Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Pesquisa em fisioterapia: níveis de evidências em artigos APRESENTAÇÃO Nesta Unidade, iremos aprender sobre alguns métodos que avaliam os níveis de evidências em pesquisas. Estes são utilizados para classificar a qualidade das pesquisas na área da saúde. A pesquisa em fisioterapia necessita crescer ainda mais, para que possamos trabalhar melhor com os tratamentos baseados em evidências. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a hierarquia das classificações dos níveis de evidências.• Selecionar os sistemas de classificação de evidência apropriado para avaliar a qualidade de estudos e a força de recomendação. • Explicar as classificações de níveis de evidências e as Recomendações Clínicas Baseadas em Evidências nos modelos de pesquisas e na prática clinica. • DESAFIO Em um artigo, o autor apresentou um estudo sobre a Síndrome do Impacto Glenoumeral, onde os pacientes foram divididos por sorteio em 2 grupos. 1) O grupo 1 de pacientes (N=24) recebeu crioterapia e exercícios de rotação externa em conjunto com terapia manual. 2) O grupo 2 (N=22), também chamado de grupo controle, recebeu apenas crioterapia. Vamos ao desafio: Diante destes dados, responda, em um documento do Word, duas questões sobre esta pesquisa. Lembre-se de como foram escolhidos os grupos para a aplicação do tratamento: 1- Qual o modelo de pesquisa utilizado neste trabalho? 2- Na hierarquia da classificação de evidências, como podemos classificar este estudo? INFOGRÁFICO Veja, neste Infográfico sobre os tipos de estudos e sua hierarquia de classificação de evidências, o que iremos aprender no conteúdo desta Unidade de Aprendizagem: CONTEÚDO DO LIVRO A Fisioterapia Baseada em Evidência é uma realidade. Para podermos aplicar clinicamente as evidências, é fundamental conhecer como se classificam e o motivo pelo qual sofrem uma hierarquia. Aprofunde seus conhecimentos lendo o livro de Mark Dutton, que serve de base para esta Unidade de Aprendizagem. DUTTON, M. Fisioterapia ortopédica: exame, avaliação e intervenção. 2ªed. Porto Alegre: Artmed, 2010. Boa leitura. �������� � ���� ��� �� ���� � �� ��������������������������������������������������������� ��� ��!""�# �#$%!� 9::�+*�'�( '&��#4%<( Aviso A medicina é uma ciência em constante transformação. À medida que novas pesquisas e experiências clínicas ampliam nosso conhe- cimento, mudanças no tratamento e na terapia medicamentosa são necessárias. Os autores e o editor deste livro consultaram fontes consideradas confiáveis a fim de fornecer informação completa e de acordo com os padrões aceitos no momento da publicação. Con- tudo, considerando a possibilidade de mudanças na área, recomen- da-se que os leitores verifiquem a bula inclusa na embalagem de cada medicamento antes de sua administração. Essa recomendação é de particular importância em relação a fármacos novos ou usados raramente. D981f Dutton, Mark. Fisioterapia ortopédica [recurso eletrônico] : exame, avaliação e intervenção / Mark Dutton ; tradução: Paulo Henrique Machado, Maria da Graça Figueiró da Silva ; revisão técnica: Débora Grace Schnarhdorf, Silviane Machado Vezzani. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2010. Editado também como livro impresso em 2010. ISBN 978-85-363-2371-8 1. Fisioterapia ortopédica. I. Título. CDU 615.8:616-089.23 Catalogação na publicação: Renata de Souza Borges CRB-10/1922 Iniciais_Eletronico.p65 1/6/2010, 10:112 240 SEÇÃO I • FUNDAMENTOS DA ORTOPEDIA TABELA 8-32 Ensaios controlados randomizados, revisões sistemáticas e orientações de prática clínica153 Ensaios controlados randomizados (ECRs) Envolvem experimentos em indivíduos. Menos expostos a desvios. Asseguram comparação de grupos. De modo geral, voluntários concordaram em ser randomicamente alocados em grupos recebendo um dos seguintes: • Tratamento e sem tratamento • Tratamento-padrão e tratamento-padrão