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Fichamento Processo Penal I - Roberto Gomes

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FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
Stephanie Nogueira - T6C
A. PRINCÍPIOS
1. INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA;
Por esse princípio, a pena deve ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e
executivo, evitando-se a padronização da sanção penal. Para cada crime tem-se uma pena que
varia de acordo com a personalidade do agente, o meio de execução etc.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
A individualização da pena consiste em aplicar o direito a cada caso concreto, levando-se em
conta suas particularidades, o grau de lesividade do bem jurídico penal tutelado, bem como as
individualidades da personalidade do agente.
Guilherme de Souza Nucci afirma que: “individualizar significa tornar individual uma
situação, algo ou alguém, quer dizer particularizar o que antes era genérico, tem o prisma de
especializar o geral, enfim possui o enfoque de, evitando estandardização, distinguir algo ou
alguém, dentro de um contexto.”1
É o princípio que garante que as penas dos infratores não sejam igualadas, mesmo que
tenham praticado crimes idênticos. Isto porque, independente da prática de mesma conduta,
cada indivíduo possui um histórico pessoal, devendo cada qual receber apenas a punição que
lhe é devida.
2. DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO;
A razoável duração do processo é um princípio constitucional que visa garantir a celeridade
do processo dentro dos seus elementos básicos. Contudo, não há limitações legais objetivas à
duração do processo penal e a medidas preventivas, motivo pelo qual se fala da teoria do não
prazo.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e a Convenção Americana de Direitos
Humanos de 1969, também conhecida como Pacto São José da Costa Rica, foram as
1 NUCCI, Guilherme de Souza. Individualização da pena, p. 30.
https://blog.sajadv.com.br/principio-da-dignidade-da-pessoa-humana/
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
primeiras fontes do que hoje corresponde ao princípio fundamental da razoável duração do
processo.
Tal princípio, contudo, só veio a ser positivado em nossa Carta Magna no ano de 2004, com a
Emenda Constitucional nº 45.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Nota-se portanto que o legislador não adotou qualquer critério objetivo que pudesse auxiliar
na sua aplicação. Tampouco, adotou qualquer sanção que pudesse ser empregada na hipótese
de lesão ao direito constitucional.
Conforme ensinamentos do professor Aury Lopes Jr.2, essa realidade evidencia que o Brasil
adota a teoria do não prazo. Ou seja, além do Código de Processo Penal não prever tempo
máximo para a razoável duração do processo, inexiste óbice para o descumprimento dos
prazos estabelecidos, tendo em vista que o legislador não atribuiu qualquer sanção em razão
da inobservância.
No Direito Processual Penal, isto pode ser visto não apenas na ausência de previsão de
duração máxima do processo penal, mas também na inexistência de prazos limitadores para
as medidas cautelares contidas no art. 319 do CPP, bem como no caso da prisão preventiva
A conclusão a que chega Aury Lopes Jr. é de que a celeridade processual deve ser aplicada
visando a proteção de direitos fundamentais, tendo em vista que a rapidez processual não
poderá atropelar garantias e nem as deixar perecer.
Apesar da ausência de previsão legal, é possível elencar alguns critérios objetivos a serem
adotados pelos juristas brasileiros na análise processual penal.
Os seguintes critérios foram elencados:
● complexidade do assunto;
● atividade processual do interessado;
● conduta das autoridades judiciais.
3. VEDAÇÃO DA DUPLA PUNIÇÃO PELO MESMO FATO;
2 LOPES JR., Aury. Direito à duração razoável do processo tem sido ignorado no país.
https://www.sajadv.com.br/codigo-de-processo-penal/
https://www.sajadv.com.br/cpp/art-319-e-art-320-do-cpp/
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
Trata-se do princípio que proíbe que uma pessoa seja processada, julgada e condenada mais
de uma vez pela mesma conduta. Pode-se extrair esse princípio pelo Código Penal em seus
artigos 8º e 42°
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o
tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o
de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior
Desta forma, o fato de um indivíduo ser condenado criminalmente e efetivamente cumprir
pena no estrangeiro influi substancialmente em sua condição jurídica no Brasil no que se
refere ao cálculo da pena aqui sentenciada.
A garantia da coisa julgada, instituída pela Constituição Federal e o princípio da legalidade,
previsto pela Carta Magna, funcionam como escopo ao princípio do “ne bis in idem" ,
atuando como uma limitação do poder punitivo do Estado. Deste modo, mantém valorosa
função de proteção ao status dignitatis do homem, na medida em que veda a possibilidade de
que alguém seja processado e, principalmente, condenado em duas oportunidades pela prática
do mesmo fato criminoso.
O princípio ne bis in idem, que vem do direito romano e faz parte da tradição democrática do
direito penal, nada mais é do que corolário do ideal de justiça, uma vez que determina que
jamais alguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato3.
O próprio Supremo Tribunal Federal, em decisão do Pleno, ressaltou que: “A incorporação do
princípio do ne bis in idem ao ordenamento jurídico pátrio, ainda que sem o caráter de
preceito constitucional, vem, na realidade, complementar o rol dos direitos e garantias
individuais já previsto pela Constituição Federal, cuja interpretação sistemática leva à
conclusão de que a Lei Maior impõe a prevalência do direito à liberdade em detrimento do
dever de acusar.”
Neste contexto, pode-se afirmar que tal princípio incide tanto no âmbito processual quanto no
âmbito material. No mesmo sentido, abordando o tema sob o prisma do Direito Penal, André
Estefam trata o princípio do ne bis in idem como uma vedação da dupla incriminação do réu,
de modo que ninguém pode ser processado ou condenado mais de uma vez pelo mesmo fato
exemplo:
se o agente desfere diversos golpes de faca contra uma pessoa, num só contexto, visando matá-la, objetivo
atingido depois do trigésimo golpe, não há vinte e nove crimes de lesão corporal e um homicídio, mas tão
somente um crime de homicídio
4. INICIATIVA DAS PARTES OU INÉRCIA;
3 SILVA, 2008, p.2
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10638698/artigo-8-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
Orientado pela máxima “não há juiz sem autor”, ou o juiz não pode dar início ao processo de
ofício, sem a provocação da parte interessada.
De acordo com esse princípio o juiz não pode iniciar o processo sem a provocação da parte,
ou seja no processo penal, as partes podem ser tanto o MP (Ministério Público) que promove
privativamente a ação penal pública, quanto o ofendido,a ação penal privada.
Isto pois, é inviável que o Juiz, órgão estatal incumbido da jurisdição, deduza a pretensão
punitiva perante o Estado, ou melhor, perante a si próprio, já que atua como representante
daquele. Por essa razão, deverá o magistrado permanecer inerte, ao menos nesse momento
inicial.
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério
Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça,
ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a
ação privada.
