes para la enseñanza de la lectura, este livro apresenta uma contribuição sobre o ensino da leitura para os alunos de escola básica. É gratuito e está disponível on-line ou em pdf no endereço: https://unesdoc.unesco.org/ ark:/48223/pf0000244874 3 O PROFESSOR COMO CRÍTICO E FORMADOR DE OPINIÃO Um leitor, antes de tudo, é apenas um leitor. Quando um professor realiza escolhas textuais, se constitui em um crítico e, de acordo com o gênero, será um crítico de textos literários, técnicos etc. O processo de seleção textual se dá, muitas vezes, sem perceber o papel desempenhado, e é realizado de forma praticamente inconsciente. A escolha de um texto pressupõe uma série de quesitos e neste momento o professor realiza escolhas para selecionar o que considera mais adequado. É importante lembrar que cada escolha é influenciada por preferências pessoais, de estudo ou de indicações institucionais.Invariavelmente, a escolha será entre o gosto pessoal e a indicação institucional de currículo. Uma leitura em língua estrangeira conjectura diversos níveis de entendimento, assim, o professor acaba se tornando o principal responsável pela seleção de textos que considera adequados para seu grupo. O que presume a escolha de um texto para uma classe: • Conhecer o grupo a que se destina a leitura do texto selecionado. • Conhecer os diversos gêneros textuais e selecionar o que considera adequado. • Refletir sobre as formas de uso textual para a aula de língua estrangeira. O quanto uma seleção de um texto está impregnada de crenças ou ideologias particulares é um tema que merece pesquisa e a forma como um texto indiferente de seu gênero impacta um receptor. Uma pesquisa em educação envolve uma ação com diversas abordagens, como qualitativa ou quantitativa, metodologias variadas e procedimentos variados. UNIDADE 1 | A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA 10 DICAS Você sabe como realizar uma pesquisa? Veja dicas de pesquisa em: BAZZANELLA, A.; TAFNER, E. P.; SILVA, E. Metodologia científica. Indaial: Uniasselvi, 2013. Disponível na biblioteca on-line da Uniasselvi. Um leitor por tabela acaba exercendo um senso crítico e um exemplo são os textos com propagandas. Via de regra, o leitor emite um juízo sobre tal assunto ou produto, dessa forma percebe a ideologia que encerra um texto, reconhecendo todo o aparato de marketing que encerra o texto. A formação de leitores críticos envolve também a formação do consumidor cidadão, ou seja, a formação de consumidores críticos, capazes de reconhecer estratégias de marketing de vários tipos e em várias situações. Nossos alunos, cidadãos do século XXI, precisam ser sujeitos capazes de ler profundamente a publicidade e as mais diversas ações de marketing usadas atualmente para poderem refletir sobre o consumo excessivo, desnecessário, muitas vezes ostensivo e irresponsável, que pode ser gerado por uma aceitação não crítica de ações massivas de marketing. O leitor que aprende a ser crítico é capaz de gerenciar consciente e eficientemente (COSCARELLI, 2016, p. 13). No caso da leitura, o professor e a professora de língua estrangeira se deparam com alguns questionamentos comuns diante da seleção de textos para suas aulas: • Qual é o gênero textual e o nível de leitura mais adequado para os alunos? • O tema a ser desenvolvido irá propiciar quais tipos de ganho linguístico e cultural para o grupo? • O texto é um pretexto? Ou se constitui em parte importante do processo de ensino-aprendizagem? • O texto permite uma abordagem interdisciplinar? • O texto funciona para mais de uma atividade? A leitura é uma tarefa complexa não somente pela atividade cognitiva, mas por ser uma atividade social. Espera-se o conhecimento de textos que deverão ser selecionados para um grupo de alunos heterogêneos e que não recaia apenas no pretexto, mas em uma escolha que ofereça ao aluno o acréscimo de mais um conhecimento linguístico. […] el docente debe manejar algunos supuestos teóricos sobre las estrategias que utiliza el lector en la comprensión, además de un entrenamiento metacognitivo, ya que es preciso que haya experimentado previamente estas estrategias de forma personal. Si no es capaz de distanciarse y analizar sus propios recursos y modos de acceder a la comprensión, difícilmente podrá enseñar a sus alumnos la forma de hacerlo (MORENO, 2003, p. 31). TÓPICO 1 | A LEITURA E A INTERAÇÃO ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR 11 A bagagem do professor deve incluir conhecimento teórico sobre os domínios discursivos dos gêneros textuais. O objetivo do conhecimento teórico é a condução de uma aula que envolve textos de leitura e os comentários deles. Oferecer ao aluno uma seleção variada dos gêneros textuais permite o reconhecimento para saber diferenciar e realizar inferências das suas leituras. O aluno com a prática da leitura aprende a reconhecer os gêneros de cada domínio discursivo. Reconhecer o que é um texto literário, ou um texto técnico, implica em identificar as características de cada tipo de texto como um romance, um conto, uma receita, uma certidão ou relatório técnico. São as possibilidades ou estratégias de leitura que oferecem um maior aproveitamento de uma aprendizagem direta para o aluno sobre o texto e suas particularidades, e adequado à situação de aprendizagem em que ele se encontra. ATENCAO Vale lembrar que os textos literários são uma fonte para ensinar como o mundo se modifica em pensamento, ideias, paradigmas, costumes com o passar dos séculos. Por exemplo: se consideramos uma obra do movimento literário Realismo, o texto reflete uma sociedade verosímil. Os textos técnicos também apresentam oportunidades de aprendizagem, porém exigem um conhecimento maior e pontual do aprendiz, por exemplo, uma sentença judicial por ser um gênero textual com léxicos e temas próprios se torna mais restrito ao entendimento de um vasto público. 