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Arquitetura do Produto

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Engenharia e 
Desenvolvimento 
de Produto 
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Marcio Nunes
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Arquitetura do Produto
• Introdução
• O que é a Arquitetura de um Produto?
• Modularidade
• O Início do Projeto
• Alterações no Produto
• Variedade de um Produto
• Padronização de Componentes
• Desempenho do Produto
• Manufaturabilidade
• Gestão do Desenvolvimento do Produto
• Estabelecimento da Arquitetura
• Diferenciação Defasada
• Planejamento de Plataformas
 · Compreender, dentro do curso sobre o desenvolvimento de um 
produto, a fase de elaboração de sua arquitetura.
 · Compreender as tarefas relativas ao desenvolvimento da arquitetura 
de um produto, suas características e implicações.
 · Avaliar o quanto o desenvolvimento da arquitetura é importante para 
que o produto atinja as especificações esperadas, considerando que 
o investimento em tempo e em recursos deve ser o menor possível.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Arquitetura do Produto
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Arquitetura do Produto
Contextualização
O desenvolvimento de um produto não é tarefa fácil. Nos nossos dias, em que 
a competitividade é um fator de extrema importância, desenvolver um produto 
significa empenhar-se em tarefas importantes e trabalhar muitas vezes além dos 
limites do nosso conhecimento. A velocidade com que as informações trafegam 
fazem com que o fator tempo seja primordial.
Desenvolver um bom produto requer muita habilidade, conhecimento específico, 
acompanhamento das tendências de mercado, dedicação etc. Além disso, existem 
fatores ambientais que acabam influenciando os projetos. O aquecimento global 
e a poluição das grandes cidades hoje estão na mira dos governos, de modo que 
normas e regras acabam influenciando o projeto de um novo produto. Assim, esta 
Unidade apresenta o desenvolvimento da arquitetura de um produto, que é a fase 
do desenvolvimento em que são definidos os blocos funcionais e a modularidade.
Deste modo, você, caro(a) aluno(a), deve estar afinado(a) com essas tendências 
do mercado para compreender melhor os pormenores que cercam essa tarefa. 
Assim, absorva esses conceitos para a sua atuação profissional.
8
9
Introdução
Nesta quarta Unidade da Disciplina de desenvolvimento de produtos veremos 
como é desenvolvida a arquitetura de um produto a partir das especificações 
conceituais. Você entenderá como a modelagem funcional do produto é impor-
tante para a obtenção de alternativas de solução para o seu desenvolvimento, 
iniciando pela definição da função total e prosseguindo com a decomposição 
dessa função em funções de menor nível de complexidade. Discorreremos tam-
bém sobre a modularidade.
Para entendermos o conceito de arquitetura de um produto, podemos pensar no 
desenvolvimento das impressoras do tipo jato de tinta, por exemplo. Esse sistema 
de impressão tornou-se a tecnologia dominante para a impressão de documentos 
em residências e em pequenos escritórios devido à sua flexibilidade e baixo custo 
operacional. As impressoras jato de tinta oferecem excelente qualidade de impressão 
em preto e branco e qualidade de impressão colorida quase que fotográfica, com 
um equipamento que custa menos de US$ 200. Impulsionadas pelo aumento do 
valor das impressoras a cores, as vendas dos maiores produtores desse tipo de 
equipamento juntas somaram milhões de unidades por ano. No entanto, à medida 
que o mercado foi amadurecendo, o sucesso comercial exigiu que as impressoras 
estivessem sintonizadas com as sutis necessidades de segmentos de mercado mais 
específicos e que os custos de fabricação desses produtos fossem continuamente 
reduzidos. Um dos principais fabricantes, a Hewlett-Packard, respondeu a essas 
pressões com um aumento da variedade de produtos e reduziu os custos de 
fabricação. Para isso, a equipe encarregada do desenvolvimento de impressoras 
não profissionais da empresa provavelmente formulou as seguintes perguntas:
• Como a arquitetura do produto afetaria a capacidade da empresa em oferecer 
uma maior variedade de produtos? 
• Quais seriam as implicações de custo das arquiteturas de produtos diferentes? 
• Como seria a arquitetura do produto considerado líder de vendas?
• A equipe teria capacidade de completar um projeto de desenvolvimento dentro 
de 12 meses? 
• Como a arquitetura do produto influenciaria a capacidade da equipe em 
gerenciar o processo de desenvolvimento?
O objetivo do desenvolvimento da arquitetura do produto é definir seus blocos 
físicos básicos em termos das tarefas que podem realizar e quais as suas interfaces 
com o restante do dispositivo. As decisões arquitetônicas permitem que o projeto 
detalhado e os testes desses blocos sejam atribuídos a equipes e/ou fornecedores, de 
modo que o desenvolvimento das diferentes partes do produto possa ser realizado 
simultaneamente, mesmo em locais diferentes.
9
UNIDADE Arquitetura do Produto
O que é a Arquitetura de um Produto?
Um produto pode ser idealizado em termos funcionais e físicos. Os elementos 
funcionais de um produto são as operações individuais e transformações que 
contribuem para o desempenho global do produto. Por exemplo, em uma 
impressora, alguns dos elementos funcionais são “armazenar papel” e “comunicar-
se com um computador”. Os elementos funcionais são normalmente descritos 
em forma esquemática antes de serem reduzidos a tecnologias, componentes ou 
princípios físicos específicos.
Os elementos físicos de um produto são suas peças, componentes e subsistemas, 
que juntos implementam as funções do produto. Os elementos físicos tornam-se 
mais definidos à medida que o desenvolvimento avança. Alguns dos elementos físicos 
são criados na etapa do projeto conceitual, e outros são definidos durante a fase 
do projeto detalhado. Por exemplo, a impressora jato de tinta tradicional incorpora 
um conceito de produto que envolve um dispositivo térmico de fornecimento de 
tinta, implementado por um cartucho de impressão. Este elemento físico está 
intimamente ligado ao projeto conceitual, onde foi idealizado.