Existiam, no ordenamento jurídico pátrio, duas exceções ao princípio em estudo, quais sejam:
o procedimento penal de ofício das contravenções, previsto nos arts. 531 e seguintes do CPP,
e o procedimento judicialiforme referente aos crimes de lesão corporal e homicídio culposos,
previsto na Lei. n.º 4.611/1965, que determinava que o Juiz ou o Delegado de polícia
poderiam dar início às ações penais, mesmo não sendo partes. Tais exceções, contudo, foram
revogadas pelo art. 129, I, da CF/88, que atribui exclusivamente ao Ministério Público a
titularidade das ações penais públicas.
5. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO;
É o direito que as partes têm de verem seus recursos sendo julgados por um órgão diferente
daquele que proferiu a decisão, o chamado juízo ad quem, ou seja, um juízo superior àquele
que julgou o caso em primeira instância.
O princípio do duplo grau de jurisdição objetiva garantir ao recorrente o direito de submeter a
matéria decidida a uma nova apreciação jurisdicional, seja total ou parcial, desde que
atendidos determinados pressupostos específicos, previstos em lei.
Maria Fernanda Rossi Ticianelli dispõe que:
O duplo grau de jurisdição é um princípio que possibilita o direito à revisão de uma
decisão, que quase sempre é feita a pedido da parte vencida ou insatisfeita. Assim,
através dele, a parte que não concorda com a decisão proferida em primeiro grau,
poderá interpor recurso com o objetivo de que aquele processo tenha um novo
julgamento, e que a segunda decisão lhe seja mais favorável.
Duplo grau de jurisdição não se confunde, portanto, com recorribilidade, porque, assim como
é possível recurso sem duplo grau de jurisdição, como ocorre nos recursos especiais e
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
extraordinários, é possível duplo grau de jurisdição sem recurso, como nos casos de remessa
de ofício.
6. DEVIDO PROCESSO;
É o princípio que assegura a todos o direito a um processo com todas as etapas previstas em
lei e todas as garantias constitucionais. Se no processo não forem observadas as regras
básicas, ele se tornará nulo. Dele derivam os demais princípios.
Art. 5°/CF:
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;
A magnitude desse princípio se revela uma vez que é adotado pela maioria das constituições
de países soberanos, bem como, se encontra presente também na Declaração Universal dos
Direitos Humanos e na Convenção Americana Sobre os Direitos Humanos.
Suas origens remontam à Magna Carta de João Sem Terra, de 1215, e ao “Statute of
Westminster of the Liberties of London”. O princípio “law of the land”, garantia aos cidadãos
o direito a um justo processo legal, mais tarde, várias constituições dos estados
norte-americanos trariam também o conceito da “law of the land”, que hoje em dia evoluiu
para o “due process of law”, ou devido processo legal. O legislador brasileiro inspirou-se na
Constituição Americana, ao trazer para o ordenamento jurídico brasileiro o princípio do
devido processo legal.
Por isso mesmo, o devido processo legal é dividido em duas espécies, substancial e
processual:
● O devido processo legal substancial (“substantive due process”) considera que as leis
devem satisfazer ao interesse público, aos anseios do grupo social a que se destinam,
evitando ao mesmo tempo o abuso de poder por parte do governo, garantindo ao
cidadão a inafastável elaboração legislativa comprometida com os reais interesses
sociais.
● O devido processo legal processual (“procedural due process”) é o princípio em seu
sentido estrito, referindo-se tanto ao processo judicial quanto ao processo
administrativo, assegurando-se ao litigante vários direitos, como por exemplo: citação,
ampla defesa, defesa oral, apresentação de provas, opção de recorrer a um defensor
legalmente habilitado (advogado), contraditório, sentença fundamentada, etc.
7. LEGALIDADE;
https://www.infoescola.com/direito/abuso-de-poder/
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
Aplicado ao Direito Penal, o princípio da legalidade ou da reserva legal permite-nos dizer
que, via de regra, ao legislador é vedada a criação de leis penais que incidam sobre fatos
anteriores à sua vigência, tipificando-os como crimes ou aplicando pena aos agentes.
Art. 5°/CF:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei
No processo penal ainda é exigido que a lei tenha sido produzida pelo ente competente, nesse
caso a União
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,
espacial e do trabalho;
A reserva legal é princípio, portanto, de extrema relevância para assegurar aos indivíduos
proteção ante o poder do Estado, ente dotado de atribuições e funções que lhe conferem força
coercitiva na estrita medida em que esta é utilizada para alcançar o bem da coletividade ou do
povo, impedindo que tipos e sanções penais criados de forma inesperada incidam
retroativamente sobre condutas havidas lícitas no momento em que se realizaram.
Esse princípio, tradicionalmente expresso na regra nullum crimen, nulla poena sine lege e
geralmente consagrado nos dispositivos de abertura dos Códigos penais modernos, tem raízes
na Magna Carta, da Inglaterra e nas Petitions of rights, norte-americanas, mas foi formulado
em termos precisos na Declaração dos Direitos do Homem, da Revolução Francesa:
“Ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada
anteriormente ao delito e legalmente aplicada”
8. FAVOR DO REI – FAVOR LIBERTATIS – IN DUBIO PRO REO;
O princípio do in dubio pro reo é um princípio fundamental em direito penal que prevê o
benefício da dúvida em favor do réu, isto é, em caso de dúvida razoável quanto à
culpabilidade do acusado, nasce em favor deste, a presunção de inocência, uma vez que a
culpa penal deve restar plenamente comprovada.
A falta de condições plenas de imputar ao acusado a ampla responsabilidade pelo
cometimento do delito, a falta de condições plenas de imputar ao acusado a ampla
responsabilidade pelo cometimento do delito, ou seja, não conseguindo o Estado angariar
provas suficientes da materialidade e autoria do crime, o juiz deverá absolver o acusado.
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde
que reconheça:
VII – não existir prova suficiente para a condenação.
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
Na realidade, em nosso sistema jurídico, como ninguém o desconhece, a situação de dúvida
razoável só pode beneficiar o réu, jamais prejudicá-lo, pois esse é um princípio básico que
deve sempre prevalecer nos modelos constitucionais que consagram o Estado democrático de
Direito.
9. ESTADO DE INOCÊNCIA – PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA; .
Desde a Revolução Francesa, em 1789, tornou-se expresso, através da Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão, que todo acusado deve ser presumido inocente, até que
seja declarado culpado.
Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar
indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser
severamente reprimido pela lei.
Pós cenário do regime fascista e com o fim da Segunda GuerraMundial, a DUDH consagrou
o princípio da presunção de inocência
Artigo 11° 1.Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até
que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo
público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
2.Ninguém será condenado por ações ou omissões que, no momento da sua prática,
não constituíam acto delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo
modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em
que o ato delituoso foi cometido.