4 A PRÁTICA DA LEITURA COMO EXPERIÊNCIA DE APRENDIZAGEM Sabemos de antemão que a compreensão leitora é uma habilidade ou competência necessária para um estudante de língua espanhola. Isso não implica, necessariamente, que o aluno para entender um texto deva saber muitas regras e ter um entendimento gramatical, pois coincidimos com a colocação de Marcuschi (2008, p. 72) acerca de que um “texto é um evento comunicativo em que convergem ações linguísticas, sociais e cognitivas”. É notório que uma aprendizagem de língua estrangeira não funciona em partes isoladas, por categorias gramaticais, mas “em unidades de sentido chamadas texto, sejam elas textos orais ou escritos” (MARCUSCHI, 2008, p. 73). Marcuschi (2008) também cita as pesquisas de Ingedore Villaça Koch como uma importante contribuição nas pesquisas de Linguística Textual. Por sua vez, Koch (1997, p. 30) apresenta importantes considerações sobre a importância de diversos fatores que estão involucrados em um processo de escrita e leitura: UNIDADE 1 | A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA 12 Um texto se constitui enquanto tal no momento em que os parceiros de uma atividade comunicativa global, diante de uma manifestação linguística, pela atuação conjunta de uma complexa rede de fatores de ordem situacional, cognitiva, sociocultural e interacional, são capazes de construir para ela determinado sentido. O próprio estudante começa a perceber o próprio sucesso da aprendizagem da língua estrangeira quando entende o que lê, e principalmente, quando capta a sutileza da língua, por exemplo, entende uma piada ou reconhece uma ironia. O trabalho de selecionar gêneros textuais que tenham sentido para o estudante e que ao mesmo tempo sejam compreendidos por ele, é uma tarefa extraclasse, na qual o professor investe sua própria leitura. Koch explica que “o sentido não está no texto, mas se constrói a partir dele” (KOCH,1997, p. 30) e ilustra com a metáfora do iceberg: [...] todo texto possui apenas uma pequena superfície exposta e uma imensa área imersa subjacente. Para se chegar às profundezas do implícito e dele extrair um sentido faz-se necessário o recurso aos vários sistemas de conhecimento e a ativação de processos e estratégias cognitivas e interacionais (KOCH, 1997, p. 30). A BNCC dispõe sobre a importância da leitura, começando com os mais diversos gêneros textuais na infância. Um dos objetivos de envolver as crianças com a literatura é porque junto à leitura se inicia a aquisição da escrita: As experiências com a literatura infantil, propostas pelo educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo. Além disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de manipulação delivros. Nesse convívio com textos escritos, as crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita como sistema de representação da língua (BRASIL, 2018, p. 44). Perceba que a BNCC delega a responsabilidade da seleção de textos ao professor, já que este estaria apto para decidir qual gênero e produção será o mais adequado para os estudantes em suas aulas. TÓPICO 1 | A LEITURA E A INTERAÇÃO ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR 13 FIGURA 2 – IMAGEM DA APRESENTAÇÃO DA BNCC NO PORTAL DO MEC FONTE: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 5 mar. 2019. Base Nacional Comum Curricular A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Então, que estratégias e procedimentos deveriam ser postos em prática em uma aula de LE? Como oferecer textos em que o aluno perceba avanços em sua aprendizagem? A tarefa não se configura tão simples e exige um professor reflexivo, analítico de sua própria docência. Nesta discussão é importante lembrar como as tecnologias inovadoras, ou as tecnologias digitais, possibilitam uma aula interativa em que a leitura seja o foco, em que o aluno participe ativamente da própria construção de seu conhecimento. DICAS Como forma de ampliar sua leitura sobre texto digital e o papel social da leitura, leia a obra Cómo leemos en la sociedad digital? Lectores, booktubers y prosumidores, de Francisco Cruces. Disponível no seguinte endereço: https://www.fundaciontelefonica.com/arte_cultura/publicaciones-listado/pagina-item- publicaciones/itempubli/601/ 5 A PRÁTICA DE ENSINO DE LEITURA A PARTIR DE TEXTOS LITERÁRIOS A seguir, apresentamos um exemplo de como trabalhar um texto dramático, gênero facilmente reconhecido pelos alunos e que gera uma experiência de leitura e interpretação. O mesmo texto, ao ser trabalhado em uma sala de aula com alunos de LE, além da leitura, permite atividades com variações de gênero. O mesmo texto também é encontrado em filme, musical, narrativa etc. o texto se torna um objeto plástico. UNIDADE 1 | A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA 14 É importante lembrar que um texto pode apresentar diversos gêneros discursivos, sejam orais ou textuais, como o roteiro de um filme, um audiolivro, um objeto de aprendizagem ou mesmo um HQ ou história em quadrinhos. Que tal ir a uma livraria e verificar o que está sendo oferecido em termos de literatura para as faixas etárias juvenis e infantis? As opções podem te surpreender! NOTA Neste sentido, o texto dramático permite diversas releituras como uma encenação, uma reescritura que o modifica. Em resumo, uma leitura oferece diversas formas de trabalho escolar e envolverá as quatro competências desde que seja organizada para isso. Acompanhe a proposta de atividade. Você já leu a obra Canillita? Foi publicada e estreada em 1903, pelo escritor, poeta e dramaturgo uruguaio Florencio Sánchez (1875 - 1910). FIGURA 3 – CAPA DE CANILLITA FONTE: <https://kbimages1-a.akamaihd.net/2c128c5b-9e0f-4b50-8a07- 2e5bfcaeeaf0/353/569/90/False/canillita.jpg>. Acesso em: 5 mar. 2019. Um exemplo que demonstra a necessidade de compreensão leitora e habilidade da língua espanhola se identifica inicialmente no título da obra, a palavra: Canillita. TÓPICO 1 | A LEITURA E A INTERAÇÃO ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR 15 Vamos fazer algumas perguntas iniciais e depois contextualizar Canillita: • Aparenta ser o diminutivo da palavra canilla? • A acepção mais comum da palavra canilla para o português é