acrescido de um tratamento novo • Dois tratamentos alternados A característica comum é que o grupo experimental recebe o tratamento de interesse, enquanto o grupo-controle, não. No final do teste, os resultados dos pacientes de cada grupo são determinados – a diferença nos resultados entre os grupos fornece uma estimativa do tamanho do efeito do tratamento. Revisões sistemáticas Revisões da literatura conduzidas de maneira projetada para minimizar o desvio. Podem ser empregadas para avaliar os efeitos de intervenções de saúde, a precisão dos testes de diagnóstico ou o prognóstico para determinada condição. Em geral, envolvem critérios para determinar quais estudos serão considerados, a estratégia de pesquisa usada para localizar os estudos, os métodos para avaliar a qualidade dos estudos e o processo utilizado para sintetizar os achados dos estudos individuais. Particularmente úteis para fisioterapeutas atarefados que podem estar impossibilitados de acessar todos os testes relevantes em uma determinada área e precisam confiar nas suas próprias fontes incompletas de testes relevantes. Orientações de prática clínica Recomendações para tratamento de uma determinada condição clínica. Envolvem compilação de evidências quanto às necessidades e expectativas dos que recebem assistência, a precisão dos testes de diagnóstico e os efeitos da terapia e o prognóstico. Em geral, necessitam da condução de uma ou de várias revisões sistemáticas. Podem ser apresentadas como algoritmos de decisão clínica. Podem fornecer uma estrutura de trabalho útil sobre a qual os fisioterapeutas podem construir a prática clínica. Dados de Maher CG, Herbert RD, Moseley AM, et al.: Critical appraisal of randomized trials, systematic reviews of randomized trials and clonical practice guidelines. In: Boyling JD, Jull GA, eds. Grieve’s Modern Manual Therapy: The Vertebral Column. Philadelphia: Churchill Livingstone, 2004:603-614: Petticrew M: Systematic reviews from astronomy to zoology: myths and misconceptions. BMJ 322:98-101, 2001. mais usados para caracterizar a confiabilidade dos testes e das medições são o coeficiente de correlação intraclasse (ICC) e a estatística kappa (κ), sendo que os dois são baseados em mo- delos estatísticos:157 � A estatística kappa (κ) é um índice de correção de probabili- dades de concordâncias que supera o problema das concor- dâncias prováveis quando forem usadas com dados nominais e ordinais (Tab. 8-34).162 Entretanto, com dados mais eleva- dos da escala, esse método acaba subestimando a confiabili- dade.163 Em tese, o índice κ pode ser negativo se a concor- dância for pior do que a probabilidade. Do ponto de vista prático, em estudos de confiabilidade clínica, esse índice κ varia de 0,00 a 1,00.163 A estatística kappa (κ) não estabelece nenhuma diferença entre discordâncias, ou seja, ela presume que todos têm a mesma significância.163 � ICC é um coeficiente de confiabilidade calculado a partir de estimativas obtidas nas análises de variância (Tab. 8-39).164 A vantagem do ICC sobre os coeficientes de correlação é que ele não requer o mesmo número de avaliadores por indivíduo e pode ser empregado para dois ou mais avaliadores ou avaliações.164 Como ocorre com outros modelos, essas estatísticas têm de- terminadas suposições (como restrições na amplitude e índice bá- sico) que são essenciais e que devem ser satisfeitas se houver con- fiança nas suas aplicações e nos seus resultados.157 TABELA 8-33 Hierarquia da classificação de evidências Nível de evidência Nível de evidência Nível de evidência Nível de evidência Nível de evidência Classificação = A Classificação = B Classificação = C Classificação = D Classificação = E Tipo de estudo Ensaios clínicos Estudo de coorte Teste não randomizado Estudo transversal Consenso de especialistas randomizados com controles concorrentes Série de casos Experiência clínica ou estudos de caso de Relatos de