Os elementos físicos de um produto são normalmente organizados em vários 
blocos físicos principais. Cada um dessesblocos é composto por uma coleção de 
componentes que implementam as funções básicas do produto. A arquitetura de 
um produto é o esquema em que os elementos funcionais do mesmo são dispostos 
em blocos físicos e pelas interfaces as quais esses blocos interagem.
É conveniente ressaltar, entretanto, que essa divisão em blocos possui uma 
conotação diferente daquela utilizada na fase do projeto conceitual. Naquela fase, 
as divisões tinham a finalidade de orientar a equipe no sentido de entender o 
funcionamento global do equipamento. Já o projeto da arquitetura é bem mais 
específico e é realizado com base nos conceitos obtidos anteriormente.
Talvez a característica mais importante da arquitetura de um produto seja sua 
modularidade. Uma arquitetura modular tem as seguintes propriedades:
• Os blocos implementam um ou mais elementos funcionais na sua totalidade; 
• As interações entre os blocos são bem definidas e, geralmente, são fundamentais 
para as funções primárias do produto.
A arquitetura mais modular é aquela em que cada elemento funcional do produto 
é implementado por apenas um bloco físico e em que há algumas interações bem 
definidas com os demais. Essa arquitetura modular permite que uma alteração de 
projeto seja feita em um bloco sem exigir qualquer alteração nos demais para que o 
produto funcione corretamente. Cada bloco funcional pode também ser concebido 
de forma completamente independente dos outros.
Em oposição a uma arquitetura modular, existe a arquitetura integral. Esta última 
exibe uma ou mais das seguintes propriedades:
10
11
• Elementos funcionais do produto são implementados usando mais de um bloco;
• Um único bloco implementa muitos elementos funcionais;
• As interações entre blocos estão mal definidas e podem ser incidentais às 
funções primárias dos produtos.
Um produto que incorpora uma arquitetura integral será, na maioria das vezes, 
projetado para o melhor desempenho possível. A implementação de elementos 
funcionais pode possuir ramificações em vários outros blocos. Os limites entre 
os blocos podem ser difíceis de identificar ou podem até ser inexistentes. Muitos 
elementos funcionais podem ser combinados em alguns componentes físicos para 
otimizar certas dimensões de desempenho; no entanto, quaisquer modificações 
a qualquer componente ou recurso específico podem exigir um reprojeto amplo 
do produto.
Veremos a seguir os principais aspectos que regem o desenvolvimento da 
arquitetura de um produto.
Modularidade
A modularidade é uma propriedade relativa de uma arquitetura de produto. Os 
produtos raramente são totalmente modulares ou integrais. Em vez disso, podemos 
dizer que apresentam maior ou menor modularidade quando comparados a outros 
produtos similares.
As arquiteturas modulares compreendem três tipos básicos: slot, barramento 
e secional (ULRICH, 2012). Cada tipo incorpora um mapeamento interativo de 
elementos funcionais de interfaces e blocos bem definidos. As diferenças entre 
esses tipos estão na forma como as interações entre os blocos são organizadas. 
Vejamos as diferenças:
• Arquitetura modular em slots: cada uma das interfaces entre blocos em 
uma arquitetura modular tipo slots é de um tipo diferente dos outros, de modo 
que os vários blocos do produto não podem ser intercambiados. Um rádio de 
um automóvel é um exemplo de um bloco em uma arquitetura modular tipo 
slot. O rádio implementa estritamente sua função, mas seu interfaceamento 
é diferente de qualquer outro componente do veículo (por exemplo, os rádios 
e os velocímetros possuem diferentes interfaces no painel de instrumentos); 
• Arquitetura modular em barramento: neste tipo de arquitetura há um 
barramento comum ao qual os outros blocos se conectam por meio do 
mesmo tipo de interface. Um exemplo básico seria um cartão de expansão 
para um computador pessoal. Os produtos não eletrônicos também podem 
ser construídos em torno de uma arquitetura modular em barramento. Por 
exemplo, iluminação retrátil, porta-objetos e racks de teto ajustáveis para 
automóveis representam uma arquitetura modular em barramento;
11
UNIDADE Arquitetura do Produto
• Arquitetura modular secional: aqui, todas as interfaces são do mesmo tipo, 
mas não há nenhum elemento único ao qual todos os outros blocos estar 
anexados. A montagem é construída conectando os blocos uns aos outros 
por meio de interfaces idênticas. Muitos sistemas de conexão de tubulações 
aderem a uma arquitetura secional modular, assim como sofás, divisórias de 
escritório e alguns sistemas de computador.
As arquiteturas modulares do tipo slot são as mais comuns porque, para a 
maioria dos produtos, cada bloco requer uma interface diferente para acomodar 
interações únicas entre esse bloco e o resto do produto. As arquiteturas do tipo 
barramento e secionais são particularmente úteis para situações em que a con-
figuração global do produto deve variar amplamente, mas cujos blocos podem 
interagir de maneira padrão com o resto do produto. Essas situações podem 
surgir quando todos os blocos podem usar o mesmo tipo de energia, conexão de 
tubulação, conexão estrutural ou troca de sinais.
O Início do Projeto
A arquitetura do produto começa a surgir durante o desenvolvimento do 
conceito. Isso acontece de modo informal – nos esboços, diagramas de funções 
e primeiros protótipos da fase de desenvolvimento do conceito. Geralmente, a 
maturidade da tecnologia do produto básico determina se a arquitetura do produto 
será totalmente definida durante o desenvolvimento do conceito ou durante o 
design em nível de sistema. Quando o novo produto representa uma melhoria 
incremental em um conceito de produto existente, então a arquitetura do produto 
é definida dentro do conceito do produto. Isto se deve a duas razões: i) em primeiro 
lugar, as tecnologias básicas e os princípios de funcionamento do produto são 
predefinidos, conduzindo os esforços no sentido de se obter melhores formas de 
incorporar o dado conceito; e ii) em segundo lugar, à medida que a categoria de 
produtos amadurece, as considerações sobre a cadeia de suprimentos (produção 
e distribuição) e as questões sobre a variedade de produtos começam a se tornar 
mais proeminentes. 