torneira? • Uma tradução literal de canillita seria torneirinha? Nesta etapa é importante você perceber que, além de ser um leitor em língua espanhola, você também realiza regularmente, intencionalmente ou não, um exercício de tradução de uma língua à outra. Lembre-se ainda de que traduzir um texto para língua portuguesa na variante brasileira implica conhecer mais do que os aspectos lexicais, mas também os aspectos semânticos de uma palavra, seu contexto. Não basta consultar apenas um dicionário, pois nem sempre dará conta do contexto. Você sabia que canillita era a forma popular com que era chamado o menino vendedor de jornal na virada do século XX, nos países hispano-falantes? IMPORTANT E Apenas conhecer o significado principal da palavra não assegura compreensão total da leitura, é necessário ampliar a pesquisa a fim de não comprometer o aspecto semântico de um texto e como leitor ser induzido ao equívoco. Assim, neste texto, uma primeira tradução não é torneirinha, por isso implica em pesquisa, conhecimentos socioculturais e em escolhas de tradução para que a peça conserve o propósito inicial do título que antecipa um panorama social da época e a realidade vivida por imigrantes e crianças vendedoras de jornais. 5.1 PROPOSTA DE EXERCÍCIO DE COMPREENSÃO LEITORA A seguir, apresentamos uma proposta para que você encontre, pense caminhos e soluções quando se trata de compreensão leitora em língua estrangeira a partir do texto teatral Canillita, de Florencio Sánchez, dramaturgo uruguaio, que contribuiu para a época de ouro do teatro rio-platense no início do século XX. UNIDADE 1 | A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA 16 DICAS Sobre Florencio Sánchez e sua importância nas letras hispano-americanas, você encontra um portal dedicado exclusivamente ao escritor e a sua obra. Aproveite para explorar a Biblioteca virtual Cervantes pelo site: http://www.cervantesvirtual.com/portales/ florencio_sanchez/ 5.1.1 Busca por Dicionário e Corpus Primeiro leia o texto a seguir, em voz alta, respeitando a pontuação e anote as palavras que você tenha dúvida. Observe o contexto e depois procure no dicionário da Real Academia Espanhola (RAE) e no Corpus Linguee apenas a palavra canillita. Siga o caminho proposto! QUADRO 1 – FRAGMENTO DO TEXTO CANILLITA [...] (CANILLITA con el grupo de muchachos avanzan jugando a la chantada con cobres. Tira pegando en el cobre del contrario y recoge ambos.) PULGA.- ¡No juego más!... ¡Me has espiantao toda la guita!... CANILLITA.- ¡Siás otario!... ¡Si tenés más ahí!... PULGA.- ¡Sí, pero no quiero jugar más!... UNO.- Campaniá el botón entonces y jugamos al siete y medio... CANILLITA.- ¿Tenés libro?... ¡Ya está!... ¡Traé, yo doy!... UNO.- Y ¿por qué?... ¡Síás zonzo!... ¡Doy yo!... CANILLITA.- ¡Güeno!... (Se sientan en el suelo formando rueda.) (SÁNCHEZ, 1999, acto único) FONTE: <http://www.cervantesvirtual.com/obra-visor/canillita--0/html/ff0c60c4-82b1-11df- acc7-002185ce6064_2.html#I_0_>. Acesso em: 15 mar. 2019. DICAS O dicionário da Real Academia Espanhola (RAE) on-line para consultas está disponível em: www.rae.es TÓPICO 1 | A LEITURA E A INTERAÇÃO ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR 17 Você sabe o que é um Corpus? É o conjunto de dados linguísticos, a Linguística de Corpus é a área que estuda o tema. Na prática, um corpus apresenta uma coleta de dados de diversas fontes selecionadas com alguns critérios e, ao se consultar uma palavra, ele não devolve o resultado como um dicionário apenas. Vai além, pois amplia o contexto em que a palavra é utilizada. Assim, é possível desambiguar uma palavra, ter uma noção dos significados que ela apresenta dentro de cada contexto semântico ou sintático, o que facilita em muito a compreensão lexical em estudos de língua estrangeira. IMPORTANT E 5.1.2 Busca por Verbete no Dicionário RAE canillita De canilla1. 1. m. y f. Arg., Bol., Chile, Ec., Hond., Pan., Par., Perú, R. Dom. y Ur. Vendedor callejero de periódicos. canilla Del lat. *cannella, dim. de canna 'caña'. 1. f. Cada uno de los huesos largos de la pierna o del brazo, y especialmente la tibia. 2. f. Cada uno de los huesos principales del ala del ave. 3. f. espita(‖ canuto de la cuba). 4. f. En las máquinas de tejer y coser, carrete metálico en que se devana la seda o el hilo y que va dentro de la lanzadera. 5. f. En los tejidos, lista que suelen formar, por descuido, algunas hebras de distinto color o grueso. 6. f. Pierna, especialmente si es muy delgada. 7. f. coloq. Am. Mer., Cuba y Méx. espinilla (‖ parte anterior de la pierna). 8. f. Arg., Bol., Méx., Par. y Ur. grifo (‖ llave para regular el paso de los líquidos). 9. f. Méx. Fuerza física. 10. f. Ven. Pan de forma cilíndrica, estrecho y delgado. canilla libre 1. f. Arg. y Par. barra libre. dar canilla 1. loc. verb. R. Dom. caminar (‖ ir andando). UNIDADE 1 | A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA 18 irse como una canilla, o de canilla 1. locs. verbs. coloqs. p. us. Padecer excesivo flujo de vientre. 2. locs. verbs. coloqs. p. us. Hablar sin reflexión cuanto se viene a la boca. canilla2 De cano. uva canilla FONTE: <https://dle.rae.es/?id=795qMwA|797WCOd>. Acesso em: 10 mar. 2019. No RAE, Dicionário da Real Academia, temos o termo canillita, perceba que apresenta a entrada canilla. • Note que os significados se multiplicam como substantivos, locuções e são apresentadas, também, as variações que a palavra apresenta em países hispanofalantes. • Na leitura é preciso perceber onde cada entrada do dicionário está mais adequada ao contexto. • Você deve ter reconhecido que o sufixo “ita”, em espanhol, indica diminutivo, assim como “inha” em português. 