casos controles históricos Estudo de sensibilidade e de especificidade de um teste diagnóstico Estudo descritivo combase na população 08-CAP-Fisioterapia-Ortopédica.p65 6/5/2010, 09:11240 CAPÍTULO 8 • EXAME E AVALIAÇÃO 241 O coeficiente de correlação momentânea de Pearson (r) descreve de maneira quantitativa a força e a direção da relação entre duas variáveis. Esse coeficiente é usado com dados contínuos, em con- dições normais de distribuição, em intervalos ou escalas de razão (Tab. 8-35).164 A utilização dos coeficientes de correlação como índices de concordância é bastante limitada, pois eles examinam apenas duas avaliações ou dois avaliadores.163 Além disso, são medidas de covariância e não refletem a concordância.164 Validade. O teste de validade é definido como o grau em que um teste mede aquilo que estava estabelecido e qual a eficácia com que classifica os indivíduos portadores ou não de determinada doença.92,161,165 Embora a confiabilidade seja importante, é mais significativo demonstrar se a medição é realmente útil ou não.166 Um teste é considerado como tendo precisão diagnóstica se tem a capacidade de discriminar entre pacientes portadores ou não de uma determinada doença.167 Existem vários tipos de validade, como validade de constru- to, validade de face, validade de conteúdo, validade externa, vali- dade concorrente e validade relacionada a critérios. � Validade de construto. A validade de construto refere-se à capacidade de um teste representar o construto subjacente (teoria desenvolvida para organizar e explicar alguns aspectos das observações e do conhecimento existente). A validade de constructo diz respeito à validade total. � Validade de face. A validade de face refere-se ao grau no qual as perguntas ou os procedimentos incorporados a um teste fazem algum sentido aos usuários. A avaliação da validade de face costuma ser informal e não quantitativa. � Validade de conteúdo. A validade de conteúdo refere-se à avaliação do conteúdo das medições, por especialistas, para verificar a consistência daquilo que está sendo medido. Ela se relaciona com a representatividade da população-amos- tra, isto é, o conhecimento e a habilidade cujos itens do teste devem ser representativos deste universo. Em muitas situações, é difícil ou mesmo impossível administrar um teste que inclua todos os aspectos do conhecimento ou da habilidade. Portanto, somente algumas tarefas podem ser TABELA 8-34 Valores kappa (κ) de benchmark Valor (%) Descrição <40 Concordância de fraca a regular 40–60 Concordância moderada 60–80 Concordância substancial >80 Concordância excelente 100 Concordância perfeita TABELA 8-35 Valores de benchmark do coeficiente de Pearson (r) para as ciências médicas Valor Descrição 0,00–0,25 Pouca ou nenhuma relação 0,25–0,50 Relação regular 0,50–0,75 Relação variando de moderada a boa >0,75 Relação variando de boa a excelente amostradas. Nessas circunstâncias, a proporção da pontua- ção atribuída à capacidade de determinado componente deve ser proporcional à importância do mesmo em relação ao desempenho total. Na validade de conteúdo, as evidên- cias são obtidas pela busca do consenso nos julgamentos. Resumindo, a validade de face pode ser determinada por uma pessoa, enquanto a validade de conteúdo deve ser con- firmada por um grupo de pessoas. � Validade externa. A validade externa aborda os graus em que os resultados dos estudos podem ser generalizados para indi- víduos, locais e tempos diferentes.164,168 � Validade relacionada a critérios. A determinação da validade relacionada a critérios é feita com base na comparação dos resultados de um teste com os daquele que foi aceito como “padrão-ouro” (um teste com quase 100% de validade).169 Em estudos que pesquisam esse tipo de validade, dois testes são feitos simultaneamente e os pesquisadores avaliam se o teste estudado pode ser utilizado como alternativa clínica para o teste