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Aprendizagem e Desenvolvimento Humano

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Prévia do material em texto

ESPECIALIZAÇÃO EM 
PSICOPEDAGOGIA 
INSTITUCIONAL
APRENDIZAGEM E 
DESENVOLVIMENTO 
HUMANO
Sônia Bessa
http://unar.info/ead2
 
 
 
 
 
 
APRENDIZAGEM E 
DESENVOLVIMENTO HUMANO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª. Sônia Bessa 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA ............................................................................................................. 3 
PROGRAMA DA DISCIPLINA ..................................................................................................................... 5 
UNIDADE 01. DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM - QUESTÕES FUNDAMENTAIS .... 7 
UNIDADE 02. DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM: PERSPECTIVA 
CONSTRUTIVISTA ....................................................................................................................................... 15 
UNIDADE 03. PIAGET, VIGOTSKY: QUESTÕES DE APRENDIZAGEM E 
DESENVOLVIMENTO ................................................................................................................................. 22 
UNIDADE 04. APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO - HENRI WALLON .......................... 30 
UNIDADE 05. CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM: IMPLICAÇÕES 
EDUCACIONAIS ........................................................................................................................................... 36 
UNIDADE 06. TEORIAS DA APRENDIZAGEM ................................................................................... 50 
UNIDADE 07. FATORES DO DESENVOLVIMENTO ........................................................................ 57 
UNIDADE 08. ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL ........................................... 67 
UNIDADE 09. DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM NA INFÂNCIA E IDADE ADULTA75 
UNIDADE 10. CONSIDERAÇÕES SOBRE O FRACASSO ESCOLAR ............................................ 93 
 
 
 
3 
 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 
 
Adentrar ao universo do desenvolvimento humano é um estudo muito 
complexo, contudo, no último século essa área do conhecimento humano se 
desenvolveu muito e trouxe um novo olhar sobre o ser humano. A criança até 
então considerada um adulto em miniatura, começou a ser vista sob um 
aspecto individual e único. E nesses estudos não podemos deixar de considerar 
as relevantes contribuições de Piaget, Vigotsky e Wallon. Esses dois construtos 
teóricos contribuíram de forma significativa para a visão de infância que ora 
temos, como um ser ativo e integral dotado de uma forma peculiar de 
raciocinar. No mundo todo verificamos que tanto a construção teórico-
metodológica quanto as práticas sociais e profissionais estão impregnadas de 
procedimentos que têm sua origem nessas teorias. A visão da criança depois 
dessas teorias não foi mais a mesma. Esta passou a ser vista como 
qualitativamente diferente do adulto, com características próprias nos campos 
da cognição, afetividade e moralidade. 
 Essa disciplina tem como objetivos apresentar a visão e contribuição da 
psicologia do desenvolvimento para duas dimensões muito importante: a 
aprendizagem e o desenvolvimento, para tanto recorreu-se na primeira unidade 
a uma visão critico histórica da psicologia do desenvolvimento, na tentativa de 
contextualizar essas duas dimensões nas diferentes teorias. 
Na unidade 2 apresentar-se-á a importância do construtivismo de Piaget, 
com um modelo alternativo às teorias inatistas e empiristas até então 
dominantes nos cenários educacionais. Como o construtivismo não se restringe 
somente a Piaget considerou-se também as contribuições de Vigotsky e Wallon, 
as diferenças e similaridades entre esses três construtos teóricos, e como se 
complementam. 
 
4 
 
Na unidade 05 serão analisadas as concepções de ensino e como estas 
interferem na prática pedagógica. A importância dos métodos ativos na 
construção do conhecimento. Para complementar essa unidade, acrescentou-se 
a unidade 06, 07 e 08 caracterizando as principais teorias de aprendizagem os 
fatores e estágios do desenvolvimento humano. Na perspectiva do 
construtivismo foram ainda considerados os processos de aprendizagem da 
criança e do adulto na tentativa de apresentar ao estudante a possibilidade de 
identificar o fracasso escolar à luz das metodologias de ensino e aprendizagem. 
A disciplina apresenta muitas fontes de enriquecimento, tanto no espaço 
“ampliando os horizontes” como no “bebendo na fonte” são diagramas, vídeos 
e textos que muito pode acrescentar ao estudante. Espero que possa fazer bom 
uso desse material. 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
PROGRAMA DA DISCIPLINA 
 
Ementa 
Contexto histórico de desenvolvimento e aprendizagem; As teorias 
construtivistas de Piaget, Vigotsky e Wallon. Importância desses teóricos para a 
compreensão dos conceitos de desenvolvimento e aprendizagem. As teorias da 
aprendizagem e os fatores do desenvolvimento humano, concepções de 
aprendizagem e implicações educacionais, estágios do desenvolvimento, 
aprendizagem e desenvolvimento no contexto da criança e do adulto. 
Considerações sobre o fracasso escolar. 
 
Objetivos 
 Conceituar aprendizagem e desenvolvimento à luz das teorias 
educacionais; 
 Discutir a contribuição do construtivismo para a visão de aprendizagem e 
desenvolvimento; 
 Relacionar desenvolvimento e aprendizagem com prática pedagógica; 
 Analisar como as concepções de ensino acerca da aprendizagem e do 
desenvolvimento podem interferir na prática pedagógica; 
 Caracterizar os estágios e os fatores do desenvolvimento; 
 Diferenciar o desenvolvimento da criança e do adulto; 
 Analisar fenômenos que podem interferir na aprendizagem e gerar 
fracasso escolar. 
 
Bibliografia Básica 
PIAGET, Jean. Para onde vai a educação. 26ª edição Editora JOSÉ Olympio. 
2011. 
 
6 
 
Vigotski, L. S. (2000). A Construção do Pensamento e da Linguagem. São 
Paulo: Martins Fontes. 
DE LA TAILLE, KOLL,Marta. DANTAS H. Piaget Vigotsky e Wallon. Editora 
Summus. 1992. 
 
Bibliografia Complementar 
PIAGET, Jean e INELDER, Barber. A Psicologia da Criança. Summus Editora 
2007. 
VIGOTSKY, Lev. A formação social da mente. Editora Martins Fontes. 1991. 
WALLON, H. As origens do pensamento na criança. São Paulo:Editora 
Manole, 1989. 
MONTOYA, Adrian. O.D. Teoria da aprendizagem na obra de Jean Piaget. 
Editora da Unesp. 2009. 
MANTOVANI DE ASSIS. O. Z. Proepre: Fundamentos Teóricos da Educação 
Infantil. LPG/FE/UNICAMP, 2014. 
 
 
 
7 
 
UNIDADE 01. DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM - 
QUESTÕES FUNDAMENTAIS 
 
Objetivos 
 Estudar os processos históricos da psicologia do Desenvolvimento. 
 Contextualizar a aprendizagem e o desenvolvimento no universo de 
teorias que discutem esses temas. 
 Distinguir o enfoque da psicologia cognitiva, sócio cultural e epigenética 
identificando seus principais representantes. 
 
BEBENDO NA FONTE 
Quando iniciamos qualquer atividade profissional, algumas questões 
devem estar bem claras, como por exemplo, qual a matéria prima com a qual 
vou trabalhar? Que conhecimento tenho do meu principal ramo de trabalho? Os 
professores recém formados ao ingressar no mercado de trabalho devem 
também ter essas preocupações: quem é o meu aluno? Quem é ele 
intelectualmente? Do que ele é capaz? Como ele se desenvolve? Como 
acontece este processo de desenvolvimento? Sob que condições? Como é 
possível a ele a aquisição do conhecimento? O que é conhecer? O que é 
aprender? 
Muitas dessas questões são analisadas por Bessa, S. et.al. conforme 
descrição a seguir: 
 O texto que se segue é um fragmento do original: 
 
BESSA, S. MOLINARI, A. ZAIA, L. RABIOGLIO, M e ORTIZ, M. Desenvolvimento e 
aprendizagem perspectiva crítica e histórica. Revista Cientifica UNAR – volume 
8 número 1 ISSN 1982-4920 – julho 2014. Acesso em 
 
8 
 
http://revistaunar.com.br/cientifica/volumes-publicados/volume-8-no1-201409/09/2014. 
 
Desenvolvimento e aprendizagem perspectiva crítica e histórica 
Sonia BESSA 
Adriana M. Corder MOLINARI 
Lia Leme ZAIA 
Marta RABIOGLIO 
Mara Fernanda A. ORTIZ 
 
In: BESSA, S. MOLINARI, A. ZAIA, L. RABIOGLIO ,M e ORTIZ, M. 
Desenvolvimento e aprendizagem perspectiva crítica e histórica. Revista 
Cientifica UNAR – volume 8 número 1 ISSN 1982-4920 – julho 2014 
 
 Como o ser humano passa de um estado de dependência total no qual 
se encontra ao nascer, até o nível de capacidades intelectuais que lhe permitem 
assimilar as teorias cientificas mais sofisticadas produzidas pela ciência? Como 
se passa de um menor para um maior estado de conhecimento? E a 
aprendizagem? Como ocorre a aprendizagem? A inteligência é herdada ou 
adquirida? O que fazer para aprimorar os processos de aprendizagem? E a 
lógica é herdada ou adquirida? O que precisamos saber para ensinar a alguém 
alguma coisa? Essas são perguntas que muitas gerações ao longo da história 
humana vêm tentando responder e envolve as dimensões do desenvolvimento 
humano e os processos de ensino aprendizagem. 
 Contudo não é possível pensar nas dimensões de aprendizagem e 
desenvolvimento implícitas nestes questionamentos, desconsiderando a 
questão do conhecimento. Ramozi Chiarottino (1995) diz que o problema da 
aprendizagem implica o problema do conhecimento, queiramos ou não, assim 
http://revistaunar.com.br/cientifica/volumes-publicados/volume-8-no1-2014%2009/09/2014
http://revistaunar.com.br/cientifica/volumes-publicados/volume-8-no1-2014%2009/09/2014
 
9 
 
entendemos que a relação entre desenvolvimento e aprendizagem é uma 
questão central para a prática pedagógica, sobretudo porque nos remete às 
questões relacionadas a o que ensinar (os conteúdos), como ensinar (o modo de 
organizar o ensino) e porque ensinar (a finalidade da educação escolar), ou seja, 
as concepções de ensino. 
Para Montoya (2009, p.20) toda teoria da aprendizagem depende, das 
concepções acerca da natureza da inteligência e do conhecimento e das 
hipóteses sobre seus mecanismos de aquisição e desenvolvimento. Ele diz que: 
Apesar de o estudo cientifico da aprendizagem e da inteligência ter sido 
intenso e profícuo no século XX, o impasse entre as teorias da aprendizagem 
e as da inteligência foi uma realidade constante: a aprendizagem 
obedecendo a leis associativas, e as teorias da inteligência a leis de 
totalidade; a aprendizagem privilegiando a repetição e ação do meio, e as 
teorias da inteligência os processos internos de invenção e criatividade. Em 
outros termos, a aprendizagem identificada com o empirismo e a 
inteligência com o apriorismo e o pré-formismo. (MONTOYA, 2009, p.20). 
 
