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1 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde Aline Palmeira dos Santos 2 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde ÍNDICE 1.PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS E MATERIAIS PARA A SAÚDE ...............4 1.1. Introdução ..........................................................................................................4 1.2. Conceito de padronização .................................................................................4 1.3. A necessidade do processo de seleção ............................................................5 1.3.1.Medicamentos Essenciais e a Política Nacional de Medicamentos ..............9 1.4. O processo de seleção ....................................................................................10 1.4.1.Objetivos da seleção ....................................................................................12 1.4.2.Vantagens da padronização .........................................................................13 1.5. Etapas para a elaboração da padronização ....................................................14 1.6. Critérios para a seleção ...................................................................................15 1.7. Métodos de seleção .........................................................................................18 1.7.1.Análise de Decisão Clinica aplicada a seleção de medicamentos. .............18 1.7.2.Sistema de análise de avaliação por objetivo. .............................................19 1.8. As Comissões voltadas para o processo de seleção e padronização. ............21 1.8.1.A estrutura organizacional das comissões. ..................................................22 1.8.2.A comissão de Padronização .......................................................................26 1.8.3.A comissão de farmácia e terapêutica .........................................................27 1.8.4.Formulário terapêutico .................................................................................30 1.8.5.Padrões de qualidade. .................................................................................32 1.8.6.Cenário futuro da seleção e padronização. .................................................33 2.SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO E DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS E MATERIAIS. ..............................................................................34 2.1. Objetivos do sistema de distribuição/dispensação. .........................................36 2.1.1.Requisitos gerais para a organização dos sistemas de dispensação..........37 2.2. Sistema de distribuição coletivo. .....................................................................37 2.2.1.Desvantagens do sistema de distribuição coletivo ......................................38 2.2.2.Vantagens do sistema de distribuição coletivo ............................................38 2.3. Sistema de distribuição individualizado ...........................................................39 2.3.1.Desvantagens do sistema de distribuição individualizado. ..........................40 2.3.2.Vantagens do sistema de distribuição individualizado. ................................40 2.3.3.Causas de erros de administração de medicamentos nos sistemas de distribuição coletivo e individualizado. .....................................41 2.4. Sistema de distribuição combinado ou misto. .................................................41 2.5. Sistema de distribuição por dose unitária. .......................................................41 2.5.1.Requisitos para implantação do sistema de distribuição por dose unitária. ......................................................................43 3 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde 2.5.2.Vantagens do sistema de distribuição por dose unitária. .............................43 2.5.3.Desvantagens do sistema de distribuição por dose unitária. .......................44 2.6. O processo de unitarização de medicamentos ................................................45 2.6.1.Acondicionamento e Embalagem de Dose Unitária.....................................46 2.6.2.Materiais Utilizados na unitarização de medicamentos. ..............................46 2.7. O panorama atual sobre os erros de medicação e a importância da implantação do sistema de distribuição por dose unitária. .....47 2.8. Outros fluxos de distribuição e dispensação. ................................................49 2.8.1.Soluções parenterais de grande volume (SPGV). .......................................50 2.8.2.Preparações estéreis. ..................................................................................50 2.8.3.Medicamentos sujeitos a controle especial. .................................................50 2.8.4.Medicamentos de emergência. ....................................................................50 2.8.5.Medicamentos de uso restrito. .....................................................................50 2.8.6.Medicamentos para ensaios clínicos. ..........................................................51 2.8.7.Medicamentos para pacientes ambulatoriais. ..............................................51 2.8.8.Medicamentos distribuídos por meio de Kits. ..............................................51 2.9. Sistema de distribuição centralizado e descentralizado. .................................53 2.9.1.Vantagens do sistema de distribuição descentralizado. .............................53 2.9.2.Desvantagens do sistema de distribuição descentralizado. ........................54 2.10.Automação e Sistemas de Informação. ..........................................................54 2.11.Garantia da qualidade .....................................................................................56 REFERENCIAS ..........................................................................................................58 4 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde 1. PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS E MATERIAIS PARA A SAÚDE 1.1. Introdução O uso irracional de medicamentos e materiais são al- guns dos principais problemas nos hospitais, pois o uso inadequado leva ao aumento de custos com a assistência à saúde. Além disso, o uso irracional de medicamentos proporciona, por exemplo, o desenvolvimento e a propa- gação de resistência bacteriana, reações adversas a me- dicamentos, erros no uso dos medicamentos e o uso de medicamentos relativamente perigosos. Os benefícios da racionalização se expressam em so- frimentos evitados, na redução do tempo de ação da do- ença e no período da hospitalização, com repercussões econômicas para as instituições e para a sociedade. Conforme as diretrizes da Organização Mundial da saúde (OMS), o primeiro passo para a efetiva implemen- tação de uma política de medicamentos essenciais é a seleção dos mesmos, acompanhada da conseqüente ela- boração de um Formulário Terapêutico, devendo ser reali- zada nos níveis locais e atualizada periodicamente com a assessoria da comunidade científica. A Política Nacional de Medicamentos propõe garantir a segurança, a eficácia e qualidade dos medicamentos ao menor custo possível, promover o uso racional e o acesso da população àqueles considerados essenciais. Para isto, estabelece diretrizes e prioridades observados os princí- pios constitucionais, destacando-se a Promoção do Uso Racional de Medicamentos. O processo de seleção deve cumprir o objetivo de as- segurar uma terapêutica racional e de baixo custo, onde a seleção irá dar origem à lista dos medicamentos e mate-à lista dos medicamentos e mate- lista dos medicamentos e mate- riais padronizados. Portanto, a padronização de medica- mentos e materiais deve ser o resultado concreto do pro- cesso de seleção desenvolvido na instituição e irá refletir seus critérios terapêuticos,e induzir uma reflexão crítica sobre a escolha e a utilização desses materiais. Todos os principais processos do Serviço de Farmácia Hospitalar relacionados à gestão administrativa, como a programação, armazenamento e distribuição, estarão inti- mamente relacionadas com a padronização. As atividades desses processos são desenvolvidas com base no elen- são desenvolvidas com base no elen-envolvidas com base no elen- co padronizado, tanto na atenção ambulatorial quanto na hospitalar, buscando se estruturar e organizar sistemas eficientes e efetivos. É fundamental que cada uma das atividades e, portanto, o serviço como um todo, sejam centrados nos pacientes e não na própria estrutura administrativa, ga- rantindo aos usuários o melhor cuidado possível. Assim, tanto a seleção como as atividades dos processos de programação, aquisição, armazenamento e distribuição, constituem os pilares para objetivos mais nucleares, quais sejam: o acesso e o uso racional de medicamentos. 1.2. Conceito de padronização Entende-se por padronização a constituição de uma relação básica de produtos que atendam aos critérios propostos pelo Ministério da Saúde. Constituindo os esto- ques da farmácia hospitalares que objetiva o atendimento médico-hospitalar de acordo as necessidades e peculia- ridades de cada instituição. Assim os itens selecionados (padronizados) devem ser de amplo aproveitamento des- de que seja de forma equilibrada e qualitativa. A padronização é o resultado concreto do processo de seleção de medicamentos/materiais desenvolvidos na Instituição e reflete seus critérios terapêuticos. A difusão e o cumprimento (adesão) da padronização de medicamentos são atividades que devem ser incen- tivadas pela farmácia hospitalar, assim como induzir os profissionais de saúde a uma reflexão crítica acerca do uso racional e assim desenvolver processos educativos na instituição. 