A arquitetura do produto é uma das decisões de desenvolvimento que mais 
afeta a capacidade de uma empresa em oferecer uma variedade de produtos de 
alta eficiência. A arquitetura, portanto, é um elemento fundamental do conceito 
do produto. No entanto, quando o novo produto é o primeiro de seu tipo, o 
desenvolvimento do conceito geralmente se preocupa mais com os princípios 
básicos de trabalho e com a tecnologia-base do produto. Nesse caso, a arquitetura 
do produto é frequentemente o foco inicial da fase de desenvolvimento em nível 
de sistema.
12
13
As decisões sobre como dividir o produto em blocos funcionais e sobre o grau 
de modularidade a ser adicionado à arquitetura estão fortemente ligadas a várias 
questões importantes para toda a empresa, tais como alterações no produto, varie-
dade de produtos, padronização de componentes, desempenho do produto, grau 
de manufatura e gerenciamento do desenvolvimento do produto. A arquitetura 
do produto, portanto, está intimamente ligada às decisões sobre as estratégias de 
marketing, as capacidades de fabricação e o gerenciamento de seu desenvolvimento.
Alterações no Produto
A arquitetura também define como o produto pode ser alterado. Os blocos 
modulares permitem que sejam feitas alterações a alguns elementos funcionais 
isolados do produto sem afetar necessariamente o projeto das demais partes. Alterar 
um bloco integral pode influenciar muitos elementos funcionais e exigir alterações 
em vários outros blocos relacionados. Alguns dos motivos para implementar 
alterações no produto são:
• Atualização: à medida que as capacidades tecnológicas ou as necessidades 
dos usuários evoluem, alguns produtos podem acomodar essa evolução através 
de upgrades. Por exemplo, mudar a placa de circuito em uma impressora 
ou substituiruma bomba centrífuga em um sistema de resfriamento por um 
modelo mais eficiente;
• Complementos: muitos produtos são vendidos por um fabricante como uma 
unidade básica, à qual o usuário adiciona componentes, muitas vezes produzidos 
por terceiros, conforme necessário. Esse tipo de alteração é comum na indústria 
de computadores pessoais (por exemplo, dispositivos de armazenamento em 
massa de terceiros podem ser adicionados a um computador básico);
• Adaptação: alguns produtos de longa duração podem ser usados em vários 
ambientes de uso diferentes, exigindo adaptações. Por exemplo, as máquinas-
ferramentas podem precisar ser convertidas de 220 volts para 110 volts e 
alguns motores de combustão podem ser convertidos de gasolina para gás 
natural, por exemplo;
• Desgaste: os elementos físicos de um produto podem deteriorar-se com o 
uso, exigindo a substituição dos componentes gastos para prolongar a vida 
útil do produto. Por exemplo, os pneus dos veículos são substituídos após 
determinado tempo e a maioria dos rolamentos pode ser substituída;
• Consumo: alguns produtos consomem materiais que podem ser facilmente 
reabastecidos. Por exemplo, copiadoras e impressoras frequentemente contêm 
cartuchos de impressão, pistolas de cola consomem cola em bastão, tochas 
possuem cartuchos de gás e relógios contêm baterias, que são geralmente 
substituíveis;
13
UNIDADE Arquitetura do Produto
• Flexibilidade no uso: alguns produtos podem ser configurados pelo usuário 
para fornecer capacidades diferentes. Por exemplo, muitas câmeras fotográficas 
podem ser usadas com diferentes opções de lentes e flash, alguns barcos 
podem ser usados com várias opções de utilização, e as varas de pesca podem 
acomodar várias configurações de carretéis;
• Reutilização: ao criar produtos subsequentes, a empresa pode querer alterar 
apenas alguns elementos funcionais, mantendo o restante do produto intacto. 
Por exemplo, os fabricantes de produtos eletrônicos de consumo podem 
querer atualizar uma linha de produtos alterando apenas a interface do usuário 
e o gabinete, mantendo o funcionamento interno de um modelo anterior.
Em cada um desses casos, uma arquitetura modular permite que a empresa 
minimize as mudanças físicas necessárias para alcançar uma mudança funcional.
Variedade de um Produto
A variedade refere-se à gama de modelos de produtos que a empresa pode 
produzir dentro de um determinado período de tempo em resposta à demanda do 
mercado. Os produtos construídos em torno de arquiteturas de produtos modulares 
podem ser mais facilmente variados sem acrescentar uma tremenda complexidade 
ao sistema de manufatura. Por exemplo, fabricantes de relógios de pulso produzem 
centenas de modelos de relógios diferentes, mas esta variedade pode ser feita a um 
custo relativamente baixo, montando as variantes sob diferentes combinações de 
blocos padronizados.
Padronização de Componentes
A padronização de componentes é o uso do mesmo componente ou bloco 
funcional em vários produtos. Se um bloco implementa apenas um ou mais 
elementos funcionais amplamente úteis, então este bloco pode ser padronizado e 
utilizado em diversos produtos diferentes. Tal padronização permite que a empresa 
fabrique o bloco em volumes maiores do que seria possível de outra forma. Isso, 
por sua vez, pode levar a custos mais baixos e ao aumento da qualidade.
A padronização de componentes também pode ocorrer fora da empresa, 
quando os produtos de diversos fabricantes diferentes usam um determinado bloco 
ou componente do mesmo fornecedor. Por exemplo, a bateria de um relógio de 
pulso é feita por um fornecedor e padronizada em várias linhas de produtos de 
outros fabricantes.
14
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Desempenho do Produto
Definimos o desempenho do produto como o quão bem um produto implementa 
suas funções pretendidas. As características típicas de desempenho do produto 
normalmente são a velocidade, eficiência, vida útil, precisão e ruído. Uma arquitetura 
integral facilita a otimização de características holísticas de desempenho e aquelas 
que são movidas pelo tamanho, forma e massa de um produto. Tais características 
incluem aceleração, consumo de energia, arrasto aerodinâmico, ruído e estética.
Consideremos, por exemplo, uma motocicleta. Uma arquitetura convencional 
atribui o elemento funcional “suporte estrutural” a um bloco de quadro e o elemento 
funcional “conversão de energia” a um bloco de transmissão. Esta arquitetura 
integral permite que os projetistas de motocicletas explorem as propriedades 
estruturais secundárias da carcaça da transmissão, a fim de eliminar o tamanho e 
peso extra de uma caixa separada.
