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AULA 20 - IED PRIVADO II

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AULA 20 – FRAUDE CONTRA CREDORES 
1. Fraude contra credores (art. 158 a 165 – CC) – comentários iniciais: 
· Não há vício de vontade;
· A pessoa prejudicada é o credor da relação (o devedor deve o cumprimento de uma obrigação a um devedor e este sai prejudicado); 
· Quando o negócio jurídico parece perfeito, o devedor tenta se eximir da obrigação referida. 
2. Conceito (doutrina):
“Constitui fraude contra credores todo o ato de disposição e oneração de bens, créditos e direitos, a título gratuito ou oneroso, praticado por devedor insolvente, ou por ele tornado insolvente, que acarrete redução de seu patrimônio, em prejuízo de credor preexistente.” – MELLO, Marco Bernardes de (Teoria do fato jurídico: plano da validade)
3. Pressupostos:
· Prática de um ato qualquer de disposição que implique redução do patrimônio ativo do devedor; 
· Insolvência do devedor; 
· A preexistência de credores ao ato; 
· Prejuízo ao credor (eventus damni);
4. Detalhamento: 
O art. 158 discorre sobre os negócios gratuitos. 
Seção VI
Da Fraude Contra Credores
Art. 158 – CC: Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
Insolvente é aquele que não apresenta condições de pagar. O devedor tinha condições de pagar no momento em que o negócio foi estabelecido, entretanto, no momento de efetuar o pagamento, não apresenta as mesmas condições. 
§ 1 o  Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
Tem-se aqui uma situação de garantia, ou seja, uma obrigação subsidiária (envolvendo, por exemplo, hipotecas, penhoras...). Se o devedor assumiu a obrigação e fornece uma garantia para demonstrar que cumprirá a sua obrigação, entretanto, essa garantia apresenta um valor inferior ao valor do negócio jurídico, o credor pode solicitar a anulabilidade do referido negócio. Ex: A vende um bem a B que vale R$ 10.000,00 e B dá como garantia R$ 10,00, A (credor) pode anular o negócio jurídico em questão. 
§ 2 o  Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.
Só pode anular o negócio jurídico aquele(s) que era(m) credor(es) no momento da fixação do negócio. Ex: A realizou um negócio com B e C, que são irmãos. Posteriormente, o irmão D se junta a B e a C. Todavia, D não pode anular o negócio jurídico pois não era credor no momento do estabelecimento do negócio.
O credor quirografário é aquele que não apresenta garantias especiais (como um fiador, penhor, hipoteca), somente dependendo do patrimônio do devedor. 
Art. 159 – CC: Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante. 
Art. 160 – CC: Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados.
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real. 
Observa-se que, conforme o art. 159 do referido código, a insolvência precisa ser notória, como, por exemplo, o caso de uma empresa que decretou estado de falência (lógico que não possui condições de pagar tudo o que deve). 
Art. 161 – CC: A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.
O depósito em juízo é uma forma de se desobrigar do “golpista” (“um fundo para os credores”). Se mesmo assim, o devedor vendeu a um valor inferior ao que vale a outrem, esse outrem pode ser convocado. A anulabilidade do negócio pode ser evitada se o terceiro depositar esse valor em juízo.
O negócio jurídico oneroso tem mais pré-requisitos, como a possibilidade de manutenção do negócio. 
Ação pauliana se refere à fraude contra credores. 
Art. 162 – CC: O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
Art. 163 – CC: Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.
Os artigos que tratam da fraude contra credores representam uma exceção a não presunção da má-fé, inferindo-se o interesse do devedor em fraudar o credor. Todavia, o art. 164 do Código Civil lista uma série de circunstâncias nas quais se deve presumir a boa fé e manter o negócio jurídico (não há a anulação do negócio jurídico).
Art. 164 – CC: Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família.
Essa presunção de boa-fé não é absoluta. Os negócios tratados pelo art. 164 do Código Civil são negócios básicos, voltados, basicamente, à sobrevivência do devedor e da sua família.
A subsistência aqui referida não precisa consistir em uma situação extrema, mas constatar uma queda brusca na qualidade de vida do devedor e de sua família, ainda mais se esse for o único provedor (o único que sustenta a família). 
Art. 165 – CC: Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada.
Na hipótese mencionada no Parágrafo único do art. 165, o devedor retornará à sua condição inicial (sem preferências). 
5. Decisão judicial (exemplo):
O caso: A empresa Mascara Comércio de Cereais Ltda moveu ação cautelar contra Roberto, Rafael e Luciano Motta, sob a alegação de que a garantia das Cédulas de Produtor Rural (sacas de soja) emitidas pelos réus estão sendo colhidas e entregue para terceiros. 
A sentença: Julgou procedentes os embargos de terceiro fundamentando que o produto da soja arrestada pertence ao embargante e não aos devedores da embargada. Inexistência de má-fé em frustrar a garantia ofertada nas células em virtude de ter sido realizada com total boa-fé e transparência, não tendo qualquer relação com a dívida dos devedores emitentes das cédulas. A fraude contra credores não foi evidenciada
Para a próxima aula: causas de nulidade (fraude à lei e a simulação).

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