5.1.3 Pesquisa de verbete em Corpus bilíngue e monolíngue a) Linguee – Corpus bilíngue Consiste em um corpus de busca de palavras bilíngue onde você pode procurar um termo em seu contexto. Observe que, ao procurar o término, o Corpus devolve o resultado pelo maior número de significados. Para entender melhor, à medida que estiver lendo a explicação, clique nos links e perceberá como funciona este sistema de corpus. TÓPICO 1 | A LEITURA E A INTERAÇÃO ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR 19 FIGURA 4 – LINGUEE – VERBETE CANILLA FONTE: <https://www.linguee.com.br/portugues-espanhol/ search?source=espanhol&query=canilla>. Acesso em: 10 mar. 2019. Observe que, se colocar a palavra canilla, em sua maioria aparece a acepção torneira. FIGURA 5 – LINGUEE – VERBETE CANILLITA FONTE: <https://www.linguee.com.br/portugues-espanhol/ search?source=espanhol&query=canillita>. Acesso em: 10 mar. 2019. UNIDADE 1 | A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA 20 Ao colocar a palavra canillita aparece a acepção vendedor de jornal, jornaleiro etc. ATENCAO Corpus Linguee reúne um conjunto de dicionários on-line e ao selecionar um par, por exemplo, português e espanhol, você pode buscar o significado de uma palavra em um contexto real, pois apresenta a palavra em um texto de duas a três linhas. Desta forma, você consegue ver conforme os diversos contextos o significado de uma palavra. Os dicionários e textos publicados são traduzidos de forma bilíngue lado a lado. Um exemplo é quando você procura a palavra ¡Vino! em espanhol e procura o significado na língua portuguesa, em que pelo contexto é possível verificar o significado. Isoladamente significa vinho, a bebida, ou o verbo veio que é passado do verbo vir. Assim, um corpus auxilia muito o entendimento de uma língua estrangeira. Disponível no endereço: https://www.linguee.com. b) Corpus monolíngue Outra sugestão para que você procure saber mais sobre o mesmo tema é a procura em Corpus monolíngues, veja o retorno no Corpus diacrônico da Real Academia Española (CORDE), cuja busca oferece o contexto apenas em língua espanhola, mas se torna mais abrangente quando a pessoa já tem um domínio maior da língua. FIGURA 6 – IMAGEM DE BUSCA DA PALAVRA CANILLITA NO CORDE FONTE: <https://bit.ly/2IxOmKT>. Acesso em: 10 mar. 2019. TÓPICO 1 | A LEITURA E A INTERAÇÃO ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR 21 Na sequência, deve-se clicar em buscar e o Corpus irá recuperar todas as entradas da palavra canillita. Observe que ele aponta para a obtenção de exemplos. Basta clicar em recuperar. FIGURA 7 – IMAGEM DE BUSCA DA PALAVRA CANILLITA – OBTENÇÃO DE EXEMPLOS FONTE: <https://bit.ly/1f47ho9>. Acesso em: 10 mar. 2019. Sobre a existência de Corpus em espanhol: Los más importantes son los corpus CREA y CORDE de la Real Academia Española (www.rae. es), que abarcan, el primero, la sincronía, y el segundo la diacronía del español. Estos corpus académicos se completan con dos nuevas iniciativas. Por un lado, los proyectos CORPES, y CAH registran los usos del español desde principios del siglo XXI. Fuera del ámbito académico, el Corpus del español, de Mark Davies (s.a.), es la alternativa generalista a CREA y CORDE, si bien menos difundido entre los hispanistas (www. corpusdelespannol.org). FONTE: PONS BORDERÍA, S. Pragmática. In: RIDRUEJO, E (Ed.). Manual de lingüística española. Berlin, Boston: De Gruyter, 2019, p. 614–637. Disponível em: https://doi.org/10.1515/9783110362084- 014. Acesso em: 10 mar. 2019. NOTA A seguir, iremos recuperar os exemplos em que a palavra Canillita foi localizada no Banco de Dados. Para tanto, você deve clicar em recuperar. UNIDADE 1 | A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA 22 FIGURA 8 – IMAGEM DE BUSCA DA PALAVRA CANILLITA – DOCUMENTOS FONTE: <http://corpus.rae.es/cgi-bin/crpsrvEx.dll>. Acesso em: 10 mar. 2019. Veja que o Corpus trouxe os exemplos e o contexto documental em que se encontra a palavra, e não a tradução; mas trabalhando com Corpus monolíngue e bilíngue é possível realizar um trabalho mais amplo de pesquisa. Existem diversos Corpus que registram a prática oral da língua espanhola, por isso selecionamos alguns e apontamos para aprimorar uma pesquisa textual: […] multitud de corpus orales están accesibles total o parcialmente al investigador interesado (resumidos en Albelda/Briz 2013). De estos, pueden ser de especial interés para el investigador en Pragmática los materiales del PRESEEA (http://preseea.linguas.net), continuador del PILEI en el tiempo, que incluye un gran número de entrevistas semidirigidas en las principales ciudades del habla hispánica; el COSER, dirigido por Inés Fernández-Ordóñez (2005), compuesto también por entrevistas semidirigidas, que recoge muestras de español rural (http://www.lllf. uam.es/coser/archivos.php?es); el corpus COLA de lenguaje juvenil (http://www.colam.org/ om_prosj-espannol.html) y el corpus Val.Es.Co. 2.0 (http://www.fonocortesia.es/corpusval/) que, pese a su escasa extensión, constituye una buena base de partida para el estudio de la conversación coloquial en español. […] Iniciativas como el CORDIAM, coordinado por Concepción Company (http://www.cordiam.org), o el proyecto Ameresco, coordinado por Antonio Briz (http://esvaratenuacion.es/corpus-discursivo-propio). FONTE: PONS BORDERÍA, S. Pragmática. In: RIDRUEJO, E (Ed.). Manual de lingüística española. Berlin, Boston: De Gruyter, 2019, p. 614–637. Disponível em: <https://doi. org/10.1515/9783110362084-014>. Acesso em: 10 mar. 2019. NOTA TÓPICO 1 | A LEITURA E A INTERAÇÃO ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR 23 5.1.4 Procurar por imagem em Periódicos Muitas vezes se esgota a procura textual, então é possível recorrer a um banco de imagens como forma de ter uma ideia visual do termo procurado. Jornais e revistas também são ótimas fontes para encontrar palavras e o uso em um contexto real. Para procurar uma palavra desconhecida em outra língua, um recurso muito usado é buscar em um banco de dados como o Google, ou em um banco de imagens on-line, basta colocar a palavra, que neste caso é canillita, e o Google trará uma série de resultados como a página do jornal El Pais, ilustrada a seguir, com uma imagem de um canillita, o título da notícia também traz a palavra. FIGURA 9 – NOTÍCIA DO JORNAL EL PAIS FONTE: <https://bit.ly/2IRf2b7>. Acesso em: 5 mar. 2019. A figura que segue é um recorte da imagem anterior. FIGURA 10 – CANILLITA – VENDEDOR DE JORNAL FONTE: <https://bit.ly/2IRf2b7>. Acesso em: 5 mar. 2019. UNIDADE 1 | A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA24 DICAS Banco de imagens: Neste link https://rockcontent.com/blog/melhores-bancos-de-imagens-gratuitos/ você encontra uma lista de bancos grátis para utilizar imagens. Veja as que são gratuitas e use à vontade. Ou, ao procurar no Google, na aba imagens você encontra diversas imagens para consulta. Pausa para uma reflexão e pesquisa: Depois desta pesquisa inicial sobre apenas uma palavra, canillita, que remete ao título da obra de Florencio Sánchez, retorne ao fragmento e note a linguagem utilizada pelo escritor. O que você observa? Percebeu como se torna necessária e extensa uma pesquisa? E como se pode ir além de um dicionário para investigar um texto? 