5 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde De um modo geral, as padronizações de medicamen- tos são elaboradas por Comissões multidisciplinares, que, além de elaborar as padronizações de medicamentos, po- dem também executarem outras atividades, tais como a elaboração de protocolos de tratamento, ou controle de produtos de alto custo. A padronização de medicamentos é estratégica em to- dos os níveis de assistência farmacêutica, ou seja, desde o nível mais macro, no desenvolvimento de Políticas de Saúde, como através de uma Relação de Medicamentos Essenciais até ao nível micro de uma Farmácia Hospitalar ou mesmo Ambulatorial. 1.3. A necessidade do processo de seleção Os custos dos serviços de saúde em vários países es- tão aumentando em taxas alarmantes. A frequente intro- dução de novos medicamentos e o uso da alta tecnologia em medicina são fatores que contribuem para a elevação dos custos de assistência à saúde. http://www.ivfrj.ccsdecania.ufrj.br/ivfonline/edicao_0053/congresso.html A indústria farmacêutica disponibiliza no mercado um grande número de especialidades farmacêuticas. O lan- çamento constante de ‘produtos novos’ permite à empre- sa projetar no mercado uma imagem de capacidade tec- nológica e científica. Esta situação decorre mais da busca de aumento de competitividade por parte da indústria far- macêutica do que por demanda da clínica. A maioria desses ‘novos’ medicamentos é, na verdade, fruto de pequenas mudanças nas suas estruturas molecu- lares. Muitos dos novos produtos lançados são inovações incrementais, pequenas alterações na estrutura química de uma molécula já comercializada, que permitem ao fa- bricante, à custa de menor espaço de tempo e esforços em pesquisa e desenvolvimento, se manter ativo no mercado, e que não proporcionam nem representam melhorias ou ganhos substanciais sob o ponto de vista terapêutico. Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a situação de medicamentos analisou as novas substâncias surgidas no mercado farmacêutico mundial no período de 1975 a 1984, constatou-se que das 508 mo- léculas, supostamente novas, 398 (78,3%) não apresen- tavam nova estrutura, o que significa que foram atribuídas novas indicações a produtos antigos; dos 110 fármacos que provieram da síntese de novas moléculas, verificou- -se que 75 (68,2%) não apresentavam vantagens tera- pêuticas quando comparados com produtos já existentes no mercado. De 1998 a 2002, apenas 58 dos 415 medicamentos aprovados para comercialização nos Estados Unidos fo- ram classificados como prováveis de representar aperfei- çoamento significativo em comparação com os produtos disponíveis. Por exemplo, uma revisão de evidências con- cluiu que, embora existam algumas diferenças farmaco- cinéticas, todos os inibidores da bomba de prótons pos- suem eficácia clínica similar. 6 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde No Brasil a questão dos medicamentos envolve os se- guintes aspectos: ● Elevado número de medicamentos: Em 2009 havia 66.524 apresentações comer- ciais, correspondentes a 8.000 marcas de me- dicamentos para 2.000 princípios ativos e, ate junho de 2009, a ANVISA tinha registrado 403 produtos biológicos, 200 homeopáticos, 512 fito- terápicos, 7.952 medicamentos similares, 1.457 medicamentos novos e 2.730 medicamentos ge- néricos. Nesse cenário, acrescem-se problemas complexos que podem se resumir principalmen- te em administrar ações judiciais relacionadas à solicitação de medicamentos, elaboração de listas municipais e estaduais sem os rigorosos critérios estabelecidos pela OMS, alem da medi- calização da saúde. ● Inadequada política de registro e comercializa- ção de produtos farmacêuticos: Sendo responsável pelo elevado número de me- dicamentos, muito elevado acima do preconiza- do pela OMS. ● Há medicamento sem comprovação de eficácia clínica e com inaceitável relação risco-benefício. ● Propaganda de medicamentos, propiciando o uso irracional. Fonte: http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/f8d2ca00474585978f43df3fbc4c6735/ge n%C3%A9ricos+acumulados+at%C3%A9+2010.pdf?MOD=AJPERES 7 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde Um elevado número de fármacos não significa maiores benefícios para a saúde pública do que um número mais limitado de produtos. A comercialização de um número cada vez maior de medicamentos similares, de equivalen- tes ou alternativas farmacêuticas, associados ao intenso trabalho de marketing e disputa de mercado, acabam por criar grandes confusões nesse setor e, como resultado, estimulam a prescrição e o uso irracional de fármacos, resultando assim em desperdício de recursos humanos e materiais. A publicidade de medicamentos define padrões de mercado e de comportamento das pessoas, exercendo impacto concreto sobre as práticas terapêuticas. Neste sentido, a preocupação com a qualidade da informação sobre medicamentos deve fazer parte do cotidiano de pro- fissionais de saúde e dos consumidores. A propaganda direcionada a estudantes de Medicina, a prescritores e a consumidores finais fortalece a marca e garante o consumo mesmo quando da entrada de um concorrente ou de um genérico no mercado. Como con- sequência, existe uma inversão, e a oferta passa a induzir a demanda. http://paracelso.zip.net/ Vários estudos mostram que a propaganda consegue realmente alterar o padrão de prescrição dos médicos. Considerando a ocorrência desse fenômeno sobre as prá- ticas terapêuticas, esperar-se-ia que o material de propa- ganda de medicamentos tivesse boa qualidade, fornecen- do informações importantes e confiáveis sobre o produto anunciado Devido a este fato a Agência Nacional de Vigilância Sa- nitária (ANVISA) elaborou uma norma específica com os critérios para a publicidade de medicamentos, a Resolu- ção da Diretoria Colegiada RDC nº 102/00, de 30/11/2000, que instrumentalizou a fiscalização sobre informações transmitidas pelas propagandas de medicamentosno Brasil. Esse controle é eticamente defensável, uma vez que, em questões básicas como a saúde pública, o Estado deve tomar a frente e intervir, no compromisso de proteger a população contra qualquer possibilidade de ação que venha causar-lhe danos. Em um estudo realizado com médicos escolhidos ale- atoriamente em hospitais públicos de atenção terciária de Brasília, Distrito Federal, Brasil, foram apresentados os seguintes resultados: 8 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde http://paracelso.zip.net/ A formação médica não parece suficientemente volta- da à apreciação do conceito de medicamentos essenciais, o que é paradoxal, tendo em vista a importância que os medicamentos assumem na terapêutica e na atenção ao paciente. Por isto, o conceito de medicamentos essenciais apa- rece nas estratégias traçadas tanto pela OMS como pelo Brasil. A presença e a utilização de listas de medicamen- tos essenciais em diferentes níveis de atenção favorecem a promoção do uso racional de medicamentos. A assistência farmacêutica é considerada parte inte- grante da política de saúde, visando garantir os princípios orientadores do Sistema Único de Saúde (SUS). Um de seus eixos estratégicos é a adoção do conceito de medi- camentos essenciais. A lista de medicamentos essenciais é composta por medicamentos escolhidos mediante apli- cação de critérios definidos. A este processo denomina-se seleção de medicamentos. É atividade central da assis- tência farmacêutica e deve orientar todas as demais ati- vidades relacionadas com medicamentos, tanto em espa- ços assistenciais como em sistemas de saúde. 98% dos médicos são visitados frequentemente por propagandistas da indústria farmacêutica 68% crêem na influência direta da propaganda sobre a prescrição 68% acreditam haver inver- dades ou incorreções nas peças publicitárias 40% dos entrevista- dos disseram recebê-las semanalmente, 22% mensalmente, 12% diariamente, 10% a cada três dias e 16% mencionaram outras freqüências 24% disseram que não há qualquer influência e 22% dos médicos confiam plenamente nas infor- mações recebidas 86% dos entrevistados afirmaram receber brindes durante as visitas 8% não têm opinião formada 10% não têm opinião formada 22% confiam plenamente nas informações publicitárias fornecidas pelos laboratórios 14% dos médicos entrevistados disseram prescrevê-los em fun- ção do recebimento de prêmios 28% dos médicos afirmaram receber dos propagandistas folhetos de propaganda destinados aos pacientes. Antes da RDC, as informações (contra-indicações, indicações, precau- ções, cuidados e advertência) nas propagandas representava 28% dos casos. Após a RDC 102/2000 foram encontradas em 79%. Fonte: Fagundes, M. J. D. et al. - Análise bioética da propaganda e publicidade de medicamentos. Ciência & Saúde Coletiva, 12(1): 221-229, 2007. 