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A Importância do Monitoramento de Aves Silvestres

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A IMPORTÂNCIA DO MONITORAMENTO DE AVES SILVESTRES
Diana Helena Miranda
Gláucia Benevenute de Mendonça Souza
Pamela Nunes Dalvi
Sarah Aparecida Ludwig
RESUMO 
Este estudo discutirá a importância do processo de monitoramento das aves de vida livre, sejam elas migratórias ou não. O processo de monitoramento deve ser feito não só para a preservação e proteção dessas espécies, mas também pelo risco de disseminar doenças que vêm de outros lugares para seus destinos. Essas doenças podem se espalhar não apenas para outras aves, mas também para outros animais, incluindo os humanos. Para as aves que não fazem a migração, o processo de monitoramento é importante para os animais afetados por contato humano forçado, é necessária supervisão para garantir a readaptação com sucesso. O anilhamento é o primeiro método para fazer o monitoramento, pois permite obter informações do estado reprodutivo, populacional e tempo de vida, pois as aves anilhadas podem ser recapturadas na intenção de obter essas informações e verificar se o processo de anilhamento causou algum dano e então tomar as medidas apropriadas. Com a anilha é possível monitorar estas aves, mas para procedimentos necessários e saber como fazê-lo de forma a causar o menor estresse possível a esses animais, garantindo o seu bem estar para a manipulação tão necessária.
ABSTRACT
This study will discuss the importance of monitoring free-living birds, whether migratory or not. The monitoring process must be done not only for the preservation and protection of these species, but also for the risk of spreading diseases that come from other places to their destinations. These diseases can spread not only to other birds, but also to other animals, including humans. For non-migrating birds, the monitoring process is important for animals affected by forced human contact, supervision is needed to ensure successful readaptation. Banding is the first method for monitoring, as it allows obtaining information on reproductive status, population and life span, as banded birds can be recaptured with the intention of obtaining this information and verifying whether the banding process has caused any damage and then take appropriate measures. With the ring it is possible to monitor these birds but for necessary procedures and know how to do it in order to cause the least possible stress to these animals, guaranteeing their well-being for the much-needed handling.
INTRODUÇÃO
O processo de monitoramento consiste em um conjunto de registro, análise e acompanhamento das aves migratórias e não migratórias, visando obter informações como longevidade, habitat, muda e reprodução das aves. É por meio desse processo que há um preparo para o recebimento de animais que passaram por algum ponto onde existe a possibilidade de adquirir alguma doença infectocontagiosa ou zoonose e transmitir aos demais durante a sua migração. (Brasil - ICMBio, 2021; DE SOUZA; SERAFINI, 2019; RAPPA, 2021)
Quando se verifica a migração, normalmente as aves já passaram pelo processo de muda, uma vez que ambos estes processos não se opõem, devido ao gasto de energia que demandam e, por percorrerem longas distâncias, seja para fugir de temperaturas baixas ou em busca de alimento, faz-se necessário conhecer a rota realizada pelas aves, assim como suas características. (Brasil - ICMBio, 2021; DE SOUZA; SERAFINI, 2019; RAPPA, 2021)
Concordando com a importância da realização do monitoramento juntamente com a necessidade de conhecer as particularidades das espécies que migram ou vivem em terras brasileiras, objetiva-se evidenciar a importância da realização do anilhamento correto e manifestar o monitoramento em aves não migratórias.
Dessa forma, os objetivos específicos apresentados nesse trabalho são a compreensão dos riscos que o processo de migração traz para as aves que o realizam e a expressão dos exames realizados em aves sob o processo de monitoramento, além de expor a relação entre a muda e a migração, assim como quando se faz necessário reanilhar a ave.