 As Práticas pedagógicas que verificamos em diferentes ambientes de 
ensino da Educação Infantil ao Ensino Superior remontam sempre a uma visão 
de mundo. Daí a importância do estudo sobre a psicologia do desenvolvimento 
humano. 
 Uma das importâncias em se estudar o processo de desenvolvimento 
humano está justamente em sua relação com a aprendizagem. As teorias sobre 
o desenvolvimento humano, através de suas explicações sobre o que se 
desenvolve no homem e como se desenvolve, delimitam as possibilidades da 
aprendizagem, ou seja, avaliam se ela pode ou não interferir nesse 
desenvolvimento e – sobretudo – como ela pode nele interferir. 
 Pode-se afirmar que a relação entre psicologia do desenvolvimento e 
educação, sobretudo em suas mediações com as teorias de conhecimento, é 
algo que acompanha a própria história do pensamento humano e constitui-se 
 
10 
 
como complexo e extenso campo de estudo nas três dimensões: 
desenvolvimento/ aprendizagem/ conhecimento. 
 A importância concedida ao conhecimento do Desenvolvimento Humano 
é uma ocorrência relativamente recente na história do pensamento científico. 
Em suas origens, a Psicologia do Desenvolvimento esteve mais limitada ao 
desenvolvimento da criança, no sentido de descrever e explicar o indivíduo 
humano do nascimento até a adolescência. Na atualidade a Psicologia do 
Desenvolvimento abrange o estudo das mudanças psicológicas ao longo da 
vida. 
 Cabe lembrar dois filósofos cujos escritos tiveram enorme influência 
sobre a história do desenvolvimento da criança, pois ambos desafiaram a visão 
dominante segundo a qual as diferenças humanas e as desigualdades sociais 
seriam determinadas primariamente pelo nascimento. Locke (1632-1704), que 
propôs que a mente da criança é uma espécie de tábula rasa na qual tudo pode 
ser gravado e o francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que formulou teses 
vigorosas, afirmando a bondade natural da criança e a influência exercida sobre 
ela pela sociedade. 
 Outra grande influencia já na metade do século XIX foi de Darwin (1809-
1882) com sua tese da “seleção natural” segundo a qual a adaptação é sempre 
o resultado de um equilíbrio dinâmico entre as necessidades de um organismo 
e os recursos disponíveis no meio. O que levou os psicólogos à preocupação 
com a análise dos processos de adaptação funcional da criança ao meio. 
 O contexto histórico, social e econômico do final do século XIX e inicio 
do século XX, a industrialização da Europa e da América do norte transformou a 
organização social da vida das pessoas e o papel das crianças na sociedade. As 
crianças passaram a ser mais um recurso de mão de obra, e as escolas públicas 
recém-criadas se expandiram, visando o ensino e o controle social dessas 
 
11 
 
crianças. Foi nesse contexto que surgiram os autores, as teorias e os métodos 
que dariam origem à moderna psicologia do desenvolvimento. 
 Alguns pioneiros da Psicologia do Desenvolvimento são: Mark Baldwin 
(1861-1924), que foi considerado um dos fundadores da Psicologia do 
Desenvolvimento e exerceu grande influencia nos trabalhos de Piaget, Wallon e 
Gesel (1880-1961); foi o que deu origem à chamada orientação maturacionista, 
que considera o desenvolvimento psicológico como uma questão de maturação 
e de atualização do potencial genético do indivíduo. Wolfgang Kohler (1887-
1967) que lançou as bases da Gestalt e contribuiu para a compreensão do 
desenvolvimento da criança. Charlotte Buhler (1893-1974) que estudou o 
desenvolvimento mental da criança e do adulto. Lev Vigotsky (1896-1934) que 
construiu as bases do enfoque sociocultural do desenvolvimento. Henry Wallon 
(1896-1962), com suas contribuições sobre a relação natural, necessária e vital 
entre a criança e a sociedade. Heins Werner (1890-1964) com sua conceituação 
do principio ortogenético para explicação do desenvolvimento psicológico. 
Esses nomes juntamente com Sigmund Freud (1856-1939), John Watson (1878-
1958) e Jean Piaget (1896-1980) fazem parte do grupo de precursores das 
teorias: Psicanálise, Aprendizagem Social e Teoria Cognitiva respectivamente. 
 A psicanálise de Freud conceitualizou os estágios de desenvolvimento 
psicossexuais e mais tarde Erik Erikson introduziu modificações, 
conceitualizando os estágios de desenvolvimento psicossocial que cobrem todo 
o ciclo de vida. A Psicanálise, entre outros aspectos, convenceu-nos de que os 
motivos inconscientes afetam nosso comportamento. Mostrou-nos que os 
primeiros anos de vida da criança são um período formador da maior 
importância no desenvolvimento da personalidade. Deu origem a várias mini-
teorias atuais sobre tópicos de relevância social. 
 A aprendizagem social lançada por Watson foi modificada por Skinner 
que é considerado o mais importante proponente da teoria da aprendizagem, 
 
12 
 
desenvolvida depois como aprendizagem social da criança por Staats, Bandura 
e outros. A Teoria da Aprendizagem Social mostrou-nos o efeito que o 
ambiente imediato pode ter sobre o comportamento. Contribuiu para o estudo 
das causas e consequências do comportamento observado, levando a perceberque muitos padrões de comportamento considerados inatos ou resultado de 
problemas emocionais profundamente enraizados, podem ser na verdade 
“comportamentos aprendidos que podem ser desaprendidos”. Essa 
compreensão permitiu que alguns problemas de comportamento específicos 
fossem analisados com vistas à mudança dos padrões de E-R que os vinculam 
(acessos de raiva, fobias, adições danosas). Ajudados pela Teoria da 
Aprendizagem Social pais e professores muitas vezes descobrem que eles estão 
reforçando exatamente o oposto do comportamento que eles desejam obter e 
aprendem formas de conduta mais apropriadas aos seus objetivos. É uma teoria 
muito criticada pelo seu modelo mecanicista e sua incapacidade de explicar as 
dimensões mais complexas do desenvolvimento. 
 O enfoque da psicologia cognitiva piagetiana permitiu a compreensão 
dos diferentes tipos de pensamento que são possíveis às várias idades. Nele a 
criança é vista como eminentemente ativa, iniciadora da ação e movida pela 
curiosidade intelectual. A psicologia cognitiva abriu maiores possibilidades de 
compreensão de nossos processos de pensamento e do modo como eles 
afetam nossas ações. Foi com o pioneirismo de Piaget que a teoria cognitiva faz 
avançar enormemente a compreensão da cognição humana. Piaget é criticado 
por ter subestimado a importância da instrução e consequentemente o papel da 
sociedade, da escola e da família no favorecimento do desenvolvimento 
cognitivo. No Brasil Piaget ficou muito conhecido em especial através do 
trabalho de Emilia Ferreiro com a psicogênese da alfabetização. Piaget, Vigotsky 
e Wallon são conhecidos pelas suas propostas interacionistas. 
 
13 
 
 Vigotsky, por várias razões de caráter social, histórico e político, não foi 
objeto de grandes elaborações na primeira metade do século e não se 
transformou em um grande sistema de explicação teórica, como aconteceu com 
Freud, Piaget e Watson. Foi nas últimas décadas que ocorreu a retomada das 
teses de Vigotsky. 
 O enfoque Epigenético é de outra natureza e se apoia em pesquisas 
provenientes da Biologia, Genética, Etologia, Neurociências. Enfatiza as forças 
biológicas que afetam cada pessoa e toda a humanidade. Suas origens podem 
ser encontradas nos estudos etológicos de K. Lorenz (1903-1989) e de H. F. 
Harlow (1905-1995). De modo geral, admite-se que a convergência das 
pesquisas em Etologia e em Psicologia do Desenvolvimento ocorreu por volta 
dos anos 60, com o surgimento da Etologia Humana, destacando-se como seu 
grande representante o inglês J. Bowlby (1907-1990), enfatizando a interação 
entre os genes e o meio. Essa interação é vista pelos pesquisadores como 
dinâmica e recíproca e vem sendo considerada como a mais nova explicação do 
desenvolvimento humano. 
 
Referências 
RAMOZI CHIAROTTINO, Zélia. Em busca do sentido da obra de Jean Piaget. 
EDUSP. 1995. 
MONTOYA, Adrian O. D. Teoria da Aprendizagem na obra de Jean Piaget. 
Editora Unesp. 2009. 
 
AMPLIANDO HORIZONTES 
A seguir indicamos a leitura do texto: 
MEIRA, Marisa Eugênia Melillo. Desenvolvimento e aprendizagem: reflexões 
sobre suas relações e implicações para a prática docente. Ciênc. educ. (Bauru), 
Bauru , v. 5, n. 2, 1998 . Disponível em 
 
14 
 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
73131998000200006&lng=pt&nrm=iso acesso em 27/08/2014. 
 
Esse texto apresenta questões sobre o conceito de maturidade e as 
proposta de Lev Vigotsky para as questões de aprendizagem e 
desenvolvimento. Proponho a leitura do texto, lembrando-se que essa é a 
perspectiva de um autor e que veremos outros autores ao longo do curso. 
Após a leitura, concentre-se nas seguintes questões: 
1) Defina o conceito de maturidade e a relação deste com a aprendizagem 
e o desenvolvimento; 
2) Qual a proposta de Lev Vigotsky para a questão da aprendizagem e o 
desenvolvimento e como essas duas dimensões se inter-relacionam na 
prática pedagógica; 
3) Qual o papel das relações sociais no processo de construção do 
conhecimento na perspectiva de Vigotsky. 
 