Refletindo as declarações internacionais de direitos humanos, a Constituição brasileira
consagra o princípio em seu artigo 5º, inciso LVII
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;
Trata-se de um mecanismo de extrema importância no Direito Processual, o qual preceitua
que só deverá ser realmente considerado culpado o acusado que teve provada sua culpa em
sentença irrecorrível (ou seja, contra a qual não existam mais recursos).
Essa discussão é essencial principalmente para o entendimento da situação atual do sistema
carcerário brasileiro, em significativa parte dos presos são provisórios, ou seja, não receberam
sentença penal condenatória; logo, ainda são considerados inocentes e podem provar que o
são.
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal adotou o polêmico entendimento de que, após a
decisão em segunda instância, o réu já pode ser considerado culpado e ser preso, mesmo que
consiga depois provar sua inocência via recurso nos Tribunais Superiores. O principal
argumento que justifica o novo posicionamento é o de que os Tribunais Superiores não
discutem fatos e provas, em recursos da decisão de segundo grau, mas sim apenas matérias de
direito.
https://www.politize.com.br/populacao-carceraria-brasileira-perfil/
https://www.politize.com.br/populacao-carceraria-brasileira-perfil/
https://www.politize.com.br/6-coisas-para-saber-sobre-o-stf/
https://www.politize.com.br/prisao-apos-decisao-em-segunda-instancia-argumentos-contra-e-favor/
https://www.politize.com.br/tse-e-tre-nas-eleicoes/
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
O principal argumento contrário encontra base na própria Constituição Federal (art. 5º, LVII,
Constituição Federal), que determina que a não culpabilidade é considerada até o final do
processo, quando não cabem mais recursos.
10. CONTRADITÓRIO;
Exprime a garantia de que ninguém pode sofrer os efeitos de uma sentença sem ter tido a
possibilidade de ser parte do processo do qual esta provém, ou seja, sem ter tido a
possibilidade de uma efetiva participação na formação da decisão judicial (direito de defesa).
O princípio é derivado da frase latina Audi alteram partem (ou audiatur et altera pars), que
significa "ouvir o outro lado", ou "deixar o outro lado ser ouvido bem".
O princípio do contraditório é um corolário do princípio do devido processo legal, que
significa que todo acusado terá o direito de resposta contra a acusação que lhe foi feita,
utilizando para tanto, todos os meios de defesa admitidos em direito.
O contraditório se constitui contemporaneamente com o fito de garantir a igualdade
processual ou par conditio. Isso significa que a todas as partes é garantido o acesso às provas
produzidas pela parte contrária a fim de se manifestar de maneira contrária. Para que o
contraditório seja efetivo, as partes devem ser comunicadas dos atos processuais (o que pode
se dar por citação, intimação e notificação), e assim decidirem a melhor maneira de se
manifestar
Conforme fala Renato Brasileiro de Lima, “Seriam dois, portanto, os elementos do
contraditório: a) direito à informação; b) direito de participação. O contraditório seria, assim,
a necessária informação às partes e a possível reação a atos desfavoráveis.”4
O STF editou a Súmula 707, a qual dispõe:
“Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao
recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor
dativo.”
O contraditório se faz tão importante para o bom andamento do processo penal que o art. 155
do Código Penal veda a fundamentação de sentença do magistrado pautada unicamente em
elementos colhidos durante a investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas. Isso ocorre porque o ordenamento jurídico não garante o contraditório durante o
inquérito policial por não se tratar de uma das fases do processo, mas somente de um ato
pré-processual administrativo.
CPP Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou
julgado sem defensor.
No processo civil, há uma faculdade ao indivíduo que se manifeste. Ele pode, se assim
preferir, permanecer inerte. No processo penal há notória distinção, e o instituto obriga que o
4 [1] LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Direito Processual Penal. Salvador-Bahia:
JusPODIVM, 2017, p.25.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Parte_(direito)
https://jus.com.br/artigos/73182/contraditorio-e-ampla-defesa-durante-o-processo-penal-diferencas-e-proximidades#_ftnref1
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
réu seja defendido. Não só isso, mas, como visto, a defesa deve utilizar boas fundamentações
e realmente ser útil ao réu, sob pena de ser substituída.
11. AMPLA DEFESA;.
O Princípio da Ampla Defesa corresponde a um direito constitucional conferido ao acusado,
para que o mesmo possa se defender, sem qualquer espécie de impedimento de seus direitos
constitucionais.
A ampla defesa no processo penal, significa a plena e completa possibilidade de o réu
produzir provas contrastantes às da acusação, com ciência prévia e integral do conteúdo da
acusação, comparecendo participativamente nos atos processuais, representado por defensor
técnico. É evidente que todo acusado deve obrigatoriamente ser defendido por um
profissional do Direito, a fim de que se estabeleça integra a ampla defesa, sendo imperioso
destacar que o direito de defesa no Processo Penal deve ser rigorosamente obedecido, sob
pena de nulidade
Ainda para o renomado doutrinador Guilherme de Sousa Nucci
‘A ampla defesa gera inúmeros direitos exclusivos do réu, como é o caso de
ajuizamento de revisão criminal – o que é vedado à acusação – bem como a
oportunidade de ser verificar a eficiência da defesa pelo magistrado, que pode
desconstituir o advogado escolhido pelo réu, fazendo-o eleger outro ou nomeando-lhe
um dativo, entre outro.”
Embora exista uma tendência no direito processual civil no sentido de equiparar contraditório
e ampla defesa, não é possível fundi-los no direito processual penal, seja porque só há
contraditório no processo, quando, por exemplo, o investigado, ao prestar declarações perante
a autoridade policial, se vale do direito ao silêncio, não está exercendo o contraditório, mas o
seu direito de defesa. O contraditório é direito concedido a ambas as partes do processo:
acusador e acusado. O mesmo não ocorre com a ampla defesa, que é direito apenas do
acusado.
Não custa notar que o princípio da ampla defesa se revela sob duas formas. Uma se refere
especificamente ao interesse do réu em defender-se das acusações às quais é submetido,
quando o princípio assume a feição de um direito; e a outra, que se relaciona diretamente com
o princípio da publicidade, possuindo caráter fiscalizador da existência do devido processo
legal, e que por isso pode ser entendido como uma garantia.
Vale ressaltar que o princípio da Ampla Defesa deve ser avaliado sob seus dois diferentes
aspectos: defesa técnica e a autodefesa, as quais recebem qualificações distintas no nosso
ordenamento jurídico. A autodefesa é possibilidade de o acusado defender-se por si mesmo,
ativamente, quando da realização do seu interrogatório, por exemplo, ou de forma passiva,
permanecendo em silêncio. Já a defesa técnica é aquela realizada por um profissional
habilitado.