O conhecimento sobre a monitoração de aves silvestres, a exemplo da Harpia harpyja é fundamental para discentes e profissionais da medicina veterinária, a fim de saber a forma correta de captura, contenção e a aplicação da anilha de tamanho e material apropriado. Assim, considera-se que o estudo em questão demonstra importante relevância para o conhecimento dos discentes e por apresentar linha direta com a disciplina de Ornitopatologia contribuindo para a compreensão e informação para os que querem trabalhar na área.
REVISÃO DE LITERATURA
OS RISCOS NA MIGRAÇÃO
Sabe-se que grande parte das espécies de aves participam do processo de migração em determinada época do ano por determinado motivo, nesse processo os animais saem do seu local de origem e vão para outros lugares podendo ser outro país ou até mesmo outro continente, em busca de alguma coisa específica como águas mais quentes ou mais frias, clima mais quente fugindo do gelo e da neve, alimento ou reprodução. Durante a migração essas aves podem voar ou nadar (no caso de algumas aves marinhas) por grandes distâncias em pouco tempo, percorrendo um grande e diversificado percurso que nem sempre se fazia direto, havendo algumas paradas durante o mesmo. Considerando os fatores presentes durante a migração, o monitoramento mostra-se uma atividade extremamente necessária, porém delicada, visto todos os empecilhos e até mesmo riscos incluídos. (BISPO et al., 2016; FARIA et al., 2019; NASCIMENTO, 2010; NUNES & TOMAS, 2008; PRINZ et al., 2020; VALENTE et al., 2011)
Considerando os lugares diversos e a distância percorrida tem-se três possibilidades ou situações consideradas como negativas, são elas: infecção destes animais com doenças características dos lugares por onde passaram ou dos hábitos rotineiros adquiridos como parte do seu instinto natural durante a migração, a chance de um animal já infectado fazer a transmissão da doença em longa escala para outras espécies e a opção que inclui o manejo sanitário humano, zoonoses, doenças infectocontagiosas ou de grande risco para a população humana uma vez que estes animais podem ter alto nível de contato com a população devido aos locais de chegadas aos destinos sendo eles principalmente espaços hídricos como lagos, rios e principalmente os litorais. O monitoramento nesses casos é de extrema importância uma vez que tais riscos são apresentados, auxiliando para que haja não somente noção, mas também um preparo para o recebimento destes animais em certo ponto de parada seja em qual situação eles estiverem. (BISPO et al., 2016; FARIA et al., 2019; NASCIMENTO, 2010; NUNES & TOMAS, 2008; PRINZ et al., 2020; VALENTE et al., 2011)
Não somente por fins patológicos, mas a importância da migração na vida de alguns animais está relacionada diretamente com sua qualidade de vida e até mesmo com o risco da sua extinção, considerando que grande parte das espécies desfrutam desse período para seu processo de reprodução. Desta forma é importante que durante a monitoração dessas aves sejam avaliadas questões não só qualitativas, mas também quantitativas, tais como: a quantidade de animais anilhados no período atual comparado com o período anterior, se houve aumento ou diminuição na população e no número de filhotes provenientes da reprodução migratória, o aumento ou diminuição de agentes parasitários ou patológicos presentes nos animais e se são agentes de maior risco ou de menor risco, sempre fazendo comparações com os períodos anteriores. (BISPO et al., 2016; FARIA et al., 2019; NASCIMENTO, 2010; NUNES & TOMAS, 2008; PRINZ et al., 2020; VALENTE et al., 2011)
RELAÇÃO ENTRE A MUDA E A MIGRAÇÃO
A muda é um processo fisiológico e sistemático definido como o crescimento de uma nova pena que requer duração e frequência específicas. Esse processo dificilmente se apõe a ocorrência da migração, uma vez que ambos os processos demandam de gasto energético e as aves migrantes necessitam de suas penas de voo perfeitas para que possam voar longas distâncias. (DE SOUZA; SERAFINI, 2019)