9 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde Em face deste problema, diversas ações educativas pautadas no conceito de medicamentos essenciais têm sido promovidas no Brasil. Em 2001, foi traduzido e adap- tado para o português o Guia do Instrutor em Práticas da Boa Prescrição Médica, utilizado em cursos nacionais, regionais e estaduais sobre Ensino para o Uso Racional de Medicamentos, com vistas à capacitação de multipli- cadores. Fonte da figura acima: http://politicasfarmaceuticas.blogspot. com/2011/01/selecao-de-medicamentos-grande-pilar.htm Resumidamente um adequado e racional processo de seleção se fazem necessários devidos: ● Amplitude do mercado farmacêutico e à pres- são da indústria farmacêutica aos profissionais de saúde, bem como aos pacientes através de campanha de marketing; ● Multiplicidade de medicamentos e falta de estu- dos de eficácia e efetividade de diferentes medi- camentos que competem entre si; ● Escassa habilidade de especialistas para leitura e análise critica de estudos principalmente rela- cionados a novos medicamentos e atualização na farmacoterapia; ● Internet como via de acesso à informação bio- médica; ● Política de redução de custos; ● Falta de tempo e estrutura para educação con- tinua; 1.3.1. Medicamentos Essenciais e a Política Nacional de Medicamentos A Política Nacional de Medicamentos no Brasil (PNM) foi aprovada em 30 de outubro de 2008 através da Por- taria Ministerial nº 3916, com o propósito de garantir as necessárias segurança, eficácia e qualidade dos medica- mentos, além de promover o uso racional e o acesso a população aos medicamentos. Uma das quatro prioridades da PNM e revisar perma- nentemente a Relação Nacional de Medicamentos Essen- ciais (Rename), com base nas prioridades nacionais de saúde tendo em conta eficácia terapêutica, segurança, comodidade e custo. Medicamentos essenciais se constituem em um dos principais instrumentos para a realização de uma efetiva política de medicamentos, e são definidos pela Organiza- ção Mundial da Saúde (OMS) como: “... aqueles que servem para satisfazer às ne- cessidades de atenção à saúde da maioria da população. São selecionados de acordo com a sua relevância na saúde pública, provas quanto à eficácia e à segurança e com estudos compa- rados de custo-efetividade. Devem estar sempre disponíveis, nas quantidades adequadas, nas formas farmacêuticas requeridas e a preços que os indivíduos e a comunidade possam pagar.” O Brasil elaborou a sua primeira lista de medicamentos essenciais em 1964 (ainda denominada de Relação Bá- sica e Prioritária de Produtos Biológicos e Materiais para Uso Farmacêutico Humano e Veterinário), treze anos an- tes da recomendação inicial feita pela OMS, em 1977. As- sim, o Brasil ha muito tempo vem pautando suas políticas de medicamentos segundo critérios internacionalmente aceitos. A lista, desde então, teve oito atualizações, duas ainda na década de 1970 (1972 e 1975) e seis a partir do fim da década de 1980 ate sua versão em 2008 (1989, 1993, 1999, 2002, 2006 e 2008), já sob a denominação de Rename, sendo a Rename 2010, portanto, sua nona atualização. A Rename em o seu processo de elabora- ção e orientada pela saúde baseada em evidencias o que 10 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde garante rigor metodológico de seleção que incorpora ou mantém medicamentos com definida efetividade e segu- rança, ou os exclui por não cumprirem ao longo do tempo estes critérios. Uma lista de medicamentos essenciais abrange não apenas os destinados a assistência primária ou atenção básica, como também opções terapêuticas para situações de assistência a saúde de média e alta complexidade. Deve estar claro, para a toda a comunidade brasileira, que medicamentos essenciais não são agentes terapêuticos de segunda categoria, sem eficácia ou qualidade, sele- cionados para aqueles socioeconomicamente desfavore- cidos, mas sim, são medicamentos para tratamentos mais efetivos com o menor custo para doenças (consideradas prioridades epidemiológicas) que refletem necessidades coletivas e, não necessariamente, individuais ou de seg- mentos específicos. A Rename inclui medicamentos financiados pelos com- ponentes da Assistência Farmacêutica (Básico, Estratégi- co e Especializado). É fundamental para um profissional que atue na área de saúde a compreensão destes com-área de saúde a compreensão destes com- de saúde a compreensão destes com- ponentes e particularmente das diferenças importantes relacionadas aos critérios de seleção de cada um destes elencos para usufruir dos benefícios da Rename e sua principal extensão, o Formulário Terapêutico Nacional. A Rename 2010 contem 343 fármacos, oito produtos correspondentes a fármacos, 33 imunoterápicos, desig- nados por 372 denominações comuns brasileiras, contido sem 574 apresentações farmacêuticas. A existência de uma política nacional de medicamentos é considerada, pela OMS, importante instrumentopara a Assistência Farmacêutica e para toda a política de saúde. Trabalhar com o conceito de medicamento essencial, e uma lista de medicamentos essenciais selecionados por critérios com base em provas cientificas, faz parte das dez recomendações que melhoram o uso de medicamen- tos em países em desenvolvimento. Em verdade, políticas de medicamentos essenciais promovem disponibilidade, acesso, qualidade e uso racional de medicamentos, ga- rantindo a sustentação do próprio desenvolvimento da po- lítica, e a chave para isso esta na cuidadosa seleção de medicamentos essenciais. Portanto, o desenvolvimento da PNM foi responsável por avanços na política de saúde, sobretudo no que se refere à reorientação da assistência farmacêutica no pais. Em maio de 2004, o Conselho Nacional de Saúde aprovou a Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF). Compete ao Departamento de Assistência Far- macêutica e Insumos Estratégicos (DAF), da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) do Ministério da Saúde, a formulação e coordenação da ges- tão da PNAF; desenvolver cooperação para o aperfeiçoa- mento da capacidade gerencial e operacional de Estados e Municípios bem como normatizar, organizar, promover e coordenar a aquisição e distribuição de insumos estra- tégicos para a saúde e a Assistência Farmacêutica, nos diferentes níveis de atenção a saúde, entre outros. Com o foco no acesso a medicamentos, o DAF nos últimos anos acompanha a organização e o desenvolvimento da Assis- tência Farmacêutica no SUS, por meio de providências administrativas. Diretrizes e prioridades da PNM: Adoção da RENAME. Descentralização da gestão no âmbito do SUS. Regulamentação sanitária de medicamentos. Reorientação da assistência farmacêutica Promoção do uso racional. Promoção da produção de medicamentos. Garantia da segurança e eficácia dos medicamentos. Garantia da segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos. Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos. Responsabilização das esferas de governo. 1.4. O processo de seleção O que se observa realmente é um número cada vez maior de especialidades farmacêuticas, sem que isso se traduza em uma melhoria da terapêutica disponibilizada à população. Além disso, essa prática mercadológica geral- mente traz consigo um aumento nos preços desses ‘no- vos’ medicamentos e, conseqüentemente, dos custos dos tratamentos. Nesse contexto, torna-se fundamental uma seleção racional de medicamentos, de maneira a propor- 11 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde cionar maior eficiência administrativa e uma adequada resolutividade terapêutica, além de contribuir para a racio- nalidade na prescrição e utilização de fármacos e demais produtos para a saúde. O processo de seleção envolve: ● Uma fase de preparação, com a constituição de um grupo multidisciplinar denominado generica- mente Comissão Padronização (CP) ou Comis- são de Farmácia e Terapêutica (CFT). ● Uma etapa de elaboração da lista dos itens pa- dronizados, como resultado da análise dos itens a partir dos critérios de seleção previamente de- finidos. ● Um momento de divulgação e monitoramento dos resultados alcançados. O processo de seleção não finaliza com a escolha dos itens que serão padronizados, para ser considera- do completo ele deve seguir com a elaboração de um Formulário Terapêutico, também denominado como Guia farmacoterapêutico, que deverá conter as informações técnicas e científicas referentes aos medicamentos pa- dronizados, com o objetivo de proporcionar uma farma- coterapia segura. A qualidade do processo está atrelada à composição da comissão. Dada a diversidade de competências exigi- das, o grupo deve ser composto por diferentes categorias profissionais, como médicos, farmacêuticos, enfermeiros e até administradores e compradores. O caráter multidis- ciplinar da comissão irá conferir ao processo de seleção a avaliação dos vários pontos de vista, a avaliação da mul- tiplicidade das necessidades existentes de medicamentos e materiais dos diversos profissionais envolvidos, o que irá garantir como resultado uma lista de itens padroniza- dos que realmente atenda as necessidades da instituição. A escolha dos itens que irão compor o subconjunto de medicamentos e materiais essenciais do hospital deve ser realizada com base em critérios de eficácia e segurança, qualidade e custo. A qualidade da evidência clínica é refle- tida pela qualidade metodológica das pesquisas utilizadas na escolha comparativa dos medicamentos e, conjugada à vivência clínica, deve ser capaz de estimular a adesão dos médicos. A adoção deste paradigma desloca a pres- crição da experiência individual, favorecendo decisões mais cientificas, eficazes e custo-efetivas. Os materiais médico-hospitalares (MMH), tais como os medicamentos, constituem um elo entre o serviço de farmácia e o serviço de enfermagem. Juntos, tais serviços procuram atingir um resultado que atenda aos anseios da comunidade hospitalar, no que se refere aos propósitos assistenciais, tecnológicos e financeiros. São classifica- dos como MMH e correlatos os aparelhos, produtos, subs- tâncias ou acessórios não enquadrados como drogas, medicamentos ou insumos farmacêuticos, utilizados dire- ta ou indiretamente nos diversos procedimentos médicos, com a finalidade diagnóstica, terapêutica, curativa e pre- ventiva do paciente, objetivando sua rápida recuperação. Sua utilização também está ligada à defesa e proteção da saúde individual ou coletiva, assim como à higiene pesso- al ou de ambientes hospitalares. A gestão dos MMH, no âmbito hospitalar, em algumas instituições, está a cargo do serviço de farmácia. Tais pro- dutos possuem especificações técnicas que requerem uma gestão especializada e que permita acompanhar os avanços tecnológicos da atual era, como o aparecimento de novos materiais e técnicas, cada vez mais, aperfeiçoa- das. Tal importância, também, se reflete no âmbito assis- tencial, comercial e econômico. O processo de seleção busca assegurar ao hospital o acesso ao medicamento e material mais necessário, atendendo aos critérios de eficácia, segurança, qualidade e custo previamente definidos, promovendo assim o uso racional. Caracteriza-se por ser um processo dinâmico, contí- nuo multidisciplinar e participativo. 