padrão-ouro.170 Há três tipos de validade relacionada a critérios: concorrente, preditiva e discriminatória. • Validade concorrente. É determinada pela correlação de um teste com outro feito no mesmo período.169 • Validade preditiva. É a extensão em que as pontuações de um teste são associadas a comportamentos ou desem- penhos futuros. • Validade discriminatória. É a capacidade de um teste em distinguir entre dois construtos diferentes, sendo eviden- ciada pela baixa correlação entre os resultados de um teste e os resultados de outros com construtos diferentes. A validade está diretamente relacionada à noção de sensibili- dade e especificidade. A sensibilidade e a especificidade de qual- quer teste físico para discriminar disfunções relevantes devem ser avaliadas para que as decisões sejam significativas.171 � A sensibilidade representa a proporção de uma população portadora do distúrbio-alvo com resultados positivos no teste de diagnóstico. Os testes que conseguem identificar de forma correta as pessoas que têm o distúrbio-alvo possuem sensibi- lidade de 1,0. SnNout é um acrônimo que indica que a sensi- bilidade de um sintoma ou sinal é alta e que respostas negati- vas excluem o distúrbio-alvo. Dessa maneira, os testes alta- mente sensíveis ajudam a excluir uma condição. � Especificidade é a proporção da população do estudo sem o distúrbio-alvo cujos resultados dos testes são negativos (Tab. 8-40).169 Os testes que conseguem identificar de forma cor- reta as pessoas que não têm o distúrbio-alvo possuem especi- ficidade 1,0. SpPin é um acrônimo que indica que a especifi- cidade de um sintoma ou sinal é extremamente alta e que testes com resultados positivos excluem o distúrbio-alvo. Dessa maneira, os testes com especificidade elevada ajudam a in- cluir um distúrbio ou condição. A interpretação dos valores de sensibilidade e especificidade é mais fácil quando seus valores são elevados.172 Os testes com alta sensibilidade e baixa especificidade, e vice-versa, têm pouco valor e os níveis aceitáveis em geral ficam entre 50 (testes inaceitáveis) e 100% (testes perfeitos), com um ponto de corte arbitrário em cerca de 80%.169 08-CAP-Fisioterapia-Ortopédica.p65 6/5/2010, 09:11241 242 SEÇÃO I • FUNDAMENTOS DA ORTOPEDIA TA BE LA 8 -3 6 Ce nt ro O xf or d pa ra n ív ei s de e vi dê nc ia d a m ed ic in a ba se ad a em e vi dê nc ia s Di ag nó st ic o Te ra pi a/ pr ev en çã o, di fe re nc ia l/ es tu do d e An ál is es e co nô m ic as N ív el et io lo gi a/ da no Pr og nó st ic o Di ag nó st ic o pr ev al ên ci a de s in to m as e de d ec is ão 1a RS ( co m h om og en ei da de a ) RS ( co m h om og en ei da de a ) d e es tu do s RS ( co m h om og en ei da de a ) d e RS ( co m h om og en ei da de a ) RS ( co m h om og en ei da de a ) d e de E CR s de c oo rt e in ic ia is ; RD Cb v al id ad a em RD Cb c om e st ud os 1 b de de e st ud os d e co or te es tu do s ec on ôm ic os d e ní ve l 1 di fe re nt es p op ul aç õe s di fe re nt es c en tr os c lín ic os pr os pe ct iv os 1b EC R in di vi du al ( co m i nt er va lo Es tu do d e co or te i ni ci al i nd iv id ua l Va lid an do d es tu do d e co or te c om Es tu do d e co or te p ro sp ec ti vo An ál is e ba se ad a no s cu st os o u de c on fi an ça e st re it oc ) co m > 80 % d e ac om pa nh am en to ; RD Cb bo ns e pa dr õe s de r ef er ên ci a ou co m b om a co m pa nh am en to f al te rn at iv as c lin ic am en te va lid ad a em u m a po pu la çã o ún ic a RD Cb t es ta da e m u m se ns ív ei s, r ev is õe s ce nt ro c lín ic o si st em át ic as d as e vi dê nc ia s e in cl ui nd o an ál is es d e se ns ib ili da de d e m úl ti pl as f or m as 1c Tu do o u na da g Sé rie d e ca so s tu do o u na da Sp Pi ns e S nN ou ts h ab so lu to s Sé rie d e ca so s tu do o u na da An ál is es d e m el ho r valo r ab so lu to ou d e pi or v al or a bs ol ut oi 2a RS ( co m h om og en ei da de a ) d e RS ( co