A prática de implementar múltiplas funções usando um único elemento físico 
é chamada de compartilhamento de função. Uma arquitetura integral permite 
que a redundância seja eliminada através do compartilhamento de função (como 
no caso da motocicleta) e permite o assentamento geométrico dos componentes 
para minimizar o volume ocupado no produto. Essa partilha de funções também 
permite otimizar o uso de material, reduzindo potencialmente o custo de fabricação 
do produto.
Manufaturabilidade
Além das implicações de custos da variedade de produtos e da padronização de 
componentes descritas acima, a arquitetura do produto também afeta diretamente 
a capacidade da equipe em projetar cada bloco para que este seja produzido a um 
baixo custo.
Há uma estratégia importante de projeto para fabricação, denominada Design 
for Manufactoring (DFM), a qual envolve a minimização do número de peças em 
um produto através da integração de componentes. No entanto, para manter uma 
determinada arquitetura, a integração de componentes físicos só pode ser facilmente 
considerada dentro de cada um dos blocos. A integração de componentes em 
vários blocos é difícil, se não impossível, e poderia implicar de forma significativa 
na alteração da arquitetura. Como a arquitetura do produto restringe as decisões 
de projeto detalhadas dessa maneira, a equipe deve considerar as implicações de 
fabricação na arquitetura. Por esta razão, a estratégia DFM começa durante a fase 
de projeto em nível do sistema enquanto o layout dos blocos é planejado.
15
UNIDADE Arquitetura do Produto
Gestão do Desenvolvimento do Produto
A responsabilidade pelo design detalhado de cada bloco é normalmente atribuída 
a um grupo relativamente pequeno dentro da empresa ou a um fornecedor externo. 
Os blocos são atribuídos a um único indivíduo ou grupo porque seu design exige 
uma resolução cuidadosa das interações entre os componentes do bloco. Com 
uma arquitetura modular, o grupo designado para projetar um bloco lida com 
interações funcionais conhecidas com outros blocos. Caso um elemento funcional 
seja implementado por dois ou mais blocos, como em algumas arquiteturas 
integrais, o projeto detalhado exigirá uma estreita coordenação entre os diferentes 
grupos. É provável que esta coordenação seja substancialmente mais envolvida 
e desafiadora do que a coordenação limitada necessária entre os grupos que 
projetam diferentes blocos em um projeto modular. Por esta razão, as equipes que 
dependem de fornecedores externos ou de uma equipe geograficamente dispersa 
optam frequentemente por uma arquitetura modular em que as responsabilidades 
de desenvolvimento podem ser divididas de acordo com os limites do bloco. Outra 
possibilidade é ter vários elementos funcionais alocados para o mesmo bloco. Neste 
caso, o trabalho do grupo que desenvolve este bloco envolve também uma grande 
dose de coordenação interna em um grupo maior.
As arquiteturas modulares e integrais também exigem diferentes estilos de ge-
renciamento de projetos. As abordagens modulares exigem um planejamento mui-
to cuidadoso durante a fase de projeto em nível do sistema, mas o design detalhado 
preocupa-se principalmente em garantir que as equipes que desenvolvem os blocos 
atendam aos requisitos de desempenho, custo e cronograma. Uma arquitetura in-
tegral pode exigir menos planejamento e especificaçõesdurante o projeto em nível 
de sistema, mas tal arquitetura requer substancialmente mais integração, resolução 
de conflitos e coordenação durante a fase de projeto detalhado.
Estabelecimento da Arquitetura
Como a arquitetura do produto terá implicações profundas para as atividades 
subsequentes de desenvolvimento do produto e também para a fabricação 
e comercialização do produto finalizado, deve ser estabelecido um esforço 
multifuncional da equipe de desenvolvimento. O resultado final dessa atividade é um 
layout geométrico aproximado do produto, contendo as descrições dos principais 
blocos e a documentação das principais interações entre os blocos. Recomendamos 
um método de quatro etapas para estruturar o processo de decisão, usando como 
exemplo o desenvolvimento de uma copiadora multifuncional do tipo jato de tinta.
Etapa 1: Criar um Esquema do Produto
Um esquema é um diagrama que permite que a equipe compreenda melhor os 
elementos constitutivos do produto. Um exemplo de um esquema para a parte que 
realiza a impressão da copiadora é mostrado na Figura 1.
16
17
No final da fase de desenvolvimento do conceito, alguns dos elementos do 
esquema são ainda considerados conceitos físicos, tal como o caminho do papel 
da bandeja para dentro ou para frente. Alguns dos elementos correspondem a 
componentes críticos, tal como o cartucho de impressão que a equipe espera 
empregar. No entanto, alguns dos elementos permanecem descritos apenas 
funcionalmente. Estes são os elementos funcionais do produto que ainda não 
foram reduzidos a conceitos ou a componentes físicos. Por exemplo, o “mostrador 
de status” é um elemento funcional necessário para a copiadora, mas a abordagem 
específica do sistema de monitoramento ainda não foi decidida.
Encapsular
impressora
Cartucho de
impressão
Posicionar
cartucho
no eixo x
Entrada do 
usuário
Mostrador
de status
Mecanismo
de pegar
o papel
Armazenar
papel impresso
Posicionar
papel no
eixo y
Armazenar
papel em
branco
Fluxo de energia ou mecânico
Fluxo de materiais
Sinais de controle
Interface com
computador
Comando da
impressão
Comunicação
com computador
Suprimento
de energia
Controle da
impressora
Providenciar 
suporte 
estrutural
Figura 1 – Esquema de desenvolvimento de uma copiadora multifuncional do tipo jato de tinta
Fonte: Elaborado pelo conteudista
Esses elementos que foram reduzidos a conceitos ou componentes físicos são 
geralmente centrais para o conceito de produto básico que a equipe gerou e 
selecionou. Os elementos que permanecem não especificados em termos físicos 
são normalmente funções auxiliares do produto. O esquema deve refletir a melhor 
compreensão da equipe sobre o estado do produto, mas não precisa conter todos 
os detalhes imagináveis, tal como “sensor de falta de papel” ou “blindagem contra 
possíveis emissões de rádio frequência”. Estes e outros elementos funcionais mais 
detalhados são adiados para uma etapa posterior.