12 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde É importante que seja realizado considerando a contribuição das seguintes ciências: farmacoeconomia, farmacoepidemiologia, farmacologia e terapêutica clínica, farmacovigilância e farmacocinética. Estas disciplinas irão auxiliar na avaliação dos diversos elementos que interfe- rem na utilização dos medicamentos. O farmacêutico deve atuar, de forma dinâmica no pro- cesso de seleção, pois a padronização de medicamentos de uma instituição sofre interferências de vários fatores como fatores ligados à pesquisa de novos fármacos, po- lítica de aquisição de medicamentos e incorporação de novas tecnologias, além da pressão da indústria. Essa pressão tem crescido muito e transformado a colabora- ção do farmacêutico em indispensável, no que se refere à busca de evidências, análise de custo e qualificação de fornecedores. Outro ponto fundamental que justifica a participação dinâmica do farmacêutico no processo de seleção é a re- lação entre as atividades da farmácia hospitalar e a lista dos itens padronizados, pois é a partir da lista que todas as demais atividades da farmácia hospitalar serão de- finidas; é em torno da lista dos itens padronizados que as ações da assistência e atenção farmacêutica estarão direcionadas a fim de garantir a qualidade e segurança necessárias. 1.4.1. Objetivos da seleção O objetivo principal da seleção e padronização é asse- gurar ao hospital o acesso aos medicamentos e materiais mais necessários,adotando critérios de eficácia, seguran- ça, qualidade e custo a fim de promover o uso racional. Como objetivos específicos podem citar: ● Adequar a relação de medicamentos disponíveis às reais necessidades sanitárias da população/ clientela-alvo. ● Auxilia o gerenciamento técnico-administrativo do ciclo da assistência farmacêutica, melhoran- do a sua eficiência. Garantir a disponibilização de fármacos em tempo útil, sem afetar a qualida- de da assistência prestada. Servir como suporte a um sistema de dispensação eficiente. ● Disponibilizar medicamentos com eficácia e se- gurança comprovadas, propiciando maior reso- lutividade para os tratamentos e, conseqüente- mente, para os serviços de saúde, possibilitando a Implantação de políticas de utilização de medi- camentos com base em correta avaliação, sele- ção, e emprego terapêutico no hospital. ● Melhorar a qualidade da atenção por meio da seleção da opção terapêutica com melhor re- lação risco-benefício, segundo a evidência científica disponível e a diminuição de erros de medicação por redução do arsenal terapêutico disponível. ● Promover a atualização e a reciclagem de te- mas relacionados à terapêutica hospitalar. Uni- formizar condutas terapêuticas, baseando-as em evidências científicas, tornando impessoais as decisões na escolha dos medicamentos uti- lizados. ● Facilitar o desenvolvimento de um trabalho de educação continuada aos prescritores, dispen- sadores e usuários de medicamentos. Auxiliar nas ações de farmacovigilância, visto que, com um número mais restrito de medicamentos, pos- sibilita aumentar a experiência e o nível de co- nhecimento dos prescritores e dispensadores, facilitando o monitoramento e a identificação de reações adversas ● Reduzir custos, visando a obter a disponibilidade dos medicamentos essenciais à cobertura dos tratamentos necessários aos pacientes. Com a maior otimização dos recursos disponíveis po- de-se ampliar o acesso dos itens padronizados. Reduzir custos através de menor duplicidade te- rapêutica a qual diminui os valores associados à gestão de um fármaco e pela seleção da opção mais custo efetiva. 13 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde ● Possibilitar o uso de uma mesma linguagem por todos os membros da equipe de saúde. Podemos destacar como objetivos de se estabelecer uma padronização dos medicamentos e materiais na ins- tituição: 1.4.2. Vantagens da padronização A seleção de medicamentos e a conseqüente elabo- ração do Formulário Terapêutico definem um elenco ra- cional de fármacos e fornecem informações confiáveis e atualizadas aos prescritores e aos demais profissionais de saúde, proporcionando várias vantagens à instituição, seja ela pública ou privada. A padronização proporciona ganhos terapêuticos e econômicos: ● Os ganhos terapêuticos referem-se à promoção do uso racional e à melhoria da resolutividade terapêutica, acesso a medicamentos eficazes, seguros e voltados às doenças prevalentes. Podemos destacar entre as vantagens propor- cionadas aos processos assistenciais: - Aumentar a qualidade da farmacoterapia e facilita a vigilância farmacológica. - Proporcionar maior segurança na prescrição médica e administração dos medicamentos, reduzindo a incidência de reações adversas. - Disciplinar o receituário e uniformiza a tera- pêutica, quando possível, para estabelecer protocolos criteriosos. - Reduzir o custo da terapêutica, sem prejuízo para a segurança e a efetividade do trata- mento. - Reduzir o número de fórmulas e formas far- macêuticas. ● Os ganhos econômicos referem-se à raciona- lização dos custos dos tratamentos e, conse- qüentemente, à otimização dos recursos huma- nos, materiais e financeiros disponíveis. Podemos destacar entre as vantagens propor- cionadas relacionadas aos processos adminis- trativos: - Reduzir o estoque (quantitativamente e qua- litativamente). - Reduzir o custo de aquisição de medica- mentos. - Reduzir o custo de manutenção do estoque. 14 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde - Facilitar a comunicação entre farmácia, equi- pe médica, equipe de enfermagem e seções administrativas. - Simplificar rotinas de aquisição, armazena- gem, dispensação e controle. Além das vantagens proporcionadas aos processos de gestão administrativos e processos assistenciais, a padronização também resulta em benefícios aos agentes envolvidos nestes processos como pode ser observado no quadro abaixo. 1.5. Etapas para a elaboração da padronização Para que se tenha o êxito almejado, deve-se consi- derar que a operacionalização do trabalho de seleção de medicamentos envolve vários aspectos importantes: 1. Administrativo-gerencial: necessita de planeja- mento, organização, gerenciamento e controle permanente, determinando as metas que se dese- ja e a melhor maneira de alcançá-las. 2. Técnico: demanda conhecimentos técnicos es- pecíficos nas várias áreas da medicina, farmácia, odontologia, enfermagem, entre outras. 3. Econômico: demanda recursos humanos, mate- riais e financeiros. É indispensável que seja viabi- lizado o acesso a fontes bibliográficas fidedignas e atualizadas para subsidiar os estudos necessá- rios. 4. Político: deve ser participativo, multidisciplinar e legitimado pela instituição, pelos profissionais, en- tidades e comunidade. Para o início do processo é necessário o envolvimen- to e conscientização das equipes de saúde que pode ser realizado através de reuniões, boletins informativos e ou- tras estratégias educativas. O envolvimento das equipes na elaboração do processo irá possibilitar maior adesão à padronização futuramente implantada. O desenvolvimento e implantação de um processo de padronização, e conseqüente padronização, podem ser divididos em etapas para maior esclarecimento e organi- zação do processo. 15 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde Como primeira etapa se tem a relação dos medica- mentos e correlatos disponíveis, onde estarão sendo definidas as metas e onde irá ocorrer o envolvimento e conscientização das equipes de saúde, todas as coorde- nações médicas devem participar desta etapa a fim de elencar com maior propriedade os possíveis itens que venham atender a todas as especialidades médicas da instituição. Nesta etapa também se realiza o levantamento do perfil epidemiológico da instituição, da infra-estrutura de tratamento existente no hospital, a análise do padrão de suo dos medicamentos e materiais O farmacêutico nesta etapa coleta as sugestões e já pode realizar uma análise prévia dos itens sugeridos, a fim de otimizar a etapa de seleção propriamente dita, onde cada item será avaliado pela comissão segundo os critérios de inclusão definidos. Ocorre a designação do grupo multidisciplinar deno- minado genericamente Comissão Padronização (CP) ou Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) pela dire- toria clínica da instituição. Basicamente a Comissão irá regulamentar a inclusão e exclusão de medicamentos e correlatos na padronização, ou seja, irá definir os crité- rios de inclusão e exclusão a serem adotados, definindo também as estratégias de trabalho da Comissão, e os métodos a serem empregados. A próxima fase trata-se da fase da seleção. A Comis- são realiza a análise das sugestões realizadas na primei- ra etapa, segundo os critérios estabelecidos de seleção (eficácia, segurança, qualidade e custo). Como resultado concreto do processo de seleção será elaborado a lista dos itens que serão padroniza- dos (padronização propriamente dita). A Comissão deve elaborar uma estratégia para a divulgação da lista dos produtos padronizados na instituição para todos os pro- fissionais, e após a implantação acompanhar e verificar a aderência à padronização estabelecida, assim como as estratégias para o desenvolvimento do formulário te- rapêutico. 