 
 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-73131998000200006&lng=pt&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-73131998000200006&lng=pt&nrm=iso
 
15 
 
UNIDADE 02. DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM: 
PERSPECTIVA CONSTRUTIVISTA 
 
Objetivos 
 Avaliar a importância do construtivismo piagetiano para a visão de 
aprendizagem e desenvolvimento. 
 Identificar a psicologia genética como uma alternativa as teorias 
empiristas e inatistas. 
 Analisar o conceito de inteligência proposto por Jean Piaget. 
 
BEBENDO NA FONTE 
O construtivismo é uma teoria que emergiu dos avanços da ciência e da 
filosofia. Surgiu em meados do século 19 e início do século 20. Um dos 
pioneiros foi o suíço Jean Piaget. Esse é um modelo teórico que nos permite 
interpretar o mundo a nossa volta. Segundo Becker (2009) o construtivismo 
significa que nada está pronto e acabado e de que, especificamente, o 
conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se 
constitui pela interação do Indivíduo com o meio físico e social, com o 
simbolismo humano, com o mundo das relações sociais; e se constitui por força 
de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no 
meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo 
nem consciência e, muito menos, pensamento. 
Construtivismo não é uma prática ou um método; não é uma técnica de 
ensino nem uma forma de aprendizagem; não é um projeto escolar; é, sim, uma 
teoria que permite reinterpretar todas essas coisas. 
Piaget, contrário às visões empiristas e inatistas reinantes até então, alega 
que o conhecimento é um processo de construção entre o sujeito e o meio, 
mediado pela ação. É um processo de interação sujeito/objeto do 
 
16 
 
conhecimento. Piaget concluiu que as trocas que os indivíduos realizam com o 
meio são responsáveis pelas mudanças nas estruturas mentais. Esta visão é a 
mesma das teorias sociointeracionistas, elaboradas por Vigotsky e Wallon, e que 
entendem o conhecimento como algo que é construído pelo sujeito, em 
interação com o mundo dos objetos e das pessoas, por isso esses autores são 
denominados construtivistas. 
Na perspectiva de Piaget o ser humano possui três tipos de estruturas: 
 Estruturas Programadas: Estruturas orgânicas em geral, que constituem 
os diferentes sistemas do organismo; 
 Estruturas Parcialmente Programadas: Estruturas do sistema nervoso em 
geral; 
 Estruturas Não Programadas: Estruturas da inteligência, específicas para 
conhecer. 
A possibilidade de conhecer segundo o construtivismo não é pré-
formada no psiquismo humano, nem proveniente da realidade exterior. É o 
diálogo entre as estruturas do sujeito e o meio. 
Ao tratar do conhecimento e das relações com a aprendizagem e 
desenvolvimento nos deparamos com questões epistemológicas. Piaget 
chamou a sua teoria de epistemologia genética. Epistemologia porque 
epistemologia é filosofia da ciência, a parte que estuda o fenômeno do 
conhecimento e genética – é uma epistemologia da construção do 
conhecimento trata da gênese da evolução do conhecimento (estudo da gênese 
do conhecimento). Piaget propunha que para compreender a aprendizagem, é 
indispensável entender a relação com as estruturas lógicas do sujeito, ou seja, 
com a gênese e o desenvolvimento dessas estruturas. 
Como biólogo, ele foi bastante inspirado pelas observações das 
influências que os organismos sofrem do meio em que vivem. Analogamente, 
no âmbito do conhecimento, ele concluiu que as trocas que os indivíduos 
 
17 
 
realizam com o meio são responsáveis pelas mudanças nas estruturas mentais. 
Esta visão deu origem às teorias sociointeracionistas, elaboradas por diferentes 
autores como Freire (1970), Vigotsky (1991), Wallon (1989), e que entendemo 
conhecimento como algo que é construído pelo sujeito, em interação com o 
mundo dos objetos e das pessoas. 
Mantovani de Assis (2013), explicando a teoria piagetiana, diz que um 
dos princípios da teoria piagetiana está relacionada às representações da 
realidade que a pessoa tem. Essas representações dependem dos instrumentos 
lógicos que eles têm a sua disposição, que são as operações lógicas. Segundo 
Piaget, esses instrumentos não estão no genoma nem a título de programa. O 
que o ser humano herda é a possibilidade de vir a ser inteligente. 
Para Delval (2008) a inteligência não é uma capacidade que está 
determinada geneticamente desde o nascimento e que se desenvolve ao longo 
do tempo com o passar dos anos, mas sim uma capacidade que exige 
participação ativa do indivíduo. Os determinantes genéticos na inteligência se 
referem mais a forma de funcionamento e às disposições gerais do que às 
capacidades concretas. O desenvolvimento é sempre o produto de uma 
interação entre as capacidades herdadas e a influência do ambiente, que se 
estabelece por meio da atividade do sujeito. 
A construção é fruto de uma reestruturação que se perpetua pelas trocas 
que estabelecemos com o meio: tanto físico, como humano. Essa construção 
também não é explicada pelas aquisições que fazemos durante a vida. Ela é 
resultado da interação do sujeito com o meio. Essa troca permite a construção 
dos instrumentos lógicos, por isso que o a teoria de Piaget é conhecida como 
uma teoria interacionista. Ao contrário dos animais, os humanos ao nascerem 
não trazem consigo mecanismos hereditários complementares montados que 
são ativados ao contato com a experiência, os comportamentos que 
possibilitam sua adaptação ao mundo são adquiridos a partir das trocas que o 
 
18 
 
bebê começa a estabelecer com o meio físico e social desde seu nascimento. 
Nessas trocas a educação exerce um papel fundamental. O bebê que nasceu 
com todas as possibilidades biológicas necessárias para vir a ser inteligente, só 
conseguirá chegar às fases finais de seu desenvolvimento intelectual, 
dependendo das solicitações que o meio social lhe oferecer, ou seja, da 
qualidade da educação que receber. 
O desenvolvimento é um processo pelo qual as estruturas se processam 
e se constrói pelas trocas com o meio. Para Mantovani de Assis (2004, 2007, 
2013) isso inclui ainda a afetividade e a moralidade. Cada etapa do processo de 
desenvolvimento supõe também novos processos de assimilação e uma 
acomodação, mudanças na estrutura. 
O gráfico a seguir apresenta a ação como desencadeador dos processos 
de assimilação e acomodação. 
 
 
Fonte:http://4.bp.blogspot.com/_s0SSjgqiXPs/R_IE_US2cjI/AAAAAAAAAO4/U2dwCaecFbM/s400/
esquema_piaget.png acesso em 28/08/2014 
 
O desenvolvimento intelectual resulta de um processo de equilibração e 
com a possibilidade de autorregulação dessa equilibração. Os piagetianos 
chamam esses processos de fatores endógenos, comuns a todos os humanos. 
São as possibilidades de construção com que nascemos. Já os fatores exógenos 
http://4.bp.blogspot.com/_s0SSjgqiXPs/R_IE_US2cjI/AAAAAAAAAO4/U2dwCaecFbM/s400/esquema_piaget.png
http://4.bp.blogspot.com/_s0SSjgqiXPs/R_IE_US2cjI/AAAAAAAAAO4/U2dwCaecFbM/s400/esquema_piaget.png
http://4.bp.blogspot.com/_s0SSjgqiXPs/R_IE_US2cjI/AAAAAAAAAO4/U2dwCaecFbM/s400/esquema_piaget.png
 
19 
 
são as solicitações do meio. O mapa conceitual a seguir permite verificar as 
diferentes relações a partir do processo de equilibração. 
 
 
Fonte:http://cursa.ihmc.us/rid=1JB8L66D0-1S66FTD-
X1G/Equilibra%C3%A7%C3%A3o.cmap?rid=1JB8L66D0-1S66FTD-X1G&partName=htmljpeg - 
acesso em 28/08/2014. 
 
O sujeito não conhece o objeto tal qual ele é, mas conforme as estruturas 
o permitem. Becker (2009) diz que o desenvolvimento, ativado pela ação do 
sujeito, abre novos caminhos para a aprendizagem e como as aprendizagens 
http://cursa.ihmc.us/rid=1JB8L66D0-1S66FTD-X1G/Equilibra%C3%A7%C3%A3o.cmap?rid=1JB8L66D0-1S66FTD-X1G&partName=htmljpeg
http://cursa.ihmc.us/rid=1JB8L66D0-1S66FTD-X1G/Equilibra%C3%A7%C3%A3o.cmap?rid=1JB8L66D0-1S66FTD-X1G&partName=htmljpeg
http://cursa.ihmc.us/rid=1JB8L66D0-1S66FTD-X1G/Equilibra%C3%A7%C3%A3o.cmap?rid=1JB8L66D0-1S66FTD-X1G&partName=htmljpeg
http://cursa.ihmc.us/rid=1JB8L66D0-1S66FTD-X1G/Equilibra%C3%A7%C3%A3o.cmap?rid=1JB8L66D0-1S66FTD-X1G&partName=htmljpeg
http://cursa.ihmc.us/rid=1JB8L66D0-1S66FTD-X1G/Equilibra%C3%A7%C3%A3o.cmap?rid=1JB8L66D0-1S66FTD-X1G&partName=htmljpeg
http://cursa.ihmc.us/rid=1JB8L66D0-1S66FTD-X1G/Equilibra%C3%A7%C3%A3o.cmap?rid=1JB8L66D0-1S66FTD-X1G&partName=htmljpeg
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20 
 
desafiam o desenvolvimento a construir novos patamares que, por sua vez, 
possibilitam aprendizagens mais complexas do que aquelas que eram possíveis 
no patamar anterior, assim a capacidade de aprender não é inata, é construída 
e, inumeráveis vezes, reconstruída ao longo da vida em estrita dependência das 
condições objetivas que a sociedade puser à disposição dos indivíduos. 
 
Referências 
DELVAL, Juan. A Escola Possível. Editora Mercado das Letras. 2008. 
BECKER, Fernando. Prefácio. MONTOYA, Adrian, O. D. Teoria da Aprendizagem 
na obra de Jean Piaget. Editora da Unesp. 2009. 
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro. Edições Paz e Terra. 
1970. 
VIGOTSKY, Lev. A formação social da mente. Editora Martins Fontes. 1991. 
WALLON, H. As origens do pensamento na criança. São 
Paulo:Editora Manole, 1989. 
MANTOVANI DE ASSIS. Orly Z. Proepre Fundamentos Teóricos para o Ensino 
Fundamental. LPG/FE/Unicamp. 2013. 
________________Proepre Fundamentos Teoricos da Educação Infantil 
LPG/FE/UNICAMP. 2007. 
________________Proepre: Prática Pedagógica. LPG/FE/UNICAMP. 2004. 
 