Uma boa regra é apontar para menos de 30 elementos no esquema, com a 
finalidade de estabelecer a arquitetura do produto. Se o produto é um sistema 
complexo, envolvendo centenas de elementos funcionais, então é útil omitir 
alguns dos menores e agrupar alguns outros em funções de nível superior a serem 
decompostas mais tarde.
17
UNIDADE Arquitetura do Produto
O esquema criado não será definitivo. As escolhas específicas feitas na criação 
do esquema, como a escolha de elementos funcionais e sua disposição, definem 
parcialmente a arquitetura do produto. Por exemplo, o elemento funcional “controle 
da impressora” é representado como um único elemento centralizado na Figura 1. 
Uma alternativa seria distribuir o controle de cada um dos outros elementos do 
produto em todo o sistema e transferir a coordenação para o computador que 
envia o material a ser impresso. Como geralmente há uma grande variedade de 
possibilidades no esquema, a equipe deve gerar várias alternativas e selecionar uma 
abordagem que facilite a consideração de várias opções arquitetônicas.
Encapsular
impressora
Providenciar
suporte
estrutural
Armazenar
papel
impresso
Armazenar
papel em
branco
Bandeja
de papel
Mecanismo
de impressão
Mecanismo
de pegar
o papel
Posicionar
cartucho
no eixo x
Posicionar
papel no
eixo y
Cartucho de
impressão Interface do usuário
Controle da
impressora Fonte de
alimentação
Suprimento
de energia
Comunicação
com computador
Comando da
impressora
Interface com
computador
Cartão lógico
Software
proprietário
Invólucro
Chassis
Entrada do 
usuário
Mostrador
de status
Figura 2 – Divisão em blocos dos elementos funcionais da seção de impressão de uma copiadora
Fonte: Elaborado pelo conteudista
Etapa 2: Agrupar os Elementos
O desafio desta etapa é atribuir cada um dos elementos do esquema a um bloco. 
Uma possível atribuição de elementos a blocos é mostrada na Figura 2, onde são 
usados oito blocos. É óbvio que existem várias outras alternativas viáveis. No limite, 
cada elemento poderia ser o seu próprio bloco, totalizando 15 blocos. Por outro lado, 
a equipe poderia decidir que o produto teria apenas um grande bloco e, em seguida, 
tentar integrar fisicamente todos os elementos do produto. De fato, a consideração 
de todos os agrupamentos possíveis de elementos traria milhares de alternativas. 
Um procedimento para gerenciar a complexidade das alternativas é começar com o 
pressuposto de que cada elemento do esquema será atribuído ao seu próprio bloco 
e, em seguida, agrupar sucessivamente elementos onde isso seja vantajoso.
18
19
Para determinar quando há vantagens em se agrupar, consideraremos estes 
seguintes fatores que podem ser utilizados como critérios de seleção:
• Integração geométrica e precisão: a atribuição de elementos ao mesmo 
bloco permite que um único indivíduo ou grupo de indivíduos controlem 
as relações físicas entre os elementos. Os elementos que requerem uma 
localização mais precisa ou uma integração geométrica mais próxima podem 
ser melhor concebidos se fazem parte do mesmo bloco. No caso da copiadora 
multifuncional, isto sugeriria o agrupamento dos elementos associados ao 
posicionamento do cartucho no eixo X e ao posicionamento do papel no 
eixo Y, por exemplo;
• Compartilhamento de funções: quando um único componente físico 
pode implementar vários elementos funcionais do produto, estes elementos 
funcionais são melhor agrupados. No caso da copiadora, a equipe poderia 
acreditar que a exibição de status e dos controles de usuário poderiam ser 
incorporados no mesmo componente, e assim agrupá-los;
• Capacidades dos fornecedores: um fornecedor confiável pode ter recursos 
específicos relacionados a um projeto e, a fim de melhor tirar proveito desses 
recursos, a equipe pode escolher agrupar os elementos acerca dos quais o 
fornecedor tem experiência em um determinado bloco;
• Similaridade das tecnologias de projeto ou produção: quando existir 
a probabilidade de que dois ou mais elementos funcionais possam ser 
implementados usando a mesma tecnologia de projeto e/ou produção, o ideal 
é incorporar esses elementos ao mesmo bloco a fim de permitir um design 
e/ou produção mais econômicos. Uma estratégia comum, por exemplo, é 
combinar no mesmo bloco todas as funções que provavelmente envolverão a 
eletrônica; isso permite a possibilidade de implementar todas essas funções em 
uma única placa ou cartão de circuito;
• Antecipação de alteração: quando a equipe antecipa uma grande mudança 
em algum elemento, faz sentido isolar esse elemento em seu próprio bloco 
modular, de modo que as mudanças necessárias nesse elemento possam ser 
realizadas sem interromper nenhum dos outros blocos. No caso da copiadora, 
a equipe de desenvolvimento poderia antecipar a mudança da aparência física 
do produto ao longo de seu ciclo de vida, e assim optar por isolar todo o 
conteúdo do gabinete;
• Adaptação variada: os elementos devem ser agrupados em conjuntos para 
permitir que a empresa varie o produto de forma que exista a possibilidade de 
agregar valorpara os clientes. A copiadora poderia, por exemplo, ser vendida 
em todo o mundo, considerando as regiões com diferentes padrões de energia 
elétrica. Como resultado, a equipe poderia criar um bloco separado para o 
elemento associado ao fornecimento de energia;
19
UNIDADE Arquitetura do Produto
• Possibilidades de padronização: conforme já discutido, se um conjunto de 
elementos for útil para outros produtos, devem ser agrupados em um único 
bloco. Isto permite que os elementos físicos do bloco sejam produzidos em 
quantidades maiores. A padronização interna é um dos principais motivos 
para a utilização de um cartucho de impressão existente e, portanto, esse 
elemento é preservado, constituindo o seu próprio bloco;
• Portabilidade das interfaces: algumas interações são facilmente transmitidas 
a grandes distâncias. Por exemplo, os sinais elétricos são muito mais portáteis 
do que os movimentos mecânicos. Como resultado, elementos com interações 
eletrônicas podem ser facilmente separados uns dos outros. Isto também é 
verdade, mas em menor grau para conexões mecânicas entre tubulações. No 
caso da copiadora, a flexibilidade das interações elétricas permite que a equipe 
possa agrupar as funções de controle e de comunicação em um mesmo bloco. 