Para melhor entendimento Fernando Capez leciona, que à Ampla Defesa:
https://jus.com.br/tudo/processo
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
“Implicao dever de o Estado proporcionar a todo acusado a mais completa, defesa,
seja pessoal (autodefesa), seja técnica (efetuada pelo defensor), (CF, art. 5º LV), e de
presta assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados (CF, art. 5º, LXXIV).”
12. PLENITUDE DE DEFESA;
A plenitude de defesa é exercida no Tribunal do Júri, onde poderão ser usados todos os meios
de defesa possíveis para convencer os jurados, inclusive argumentos não jurídicos, tais como:
sociológicos, políticos, religiosos, morais etc.
Destarte, em respeito a este princípio, também será possível saber mais sobre a vida dos
jurados, sua profissão, grau de escolaridade etc.; inquirir testemunhas em plenário, dentre
outros.
A plenitude de defesa é aquela atribuída ao acusado de crime doloso contra a vida, no
Plenário do Júri e, vale dizer, é bem mais “ampla” do que a ampla defesa garantida a todos os
litigantes em processo judicial ou administrativo. E isso se justifica pelo juiz natural do
Tribunal do Júri, que são cidadãos leigos. É que aquele que pratica crime doloso contra a vida
deve ser julgado pelos seus pares.
13. JUIZ NATURAL E VEDAÇÃO A JUÍZO OU TRIBUNAL DE EXCEÇÃO;
O inciso XXXVII do artigo 5º da Constituição Federal brasileira é um dos componentes do
Princípio do Juiz Natural, que garante um julgamento justo aos cidadãos por órgãos
independentes e imparciais. Este inciso impede a criação de novos juízos ou tribunais para
julgar fatos ocorridos antes de sua criação.
Juízos ou tribunais de exceção são aqueles que foram criados de forma excepcional, ou seja,
fora da regra comum. Eles são criados em um momento posterior ao fato que será julgado,
com o objetivo específico de fazer o tipo de julgamento para o qual foram criados. De
maneira análoga, é como se um cidadão praticasse alguma ação qualquer e só posteriormente
fosse criado um órgão para analisar especificamente se aquela ação era correta ou não.
Exemplo:
fumar cigarros em local proibido em um determinado país é geralmente punido com multa por algum agente da
prefeitura. Entretanto, devido aos interesses de alguém, cria-se um tribunal de exceção para julgar o sujeito que
realizou tal ação, aplicando contra ele uma nova penalidade, desta vez de prisão.
14. PROMOTOR NATURAL;
O princípio do promotor natural consubstancia-se na garantia de que ninguém será acusado e
processado senão pela autoridade competente, sendo vedada a designação de promotor de
exceção. Este princípio é fundamental para se preservar a independência e imparcialidade do
Ministério Público, em todas as suas esferas de atuação. Decorre do princípio do juiz natural
previsto no artigo 5º, inciso LIII, da Constituição Federal
Uadi Bulos aduz que o princípio do promotor natural
https://www.politize.com.br/constituicao-de-1988/
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
“Estabelece que a lei que deve estabelecer, previamente, as atribuições do Ministério
Público. Não são mais admissíveis os cargos genéricos; todos eles devem ser fixos,
com a esfera de competência prevista na legislação. Busca-se, assim, propiciar ao
acusado o direito de ter o seu caso examinado por um órgão livre e independente, à
luz da legalidade. Disso deflui o objetivo do promotor natural: abolir os
procedimentos de ofício, eliminando a acusação privada e extirpando o acusador
público de encomenda, escolhido pelo procurador-geral de justiça.”
Havia divergência doutrinária e jurisprudencial sobre a existência do princípio do promotor
natural, pois como já mencionado, trata-se de princípio implícito que decorre de normas
constitucionais e infraconstitucionais. Todavia, hodiernamente, o princípio em exame é
reconhecido pela maioria dos doutrinadores, bem assim pela jurisprudência. Destarte, ofende
o princípio do promotor natural a designação de membro do Parquet ad hoc.
15. IMPARCIALIDADE;
O termo imparcial (derivado do adjetivo imparcialidade) é inerente ao indivíduo que não tem
parte, que não tem pré-disposição à defesa de um dos lados da demanda. A imparcialidade do
juiz é pressuposto de validade do processo, devendo o juiz colocar-se entre as partes e acima
delas, sendo esta a primeira condição para que possa o magistrado exercer sua função
jurisdicional.
A imparcialidade do juiz consiste na ausência de vínculos subjetivos com o processo,
mantendo-se o julgador distante o necessário para conduzi-lo com isenção, é o direitos é o
direito de ser julgado de forma equânime e imparcial, em decorrência da opção constitucional
brasileira pelo sistema processual penal acusatório.
A CF/88, em seu artigo 95, confere ao magistrado as garantias da vitaliciedade,
inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios justamente para que ele possa atuar com
isenção e independência, o que inclui declarar-se suspeito ou impedido. Além dessas
garantias o parágrafo único do artigo 95 também veda aos juízes a prática de algumas
condutas que poderiam macular sua imparcialidade, como, por exemplo, receber custas ou
participação em processos.
Código de Ética da Magistratura, capítulo III:
Art. 8º O magistrado imparcial é aquele que busca nas provas a verdade dos fatos,
com objetividade e fundamento, mantendo ao longo de todo o processo uma
distância equivalente das partes, e evita todo o tipo de comportamento que possa
refletir favoritismo, predisposição ou preconceito.
Declaração Universal dos Direitos do Homem, artigo X:
“Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência
por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e
deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele”.
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
Com efeito. Imparcial é o juiz que não tenha interesse no objeto do processo nem queira
favorecer uma das partes, mas isso não quer dizer que não tenha o magistrado interesse
(dever) que sua sentença seja justa e que atue com esse compromisso.
Imparcialidade não significa neutralidade diante dos valores a serem salvaguardados por meio
do processo. Não há violação ao dever de imparcialidade quando o juiz se empenha que seja
dada razão àquela parte que efetivamente agiu segundo o ordenamento jurídico. Aliás, o que
deve importar ao juiz é conduzir o processo de tal modo que seja efetivo instrumento de
justiça, que vença quem realmente tem razão.desinteressado, pois o juiz é interessado no
sentido de que deve tomar todas as providências legais a seu alcance para que, a final, o
vencedor seja aquele que esteja realmente amparado pelo direito material em discussão.
Assim, não pode ser inerte.
16. PUBLICIDADE;
Decorrência da democracia e do sistema acusatório, o princípio processual da publicidade
encontra guarida no art. 5º, inciso LX, da Constituição Federal, que declara:
"a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem".
A publicidade surge como uma garantia individual determinando que os processos civis e
penais sejam, em regra, públicos, para evitar abusos dos órgãos julgadores, limitar formas
opressivas de atuação da justiça criminal e facilitar o controle social sobre o Judiciário e o
Ministério Público.