AMPLIANDO HORIZONTES 
 Intentando propor ao estudante uma visão complementar sobre o tema 
do construtivismo piagetiano, recomendo a leitura do texto: 
PAULETTI, F. ROSA, M. FENNER, R. O sujeito epistêmico e a aprendizagem. 
Revista Scheme. Volume 6 Número 1 – Jan-Jul/2014 acesso em 
www.marilia.unesp.br/scheme. 2014. 
 
http://www.marilia.unesp.br/scheme.%202014
 
21 
 
Após a leitura responda as seguintes questões: 
Explique os processos de assimilação/acomodação/adaptação à luz da 
aprendizagem escolar. Como, onde e quando ocorre o favorecimento da 
aprendizagem? 
Porque é tão importante que o professor tome conhecimento como 
ocorre o desenvolvimento e a aprendizagem? Será esse aspecto mais 
importante que o próprio domínio do conteúdo? Por quê? 
 
 
 
22 
 
UNIDADE 03. PIAGET, VIGOTSKY: QUESTÕES DE 
APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO 
 
Objetivos 
 Relacionar diferenças e semelhanças dos conceitos de aprendizagem e 
desenvolvimento nos construtos teóricos de Piaget e Vigotsky. 
 Comparar a contribuições dos dois autores para a psicologia do 
desenvolvimento humano. 
 
BEBENDO NA FONTE 
Nesse módulo escolhemos como tema de discussão a visão de Piaget e 
Vigotsky quanto a questão do desenvolvimento e da aprendizagem. 
Jean Piaget (1896-1980) foi bastante inspirado pelas observações das 
influências que os organismos sofrem do meio em que vivem. Analogamente, 
no âmbito do conhecimento, ele concluiu que as trocas que os indivíduos 
realizam com o meio são responsáveis pelas mudanças nas estruturas mentais. 
Esta visão é a mesma da teoria sociointeracionista, elaborada por Vigotsky, e 
que entende o conhecimento como algo que é construído pelo sujeito, em 
interação com o mundodos objetos e das pessoas. 
Mantovani de Assis (2013) explicando a teoria piagetiana diz que um dos 
princípios dessa teoria está relacionada às representações da realidade que a 
pessoa tem. Essas representações dependem dos instrumentos lógicos que eles 
têm a sua disposição, que são as operações lógicas. Esses instrumentos não 
estão no genoma nem a título de programa. 
O desenvolvimento é um processo pelo qual as estruturas se processam 
e se constrói pelas trocas com o meio. Para Mantovani de Assis (2007) isso inclui 
ainda a afetividade e a moralidade. Cada etapa do processo de 
desenvolvimento supõe também novos processos de assimilação e acomodação 
 
23 
 
e mudanças na estrutura. O desenvolvimento intelectual resulta de um processo 
de equilibração e com a possibilidade de autorregulação da equilibração. Os 
piagetianos chamam esse processo de fatores endógenos, comuns a todos os 
humanos. São as possibilidades de construção com que nascemos. Já os fatores 
exógenos são as solicitações do meio. O sujeito não conhece o objeto tal qual 
ele é, mas conforme as estruturas o permitem. 
Vasconcelos (1996) fala que Piaget difundiu a ideia de que o processo 
que leva a criança a conhecer o mundo é um processo de criação ativa, em que 
toda a aprendizagem se dá a partir da ação do sujeito sobre os objetos. Um 
sujeito intelectualmente ativo, que constrói seu conhecimento sobre a ação, não 
é um sujeito que tem apenas uma atividade observável, mas um sujeito que 
compara, exclui, categoriza, coopera, formula hipóteses e as reorganiza, 
também em ação interiorizada (VASCONCELOS, 1996, p.21). 
 Piaget diferencia os processos de aprendizagem e desenvolvimento, e 
subordina um ao outro, mas numa relação interdependente. Ele diz que o 
desenvolvimento não pode ser reduzido a um conjunto de habilidades ou 
comportamentos aprendidos, por que a aprendizagem está sujeita as leis da 
lógica. O termo aprendizagem está restrito as aquisições em função da 
experiência. 
Por outro lado o processo de desenvolvimento é espontâneo, mas 
acontece apesar da escola, contudo Piaget (2011) responsabiliza a escola 
quando ele fala de direito a educação. O direito a educação não é só frequentar 
a escola, mas encontrar nessa escola tudo que ele precisa para construir as 
operações da lógica e uma consciência moral desperta. Pensamento partilhado 
por Saviani (2005) ao afirmar que a escola tem o papel de possibilitar o acesso 
das novas gerações ao mundo do saber sistematizado, do saber metódico, 
científico. 
 
24 
 
Libâneo (1996, p. 26 e 27) deixa claro que a função social da escola é a 
“construção do conhecimento”, o educador deve desempenhar bem o seu papel 
contribuindo com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Rego 
(1995) afirma que a escola não deve se restringir apenas à transmissão de 
conteúdos, mas principalmente, ensinar formas de acesso e apropriação do 
conhecimento elaborado. 
O segundo autor que nos deteremos é Lev Vigotsky (1896-1934). Embora 
Piaget e Vigotsky tenha feito a mesma pergunta: “como se passa de um menor 
para um maior conhecimento?”, as respostas de ambos tem algumas 
diferenças. Ambos consideram a relação de interdependência entre 
aprendizagem e desenvolvimento, contudo, diferentemente de Piaget, para 
Vigotsky e seus colaboradores a aprendizagem promove o desenvolvimento. Os 
seres humanos apropriam-se da cultura para se desenvolverem e para que 
ocorra o desenvolvimento da sociedade como um todo. Educação e 
desenvolvimento humano caminham juntos. 
Tessaro Leonardo e Silva (2013) dizem que Vigotsky caracteriza o processo 
de aprendizagem pelo surgimento de novas estruturas e aperfeiçoamento das 
antigas. A aprendizagem promove e desencadeia permanentemente o 
desenvolvimento de uma série de funções que se encontravam em fase de 
amadurecimento. Assim a aprendizagem e o desenvolvimento não coincidem 
inteiramente, mas são dois processos que estão em complexas inter-relações. 
Em Vigotsky (2000, p.322), o autor diz que “a aprendizagem está sempre 
adiante do desenvolvimento, que a criança adquire certos hábitos e habilidades 
numa área específica antes de aprender a aplicá-los de modo consciente e 
arbitrário”. Em outro texto à p. 303. Vigotsky diz que “um passo de 
aprendizagem pode significar cem passos de desenvolvimento” criando assim a 
zona de desenvolvimento próximo. Fino (2001) afirma que o conceito de zona 
de desenvolvimento próximo traz um novo sentido à relação professor-aluno, 
 
25 
 
pois devolve ao primeiro a importância de condutor do processo de 
aprendizagem e elucida seu papel no desenvolvimento psicológico dos alunos. 
Para Tessaro Leonardo e Silva (2013) a educação, quando organizada 
tendo em vista a zona de desenvolvimento próximo, promove desenvolvimento 
intelectual, à medida que propicia uma série de amadurecimentos de processos 
que sem a educação seriam impossíveis de desenvolver. Desta forma, a 
educação revela-se fundamental para o processo de desenvolvimento e aqui-
sição das características históricas do homem. As funções psicológicas 
superiores, por serem culturais, desenvolvem-se principalmente pelo ensino 
formal, sistematizado nos conteúdos escolares. Vigotski (1977, p.47) afirma: [...] 
“aprendizado não é desenvolvimento, entretanto, o aprendizado 
adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em 
movimento vários processos de desenvolvimento que de outra forma seriam 
impossíveis de acontecer”. Assim o aprendizado é um aspecto necessário e 
universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas 
culturalmente organizadas e especificamente humanas. 
 Como verificamos, tanto Piaget quanto Vigotsky tem como tema central 
de seus estudos as questões de desenvolvimento e aprendizagem. 
 Segundo Kelssging (2008) nenhum dos dois psicólogos se defronta. Nem 
Piaget entende a sociedade meramente como um conjunto de individualistas 
que cultivam contato uns com os outros, nem Vigotsky descreve a sociedade 
com uma totalidade difusa, na qual o individuo teria simplesmente de se 
enquadrar. Os dois concebem a sociedade como estrutura de relações inter-
humanas. Vigotsky explica o aprendizado individual através da troca social, e 
Piaget integra a ideia de relação social como uma relação de troca com o 
ambiente. 
Assim, segundo Lepre (2008), as teorias de Piaget e Vigotsky apresentam 
afinidades e divergências sobre determinados temas, mas comungam de uma 
 
26 
 
visão interacionista de desenvolvimento humano e aprendizagem. O 
interacionismo entende que o desenvolvimento e a aprendizagem humanos 
acontecem por meio da interação entre o indivíduo (questões internas) e o meio 
(dados externos) onde está inserido. Dessa forma, o ser humano é visto como 
um ser ativo que ao interagir com o mundo se desenvolve e aprende. A cultura 
e o momento histórico nos quais o sujeito está situado também influenciam o 
desenvolvimento das possibilidades cognoscentes. 
Enfim, esses dois construtos teóricos contribuíram de forma significativa 
para a visão de infância que ora temos, como um ser ativo e integral dotado de 
uma forma peculiar de raciocinar. No mundo todo verificamos que tanto a 
construção teórico-metodológica quanto as práticas sociais e profissionais 
estão impregnadas de procedimentos que têm sua origem nessas teorias. A 
visão da criança depois dessas teorias não foi mais a mesma. Segundo Lepre 
(2008), “essa passou a ser vista como qualitativamente diferente do adulto, com 
características próprias nos campos da cognição, afetividade e moralidade”. 
 
Referências 
FINO, C. N. Vygotky e a zona de desenvolvimento proximal (ZDP): três 
implicações pedagógicas. Revista Portuguesa de Educação, 14 (2) p. 273-291. 
2001. 
KESSELRING. Thomas. Jean Piaget. 3ª edição EDUCS. 2008. 
LEPRE, Rita Melissa. Contribuições das teorias psicogenéticas à construção 
doconceito de infância: implicações pedagógicas. Rev. Teoria e Prática da 
Educação, v.11, n.3, p.309-318, set./dez. 2008. 
LIBÂNEO, J. C. Pedagogia, Ciência da Educação? Selma G. Pimenta (Org.). São 
Paulo; Cortez, 1996, p. 127. 
MANTOVANI DE ASSIS. Orly Z. Proepre Fundamentos Teóricos para o Ensino 
Fundamental. LPG/FE/Unicamp. 2013. 
 