Normalmente,a muda ocorrerá antes do período de migração se houver alimento disponível, no entanto, se o alimento estiver disponível em maior quantidade nas áreas de invernada é lá que elas farão a muda. As aves que migram em pequenas distâncias realizam a muda no local onde se reproduzem e após irão migrar até as áreas de invernada, já as aves que migram para longas distâncias passam pelo processo de muda em áreas de invernada ou em áreas de parada intermediárias, assim, suas penas serão mais resistentes pois permitem maior depósito de queratina em razão do lento crescimento. (DE SOUZA; SERAFINI, 2019)
ANILHAMENTO DAS AVES
O anilhamento corresponde a marcação individual com uma anilha de alumínio no tarso da ave, podendo ser acrescida por uma bandeirola, considerando a recaptura da ave. O animal que será anilhado terá registrado no Sistema Nacional de Anilhamento de Aves Silvestres (SNA) o tamanho da asa, do bico, seu peso e desenvolvimento muscular. (Brasil - ICMBio, 2021; DE SOUZA; SERAFINI, 2019; RAPPA, 2021)
O SNA é o órgão responsável por coordenar e controlar a nível nacional o registro, a recuperação, a distribuição de anilhas e os dados de anilhamento. Existe ainda o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE) que realiza pesquisas e a conservação das aves silvestres no Brasil e atualmente encontra-se vinculado ao Pan American Shorebird Program (PASP) com o objetivo de padronizar o anilhamento de aves limícolas migratórias nas Américas e para isso, utiliza bandeirolas azul escura associada a uma anilha azul ou laranja, referentes ao Brasil e Paraguai respectivamente. (BRASIL – ICMBio, 2021)
O CEMAVE ainda dispõe de um padrão de anilhas de alumínio que apresentam o endereço do site da CEMAVE e um código composto por uma letra, que equivale ao diâmetro da anilha variando de 1,3 milímetros até 35 milímetros e uma sequência de 5 ou 6 números não repetidos, sendo que 100 anilhas compõem uma série e esta é identificada pela letra e os 3 primeiros números que a formam, por exemplo, a anilha C25310 onde a letra C representa o tamanho do diâmetro da anilha e 25310 o código de identificação dela, sendo os três primeiros números (253) representantes da série da anilha. Em casos especiais, a exemplo da Harpia harpyja, é necessário o uso da anilha de aço inox já que é uma ave com bastante força no bico e a anilha de alumínio poderia ser esmagada pela harpia através do bico e causá-la algum dano, como estrangulamento do tarso e consequente necrose. (Brasil - ICMBio, 2021; DE SOUZA; SERAFINI, 2019)
Para anilhar a ave, a pessoa deverá dispor de um registro e autorização para realizar esse procedimento, solicitar as anilhas na CEMAVE e então ir a campo para realizar a captura das aves por meio de armadilhas adequadas ou redes especiais, como a rede de neblina. Em seguida, o anilhador fará o registro do local e data do anilhamento, nome científico da ave, sexo, estado reprodutivo, muda e a idade para posteriormente conter a ave e selecionar o tamanho adequado da anilha com o auxílio do medidor de tarso calibrado ou paquímetro e então colocar a anilha no tarso da ave e fechá-la, estando sempre atento para mover a anilha para cima e para baixo e girá-la ao redor do tarso a fim de verificar se está movendo livremente sem causar atrito. (BRASIL – ICMBio, 2021; DE SOUZA; SERAFINI, 2019)
Vale ressaltar a importância da presença do site da CEMAVE na anilha, pois é através deste que a pessoa que encontrar uma ave anilhada fará o registro do encontro e assim permite-nos saber o tempo de vida da ave pós anilhamento, local onde habita, composição populacional e suas rotas de migração. Além disso, é enviado ao anilhador um aviso informando o encontro da anilha contendo informações sobre o local e quem encontrou. (BRASIL – ICMBio, 2021)