"O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os interesses
da justiça", determina o art. 8º, §5º, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. A
regra, tamanha a sua importância, é reafirmada no art. 93, inciso IX, da Constituição Federal,
conforme o qual "todos os julgamentos do Poder Judiciário serão públicos e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade (...)".
Há dois aspectos do princípio da publicidade:a publicidade geral ou plena, como regra para
todo e qualquer processo;a publicidade especial, em que se restringe a audiência nos atos
processuais e as informações sobre o processo às partes e procuradores, ou somente a estes.
O maior dos benefícios é a dificultação de abusos, exageros, omissões e leviandades
processuais, pela possibilidade de constante controle das partes, dos advogados, do Ministério
Público, da imprensae da sociedade. O mais deplorável dos malefícios (ou talvez o único) é a
possibilidade de haver, com a publicidade, a exploração fantasiosa ou sensacionalista de fatos
levados à discussão nos tribunais.
Para evitar esses abusos midiáticos, em certas causas e situações há exceções ao princípio da
publicidade plena, como quando a divulgação da informação ou diligência represente risco à
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
defesa do interesse social ou do interesse público; à defesa da intimidade, imagem, honra e da
vida privada das partes; e à segurança da sociedade e do Estado.
Eliana Descovi Pacheco complementa ainda que:
Todo processo é público, isto, é um requisito de democracia e de segurança das
partes (exceto aqueles que tramitarem em segredo de justiça). É estipulado com o
escopo de garantir a transparência da justiça, a imparcialidade e a responsabilidade
do juiz. A possibilidade de qualquer indivíduo verificar os autos de um processo e
de estar presente em audiência, revela-se como um instrumento de fiscalização dos
trabalhos dos operadores do Direito.
Ou seja, a publicidade pode ser plena (geral ou publicidade popular) quando qualquer pessoa
tem acesso aos atos ou termos do processo; ou restrita (especial ou publicidade para as partes)
quando apenas um número reduzido de pessoas pode ter acesso aos atos e termos do
processo. Em processo penal a regra é a publicidade plena, mas existem as exceções.
17. IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ;
A Lei n. 11.719/08 incluiu no Direito criminal o princípio da identidade física do juiz. A
novidade está expressa no § 2º do artigo 399 do Código de Processo Penal, que dispõe:
§2° O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.
O postulado da identidade física do juiz busca, em síntese, a vinculação do magistrado que
conduziu o feito e participou efetivamente da sua instrução, à prolação da sentença, de molde
a privilegiar, ao máximo possível, o processo cognitivo desenvolvido ao longo do iter
processual.
Nesse sentido, segundo preleciona Eduardo Cabette:
Por imposição legal e com o intuito de causar maior presteza e funcionalidade aos
julgamentos, reza a legislação processual que este princípio vem com o escopo de
determinar que o juiz que encerra a instrução processual civil, aquele que teve
contato com as testemunhas, fica vinculado ao processo, devendo, assim, ser o
prolator da sentença, visto que estará em melhores condições para analisar a
questão, por ser aquele que colheu as provas.
Com efeito, não haveria muita lógica ou sentido, por exemplo, num processo que durou anos,
cuja instrução se deu perante um juiz “a”, ser julgado, ao final, por um juiz “b”, que sequer
conhece as inúmeras testemunhas as quais foram ouvidas no decorrer da “lide”.
É evidente que tal situação, somada à inegável e caótica realidade do Poder Judiciário
brasileiro , em que processos se multiplicam diariamente e faltam servidores para fazer frente
à demanda, acaba por minimizar a justeza da prestação jurisdicional fornecida, prejudicando
sobremodo as partes envolvidas no enredo processual.
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/93518/lei-11719-08
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641429/par%C3%A1grafo-2-artigo-399-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641518/artigo-399-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
Nesse contexto, pode-se dizer, em conclusão, que o princípio da identidade física do juiz teve
e tem, na gênese, a busca pela efetiva qualidade da prestação jurisdicional fornecida, pelo
Estado-Juiz
18. IMPULSO OFICIAL;
Depois de iniciado, o processo se desenvolve por impulso oficial, segundo a ordem do
procedimento. Com esse princípio, se impede a paralisação do processo pela inércia ou
omissão das partes.
Desse modo, não se pode abandonar a causa ou paralisar o processo sem nenhum motivo que
justifique essa atitude.
O artigo 251 do código de processo penal é a materialização desse dispositivo, uma vez que
ele afirma que incumbe ao juiz, manter a regularidade do processo.
Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no
curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública.
Proposta a ação penal por iniciativa da parte, passa-se a desenvolver o processo, de um ato
processual a outro, segundo a ordem do procedimento, até que a instância se finde. A fim de
assegurar essa continuidade, essa passagem de um ato processual a outro, é necessário o que
se denomina impulso processual, ou ativação da causa que é regido pelo princípio do impulso
oficial.
Apesar da inércia da jurisdição, é imperativo afirmar que, uma vez iniciado o processo, com o
recebimento da inicial acusatória, cabe ao magistrado velar para que este chegue ao seu final,
marcando audiências, estipulando prazos, determinando intimações, enfim, impulsionando o
andamento do próprio procedimento.
19. MOTIVAÇÃO;
Constituição Federal em seu artigo 93, IX, que assim dispõe:
“todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a
estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no
sigilo não prejudique o interesse público à informação.”
O fundamento das decisões ou motivação judicial tem como premissa ou mesmo natureza o
pressuposto de validez do processo, revestindo-se de nulidade absoluta as decisões sem
fundamentação.
No direito brasileiro, duas correntes se formaram para justificar o dogma da necessidade da
fundamentação das decisões judiciais. Para a primeira corrente, formada especialmente por
constitucionalistas, a motivação seria a demonstração do raciocínio do juiz para chegar à sua
conclusão, servindo, portanto, a que se conheçam tais razões. Trata-se do caminho percorrido
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10626510/artigo-93-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/1699445/inciso-ix-do-artigo-93-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
pelo magistrado, um verdadeiro iter, razão pela qual este frequentemente é comparado a um
historiador.
Para a segunda corrente, a motivação não seria um caminho percorrido pelo juiz, mas, ao
contrário, seria um discurso para justificar a decisão, visando convencer os jurisdicionados a
respeito de seu acerto. O discurso seria elemento legitimador para a decisão judicial.
A motivação das decisões judiciais tem como pressupostos:
● o exercício da lógica e atividade intelectual do juiz;
● individuação das normas aplicáveis;
● análise dos fatos;
● sua qualificação jurídica;
● consequências jurídicas (princípio do livre convencimento motivado).