27 
 
________________Proepre Fundamentos Teóricos da Educação Infantil 
LPG/FE/UNICAMP. 2007. 
PIAGET, Jean. Para onde vai a educação. 2ª edição Editora JOSÉ Olympio. 
2011. 
REGO, T. C. Vigotsky: Uma perspectiva histórico-cultural da educação. 
Petrópolis: Vozes, 1995. 
SAVIANI, D. Pedagogia Histórico-Crítica: Primeiras aproximações. 9. ed. 
Campinas: Autores Associados, 2005. 
TESSARO LEONARDO e SILVA. A relação entre aprendizagem e 
desenvolvimento na compreensão de professores do Ensino Fundamental. 
Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e 
Educacional, SP. Volume 17, Número 2, Julho/Dezembro de 309-317. 2013. 
VASCONCELOS, M.S. A difusão das idéias de Piaget no Brasil. São Paulo: Casa 
do Psicólogo, 1996. 
Vigotski, L. S. (2000). A Construção do Pensamento e da Linguagem. São 
Paulo: Martins Fontes. 
Vigotski, L.S. (1977). Aprendizagem e desenvolvimento na idade escolar. Em A. 
R. Luria, A. Leontiev & L. S. Vigotski, Psicologia e pedagogia: bases 
psicológicas da aprendizagem e do desenvolvimento (pp. 31-50). Lisboa: 
Estampa. 
 
AMPLIANDO HORIZONTES 
 Compare os dois diagramas a seguir assinalando as semelhanças e 
diferenças entre os modelos de Piaget e Vigotsky. 
 
 
28 
 
 
Fonte: 
http://cmapspublic3.ihmc.us/rid=1HX8VKM3R-2B6V4G0-
5H/Jean%20Piaget.cmap?rid=1HX8VKM3R-2B6V4G0-5H&partName=htmljpeg acesso em 
01/09/2014 
 
http://cmapspublic3.ihmc.us/rid=1HX8VKM3R-2B6V4G0-5H/Jean%20Piaget.cmap?rid=1HX8VKM3R-2B6V4G0-5H&partName=htmljpeg
http://cmapspublic3.ihmc.us/rid=1HX8VKM3R-2B6V4G0-5H/Jean%20Piaget.cmap?rid=1HX8VKM3R-2B6V4G0-5H&partName=htmljpeg
 
29 
 
 
Fonte: 
http://4.bp.blogspot.com/_rFbk2GlKyqE/TO1YeJDlRgI/AAAAAAAAAAw/pSDpUIFwN70/s1600/de
senvolvimentoinfantil.jpg acesso em 01/09/2014 
 
Assista o vídeo narrado por Yves de La Taille que encontra-se no youtube 
no seguinte endereço: https://www.youtube.com/watch?v=RuShcmUC-cc 
acesso em 03/09/2014, e o vídeo narrado por Martha Koll que encontra-se em 
https://www.youtube.com/watch?v=dd2u2GsASuA . O primeiro é a descrição da 
teoria de Piaget e suas contribuições para a educação, o segundo trata da teoria 
de Vigotsky. 
Faça uma relação entre os dois, verificando a contribuição dos dois 
construtos. 
 
http://4.bp.blogspot.com/_rFbk2GlKyqE/TO1YeJDlRgI/AAAAAAAAAAw/pSDpUIFwN70/s1600/desenvolvimentoinfantil.jpg%20acesso%20em%2001/09/2014
http://4.bp.blogspot.com/_rFbk2GlKyqE/TO1YeJDlRgI/AAAAAAAAAAw/pSDpUIFwN70/s1600/desenvolvimentoinfantil.jpg%20acesso%20em%2001/09/2014
https://www.youtube.com/watch?v=RuShcmUC-cc
https://www.youtube.com/watch?v=dd2u2GsASuA
 
30 
 
UNIDADE 04. APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO - 
HENRI WALLON 
 
Objetivos 
 Relacionar o construtivismo de Piaget, Vigotsky e Wallon. 
 Descrever como as teorias construtivistas de Piaget, Vigotsky e Wallon se 
complementam. 
 
BEBENDO NA FONTE 
A terceira teoria que nos deteremos é a teoria psicogenética de Henri 
Wallon. Sua psicogenética é marcada pela filosofia e medicina. Wallon tinha 
uma preocupação em reafirmar a base orgânica das funções psíquicas, por isso, 
segundo Lepre (2008), buscou elaborar uma teoria do desenvolvimento 
cognitivo que estivesse centrada na psicogênese da pessoa completa. 
Para Galvão (2005), é grande a importância que a psicogenética 
walloniana atribui ao meio no desenvolvimento infantil. O conceito de meio 
inclui a dimensão das relações humanas, e dos objetos físicos e dos objetos do 
conhecimento, todas elas incluídas no contexto das culturas específicas. 
Segundo essa autora, sua psicologia genética, se utilizada como instrumento a 
serviço da reflexão pedagógica, oferece recursos para a construção de uma 
prática mais adequada às necessidades e possibilidades de cada etapa do 
desenvolvimento infantil. Sugere ainda que a educação deve ter por meta não 
somente o desenvolvimento intelectual, mas a pessoa como um todo. Segundo 
Galvão (1995), esse autor buscou elaborar uma teoria do desenvolvimento 
cognitivo que estivesse centrada na psicogênese da pessoa completa. 
Ao definir a inteligência, Wallon a concebe como genética e 
organicamente social, ou seja, o ser humano tem a sua estrutura orgânica 
intimamente ligada aos fatores sociais e culturais para se atualizar. Buscando 
 
31 
 
compreender o psiquismo humano, Wallon volta sua atenção para a criança, 
pois através dela é possível ter acesso à gênese dos processos psíquicos. 
De uma perspectiva abrangente e global, investiga a criança nos vários 
campos de sua atividade e nos vários momentos de sua evolução psíquica. 
Enfoca o desenvolvimento em seus domínios afetivo, cognitivo e motor, 
procurando mostrar quais são, nas diferentes etapas, os vínculos entre cada 
campo e suas implicações com o todo representado pela personalidade 
(GALVÃO, 1995). 
Movimento, emoção, inteligência e personalidade foram os grandes 
temas pesquisados por Wallon. “Mas o grande eixo é a questão da motricidade; 
os outros surgem porque Wallon não consegue dissociá-lo do conjunto do 
funcionamento da pessoa” (DANTAS, 1992, p. 37). Segundo Wallon, o 
desenvolvimento da inteligência vai do ato motor ao ato mental, por meio de 
processos de internalização ativa da criança, que é concebida como um ser 
inicialmente fisiológico que com as interferências do social e da cultura passará 
a ter seu desenvolvimento biológico e psíquico intimamente ligado à interação 
com o meio. 
“Construindo-se mutuamente, sujeito e objeto, afetividade e inteligência, 
alternam-se na preponderância do consumo da energia psicogenética” 
(DANTAS, 1992, p. 42). A partir dessa constatação, Wallon define fases da 
inteligência nas quais há predominância ora de fatores afetivos/emocionais, ora 
de fatores cognitivos. O desenvolvimento infantil é descontínuo e marcado por 
contradições e conflitos, gerados pela maturação fisiológica e pelas condições 
ambientais, o que gera alterações qualitativas no comportamento da criança. 
Um dos pontos em que as psicogenéticas de Wallon e de Piaget se 
confrontam é justamente esse: o modo como ocorre o processo de 
desenvolvimento. Para Piaget, que pretendia a gênese da inteligência, o 
desenvolvimento é um processo contínuo, sem retrocessos, em que estruturas 
 
32 
 
anteriores servem de base para construções posteriores. Para Wallon, que 
pretendi a gênese da pessoa completa, o desenvolvimento é um processo 
descontínuo, não linear, e a passagem de um estágio para o outro é marcada 
por crises que afetam a conduta da criança. Essas crises, ora têm predominância 
de fatores afetivos, ora de fatores cognitivos. Para Lepre (2008), Wallon propõe 
cinco estágios no desenvolvimento do ser humano: 
O impulsivo-emocional (1o. ano), com predominância dos aspectos afetivos, 
em que o bebê apresentará suas primeiras reações à pessoas, às quais são 
consideradas mediadoras da sua relação com o mundo físico. É um estágio de 
construção do sujeito, onde o trabalho cognitivo está latente e indiferenciado 
da atividade afetiva. Conflito de natureza endógena. 
O sensório-motor e projetivo (até por volta do 3o. ano), em que surge a 
inteligência prática e que a criança poderá dedicar-se à construção da realidade. 
Por meio da aquisição da marcha, a criança ganha maior autonomia para 
explorar objetos físicos e espaços. Também nesse estágio ocorre o 
desenvolvimento da linguagem, possibilitado pela construção da função 
simbólica que, inicialmente, projeta-se em atos, por isso a denominação de 
projetiva. Predominância funcional cognitiva. Conflito de natureza exógena. 
O personalismo (dos 3aos 6 anos), que se refere à formação da personalidade. 
Neste estágio desenvolve-se a consciência de si mesmo, mediante as interações 
sociais com os outros. Exploração de si mesmo. Início do emprego do pronome 
Eu. Predominância afetiva. Conflito de natureza endógena. 
O categorial (dos 6 aos 11 anos), no qual a diferenciação da personalidade, 
conquistada no estágio anterior, possibilita grandes progressos intelectuais. 
Cresce o interesse pelo conhecimento. Construção das capacidades de seriação, 
classificação e categorização. Predominância das relações cognitivas. Os 
sentimentos são elaborados no plano mental. Conflito de natureza exógena. 
 