Outro fator que merece a devida atenção é o local de anilhamento que deve ser silencioso, limpo, organizado, ventilado e sombreado e, a manipulação das aves deve ser sempre cuidadosa para que ela sofra o mínimo de estresse de possível. Além disso, estar atento as aves jovens que devem ser anilhadas rapidamente e soltas no mesmo local de captura e a prioridade de anilhamento, sendo primeiro as mais sensíveis como os da ordem Pipridae, em seguida, as aves ameaçadas de extinção, aquelas em período reprodutivo e por fim as recapturadas. (Brasil - ICMBio, 2021; DE SOUZA; SERAFINI, 2019)
Com relação aos filhotes, existem benefícios ao anilhar quando ainda no ninho pois consegue-se anilhar maior quantidade de aves com a idade conhecida, fornecendo assim dados como a sua longevidade em caso de recaptura. No entanto, há cuidados a serem tomados quando for anilhar esses filhotes, dentre eles, não anilhar nos primeiros dias após o nascimento pois a anilha pode sair quando o filhote estiver prestes a voar e ele não voltará para o ninho, dificultando a recolocação, deve-se estar atento também para não destruir a proteção do ninho contra predadores. Dessa forma, quando verificar que a rêmige está na metade do rompimento é a hora de anilhar os filhotes. (DE SOUZA; SERAFINI, 2019)
REANILHAMENTO DAS AVES
Refere-se a colocação de uma nova anilha em situações na qual a ave for recapturada e apresentar a anilha desgastada ou com seu código ilegível. Para isso, é efetuado a retirada da antiga anilha por meio de um alicate especial que pode tanto fazer o corte quanto abrir a anilha, em seguida, deve-se constatar se houve algum ferimento causado por esse processo e então colocar a nova anilha e relatar esse procedimento para o CEMAVE. (DE SOUZA; SERAFINI, 2019)
Ato contínuo, caso a ave recapturada apresente irritação ou ferimentos no tarso, ela também deve ser submetida ao reanilhamento já que ela dispõe de uma anilha inadequada para sua espécie, assim, a nova anilha será acondicionada na outra perna. (DE SOUZA; SERAFINI, 2019)
EXAMES REALIZADOS EM AVES MIGRATÓRIAS
Os exames laboratoriais realizados nas aves servem como auxílio para a monitoração das espécies, os resultados levam em consideração o sexo, a idade, o estado nutricional da ave, estação do ano, habitat, traumas e principalmente o estresse ambiental e a forma de contenção. Esses exames devem ser realizados com máximo de cuidado possível e com o menor tempo de contenção, para evitar efeitos colaterais de coleta. (CUBAS et al., 2017; DE SOUZA; SERAFINI, 2019)
O exame físico avalia a condição corporal, peso, escore peitoral, empenamento, coloração (se segue os padrões da espécie), os membros de forma funcional, entre outros aspectos. (IBAMA, 2008)
Os principais exames a serem realizados para o monitoramento são os sorológicos, coproparasitológicos e o hemograma. Dentro dos sorológicos estão presentes as pesquisas de doenças, o PCR é um dos métodos mais utilizados, sendo importante para detectar Chlamydophila, Mycoplasma, Influenza e Paramixovírus. O exame coproparasitológico (amostras fecais para flutuação ou sedimentação) possui uma grande importância, e visa observar a presença de ecto e endoparasitas e quando o resultado encontrado é positivo, as aves são tratadas com vermífugo. (BRANCO & RIBEIRO, 2011)
O sangue deve ser coletado de forma rápida, segura e com a contenção de forma correta para que o estresse associado ao fato de as aves não estarem acostumadas com o manejo, não modifique os parâmetros laboratoriais. Pelo exame de sangue também pode ser realizada os parâmetros bioquímicos das aves para analisar o funcionamento de órgãos como os rins e o fígado. (CUBAS et al., 2017)
A coleta do sangue geralmente é realizada pelas veias braquial, metatársica, jugular ou ulnar, sendo o volume máximo de 1% do peso vivo de cada ave e de acordo com o seu peso corporal, é determinado a quantidade a ser retirada. (DE SOUZA; SERAFINI, 2019)
Além dos exames laboratoriais, as aves podem passar por exames biológicos onde serão analisados o sexo, massa corpórea, muda, idade e entre outros, para que dessa forma obtenham resultados sobre os dados de fertilidade, sobrevivência, quantidade de machos e fêmeas, sucesso reprodutivo e durante toda a análise,deve-se observar a frequência respiratória das aves, se estão estressadas, ofegantes e quando necessário soltá-las evitando um dano maior. (DE SOUZA; SERAFINI, 2019)