Edílson Mougenot Bonfim disserta acerca da função endoprocessual e extraprocessual da
motivação:
a) a função endoprocessual das decisões judiciais é voltada às partes. Figura como a exigência
destinada a assegurar a elas a exatidão da decisão, possibilitando um controle interno no
processo sobre o fundamento da sentença, com relação à possibilidade de impugnação;
b) a função extraprocessual, a seu turno, é voltada à sociedade. Desenvolve uma atividade
eminentemente democrática, uma vez que possibilita um controle externo sobre o fundamento
da decisão, pois com a motivação o juiz expõe e justifica as razões de sua opção ao fazer o
exercício do poder decisório, administrando a justiça em nome do povo.
Já se tem entendido, inclusive o Supremo Tribunal Federal, que a fundamentação deficiente,
mais ou menos completa, não traduz em afronta ao princípio da motivação dos atos judiciais.
20. ECONOMIA PROCESSUAL E CELERIDADE PROCESSUAL;
A ConstituiçãoFederal apregoa, em seu artigo 5º, inciso LXXVIII o seguinte:
“a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.”.
Pelo princípio da economia processual, temos que os atos processuais devem ser realizados
com a intenção de produzir o máximo possível de resultado com o mínimo possível de
esforço, visando evitar perda de tempo e dinheiro desnecessários.
Já quanto ao princípio da celeridade, o processo, na medida do possível, tem que tramitar em
tempo razoável, para que os fins da legislação sejam alcançados.
Assim, podemos dizer que, resumidamente, o interesse do legislador e do poder judiciário é
que se tenha um processo célere, rápido, com a prestação jurisdicional num tempo razoável,
sem que a lide fique se arrastando por anos e anos na justiça.
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10727247/inciso-lxxviii-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
Entretanto, a celeridade e economia processual, principalmente no processo criminal, não
devem ser tentadas a qualquer custo e, também, desrespeitando o devido processo legal. O
devido processo legal, como princípio, preconiza que todos os atos praticados pelo poder
judiciário devem ser realizados de acordo com o que consta na legislação vigente. Isso nos
faz demonstrar que qualquer ato contrário à lei deve ser declarado nulo, refeito.
A responsabilidade do magistrado ao conduzir uma ação penal é muito grande. Deve (ou ao
menos deveria) o juiz zelar pelo respeito às normas, o que, em diversos casos, não acontece. -
trata da lesão dos bens jurídicos mais graves. A ânsia desmedida por produzir “justiça”
criminal se contrapõe aos diversos erros (advindos do desrespeito às normas processuais
penais) oriundos de uma celeridade confundida com pressa.
21. INADMISSIBILIDADE DE PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS;
A prova ilícita configura-se quando sua obtenção infringir direito material ou principio
constitucional, como por exemplo a prática de tortura para conseguir alguma informação, a
escuta telefônica ou a quebra de sigilo bancário sem autorização judicial.
Art .5° /CF - LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
ilícitos;
Art. 157/CPP - São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as
provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou
legais.
Além da prova ilícita em si, há também a que decorre dela chamada prova ilícita por
derivação, existente no processo penal brasileiro, inspirada no direito norte-americano que
criou a teoria fruits of the poisonous tree (frutos da árvore envenenada).
A construção doutrinária consiste na inadmissão de prova, ainda que produzida licitamente,
mas que decorra de uma prova considerada ilícita. Tal teoria encontra-se positivada no § 1º do
art. 157, do CPP
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
22. VERDADE REAL;
O princípio da verdade real estabelece que o julgador sempre deve buscar estar mais próximo
possível das verdades ocorridas no fato, devendo existir sempre um sentimento de busca pela
verdade quando da aplicação da pena e da apuração dos fatos.
Atualmente, vigora no ordenamento jurídico, a regra da liberdade de provas, segundo a qual
são válidos quaisquer meios de prova, excetos àquelas que resultem em provas ilícitas.
Tendo em vista o teor do art. 156 do CPP, que confere ao magistrado a possibilidade, de
ofício, de determinar diligências probatórias, a doutrina clássica, leciona que o Direito
Processual Penal adota o princípio da verdade real, material ou substancial.
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
Isto pois, diante das restrições impostas ao Estado para a obtenção da prova (garantias contra
a autoincriminação do réu, vedação da tortura, nulidade de provas obtidas por meios ilícitos,
limitações em depoimentos de testemunhas que conhecem o fato em razão de profissão),
assentou-se o entendimento de que é impossível o alcance da verdade absoluta, havendo
apenas uma aproximação da verdade dos fatos, com maior ou menor grau de segurança.
Este princípio assegura que o juiz não deverá se satisfazer com meras deduções, isto é, não
deve se contentar com a verdade trazida aos autos pelas partes que compõem o processo
penal. A verdade real é a busca que o Juiz pode fazer de ofício na obtenção de provas, a fim
de chegar o mais perto possível da verdade dos fatos, daquilo que realmente ocorreu, para que
assim possa chegar a uma decisão justa.
Entretanto, a busca de provas pelo juiz para atingir essa verdade real, limita-se na obtenção de
provas lícitas, ou seja, qualquer prova que o juiz buscar para o seu convencimento acerca da
verdade dos fatos não poderá ser mediante prova ilícita.
23. INEXIGIBILIDADE DA AUTOINCRIMINAÇÃO – NEMO TENETUR SE
DETEGERE;
O princípio do direito ao silêncio e da inexigibilidade da autoincriminação advém de uma
inspiração do brocardo latino nemo tenetur se detegere, cujo significado é ordinariamente
conhecido como o direito de não produzir provas contra si mesmo. Tal princípio possui
guarida constitucional no art. 5º, inciso LXIII, da Constituição Federal de 1988
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
Este princípio reveste o acusado/réu de uma verdadeira proteção, cujo fito é o de
impossibilitar que seu silêncio importe em favorecimento/facilitação ao jus puniendi estatal.
Desse modo, sobretudo no que tange ao fato de que do silêncio do acusado não se pode inferir
sua responsabilização penal, compreende-se que é graças a este princípio que se é evitado,
por exemplo, que o réu seja obrigado a confessar ou colaborar com provas que deem causa à
sua própria condenação.
Toda pessoa tem o “direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a declarar-se
culpada” (“Pacto de San José de Costa Rica”, 1969)
Art. 186/CPP - Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não
poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.
24. IGUALDADE PROCESSUAL;
Frente ao processo penal, o princípio da igualdade se faz presente na afirmação da igualdade
entre as partes na relação processual.
O STF no RMS 21884-7/MS da relatoria do Ministro Marco Aurélio, manifestou-se no
sentido de que acusação e defesa devem estar em igualdade de condições e não se deságue em
tratamento diferencial.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10728008/inciso-lxiii-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
Nesse sentido, José Afonso da Silva, ao tratar do princípio da igualdade jurisdicional ensina
que
“o princípio da igualdade jurisdicional ou perante o juiz apresenta-se, portanto, sob
dois prismas: (1) como interdição ao juiz de fazer distinção entre situações iguais,
ao aplicar a lei; (2) como interdição ao legislador de editar leis que possibilitem
tratamento desigual a situações iguais ou tratamento igual a situações desiguais por
parte da Justiça”.