33 
 
Da puberdade e adolescência (a partir dos 11 anos), que é um estágio fecundo 
em conflitos. Retomada do conflito eu-outro, próprio do personalismo, agora 
desencadeado pela crise pubertária. Exploração de si mesmo com uma 
identidade autônoma, mediante atividades de confronto, autoafirmação e 
questionamentos. Predominância afetiva. Conflito de natureza endógena. 
Apesar da proposição de estágios de desenvolvimento, Wallon afirma 
que há extrema dependência e estreita relação entre eles e que a criança é um 
ser integral. Para esse autor, estudar a criança, além de trazer compreensões 
sobre o psiquismo humano, contribui de forma significativa para a Educação. Ao 
contrário de Piaget, a preocupação pedagógica é presença forte na psicologia 
de Wallon. 
Piaget, Vigotsky e Wallon consideram o movimento do pensamento 
dialético, passando da ação para a conceituação, na construção de 
conhecimentos, assim as atividades propostas no ambiente escolar devem 
sempre partir da própria atividade do aluno, da interação com o objeto de 
aprendizagem. Enfim, esses três construtos teóricos contribuíram de forma 
significativa para a visão de infância que ora temos, como um ser ativo e 
integral dotado de uma forma peculiar de raciocinar. A visão da criança depois 
dessas teorias não foi mais o mesmo. Segundo Lepre (2008), “essa passou a ser 
vista como qualitativamente diferente do adulto, com características próprias 
nos campos da cognição, afetividade e moralidade”. 
 
Referências 
DANTAS, Heloísa. Henri Walon. In: DE LA TAILLE, KOLL,Marta. DANTAS H. 
Piaget Vigotsky e Walon. Editora Summus 1992. 
DE LA TAILLE, KOLL,Marta. DANTAS H. Piaget Vigotsky e Walon. Editora 
Summus. 1992. 
 
34 
 
GALVÃO, Isabel. Henry Wallon: Uma concepção dialética do 
desenvolvimento infantil. Atica. 1995 
LEPRE, Rita Melissa. Contribuições das teorias psicogenéticas à construção do 
conceito de infância: implicações pedagógicas. Rev. Teoria e Prática da 
Educação, v.11, n.3, p.309-318, set./dez. 2008. 
 
AMPLIANDO HORIZONTES 
Compare o diagrama de Henri Wallon com os já apresentados no 
módulo 3 comparando os pressupostos básicos das três teorias discutidas. 
 
 
Fonte: http://praticadepaalinemadrid.pbworks.com/f/1178066653/Henri%20Wallon.jpg acesso 
em 01/09/2014. 
 
Assista no youtube o vídeo da Atta Vídeo narrado por Isabel Galvão que 
se encontra no seguinte endereço: 
https://www.youtube.com/watch?v=Vf7B2QUHmU4 acesso em 03/09/2014. 
http://praticadepaalinemadrid.pbworks.com/f/1178066653/Henri%20Wallon.jpg
https://www.youtube.com/watch?v=Vf7B2QUHmU4
 
35 
 
O artigo indicado a seguir representa uma síntese das três teorias 
apresentadas nos módulos 2, 3 e 4. 
 
LEPRE, Rita Melissa. Contribuições das teorias psicogenéticas à 
construção do conceito de infância: implicações pedagógicas. Rev. Teoria e 
prática da educação, v.11, n.3, p.309-318, set./dez. 2008. 
Http://www.dtp.uem.br/rtpe/volumes/v11n3/007_rita-309-318.pdf. acesso em 
01/09/2014. 
 
 
 
 
http://www.dtp.uem.br/rtpe/volumes/v11n3/007_rita-309-318.pdf.%20acesso%20em%2001/09/2014
http://www.dtp.uem.br/rtpe/volumes/v11n3/007_rita-309-318.pdf.%20acesso%20em%2001/09/2014
 
36 
 
UNIDADE 05. CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO E 
APRENDIZAGEM: IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS 
 
Objetivos 
 Identificar as diferentes formas como as concepções de educação 
interferem nos processos educacionais. 
 Destacar a importância dos métodos ativos na construção do 
conhecimento. 
 
BEBENDO NA FONTE 
Nos módulos anteriores foi visto e discutido os conceitos de 
aprendizagem na perspectiva de autores construtivistas como Piaget, Vigotsky e 
Wallon. Nesse módulo estudaremos algumas implicações educacionais da visão 
construtivista para a prática diária do professor. 
Analisando o diagrama a seguir verifica-se que compreender, aplicar, 
problematizar e refletir não são pressupostos só para os alunos. O professor faz 
isso constantemente à medida que relaciona prática e teoria. A forma como o 
professor consegue fazer eficazmente essa relação pode ou não permitir esse 
processo de construção do conhecimento. 
É necessária uma constante atividade de reflexão sobre a ação. A ação é 
importante, contudo não basta, é necessário coordenar essas ações. 
Compreender implica em aplicar, problematizar e refletir a prática com base na 
teoria. 
 
 
 
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Fonte:http://alb.com.br/arquivomorto/edicoes_anteriores/anais15/Sem11/silvacoelho_arquivos/i
mg08.jpg Acesso em 01/09/2014. 
 
Uma das implicações educacionais das teorias interacionistas diz respeito 
aos métodos de ensino. Segundo Piaget (2011), seria preciso proceder a uma 
revisão dos métodos de ensino e do espírito de todo o ensino, com uma 
formação mais científica em detrimento de uma formação literária. Segundo 
esse autor é comum considerar via de regra, a existência de diferenças 
individuais de aptidão entre os alunos, diferença cuja importância aumenta com 
a idade e de tal forma que alguns apresentam-se mais dotados para a 
matemática e física, por exemplo, enquanto outros só poderão apresentar 
resultados medíocres nessas matérias. Os mais aptos são encaminhados por 
pais e professores para profissões com maior status social como medicina, 
engenharia e os “menos aptos” para áreas consideradas mais “fáceis” como as 
licenciaturas. Os supostos “bons alunos” em matemática ou física estão em igual 
nível de inteligência dos demais, a vantagem sobre os demais está na 
adaptação ao tipo de ensino que lhe é fornecido e que estes estariam 
perfeitamente aptos a compreender os assuntos que parecem não 
compreender, contanto que estes lhes cheguem através de outros caminhos, ou 
http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais15/Sem11/silvacoelho_arquivos/img08.jpg
http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais15/Sem11/silvacoelho_arquivos/img08.jpg
http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais15/Sem11/silvacoelho_arquivos/img08.jpg
 
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como diz Piaget (2011) “o recurso aos métodos ativos, conferindo-se especial 
relevo à pesquisa espontânea e exigindo-se que toda verdade a ser adquirida 
seja reinventada pelo aluno, ou pelo menos reconstruída e não simplesmente 
transmitida” (p.15). 
Nessa perspectiva as concepções de educação podem fazer toda a 
diferença. Piaget (2011) diz que muitos conteúdos atuais, interessantes e 
vibrantes são apresentados de forma arcaica fundamentados na simples 
transmissão de conhecimentos, é sobretudo levar o aluno a reinventar aquilo de 
que é capaz, ao invés de se limitar a ouvir e repetir. Negligenciar a formação 
dos alunos no tocante a experimentação pode causar prejuízos para toda a 
sociedade. Piaget (2011) diz que se existe um setor no qual os métodos ativos 
se deverão impor no mais amplo sentido da palavra, é sem dúvida o da 
aquisição das técnicas de experimentação, pois uma experiência que não seja 
realizada pela própria pessoa, com plena liberdade de iniciativa, deixa de ser, 
por definição, uma experiência, transformando-se em simples adestramento, 
destituído de valor formador por falta da compreensão suficiente dos 
pormenores das etapas sucessivas. O progresso científico depende de espíritos 
inovadores de preferência a espíritos conformistas.Para Piaget os conhecimentos derivam da ação, não no sentido de meras 
respostas associativas, como as propostas por Skinner, mas no sentido muito 
mais profundo da associação do real com as coordenações gerais da ação. 
Conhecer um objeto nessa perspectiva é agir sobre ele e transformá-lo, 
apreendendo os mecanismos dessa transformação vinculados com as ações 
transformadoras. A demonstração favorece apenas a percepção, e os aspectos 
figurativos do pensamento e limita o aluno de fazer suas próprias experiências. 
Cabe a escola promover uma “educação do espírito experimental e um ensino 
das ciências físicas que insista mais sobre a pesquisa e a descoberta do que 
sobre a repetição” (PIAGET, 2006, p. 60). 
 
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Para Piaget somente num ambiente de métodos ativos pode o aluno dar 
seu pleno rendimento, e só se compreende realmente os fatos e as 
interpretações quando se está dedicado pessoalmente a uma pesquisa. Tais 
métodos são os que levam em conta a natureza própria de quem aprende e 
apela para as leis da constituição psicológica do indivíduo e de seu 
desenvolvimento, isso implica passividade ou atividade. 
Outros grandes educadores além de Piaget já tinham essa percepção da 
atividade de quem aprende. Rousseau percebeu que cada idade tem suas 
capacidades e que não se aprende nada a não ser por uma conquista ativa, e 
que o aluno deve reinventar a ciência em vez de repetir suas fórmulas verbais. 
Pestalozzi, discípulo de Rousseau e Froebel, são precursores dos métodos 
ativos. Para Montessori a criança aprende mais pela ação do que pelo 
pensamento; um material conveniente, que sirva para alimentar essa ação, 
conduz mais rapidamente ao conhecimento do que os melhores livros e do que 
a própria linguagem. Decroly criou o método global e os centros de interesse a 
partir da perspectiva do trabalho ativo. Outros nomes como Dewey e Claparede 
também são precursores dos métodos ativos. 
Segundo Piaget (2006), é na pesquisa e através dela que a profissão de 
professor deixa de ser uma simples profissão e ultrapassa mesmo o nível de 
uma vocação efetiva para adquirir a dignidade de toda profissão ligada ao 
mesmo tempo à arte e à ciência, porque a educação só poderia ser 
compreendida em seus métodos e suas aplicações tomando-se o cuidado de 
analisar em detalhes seus princípios e de controlar o seu valor psicológico 
quanto a significação da infância, a estrutura do pensamento da criança, as leis 
de desenvolvimento e o mecanismo da vida social. Freire (2011) diz que não há 
ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. O educando pesquisador é um 
aprendiz que confirmará ou não a hipótese levantada diante da investigação, 
considerando uma determinada metodologia de estudo. 
 
