Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Objetivos OBJETIVO 1: Compreender a fisiopatologia e etiologia da hanseníase OBJETIVO 2: Conhecer a epidemiologia e manifestações clínicas da hanseniase OBJETIVO 3: Analisar como a patologia interfere nas relações sociais do paciente Hanseníase CARACTERÍSTICAS GERAIS: • Doença infecciosa crônica granulomatosa • Afeta a pele, sistema nervoso e outros órgãos e sistemas • As vias aéreas superiores são consideradas as portas de entrada para o bacilo, entretanto existem outras formas de transmissão: placentária, por contato. AGENTE ETIOLÓGICO: • Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen • É um bastonete BAAR • Parasita intracelular obrigatório • Possui afinidade por macrófagos e células de Schwann • Tropismo pela pele e nervos periféricos • Possui alta infectividade e baixa patogenicidade • Vive por até 36h em temperatura ambiente • Homem é o reservatório do bacilo TRANSMISSÃO: • Pelas vias aéreas superiores • Pele ou mucosa erosada • Doentes bacilíferos (sem tratamento ou com tratamento irregular) • 90 a 95% dos indivíduos expostos são naturalmente resistentes • 5 a 10% manifestam a doença de diferentes formas • Período de incubação: multibacilares (5 a 10 anos) e paucibacilares (2 a 5 anos) PATOGÊNESE: Após a infecção o bacilo é fagocitado por macrófagos e será apresentado as células apresentadoras de antígenos pelo MHC I e II A infecção evolui de formas diferentes de acordo com a resposta imunológica do individuo (pode ser TH1 ou TH2) Com uma resposta imunológica competente, o individuo evolui para a forma clínica localizada e não contagiosa Com uma resposta imune ineficiente a forma difusa e contagiosa se desenvolve. Entre os dois extremos tem-se a forma intermediaria que di respeito a graduais variações da resistência ao bacilo Fisiologicamente o macrófago ao ser infectado pelo bacilo iria liberar interleucinas, que estimulariam células NK a produzir INF- γ, que realiza a ativação dos macrófagos estimulando a fagocitose, além disso levaria a maior produção de TNF-a que incrementa a ativação macrofágica por meio do sinergismo cíclico. A defesa ou a resistência a infecção estão relacionadas a presença de TNF-a e a produção de mediadores de oxidação, como reativos intermediários do oxigênio e do nitrogênio, mecanismos essenciais para destruição bacilar intramacrofágica. O mycobacterium leprae pode apresentar escape a oxidação intramacrofágica, devido a produção de antígenos pela sua parece celular, como PGL1 e LAM (lipoarabinomanana), que promovem a supressão da ativação dos macrófagos, proporcionando condições para que o bacilo fique protegido e se multiplique, formando globias (células de virchow). A supressão macrofágica ainda pode ser intensificada pela produção de TGF-B e proliferação de linfócitos B. CLASSIFICAÇÃO DA HANSENÍASE (RIDLEY- JOPLING): A classificação se baseia no espectro clinico, ou seja, nos achados cutâneos e neurológicos, capacidade imunológica do indivíduo e o número de bacilos BAAR presentes na derme: • Hanseníase Tuberculoide: resposta imune maior e poucos microorganismos; lesões são únicas ou em pequeno número, hipocrômica, as bordas são eritematosas, bem definidas e assimetricamente distribuídas • Hanseníase Virchowiana: baixa resposta imune e uma carga alta de microrganismos; lesões mal definidas e Hanseníase disseminadas de maneira difusa, hipocrômicas ou eritematosas • Hanseníase indeterminada: instável e intermediaria; surge após um período de incubação de 2 a 5 anos; aparecimento de manchas hipocrômicas, com alteração de sensibilidade, frequentemente apenas sensibilidade térmica encontra-se alterada; pesquisa de BAAR revela- se negativa. É considerada a primeira forma de manifestação clínica da hanseníase • Hanseníase Borderline/Dimorfa: instável e intermediaria; compreende a maior parte dos pacientes com hanseníase, está entre os polos tuberculoide e virchowiana. Lesões múltiplas, podendo ser desde máculas, eritematosas, em pele clara a hipocromicas, em pele escura (tonalidade cobreada), CLASSIFICAÇÃO DA OMS: • Hanseníase Multibacilar (MB): seis ou mais lesões e pode ser positiva no esfregaço cutâneo • Hanseníase Paucibaciliar (PB): cinco ou menos lesões de pele sem bacilos detectáveis no esfregaço EPIDEMIOLOGIA: • Brasil: 2º país com maior número de novos casos • Doença de notificação compulsória • Atinge mais homens que mulheres Dados preliminares divulgados pelo Ministério da Saúde apontam que o Brasil diagnosticou 15.155 novos casos de hanseníase em 2021, índice abaixo do registrado em 2020, de 17.979 casos. Nos últimos dois anos, observa-se que o número de casos foi bem menor quando comparado ao ano anterior à pandemia. Em 2019, por exemplo, foram notificados 27.864 casos da doença. Para os pesquisadores, a pandemia impactou diretamente na detecção de novos casos. Os índices mais baixos podem estar associados à subnotificação da doença devido à dificuldade na manutenção da oferta dos serviços e atendimento especializado. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Manifestações cutâneas: podem se apresentar como máculas, pápulas, placas eritematosas Neuropatia: Inflamação dos nervos periféricos, principalmente ramos neurais distais; os nervos mais acometidos são: facial, trigêmeo, ulnar, mediano, radial, fibular e tibial. Essa alteração nervosa resulta em distúrbio da sensibilidade térmica e dolorosa, posteriormente tátil e também podendo evoluir para amiotrofia, retração de tendões e paralisia. Lesão Oftálmica: comprometimento de nervos da musculatura das pálpebras, pode levar a ressecamento da córnea, abrasão e ulceração da mesma. A capacidade de fechar totalmente as pálpebras deve ser avaliada. OBS: as lesões neurais mais precoces, assimétricas e agressivas, estão relacionadas a hanseníase tuberculoide. Já as lesões mais tardias e menos intensas e simétricas estão relacionadas a hanseníase virchowiana. Outros tipos de reações podem ser: • Fadiga • Mal-estar • Febre • Neurite • Artrite NO EXAME FÍSICO PODE-SE ENCONTRAR: • Manchas hipopigmentadas ou avermelhadas na pele • Sensação diminuída ou perda de sensação na(s) mancha(s) de pele • Parestesias (formigamento ou dormência nas mãos ou pés) • Feridas indolores ou queimaduras nas mãos ou pés • Caroços ou inchaço nos lóbulos das relhas ou no rosto • Nervos periféricos sensíveis e aumentados HANSENÍASE E INTERAÇÕES SOCIAIS: O estigma em decorrência da hanseníase sempre esteve presente na sociedade em diferentes momentos históricos. Podem estar envolvidos nesse processo, o caráter crônico da doença, a deformidade física causada por ela e o fato de até pouco tempo ter sido considerada incurável. Também está relacionado a uma condição de inferioridade e estranhamento em relação àquele que tem a doença. Aspectos relacionados ao estigma e à discriminação promovem a exclusão social e, ao mesmo tempo, podem produzir consequências negativas que resultam em interações sociais desconfortáveis, limitando o convívio social, sofrimento psíquico e, consequentemente, pode interferir no diagnóstico e adesão ao tratamento da hanseníase, perpetuando um ciclo de exclusão social e econômica. Referências: • Brasileiro-Filho G. Bogliolo – Patologia Geral. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2013. • Hanseníase: Epidemiologia, microbiologia, manifestações clínicas e diagnóstico- David Scollard, MD, PhD, Barbara Stryjewska, MD, Mara Dacso, MD, MS https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/boletins-epidemiologicos/especiais/2022/boletim-epidemiologico-de-hanseniase-_-25-01-2022.pdf/view https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/boletins-epidemiologicos/especiais/2022/boletim-epidemiologico-de-hanseniase-_-25-01-2022.pdf/view https://www.cnnbrasil.com.br/tudo-sobre/pandemia/ https://www.uptodate.com/contents/leprosy-epidemiology-microbiology-clinical-manifestations-and-diagnosis/contributorshttps://www.uptodate.com/contents/leprosy-epidemiology-microbiology-clinical-manifestations-and-diagnosis/contributors https://www.uptodate.com/contents/leprosy-epidemiology-microbiology-clinical-manifestations-and-diagnosis/contributors https://www.uptodate.com/contents/leprosy-epidemiology-microbiology-clinical-manifestations-and-diagnosis/contributors https://www.uptodate.com/contents/leprosy-epidemiology-microbiology-clinical-manifestations-and-diagnosis/contributors
Compartilhar