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Tema crédito digital penal

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KARINE ANDRADE
Tema crédito digital : DIREITO PENAL – módulo 1 
O direito penal é um ramo do direito público que pretende sistematizar normas jurídicas que possuem o objetivo de tipificar condutas consideradas penalmente relevantes, bem como suas sanções correspondentes 
- Assim, o princípio da legalidade é o fundamento regente para a definição de quais condutas serão consideradas crimes pelo Estado. para isso necessário que o legislador defina, previamente, quais são essas questões estatais consideradas penalmente relevantes.
Na realidade, a lei que institui o crime e sua respectiva pena deverá ser anterior ao fato que se pretende punir, condição fundamental para proteger a dignidade dos cidadãos. Estes não poderão ser surpreendidos com proposições normativas que antes não eram condutas ou ilícito penais, mas repentinamente tornaram-se crimes.
- A tipicidade penal é um princípio que estabelece o dever de o legislador descrever minuciosamente e de forma prévia, quais são as condutas humanas consideradas ilícitas e relevantes sob a perspectiva penal. Se o Estado possui o interesse em punir e criminalizar determinada atitude, primeiro deverá descrevê-la de forma clara, pontual, objetiva e sistematizada
Esse postulado trouxe, ainda, o debate e a importância de sistematização jurídico-legal da anterioridade penal como requisito para a punição de atitudes consideradas penalmente relevantes:
*A adequação de uma determinada conduta ao tipo penal exige do aplicador do direito uma interpretação literal e restritiva: não poderá o magistrado ou o órgão acusador interpretar de forma analógica, ampla, valorativa ou metajurídica determinado comportamento objetivando incriminar e punir penalmente seu agente.*
Toda pessoa tem constitucionalmente assegurado o estado de inocência, cabendo ao Estado desconstituir essa presunção de inocência apenas quando a conduta humana se enquadrar, literalmente, ao conteúdo descrito na lei como crime.
Havendo qualquer possibilidade de o Estado agir fora dos limites estabelecidos pela lei, tal ação será reprimida pelo direito penal; uma vez que o princípio da legalidade (reserva legal), juntamente com a anterioridade penal, tipicidade penal, segurança jurídica e dignidade humana, trouxeram maior segurança e estabilidade jurídica aos cidadãos.
Originariamente, esse ramo da ciência do Direito deixou claro seu propósito de fortalecer o exercício legítimo do poder estatal, além de ser instrumento de controle social. Pois, no momento em que o Estado etiqueta e estabelece previamente quais são as condutas humanas reprimidas penalmente e consideradas crimes, deixa claro o seu interesse e legitimidade jurídica quanto à punição dos sujeitos que violarem de forma dolosa ou culposa tais determinações legais.
A missão do direito penal, nessa perspectiva teórica, é o controle social. Acredita-se que a norma jurídica em si mesma, especialmente se vier acompanhada de penas severas, é capaz por si só de desestimular o agente à prática de ilícitos. Na perspectiva trazida pela modernidade, no momento em que o Estado pune alguém que comete um ilícito penal, estaria desestimulando outros sujeitos a praticarem a mesma conduta, como se fosse uma lógica matemática e quantitativa.
Se essa lógica fosse verdadeiramente real, seria apenas criar um amplo arcabouço normativo, com penas severas e densas, o que seria suficiente para garantir à sociedade civil sua ampla e integral proteção.
Antes de o Estado aprovar uma norma penal repressora e punitiva, é importante diagnosticar as razões e motivos que levam as pessoas a praticarem determinadas condutas reprovadas penalmente, o que é objeto da criminologia.
Quando se realiza um estudo preliminar das causas que levam à delinquência, consegue-se diagnosticar outras estratégias interventivas, que vão além da lei penal, no sentido de prevenir a prática de condutas delituosas e lesivas aos interesses individuais e sociais.
Nesse sentido, destaca-se o princípio da intervenção mínima ou da última ratio, que implica a intervenção do Direito Penal restrita “ao mínimo necessário à manutenção da harmonia social”
A intervenção mínima do Estado quanto à tipificação penal deixa claro que o direito penal deve ser utilizado como instrumento subsidiário – não principal – de controle social.
A desigualdade social e o grande número de pessoas vivendo ou sobrevivendo abaixo da linha da pobreza, desempregadas e sem acesso a direitos fundamentais básicos,  também contribuem significativamente para a prática de ilícitos penais, como é o caso do crime de tráfico de drogas.
Na perspectiva da Constituição de 1988, o direito penal tem a missão de reprimir condutas comprovadamente danosas à coletividade, quando não restar outra alternativa a não ser punir o agente mediante a intervenção da norma jurídica. Ou seja, seguindo-se a lógica da intervenção mínima, apenas quando as demais estruturas sociais demonstrarem insuficiência em sua atuação, é que se deve criar um tipo penal.
No momento em que o Estado opta pela punição do jovem negro periférico, em razão de seu envolvimento com o tráfico de drogas, deixa claro que a missão do direito penal é meramente punitiva, segregacionista e marginalizadora, contrariando os ditames constitucionais da dignidade humana e igualdade.