Para determinar o sexo, pode ser realizada a sexagem com total cuidado e rapidez, a idade pode ser determinada através da ossificação craniana, onde o crânio de aves jovens não apresenta os ossos frontal e parietal consolidados como nas aves adultas, as aves adultas, na maioria das vezes, possuem plumagens diferentes das jovens, em algumas espécies a cor da íris também podem ajudar na diferenciação da idade, assim como o bico, os pés e as penas. (DE SOUZA; SERAFINI, 2019)
MONITORAMENTO DE AVES NÃO MIGRATÓRIAS
Em grande parte, geralmente as aves silvestres não migratórias que são monitoradas são as aves que passaram por algum processo traumático de contato com humano forçado, tais como aves provenientes de tráfico ou caça e quase sempre estão desidratados, feridos, foram submetidos a espaços pequenos com grande número de outros indivíduos junto a ele, como gaiolas minúsculas, o que também pode causar alterações fisiológicas derivadas de grande nível de estresse. Nessas situações, esses animais são apreendidos e recolhidos pelos órgãos ambientais responsáveis, as vezes resgatados por pessoas que os levam a clínicas veterinárias, para ambos os casos esses animais sempre têm o contato com uma equipe veterinária para que seja feito o possível e necessário para manter esse animal vivo, passando por um processo de reabilitação e com a intenção de que, futuramente, seja devolvido a natureza. (BISPO et al., 2016; BRANCO & RIBEIRO, 2011; FARIA et al., 2019; NASCIMENTO, 2010; NUNES & TOMAS, 2008; PRINZ et al., 2020; VALENTE et al., 2011)
A decisão de soltura depende principalmente do estado em que o animal foi encontrado e qual tratamento será necessário para a recuperação. Em alguns casos mais simples, exames, fármacos e curativos dão conta do recado e esses animais são soltos novamente na natureza anilhados e passando por monitoração constante, sempre observando se apresenta comportamento adequado e normal a espécie, se consegue se reproduzir, alimentar e se proteger de forma independente. Em outros casos mais graves como fraturas, projéteis ou corpos estranhos, o animal provavelmente passará por um procedimento cirúrgico, o que acarretará em um pós operatório extremamente cuidadoso, uma recuperação possivelmente longa e eventualmente a reabilitação com grande aplicação de enriquecimento ambiental até que esse animal se recupere por inteiro e demonstre características de vida livre pronto para a soltura, contudo a recuperação de ossos ou membros fraturados deve sempre ser supervisionada por ter a chance de não retornar a função adequadamente como acontecia de antes do acontecido. Em casos de animais que passam por amputação ou tratamentos muito extremos em que não existe a possibilidade de serem mandados de volta para a natureza, esses animais são enviados para centros de cuidados como zoológicos, bioparques, mantenedouros, santuários dentre outros, mesmo sendo bem tratados e cuidados a monitoração é constante, pois não se deve deixar o animal perder seus hábitos naturais. (BISPO et al., 2016; BRANCO & RIBEIRO, 2011; FARIA et al., 2019; NASCIMENTO, 2010; NUNES & TOMAS, 2008; PRINZ et al., 2020; VALENTE et al., 2011)
CONCLUSÃO
É de grande importância o estudo de monitoramento das aves de vida livre, conclui-se que cada passo do processo é importante, desde a captura até a soltura, sendo tudo feito com muito cuidado, pois são animais sensíveis ao estresse e precisam de um manejo especial. O anilhamento é a única forma de realizar o monitoramento das aves, e essa prática precisa ser realizada sempre que possível e de maneira adequada para manter o registro e controle desses animais, principalmente nas aves migratórias devido ao grande impacto gerado pela migração como foi descrito no decorrer do trabalho. Deve-se sempre lembrar que todos os processos devem ser realizados frisando o bem-estar desses animais. 