m h om og en ei da de a ) d e es tu do s RS ( co m h om og en ei da de a ) d e RS ( co m h om og en ei da de a ) RS ( co m h om og en ei da de a ) d e es tu do s de c oo rt e de c oo rt e re tr os pe ct iv os o u de es tu do s de d ia gn ós ti co > 2 de 2 b e m el ho re s es tu do s es tu do s ec on ôm ic os d e ní ve l >2 gr up os -c on tr ol e nã o tr at ad os e m E CR s 2b Es tu do d e co or te i nd iv id ua l Es tu do d e co or te r et ro sp ec ti vo o u Es tu do d e co or te e xp lo ra tó rio d Es tu do d e co or te r et ro sp ec ti vo An ál is e ba se ad a no s cu st os o u (i nc lu in do E CR d e ba ix a ac om pa nh am en to d e pa ci en te s de co m b on se p ad rõ es d e re fe rê nc ia ; ou a co m pa nh am en to f ra co al te rn at iv as c lin ic am en te s en sí ve is , qu al id ad e; p . ex ., < 8 0% d e co nt ro le n ão t ra ta do s em u m E CR ; EC Rb a pó s de ri va çã o ou v al id ad o re vi sõ es l im it ad as d as e vi dê nc ia s ac om pa nh am en to ) de ri va çã o de R DC b ou v al id aç ão ap en as n a am os tr a di vi di da j o u ou d e es tu do s si m pl es e i nc lu in do ap en as n a am os tr a di vi di da ba se d e da do s an ál is es d e se ns ib ili da de d e m úl ti pl as f or m as 2c Pe sq ui sa d e “r es ul ta do s” ; Pe sq ui sa d e “r es ul ta do s” Es tu do s ec ol óg ic os Pe sq ui sa d e au di to ri a ou d e es tu do s ec ol óg ic os re su lt ad os 3a RS ( co m h om og en ei da de a ) d e RS ( co m h om og en ei da de a ) d e 3b RS ( co m h om og en ei da de a ) RS ( co m h om og en ei da de a ) d e es tu do s de c as o- co nt ro le e m el ho re s es tu do s de 3 b e m el ho re s es tu do s es tu do s 3b e m el ho re s 3b Es tu do d e ca so -c on tr ol e Es tu do n ão c on se cu ti vo o u se m Es tu do d e co or te An ál is e ba se ad a em c us to s ou in di vi du al pa dr õe s de r ef er ên ci a nã o co ns ec ut iv o ou p op ul aç ão al te rn at iv as l im it ad as e co ns ta nt em en te a pl ic ad os m ui to l im it ad a es ti m at iv as d e da do s de q ua lid ad e fr ac a, m as i nc lu in do a ná lis es d e se ns ib ili da de i nc or po ra nd o va ria çõ es c lin ic am en te s en sí ve is 4 Sé rie s de c as os ( e co or te d e Sé rie s de c as os ( e es tu do s de c oo rt e Es tu do d e ca so -c on tr ol e e pa dr ão Sé rie d e ca so s ou p ad rõ es d e An ál is e se m a ná lis e de qu al id ad e fr ac a e es tu do s de p ro gn ós ti co d e qu al id ad e fr ac al ) de r ef er ên ci a fr ac o ou re fe rê nc ia a nu la do s se ns ib ili da de de c as o- co nt ro le k ) nã o in de pe nd en te (c on ti nu a) 08-CAP-Fisioterapia-Ortopédica.p65 6/5/2010, 09:11242 CAPÍTULO 8 • EXAME E AVALIAÇÃO 243 5 Op in iã o de e sp ec ia lis ta s em Op in iã o de e sp ec ia lis ta s em a pr ec ia çã o Op in iã o de e sp ec ia lis ta s em Op in iã o de e sp ec ia lis ta s em Op in iã o de e sp ec ia lis ta s em ap re ci aç ão c rí ti ca e xp líc it a cr ít ic a ex pl íc it a, o u ba se ad a ap re ci aç ão c rí ti ca e xp líc it a, ap re ci aç ão c rí ti ca e xp líc it a, ap re ci aç ão c rí ti ca e xp líc it a ou ou b as ea da n a fi si ol og ia , na f is io lo gi a, p es qu is a be nc h ou b as ea da n a fis io lo gi a, p es qu is a ou b as ea da n a fi si ol og ia , ba se ad a na t eo ria e co nô m ic a pe sq ui sa b en ch o u “p rim ei ro s ou “ pr im ei ro s pr in cí pi os ” be nc h ou “ pr im ei ro s pr in cí pi os ” pe sq ui sa b en ch o u “p ri m ei ro s ou “ pr im ei ro s pr in cí pi os ” pr in cí pi os ” pr in cí pi os ” EC R = en sa io c lín ic o ra nd om iz ad o; R DC = r eg ra d e de ci sã o cl ín ic a; R S = re vi sã o si st em át ic a; R RA = r ed uç ão d o ri sc o ab so lu to . Us uá ri os p od em u ti liz ar o s in al d e m en os “ -“ p ar a in di ca r o ní ve l qu e fa lh a em f or ne ce r um a re sp os ta c on cl us iv a po rq ue : • um r es ul ta do s im pl es c om i nt er va lo d e co nf ia nç a am