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Para uma melhoria qualitativa da educação requer-se uma melhor 
preparação do professor, isso é primordial, sem isso é inútil organizar belos 
programas ou ainda construir teorias a respeito do que deve ser feito. É 
importante ser levado em conta a questão da valorização ou revalorização do 
professor, e a formação intelectual e moral, para tanto propõe-se uma estreita 
união do ensino e da pesquisa e pesquisas de grupos dirigidas por 
representantes de especialidades complementares, trabalhando em constante 
cooperação. 
É necessário que o professor abra mão da transmissão, mas com o 
cuidado de não cair no outro extremo, apenas da demonstração, cofundindo 
demonstração com experimentação. Alguns incorrem nesse erro e insistem que 
o aluno deve sempre começar pelo “concreto”. A demonstração favorece 
apenas a percepção, e os aspectos figurativos do pensamento, limita o aluno de 
fazer suas próprias experiências. Tais métodos são os que levam em conta a 
natureza própria de quem aprende e apela para as leis da constituição 
psicológica do indivíduo e de seu desenvolvimento, isso implica passividade ou 
atividade. Mas a pesquisa não cabe somente ao aluno, em especial o professor 
precisa se tornar um pesquisador da natureza humana, conhecer a criança com 
a qual trabalha saber como ela aprende naquele período específico da vida, 
qual o conteúdo apropriado para sua fase de desenvolvimento, etc. 
 
Referências 
FREIRE, P. Educação e Mudança. 34. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011. 
PIAGET, Jean. Para onde vai a educação. 26. Ed. Editora José Olympio. 2011. 
PIAGET, Jean. Psicologia e Pedagogia. Editora Forense universitária. São Paulo 
2006. 
 
 
 
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AMPLIANDO HORIZONTES 
O texto que se segue é um fragmento do original, de Sueli de Fátima 
cuja fonte original está em: 
http://www.slmb.ueg.br/iconeletras/artigos/volume6/aprendizagem-e-suas-
implicacoes.pdf acesso em 02/09/2014. 
 
Após a leitura do texto descreva as implicações que a autora apresenta. 
Justifique a razoabilidade destas implicações. 
 
Aprendizagem e suas implicações no processo educativo 
 
Sueli de Fátima Alexandre 
 
 Alguns teóricos consideram a aprendizagem como um processo mútuo, 
em que o aprendiz utiliza-se de inúmeras maneiras e diferentes mecanismos 
para aprender. Ao aprender algo novo tem seu comportamento modificado em 
vários aspectos, lhe proporcionado um novo olhar sobre a realidade empírica. 
 A sociedade atual por estar em um contexto que sofre constantes 
modificações estruturais exige do sistema educacional adaptações capazes de 
preparar o educando para assumir uma vida profissional satisfatória as 
exigências do mercado de trabalho, bem como ainda saber lidar com diferentes 
situações e emoções. Assim, cabe ao educador estar inteirado destas 
transformações e conduzir o educando a um bom aprendizado. Para auxiliar 
nessa jornada educacional, existem várias teorias, como o Inatismo, o 
Empirismo, o Behaviorismo, o Construtivismo, o Intercionismo, entre outras, que 
ao longo do percurso escolar servem de apoio no processo de aprendizagem. 
 A necessidade da aprendizagem é algo inerente em qualquer indivíduo 
desde o nascimento, não importando o grau de capacidade ou de dificuldade 
http://www.slmb.ueg.br/iconeletras/artigos/volume6/aprendizagem-e-suas-implicacoes.pdf
http://www.slmb.ueg.br/iconeletras/artigos/volume6/aprendizagem-e-suas-implicacoes.pdf
 
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que apresenta, portanto, essa necessidade deve ser estimulada com precisão e 
sabedoria, e o ambiente escolar, familiar e social são, sem dúvida, o lugar onde 
essa aprendizagem ocorre com mais satisfação, pois a criança constrói seu saber 
diário ao observar as pequenas coisas com as quais convive nesses ambientes. 
 Assim, tem-se no educador um dos principais responsáveis pelo sucesso 
ou insucesso do aprendiz, a peça chave, que tem em mãos o poder de trabalhar 
não apenas o aprendizado de conhecimentos teóricos, mas também a 
afetividade dos alunos, pois quando a criança aprende a lidar com as diferentes 
emoções aprenderá a superar as diferentes dificuldades que enfrentará durante 
o percurso não só escolar, mas também na vida profissional e social 
(FERNANDÉZ, 2001 e INOUE, 1999). 
 Nos dias atuais a aprendizagem continua sendo o principal canal de 
transmissão de normas e valores, em que por meio de um processo dinâmico e 
progressivo tem facultado ao indivíduo múltiplas situações de aprendizagem, 
possibilitando-lhe a construção do conhecimento de maneira bem mais 
atraente. 
 
1. Conceito de aprendizagem 
 É praticamente impossível uma definição precisa e abrangente de um 
conceito tão amplo quanto o de aprendizagem, até o momento a ciência e as 
correntes teóricas levantaram pressupostos sobre esse processo, mas ainda não 
foram capazes de responder com total certeza sobre o que ocorre no cérebro 
de uma pessoa quando ela aprende alguma coisa. É suposto que durante o 
processo de aquisição do conhecimento ocorrem modificações no sistema 
nervoso, porém essas mudanças ainda não foram precisamente detectadas. 
Segundo Assunção (2004, p.12), 
 
 
43[...] pela impossibilidade de observação direta, a aprendizagem é constatada e 
estudada de maneira indireta. Ela é estudada através dos efeitos que ela causa 
no comportamento. Para conceituar aprendizagem, portanto, é preciso analisar 
as suas consequências sobre a conduta. 
 Dessa maneira, a aprendizagem é vista como um processo de mudança 
de comportamento obtido por meio da experiência construída por fatores 
emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais resultantes da interação 
entre estruturas mentais e o meio ambiente em que se vive, levando em 
consideração os conceitos culturais que o grupo social conhece e considera 
correto. É, então, o resultado das experiências anteriormente adquiridas, visto 
que cada experiência acrescenta aos indivíduos novos saberes, e são justamente 
esses saberes que trazem mudanças de comportamento. Se antes de aprender 
o indivíduo agia de forma incorreta, agora, com a aprendizagem, irá agir de 
forma diferente, demonstrando que aprendeu. 
 A busca pela aprendizagem é inata no ser humano, desde pequeno 
sente necessidade de demonstrar o que sabe fazer, ou seja, que é capaz de 
aprender. Para Alicia Fernandez (2001), todo sujeito tem a sua maneira própria 
de aprendizagem e os meios de construir o conhecimento, esse processo inicia-
se desde o nascimento e constitui-se em molde ou esquema, sendo fruto do 
inconsciente simbólico. Assim, as mudanças que acontecem no comportamento 
da pessoa são resultados do vínculo entre as experiências anteriores e os novos 
conhecimentos adquiridos. Essas mudanças podem ser facilmente observadas 
em crianças, pois tudo que existe ao seu redor é novo e desperta curiosidades. É 
por meio dessas experiências que elas aprendem a falar, andar, comer, agradar 
as pessoas que as cercam. 
 
 
 
 
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2. Aprender: diferentes perspectivas 
 Quando se faz uma investigação mais detalhada sobre o tema 
aprendizagem, algumas reflexões devem ser feitas, deve-se inicialmente 
questionar com muita ênfase alguns itens como: que tipo de aprendiz é o aluno 
de hoje? Quais tipos de aprendizagens são necessárias na atualidade? Quais são 
as diferentes perspectivas de aprendizagem? Quais perspectivas de 
aprendizagem são mais aceitas hoje em dia? A sociedade atual passa por 
diversas modificações estruturais, especialmente na forma de ver seu próprio 
desenvolvimento, hodiernamente o conhecimento tem se tornado primordial 
para o crescimento de indivíduos e de nações, dentro desta perspectiva o ato 
de aprender também passa a ser visto sob diferentes nuances. Fica cada vez 
mais evidente a necessidade de uma aprendizagem mais dinâmica e voltada 
para os desejos da sociedade ora intitulada sociedade do conhecimento. Nesse 
contexto o aluno ideal é aquele capaz de assimilar informações de maneira 
rápida e de diferentes formas, seria então: um aprendiz auditivo (aprende por 
meio de ondas sonoras), um aprendiz visual (aprende com os olhos), um 
aprendiz sinestésico (aprende com o tato). 
 Assim, o aprendiz inserido dentro do contexto atual é aquele que possui 
as habilidades citadas acima, claro que com preponderância de uma sobre a 
outra, sabendo utilizá-las dentro dos padrões exigidos. Pensando nesse 
“aprendiz ideal” não há mais lugar para o aprendiz passivo, que apenas ouve a 
mensagem aceitando-a do jeito que lhe é transmitido, pois tanto individual 
quanto na coletividade, enquanto sujeito ensinante e aprendente, o homem 
constrói a própria vida fundamentado na eterna arte de aprender. Esse processo 
de aquisição de conhecimento pode ser agradável ou doloroso, depende, em 
fim, de como é adquirido. Em primeira instância é um processo cognitivo, e 
como processo, está inter-relacionado há inúmeros fatores que envolvem o 
homem em sua totalidade: emocional, físico e intelectualmente. É sempre um 
 
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processo subjetivo e individual, inerente a cada pessoa, uma vez que ele 
envolve aspectos da personalidade de cada um e está ligado às expectativas, 
experiências, anseios e receios, envolvendo, desta forma, toda a história pessoal. 
Assim, nem todas as pessoas aprendem as mesmas coisas da mesma maneira e 
com a mesma profundidade, cada indivíduo aprende coisas novas atribuindo-
lhes significados ou valores diferentes de acordo com sua história pessoal e a 
história de seu grupo social, pois a aprendizagem está vinculada aos estímulos 
que se recebe do meio onde se vive. 
 A busca pelo entendimento ao processo de aprendizagem é instigante e 
sempre despertou a curiosidade de correntes teóricas que buscam explicações 
relacionadas à natureza do ato de aprender (BEAUCLAIR, 2008), dentre elas 
destacamos: (1) Inatismo: uma corrente fundamentada na filosofia racionalista e 
idealista que considera os eventos pós-nascimento essenciais para o 
desenvolvimento do ser humano. (2) 
Empirismo: contrariamente aos inatistas, os empiristas afirmam que a 
razão, a verdade e os princípios racionais são adquiridos por meio da 
experiência, antes dela a razão é equiparada a uma “folha em branco”, onde 
nada foi escrito, uma “tábula rasa”, onde nada foi gravado, uma cera informe e 
sem nada impresso, até que a experiência escreva na folha, grave na tábula, 
dando forma à cera. Aqui os conhecimentos começam com a experiência dos 
sentidos, em que as sensações, os objetos exteriores excitam nossos órgãos dos 
sentidos e vemos cores, sentimos sabores e odores, ouvimos sons, sentimos a 
diferença entre o áspero e o liso, o quente e o frio, etc. (CHAUÍ, 2000; KARL 
POPPER apud DAMÁZIO, 2000). (3) Construtivismo: criado por Jean Piaget 
objetiva investigar a forma como ocorre a estruturação do conhecimento e 
como este se efetiva por meio da ação do sujeito sobre o meio (CHAUÍ, 2000). 
Aqui o processo de aquisição do conhecimento é construtivo, porque ocorre 
uma construção/estruturação contínua do saber que leva a passagem de 
 