Mód 2 
· SISTEMA INQUISITÓRIO: 
Todos os casos eram julgados pelo Tribunal, através do juiz-inquisidor que centralizada em suas mãos o poder de acusar e julgar, além de agir de oficio e em segredo. Ao juiz também cabia a gestão das provas.
Neste sistema a parte acusada não tinha direito ao contraditório.
O sistema tinha como regra a prisão preventiva e a sentença não fazia coisa julgada. 
- A concentração de poderes em 1 só pessoa, função de acusar defender e julgar apenas em uma pessoa no juiz inquisitorial.
- O principal característica desse sistema é a imparcialidade.
Existe uma busca sobre a verdade real, porém é uma verdade ilusória. Porém para isso o juiz torturava se fosse necessário tudo pela busca da verdade. 
A confissão era a rainha das provas, pois o suspeito era mero objeto do processo e não era sujeito de direitos. 
O sistema inquitório a gestão da prova é feita pelo magistrado ( juiz ), ele agia de oficio torturando, tenho acesso a coisas pessoais, quebrando a imparcialidade. Logo como ele fazia essa gestão de provas, não havia ampla defesa e contraditório. 
Muitas das vezes era sigiloso e restrito
Tópicos:
- Concentração de funções em uma só pessoa
- Busca pela verdade real: suspeito mero objeto no processo
- Gestão da prova pelo juiz ( ampla iniciativa )
- Sem contraditório
- Juiz age de ofício 
a) O julgador é permanente
b) Não há igualdade de jogadores já que o juiz investiga, dirige, acusa e julga, em franca situação de superioridade sobre o acusado
c) É escrito, secreto e não contraditório
d) A prova é tarifada
e) Prisão preventiva é a regra[6]
· SISTEMA MISTO OU FRANCÊS
2 fases distintas:
1 ° É inquisitorial na investigação preliminar 
2° - É acusatório 
Com o advento da C.F, que prevê de maneira expressa a separação das funções de acusar, defender e julgar, estando assegurado o contraditório e a ampla defesa, além do principio da presunção de não culpabilidade, estamos diante DE UM SISTEMA ACUSATÓRIO. 
· - SISTEMA INQUISITIVO: Fundado na presunção de culpabilidade do acusado. Uma das principais características do sistema inquisitivo do processo penal é a desigualdade jurídica em relação ao tratamento conferido ao acusado. O sujeito acusado de praticar uma determinada infração penal, na perspectiva inquisitiva, carrega em si a presunção de culpa – não o estado de inocência ou presunção de não culpabilidade, tal como proposto pelo texto da Constituição brasileira de 1988.
O inquérito policial  ainda é considerado um resquício do sistema inquisitivo
· SISTEMA ACUSATÓRIO E O GARANTISMO PENAL: visto que o direito de defesa e produção de provas deve ser ampla e efetivamente assegurado a todo acusado. Privilegia-se, dentro dessa lógica, o estado de inocência constitucionalmente assegurado a todocidadão, cabendo ao Estado desconstruir a presunção de não culpabilidade 
Significa dizer que havendo indícios de inocência do acusado, deverá o Estado priorizar a absolvição.
· SISTEMA ACUSATÓRIO
São os princípios do processo penal acusatório: 
· a) O julgador é uma assembleia ou corpo de jurados
· b) Há igualdade dos jogadores, sendo o juiz um arbitro sem iniciativa investigatória
· c) O processo é oral, público e contraditório
· d) A analise da prova se da com base na livre convicção
· e) A liberdade do acusado é a regra[3]
O Sistema acusatório possui duas características importantes:
· Separação das funções de acusação e julgamento
· Imparcialidade do julgador
Pensar o processo e a jurisdição sob o viés da democraticidade constitucional é reconhecer que o julgador não poderá substituir a racionalidade crítica pelos seus desejos de decidir, conforme suas concepções subjetivas e senso inato de justiça
Sempre que o julgador se utiliza do processo como um espaço para reprodução de suas percepções sensitivas, fica comprometida a legitimidade democrática do provimento.
No âmbito da processualidade democrática, deve prevalecer o debate racional, em detrimento da midiatização de juízes e da espetacularização da vingança mascarada processualmente . Quando se afasta a participação dos interessados no debate racional dos pontos controversos, enaltecendo-se a autoridade do julgador, mantém-se a dogmática concepção de que o processo ainda continua sendo um recinto de autocracia, perpetuação do poder, exclusão e marginalização de pessoas e violação de direitos fundamentais.
O fenômeno da democratização e constitucionalização do processo penal busca proteger amplamente o acusado frente ao direito do Estado de puni-lo
O princípio da presunção de inocência deve ser visto como fundamento regente e informador de todo o modelo de processo penal democrático e garantista.