Para Fernando Capez:
"As partes devem ter, em juízo, as mesmas oportunidades de fazer valer suas razões,
e ser tratadas igualitariamente, na medida de suas igualdades, e desigualmente, na
proporção de suas desigualdades. Na execução penal e no processo penal, o
princípio sofre alguma atenuação pelo, também constitucional,princípio favor rei,
postulado segundo o qual o interesse do acusado goza de alguma prevalência em
contraste com a pretensão punitiva.”5
Este raciocínio de definição da igualdade material, faz com que seja possível em
determinadas situações um tratamento desigual entre os indivíduos embora tenham praticado
um fato semelhante , considerando suas desigualdades.
25. OFICIOSIDADE;
A autoridade policial e o Ministério Público, regra geral, tomando conhecimento da possível
ocorrência de um delito, deverão agir ex officio, não aguardando qualquer provocação. Tal
situação é excepcionada nos casos de ação penal privada, na qual será necessária a
provocação da vítima.
É um princípio que se aplica apenas na ação penal pública incondicionada. Significa que os
órgãos incumbidos da persecução penal devem agir de ofício, ou seja, não precisam de
provocação de terceiros.
26. OFICIALIDADE;
Segundo este princípio, a pretensão punitiva do Estado deve se fazer valer por órgãos
públicos, ou seja, a autoridade policial, no caso do inquérito, e o Ministério Público, no caso
da ação penal pública.
O princípio da oficialidade, que se reporta à abertura do processo penal, não é absoluto, mas
comporta limites, como nos casos dos crimes semipúblicos e particulares, em que a atuação
do MP está dependente ou condicionada por terceiros.
No caso dos crimes semipúblicos é necessário que o titular do direito de queixa apresente a
referida queixa perante o MP, para que este promova a abertura do processo (artigo 49.º do
CPP), e nos crimes particulares é necessário que o respectivo titular se queixe, se constitua
assistente e deduza acusação particular (artigo 50.º do CPP).
5 (CAPEZ, 2008, p. 19)
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
27. OBRIGATORIEDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA;
Segundo o princípio da obrigatoriedade da ação penal pública, o Ministério Público está
obrigado a oferecer a ação penal tão só tenha ele notícia do crime e não existam obstáculos
que o impeça de atuar. Impõe-se, portanto, ao Ministério Público o dever de promover a ação
penal. Este princípio funda-se na idéia latina nec delicta maneant impunita, ou seja, nenhum
crime deve ficar impune.
Tourinho Filho, é o que "melhor atende aos interesses do Estado, dispondo o Ministério
Público dos elementos mínimos para a propositura da ação penal, deve promovê-la, sem
inspirar-se em critério políticos ou de utilidade social"
Dessa forma, a atuação impõe-se ao Estado não como uma simples faculdade, mas como
obrigação funcional de realizar um dos fins essenciais de sua própria constituição, que é a
manutenção e reintegração da ordem jurídica.
28. INDISPONIBILIDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA
Em suma, o princípio da indisponibilidade, significa que em se tratando de ação penal
pública, depois de interposta, nenhum dos componentes do processo poderá dispô-la, ou seja,
“o processo deverá seguir”.
Mesmo quando o membro do Ministério Público requer o arquivamento de um inquérito
policial, a decisão é submetida ao Juiz, como fiscal do princípio da indisponibilidade. Além
disso, se proíbe que o Ministério Público desista da ação penal já instaurada (art. 42 do CPP)
ou do recurso interposto (art. 576 do CPP).
Decorre do princípio da obrigatoriedade, estabelecendo que os órgãos responsáveis pela
persecução penal não podem dispor da investigação ou do processo penal iniciado. Assim, o
Delegado de Polícia não pode desistir ou arquivar um inquérito policial. Igualmente, o
Promotor de Justiça não pode desistir da ação penal.
Como exceção ao princípio da indisponibilidade, cita-se a suspensão condicional do processo,
instituto previsto no artigo 89 da Lei 9099/95 pelo qual nos crimes em que a pena mínima
cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não pela Lei dos Juizados, o
Ministério Público poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que
o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime,
presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena.
Contudo, o próprio legislador ordinário regulamentou hipótese de exceção ao princípio da
indisponibilidade, como é o caso da suspensão condicional do processo, prevista na Lei
9.099. Nesse caso, possuindo o tipo penal pena mínima cominada igual ou inferior a 1 ano,
será possível a suspensão do processo penal, desde que vislumbrados no caso concreto
determinados requisitos legais para a aplicação do instituto.
O princípio da indisponibilidade não se aplica à ação penal privada.
B. INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DO DPP
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
1. FONTES
A fonte primordial, além da constituição federal que está no topo de todo nosso sistema
jurídico, temos a lei em sentido estrito. A constituição federal veda a medida provisória como
instrumento normativo de criação de direito penal e de processo penal.
A lei em sentido estrito → retira a possibilidade de ter medida provisória no nosso país,
reservando essa matéria ao legislador federal.
Além da lei:
● Existe um entendimento que a súmula vinculante também seria uma fonte. Lei
13964/2019 → lei estabelece no art. 315 o mesmo normativo do CPC que o
magistrado respeite a jurisprudência, então há o entendimento de que também é uma
fonte primária.
● Jurisprudência (fonte secundária) → aquela que não chega a ser uma súmula
vinculante mas um posicionamento reiterado. Jurisprudência: consolidação de um
entendimento do judiciário, isso é diferente de precedente.
● Doutrina → há quem entenda quem é o fonte quem entenda que é meio de
interpretação
● Tratados internacionais
2. LEI PROCESSUAL NO TEMPO
Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos
atos realizados sob a vigência da lei anterior.
A lei processual penal que se aplica é a lei da época do ato processual.
O Brasil adota a teoria do isolamento dos atos. Os atos posteriores são aplicados de acordo
com a nova lei. Não é por fase do processo penal mas por ATO. Os atos subsequentes serão
submetidos a nova estrutura normativa criada: tempus regit actum.
Teoria do isolamentos dos atos processuais: O Código de 2015 adotou a teoria do
isolamento dos atos processuais, que compreende cada ato de forma autônoma, de modo que
a nova lei processual tem aplicação imediata, respeitando-se os atos já realizados e os efeitos
por eles produzidos sob o regime da legislação anterior.
Teorias:
● teoria dos isolamentos dos atos processuais (brasil)
● unidade processual: a nova lei deveria regular somente novos processos, ou seja, a lei
que inicia o processo o regerá até o final
● teoria da fase de processo: a nova lei atinge somente a fase do processo
a. Críticas:
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
Prof Rômulo Moreira: a lei alcança no estágio em que ela se encontra, todavia, a lei só não
será aplicada ao processo se violar ou se trouxer prejuízos a garantias - por exemplo, não seria
cabível se aplicar, no meio do processo, uma lei que reduz o prazo de defesa a fim de tornar o
processo mais célere, visto que o advogado perde o tempo de defesa do processo.