Por outro lado, os elementos relacionados ao manuseio do papel são muito 
mais geometricamente limitados devido a interações mecânicas variadas.
Etapa 3: Criar um Layout Geométrico Bruto
Um layout geométrico pode ser criado em duas ou três dimensões, usando 
desenhos, modelos de computador ou modelos físicos (maquetes de papelão ou 
espuma, por exemplo). A criação de um layout geométrico força a equipe a 
considerar se as interfaces geométricas entre os blocos são viáveis e assim permitir 
a elaboração de relações dimensionais básicas entre os blocos. Ao elaborar uma 
seção transversal da copiadora, por exemplo, a equipe poderia perceber que há um 
compromisso fundamental entre a quantidade de papel que poderia ser armazenado 
na bandeja e a altura da máquina.
Nesta etapa, assim como na anterior, a equipe pode gerar vários layouts 
alternativos para selecionar o melhor. Os critérios de decisão de escolha de layouts 
estão estreitamente relacionados aos problemas da Etapa 2. Em alguns casos, 
a equipe pode descobrir que o agrupamento de funções elaborado na Etapa 2 
não é geometricamente viável e, portanto, alguns dos elementos teriam de ser 
redistribuídos em outros blocos. A criação de um layout bruto deve ser feita em 
coordenação com os designers industriais da equipe nos casos em que as questões 
de interface estética e humana do produto sejam importantes e fortemente 
relacionadas à disposição geométrica dos blocos.
Etapa 4: Identificar as Interações Fundamentais e Incidentais
Muito provavelmente várias pessoas estarão envolvidas no projeto de cada 
bloco. Como os blocos interagem uns com os outros de maneira planejada, 
esses diferentes grupos de pessoas terão que coordenar suas atividades e trocar 
informações. Para melhor gerenciar esse processo de coordenação, a equipe deve 
20
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identificar as interações conhecidas entre blocos durante a fase de projeto em nível 
de sistema.
Existem duas categorias de interações entre blocos: i) Primeiro, as interações 
fundamentais, que são aquelas que correspondem às linhas no esquema que 
conectam os blocos uns aos outros. Por exemplo, uma folha de papel flui da 
bandeja de papel para o mecanismo de impressão. Essa interação é planejada, 
e deve ser bem compreendida, mesmo a partir do esquema mais antigo, pois é 
fundamental para o funcionamento do sistema; ii) Em segundo lugar, as interações 
incidentais são aquelas que surgem devido à implementação física particular de 
elementos funcionais ou devido à disposição geométrica dos blocos. Por exemplo, 
podem surgir vibrações induzidas pelos atuadores na bandeja de papel, as quais 
podem interferir no posicionamento correto do cartucho de impressão no eixo X.
Enquanto as interações fundamentais são explicitamente representadas pelo 
esquema que mostra o agrupamento dos elementos em blocos, as interações 
incidentais devem ser documentadas de alguma outra maneira. Para um pequeno 
número de blocos interagindo entre si (cerca de 5 a 10), um gráfico é uma forma 
conveniente de representar as interações incidentais. A Figura 3 apresenta o esquema 
que mostra que vibrações espúrias não previstas poderiam ter surgido. O gráfico 
sugere que as vibrações e a influência térmica poderiam ser interações incidentais 
entre os blocos que geram calor e envolvem movimentos de posicionamento. Essas 
interações representam desafios no desenvolvimento do sistema, exigindo esforços 
de coordenação bastante focados dentro da equipe.
Encapsulamento
Aparência/Estilo
Bandeja
de papel
Mecanismo
de impressão Cartão lógico
Cartão de
interface
do usuário
In�uência
térmicaVibrações
Chassis Blindagem
eletromagnética
Interferência
eletromagnética
Fonte de
alimentação
Software de
interfaceamento
Figura 3 – Exemplo de um gráfi co de interação incidental
Fonte: Elaborado pelo conteudista
Podemos usar o mapeamento das interações entre os diversos blocos no sentido 
de fornecer orientação para estruturar e gerenciar as atividades de desenvolvimento 
restantes. Os blocos com interações importantes devem ser projetados por grupos 
com forte comunicação e coordenação entre si. Por outro lado, blocos com pouca 
interação podem ser projetados por grupos com menos coordenação.
21
UNIDADE Arquitetura do Produto
É igualmente possível, através de uma coordenação cuidadosa do avanço 
do projeto, desenvolver dois blocos que interagem de maneira completamente 
independente. Isso é facilitado quando as interações entre os dois blocos possam ser 
reduzidas com antecedência, formando uma interface completamente especificada 
que será implementada por ambos os blocos. É relativamente simples especificar 
interfaces para lidar com as interações fundamentais, porém, é mais difícil fazê-lo 
para interações incidentais.
Diferenciação Defasada
Quando uma empresa oferece diversas variantes de um produto, a arquitetura é 
um fator determinante do desempenho da cadeia de suprimentos. Imaginemos, por 
exemplo, a fabricação de caixas de papelão aluminizado para acondicionar produtos 
alimentícios líquidos (leite longa vida ou sucos, por exemplo). Consideremos dois 
cenários ao longo da cadeia de suprimentos: no cenário A, a fábrica do papel 
aluminizado (por exemplo, a Klabin Celulose S.A.) fabrica as caixas para seus 
clientes dentro de suas próprias fábricas e posteriormente realiza as entregas, e 
num cenário B, a Klabin entrega o papelão em rolos para seus clientes e estes 
montam as caixas e envazam seus produtos. Qual dos dois sistemas é o mais 
vantajoso? É conveniente observar que a Klabin pode fornecer tanto o papelão 
aluminizado bruto em bobinas como as caixas já prontas (montadas e rotuladas) 
para seus clientes.