pl o (t al c om o, u m a RR A em u m E CR n ão é e st at is ti ca m en te s ig ni fi ca ti vo , m as c uj os i nt er va lo s de c on fi an ça f al ha m e m e xc lu ir b en ef íc io s ou p re ju íz os c lin ic am en te im po rt an te s) ; • ou d e um a re vi sã o si st em át ic a co m h et er og en ei da de i nc ôm od a (e e st at is ti ca m en te s ig ni fi ca ti va ); • ta l ev id ên ci a é in co nc lu si va e , po rt an to , só p od e ge ra r re co m en da çõ es d e gr au D . a Po r ho m og en ei da de , si gn if ic a um a re vi sã o si st em át ic a liv re d e va ri aç õe s af lit iv as ( he te ro ge ne id ad e) n as d ir eç õe s e gr au s de r es ul ta do s en tr e es tu do s in di vi du ai s. N em t od as a s re vi sõ es s is te m át ic as c om h et er og en ei da de es ta ti st ic am en te s ig ni fi ca ti va p re ci sa m s er a fl it iv as e n em t od as a s he te ro ge ne id ad es a fl it iv as p re ci sa m s er e st at is ti ca m en te s ig ni fi ca ti va s. C om o ob se rv ad o an te ri or m en te , es tu do s qu e m os tr am h et er og en ei da de a fl it iv a de ve m s er i nd ic ad os c om u m “ -“ n o fi na l de s eu n ív el d es ig na do . b Re gr a de d ec is ão c lín ic a. ( Es te s sã o al go ri tm os o u si st em as d e po nt ua çã o qu e le va m a u m a es ti m at iv a de p ro gn ós ti co o u a um a ca te go ri a de d ia gn ós ti co .) c Ve r no ta a nt er io r pa ra c on se lh o so br e co m o en te nd er , cl as si fi ca r e ut ili za r te st es o u ou tr os e st ud os c om i nt er va lo s de c on fi an ça a m pl os . d Va lid ar e st ud os t es ta a q ua lid ad e de u m t es te d ia gn ós ti co e sp ec íf ic o, c om b as e na e vi dê nc ia a nt er io r. U m e st ud o ex pl or at ór io c ol et a in fo rm aç ão e p ro cu ra o s da do s (p . ex ., u sa nd o um a an ál is e de r eg re ss ão ) pa ra d es co br ir qu ai s fa to re s sã o “s ig ni fi ca ti vo s” . e Bo ns p ad rõ es d e re fe rê nc ia s ão i nd ep en de nt es d o te st e e ap lic ad os c om a bo rd ag em c eg a ou o bj et iv a pa ra t od os o s pa ci en te s. P ad rõ es d e re fe rê nc ia f ra co s sã o ap lic ad os a o ac as o, m as a in da i nd ep en de nt es d o te st e. O u so de u m p ad rã o de r ef er ên ci a nã o in de pe nd en te ( em q ue o “ te st e” e st á in cl uí do n a “r ef er ên ci a” , ou e m que o “ te st e” a fe ta a “ re fe rê nc ia ”) i m pl ic a um e st ud o de N ív el 4 . f Bo m a co m pa nh am en to e m u m e st ud o de d ia gn ós ti co d if er en ci al é > 80 % , co m t em po a de qu ad o pa ra d ia gn ós ti co s al te rn at iv os s ur gi re m ( p. e x. , 1 a 6 m es es a gu do e 1 a 5 a no s cr ôn ic o) . g En co nt ra do s qu an do t od os o s pa ci en te s m or ri am a nt es d o ra io X s e to rn ar d is po ní ve l, m as a lg un s ho je s ob re vi ve m ; ou q ua nd o al gu ns p ac ie nt es m or ri am a nt es d o ra io X s e to rn ar d is po ní ve l, m as n en hu m h oj e m or re . h U m “ Sp Pi n ab so lu to ” é um a ch ad o di ag nó st ic o cu ja e sp ec if ic id ad e é tã o al ta q ue u m re su lt ad o po si ti vo c on fi rm a o di ag nó st ic o. U m “ Sn No ut a bs ol ut o” é u m a ch ad o di ag nó st ic o cu ja s en si bi lid ad e é tã o al ta q ue u m re su lt ad o ne ga ti vo d es ca rt a o di ag nó st ic o. i Tr at am en to s de m el ho r va lo r ab so lu to s ão c la ra m en te t ão b on s m as m ai s ba ra to s ou m el ho re s co m c us to i gu al o u re du zi do . Tr at am en to s de p io r va lo r ab so lu to s ão b on s e m ai s ca ro s ou p io re s e de c us to i gu al o u m ai or . j Va lid aç ão d e am os tr a di vi di da é a ti ng id a co le ta nd o- se t od as a s in fo rm aç õe s em u m a ún ic a sé ri e (t ra nc he ), d ep oi s di vi di nd o- se a rt if ic ia lm en te e m a m os tr as d e “d er iv aç ão ” e de “ va lid aç ão ”. k Po r es tu do d e co or te d e qu al id ad e fr ac a, q ue re m os d iz er q ue