* acusado goza constitucionalmente dessa condição, cabendo ao Estado o dever de desconstituir essa presunção de inocência , mediante provas suficientemente lícitas e legítimas para tornar viável sua punição.*
Por isso, o órgão acusador deve ser distinto do órgão julgador, cabendo ao magistrado, responsável pela análise do mérito da pretensão penal deduzida em juízo, fundamentar racionalmente suas decisões no sentido de demonstrar a desconstituição desse estado de inocência do acusado, requisito esse considerado fundamental para legitimar o poder punitivo do Judiciário.
O sistema acusatório tem como característica ter a distinção de quem acusar e quem julga, o processo é público e tem direito ao contraditório. A iniciativa da prova é de quem acusa e cabe ao juiz a gestão das provas sendo livre ao juiz o convencimento.
O juiz é equidistante e imparcial, onde cada um tem sua função (quem acusa é um, que defende é um e quem julga é outro )
Principio da busca da verdade, onde a prova é feita pelas partes.
DIFERENTEMENTE DO SISTEMA INQUISITÓRIO onde a gestão das provas e feita pelo magistrado dotado de ampla iniciativa probatória. 
Nesse o Juiz é inerte. 
Nesse sistema há a publicidade e oralidade no julgamento, e também a ampla defesa onde o suspeito é sujeito de direitos. 
· CONTRADITÓRIO: previsto no artigo 5, inciso LV, da CF. Estabelece que aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a eles inerentes. o desse princípio, as partes terão oportunidade de debater as questões controversas da demanda e, assim, poderem influenciar no julgamento do mérito da pretensão deduzida.
É dever constitucional de cada magistrado analisar racionalmente cada questão controvertida alegada pela parte no âmbito processual, devendo justificar juridicamente, em sua decisão de mérito, se acolherá ou não o que foi alegado e provado nos autos.
Alguns dos desdobramentos da intepretação extensiva do princípio do contraditório no Estado Democrático de Direito são:
1. O direito à ampla dialeticidade dos pontos controversos da demanda.
2. O direito de resistir às decisões arbitrárias de um julgador que ignora as alegações das partes.
3. O direito conferido às partes de participarem da construção dialética do provimento final.
4. O direito de revisão judicial de decisões contrárias aos direitos fundamentais.
5. O direito de se calar em juízo, permanecendo em silêncio.
6. O direito de nomeação de assistente técnico em caso de produção de prova técnica (prova pericial).
7. O direito de tornar controversos os fatos alegados pela parte contrária.
8. O direito de se opor à homologação de acordo judicial que comprovadamente causa lesão a direitos e bens juridicamente tutelados.
9. O direito de fala e debate assegurado nas audiências judiciais.
10. O direito de informação de qualquer alegação suscitada no âmbito do processo judicial.
-AMPLA DEFESA
Se divide em 2 espécies:
- Defesa técnica: (Processual ou Especifica) - Exercida pelo profissional da advocacia tomado de capacidade postulatória (advogado). 
· O processo não ocorre sem defesa, ela é obrigatória e irrenunciável, o acusado não pode renunciar a defesa técnica. 
- Auto defesa (Genérica ou Material ) defesa do próprio acusado É RENUNCIAVEL, PODE SER RENUNCIAVEL COMO POR EX O DIREITO AO SILENCIO 
· Direito de audiência ( a parte ser informada de todos os atos de instrução probatória junto com o seu advogado ) 
· Direito de presença
· Capacidade postulatória do acusado ( ex: revisão criminal) 
No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só anulara se houver prova de prejuízo para o réu.
· Nulidade relativa precisa de comprovação.
· A nulidade absoluta NÃO precisa de comprovação
*saber a diferença de ampla defesa e contraditório? *
-Error in procedendo:
Considera-se error in procedendo um ou mais vícios processuais que colocam o acusado em posição de desigualdade processual perante o Ministério Público, configurando-se evidente cerceamento de defesa.
DEVIDO PROCESSO LEGAL
VERTENTE PROCESSUAL E MATERIAL.
“Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal ’’
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
A lei regulará a individualização a pena e adotará entre outras as seguintes:
· Privação ou restrição de liberdade
· Perda de bens 
· Multa 
· Prestação social alternativa
· Suspensão ou interdição de direitos 
· INADMISSIBILIDADE DE PROVAS ILÍCITAS
acordo com o artigo 157 do Código de Processo Penal, são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas/retiradas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
O contraditório e a ampla defesa, embora sejam princípios que caminham numa via de mão dupla, não podem ser confundidos sob o ponto de vista teórico. 
Enquanto o contraditório assegura o direito a dialeticidade processual ou seja, debate dos pontos controversos da demanda, princípio da presunção da inocência.
 A ampla defesa garante a igualdade jurídica no que tange ao direito de produção de provas, para que o acusado desconstitua as alegações do órgão acusador. 
No mesmo sentido, o devido processo legal propõe a observância de todo procedimento legal de defesa e produção de provas pelo acusado antes que o mesmo seja privado de seus bens ou de sua liberdade. É importante, ainda, esclarecer que o contraditório, ampla defesa e devido processo legal são dispensáveis no âmbito do inquérito policial.
 
https://marcionevesadvogado.jusbrasil.com.br/artigos/773844601/sistemas-processuais-penais-acusatorio-inquisitorio-e-misto

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