1.6.Critérios para a seleção Os critérios de seleção deverão ser definidos tendo como base a avaliação da eficácia, segurança, qualidade e custo, a fim de garantir o uso racional. Como base para a definição dos critérios de seleção pode ser utilizada as seguintes orientações: ● Medicamentos registrados no Brasil em confor- midade com a legislação sanitária. Devem-se avaliar o registro do medicamento, bem como as documentações de licença e a autorização de funcionamento, certificado de responsabilidade técnica referente ao fabricante e distribuidor, boas praticas de fabricação, distribuição e im- portação, análise do recolhimento fiscal (ICMS) e idoneidade (SERASA/SINTEGRA), enfim é necessário estabelecer critérios para qualifica- ção de fornecedores; ● Demanda analisar frequência e quantidades utilizadas, assim como os aspectos epidemioló- gicos do hospital, levando em consideração os critérios existentes na saúde publica, respeitan- do-se indicações dos programas do Ministério da Saúde. Devem-se conhecer os programas relacioná-los com o tipo de pacientes atendidos no hospital; ● Análise da utilização do produto em conformi- dade com as indicações do fabricante, ter o valor terapêutico comprovado, com base na melhor evidência em seres humanos desta- cando segurança, eficácia e efetividade. Para análise de eficácia e segurança pode se uti- lizar, preferencialmente, estudos de nível I (ensaios clínicos randomizados, revisões sis- temáticas e metanálises) com adequado dese- nho e poder metodológico, relevância clinica e aplicabilidade no contexto brasileiro. Avaliar nos estudos os aspectos relacionados à pa- cientes (como número, critérios de inclusão), grupos de tratamento (experimental ou contro- 16 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde lado) especificando a indicação e duração de tratamento variabilidade de resultados (redu- ção de riscos, intervalos de confiança, signifi- cância estatística); ● Epidemiologia característica dos procedimen- tos, incidência, bibliografia sobre eficiência dos produtos (MBE); ● Principio ativo identificado conforme denomina- ção Comum Brasileira (DCB) ou Denominação Comum Internacional (DCI) além de informa- ções na Classificação Anatômica Terapêutica (ATC) e Dose Diária Definida (DDD); ● Doses e formas farmacêuticas. Dar preferên- cia para aqueles que promovem comodidade de administração, em diversas faixas estarias, com facilidade para calculo da dose a ser ad- ministrada, facilidade para fracionamento ou multiplicação de doses, com perfil de estabili- dade mais adequado as condições de estoca- gem e uso; ● Formas de apresentação (quantidade de pro- duto por embalagem) e necessidades espe- ciais (refrigeração, fracionamento, tempo de validade); ● Avaliação de embalagem, instruções de uso, du- rabilidade, resistência, ergonomia, cumprimento de sua finalidade pratica / função, facilidade de manuseio; ● Vias de administração; ● Medicamento com um único princípio ativo, ad- mitindo-se combinações em doses fixas; ● Morbidade das doenças prevalentes; ● Número de indicações terapêuticas aprovadas; ● Número e tipos de contra-indicações. Descrever os efeitos secundários mais significativos (por freqüência ou gravidade) e sua incidência; ● Alergia com fármacos similares; ● Interações com fármacos e alimentos; ● Espectro de ação, Biodisponibilidade (inicio de ação, via de eliminação, etc); ● Disponibilidade de formas de administração al- ternativas ou fatores que afetam o cumprimento terapêutico. Descrever a possibilidade de erros de medicação potenciais; ● Farmacovigilância avaliar notificações de sus- peita de reação adversa; ● Segurança principalmente em grávidas, crian- ças e idosos, ou patologias especificas (insufici- ência hepática, renal, etc); ● Análise farmacoêconomica (custo efetividade ou custo beneficio) com menos custo de aqui- sição, armazenamento, distribuição e controle. Podem-se utilizar os métodos e critérios basea- dos nos estudos de economia em saúde; Os critérios de seleção acima também podem ser ex- trapolados para a seleção de material médico hospitalar sempre que possível, e podemos destacar também: ● A avaliação da efetividade, da segurança, de sua inserção em protocolos ou rotinas assistenciais. ● Sua relação de custo-efetividade durante o uso. ● Disponibilidade no mercado. ● Condição legal do produto perante a ANVISA. ● Da existência de alertas de tecnovigilância na- cionais ou internacionais. ● De seu ressarcimento pelos pagadores, SUS ou convênios. ● De sua compatibilidade com os demais materiais e tecnologias já em uso na instituição, e conse- qüente impacto caso ocorra à necessidade de alterações nos processos já existentes. 17 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde A verificação dos respectivos ressarcimentos pelo SUS ou convênios permite o acompanhamento mais cri- terioso dos gastos hospitalares dentro dos programas assistenciais ou de pesquisas em curso. Isto contribui significativamente para manter o bom relacionamento intra-institucional entre a Comissão responsável pelo processo de seleção, a administração do hospital e os profissionais usuários, evitando problemas posteriores relativos à adequação financeira, compras equivocadas por ausência de avaliação do usuário, problemas regu- latórios e legais de comercialização do produto no mer- cado nacional. Considerar também a necessidade de realização de avaliações funcionais prévias destes materiais na institui- ção, onde o desempenho do material nesta fase de teste também irá influenciar na avaliação da seleção deste. FONTE: http://office.microsoft.com/pt-br/images/results. aspx?ex=2&qu=SELE%C3%87%C3%83O#mt:0| A partir destas orientações, podemos elaborar uma lis- ta de critérios mais objetivos que podem ser utilizados na prática do processo de seleção, sendo os seguintes: ● Deverá se selecionado o medicamento com ní- veis elevados de eficácia clínica comprovada. Apenas devem ser selecionados aqueles me- dicamentos cuja eficácia e inocuidades sejam comprovadas por estudos clínicos ou pelos re- sultados já reconhecidos pelo amplo uso. ● Eleger entre os medicamentos da mesma in- dicação e eficácia aquele de menor toxicidade relativa. ● O medicamento selecionado deve estar disponí- vel na forma em que se garanta sua qualidade, biodisponibilidade e estabilidade sob as condi- ções de armazenamento propiciadas pela estru- tura do hospital e uso estabelecidos. ● Eleger o medicamento com maior comodidade posológica. ● Padronizar o fármaco escolhido, especialidades farmacêuticas, que tenham informações de bio- disponibilidade e parâmetros farmacocinéticos. Informações que posteriormente irão compor o Guia Farmacoterapêutico. ● Escolher sempre que possível, entre os medica- mentos de mesma ação farmacológica, um re- presentante de cada categoria química ou com uma característica cinética diferente. ● Evitar a inclusão de associações fixas. Os me- dicamentos essenciais selecionados devem possuir apenas uma substância ativa. Os pro- dutos com combinações fixas só serão aceitos quando adequados à maioria da população e sua combinação tenha vantagens sobre a ad- ministração em separado quanto a efeitos tera- pêuticos, inocuidade ou cumprimento da pres- crição. ● Padronizar pelo nome do princípio ativo – Deno- minação comum Brasileira (DCB). ● Padronizar resguardando a qualidade, aquele que apresentar menor custo de tratamento/dia. Na comparação de custos deve ser considerado o custo total do tratamento e a relação custo/ benefício, custo/efetividade. Em alguns casos a escolha pode ser influenciada por fatores como propriedades farmacocinéticas, ou considera- ções locais como disponibilidade ● Analisar o custo de aquisição, armazenamento, dispensação e controle. Após a definição do principio ativoque será padroni- zado, nos casos do processo de seleção dos medicamen- tos, para a definição da forma farmacêutica, dosagem e apresentação que este princípio ativo será padronizado 18 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde deve-se priorizar forma farmacêutica que proporciona maior possibilidade de fracionamento e adequação, ou seja, padronizar preferencialmente formas farmacêuticas, dosagens e apresentações que permitam a individualiza- ção na distribuição. O quadro a seguir apresenta outros pontos relevantes neste aspecto. 1.7. Métodos de seleção O processo de seleção normalmente ocorre através de um processo intuitivo a partir da análise dos critérios de seleção estabelecidos, mas em algumas situações a co- missão se vê incapaz de definir qual a melhor alternativa, neste momento ocorre dificuldades na decisão de qual a opção que melhor atende os critérios de seleção Muitas vezes esta duvida surge devido à alta complexidade e a enorme quantidade das informações que necessitam ser avaliadas, e principalmente quando os itens que estão sendo comparados apresentam muitas características si- milares Os métodos de seleção de análise de decisão são uma alternativa ao processo intuitivo habitual, proporcionando uma metodologia lógica para a tomada de decisão nestes momentos de incerteza, auxiliando a comissão na tomada de decisão mais assertiva. A principal diferença entre os métodos de análise de decisão e o processo intuitivo de revisão a partir dos cri- térios selecionados, é que o resultado nos métodos de análise de decisão será atribuído de maneira quantitativa, ou seja, para cada critério de seleção avaliado será apon- tado um valor numérico (valoração) e o resultado final da análise será apontada por um resultado numérico final. Neste processo de valoração será definida a pontuação (“score”) para cada critério, para cada critério será atribu-score”) para cada critério, para cada critério será atribu- ído um peso, que serão posteriormente classificados em ordem decrescente do peso, conferindo um caráter quan- titativo de avaliação a estes métodos de análise. Os métodos têm o intuito de esclarecer os objetivos, as análises e combinar os valores de maneira que se possa obter a organização das alternativas para a melhor decisão. A pontuação numérica que cada item recebe ao termino da análise possibilita a comparação direta entre eles. A seguir exemplos destes métodos. 