5.1.5 Pesquisa de contexto social, histórico e cultural Nesta etapa, desenvolva uma pesquisa literária, social e histórica sobre o texto canillita. Descobrirá que os críticos literários identificam o texto como um sainete (pequena peça apresentada entre intervalos dos atos de uma obra teatral) e classificam o estilo literário como pertencente à estética do Realismo. Aproveite para desenvolver uma competência a mais, a de professor investigador! DICAS Canillita, apresentado em diversos gêneros e suportes – releituras Filme: a mesma obra teve uma releitura como filme musical em 1936, El Canillita, direção e roteiro de Lisandro de la Tea e Manuel Roneima em Buenos Aires. Infelizmente, não se encontra disponível na rede. Podcast: um enriquecimento para a pesquisa é ter acesso a diferentes suportes ou gêneros da mesma obra. Escutar um podcast sobre o autor e a obra ilustra a exigência de algumas habilidades em língua espanhola, como a prática oral e auditiva. TÓPICO 1 | A LEITURA E A INTERAÇÃO ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR 25 Para saber mais sobre a peça Canillita, escute este Podcast com uma breve introdução e a obra narrada ao melhor estilo das antigas radionovelas, realizado pelo Festival de teatro leído para jóvenes 2018 “Del buen decir” e gravado pelo grupo Los Peripatéticos, alunos do Liceo nº 64 de Montevideo, (21 minutos). Disponível no site: http://radiouruguay.uy/canillita- florencio-sanchez/. Texto digital ou em papel: você encontra a obra completa em: SÁNCHEZ, Florencio. Canillita. Alicante: Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes, 1999. Acesso pelo endereço: http://www.cervantesvirtual.com/nd/ark:/59851/bmcfb503 A pesquisa continua! Sobre a linguagem no texto: observe que é uma fala diferente do espanhol, do português, o texto por ser realista insere palavras do Lunfardo. Por isso, exige uma pesquisa para o entendimento do diálogo e sugerimos que procure entender o texto com antecedência, se for apresentado em alguma atividade. Com apenas uma palavra é possível explorar diversos aspectos do texto! O contexto social e histórico, além da geografia, realiza estudos interdisciplinares, interligando diversas áreas de saberes partindo do parágrafo apresentado. Palavras em Lunfardo: O Lunfardo surgiu no final do século XIX, considerado inicialmente uma gíria marginal da região rio-platense, foi originado nos estratos sociais desfavorecidos. Atualmente é socialmente aceita, e amplamente incorporada na fala de argentinos e uruguaios. É considerado como variação dialetal da junção da língua espanhola e da língua de imigrantes europeus, especialmente os italianos. Foi popularizada em Buenos Aires, na zona portuária, como uma língua para se comunicar secretamente, porém quando se tornou popular, logo todos sabiam e utilizavam o lunfardo no cotidiano, mas foi o tango, inicialmente marginalizado, que o consagrou em muitas de suas letras, utilizando muitas palavras. Além de conhecer sobre teoria teatral, se adquire um conhecimento sociolinguístico para entender o contexto da obra, a gíria adquire um valor dialetal no lunfardo, a começar pelo nome da peça e da linguagem utilizada no texto, a estética realista da virada do século XX. Assim, na questão de variação sociolinguística, estamos de acordo com Faraco et al.: Mesmo no interior do sistema escolar, avançamos muito pouco. Nas práticas escolares cotidianas, ainda predomina uma concepção mais tradicional da variação linguística e se lança mão ainda da régua estreita do certo e do errado tomados como valores absolutos e não como valores relativos (FARACO et al., 2015, p. 20). UNIDADE 1 | A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA 26 A partir dessa pesquisa inicial, a peça adquire um entendimento da situação vivida pelos personagens, crianças e que ficcionalmente ilustram uma situação comum vivida pela população pobre das periferias no início do século, quando houve a grande massa das imigrações europeias. Observe que entender o título não seria um problema para um hispanofalante da região do Rio da Prata. A linguagem era utilizada como forma de encobrir determinadas palavras, como um código. Assim, dinheiro passa a ser guita e campaniar adquire sentido de vigiar, ficar de olho ao que acontece ao redor. Para mais esclarecimento, pesquise no Diccionário de Lunfardo. Disponível em: http://www.todotango.com/comunidad/lunfardo/ NOTA Agora que você já sabe como uma palavra apresenta diversos significados – polissemia – e muitas vezes exige, além da leitura, interpretação textual e uma pesquisa, que tal passar para o próximo tópico? Nele discutiremos como um gênero textual direcionado para uma atividade de aquisição de língua torna-se uma atividade social. LEER LITERATURA PUEDE HACERNOS MEJORES Alberto Manguel Sobre a importância da inclusão da literatura, leia as considerações sobre o tema na reportagem de Alberto Manguel, e que reproduzimos um fragmento a seguir: [...] La literatura no parece tener una obvia utilidad, pero la ciencia ha demostrado que la tiene. Leer literatura, una actividad que muchos consideran ociosa o inútil, posee un valor social invaluable: nos hace