Prévia do material em texto
Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Curitiba Departamento Acadêmico de Química e Biologia – DAQBI Química PRÁTICAS DE FÍSICO-QUÍMICA PRÁTICA 4: PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS DA IONIZAÇÃO DO ÁCIDO ACÉTICO 25 DE MARÇO DE 2022 GRUPO 3 BRENDA MOTTA ALMINDA - 2127504 CAMILA GRASSMANN - 2092786 GUSTAVO PENNA - 2023520 MILENA YUMI SHIMURA - 2136791 PROFESSOR: JOÃO BATISTA FLORIANO TURMA: S61 CURITIBA 01 DE ABRIL DE 2022 1. INTRODUÇÃO O estudo das propriedades do ácido acético (CH3COOH) é de grande importância vista que este produto químico é consumido diariamente no mundo todo por sua presença no vinagre, além de sua ampla aplicação industrial e laboratorial como um reagente para a formação de polímeros e como solução tampão. A possibilidade da utilização deste produto como solução tampão se dá devido a sua baixa acidez, onde sua constante de acidez (Ka) é em torno de 1,77x10^-5 à 25°C. Além disso, essa propriedade faz com que o cálculo de sua entalpia de dissociação (por maneiras calorimétricas) seja dificultada, pois pouco calor é liberado, tendo em vista que apenas uma pequena porção do ácido se dissocia. Desta forma, é necessário medir esta entalpia de dissociação de maneira indireta pela Lei de Hess, através da reação do ácido acético com uma base forte, garantindo assim que todo o ácido será desprotonado, como pode ser visto: 𝐶𝐻 3 𝐶𝑂𝑂𝐻 (𝑎𝑞) + 𝐻 2 𝑂 (𝑙) ⇔ 𝐶𝐻 3 𝐶𝑂𝑂 (𝑎𝑞) − + 𝐻 3 𝑂 (𝑎𝑞) + (∆ 𝑟 𝐻 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜𝑐𝑖𝑎çã𝑜 ) 𝐻 3 𝑂 (𝑎𝑞) + + 𝑂𝐻 (𝑎𝑞) − ⇔ 2𝐻 2 𝑂 (𝑙) (∆ 𝑟 𝐻 á𝑔𝑢𝑎 ) somando pela lei de Hess obtemos: 𝐶𝐻 3 𝐶𝑂𝑂𝐻 (𝑎𝑞) + 𝑂𝐻 (𝑎𝑞) − → 𝐶𝐻 3 𝐶𝑂𝑂 (𝑎𝑞) − + 𝐻 2 𝑂 (𝑙) (∆ 𝑟 𝐻) Como o valor de é conhecido e pode ser medido por um calorímetro podemos∆ 𝑟 𝐻 á𝑔𝑢𝑎 ∆ 𝑟 𝐻 encontrar o valor de .∆ 𝑟 𝐻 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜𝑐𝑖𝑎çã𝑜 A determinação da constante de acidez é feita com o auxílio de um medidor de pH. Este dado pode ser utilizado para determinar a energia de Gibbs padrão da reação (através da equação 1), parâmetro termodinâmico responsável por indicar a espontaneidade da mesma ( <0 se∆𝐺 espontâneo). (Eq. 1)∆ 𝑟 𝐺° =− 𝑅𝑇𝑙𝑛𝐾 𝑎 Outro parâmetro termodinâmico importante que é possível ser calculado a partir destas informações, com o auxílio da equação 2 é a entropia, que pode ser analisada como uma medida de desordem do sistema. (Eq. 2)∆ 𝑟 𝐺° = ∆ 𝑟 𝐻° − 𝑇∆ 𝑟 𝑆° Desta forma, o objetivo desta prática é determinar estes parâmetros termodinâmicos do ácido acético. 2. PARTE EXPERIMENTAL 2.1 - DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE CALORÍFICA DO CALORÍMETRO (Cc) Para determinação da capacidade do calorímetro é preciso realizar com quantidades conhecidas de água fria e quente. Colocou-se uma certa quantidade de água fria: 100 mL com T1=23,4°C no calorímetro até que atingiu o equilíbrio térmico, após isso, foi misturado a mesma quantidade de água quente: 100 mL com T2=52,0ºC. Em seguida, mediu-se a temperatura final (Tf), Tf=36,6ºC e já é possível calcular o Ccal. 2.2 - PADRONIZAÇÃO DAS SOLUÇÕES Para que possamos determinar a entalpia de dissociação do ácido acético é necessário que conheçamos sua concentração. Primeiramente o biftalato de potássio foi pesado, e em seguida solubilizado em um erlenmeyer, seguido da adição de três gotas de fenolftaleína, a solução de NaOH de concentração desconhecida foi adicionada a bureta de 25 mL, então foi efetuada a titulação até que ocorresse a mudança de cor do indicador. Em seguida em um procedimento análogo, a solução de ácido acético foi adicionada a um erlenmeyer, foram adicionadas 3 gotas de fenolftaleína, a solução de NaOH agora de concentração conhecida foi adicionada a bureta de 25 mL, então foi efetuada a titulação até a mudança de cor do indicador. Figuras 1 e 2: Tom correto de rosa do momento de virada da titulação. 