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estados de menor conhecimento para estado de conhecimentos maiores, uma 
construção que ocorre por meio de um processo de desenvolvimento de 
estruturas cognitivas e linguísticas que a criança "possui naturalmente", sem 
depender de intervenções de ensino e de condições socioculturais. O 
conhecimento é construído a partir do momento em que a criança elabora a sua 
própria ideia a respeito do objeto do conhecimento, devendo haver uma 
relação de reciprocidade entre o sujeito e esse objeto. Dessa forma, o 
desenvolvimento ocorre de maneira gradual e crescente por meio da interação 
entre sujeito e objeto. (4) Interacionismo: defendido por Vigotsky , o 
interacionismo acredita na ação mútua, tanto do sujeito quanto do ambiente, 
em que o conhecimento acontece de forma dialética, a partir das interações 
com o meio onde se vive. Nesse sentido, o conhecimento não é determinado 
nem pelo meio nem no interior do próprio sujeito, mas na interação entre 
sujeito e meio. 
Aprender, dentro dessa concepção é, portanto, construir uma linguagem 
interna a partir da interação dialética com o meio sócio-histórico-cultural em 
que o indivíduo vive, sendo que o desenvolvimento é mediado por outros 
indivíduos, especialmente por meio da linguagem. 
 
3. O processo de aprendizagem 
 O vocábulo aprendizagem deriva da raiz latina apreender, que significa 
aproximar-se para tomar posse de algo, ou ainda, apropriar-se de algo. Assim, 
aprender é a necessidade mais imperativa na vida da criança em sua fase inicial, 
na maioria das vezes elas aprendem brincando, de forma espontânea e alegre 
com outras crianças de sua faixa etária ou até mesmo com idade superior a sua. 
Para elas, o importante é adquirir conhecimento em tudo o que fazem. 
 O processo de aprendizagem é extremamente complexo, pois envolve 
aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. Tal 
 
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processo é desencadeado a partir da motivação que ocorre no interior doindivíduo. Ensinar e aprender andam juntos, são fatores interligados e 
interdependentes. Nesse sentido, não há como entender o processo de 
aprendizagem em sua totalidade, principalmente em sala de aula, pois cada 
educando possui uma forma pessoal de aprender (isso ocorre devido às 
situações e características psicológicas, genéticas e culturais) pode-se afirmar 
que todos conhecem o mundo por meio do convívio, da adaptação com o meio 
social, portanto, o indivíduo inicialmente aprende pela convivência, fator 
primordial para que a criança demonstre toda sua espontaneidade. 
 Dentro do processo de aprendizagem deve-se considerar a construção 
do conhecimento e a construção de si próprio como ser pensante e criativo. 
Assim, a criança no ato de aprendizagem além de aprender coisas novas, 
constrói sua própria imagem, suas características básicas. 
 
4. Relevância da aprendizagem 
 A aprendizagem é fator decisivo para a vida e sobrevivência do indivíduo, 
é por meio dela que o homem se afirma como ser racional, constitui sua 
personalidade e se prepara para cumprir o papel que lhe é reservado na 
sociedade a qual pertence (PAIN, 1985). Portanto, aprender a lidar com o 
desconhecido, com o conflito, com o inusitado, com o erro, com as dificuldades, 
transformar informação em conhecimento, ser seletivo e buscar na pesquisa as 
alternativas para resolver os problemas que surgem, são tarefas que farão parte 
do cotidiano das pessoas. 
 Assim, o ambiente onde a criança vive é fundamental para seu 
desenvolvimento enquanto cidadão, pois influencia em seu aprendizado, na 
interação com outras pessoas, especialmente com outras crianças, pois estão 
em fase de mudanças intensas, além, ainda, da apropriação dos costumes, 
tradições e valores que seu grupo social conhece e julga como necessários para 
 
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sua vida em sociedade. Nesse sentido, quando se trata de aprendizagem escolar 
precisa-se considerar tudo que influencia na aprendizagem do educando, para 
que ele adquira efetivamente uma aprendizagem sólida e duradoura. 
 
Considerações finais 
A aprendizagem é um processo cognitivo, mas também um processo 
bastante complexo que envolve o ser humano na sua totalidade, 
emocionalmente, intelectualmente e fisicamente, sendo sempre um processo 
individual e subjetivo inerente a cada indivíduo, uma vez que envolve a 
personalidade de cada um, as suas expectativas e experiências pessoais, 
envolvendo, por isso, toda a sua história pessoal e a sua componente psíquica e 
mental. Por isso nem todas as pessoas aprendem as mesmas coisas a partir da 
interação com o meio físico, social e cultural que nos rodeia e nem todas as 
pessoas conseguem aprender as mesmas coisas da mesma maneira. Cada um 
aprende novas coisas apropriando essas aprendizagens à sua mente, à sua 
personalidade, ao seu próprio EU físico e psíquico, criando significados 
diferentes para essas mesmas aprendizagens. É efetuada uma síntese entre 
aquilo que somos e que já sabemos e aquilo que aprendemos de novo. O 
processo de aprendizagem ocorre tanto 
de maneira planejada, como de maneira natural, espontânea, mas, ele é um 
processo constante e inacabado, pois acompanha o homem desde seu 
nascimento até o fim dos seus dias. 
 É importante compreender que a aprendizagem anda junto com o 
crescimento, é o adquirimento gradativo da independência pessoal. Nesse 
processo educativo a criança aprende a transferir os afetos para o grupo familiar 
e a busca identificação em colegas e professores. 
 Assim, o principal desafio dos pais e professores é ajudar a criança a 
adquirir confiança em si mesma, a acreditar na própria capacidade. É importante 
 
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saber que as pessoas aprendem de diferentes maneiras e que sua energia pode 
ser encaminhada para encontrar estratégias adequadas para a aprendizagem, 
ao invés de procurar maneiras de esconder suas dificuldades. Por isso os 
educadores têm grande responsabilidade em detectar tais dificuldades e 
procurar saná-las. As crianças precisam de um ambiente estimulador, seguro, 
onde sejam motivadas a enfrentarem suas limitações. 
 As crianças precisam conhecer seus pontos fortes, precisam receber 
incentivos e elogios quando produzem algo, pois aprendem pela imagem de si 
mesmas que recebem do outro. Assim, pais e professores são os principais 
responsáveis por instigar na criança o conhecimento de suas capacidades e 
dificuldades. 
 
Referências 
BEAUCLAIR, João. Ensinar é acreditar. Coleção Ensinantes do Presente, volume 
I. Editora WAK, Rio de Janeiro, 2008. 
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo, Ática, 2000. 
FERNANDÉZ, Alicia. O saber em jogo: a psicopedagogia propiciando autorias 
de pensamento. Porto Alegre, Editora Artmed, 2001. 
INOUE, Ana Amélia et al. Temas transversais e educação em valores 
humanos. Editora Fundação Peirópolis, São Paulo, 1999. 
PAIN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. 
Porto Alegre: Artes Médias, 1985. 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 06. TEORIAS DA APRENDIZAGEM 
 
Objetivos 
 Caracterizar e discutir os principais modelos e teorias da aprendizagem 
humana; 
 Analisar as concepções da aprendizagem, identificando quais fatores 
determinantes; 
 Verificar como as teorias da aprendizagem influenciam o processo 
educacional. 
 
BEBENDO NA FONTE 
Teoria é uma construção humana e que serve para interpretar uma 
determinada área do conhecimento. Geralmente elas preveem e explicam 
alguns fenômenos a partir de conceitos e princípios. Os conceitos são usados 
para pensar e dar respostas, já os princípios são relações mais ou menos 
significativas entre os conceitos. 
Geralmente as teorias são bem mais amplas que os princípios, contudo 
subjacente às teorias, estão sistemas de valores, crenças, cosmovisão que de 
uma forma ou de outra se correlacionam. Nos sistemas educacionais desde a 
antiguidade até os dias atuais, surgiram muitos modelos que explicam as 
questões do conhecimento, do desenvolvimento e da aprendizagem. Nessa 
unidade iremos nos deter nas questões relacionadas às teorias da 
aprendizagem. O conceito de aprendizagem vai depender da concepção de 
educação. Uma definição de aprendizagem bem aceita é a de que a 
aprendizagem é condicionamento, mudança de comportamento, aquisição de 
informação. Outra definição de aprendizagem também aceita por muitos é que 
aprendizagem é capacidade de resolução de problemas, e construção de novos 
significados. Esses dois conceitos apresentados tem concepções bem diferentes 
 
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e são oriundo das teorias de aprendizagem comportamentalista e cognitivista 
respectivamente. Existem ainda os significados não compartilhados que permeia 
o senso comum da prática escolar. 
 Para Montoya (2009) toda teoria da aprendizagem depende das 
concepções acerca da natureza da inteligência, do conhecimento e das 
hipóteses sobre seus mecanismos de aquisição e desenvolvimento. Outro autor 
que apresenta uma visão semelhante é Luckesi (2001). Ele diz que todo sistema 
Pedagógico, toda forma de ensinar carregam implícitos, queiramos ou não uma 
prática educativa que se apoia nas ideias que o professor tem sobre como se 
aprende, como funciona a inteligência e qual o desenvolvimento intelectual dos 
alunos. A maneira de ensinar revela qual o sistema teórico, a filosofia aceita pelo 
professor. Paulo Freire afirma que a educação, qualquer que seja ela, é sempre 
uma teoria do conhecimento posto em prática. 
 As teorias de aprendizagem não devem ser confundidas com os modelos 
de ensino, porque são construídas para interpretar a aprendizagem, e 
geralmente representa o ponto de vista de um autor, de vários autores ou os 
seguidores desses autores. Com o passar do tempo algumas teorias vão se 
modificando influenciadas por fatores sociais, políticos, culturais e econômicos 
daquele período vivido. Vejamos um exemplo do

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