Prof António Vieira e Paulo Queiroz: se o processo já se iniciou, não pode uma lei posterior, a
menos que seja mais benéfica, alcançar um processo já em andamento, só poderá regular
processos que não estão em andamento. No direito penal, a lei penal que regula é a lei do
tempo do crime que regula o direito material, a lei processual penal deve seguir a mesma
regra do direito material, ou seja, a lei que regula é a lei do tempo do crime, a menos que a lei
nova seja mais benéfica.
b. Lei Híbrida
→ lei híbrida: a lei que tem conteúdo de direito material e processual e quando ocorrer isso,
não pode aplicar a lei imediatamente ao processo se essa lei na parte de direito material tiver
conteúdo prejudicial já que a lei penal não pode retroagir para prejudicar a lei. Logo, essa lei
que tem conteúdo material e processual pode ser imediatamente aplicada se a parte de
conteúdo material for benéfica.
3. LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO
O direito processual penalé aplicado em todo território nacional -
Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código,
ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; -
o CPP resolve dar preferência a ordem internacional
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos
crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal
Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100); -
uma lei específica estrutura esse julgamento.
III - os processos da competência da Justiça Militar; -
Os tipos penais militares tem um código específico (penal e de processo), além dos crimes
comuns a todas as pessoas já previstos no código penal normal. Não é que a legislação penal
militar não seja nacional, é um código específico (excepcionalmente existem normativos
específicos).
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17);
V - os processos por crimes de imprensa
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art86
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art89
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art89%C2%A72
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art100
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art122.17
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
Os processos por crimes de imprensa não temos mais porque foi considerada não
recepcionada pelo STF e quando temos fatos relacionados a impressa, se aplica a legislação
penal e processual penal comum.
● é possível que um crime que aconteceu no brasil não seja julgado no Brasil? Sim, por
conta de legislações e tratados internacionais. Mas é uma relação de reciprocidade.
OBS. DIPLOMATAS BRASILEIROS RESPONDEM NO STF.
● Extraterritorialidade → é possível que um fato aconteça fora do Brasil mas a
extraterritorialidade faça com que nós processemos esse fato mas a gente não processa
lá, processa aqui.
● Se nosso judiciário não julgar o fato é que vai para o tribunal penal internacional
(genocidio e afins). O tribunal penal internacional é, efetivamente, um tribunal que um
Brasil adere e está na estrutura dos órgãos jurisdicionais brasileiros.
C. SISTEMAS PROCESSUAIS
São modelos penais estruturantes que se destinam a regular a forma de perseguição a
aplicação do direito penal no caso concreto.
Os modelos dialogam entre si, são modelos hipotéticos - não é porque o modelo acusatório é
aplicado que não se tem traços do modelo inquisitivo.
Não podemos olhar o direito do passado com os olhos de hoje - ex: a lei de talião foi super
importante para definir a razoabilidade
1. INQUISITIVO
● Extremamente formal, sem contraditório ou ampla defesa - todas as funções do
processo são entregues a um único órgão (esse órgão não pode contraditar com ele
mesmo) se busca a verdade e consequentemente aplicação do direito
● Procedimento sigiloso - como forma de proteção do procedimento
● Impulso oficial - impulso realizado pelo persecutor
● Desigualdade processual entre autor e réu - não tem ideia de autor e réu
● Suficiência da confissão para a condenação - rainha das provas
Se entrega a terceiro o papel de acusar, o inquisitor.
Se desenvolveu na Idade Média - o representante de deus na terra para reunir elementos
probatórios.
Há uma preponderância do sistema inquisitivo para determinados assuntos (interesses da
igreja e do rei), mas o sistema acusatório continua sendo utilizado principalmente para as
questões do dia a dia, do feudo. Se tem a convivência dos dois modelos.
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
A expressão "devolução" vem do passado, porque o rei julgava e esse delegava as funções aos
juiz, o juiz julgava em nome do rei, então quando se perdia, se recorria ao monarca, era uma
devolução - efeito devolutivo- já que originalmente o poder era do rei, que tinha todos
poderes, mas não era responsável por suas ações, já que era o representante de Deus.
As monarquias se transformaram e o rei passa a ser responsável por seus atos, sendo
representado pelo procurador do rei - assistir filme Em nome da Rosa.
2. ACUSATÓRIO
● Presença contraditório e ampla defesa - pressuposta para diálogo, bilateralidade da
audiência
● Papéis distintos para as partes
● Igualdade processual entre autor e réu - instrumentos equivalentes, não são
necessariamente iguais. pode ser que a exata igualdade, gere desigualdade
● Processo é público - por regra, existem situações excepcionais
● Obediência a garantias constitucionais - estrutura processual constitucionalizada
Em roma, em certa medida, o debate em excesso leva a uma ineficiência executória, o juiz
não conseguia chegar a uma decisão. Em face disso, Roma passa a adotar o sistema
inquisitório, se entrega então ao particular o papel de acusar - acusar é um ônus (o persecutor
é visto como inimigo)
Aqui era a vítima que acusava, isso acabava por inibir essas vítimas por medo da represália,
responsabilidade...
3. MISTO
Tem duas etapas processuais em juízo - inquisitória e acusatória
A parte inicial é inquisitiva, em que se entrega ao juiz o papel de reunir provas e evidências
Crítica da doutrina que esse sistema não existe, mas os Estados implementaram
4. NO BRASIL
Adota o modelo acusatório, segundo o STF e legislação positiva, havendo crítica doutrinária.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
Estabelece garantias ao indivíduo e limites ao Estado, o processo é realizado por órgãos
diversos e o processo é público, através desses indícios, se interpreta que o Brasil se estrutura
com base em um modelo acusatório.
FICHAMENTO PRINCÍPIOS PROCESSO PENAL
O código de 40 tem muita inspiração inquisitorial - o que se tem é um sistema acusatório que
convive com o cpp de inspiração inquisitorial que vem sofrendo mudanças para se adequar
melhor ao sistema acusatório, mas ainda tem passagens inquisitoriais.
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de
investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.
Se fala em estrutura acusatória, não quis inaugurar o sistema acusatório puro. Foi uma
expressão proposital? é o que se discute.
A doutrina critica que a preocupação é com o excesso da acusação, por isso o art. 3°-A/CPP
impede a iniciativa do juiz. - no puro o juiz fica inerte, as partes produzem os atos e no final
ele julga. Excepcionalmente, em favor da liberdade, o juiz pode atuar na acusação.
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao
juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas
consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e
proporcionalidade da medida; - resquícios do inquisitivo

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