más empáticos, más dispuestos a escuchar y entender a los otros. Las ficciones nos enseñan a nombrar nuestras angustias y también cómo enfrentar y compartir nuestros problemas cotidianos. [...] Esto es especialmente importante hoy, cuando muchos de los retos más apremiantes de nuestro tiempo se tienen que resolver de manera colectiva y solidaria: los desastres naturales que ha acentuado el cambio climático, las crisis migratorias mundiales o el reclamo por los derechos de las minorías TÓPICO 1 | A LEITURA E A INTERAÇÃO ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR 27 fueron contados y discutidos desde hace cinco mil años en una obra literaria, La epopeya de Gilgamesh. Ahí ya hay un desastre universal – el diluvio –, están las desventuras de gente obligada a huir y también el reclamo de los más débiles contra los abusos del poder del rey Gilgamesh. La gran literatura, incluso cuando se escribió miles de años atrás, tiene lecciones para los lectores del presente. Y quizás sea la literatura, y su intrínseca capacidad de hacernos más empáticos, la que pueda salvarnos de nosotros mismos. [...] Leia a reportagem completa em: FONTE: MANGUEL, A. Leer literatura puede hacernos mejores. New York Times en Español, New York, 3 mar. 2019. Disponível em: https://nyti.ms/2NIMfEi. Acesso em: 5 mar. 2019. CÓMO DISEÑAR ACTIVIDADES DE COMPRENSIÓN LECTORA Ángel Sanz Moreno A leitura permite uma reflexão sobre os elementos paratextuais e que são parte de um texto muitas vezes ignorados pelo leitor como o título, o estilo do autor, o contexto social e histórico em que o texto se apresenta entre outros. Ao levar um texto para ser utilizado na sala de aula o professor também tem em mente alguma estratégia para que o aluno tire o maior proveito possível do texto. [...] Los distintos estudios evolutivos sobre el uso de estrategias han permitido conocer la influencia de algunas de las implicadas en la comprensión lectora y utilizar ese conocimiento para ayudar a los alumnos jóvenes a utilizar estrategias más elaboradas. Bruce, Rubin, Bolt y Newman estudiaron las estrategias que utilizan los adultos y los buenos lectores para controlar y guiar el uso dehipótesis en la lectura. Los autores concluyeron que estas estrategias eran cuatro: a) Saltar a las conclusiones. Esta estrategia se basa en utilizar una información posterior para dar sentido a lo que se está leyendo. b) Otra estrategia consiste en no abandonar una hipótesis a pesar de una evidente contradicción; consiste en suspender el juicio hasta tener más información. c) Una tercera estrategia se cifra en confiar en el conocimiento que el lector tiene en su mente sobre el tema de la lectura. d) Por último, una cuarta estrategia consiste en clarificar las metas de la lectura y, a partir de ahí, generar hipótesis hacia atrás. UNIDADE 1 | A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA 28 Esta tipología de estrategias puede ayudar a los profesores, según los autores, a diagnosticar causas ocultas de una pobre comprensión. Cuando los lectores pueden enfrentarse al texto desde una determinada perspectiva, se facilita la tarea de la comprensión. El buen lector utiliza esta estrategia de forma automática: sabe sacar información de indicios tales como el título, las ideas que tenga sobre el tema etc. FONTE: MORENO, Ángel Sanz. Cómo diseñar actividades de comprensión lectora: 3.er ciclo de Primaria y 1.er ciclo de la ESO. Navarra: Gobierno de Navarra, Departamento de Educacíon. 2003, p. 30. 29 Neste tópico, você aprendeu que: • A prática de leitura e a interação com o texto são uma atividade complexa para o aprendiz. • O texto não deve ser usado como um pretexto para aprender categorias morfológicas. • A prática de leitura e de diferentes gêneros textuais capacitam o professor para a seleção dos textos de ensino e aprendizagem para uma língua estrangeira. Outro fato é que também as escolhas textuais do professor incidem diretamente na formação crítica de seus alunos. • O professor, ao selecionar ou comentar um texto, como leitor, exerce um papel de crítico literário. • A prática da leitura se torna uma experiência de aprendizagem rica pela interdisciplinaridade que gera. • Um tema, como o da obra Canillita, de Florencio Sánchez, oferece um desdobramento em diversas aulas, pode contemplar temas literários, linguísticos e de tradução e textualidades. • O uso de dicionários e Corpus (bilíngue e monolíngue) são importantes nos estudos da língua para ampliar os resultados de uma pesquisa de leitura. RESUMO DO TÓPICO 1 30 1 A partir da leitura do fragmento, responda às questões a seguir: Diante de um texto, os leitores precisam desenvolver habilidades básicas para poder reconhecer letras e sons, mesclar sons construindo sílabas e palavras, compreender o significado das palavras na formação de sentenças e parágrafos e compreender o significado de textos de todo tipo e gênero. Além disso, precisam ler com suficiente fluência, para sustentar e manter o interesse e o envolvimento durante a leitura; dispor de conhecimentos prévios, linguísticos e de mundo, que permitam atribuir sentido às palavras e frases em determinados contextos e acionar habilidades metacognitivas como fazer predições (ativar esquemas ou redes mentais que permitam antecipar o conteúdo do texto antes e durante a leitura) e produzir inferências (grosso modo, fazer deduções a partir de informações explícitas tanto quanto conjeturas, suposições, a partir de informações implícitas) para construir significados para um texto. FONTE: COSCARELLI, C. V. Tecnologias para aprender. São Paulo: Parábola, 2016. p. 18. a) Explique brevemente o argumento do excerto. b) O texto ressalta a importância de conhecimento prévio. Por quê? I- O conhecimento cultural se insere no quesito conhecimento de mundo. II- A menção à habilidade metacognitiva infere que o aluno raciocine sobre as possibilidades que um conto oferece. III- A leitura não requer uma habilidade de reconhecer sentido no que está lendo. Marque a única alternativa que apresenta a