REFERÊNCIAS 
BISPO, A. A.; AGUIAR, A. G.; NOBRE, R. A.; MACHADO, C. G.; COHN-HAFT, M.; DEVELEY, P. F.; LARANJEIRAS, T. O.; LEMOS, C. A.; UEHARA-PRADO, M. Protocolo para Monitoramento de Comunidades de Aves em Unidades de Conservação Federais. Brasília: Biodiversidade Brasileira, 2016.
BRANCO, A. M; RIBEIRO, H. Descentralização da gestão e manejo da fauna silvestre: O caso da divisão técnica de medicina veterinária e manejo da fauna silvestre do município de São Paulo. São Paulo, 2011.
BRASIL – ICMBio. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Sistema nacional de anilhamento. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2021. Disponível em: <https://www.icmbio.gov.br/cemave/sna.html>. Acesso em: 08 de abril de 2022. 
BRASIL – ICMBio. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Anilhamento. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2021. Disponível em: <https://www.icmbio.gov.br/cemave/component/content/article/20-uncategorised/58-anilhamento.html>. Acesso em: 08 de abril de 2022. 
BRASIL – ICMBio. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Relatório de Rotas e Áreas de Concentração de Aves Migratórias no Brasil. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2019.
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CUBAS, Z. S.; SILVA, J. C. R.; CATÃO-DIAS, J. L. Tratado de animais selvagens: medicina veterinária. São Paulo: Roca, 2017.
DE SOUZA, A. E. B. A.; SERAFINI, P. P. Manual de Anilhamento de Aves Silvestres - 3ª ed. rev. e ampl. Brasília: ICMBio, Cemave, 2020.
EFE, M. A.; MARTINS-FERREIRA, C.; OLMOS, F.; MOHR, L. V.; SILVEIRA, L. F. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Ornitologia para a destinação de aves silvestres provenientes do tráfico e cativeiro. São Paulo: Revista Brasileira de Ornitologia, 2006.
FARIA, A. R. A.; OLIVEIRA, T. G.; CAGNI, G. S.; SOARES, L. C.; LIZAMA, M. A. P. Resposta de biomarcadores integrados em aves piscívoras para monitoramento ambiental. Ceará: Encontro Internacional de Produção Científica, 2019.
NASCIMENTO, J. L. X. Monitoramento de aves migratórias da ordem Charadriiformes no parque nacional da lagoa do peixe, Rio Grande do Sul. Pernambuco: Departamento de Oceanografia da Universidade de Pernambuco, 2010. 
NUNES, A. P.; TOMAS, W. M. Aves migratórias e nômades ocorrentes no pantanal. Mato Grosso do Sul: Embrapa, 2008.
PRINZ, M. S.; FERNANDES, B. P.; RIBAS, J. R. L.; SANROS, M. P. J.B.; FERRÃO, I. S.; LEAL, R. F.; SOUZA, V. M. M. Monitoring of Newcastle disease in poultry at migratory birds landing sites: Mangue Seco and Cacha Pregos between 2013 and 2014. Bahia: Arquivos do Instituto Biológico, 2020.
RAPPA, C. Anilhamento de aves como ferramenta de educação e monitoramento ambiental. Fauna News, 2021. Disponível em: <https://faunanews.com.br/2021/02/11/anilhamento-de-aves-como-ferramenta-de-educacao-e-monitoramento-ambiental/>. Acesso em 08 de abril de 2022.
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