e le fa lh ou e m d ef in ir c la ra m en te g ru po s de c om pa ra çã o e/ ou fa lh ou e m m ed ir e xp os iç õe s e re su lt ad os n a m es m a m an ei ra o bj et iv a (d e pr ef er ên ci a co m a bo rd ag em ce ga ) em in di ví du os e xp os to s e nã o ex po st os , e/ ou f al ho u em id en ti fi ca r ou c on tr ol ar d e fo rm a ad eq ua da f at or es d e co nf us ão c on he ci do s, e /o u fa lh ou e m r ea liz ar u m a co m pa nh am en to c om pl et o e su fi ci en te m en te lo ng o do s pa ci en te s. P or e st ud o de c as o- co nt ro le d e qu al id ad e fr ac a, s ig ni fi ca q ue e le fa lh ou e m d ef in ir c la ra m en te o s gr up os d e co m pa ra çã o e/ ou fa lh ou e m m ed ir a s ex po si çõ es e o s re su lt ad os d a m es m a fo rm a ob je ti va ( de p re fe rê nc ia co m a bo rd ag em c eg a) n os c as os e n os c on tr ol es , e/ ou f al ho u em i de nt if ic ar o u co nt ro la r de f or m a ad eq ua da o s fa to re s de c on fu sã o co nh ec id os . l Po r es tu do d e co or te d e pr og nó st ic o de q ua lid ad e fr ac a, e nt en de -s e aq ue le e m q ue a a m os tr a fo i de sv ia da e m f av or d os p ac ie nt es q ue j á ti ve ra m o r es ul ta do -a lv o; a m ed iç ão d os r es ul ta do s fo i re al iz ad a em < 8 0% d os pa ci en te s de e st ud o; o s re su lt ad os f or am d et er m in ad os d e m an ei ra n ão c eg a, n ão o bj et iv a; o u nã o ho uv e co rr eç ão p ar a fa to re s de c on fu sã o. Gr au s de r ec om en da çã o A Es tu do s de N ív el 1 c on si st en te s B Es tu do s de N ív el 2 o u 3 co ns is te nt es o u ex tr ap ol aç õe s do s es tu do s de n ív el 1 C Es tu do s de N ív el 4 o u ex tr ap ol aç õe s do s es tu do s de n ív el 2 o u 3 D Ev id ên ci a de N ív el 5 o u es tu do s in co nc lu si vo s ou i nc on si st en te s de q ua lq ue r ní ve l Da do s de P hi lli ps B , Ba ll C, S ac ke tt D , et a l.: O xf or d Ce nt er f or E vi de nc e- Ba se d M ed ic in e Le ve ls o f Ev id en ce , ht tp :/ /w w w. ce bm .n et /l ev el s. of .e vi de nc e. as p# le ve ls , M ay 2 00 1. TA BE LA 8 -3 6 Ce nt ro O xf or d pa ra n ív ei s de e vi dê nc ia d a m ed ic in a ba se ad a em e vi dê nc ia s (c on ti nu aç ão ) Di ag nó st ic o Te ra pi a/ pr ev en çã o, di fe re nc ia l/ es tu do d e An ál is es e co nô m ic as N ív el et io lo gi a/ da no Pr og nó st ic o Di ag nó st ic o pr ev al ên ci a de s in to m as e de d ec is ão 08-CAP-Fisioterapia-Ortopédica.p65 6/5/2010, 09:11243 DICA DO PROFESSOR Conheça mais alguns sistemas de classificação de evidências e as suas recomendações, que são importantes para o fisioterapeuta. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) O Nível de Evidência Classificação C representa que tipo ou modelo de pesquisa? A) Testes clínicos randomizados. B) Consenso de especialistas. C) Estudo descritivo com base na população. D) Série de casos. E) Estudo de coorte. 2) O fisioterapeuta de uma clínica recebeu um paciente com dor cervical crônica e deve justificar a sua escolha de tratamento. Revisando os estudos sobre cervicalgia, encontrou que: Exercícios destinados a aumentar a força dos flexores profundos do pescoço melhoram a capacidade de manter a postura cervical e de estabilizar a coluna cervical quando se realiza tarefas de alcance e uso dos membros superiores. Tem GRAU B nas recomendações clínicas baseadas em evidências. Portanto, esta informação significa que: A) As recomendações Grau B são baseadas em consenso, evidências orientadas para a doença e prática usual. B) As recomendações Grau B são baseadas em evidências orientadas para o paciente inconsistentes ou de qualidade limitada (metanálise de qualidade inferior ou de achados inconsistentes). C) As recomendações Grau B são baseadas em evidências, através da opinião de especialista. D) As recomendações Grau B são baseadas em evidências em estudos realizado com experimentos controlados randomizados. E) As recomendações grau B são baseadas em evidências consistentes, de boa qualidade. 