O processo de adiar a diferenciação de um produto para o final da cadeia de 
suprimentos é chamado de “diferenciação defasada”, ou simplesmente adiamento, 
e pode levar a reduções substanciais nos custos de operação da cadeia de 
suprimentos, principalmente por meio de reduções nos requisitos de estoque. Para 
a maioria dos produtos, e especialmente para produtos inovadores, a demanda 
por cada versão de um produto é imprevisível. Em consequência, para oferecer 
consistentemente alta disponibilidade do produto ante tal incerteza de demanda, 
é importante que o estoque seja implementado em algum lugar mais próximo do 
final da cadeia de suprimentos. Como exemplo, podemos pensar na lanchonete 
McDonald’s tentando responder a flutuações instantâneas na demanda por batatas 
fritas logo após a colocação dos pedidos dos clientes. Em vez disso, mantém um 
estoque de batatas fritas que podem ser rapidamente acondicionadas e entregues. 
No caso da copiadora, o transporte por navio entre os locais de produção e 
distribuição pode exigir várias semanas. Portanto, para responderàs flutuações da 
demanda, são implantados estoques no caminho entre a fábrica e o distribuidor. 
A quantidade estocada para um dado nível de disponibilidade é uma função da 
magnitude da variação da procura. O adiamento permite a obtenção de reduções 
importantes no custo dos estoques porque há menos aleatoriedade na procura 
dos elementos básicos do produto (por exemplo, a plataforma) do que existe para 
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os componentes de diferenciação das variantes do produto. Isso ocorre porque, 
na maioria dos casos, a demanda por diferentes versões de um produto é pouco 
correlacionada, de modo que quando a demanda por uma versão é alta, é possível 
que a demanda por alguma outra versão do produto seja baixa.
No caso das caixas de papelão aluminizado, a montagem e rotulagem das 
mesmas nas instalações do cliente tornam os custos com estoques menores, pois as 
possíveis variações de demanda são facilmente absorvidas neste caso, considerando 
que o estoque de papelão em bobinas ocupa significativamente menos espaço do 
que caixas vazias prontas para o envaze.
Em resumo, há dois princípios de projeto que são condições necessárias para o 
adiamento da diferenciação:
• Os elementos diferenciadores do produto devem ser concentrados em um ou 
mais blocos. A fim de diferenciar o produto, os atributos diferenciadores desse 
devem ser definidos por um ou mais componentes do produto. Considere 
o caso dos diferentes requisitos de energia elétrica para as copiadoras em 
distintas regiões geográficas. Se as diferenças entre um produto adaptado para 
energia 120 VAC nos Estados Unidos ou 127 VAC no Brasil forem associados 
a alguns componentes distribuídos em todo o produto (por exemplo, cabo 
de alimentação, interruptor de alimentação, transformador, retificador etc., 
todos em diferentes blocos), não haveria forma de defasar a diferenciação 
do produto sem que ocorresse atraso na montagem desses vários blocos. Se, 
no entanto, a única diferença entre esses dois modelos for um único bloco 
contendo um cabo de energia e uma fonte de alimentação modular, então a 
diferenciação entre as duas versões do produto requereria diferenciação em 
apenas um bloco e uma única operação de montagem;
• O produto e seu processo de produção devem ser projetados de modo que 
o(s) bloco(s) diferenciador(es) possa(m) ser adicionado(s) ao produto nas 
proximidades do final da cadeia de suprimentos. Mesmo que os atributos 
diferenciadores do produto correspondam a um único bloco, o adiamento 
pode não ser possível. Isso pode ocorrer porque as restrições do processo de 
montagem ou o próprio design do produto podem exigir que esse bloco seja 
montado no início da cadeia de suprimentos. Por exemplo, pode-se imaginar 
que a etiqueta de identificação da copiadora seja um bloco de diferenciação 
primário devido a requisitos de linguagem diferentes para mercados distintos. 
Se o transporte do produto da fábrica para o centro de distribuição exigisse 
que a etiqueta fosse montada na fábrica, seria impossível adiar a diferenciação 
do produto no local de distribuição. Para evitar esse problema, o fabricante 
poderia desenvolver, por exemplo, um esquema de etiquetagem inteligente, 
no qual as copiadoras seriam separadas por região e todas aquelas destinadas 
ao mesmo mercado seriam empacotadas em um mesmo palete de transporte, 
que pode então ser embrulhado com filme plástico e carregado diretamente em 
um container. Essa abordagem permite que a diferenciação na identificação 
ocorra após as impressoras serem transportadas para o centro de distribuição.
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UNIDADE Arquitetura do Produto
Planejamento de Plataformas
Tomemos como exemplo as impressoras do tipo jato de tinta. As empresas que 
as produzem fornecem tais equipamentos a clientes com diferentes necessidades. 
Consideremos os clientes pertencendo a três segmentos de mercado: familiar, 
estudantil e pequenas empresas (home-office). Para atender a esses clientes, 
os fabricantes teriam três alternativas: i) desenvolver três produtos inteiramente 
diferentes; ii) oferecer apenas um produto para os três segmentos; ou iii) diferenciar 
esses produtos utilizando somente um subconjunto de componentes das impressoras.
Uma propriedade desejável da arquitetura do produto é que possa permitir 
que uma empresa ofereça dois ou mais produtos que são altamente diferenciados 
e ainda compartilhem uma fração substancial de seus componentes. Com isso, 
os custos totais de produção seriam menores. A coleção de dispositivos básicos 
compartilhados por esses produtos é chamada de plataforma de produto. O 
planejamento da plataforma de produto envolve o gerenciamento de um trade-off 
básico entre o que é comum e o que é diferenciado. Por um lado, há benefícios 
de mercado para oferecer várias versões muito diferenciadas de um produto. Por 
outro, há benefícios de projeto e de fabricação para maximizar o grau em que esses 
diferentes produtos compartilhem componentes comuns. 
Os dois sistemas de informação simples seguintes permitem que a equipe 
gerencie esse trade-off.