2.3 - DETERMINAÇÃO DA ENTALPIA PADRÃO DE IONIZAÇÃO DO ÁCIDO ACÉTICO Para a determinação da entalpia padrão de ionização do ácido acético, foi colocado 100,0 cm3 da solução dentro do calorímetro seco. Após o equilíbrio térmico ser estabelecido, foi medido a temperatura da solução. O mesmo passo foi feito com o hidróxido de sódio. Em seguida, a solução de ácido acético foi passada para um erlenmeyer e, com o intuito de neutralizá-lo, foi-lhe adicionado 3 gotas de indicador ácido-base fenolftaleína, e em uma bureta de 25 ml, foi colocado hidróxido de sódio. Esta solução foi gotejada no ácido acético até que este passasse a ficar levemente rosa (indicando sua neutralização) e anotou se o volume total de NaOH utilizado, sendo este 109,5 ml . Com isso, esta mistura foi adicionada ao calorímetro, e após estabelecer o equilíbrio térmico, mediu-se sua temperatura. 2.4 - DETERMINAÇÃO DA ENERGIA DE GIBBS PADRÃO E DA ENTROPIA PADRÃO DA REAÇÃO DE IONIZAÇÃO DO ÁCIDO ACÉTICO Para a determinação destes parâmetros termodinâmicos, foi adicionado 25,00 cm3 de ácido acético em um erlenmeyer junto de 3 gotas de indicador ácido-base fenolftaleína e titulou-se a solução com NaOH. Após o ponto final da titulação, adicionou-se mais 25,00 cm3 de ácido acético ao erlenmeyer e em seguida este foi agitado. Em seguida, esta mistura foi transferida para um béquer, e com auxílio de um phmetro, foi medido seu pH e sua temperatura. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 - DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE CALORÍFICA DO CALORÍMETRO (Cc) Um sistema absorve calor, podendo haver um aumento em sua temperatura, dependendo do processo termodinâmico envolvido. A capacidade térmica Cs de um sistema é a razão entre a quantidade de calor Q que ele recebe em consequência da variação de temperatura T. A determinação da capacidade térmica é feita com o uso de um calorímetro, que é um sistema fechado que não permite troca de calor com o ambiente. A capacidade calorífica (C) é definida (de modo simplificado) como sendo a quantidade de energia absorvida por um corpo para que sua temperatura aumente em 1°C. O procedimento é para fornecer uma quantidade de energia conhecida e medir a consequente variação da temperatura. O calorímetro troca calor com o sistema que está sendo investigado no seu interior, portanto é necessário que ocorra essa “calibração” para o decorrer do experimento. Para calcular a capacidade do calorímetro utilizamos a eq. 3: (Eq. 3)𝑞 𝑐𝑎𝑙 + 𝑞 𝑎𝑞𝑢𝑒𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 + 𝑞 𝑟𝑒𝑠𝑓𝑟𝑖𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 0 Onde qcal = C . ∆T (calor liberado/absorvido pelo calorímetro), e o q(resfriamento/aquecimento), é equivalente a m.c. ∆T. Substituindo as informações acima, na eq 1, chegamos a seguinte equação: (Eq. 4)𝐶𝑐𝑎𝑙 = − 𝑚 . 𝑐 (á𝑔𝑢𝑎) . [2𝑇𝑓 −( 𝑇1+𝑇2)](𝑇𝑓 − 𝑇2) E conhecendo a capacidade calorífica do calorímetro, será possível determinar experimentalmente a entalpia de dissolução de uma substância contida no calorímetro, uma vez que: (Eq. 5)𝑞 𝑟𝑒𝑎çã𝑜 + 𝑞 𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜𝑐𝑖𝑎çã𝑜 + 𝑞 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 = 0 Portanto, o experimento foi feito em tréplica, e sabendo que o processo é adiabático, q=0, e que a capacidade molar da água a 25ºC, é de 75,291 J/ K X mol, e a quantidade de água poderá ser determinada pelo volume e por a sua densidade, 0,9744 g/ml. E sabendo que 1 cal= 4,184 Joule. Tabela 1: Temperaturas do Calorímetro T1 / °C T2 / °C Tf / °C Ccal (J/°C) 1º Medição 23,4 52,0 36,6 68,2 2º Medição 23,3 52,0 35,9 73,7 3º Medição 