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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA 1º SEMESTRE DO CURSO DE NUTRIÇÃO ILHA DAS FLORES RESUMO CRÍTICO BARREIRAS- BA 2022 DEBORA VIEIRA DE BRITO KARLA KELLY DE OLIVEIRA RAMOS Trabalho para o 1º semestre apresentado à UFOB no curso de nutrição, como requisito parcial para a obtenção de nota, solicitado pela professora Patricia Honorio da disciplina de Campus de Saúde: Saberes e Práticas. BARREIRAS- BA 2022 O documentário Ilha das Flores de 1989, dirigido por Jorge Furtado, retrata uma realidade de um lixão de Porto Alegre, por meio da relação de um alimento, representado pelos “tomates”, com os porcos e os seres humanos. É exibido o sistema de plantação, colheita e vendas, para representarem um sistema de troca, dos tomates por dinheiro, ou vice-versa. Em sequência é apresentado a rotina de um vendedor de tomate, de uma vendedora de perfumes e um vendedor de porcos, que utiliza os tomates que foram descartados no lixo e encaminhados para a ilha das flores, e estão em um melhor estado de conservação, para alimentarem os porcos. Após alimentar os porcos, é exibido um grupo de mulheres e crianças que aproveita para pegar os alimentos que foram dados aos porcos e não foram consumidos por eles, a filmagem deixa evidenciado que os humanos, ou seja o grupo de mulheres e crianças, tem telencéfalo, dedos opositores, mas não possui dinheiro, e quando equiparado aos porcos, essas pessoas não possuem nem um dono para cuidá-los. Esse grupo de pessoas utilizadas no documentário é uma representação de uma parcela da população diante da desigualdade social e que estão à mercê da sorte para sobreviver, tentando se alimentar com os restos de comidas deixados pelos porcos, o descaso, a falta de melhores condições de vida, o acesso restrito aos alimentos, o abandono, e a infância roubada das crianças, essas pessoas são desassistidas pelo o Estado, já não detém de um amparo do Estado. Essas pessoas não estão incluídas no que a Organização Mundial da Saúde (OMS) apresenta como saúde, que é um estado completo de bem estar mental, social e físico, elas carecem de vários determinantes sociais da saúde, por exemplo, alimentação, habitação, ambiente de trabalho, educação, fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos\raciais e psicológicos, a ausência desses aspectos trazem um risco maior na ocorrência de problemas de saúde. É imprescindível a intervenção do Estado em locais com a Ilha das Flores, o nome remete a flores, algo belo e cheiroso, ironicamente o local é um lixão onde pessoas moram e luta para sobreviverem recolhendo lixos para se alimentarem, infelizmente, atualmente há diversos outros lugares assim no Brasil, principalmente porque o país retornou para o mapa da fome, de acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar Nutricional (Rede Penssan) 9% da população brasileira é atingida pela fome. Dessa maneira, fica evidente que o documentário “Ilhas das flores”, buscou demonstrar de forma clara e crítica como a inteligência humana, apesar de contribuir para o desenvolvimento da humanidade, também é responsável por exercer a exclusão e destruição da mesma. Nessa perspectiva, nota-se que autor Jorge Furtado utilizou da lógica capitalista para traçar um paralelo com a linha de produção do tomate e enfatizar a situação desigual nas relações sociais. Cabe ressaltar, que o roteirista propõe uma reflexão a partir do “poder” que a monetização tem na vida das pessoas, visto que, na atualidade, o dinheiro coordena as liberdades individuais, o que limita a grande massa social que não é detentora de tal recurso, fazendo com que esta viva em condições deploráveis e marginalizada. Logo, o filme utiliza da indagação para incitar o público a utilizar de um pensamento crítico e aguçado, a fim de contestar a problemática apresentada, para isso apresenta conflitos econômicos, ambientais e sociais questionando a própria racionalidade da espécie humana. Em síntese, o curta metragem apresenta tópicos de extrema importância para a sociedade. Portanto, é indicado que seja realizada a reprodução deste material pelos mais diversos públicos e faixas etárias que desejam compreender de forma aguçada a realidade na qual estão inseridos, inclusive, pode ser utilizado por estudantes da área nutricional para compreender e refletir sobre o feito capitalista na subalimentação de muitos brasileiros, como também pode servir de base para profissionais da área da educação, a fim de causar nos alunos um desenvolvimento racial e compreensão das tristes realidades que estão presentes no Brasil. Nesse viés, nota-se que essa obra cinematográfica apresenta grande peso intelectual, fator que lhe propiciou o prêmio de melhor curta metragem pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema.
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