1.7.1. Análise de Decisão Clinica aplicada a seleção de medicamentos. A seleção de medicamentos empregando o método de análise de decisão irá envolver as seguintes etapas: ● Definição do problema, dos objetivos e identifi- cação das alternativas. Determinar a perspectiva da análise; É impor- tante estabelecer desde o início, a partir do qual perspectiva irá nortear a tomada de decisões da comissão, todos devem ter em mente o foco principal de todo o processo de padronização e que consequentemente a garantia da segurança da assistência prestada ao paciente será a pers- pectiva principal das ações. Identificar alternativas; devem ser identificadas todas as alternativas e opções existentes, por exemplo, os vários fármacos dentro de uma classe terapêutica. ● Estruturação da análise Definição dos critérios de avaliação; cada cri- tério deve ser definido especificamente para um problema em questão, para cada alternati- va identificada. É essencial fazer uma seleção cuidadosa dos critérios que serão utilizados na 19 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde análise das alternativas, pois a princípio, estes podem ser muitos numerosos, devem ser se- lecionados somente as variáveis que me- lhor caracterizam e que influenciam a tomada de decisões, e evitar o apontamento de mui- tos critérios, que podem dificultar o processo sem agregar melhoria ao resultado final.Cada critério pode ainda apresentar mais de uma variável que pode ser utilizada, por isso deve se definir a variável que será utilizada a fim de otimizar o processo. Por exemplo; o critério “reação adversa” pode apresentar as variáveis “freqüência da reação adversa” e “gravidade da reação”, neste caso à variável escolhida seria a que se alinhar ao objetivo inicial definido no processo de seleção. ● Caracterização das informações necessárias à análise de decisão. Estabelecer uma escala de pontuação para cada critério; Cada critério terá dois aponta- mentos de pontuação, um valor utilitário (VU) e um valor probabilístico (VP). O valor utilitário estará associado para quantificar a contribui- ção relativa do critério dentro do valor total da análise, ou seja, analisando o conjunto dos cri- térios de seleção apontados, o quanto o critério em questão representa em relevância dentro do conjunto, o quanto representa em peso de importância. Também deve ser definido o valor probabilístico para cada critério, esta pontua- ção probabilística atribuída significa o quanto o item avaliado preenche o critério de seleção. O VP estará dentro do intervalo entre 0 e 1, onde 1 indica o atendimento pleno ao critério. Quan- to mais subjetivo for o resultado da análise do critério, ou seja, quanto menor a evidência que o item preenche plenamente o critério de se- leção, menor será a pontuação atribuída ao valor possível do fator (mais próximo de zero). No caso contrário, quanto maior a objetividade do resultado da análise, maior será a pontua- ção atribuída ao melhor valor possível (mais próximo de 1). A próxima etapa será a multipli- cação do valor utilitário pelo valor probabilístico e a realização da soma de cada pontuação dos critérios. A decisão final é tomada comparan- do o resultado da pontuação final de cada item avaliado, sendo o item de maior pontuação o mais indicado. ● Análise de sensibilidade. Alguns erros podem ser introduzidos na avalia- ção porque determinados valores numéricos, especificamente os utilitários, podem ser subje- tivos. Portanto é necessário realizar uma análise estatística empregando análise de sensibilida- de, que ir avaliar a estabilidade das conclusões em relação a um faixa de valores plausíveis para o VU e o VP. A desvantagem deste sistema de avaliação é que ele somente é valido para a instituição onde foi realizada, pois as decisões para a elaboração da análise variam de instituição para instituição, onde o VP e o VU são atribuídos pela comissão, para atender o objetivo e metas do hospital. As- sim os resultados da análise de uma instituição não podem ser extrapolados para outra. A grande importância deste sistema é estimular a comissão a considerar os critérios e as alter- nativas objetivamente antes da tomada de deci- são. A quantificação deste sistema permite um processo de seleção lógico e racional, evitando longas discussões e minimizando as interferên- cias pessoais. 1.7.2. Sistema de análise de avaliação por objetivo. Também conhecido por SOJA (System of Objectfied Judgment Analysis), uma característica importante deste sistema é que considera também uma seleção da eficácia a partir da medicina baseada em evidências. Consiste na definição prospectiva de critérios de ava- liação para uma determinada classe terapêutica; a exten- 20 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde são com que cada fármaco preenche o critério é analisa- da, a cada critério é atribuído um peso relativo, quanto maior a relevância do critério, maior o peso; a soma de todos os pesos deverá ser igual a 1.000. Muitas vezes o peso de um critério será diferente para diferentes classes terapêuticas, pois para cada classe os critérios deverão ser avaliados especificamente. Neste método os seguintes critérios devem ser em- pregados: ● Eficácia clínica. Aonde irá se aplicar os princípios da medicina baseada em evidências. ● Incidência e severidade de efeitos adversos. Esta informação podeser obtida a partir de es- tudos clínicos comparativos duplo-cego, ten- tando estabelecer uma escala de classifica- ção objetiva que leva em conta não apenas a incidência geral de efeitos adversos, mas tam- bém a sua gravidade. A segurança dos medica- mentos em caso de intoxicação aguda também pode ser um fator a considerar, especialmente em drogas com alto risco de overdose intencio- nal ou baixo índice terapêutico. ● Esquema posológico A importância desta abordagem reside na sua influência sobre a adesão ao tratamento e é especialmente importante neste aspecto o tratamento prolongado. Em geral, uma dose única diária otimiza a aderência do paciente ao tratamento. As diferenças de acordo entre uma ou duas vezes por dia é pequena, mas ele decai rapidamente com o aumento da frequência de administração. Por esta razão, alguns autores propõem uma escala que atribui 100% do valor deste critério para as alternativas que são dosados % uma vez por dia, 80 para duas vezes / dia, 40% por três vezes / dia 10% por quatro vezes / dia, embora estas percentagens possam ser modificados de acordo com as características de diferentes áreas e países. ● Interações medicamentosas. As interações clinicamente significativas en- tre fármacos ou entre fármacos e alimentos também pode ser importante na escolha en- tre alternativas, especialmente em determina- das classes terapêuticas de modo que o peso relativo deste critério pode apresentar valo- res diferentes, dependendo do grupo de medica- mentos doseados. Também tem que considerar não apenas a incidência global de interações, mas também a sua gravidade. ● Farmacocinética. Vários parâmetros farmacocinéticos podem ser considerados, tais como biodisponibilidade, li- gação às proteínas plasmáticas, vias de elimina- ção, a presença de metabólitos ativos, e assim por diante. No entanto, a relação entre a maio- ria destes parâmetros e eficácia clínica e tole- rância é incerto, assim para este critério é ge- ralmente dado um pequeno peso relativo. No entanto, é importante avaliar a variabilidade de parâmetros tais como a variabilidade de concen- trações plasmáticas ou o tempo de meia vida, especialmente para fármacos de baixo índice terapêutico. ● Aspectos farmacêuticos. Este critério leva em conta, por exemplo, a dis- ponibilidade de forma oral e parenteral para o mesmo principio ativo, o número de diferentes formas de dosagem que existem no mercado ou até mesmo a apresentação adequada que viabilize o fracionamento de doses para atender ao sistema de distribuição por dose unitária ou até mesmo as apresentações já fracionadas, que não necessitam do fracionamento pelo Ser- viço de Farmácia. 21 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde ● Custo. Análises farmacoeconomicas completas de cada item comparado devem ser utiliza- das, mas infelizmente, estes dados são mui- tas vezes escassos. No entanto, é importante notar que o custo de aquisição contribui em diferentes graus ao custo total do tratamen- to, também devem ser considerados os cus- tos de preparação, dispensação e administra- ção e até mesmo os custos de monitoramento e os custos relacionados com o tratamen- to dos potenciais efeitos adversos. Além dis- so, para medicamentos usados em tratamento prolongados (uso contínuo) deve ser considerado não só o preço de compra para o hospital, mas também o preço de varejo o nível de alternativas de financiamento para os sistemas de saúde. ● Estudos clínicos, indicações aprovadas e tempo de comercialização. ● Critérios específicos da classe terapêutica. A principal vantagem do SOJA é selecionar medicamentos empregando somente critérios considerados racionais, tornando o processo de tomada de decisão mais concreto. O método tem a limitação de ser tempo - de- pende, pois sempre irá existir a necessidade de passar por revisões devido às novas infor- mações relevantes que venham a serem pu- blicados, como ensaios clínicos, estudos de farmacovigilância, do registro e tempo de co- mercialização. Da mesma maneira do sistema de análise de decisão clínica, o SOJA também não pode ser extrapolado de um hospital para outro, já que cada um deve avaliar e atribuir o peso da pontuação a seus próprios critérios, que irá de- pender do tipo e características hospital. 