3) O fisioterapeuta Anderson, em seu doutorado, quer apresentar um trabalho em que a qualidade de evidência seja ALTA e o nível A, conforme o sistema GRADE. Que modelo de pesquisa a orientadora do Anderson solicitou a ele? A) Estudos observacionais, mais especificamente estudos de coorte e caso controle. B) Um relato de caso seria suficiente para esta classificação. C) Deveria fazer um Ensaio Clínico Randomizado com grupos paralelos, com controles adequados e bem conduzidos. D) Estudos observacionais não controlados. E) Ensaios clínicos randomizados com limitações leves. Relacione a coluna sobre qualidade de evidência no sistema GRADE: 1- Alta (nível A) 2- Moderada (nível B) 3- Baixo (nível C) 4- Muito Baixo (nível D) 4) ( ) O verdadeiro efeito é, provavelmente, próximo ao estimado, mas há uma possibilidade de que seja substancialmente diferente. ( ) Qualquer estimativa de efeito deve ser vista como muito incerta. ( ) Pesquisas posteriores, muito provavelmente, terão importante impacto na confiança depositada na estimativa de efeito e, provavelmente, irão mudar a estimativa. ( ) É improvável que novas pesquisas mudem a confiança depositada na estimativa do efeito.A) 1 2 3 4 B) 4 3 1 2 C) 3 1 4 2 D) 2 4 3 1 E) 4 2 3 1 5) Observando o sistema de classificação do Centro Oxford, é possível dizer: Escreva V para Verdadeiro e F para Falso: 1 - ( ) O Centro Oxford leva em conta, na classificação, a análise econômica da pesquisa. 2 - ( ) Estudo não consecutivo ou sem padrões de referência constantemente aplicados referem-se ao nível 2C. 3 - ( ) Análises de melhor valor absoluto ou de pior valor absoluto referem-se aos níveis 1C e 1B. 4 - ( ) Estudo de coorte retrospectivo ou acompanhamento fraco refere-se ao nível 2B. A) V F F V B) F V V F C) V V V V D) V V F V E) F F V F NA PRÁTICA O Sistema McKenzie é extremamente conhecido e utilizado para o tratamento da Hérnia de Disco Lombar. Consiste em uma classificação das lesões musculoesqueléticas na coluna e nos membros e se divide em 3 síndromes distintas: de Desarranjo, de Disfunção e de Postura. Após a avaliação, são aplicados exercícios terapêuticos. No livro Casos Clínicos em Fisioterapia Ortopédica, do Brumitt, ele apresenta as Recomendações Clinicas Baseadas em Evidências através da SORT (Força da Taxonomia da Recomendação). 1- Sistema de classificação de McKenzie, que aponta três síndromes distintas para lesões de coluna e membros, fornece uma abordagem sistemática para orientar o exame do paciente e potenciais estratégias de tratamento. GRAU C 2- Quando a abordagem de McKenzie determina a preferência direcional na avaliação inicial e planeja exercícios de movimentos repetidos de acordo com essa preferência, ocorre a redução da intensidade da dor e da incapacitação. GRAU A 3- A abordagem de tratamento de McKenzie é efetiva na redução da dor e na melhora do funcionamento em adultos com dor lombar em comparação com manipulação, exercícios de fortalecimento, medicação e folhetos educativos. GRAU B Com isto, o fisioterapeuta pode entender se o que está sendo aplicado ao paciente é eficiente ou não. No caso do Sistema McKenzie, podemos reconhecer que vale a pena aplicar a técnica. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Pesquisa em fisioterapia: a prática baseada em evidências e modelos de estudos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Fisioterapia baseada em evidência: uma nova perspectiva Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Evidence based medicine: what it is and what it isn't Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! B., DUNCAN, Bruce, SCHMIDT, Maria Inês, GIUGLIANI, Elsa R. J., DUNCAN, Michael Schmidt, and GIUGLIANI, Ca. ,Medicina Ambulatorial: Condutas de Atenção Primária Baseadas em Evidências, 4th Edition. ArtMed, 2013. VitalBook file
Compartilhar