resposta CORRETA: a) ( ) II e III estão corretas. b) ( ) I e III estão corretas. c) ( ) I e II estão corretas. d) ( ) I e II estão corretas. c) Marque a finalidade do texto: a) ( ) Se destina a estudantes de letras. b) ( ) Se destina a estudantes de matemáticas. c) ( ) Se destina a todos os estudantes que indicam leituras. d) O fragmento se inscreve em um texto que seu gênero pode ser descrito como: a) ( ) Crônica. b) ( ) Poema. c) ( ) Acadêmico. AUTOATIVIDADE 31 2 É importante sempre uma autorreflexão docente, como diagnóstico e com o objetivo de avaliar as atividades de aprendizagem realizadas. Utilizar um texto e solicitar um vocabulário ou responder a perguntas é um lugar comum em livros de língua estrangeira. Por isso, leia o texto a seguir e depois escreva um comentário sobre A reflexão docente como forma de sair da zona de conforto. OBJETIVO: MELHORAR A PRÁTICA EDUCATIVA Um dos objetivos de qualquer bom profissional consiste em ser cada vez mais competente em seu ofício. Geralmente se consegue esta melhora profissional mediante o conhecimento e a experiência: o conhecimento das variáveis que intervêm na prática e a experiência para dominá-las. A experiência, a nossa e a dos outros professores. O conhecimento, aquele que provém da investigação, das experiências dos outros e de modelos, exemplos e propostas. Mas como podemos saber se estas experiências, modelos, exemplos e propostas são adequados? Quais são os critérios para avaliá-los? Talvez a resposta nos seja proporcionada pelos resultados educativos obtidos com os meninos e meninas. Mas isto basta? Porque, neste caso, a que resultados nos referimos? Aos mesmos para todos os alunos, independentemente do ponto de partida? E levando ou não em conta as condições em que nos encontramos e os meios de que dispomos? Como outros profissionais, todos nós sabemos que entre as coisas que fazemos algumas estão muito bem-feitas, outras são satisfatórias e algumas certamente podem ser melhoradas. O problema está na própria avaliação. Sabemos realmente o que é que fizemos muito bem, o que é satisfatório e o que pode melhorar? Estamos convencidos disso? Nossos colegas fariam a mesma avaliação? Ou, pelo contrário, aquilo que para nós está bastante bem para outra pessoa é discutível, e talvez aquilo de que estamos mais inseguros é plenamente satisfatório para outra pessoa? FONTE: ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2010, p. 13. Disponível em: http://srvd.grupoa.com.br/uploads/imagensExtra/legado/Z/ZABALA_ Antoni/A_Pratica_Educativa/Liberado/Cap_01.pdf. Acesso em: 1 mar. 2019. 32 33 TÓPICO 2 A LEITURA COMO ATIVIDADE SOCIOCULTURAL UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A leitura na Antiguidade era uma forma de socialização. Alguns privilegiados conseguiam ler e por muito tempo os mosteiros e as universidades eram os guardiões de livros e manuscritos. Com a imprensa de Gutemberg, em torno de 1440, o texto impresso começa a ser veiculado e deixa de ser um privilégio da nobreza e do clero. Mesmo assim, a leitura em grupo, em voz alta, era um costume comum às pessoas que se reuniam. Ouvir se configurava como uma prática coletiva. Não faz tanto tempo que a leitura se tornou um ato individual, em silêncio e em privado. Os diferentes suportes textuais também mudaram e ampliaram a forma de ler. Assim, as atividades de leitura e escrita, em uma época digital, se tornam um desafio cotidiano ao preparar atividades para os alunos. Os professores, cada vez mais, utilizam as tecnologias digitais de comunicação – TDIC – como auxílio para o ensino de língua estrangeira. A rapidez de expansão e obsolescência de muitas tecnologias traz sempre questionamentos sobre a melhor escolha para desenvolver atividades. Utilizar as mais modernas tecnologias disponíveis no mercado requer pesquisa e adequação dos meios disponíveis. 2 A CONTRIBUIÇÃO DA PRAGMÁTICA NA MEDIAÇÃO DA LEITURA Quando se fala em prática da leitura e da escrita observa-se que a cada dia surgem novas propostas de suporte para um texto. Independentemente do meio que veicula otexto, áudio, leitor eletrônico, papel, nuvens etc., ainda se pressupõe que a forma de transmissão mais utilizada é o texto escrito. Por isso, o texto, passou a ser estudado sob diversos aspectos, que vão além do conteúdo e da estrutura. As contribuições da linguística textual são fundamentais quando se fala em gêneros escritos e orais. UNIDADE 1 | A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA 34 DICAS Indicamos, no que se refere à Linguística Textual, a leitura das publicações de Ingedore Villaça Koch, como expoente do tema, e Luiz Antônio Marcuschi, dois pesquisadores brasileiros da Linguística. Eles têm publicado muitos estudos e compartilham suas pesquisas tanto em livros como em artigos acadêmicos. Você encontra todas as obras de Ingedore Villaça Koch publicadas pela Editora Contexto para leitura na Biblioteca Pearson da UNIASSELVI. Acesso o link para a Biblioteca on-line: https://bv4.digitalpages.com. br/?term=ingedore%2520villa%25C3%25A7a&searchpage=1&filtro=todos#/busca Os estudos pragmáticos e sociolinguísticos são fundamentais para aquisição da língua espanhola, pois os aspectos culturais e sociais, ou semânticos e semiológicos, ampliam o estudo da Língua e se tornam necessários para se ter uma compreensão que vai além dos estudos gramaticais ou estruturalistas. De acordo com Alvarado (2009, p. 80), “los géneros discursivos se definen desde una perspectiva más centrada en lo sociocultural que en lo lingüístico”. Assim, os estudos linguísticos também estão em constante pesquisa para dar conta de todas essas novas formas inseridas no ensino-aprendizagem de uma língua estrangeira. Bakhtin foi um precursor da pragmática, pois esta área de estudos se insere nos estudos da competência comunicativa, do discurso e limita com a semântica e a gramática. Pragmática, no verbete do dicionário de análise do discurso de Patrick Charaudeau e Dominique Mainguenaeau (2004) diz: o termo pragmático usado como substantivo designa tanto