23,4 51,1 36,0 77,9 A partir dos dados da Tabela 1, foi determinada a capacidade do calorímetro, a partir da equação 2, e chegamos a um valor médio de Ccal= 73,3 J/°C com variância de 4,9 J/°C. 3.2 PADRONIZAÇÃO DAS SOLUÇÕES A padronização foi efetuada em duplicata, gerando os dados apresentados na tabela abaixo: Tabela 2: Dados referentes à padronização das soluções m(biftalato ) / g V(titulação NaOH) / dm^3 C(NaOH) / (mol.dm^- 3) Média C(NaOH) / (mol.dm^- 3) V(titulação acético) / dm^3 C(acético) / (mol.dm^- 3) Média C(acético) / (mol.dm^- 3) 0,2004 1,0 0,9346 0,8784 10,9 0,9576 0,9617 0,2015 1,2 0,8222n/a 11,0 0,9662 n/a A grande diferença entre a primeira e segunda medida de concentração para o NaOH pode se dar pelo pequeno volume utilizado da solução para a titulação quando comparado ao volume total da bureta, o que introduz uma grande margem de erro na medida, portanto para uma medida mais precisa seria recomendado a utilização de uma maior massa de biftalato, ou uma diluição prévia da solução de NaOH, para que assim um maior volume fosse utilizado. 3.3 - DETERMINAÇÃO DA ENTALPIA PADRÃO DE IONIZAÇÃO DO ÁCIDO ACÉTICO Para calcular a entalpia ΔH da reação, foi considerado a capacidade calorífica da solução final igual a da água. E com base na calorimetria, foi utilizado a equação (Eq. 6)𝑞 𝑟𝑒𝑎çã𝑜 + 𝑞 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 + 𝑞 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 = 0 onde o qreação = ΔrH° Após a adição do hidróxido de sódio ao calorímetro, observou-se um aumento de 5,7°C, então utilizando esse dado: ∆ 𝑟 𝐻° = 73, 3𝐽/°𝐶 + 𝑛 𝐻 2 𝑂 𝑉 𝐻 2 𝑂 𝑀 𝐻 2 𝑂 × 𝐶𝑝 𝐻 2 𝑂( ) 5, 7°𝐶( ) =− 422, 7𝐽 Uma vez que já temos o ΔrH°, o cálculo da ΔrH° de ionização foi feito com base da equação (Eq. 7)∆ 𝑟 𝐻° = ∆ 𝑟 𝐻 (𝑖𝑜𝑛𝑖𝑧𝑎çã𝑜) + ∆ 𝑓 𝐻 (á𝑔𝑢𝑎) · 𝑛 ∆ 𝑟 𝐻 (𝑖𝑜𝑛𝑖𝑧𝑎çã𝑜) = − 428, 2𝐽 = − 4, 453𝐽/𝑚𝑜𝑙 Valor um pouco diferente do esperado devido a falta de exatidão na padronização. 3.4 - DETERMINAÇÃO DA ENERGIA DE GIBBS PADRÃO E DA ENTROPIA PADRÃO DA REAÇÃO DE IONIZAÇÃO DO ÁCIDO ACÉTICO O pH da solução determinado pelo medidor de pH foi de 4,82, e pela definição de pH temos: (Eq. 8)𝑝𝐻 =− 𝑙𝑜𝑔(𝑎 𝐻 3 𝑂+ ) Como estamos trabalhando com soluções diluídas podemos afirmar que a atividade dos íons em solução será igual à sua concentração, então a constante de acidez se dará por: (Eq. 9)𝐾 𝑎 = [𝐻 3 𝑂+][𝐴𝑐−] [𝐻𝐴𝑐] Porém como o ácido acético é de natureza fraca, a razão [Ac-]/[HAc] é muito próxima de 1, portanto Ka será aproximadamente igual a concentração de H3O+, resultando então em: (Eq. 10)𝑝𝐻 =− 𝑙𝑜𝑔𝐾𝑎 ⇒ 𝐾𝑎 = 1, 51. 10−5 Agora que conhecemos o valor de Ka e ΔH, é possível calcular ΔG pela equação 1, e em seguida ΔS utilizando a equação 2. Os valores calculados foram (Para temperatura do dia de 24,7°C): ∆ 𝑟 𝐺° =− 𝑅𝑇𝑙𝑛𝐾𝑎 =− 27, 49 𝐾𝐽 ∆ 𝑟 𝑆° = ∆ 𝑟 𝐺°−∆ 𝑟 𝐻° −𝑇 = 77, 34 𝐽/𝐾 Podemos notar que o valor ΔS é maior que 0 o que se dá pela dissociação, como uma molécula se dissocia em duas neste caso os graus de desordem do sistema aumentam. 4. CONCLUSÃO Com o procedimento executado podemos concluir que com o auxílio de equipamentos simples como termômetro, calorímetro e o medidor de pH podemos extrair informações termodinâmicas como ΔH, ΔG, ΔS assim como a constante de equilíbrio, que são vitais para a compreensão do sistema. Além disso podemos comparar os valores obtidos com os valores da literatura como no caso do ΔG, utilizando a constante de acidez de 1,77x10^-5, obtemos um ΔG de -27,09 kJ, valor muito próximo ao obtido neste experimento, portanto o método empregado é efetivo. 5. REFERÊNCIAS ATKINS, P.W., Physical Chemistry, 6a Ed. (reimpressão), Oxford, Oxford University Press, 1999. CASTELLAN, G., Fundamentos de Físico-Química, 1ª Ed. (reimpressão),Rio de Janeiro, LTC, 1996.