1.8. As Comissões voltadas para o processo de seleção e padronização. Tendo em vista que a seleção de medicamentos envol- ve aspectos interdisciplinares e diferentes saberes, a sua implementação deve ser descentralizada e participativa, sendo essencial estar estruturado com metodologia expli- cita e baseado em evidencias, porém com uma coordena- ção única. Para tanto, recomenda-se a constituição e le- gitimação – através de normativa institucional ou medida equivalente – de uma Comissão Padronização (CP) ou de uma Comissão Farmácia e Terapêutica (CFT), com cará- ter multidisciplinar, cujo conhecimento se fizer importante como, por exemplo, especialidades médicas, epidemiolo- gia e farmacologia clínica. Há que se destacar que sua composição deve levar em consideração a complexidade dos serviços a serem cobertos, assim como seu caráter funcional. Nesse sentido, a Comissão deve uma vez garantida a multidisciplinaridade, ser a mais reduzida possível, no que se refere aos seus integrantes permanentes (membros efetivos), possuindo membros eventuais para participa- rem em situações específicas e mais complexas. Em contextos diferentes, a Comissão de Padroniza- ção de Medicamentos ou Comissão de Uso Racional de Medicamentos e a Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) apresentam o mesmo objetivo, estrutura organiza- cional e responsabilidades e diferem entre si quanto às atividades específicas que realizam. De certa maneira a comissão de padronização estará realizando as ações voltadas a regulamentar a padronização de medicamen- tos e materiais, enquanto a CFT, além disso, estará in- teragindo na elaboração de políticas e práticas de uti- lização de medicamentos no hospital com o intuito de assegurar resultados clínicos ótimos e um risco potencial mínimo A Comissão deverá ser a responsável pela condução técnica, política e administrativa de todo o processo, ten- do sua composição, atribuições e responsabilidades bem definidas. 22 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde Metodologicamente, outro ponto fundamental e extre- mamente necessário é a discussão e uniformização dos critérios e seus respectivos pesos, entre os membros da comissão. Dessa forma, uma vez estabelecidas e conhe- cidas as regras, torna-se possível produzir mais dados quantitativos e minimizar a subjetividade ou individualida- de nas decisões a serem tomadas. Tendo em vista as características principais da ati- vidade de seleção de medicamentos e a metodologia proposta, devem ser considerados os aspectos estraté- gico e operacional como sendo de vital importância na implementação do processo de trabalho propriamente dito. Estrategicamente, é fundamental que se conheça e considere a estrutura e peculiaridades socioeconômico- -culturais locais. Inseridos nessa realidade local, existem os diferentes atores relacionados ao trabalho a ser de- senvolvido, que constituem peças chave para o êxito que se pretende alcançar. Por isso, garantir o apoio político, técnico e econômico dos vários atores são extremamente importantes. 1.8.1. A estrutura organizacional das comissões. Dentre a composição da equipe incluem-se represen- tantes de diversas especialidades médicas e profissionais de enfermagem, de fisioterapia e de farmácia além de ser- viços normativos, como o de controle de infecção e grupo de suporte nutricional. O farmacêutico poderá ocupar na comissão de farmácia e terapêutica o cargo de presidente, secretário ou membro efetivo. As especialidades médicas podem ser referendadas pela diretoria técnica ou clinica do hospital. Estacomposição deve garantir o caráter mul- tidisciplinar e dinâmico ao processo de seleção. O profissional farmacêutico deve ter conhecimento de bioética, gestão clinica e sanitária, políticas financeiras, comunicação interpessoal e ser uma figura estratégica na seleção de medicamentos para relacionar-se com a aqui- sição e distribuição (logística). Sugere-se que a comissão seja composta pelos se- guintes agentes envolvidos no processo de seleção, sen- do também chamados de membros efetivos da comissão: ● Farmacêutico. ● Médicos representantes das especialidades existentes no hospital (clínica médica, pediatria, cirurgia, anestesia, etc). ● Médico do Serviço de controle de infecção hos- pitalar. ● Enfermeiro. ● Representante da administração do hospital. ● Representante do setor de compras Fonte: http://office.microsoft.com/pt-br/images/results. aspx?qu=hospital&ex=1#ai:MP900400941| 23 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde As sociedades científicas de outras especialidades, centros de informação de medicamentos, Agências sani- tárias e grupos específicos de trabalho podem contribuir com recomendações, consensos sobre uso de fármacos e publicação de informes podendo ser consultados pela Comissão de Farmácia e Terapêutica. Os membros efetivos não devem ser escolhidos por critérios de hierarquia que ocupam no hospital, mas sim de motivação e experiência na área de terapêutica e farmacologia. Dentre os membros efetivos serão esco- lhidos o presidente e o secretário da comissão. Cada membro da comissão tem suas atribuições específicas sendo: ● Atribuições do Presidente da Comissão: a) Convocar e presidir reuniões da Comissão; b) Dirigir os trabalhos da Comissão; c) Indicar o seu substituto, entre os membros da Comissão; d) Representar a comissão perante a Diretoria Clínica; e) Subscrever os documentos e resoluções da Co- missão; f) Estabelecer a ordem do dia para as reuniões or- dinárias e extraordinárias; g) Distribuir as tarefas para os membros da Comis- são; h) Acompanhar as atividades em desenvolvimento pela Comissão; ● Atribuições do Secretário da Comissão: a) Registrar em atas as resoluções da Comissão; b) Receber e expedir a documentação da Comis- são; c) Manter arquivo de documentação; d) Registrar em fichas individualizadas, para cada medicamento padronizado, informações perti- nentes às ocorrências relativas ao seu uso; e) Informar as equipes do hospital as decisões e pareceres técnicos da comissão; ● Atribuições dos Membros da Comissão: a) Comparecer às reuniões convocadas; b) Colaborar com os trabalhos da Comissão; c) Desenvolver as atividades delegadas pelo Pre- sidente dentro dos prazos estabelecidos; O grupo escolhido deverá ter alta capacitação técnica, ser hierarquicamente bem situado na esfera política e ad- ministrativa e manter um diálogo contínuo com as equipes assistenciais. Eventualmente o grupo poderá receber es- pecialistas para orientá-lo nos casos de insumos e medi- camentos para clínicas especializadas Uma comissão deve ter seus objetivos claramente definidos, bem como seu nível de competência. Para otimizar os trabalhos a comissão deve elaborar um re- gimento, definir as pautas das reuniões e documentar as ações e deliberações. As equipes de saúde devem ser rotineiramente comunicadas das decisões da co- missão. A comissão deve se reunir periódica e regularmente, não ultrapassando mais que 2 meses sem uma reunião ordinária. As reuniões devem ser documentadas em atas assim como o acompanhamento das atividades das ações definidas nas reuniões. Deve-se criar um ambiente de con- fiança, discussão e transparência em relação ao trabalho desenvolvido, promovendo a partilha de experiências entre os membros. O quadro a seguir aponta algumas instruções gerais para comissões. 24 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde 1.8.1.1. As Rotinas da Comissão. Dentro das atividades executivas da comissão volta- das à revisão periódica da padronização e da normati- zação da utilização dos medicamentos no hospital, além do processo de seleção propriamente dito, onde ocorre a seleção dos itens que serão padronizados e que estarão disponíveis no hospital, a comissão realiza as análises de solicitações de alteração desta padronização, encami- nhadas pelos profissionais de saúde da instituição. Estas solicitações de alteração na padronização podem ser soli- citações de inclusão ou exclusão. Neste processo a comissão realiza a análise da solici- tação segundo os critérios de seleção previamente defini- dos e acordados, e que estão especificados no regimento interno da comissão, emitindo ao final da análise o seu Fonte das imagens:da parte superior para a inferior 2 - http://office.microsoft.com/pt-br/images/results.aspx?ex=2&qu=farmac%C3%AAutico#mt:1| 3 - http://office.microsoft.com/pt-br/images/results.aspx?ex=2&qu=calendário#ai:MC900250657|mt:1 4 - http://office.microsoft.com/pt-br/images/results.aspx?ex=2&qu=reunião#ai:MC900230410|mt:1 5 - http://office.microsoft.com/pt-br/images/results.aspx?ex=2&qu=arquivo#ai:MC900237976|mt:1| 6 - http://office.microsoft.com/pt-br/images/results.aspx?ex=2&qu=pergunta#ai:MC900441523|mt:0| 25 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde parecer sendo favorável ou não a solicitação de alteração da padronizada encaminha. Para o melhor fluxo do processo e sua normatização, as solicitações de alteração devem ser encaminhadas para análise da comissão através de um impresso espe- análise da comissão através de um impresso espe- cífico para este fim, que pode ser denominado “formulário de alteração na padronização”, “formulário de inclusão ou exclusão da padronizada”, ou similar , que será elaborado pela comissão e que também deve estar contido no regi- mento da comissão. As solicitações devem ser preenchi- das no formulário padrão da instituição e encaminhadas ao secretário da comissão. O formulário padrão deverá conter campos para pre- enchimento pelo solicitante com pelo menos as seguin- tes informações: tipo de alteração (inclusão ou exclusão), descrição completa do medicamento contendo nome ge- nérico, dose, posologia, apresentação, justificativa da soli- citação, reações adversas, entre outras informações. As informações para preenchimento do formulário devem ser definidas pela comissão com o objetivo de coletar o maior numero de informações sobre o item sugerido que possam ser fornecidas pelo solicitante, devem estar baseadas em informações que venham a auxiliar no processo de análise da solicitação frente aos critérios de inclusão. Quanto mais detalhado for o formulário, mais se estimula a reflexão do solicitante quanto à solicitação e maior será a quantidade de informação para a análise. Abaixo um modelo de formulário. 