uma subdisciplina da linguística como uma corrente de estudos do discurso como uma concepção de Linguagem. Como adjetivo, na visão de Morris (1938), seria um dos níveis de funcionamento da língua ao lado da sintaxe (relação dos signos entre si) e da semântica (relação dos signos com o mundo). Diria respeito à relação dos signos com seus usuários. A rigor, a pragmática é todo o estudo da língua relacionado a fatores contextuais e discursivos, tendo como foco de análise os usos e não as formas. FONTE: MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008, p. 39. IMPORTANT E A Base Nacional Curricular Comum – BNCC –, lançada em 2018, traz as diretrizes para o ensino da leitura e da escrita na escola básica. Sugere diversas formas em que um texto pode se apresentar. A citação a seguir comprova como a BNCC amplia a ideia de suporte textual e cita foto, pintura, filme e música como meios de leitura, seja digital ou analógico. TÓPICO 2 | A LEITURA COMO ATIVIDADE SOCIOCULTURAL 35 Eixo Leitura compreende as práticas de linguagem que decorrem da interação ativa do leitor/ouvinte/espectador com os textos escritos, orais e multissemióticos e de sua interpretação, sendo exemplos as leituras para: fruição estética de textos e obras literárias; pesquisa e embasamento de trabalhos escolares e acadêmicos; realização de procedimentos; conhecimento, discussão e debate sobre temas sociais relevantes; sustentar a reivindicação de algo no contexto de atuação da vida pública; ter mais conhecimento que permita o desenvolvimento de projetos pessoais, dentre outras possibilidades. Leitura no contexto da BNCC é tomada em um sentido mais amplo, dizendo respeito não somente ao texto escrito, mas também a imagens estáticas (foto, pintura, desenho, esquema, gráfico, diagrama) ou em movimento (filmes, vídeos etc.) e ao som (música), que acompanha e cossignifica em muitos gêneros digitais. O tratamento das práticas leitoras compreende dimensões inter-relacionadas às práticas de uso e reflexão, tais como as apresentadas a seguir (BRASIL, 2018, p. 71-72). Ao desenvolver habilidades em uma língua estrangeira são requeridas tarefas de aprendizagem que contemplem e desenvolvam as quatro habilidades, procurando, sempre que possível, a mesma proporção: • Compreensão leitora. • Compreensão auditiva. • Produção escrita. • Produção oral. A razão de dar um destaque ao estudo da pragmática neste tópico tem por objetivo informar e incentivar leituras próprias sobre o tema e não propriamente discutir o seu estudo, pois seria necessário mais um livro. Vale lembrar o que Marcuschi (2008, p. 81) cita, ao explicar a relação entre texto, discurso e gênero: “uma das tendências atuais é a de não distinguir de forma rígida entre texto e discurso, pois se trata de frisar mais as relações entre ambos e considerá-los como aspectos complementares da atividade enunciativa”. Assim, a Pragmática, que dialoga intimamente com a Semântica, e tem um grande campo de aplicação, ainda gera muitas controvérsias quando se trata da contribuição para o campo da Língua Estrangeira, como aponta Marcondes: A pragmática enquanto campo de estudos da linguagem se defronta desde a sua origem com o seguinte dilema: ao se reconhecer que a realidade concreta da linguagem é plural e está sempre em mudança, dependendo dos usos e dos contextos, admite-se a dificuldade de se realizar uma análise dos fenômenos pragmáticos do mesmo modo que se analisam a semântica e a sintaxe, como ressaltou Carnap. Por outro lado, quando se pretende sistematizar a pragmática e submetê-la a este tipo de análise, já não se estaria deixando o próprio campo da pragmática? (MARCONDES, 2005, p. 42). Uma área que junto à gramática e à semântica são limítrofes e muitas vezes criam linhas invisíveis de fronteira entre elas. E de acordo com Marcuschi, a “pragmática é uma perspectiva de estudos que partilha grande número de relações com várias áreas da linguística” (MARCUSHI, 2008, p. 37). Os estudos de semântica e da pragmática merecem atenção pelas inovações textuais e tecnológicas que são apresentadas constantemente. UNIDADE 1 | A LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA 36 ATENCAO Existen varios manuales de introducción a la pragmática en español, además de las traducciones de manuales clásicos, como el de Levinson (1989). El más usado sigue siendo Escandell Vidal (1993), al que se añaden los de Calvo Pérez (1994), Reyes (1996), Portolés (2004) y Ruiz Gurillo (2006). También relacionados, los manuales de Calsamiglia/ Tusón (1999) sobre análisis de la conversación, Briz (1998), dedicado al español coloquial, Fuentes Rodríguez (2000) sobre tipologías textuales, y Cuenca/ Hilferty (1999) o Ibarretxe- Antuñano/Valenzuela (2012), sobre lingüística cognitiva. Además, el estudio pragmático dispone de introducciones a teorías particulares, como Pons Bordería (2004) para la teoría de la Relevancia, Albelda/Barros (2013) para la teoría de la Cortesía, o Estellés/Bouzouita (2019) sobre los estudios de gramaticalización. FONTE: PONS BORDERÍA, S. Pragmática. In: RIDRUEJO, E (Ed.). Manual de lingüística española. Berlin, Boston: De Gruyter, 2019, p. 614-637. Disponível em: https://doi. org/10.1515/9783110362084-014. Acesso em: 10 mar. 2019. Sabendo do campo da pragmática, o estudante investigador terá condições de estender os estudos da linguagem, seja por conta própria ou para estudar em uma pós-graduação. Outra questão importante a ser lembrada é a escolha do texto a ser indicado nas aulas de língua estrangeira, ampliando a forma em que um texto se apresenta. Ainda de acordo com Marcuschi, “entre o discurso e o texto está o gênero, que aqui é visto como prática social e prática textual-discursiva” (MARCUSCHI, 2008, p. 84). De forma pragmática temos a tendência de repetir padrões, como escolher sempre textos dentro de nosso próprio conjunto de ideias e reflexões. Uma questão apontada por Rajagopalan (2010, p. 16) sobre a “sacralização do texto” ao chamar a atenção
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