Plano de Diferenciação
Representa explicitamente as maneiras pelas quais múltiplas versões de 
um produto serão diferentes da perspectiva do cliente e do mercado. O plano 
consiste em uma matriz onde as linhas representam os atributos de diferenciação 
da impressora e as colunas, as diferentes versões ou modelos do produto. Esses 
atributos são as características do produto que são importantes para o cliente e que se 
destinam a serem diferenciadas em todos os produtos. Os atributos diferenciadores 
são geralmente expressos nas especificações do equipamento. A equipe utiliza o 
plano de diferenciação para codificar suas decisões sobre como os produtos serão 
diferentes. Sem restrições, o plano de diferenciação corresponderia exatamente 
às preferências dos clientes nos segmentos de mercado, os quais segmentados 
por cada produto diferente. Infelizmente, tais planos podem implicar em produtos 
muito caros.
Plano de Não Diferenciação
Representa explicitamente as formas pelas quais as diferentes versões do produto 
são fisicamente iguais. O plano consiste em uma matriz onde as linhas representam 
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os blocos do produto e as colunas, suas diversas versões. A equipe preenche as 
células em que os blocos comuns são os mesmos para cada modelo. A maioria dos 
engenheiros de fabricação provavelmente optará por utilizar apenas uma versão de 
cada bloco em todas as variantes do produto. Infelizmente, essa estratégia poderia 
resultar em produtos indiferenciados.
Gerenciando o Trade-Off entre a Diferenciação e a Não 
Diferenciação
O desafio no planejamento da plataforma é resolver a disputa entre o desejo de 
diferenciar os produtos e o desejo que esses compartilhem uma parte substancial 
de seus componentes. O exame do plano de diferenciação e do plano de não 
diferenciação revela vários trade-offs. Por exemplo, uma impressora para o mercado 
estudantil tem o potencial de oferecer o benefício de ser pequena o suficiente para 
caber em seus alojamentos. No entanto, este atributo de diferenciação implica que 
essa impressora precisaria de um bloco do mecanismo de impressão diferente, o 
que poderá tornar oneroso o investimento necessário para projetá-la e produzi-la. 
Vejamos como essas disputas podem ser gerenciadas:
• As decisões de planejamento de plataformas devem ser alimentadas com 
estimativas das implicações de custos e receitas. Estimar a contribuição de 
lucro sobre o aumento de um ponto percentual na participação de mercado 
é um ponto de referência útil para medir o aumento dos custos de fabricação 
e da cadeia de suprimento de versões adicionais de um bloco. Ao estimar os 
custos da cadeia de suprimentos, a equipe deve considerar até que ponto a 
diferenciação implícita pelo plano de diferenciação pode ser adiada ou se deve 
ser criada no início da cadeia de suprimentos;
• A iteração é benéfica. As equipes tomam melhores decisões quando fazem 
várias iterações com base em informações aproximadas do que quandovaticinam sobre os detalhes de relativamente poucas iterações;
• A arquitetura do produto determina a natureza do trade-off entre 
diferenciar ou não o produto. A natureza do trade-off entre diferenciação e 
não diferenciação é flexível. Geralmente, as arquiteturas modulares permitem 
que uma proporção maior de componentes seja compartilhada do que as 
arquiteturas integrais. Isto implica que, quando confrontado com um conflito 
aparentemente intratável entre diferenciação e não diferenciação, a equipe 
deve considerar abordagens arquitetônicas alternativas, que podem fornecer 
oportunidades para aumentar a diferenciação e a uniformidade.
No exemplo da impressora, a discussão entre diferenciar ou não pode ser 
resolvida por um compromisso. Os benefícios de receita de uma impressora 
para o pequeno mercado estudantil poderão não exceder os custos associados 
com a criação de um mecanismo de impressão totalmente diferente, mais leve e 
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UNIDADE Arquitetura do Produto
pequeno. Os custos de diferentes mecanismos de impressão provavelmente serão 
especialmente altos, já que o mecanismo de impressão envolve investimentos 
significativos em ferramental. Além disso, como o mecanismo de impressão é 
criado no início da cadeia de suprimentos, o adiamento da diferenciação seria 
substancialmente menos viável se exigisse mecanismos de impressão diferentes. 
Por estas razões, a equipe provavelmente optaria por um único mecanismo de 
impressão comum e renunciaria aos possíveis benefícios de receita de um mercado 
mais restrito para atender aos estudantes.
Assim, terminamos esta quarta Unidade na expectativa de que tenha lhe dado 
uma boa ideia sobre o desenvolvimento da arquitetura de um produto. Como vimos, 
as implicações são muitas e uma coordenação eficiente é um fator importante para 
o sucesso do empreendimento.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Projeto e Desenvolvimento de Produtos
BARBOSA FILHO, A. N. Projeto e desenvolvimento de produtos. São Paulo: 
Atlas, 2009.
Elaboração de Projetos da Introdução a Conclusão
CONSALTER, M. A. C. Elaboração de projetos da introdução a conclusão. [S.l.]: 
Ibpex, 2013.
Moderno Gerenciamento de Projetos
DALTON, V. Moderno gerenciamento de projetos. 2. ed. [S.l.]: Pearson, 2015.
Inovação em Ambiente Organizacionais
LOURES, R. C. R.; SCHIEM. M. Inovação em ambiente organizacionais: teorias, 
reflexos e práticas. [S.l.]: Ebpex, 2012.
Desenvolvimento de Novos Produtos e Serviços
PAIXÃO, M. V. Desenvolvimento de novos produtos e serviços. [S.l.]: Ibpex, 2013.
O Gestor de Projetos
RICHARD, N. O gestor de projetos. 2. ed. [S.l.]: Pearson, 2010.
Product Design and Development
ULRICH, T. K.; EPPINGER, S. D. Product design and development. 5nd ed. New 
York: McGraw-Hill, 2012.
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UNIDADE Arquitetura do Produto
Referências
BAXTER, M. Projeto de produto: um guia prático para o design de novos 
produtos. São Paulo: E. Blücher, 2011.
ROTONDARO, R. G.; MIGUEL, P. A. C. Projeto do produto e do processo. 
São Paulo: Atlas, 2010.
ROZENFELD, H. et al. Gestão de desenvolvimento de produtos: uma referência 
para a melhoria do processo. São Paulo: Saraiva, 2006.
SLACK, N.; CHAMBERS, C. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 2012.
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