26 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde A comissão deverá comunicar o solicitante da altera- ção o resultado da análise da solicitação, assim como registrar em ata tanto a discussão como o resultado fi- nal da análise. Nos casos da aprovação da solicitação de alteração a comissão deverá providenciar as ações necessárias para que a alteração ocorra, sejam ações para a inclusão ou exclusão, ações que poderão variar de hospital para hospital pois serão ponderadas pela au- tonomia de cada comissão. Outra rotina estabelecida pela comissão é a norma- tização de solicitações de itens não padronizados. Em situações clínicas específicas pode ser necessária a prescrição de medicamentos, ou a necessidade de um material médico hospitalar, não incluído na padroniza- ção. Como em situações de pacientes com patologias raras, ausência de resposta terapêutica e/ou intolerância aos efeitos adversos do medicamento padrão utilizado, a realização de procedimentos específicos não esperados na instituição, etc. Para atenderessas situações, também denominadas de “receituário eventual” a comissão deverá elaborar jun- tamente dentro das políticas de uso de medicamentos e materiais da instituição, procedimentos a fim de norma- tização a prescrição e o suo destes itens não padroniza- dos, definindo assim uma rotina a ser seguida sempre que ocorra essa necessidade. A normatização, a estratégia desenvolvida para aten- der o paciente nestas situações, de uso de itens não pa- dronizados deverá ser divulgada a todos os envolvidos no processo, desde a equipe clínica, de enfermagem, farmácia, até o setor de compras. A estratégia desenvolvida irá envolver também um formulário padrão específico, onde o médico prescritor irá apontar e justificar o item não padronizado necessá- rio, ira envolver também todo o fluxo da comunicação e providencias para a autorização e conseqüente aqui- sição do item nos casos aprovados, segundo a norma estabelecida. 1.8.2. A comissão de Padronização A comissão de padronização é a junta deliberativa designada pela diretoria clínica com a finalidade de re- gulamentar a padronização de medicamentos/ materiais utilizados no hospital. Órgão assessor para consulta, coordenação e infor- mação relacionada aos medicamentos do hospital Possui uma estrutura centralizada de caráter multi- disciplinar que define os medicamentos que estarão dis- poníveis para a prescrição aos pacientes atendidos no hospital. A comissão de padronização tem como principais atri- buições: ● Selecionar os medicamentos para uso no hos- pital. ● Redigir a padronização. ● Atualizar a padronização. ● Divulgar informações sobre medicamentos. ● Apresenta como principal objetivo atuar no pro- cesso de seleção e padronizar o elenco de me- dicamentos e materiais, divulgar, alterar e ela- borar estudos, registrar informações e manter arquivo da documentação pertinente. 27 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde 1.8.3. A comissão de farmácia e terapêutica A comissão de Farmácia e Terapêutica é responsável pelo desenvolvimento e supervisão de todas as políticas e práticas de utilização de medicamentos no hospital com o intuito de assegurar resultados clínicos ótimos e um risco potencial mínimo. A Comissão de Farmácia e Terapêutica é a instância multiprofissional, consultiva, deliberativa e educativa dentro de hospitais e outros serviços de saúde, respon- sável pela condução do processo de seleção, utiliza- ção, acompanhamento e avaliação do uso dos medi- camentos e produtos para saúde, tendo atribuições e responsabilidades definidas em Regimento Interno Ins- titucional. Desenvolve ações educativas, assessoria técnica, divulgação de medicamentos. Assessora a diretoria cli- nica nos assuntos relacionados a medicamentos. É im- portante que a direção do hospital delegue autonomia e apóie a atividade exercida pela Comissão de Farmácia e Terapêutica. É a comissão mais importante para a farmácia, pois proporciona o elo entre a farmácia e a equipe de saúde. É uma comissão clinica hospitalar, órgão assessor para consulta, coordenação e informação relacionada com os medicamentos do hospital. A Comissão de Farmácia e Terapêutica é responsável por: ● Avaliar e selecionar os medicamentos para a padronização, assim como manter sua revisão periódica; ● Padronizar, promover e avaliar o uso seguro e racional dos medicamentos prescritos no hos- pital; ● Assegurar a viabilidade da política de medica- mentos na instituição; ● Estabelecer critérios, para inclusão ou exclu- são, baseados em evidencias considerando os aspectos clínicos, de eficácia (farmacologia), segurança (farmacoepidemiologia), qualidade e custo (farmacoeconomia); ● Estudar os medicamentos do ponto de vista clí- nico, emitindo parecer técnico sob sua eficácia terapêutica como critério de escolha; ● Estabelecer normas e procedimentos relacio- nados à seleção, à distribuição, à produção e à administração de medicamentos; ● Avaliar a utilização dos medicamentos para identificar problemas potenciais (erros e medi- cação e reações adversas); ● Elaborar programas de notificação e acompa- nhamento de reações adversas; ● Promover medidas e intervenções para aprimo- rar a utilização dos medicamentos na cadeia terapêutica (Prescrição, identificação, fraciona- mento, dispensação, preparo e administração de medicamentos); ● Avaliar periodicamente o arsenal terapêutico disponível, promovendo inclusões ou exclu- sões segundo critérios de eficácia, eficiência clínica e custo. ● Divulgar informações relacionadas a estudos clínicos relativos aos medicamentos incluídos e excluídos do formulário ● Promover práticas de controle de infecção hos- pitalar; ● Redigir e revisar periodicamente o formulário terapêutico (Guia farmacoterapêutico). Divul- gá-lo periodicamente e determinar seu uso como instrumento básico para prescrição mé- dica; ● Realizar estudos e/ou revisões bibliográficas sobre medicamentos. 28 Sistemas de Distribuição e Dispensação de Medicamentos e Materiais para a Saúde ● Disciplinar a ação dos representantes da indús- tria dentro do hospital; Conforme Resolução n° 449, do Conselho Federal de Farmácia, de 24 de Outubro de 2006 as atribuições do profissional farmacêutico no âmbito da Comissão de Far- mácia e Terapêutica são: ● Participar da escolha, análise e utilização de estudos científicos que fundamentem a ade- quada seleção de medicamentos; ● Participar de ações visando à promoção do uso racional de medicamentos e o desenvolvimento da pesquisa clinica; ● Participar da elaboração de diretrizes clinicas e protocolos terapêuticos; ● Participar do estabelecimento de normas para prescrição, dispensação, administração, utiliza- ção e avaliação de medicamentos; ● Participar de estudos de custo-efetividade de medicamentos e outros produtos para a saúde; ● Prover informações sobre medicamentos e ou- tros produtos para saúde, suspeitos de envolvi- mentos em eventos adversos; ● Participar da definição de critérios que discipli- ne a divulgação de medicamentos e produtos para saúde no ambiente hospitalar; ● Participar da utilização de estudos de utilização de medicamentos; ● Estimular a utilização de indicadores epidemio- lógicos como critério do processo decisório da seleção; ● Participar da elaboração e divulgação da pa- dronização de medicamentos, zelando pelo seu cumprimento; ● Participar da elaboração do guia farmacotera- pêutico. Conforme Resolução n° 549, do Conselho Federal de Farmácia, de 25 de agosto de 2011 que dispõe sobre as atribuições do profissional farmacêutico no exercício da gestão de produtos para a saúde, e dá ou- tras providências determina que o farmacêutico deve atuar como membro efetivo da Comissão de Farmácia e Terapêutica, propondo a inclusão e exclusão, dos produtos médicos, no processo de seleção e padroni- zação, assim como as demais atividades para garantir essa atuação. Os Padrões Mínimos para Farmácia Hospitalar e Ser- viços de Saúde , documento da Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar, já em sua segunda revisão, tam- bém define que dentro das atividades de gestão desen- volvidas pela farmácia hospitalar, o farmacêutico deve desenvolver uma estrutura organizacional que permita participação em comissões responsáveis pela formula- ção de políticas e procedimentos relacionados à assis- tência farmacêutica como a Comissão de Farmácia e Te- rapêutica, dentre outras como a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, Comissão de Ética, Comissão de Suporte Nutricional e Comissão de Gerenciamento de Resíduos de Saúde, Comissão de Avaliação de Tecnolo- gias, Comissão de Riscos Hospitalares. A seleção de medicamentos é acompanhada de um formulário terapêutico, que é considerado a pedra prin- cipal de um sistema eficiente de gestão de produtos far- macêuticos. Os demais processos: aquisição, armaze- namento
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